Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nzau-2021/2022
A Lógica é tão antiga como o próprio acto de pensar. Diariamente somos confrontados com
situações, usamos palavras como é lógico, exactamente, correcto, etc. Segundo Augusto
Saraiva, antes mesmo que Arquimedes tivesse formulado a teoria da alavanca, o homem já
fazia o uso da alavanca. Do mesmo modo, antes de existir uma lógica científica, o homem já
pensava com lógica ou seja, já existia uma lógica natural.
O problema lógico surge na Grécia Antiga (mesmo antes na Índia) antes de Aristóteles. Por
esta razão podemos dividir a história da lógica em três grandes períodos:
Antes de Aristóteles o problema foi intensamente debatido entre dois pensadores com uma
visão antitética da realidade: Heráclito e Parménides.
Para Heráclito, o devir, o vir – a – ser, é a essência, o princípio gerador da realidade. Segundo
o seu pensamento, nada permanece estático pois a realidade flui. “Os filósofos de Mileto
haviam notado o dinamismo universal das coisas, que nascem, crescem e perecem, bem como
do mundo, ou melhor, dos mundos submetidos ao mesmo processo. Alem disso, haviam
pensado o dinamismo como característica essencial do próprio “princípio” que gera, sustenta
e reabsorve as coisas. Entretanto, não haviam levado adequadamente tal aspecto da realidade
ao nível temático. E é precisamente isto que Heráclito fez. “Tudo se move”, “tudo escorre”,
nada permanece imóvel e fixo”.1
1
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. História da Filosofia – Filosofia Pagã Antiga, vol. 1, editora Paulus, 2ª
edição, São Paulo, 2004.
1
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Aristóteles veio inaugurar uma nova maneira de pensar e de fazer filosofia e com ele, a lógica
ganha novo rumo. Ele vai sistematizar e dividir a lógica em formal (ou menor), que estabelece
a forma correcta do pensamento e lógica material (ou maior), parte da lógica que trata da
aplicação das operações do pensamento segundo a matéria ou natureza dos objectos a
conhecer. Enquanto a lógica formal se preocupa com a estrutura do pensamento, a lógica
material investiga a adequação do raciocínio a realidade (ARANHA, Maria Lúcia, 1993).
Aristóteles, porém, não usava a palavra lógica, mas sim analítico. No primeiro século antes da
nossa era, os estudantes Bizantinos organizaram as obras de Aristóteles numa colecção que
deram o nome de Organon (instrumento) e passaram então a usar o termo lógica que passa a
concorrer com o termo dialéctica.
2
Ibidem, pag. 33. Há muito que os intérpretes apontaram nesse princípio de Parmênides a primeira grande
formulação do princípio da não contradição, isto é, daquele princípio que afirma a impossibilidade de que os
contraditórios coexistam ao mesmo tempo. E os dois contraditórios supremos são precisamente o “ser” e o “não
– ser”; se existe o ser, é necessário que não exista o não - ser.
2
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
1. Determinar os critérios pelos quais uma proposição pode ser considerada verdadeira
ou falsa e;
2. Estabelecer as condições para o encadeamento verdadeiro de proposições, isto é, o
raciocínio como ligação entre proposições singulares (CHAUÍ, Marilena. 2000; 243).
Mas o contributo estóico não se limita nas duas tarefas acima descritas. Mais importante foi a
introdução da ideia de relação em contrapartida a de atribuição defendida por Aristóteles ou
seja, “o predicado não é um atributo do sujeito mas sim um acontecimento expresso por
palavras: Pedro Morre (e não Pedro é Mortal); É dia, está claro (e não o dia é claro).”3
A lógica a par da psicologia ocupa – se do estudo do pensamento, mas o seu estudo centra –
se em estabelecer a validade do pensamento. Aristóteles concebeu – a como um instrumento
de conhecer, o procedimento que o cientista ou filósofo deveria usar a priori para chegar ao
conhecimento correcto. O Discurso do Método de René Descartes pode muito bem nos ajudar
a esclarecer o objectivo da lógica. Tal como ela, o discurso foi redigido por Descartes para
3
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia, editora Ática, São Paulo 2000, pag. 244.
3
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
bem conduzir a própria razão e procurar a verdade nas ciências. Aliás o Discurso e o Novum
Organun surgem na idade moderna para contrapor – se ao organon de Aristóteles.
4
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Rumos da Filosofia – Lógica e argumentação, vol.1, edições Rumo, 4ª
edição, Coimbra 1997, p. 15.
4
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
5
No significado comum do vocabulário grego significa “acusação”, “imputação”. Não tem um correspondente
em línguas modernas, e por isso se preferiu, em geral, não traduzir mas transliterar o termo original. Aristóteles
foi o criador do conceito filosófico expresso com este termo. Trata – se de conceito muito importante, que tem
três valências precisas estreitamente ligadas entre si. 1) Em sentido ontológico, significa as divisões originárias
ou “figuras do ser”, ou seja, aquilo em que o ser originariamente se distingue, tendo no vértice a substância, da
qual dependem qualidade, quantidade, e as outras sete categorias. 2) Em sentido lógico significa os predicados
supremos, que exprimem as correspondentes figuras do ser. 3) As categorias têm também um sentido gramatical
enquanto exprimem as partes originárias das proposições: a substância se exprime no sujeito, a quantidade e
qualidade se exprimem com adjectivos, onde e quando em advérbios de tempo e de lugar, as categorias do agir e
sofrer se exprimem nos verbos activos e passivos. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. Op. Cit. P. 227
5
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
6
Ibidem.
6
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
7
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Rumos da Lógica – Lógica e Argumentação 11º ano, Edições Rumo, 4ª
edição, volume I, Coimbra 1997. P. 25.
7
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Parménides e os eleatas defendiam de uma forma geral a imutabilidade do ser afirmando que
o seu contrário, isto é, o não – ser não existe. Este princípio tem igualmente duas formulações:
• Formulação ontológica - «é impossível que o mesmo atributo pertença e não pertença,
ao mesmo tempo, ao mesmo sujeito e sobre a mesma relação» = «a mesma coisa não
pode simultaneamente ser e não ser» = «é impossível simultaneamente ser e não ser».
• Formulação lógica - «é impossível que a afirmação e a negação sejam verdadeiras ao
mesmo tempo» = «as proposições contraditórias não podem ser verdadeiras ao mesmo
tempo» = «é impossível afirmar e negar ao mesmo tempo» = «nada pode ser A e não
A».
8
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
8
Os «conceitos» são elementos da esfera ideal dos pensamentos, os «termos» pertencem à esfera objectiva a que
os pensamentos se reportam: o «conceito» é um produto da actividade (…) do «pensamento», o «termo» é a
roupagem que o veste, o vaso que o encerra e pelo qual se fixa e se transmite. PISSARRA, Mário; REIS,
Alfredo. Op. Cit. P. 98.
9
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
conjunto de signos… podemos nos referir a eles como elementos que compõem as premissas
do silogismo categórico: sujeito e objecto”.9
Embora o conceito seja normalmente indicado por um nome não é o nome, já que diferentes
nomes podem exprimir o mesmo conceito, ou diferentes conceitos podem ser indicados, por
equívoco, pelo mesmo nome.10
O volume ou extensão de um conceito é formado pelo conjunto dos objectos que ele designa,
de que ele pode ser atributo. Assim, a extensão do conceito “homem” seria o conjunto dos
entes que são designados por este nome. Assim teria – mos, o “Matondo”, o “Kangamba”, o
“João”, o “António”, o “angolano”, o “congolês”, o “maliano”, o “português”, o “americano”,
etc.
Se alguém perguntar o que é um triângulo e lhe for respondido que o triângulo é o escaleno,
isóscele e o equilátero (que constitui a sua extensão) certamente que este continuaria com uma
ideia pouco clara sobre o objecto. Mas se o dissesse – mos que o triângulo é um polígono de
três lados (compreensão) certamente que aqui o sujeito compreenderia melhor o objecto.
9
ABBAGNANO, Nicolas. Dicionário de Filosofia, Martins Fonte, 4ª edição, São Paulo, 2000, p. 956.
10
Ibidem. P. 164
10
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Os conceitos não existem isolados, eles constituem redes ou seja, relacionam – se entre si. Isto
quer dizer que naturalmente o homem ao pensar relaciona os conceitos e, ao relacionar os
conceitos formula juízos.
Prestemos atenção nos seguintes conceitos: estudante, jogador, vaca, branca, angolano,
homem, mortal, europeu, africano, etc., qualquer um destes termos representa uma
determinada classe de seres, porém, estes termos isolados estão privados de sentido. Para
formarem um sentido temos de relaciona – los ou seja, temos de formular os juízos. Assim
teremos:
“Os angolanos são africanos”; “alguns homens são europeus”; “alguns estudantes são
jogadores”; “todo homem é mortal”; “algumas vacas são brancas”; “nenhum europeu é
africano”, etc.
11
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Por outro lado, em toda definição existem dois elementos fundamentais: o definiendum e um
definiens, isto é, algo que é preciso definir e algo pelo qual é definido.
A par destes, outros autores falam noutros tipos de definição que passaremos a expor
sucintamente:
12 12
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. 236
13
Com relação a Antropologia, o termo assumiu três acepções: Antropologia Física (que considera o homem do
ponto de vista biológico, isto é, em sua estrutura somática, em suas relações com o ambiente, em suas
classificações raciais; Antropologia Cultural, que considera o homem nas características que derivam das
relações sociais; Antropologia Filosófica que estuda o homem do ponto de vista dos princípios últimos que o
constituem. Quanto a Antropologia Física, costuma por sua vez, ser dividida em paleontologia humana e
somatologia. A paleontologia humana trata da origem e evolução da espécie humana, especialmente a partir do
que é revelados pelos fósseis. A somatologia trata de todos os aspectos físicos do homem. ABBAGNANO,
Nicolas. Op. Cit. P.67
12
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
- Definição genética: a que ao definir algo diz como se produz, por exemplo, definir o cone
como a figura que se gera pela rotação de um triângulo rectângulo sobre um dos seus catetos.
- Definição ostensiva: consiste em mostrar, em indicar; muitas vezes não é verbal. Se alguém
me pergunta o que é uma laranja, eu posso apenas mostra – la. Às vezes é a única forma de
definir uma coisa totalmente desconhecida do interlocutor.14
Assim, ao definirmos o homem bastaria dizer que o mesmo é um “animal racional” e não
acrescentar “capaz de receber conhecimento”. Do mesmo modo, o definido não pode entrar
na definição. Dizer por exemplo que o homem é um “ser humano” é não dizer absolutamente
nada, pois o ser humano é relativo ao homem. Outro exemplo que violaria a regra seria definir
por exemplo a “caça” como o “acto de caçar” ou a justiça como a “qualidade do que é justo”.
14
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P. 118-119. Embora sejam apresentadas estas formas de
definição, muitos lógicos consideram que a descrição não é uma definição. Justificam a sua tese argumentando
que se descrevem os indivíduos, as coisas, os seres concretos e que só se definem os conceitos gerais ou classes.
13
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Por outro lado e como o faz notar bem Aristóteles, a definição permaneceria obscura se
envolvesse ambiguidade (quando ela pode ser aplicada a outros membros que não pertençam
a espécie e daí a importância da segunda regra) ou ainda se ela fosse metafórica como
descreveu o estagirita:
«Outra regra é: ver se ele usou uma expressão metafórica, como, por
exemplo, se definiu o conhecimento como “insuplantável”, ou a terra como
um “nutriz”, ou a temperança como uma “harmonia”. Porquanto uma
expressão metafórica é sempre obscura…pois a definição proposta não se
aplicará ao termo definido, como, por exemplo, no caso da temperança, uma
vez que a harmonia ocorre sempre entre as notas musicais»
(ARISTÓTELES, 2000).
2ª Regra: a definição deve convir a todo definido e só ao definido, isto é, a definição dever
ser aplicada a todos seres que são definidos e só a eles. Por exemplo, ao definirmos o homem
como «animal racional», podemos atribuir esta característica a todo e qualquer homem e só
ao homem. Violaríamos esta regra se a espécie (neste caso a razão) fosse atribuída a outros
seres que não fosse o homem ou que se privasse alguns homens da racionalidade.
«Veja – se, alem disso, se alguma coisa contida na definição não se aplica a
tudo que se inclui na mesma espécie, pois esse tipo de definição é pior do
que aqueles que incluem um atributo aplicável a todas as coisas
universalmente» (ARISTÓTELES, 2000).
Seria errado conforme o pensamento do estagirita definir – mos o homem como animal
racional, alto, de cabelo loiro e olhos azuis, pois, estes atributos (alto, loiro e olhos azuis) são
acidentais e não são aplicáveis a todos os homens, apenas a alguns.
Embora a ciência moderna tenha criado o conceito de inteligência artificial aplicada aos
equipamentos electrónicos, não se pode dizer agora que as máquinas são racionais. Ainda que
o computador possa ganhar uma partida de xadrez ou o animal puder realizar actividades
tipicamente humanas, isto não significa que podemos defini – lo como um ser racional. No
caso do computador, seria apenas o reflexo da inteligência humana na máquina uma vez que
foi o homem quem a programou, ou no caso do animal que faz o que faz sem ter consciência
daquilo que faz.
14
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
3ª Regra: A definição deve fazer – se pelo género15 próximo e pela diferença específica.
Segundo Aristóteles,
Segundo Abbagnano, Aristóteles distinguiu três significações16 deste termo, mas para o
presente estudo interessa – nos, sobretudo o terceiro: “o sujeito ao qual se atribuem as
oposições ou as diferenças específicas”. Foi Platão quem deu maiores explicações sobre este
sentido, que é o mais estritamente filosófico, dizendo: “cada figura é semelhante a outra
figura, porque no género todas as figuras formam um todo”.17
Assim, ao definirmos um ser, devemos lhe situar ao género próximo que é aquilo na qual o
ser mais se aproxima. Ao definirmos o “homem”, colocaríamos no género animal uma vez
que este partilha as mesmas características que os definem: “vertebrado”, “locomoção”,
“respiração pulmonar”, “mamífero”.
O género deve distinguir os objectos das coisas em geral e a diferença, de qualquer das outras
coisas contida no mesmo género. Assim e Ainda no caso do homem, a diferença seria um
atributo essência que diz respeito ao homem e só a ele. Neste caso a diferença seria
“racional”. Assim sendo temos: Homem (género próximo de animal); e racional (diferença
específica).
15
Um “género” é aquilo que se predica, na categoria de essência, de várias coisas que apresentam diferenças
específicas. ARISTÓTELES. Www.ciberperfil.org.
16
As três significações que Aristóteles enumera são as seguintes: 1ª geração, particularmente “a geração
contínua de seres que têm a mesma espécie”; 2ª estirpe ou raça como “primeiro motor” ou “aquilo que deu ser às
coisas de uma mesma espécie” neste sentido fala – se de género dos helenos porque descenderam de Heleno ou
do género dos Jônios porque descendem de jónio; 3ª o sujeito ao qual se atribuem as oposições ou as diferenças
específicas, e neste sentido o género é o primeiro constituinte da definição. ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit.
478.
17
Idem.
15
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
16
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
18
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P.128
17
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Passemos agora a análise de cada uma das classificações tomando como ponto
de partida a quantidade ou extensão:
18
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Ex: Todo S é P.
Ex: Todo A é B.
«Do ponto de vista da qualidade, Kant julga ser necessário distinguir os juízos
indefinidos; as negações de tais juízos constituem uma espécie de afirmação,
colocando – lhes o objecto numa categoria indeterminada».20 Estes juízos são
afirmativos pela cópula e negativos pelo predicado.
20
Ibidem. P. 64
19
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
- «…O juízo disjuntivo estabelece uma relação de oposição lógica entre duas ou
mais proposições (por exemplo: o mundo existe, ou como efeito de um acaso
cego, ou em virtude de uma necessidade interna, ou por uma causa externa».21
21
PASCAL, Georges. Op. Cit. 64
22
A modalidade não concerne senão ao valor da cópula em relação ao pensamento em geral. Nos juízos
problemáticos, a afirmação ou a negação se consideram como simplesmente possíveis, ao passo que são tidas
como reais nos juízos assertórios e como necessários nos juízos apodícticos. PASCAL, Georges. Op. Cit. 64-65.
20
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Assim, a proposição pode ser Universal (quando o sujeito é tomado em toda sua
extensão, e afirmativa (quando se admite a existência de uma relação entre
sujeito e predicado). Se dissesse – mos “Todos luandenses são angolanos” teria
– mos uma proposição universal afirmativa representada convencionalmente
23
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P.801. Enunciado declarativo ou aquilo que é declarado, expresso ou
designado por tal enunciado. Os dois usos são determinados por conceitos diferentes de proposição, mais
precisamente o seguinte: 1) proposição como expressão verbal de uma operação mental, frequentemente
chamada de juízo. 2) Proposição como entidade objectiva ou valor de verdade de um enunciado. Para o nosso
estudo importa mais o primeiro que o segundo.
24
SARAIVA, Augusto. Filosofia, 7º ano liceal, editora Educação Nacional, 7ª edição, Porto 1972, p.42.
25
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 675.A arte de cultivar a memória. Trata – se de uma arte antiquíssima,
que Cícero atribuiu a Simonides.
21
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Mas a proposição universal também pode ser negativa. É negativa quando não
se admite a existência de uma relação entre sujeito e predicado. Assim se
dissesse – mos “Nenhum angolano é europeu” temos uma proposição
universal negativa representada pela letra E. representamos assim no diagrama
de Euler:
22
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Um juízo pode ser válido do ponto de vista da sua estrutura formal mas invalido
do ponto de vista da sua veracidade. Segundo Abbagnano, o sentido do termo
validade deve ser distinguido de valores de verdade, justiça, etc. De facto, uma
inferência válida, isto é, realizada em conformidade com regras lógicas, não é
uma inferência verdadeira, mas só será verdadeira se as suas premissas forem
verdadeiras. Assim, uma lei ou uma sentença válida nem por isso são justas.26
26
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 989
27
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P.136
23
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
28
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P.137
24
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
5.2. Inferências;
5.3. Silogismo
a) Regulares;
O termo Ilação tem uma origem milenar. «Em Apileio e Boécio, esse termo
traduz o estóico ἐπιφoρά; indica a proposição na qual se conclui um silogismo.
Esse termo desaparece na lógica medieval, sendo substituído por conclusio, para
reaparecer na idade moderna indicando a complexa operação mental –
discursiva graças à qual se chega a estabelecer determinada proposição, ou essa
mesma proposição».29
29
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 534
25
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Matondo é luandense
30
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. 821.
31
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P.143
26
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
5.2. Inferências
32
KELLER, Vicent; BASTOS, Cleverson L. Aprendendo Lógica, Editora Vozes, 18ª edição, 2009, p. 46.
33
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit p. 562
27
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
34
De “mediação”. Função que relaciona dois termos ou dois objectos em geral. Essa função foi identificada: 1º
no termo médio do silogismo; 2º nas provas na demonstração; 3º na reflexão; 4º nos demónios na religião.
Quanto ao primeiro significado, Aristóteles afirmava que o silogismo é determinado pela função mediadora do
termo médio, que contém um termo e é contido pelo outro. 2º A lógica de Port – Royal, a mediação é
indispensável em qualquer raciocínio. “Quando apenas a consideração de duas ideias não é suficiente para se
julgar se o que se deve fazer é afirmar ou negar uma ideia com a outra, é preciso recorrer a uma terceira ideia,
simples ou complexa, e esta terceira ideia chama – se intermediária”. ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 655.
28
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Quadrado lógico35
29
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Ou ainda:
Exemplos:
Exemplo:
Quanto às afirmativas,
30
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Quanto as negativas,
Exemplo:
Quanto as afirmativas,
Quanto as negativas,
Exemplo:
31
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Exemplo:
Exemplo:
Mas da veracidade de uma nada se pode concluir a respeito da outra, pois ambas
podem ser verdadeiras ao mesmo tempo.
Exemplo:
Exemplo:
32
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
É importante obedecermos estas regras para que a inferência por oposição seja
válida. Dominar estas regras é fundamental para criar – mos argumentos com
substância, sobretudo nos casos de debates ou discussões.
Exemplo:
36
SARAIVA, Augusto. Op. Cit. P. 48.
33
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Exemplo:
Exemplo:
A proposição particular negativa (O) não permite fazer este tipo de conversão
simples.
Exemplo:
Alguns juristas não são advogados = não posso concluir que alguns advogados
não são juristas.
34
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Alguns angolanos não são benguelenses = não posso concluir que alguns
benguelenses não são angolanos.
Quanto a proposição universal afirmativa (A) não é possível fazer também este
tipo de conversão.
Exemplo:
Todos os corvos são aves pretas = não posso concluir: todas as aves pretas são
corvos.
Ponto prévio: não existem regras sem excepções. Existem casos em que estas
regras não se aplicam efectivamente. Observemos o seguinte exemplo:
Alguns voadores não são aves = posso converter para algumas aves não são
voadores37.
Todos os triângulos são polígonos de três lados = posso concluir que todo
polígono de três lados é triângulo.
Exemplo:
37
A avestruz é ave, mas não voa.
35
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
5.3. Silogismo39
38
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 205.
39
Essa palavra, que na origem significava cálculo e era empregada por Platão para o raciocínio em geral, foi
adoptada por Aristóteles para indicar o tipo perfeito do raciocínio dedutivo, definido como “um discurso em que,
postas algumas coisas, outras se seguem necessariamente. ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 896.
40
KELLER, Vicent; BASTOS, Cleverson L. Op. Cit. 49
41
Isto graças a aplicação do termo médio.
42
CHAUÍ, Marilena. Op. Cit. P. 187.
36
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Todo silogismo perfeito é constituído por premissas e também por três termos.
Quanto as premissas temos:
- Conclusão.
Exemplo:
- Termo maior: é o termo com maior extensão. Está sempre na premissa maior e
na conclusão na condição de predicado. No exemplo acima o termo maior é
mortal.
- Termo menor: é o termo com menor extensão. Está sempre na premissa menor
e é sujeito da conclusão. No exemplo acima o termo maior é Sócrates.
- Termo médio: como o próprio nome indica, é o termo que serve de pivô ou
mediador entre o termo maior e o termo menor. No exemplo acima o termo
médio é homem que aparece nas duas premissas e nunca aparece na conclusão.
Para melhor esclarecer – mos esta problemática dos termos vejamos o diagrama
de Leonard Euler.
37
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
O silogismo tem oito regras sem as quais não o podemos validar. Passaremos à
um estudo breve das mesmas para esclarecer – mos aos nossos leitores a
importância de se respeitar ou obedecer as mesmas.
1ª Regra: o silogismo tem três termos e só três termos: “termo maior”, “termo
43
KELLER, Vicent; BASTOS, Cleverson L. Op. Cit.51
44
Ibidem.
45
Ibidem.
38
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
2ª Regra: os termos não podem ser mais extensos na conclusão que nas
premissas. Exemplo:
3ª Regra: Nunca o termo médio deve aparecer na conclusão uma vez que a
função deste se esgota na mediação entre o termo maior e o termo menor.
4ª Regra: o termo médio deve ser tomado pelo menos uma vez universalmente.
Se o termo médio fosse tomado em parte da sua extensão em ambas as
premissas nada nos garantiria que as duas partes consideradas fossem as
mesmas.46 Exemplo:
Não posso concluir logo que os estudantes são angolanos. O que aconteceu neste
silogismo? O termo médio, “benguelenses” foi sempre tomado em parte. Para
que o silogismo fosse correcto teria – mos de formula – lo da seguinte forma:
46
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P. 193
39
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
?? ?? ?? ??
- Os peixes nadam.
- O carapau é peixe.
Não posso concluir que “o carapau não nada”.
Ou:
40
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
«As figuras são quatro e se referem a posição ocupada pelo termo médio nas
premissas (sujeito em ambas, predicado em ambas, sujeito na maior,
predicado na menor, predicado na maior, sujeito na menor). Os modos se
referem aos tipos de proposições que constituem as premissas (universais
afirmativas em ambas, particulares negativas em ambas, particulares
afirmativas em ambas, universal afirmativa na maior e particular afirmativa
na menor, etc.) … existem 64 modos possíveis, mas, desses, apenas dez são
considerados válidos. Combinando – se as quatro figuras e os dês modos
tem – se as 19 formas válidas de silogismo» (CHAUÍ, Marilena. 2002: 188).
Por ordem do nosso estudo começaremos por fazer um estudo mais sintético
primeiro sobre as figuras para depois entrar – mos nos seus modos.
41
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
42
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
A primeira figura conforme já estudada, anuncia que o termo médio deve ser
sujeito na premissa maior e predicado na premissa menor. Esta figura
compreende 64 modos dos quais apenas 4 são válidas. Esta figura é dita perfeita
porque nela a extensão dos termos maior, médio e menor é respeitada.48 Nesta
figura, «a premissa maior não pode ser particular e a menor não pode ser
negativa».49 Eis os modos legítimos: AAA – EAE – AII – EIO, associado aos
seguintes termos: BARBARA, CELARENT, DARII e FERIO.
Exemplo:
______________________________
Na segunda figura, o termo médio é predicado nas duas premissas. Esta figura
também compreende 64 modos dos quais somente quatro são válidas. «Nesta
figura, dita imperfeita, a extensão dos termos não é respeitada porque nela o
termo médio possui extensão maior que o termo maior do silogismo, o que é
ilógico… quanto ao modo, deve respeitar a seguinte regra: uma das premissas
deve ser negativa e a maior não pode ser particular».50
47
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P. 188-189.
48
KELLER, Vicent; BASTOS, Cleverson L. Op. Cit. p. 87.
49
Ibidem
50
Ibidem. P. 88
43
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Eis os modos legítimos: EAE – AEE – EIO – AOO, associados aos seguintes
termos: CESARE, CAMESTRES, FESTIMO, BAROCO.
Exemplo:
_________________________
Exemplo:
_______________________________
44
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Exemplo:
5.3.4.1. Categóricos (este por sua vez pode ser regular ou irregular).
45
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
52
KELLER, Vicent; BASTOS, Cleverson L. Op. Cit. p. 98.
53
Idem.
54
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P. 200
55
Do grego “muitos”.
46
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
- O avarento é cobiçoso.
- O cobiçoso é insaciável.
- O insaciável é infeliz.
47
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Logo,…
Logo,…
58
SARAIVA, Augusto. Op. Cit. P. 75
48
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
Não estudas.
Estudas.
Logo,…
Não estudas.
Logo,…
49
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
O dilema é, por assim dizer, uma faca de dois gumes, ou seja, em determinado
problema qualquer uma das hipóteses poderá levar ao mesmo resultado. Para
Keller e Bastos,
59
ABBAGNANO, Nicolas. Op. Cit. P. 277
60
PISSARRA, Mário; REIS, Alfredo. Op. Cit. P. 205
50
Instituto Superior Politécnico Kalandula de Angola. Prof. Nzau-2021/2022
BIBLIOGRAFIA
51