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GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA

ESTUDO DIRIGIDO COM BASE NOS LIVROS:

FINANÇAS CORPORATIVAS E VALOR


5ª. EDIÇÃO - EDITORA ATLAS
AUTOR: ALEXANDRE ASSAF NETO

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA.
5ª. EDIÇÃO - EDITORA ATLAS
AUTOR: MASAKAZU HOJI
1
GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA

Capítulo 6 – Demonstrativos Contábeis

Capítulo 7 – Análise das Demonstrações


Financeiras

Capítulo 8 – Análise das Demonstrações


Financeiras – Aplicação Prática

2
GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA

CAPÍTULO 6

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

3
INTRODUÇÃO

Lei 6.404/76: regulamenta as demonstrações contábeis das


sociedades por ações

Decreto-lei 1.598/77: Estendeu a Lei 6.404/76 para todas as


empresas sujeitas à tributação do IR com base no “Lucro Real”

Algumas empresas estão fora desse enquadramento


(ex: sociedades cooperativas genuínas)

Necessidade de cautela na análise de certas demonstrações


financeiras em situações especiais
4
6.1 Demonstrações Contábeis

Demonstrações financeiras obrigatórias:

Balanço Patrimonial;

Demonstração das Mutações Patrimoniais ou

Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;

Demonstração do Resultado do Exercício;

Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos;


e
Notas explicativas (complementação)

5
6.1 Demonstrações Contábeis

Balanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO

Ativo Circulante Passivo Circulante


Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente Resultados de Exercícios Futuros
Investimentos Patrimônio Líquido
Imobilizado Capital
Diferido Reservas de Capital
Reservas de Reavaliação
Reservas de Lucros
Lucros/Prejuízos Acumulados

6
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Circulante

Disponibilidades, créditos, estoques e despesas


antecipadas

Engloba contas de realização em até um ano (exceto casos


raros)

“converter”, “mudar”, “transformar”

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6.2 Balanço Patrimonial

Sentido de “realizar” em contabilidade

Créditos Recebimento ou quando


baixados como incobráveis

Estoques MP Utilização na produção

Produtos Acabados Venda

transformação em despesas
Despesas antecipadas
do exercício

Imobilizados Depreciações
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6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Circulante

Disponibilidades

Só podem englobar saldos bancários livres e aplicações


para resgate imediato

9
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Circulante

Aplicações Financeiras

Letras de câmbio, CDB, RDB, debêntures e outras

Registradas pelo valor original da aplicação (+)


rendimento “merecidos” até a data do balanço

Aplicações temporárias em ações, ouro e outras de caráter


transitório

Registradas pelo valor de custo de aquisição


10
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Circulante

Valores a receber de clientes

Também devem ser devidamente provisionados pelas


possíveis perdas como não-recebimentos

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6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Circulante

Estoques

Contabilizados pelo custo histórico de aquisição ou


fabricação

Métodos: Preço Médio Ponderado


Primeiro que entra, primeiro que sai (PEPS)
Último que entra, primeiro que sai (UEPS)

12
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Circulante

Despesas antecipadas

Recursos aplicados em itens que se referem a serviços ou


benefícios que devem ser usufruídos no exercício seguinte

Ex:prêmios de seguros, anuidades de jornais e revistas, etc.

13
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Realizável a Longo Prazo

Devem figurar pelo valor corrigido e passar para o


circulante no balanço imediatamente anterior àquele em
que se realizarão

Inclui valores de créditos junto a controladas, coligadas,


administradores e sócios

14
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Permanente

Investimentos

Não são destinados à negociação, mas produzem benefícios


à investidora mediante participação nas investidas

Critérios de avaliação:
Método da Equivalência Patrimonial
Custo
15
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Permanente

Imobilizado

Avaliados pelo custo de aquisição

São baixados por depreciações, amortizações e exaustões

Reconhecimento, como
despesa ou custo, do valor
“consumido” pela empresa
16
6.2 Balanço Patrimonial

Imobilizado

Percentuais anuais de depreciações no Brasil (fisco):

Construções (edifícios) - 4%
Veículos - 20%
Equipamentos e máquinas – de 10% a 20%
Equipamentos de escritório - 10%
Computadores - 20%

17
6.2 Balanço Patrimonial

Ativo Permanente

Diferido

Despesas que beneficiarão exercícios futuros

Sofrem amortizações pelo prazo em que se esperam


obter tais benefícios

Ex: Despesas pré-operacionais, gastos com pesquisas


de produtos ou projetos novos, etc.
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6.2 Balanço Patrimonial

Passivo Exigível

É composto de dívidas, obrigações, riscos e contingências

Passivo circulante e exigível a longo prazo diferenciam-se


em função do prazo

Passivos sujeitos a indexação devem estar atualizados na


data do balanço

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6.2 Balanço Patrimonial

Resultados de Exercícios Futuros

Valores recebidos que não representam obrigações por


parte da empresa mas que, por regime de competência,
não tenham ainda sido incorporadas ao Patrimônio Líquido

Ex: aluguéis recebidos antecipadamente

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6.2 Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido

Capital Social

Só pode surgir pelo valor efetivamente integralizado, ou


seja, pelo valor genuíno do PL realizado

Exemplo:
Capital Subscrito $ 35.000,00
(–) Capital a Integralizar (8.000,00) $ 27.000,00
21
6.2 Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido

Reservas de Capital

Valores recebidos pela empresa, dos sócios ou de


terceiros, que são jogados diretamente para o patrimônio
líquido

Exemplo: Ágio na emissão de capital, incentivos fiscais,


subvenções para investimento, doações etc.
22
6.2 Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido

Reservas de Reavaliação

Valores referentes a reavaliação de ativos permanentes


para atualizá-los em relação ao valor de mercado

Necessidade de laudo de avaliação e concordância dos


sócios

23
6.2 Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido

Reservas de Lucros

Reserva legal – retida por ordem da legislação

Reserva estatutária – obrigada pelo estatuto da empresa

Reserva para contingência – para possíveis perdas futuras

Reserva de lucros a realizar – retidos até monetarização

Reservas para expansão – definidas por assembléia

24
6.2 Balanço Patrimonial

Patrimônio Líquido

Lucros ou prejuízo acumulados

Parte das reservas de lucros que ainda não teve seu


destino final determinado

Contém registros de ajustes de exercícios anteriores


(Ex: mudança de Média Ponderada para PEPS)

25
6.3 Demonstração das Mutações Patrimoniais

Composição:

Saldo Anterior
(±) Ajustes de Exercícios Anteriores
(–) Dividendos Extraordinários
(–) Incorporação ao Capital
Lucro Líquido do Exercício
(–) Transferência para Reserva Legal
(–) Idem para Outras Reservas de Lucros
(–) Dividendos Propostos
Saldo Final
26
6.3 Demonstração das Mutações Patrimoniais

É a conciliação entre os saldos iniciais e finais de todas as


contas que compõem o patrimônio líquido

Ficam evidentes os fatos que provocaram mudanças


apenas internas, sem alteração do PL, e os que afetaram
todo o PL

Dividendos – necessidade de especificação de quanto


cabe a cada espécie e classe de ação

27
6.4 Demonstração do Resultado do Exercício
Composição:
Receita Bruta de Venda de Bens e Serviços
(–) Impostos sobre vendas
(–) Devoluções, Descontos Comerciais e Abatimentos
Receita Líquida
(–) Custos dos Produtos e Serviços Vendidos
Lucro Bruto
(–) Despesas de Vendas
(–) Despesas Administrativas
(–) Despesas Financeiras Líquidas
(–) Outras Despesas Operacionais
(+) Outras Receitas Operacionais
Lucro Operacional
(+) Receitas não Operacionais
(–) Despesas não Operacionais
Lucro antes do Imposto de Renda
(–) Provisão para o Imposto de Renda
(–) Participações de Debêntures, Empregados, Administradores e Partes
Beneficiárias
Lucro Líquido do Exercício 28
6.4 Demonstração do Resultado do Exercício

Tem como finalidade exclusiva apurar o lucro ou prejuízo


do exercício

Engloba valores apurados pelo regime de competência,


ou seja, independente do recebimento em dinheiro

O resultado líquido é transferido para a conta de lucros


ou prejuízos acumulados

29
6.5 Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos

Origens:
Lucro Líquido do Exercício, ajustado pelas despesas e receitas que não afetam o CCL
Aumento do Capital e Contribuições para Reservas de Capital
Recursos de Terceiros Provenientes de:
Aumento no Exigível a Longo Prazo
Composição Redução no Realizável a Longo Prazo
da Alienação de Ativo Permanente
DOAR: Aplicações:
Dividendos
Aquisição de Imobilizado
Aquisição de Investimentos e Diferido
Aumento no Realizável a Longo Prazo
Redução no Exigível a Longo Prazo
Aumento ou Redução do CCL 30
6.6 Integração entre as várias demonstrações

Balanço Patrimonial: posição estática de determinado


momento

DRE: apura o lucro ou prejuízo de determinado período

Demonstração das Mutações Patrimoniais: evolução do PL de


dois balanços

DOAR: concilia saldos iniciais de CCL


31
6.7 Notas Explicativas

Explicitam:

ramo de atividade, objeto social, localização, etc.

sumário das práticas contábeis

investimentos relevantes em outras empresas

reavaliações realizadas no exercício

32
6.7 Notas Explicativas

ônus que gravem os ativos da empresa

detalhamento das dívidas de longo prazo e capital social

ajustes de exercícios anteriores

detalhamento de contas agrupadas no balanço

cálculo do lucro e do dividendo por ação, entre outros


33
6.8 Parecer da Auditoria Independente

Verificam:

Se foram aplicadas as normas tradicionais da Auditoria


Externa

Quais demonstrações foram auditadas

Se essas demonstrações estão dentro dos princípios


contábeis em utilização no Brasil

34
GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA

CAPÍTULO 7

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


FINANCEIRAS

35
Introdução

Objetivo dos agentes

Administrador interno: avaliação do desempenho geral da


empresa

Analista externo: objetivos mais específicos de acordo com


a posição de credor ou investidor

Lucro líquido e Capacidade de


desempenho liquidação e
de ações continuidade
36
7.1 Aspectos Básicos

Objetivo da análise das demonstrações financeiras

Estudo do desempenho econômico-financeiro passado


para prever tendências futuras

Uso de índices constitui-se na técnica mais comumente


empregada neste estudo

37
7.1 Aspectos Básicos

Métodos de comparação

Comparação temporal
Evolução dos indicadores da empresa nos últimos anos

Comparação setorial
Resultados da empresa versus dos concorrentes (mercado)

38
7.2 Análise Horizontal e Vertical

Compara valores absolutos através do tempo e, entre si,


relacionáveis na mesma demonstração

Técnica simples e importante, que permite identificar


inclusive determinadas tendências futuras

39
7.2.1 Análise Horizontal

Avaliação em intervalos seqüenciais de tempo

Obtido por meio de números-índices

Valores em moeda de mesma capacidade de compra

40
7.2.1 Análise Horizontal

Exemplo
31-1-X0 31-1-X1 31-1-X2
Evolução das vendas e ($ MIL) ($ MIL) ($ MIL)
dos lucros brutos de
uma empresa industrial
Vendas Líquidas 8.087 9.865 11.572
do setor de bebidas e Lucro Bruto 2.512 2.982 3.612
refrigerantes:

Análise:
Vendas:
O desempenho da empresa, no
( $ 9.865 / $ 8.087 ) x 100 = 122,00 exercício encerrado em 31-1-X1,
esteve aquém do apresentado em
( $ 11.572 / $ 8.087 ) x 100 = 143,10
31-1-X2. Efetivamente, o
resultado bruto não acompanhou
a evolução verificada nas vendas
Lucro Bruto:
líquidas, denotando-se maior
( $ 2.982 / $ 2.512 ) x 100 = 118,70 consumo dessas receitas pelos
custos de produção
( $ 3.612 / $ 2.512 ) x 100 = 143,80
41
7.2.2 Situações especiais na análise horizontal

Decréscimo dos valores contábeis em avaliação

X6 AH X7 AH X8 AH
($ MIL) (Nº ÍNDICE) ($ MIL) (Nº ÍNDICE) ($ MIL) (Nº ÍNDICE)
Dívidas 30.117 100,00 28.120 93,4 29.585 98,2
Consolidadas (Base)

Interpretação:
As dívidas consolidadas representam 93,4%
do montante apurado no período anterior
(ano base), denotando decréscimo de 6,6%
(100% - 93,4%).

42
7.2.2 Situações especiais na análise horizontal

Valores negativos

30-6-X2 AH 30-6-X3 AH
($ MIL) (Nº ÍNDICE) ($ MIL) (Nº ÍNDICE)
Lucro (prejuízo) 5.055 100,00 -13.522 -267,5
operacional (Base)

Interpretação:
Houve um decréscimo no resultado operacional
da empresa, de 367,5% (-267,5% - 100%)

43
7.2.3 Análise horizontal em inflação

Em ambiente inflacionário, as análises devem ser


realizadas em evoluções reais (depurada a inflação)

O desempenho efetivo de qualquer valor é definido por


seu crescimento acima da taxa de inflação

Indexação: tem como data-base o último relatório financeiro


Desindexação: data-base o primeiro relatório financeiro

44
7.2.4 Análise vertical

Comparações relativas entre valores afins ou relacionáveis


identificados numa mesma demonstração contábil

Permite que se conheçam todas as alterações ocorridas na


estrutura dos relatórios analisados

Não necessita de processos de indexação, pois trabalha


com valores relativos

45
7.2.4 Análise vertical

Ex: S.A. Siderúrgica

31-12-X0 AV 31-12-X1 AV 31-12-X2 AV


($) (%) ($) (%) ($) (%)

Ativo Circulante 4.585 50 3.922 46 3.732 44


Realizável a Longo Prazo 739 8 872 10 952 11
Ativo Permanente 3.936 42 3.783 44 3.826 45
Ativo/Passivo Total 9.260 100 8.577 100 8.510 100
Passivo Circulante 4.012 43 3.624 42 3.917 46
Exigível a Longo Prazo 2.102 23 2.031 24 1.629 19
Patrimônio Líquido 3.147 34 2.923 34 2.964 35

46
7.3 Índices Econômico-Financeiros de Análise

5 grupos de indicadores básicos:

Liquidez e atividade

Endividamento e estrutura

Rotação

rentabilidade

Análise de ações
47
7.3.1 Indicadores de liquidez

Visam medir a capacidade de pagamento da


empresa

Exprimem uma posição financeira em um dado


momento (liquidez estática)

Os valores considerados sofrem alterações constantes devido


à dinâmica das empresas

48
7.3.1 Indicadores de liquidez

Ativo Circulante
Liquidez Corrente 
Passivo Circulante

Do total de recursos aplicados em


haveres e direitos circulantes , quanto a
empresa deve a curto prazo

Ativo Circulante (-) Estoques (-) Despesas Antecipada s


Liquidez Seca 
Passivo Circulante

Relaciona os ativos circulantes de maior


liquidez com o total do passivo circulante

49
7.3.1 Indicadores de liquidez

Disponível
Liquidez Imediata 
Passivo Circulante
Reflete a porcentagem das dívidas de
curto prazo que pode ser saldada
imediatamente pela empresa

Ativo Circulante  Realizável a Longo Prazo


Liquidez Geral 
Passivo Circulante  Exigível a Longo Prazo

Retrata a saúde financeira de longo prazo


da empresa

50
7.3.1 Indicadores de liquidez

EBITDA

Abreviatura da expressão em inglês


Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and
Amortization,
que significa lucro antes de descontar os juros, os
impostos sobre o lucro, a depreciação e a amortização.

Em essência, corresponde ao caixa gerado pela operação


da empresa.

51
7.3.2 Indicadores de atividade

Visam à mensuração das diversas durações


de um “ciclo operacional”

Fases compreendidas desde a


aquisição de insumos básicos até o
recebimento das vendas realizadas

Permitem uma análise mais dinâmica


do desempenho de uma empresa

52
7.3.2 Indicadores de atividade

Estoque Médio
Prazo Médio de Estocagem   365
Custo dos Produtos Vendidos

Indica o tempo médio necessário para a


completa renovação dos estoques da empresa

53
7.3.2 Indicadores de atividade

Prazo Médio de Pagamento Contas a Pagar a Fornecedores (Média)


  365
a Fornecedores Compras Brutas

Revela o tempo médio que a empresa


tarda em pagar suas dívidas

Valores a Receber Provenientes


Prazo Médio de Vendas a Prazo (Média)
  365
de Recebimento Receita Operacional Bruta

Revela o tempo médio que a empresa despende


em receber suas vendas realizadas a prazo

54
7.3.3 Indicadores de endividamento e estrutura

Utilizados para auferir a composição das fontes passivas


de recursos de uma empresa

Mostram a proporção de recursos


de terceiros em relação ao capital
próprio

Avaliam o grau de comprometimento


financeiro da empresa perante seus
credores
55
7.3.3 Indicadores de endividamento e estrutura

Exigível Total (Passivo Circulante 


Relação Capital de Exigível a Longo Prazo)

Terceiros / Capital Próprio Patrimônio Líquido

Revela o nível de dependência da empresa em


relação a seu financiamento por meio de
recursos próprios

Participação dos Capitais Exigível Total



de Terceiros Exigível Total  PL

Mede a porcentagem dos recursos totais da


empresa que se encontra financiada por capital
de terceiros
56
7.3.3 Indicadores de endividamento e estrutura

Composição do Passivo Circulante



Endividame nto Exigível Total

Indica quanto da dívida total vence no curto


prazo

Imobilização do Ativo Permanente



Capital Próprio Patrimônio Líquido

Mede a porcentagem dos recursos próprios


investidos no Ativo Permanente
57
7.3.3 Indicadores de endividamento e estrutura

Imobilização dos Ativo Permanente



Recursos Permanentes PL  Exigível a Longo Prazo

Revela a porcentagem dos recursos de longo


prazo que se encontra imobilizada em
itens permanentes

58
7.3.4 Indicadores de rotação

Custo Produtos Vendidos Giro de Estoque: vezes em que o


GE  estoque se renova dentro de
Estoque Médio
determinado período.

Giro de Contas a Receber:


Receita Operacional Bruta vezes em que os recebimentos
GCR 
Média Contas a Receber se renovam durante
determinado período (ciclos).

Giro do Ativo Operacional:


expressa quantas vezes o Ativo Receita Operacional Líquida
GAOP 
Operacional se renovou pelas Ativo Operacional Médio
vendas.
59
7.3.5 Indicadores de rentabilidade

Retorno sobre o Investimento (ROI, do


Lucro Oper. inglês Return on Investment), revela o
ROI 
Invest. Médio retorno produzido pelo total das
aplicações realizadas por uma empresa
em seus ativos

Lucro Líquido Retorno sobre o PL (ROE, do inglês


ROE  Return on Equity), mensura o retorno
Patrimônio Líquido Médio dos recursos aplicados na empresa por
seus proprietários

Lucro Bruto
Margem Bruta 
Receita Op. Líquida
Medem a eficiência de uma Lucro Líquido
Margem Líquida 
empresa em produzir lucro Receita Op. Líquida
por meio de suas vendas
60
7.3.6 Indicadores de análise de ações

Lucro Líquido
LPA 
Número de Ações Emitidas

Ilustra o benefício auferido por cada ação emitida pela


empresa
A distribuição desse lucro dependerá da política de dividendos
adotada pela empresa

Indica o número de anos que Preço de Mercado (Aquisição) da Ação


um investidor tardaria em P/L 
recuperar o capital aplicado Lucro por Ação (LPA)

61
GESTÃO FINANCEIRA DA EMPRESA

CAPÍTULO 8

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


FINANCEIRAS – APLICAÇÃO PRÁTICA

62
Introdução

O capítulo desenvolverá aplicações práticas do processo


de análise econômico-financeira baseado nas
demonstrações de uma empresa de eletroeletrônicos

Foram feitos ajustes para simplificar as expressões


numéricas

Todos os valores dos demonstrativos estão em moedas


de mesma capacidade aquisitiva

63
8.1 Análise das Demonstrações Financeiras
DEZ./01 DEZ/00
($ 000) ($ 000)
Ativo Circulante 23.256 19.058
Aplicações Financeiras 2.903 3.203
Clientes (Valor Líquido) 7.284 4.029
Estoques 12.048 6.258
Depósitos Judiciais 65 3.008
Outros Valores a Receber 956 2.560
Realizável a Longo Prazo 627 63
Controladas e Coligadas 627 63
Balanços Ativo Permanente 23.021 23.050
patrimoniais dos Investimentos 518 133
exercícios findos Imobilizado 22.503 22.750
em dezembro de Diferido – 167
00 e 01. Total 46.904 42.171
Passivo Circulante 25.290 19.628
Fornecedores 8.832 4.713
Importações em Trânsito 4.011 –
Empréstimos e Financiamentos 4.709 4.732
Obrigações Fiscais 3.186 6.293
Contas a Pagar 1.100 1.724
Salários e Contribuições Sociais 627 732
Dividendos Propostos 897 –
Provisões Diversas 1.928 1.434
Exigível a Longo Prazo 4.556 3.735
Empréstimos e Financiamentos 1.887 308 64
Obrigações Fiscais 2.669 3.427
Patrimônio Líquido 17.058 18.808
8.1 Análise das Demonstrações Financeiras

Demonstração de resultados para os exercícios findos em dezembro de 00 e 01

DEZ./01 DEZ./00
($ 000) ($ 000)
RECEITA OPERACIONAL 54.875) 31.535)
Custo dos Produtos Vendidos (40.828) (25.230)
LUCRO BRUTO 14.047) 6.305)
DESPESAS/RECEITAS OPERACIONAIS (8.134) (7.036)
Com vendas (5.496) (2.881)
Gerais e Administrativas (5.780) (4.191)
Honorários dos Administradores (85) (89)
Receitas Financeiras 3.267) 1.190)
Outras Despesas Operacionais (28) (1.042)
Resultado de Equivalência Patrimonial (12) (23)
RESULTADO OPERACIONAL 5.913) (731)
Despesas Financeiras (4.109) (3.398)
Receitas/Despesas não Operacionais 290) (223)
RESULTADO DO EXERCÍCIO 2.094 (4.352)65
8.1 Análise das Demonstrações Financeiras

Demonstração de origens e aplicações de recursos para os exercícios findos em dez. 00 e 01


DEZ./01 DEZ./012
($ 000) ($ 000)
ORIGENS DE RECURSOS
Recursos Gerados nas Operações Sociais 4.411 –
Redução do Ativo Permanente 373 1.338
Aumento do Exigível a Longo Prazo 821 2.529
TOTAL DAS ORIGENS 5.605 3.867
APLICAÇÕES DE RECURSOS
Recursos Absorvidos nas Operações Sociais – 1.030
Aumento do Realizável a Longo Prazo 565 –
Aumento do Ativo Permanente 2.662 3.015
Baixa de Recurso p/ Aumento de Capital Minoritário 2.945 –
Dividendos Propostos 897 –
TOTAL DAS APLICAÇÕES 7.069 4.045
REDUÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (1.464) (178)
DEMONSTRAÇÃO DOS RECURSOS GERADOS (ABSORVIDOS) NAS OPERAÇÕES SOCIAIS
Lucro (Prejuízo) do Exercício 2.094 (4.352)
Depreciações e Amortizações 2.305 3.300
Resultado de Equivalência Patrimonial 12 22
TOTAL 4.411 1.030
DEMONSTRAÇÃO DA VARIAÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO:
Ativo Circulante 19.058
No Início do Ano 23.256
No Final do Ano 4.198
Passivo Circulante 19.628
No Início do Ano 25.290
No Final do Ano 5.662
REDUÇÃO DO CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (1.464) 66
8.1.1 Estrutura e evolução patrimonial

Análise horizontal e vertical dos balanços patrimoniais da empresa

DEZ.-00 AH AV DEZ.-01 AH AV
($000) ($000)
ATIVO CIRCULANTE 19.058 100,0 45,2% 23.256 122,0 49,6%

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 63 100,0 0,1% 627 995,2 1,3%

ATIVO PERMANENTE 23.050 100,0 54,7% 23.021 99,9 49,1%

TOTAL 42.171 100,0 100,0% 46.904 111,2 100,0%

PASSIVO CIRCULANTE 19.628 100,0 46,5% 25,290 128,8 53,9%

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 3.735 100,0 8,9% 4.556 122,0 9,7%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 18.808 100,0 44,6% 17.058 90,7 36,4%

67
8.1.1 Estrutura e evolução patrimonial

DEZ.-00 AH AV DEZ.-01 AH AV
($000) ($000)

ATIVO PERMANENTE 23.050 100,00 54,7% 23.021 99,9 49,1%

A empresa apresentou decréscimo de ativo permanente


em valores relativos, pois o montante absoluto ficou
relativamente estável

Essa situação denota volume maior de recursos em giro,


visando financiar caixa, vendas a prazo e estoques
68
8.1.1 Estrutura e evolução patrimonial

DEZ.-00 AH AV DEZ.-01 AH AV
($000) ($000)

PASSIVO CIRCULANTE 19.628 100,00 46,5% 25.290 128,8 53,9%

O crescimento do passivo circulante foi superior ao do ativo


circulante

O crescimento das dívidas de CP evidencia um aperto maior


na posição de equilíbrio financeiro da empresa

69
8.1.1 Estrutura e evolução patrimonial

DEZ.-00 AH AV DEZ.-01 AH AV
($000) ($000)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 18.808 100,00 44,6% 17.058 90,7 36,4%

A relação patrimônio líquido/passivo total é baixa,


situando-se num nível bem inferior ao dos concorrentes

Comparando os resultados de X0 e X1 conclui-se uma


posição de maior endividamento

70
8.1.1 Estrutura e evolução patrimonial

A participação de dívidas de curto prazo compromete


53,9% do total do ativo

Os encargos financeiros dos financiamentos apresentaram-


se bastante altos

O forte predomínio de capital de terceiros onerou o


resultado da empresa em função das despesas financeiras

71
8.2 Estrutura de resultados
DEZ.-00 AV DEZ.-01 AV
($ 000) ($ 000)
RECEITA OPERACIONAL 31.535) 100,0%) 54.875) 100,0%)
Custo dos Produtos Vendidos (25.230) (80,0%) (40.828) (74,4%)
LUCRO BRUTO 6.305) 20,0%) 14.047) 25,6%)
Despesas/Receitas Operacionais (7.030) (22,3%) (8.134) (14,8%)

Análise Com Vendas (2.881) (9,1%) (5.496) (10,0%)


vertical das Gerais e Administrativas (4.191) (13,3%) (5.780) (10,5%)
demons-
trações de Honorários de Administradores (89) (0,3%) (85) (0,2%)
resultados Receitas Financeiras 1.190) 3,8%) 3.267) 5,9%)
Outras Despesas Operacionais (1.042) (3,3%) (28) –)))
Resultado Equivalência Patrimonial (23) (0,1%) (12) –)))
RESULTADO OPERACIONAL (731) (2,3%) 5.913) 10,8%)
Despesas Financeiras (3.398) (10,8%) (4.109) (7,5%)
Receitas/Despesas não Operacionais (223) (0,7%) 290) 0,5%)
RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO (4.352) (13,8%) 2.094) 72 3,8%)
8.2 Estrutura de resultados

A evolução das vendas constitui-se na principal razão


da apuração de lucros no ano de 01

A empresa melhorou sua produtividade (custos de produção),


o que proporcionou um incremento no lucro bruto

A elevação dos valores dos encargos financeiros foi


menos que proporcional ao comportamento das vendas,
apesar do aumento do endividamento
73
8.3 Análise de Liquidez e Equilíbrio Financeiro

Indicadores de liquidez e ciclo operacional

Liquidez Geral = ativo circ. + realizável / passivo circ. + exigível

Liquidez Geral (00) = 19.058 + 63 / 19.628 + 3.735 = 0,82

Liquidez Geral (01) = 23.256 + 627 / 25.290 + 4.556 = 0,80

Liquidez Corrente = ativo circulante / passivo circulante

Liquidez Corrente (00) = 19.058 / 19.628 = 0,97

Liquidez Corrente (01) = 23.256 / 25.290 = 0,92


74
8.3 Análise de Liquidez e Equilíbrio Financeiro

Indicadores de liquidez e ciclo operacional

Liquidez Seca = ativo circulante – estoques / passivo circulante

Liquidez Seca (00) = 19.058 – 6.258 / 19.628 = 0,65

Liquidez Seca (01) = 23.256 – 12.048 / 25.290 = 0,44

Liquidez Imediata = disponível / passivo circulante

Liquidez Imediata (00) = 3.203 / 19.628 = 0,16

Liquidez Imediata (01) = 2.903 / 25.290 = 0,11


75
8.3 Análise de Liquidez e Equilíbrio Financeiro

Indicadores de atividade

Prazo Médio de Estocagem = (estoques médios / CMV ) x 365

PME = ((6.258 + 12.048 / 2) / 40.828) x 365 = 82 dias


Prazo Médio de Recebimento = (recebíveis médios / receita
bruta) x 365

PMR = ((4.029+7.284 / 2) / 54.875) x 365 = 38 dias


PM Pagamento = (fornecedores médios / compras brutas) x 365

PMP = ((4.713 + 8.832 / 2) / 46.618 x 365 = 53 dias

Compras = EF – EI +CMV = 12.048 – 6.258 + 40.828 = 46.618


76
8.3 Análise de Liquidez e Equilíbrio Financeiro

Os indicadores revelam uma deterioração


da liquidez como reflexo de uma demanda
maior de recursos de terceiros a curto prazo

A empresa vem utilizando recursos de curto prazo para


financiar parte de seus investimentos permanentes

A liquidez seca decresceu, indicando maior participação


dos estoques no capital de giro
77
8.4 Análise do Endividamento e Estrutura

Indicadores de investimento e estrutura

Relação CT / CP = exigível total / patrimônio líquido

CT/CP (00) = 19.628 + 3.735 / 18.808 = 1,24

CT/CP (01) = 25.290 + 4.556 / 17.058 = 1,75

Part. Cap. Terceiros = exigível total / exigível total + PL

PCT (00) = 19.628 + 3.735 / 19.628 + 3.735 + 18.808 = 0,55

PCT (01) = 25.290 + 4.556 / 25.290 + 4.556 + 17.058 = 0,64


78
8.4 Análise do Endividamento e Estrutura

Indicadores de investimento e estrutura

Comp. do Endividamento = passivo circulante / exigível total


CE (00) = 19.628 / 19.628 + 3.735 = 0,84
CE (01) = 25.290 / 25.290 + 4.556 = 0,85
Imobilização do Capital Próprio = ativo permanente / PL

ICP (00) = 23.050 / 18.808 = 1,23


ICP (01) = 23.021 / 17.058 = 1,35
Imob. Recursos Permanentes = at. permanente / PL + exigível LP

PCT (00) = 23.050 / 18.808 + 3.735 = 1,02


PCT (00) = 23.021 / 17.058 + 4.556 = 1,07
79
8.4 Análise do Endividamento e Estrutura

Observa-se um aumento do passivo em relação ao PL

Isso revela maior grau de


dependência financeira e maior risco

O acentuado predomínio de recursos passivos circulantes


determinou uma redução nos indicadores de liquidez da
empresa

80
8.5 Análise de Rotação

Indicadores de giro

Giro dos Estoques = CPV (ou CMV) / média dos estoques


GE (01) = 40.828 / (6.258 + 12.048) ÷ 2 = 40.828 / 9.153 =
4,46 vezes ao ano
Giro dos Recebimentos = receita op. Bruta / média dos
recebíveis
GCR (01) = 54.875 / (4.029 + 7.284) ÷ 2 = 54.875 / 5.656,5 =
9,7 vezes ao ano

Giro do Ativo Operacional = receita op. Líquida / média do ativo


operacional
GAOP (01) = 5.913 / (4.029 + 6.258) + (7.284 + 12.048) ÷ 2 =
5.913 / 14.809,5 = 0,4 vezes ao ano
81
8.6 Análise do Retorno do Investimento e Lucratividade

Determinação do retorno do investimento - ROI

Atenção para a correta mensuração do lucro operacional


e do ativo total

O ativo total líquido a ser relacionado


com o resultado operacional é chamado
de investimento (quadro a seguir)

Resultado oriundo exclusivamente das operações,


calculado antes das despesas financeiras e de
outras despesas não operacionais
82
8.6 Análise do Retorno do Investimento e Lucratividade

Apuração do investimento
($ 000)
DEZ.-01 DEZ.-00
ATIVO CIRCULANTE 23.256 19.058
(–) Passivos de Funcionamento
Fornecedores 8.832 4.713
Importações em Trânsito 4.011 –
Obrigações Fiscais 3.186 6.293
Contas a Pagar 1.100 1.724
Salários e Contribuições Sociais 627 732
Dividendos Propostos 897 –
Provisões Diversas 1.928 1.434
2.675 4.162

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 627 63


ATIVO PERMANENTE 23.021 23.050
INVESTIMENTO 26.323 27.275

83
8.6 Análise do Retorno do Investimento e Lucratividade

Indicadores de rentabilidade e lucratividade

Rentabilidade do Cap. Próprio (ROE) = lucro líquido / PL médio

RCP (ROE) = 2.094 / (18.808 + 17.058) / 2 = 0,12

Retorno sobre o Investimento (ROI) = lucro operacional /


investimento médio
ROI = 5.913 / (27.275 + 26.323) / 2 = 0,22

84
8.6 Análise do Retorno do Investimento e Lucratividade

Indicadores de rentabilidade e lucratividade

Margem Bruta = lucro bruto / receita operacional

MB (00) = 6.305 / 31.535 = 0,20

MB (01) = 14.047 / 54.875 = 0,26

Margem Líquida = lucro líquido / receita operacional

ML (00) = -4.352 / 31.535 = -0,86

ML (01) = 2.094 / 54.875 = 0,04


85
8.6 Análise do Retorno do Investimento e Lucratividade

Resultados da análise

O ROE ficou abaixo do ROI, denotando presença de recursos


de terceiros sem capacidade de alavancagem favorável

O custo de captação da empresa é superior ao retorno


que é auferido na aplicação desse recurso, promovendo
um spread negativo

Porém, isso não refletiu no ROE porque a empresa reduziu


seus passivos onerosos na estrutura de capital
86
8.7 Conclusões

a) A liquidez da empresa não apresentou bom resultado, pois a


evolução do circulante não acompanhou à do passivo de CP

b) Houve uma elevação do endividamento, revelando maior


dependência financeira e risco

c) Os resultados operacionais tiveram bom desempenho,


tornando a empresa atrativa para investimentos, com
restrições
87

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