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Dezembro 2020
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Ano XIX, nº 228, Dezembro 2020
SumáriO
Escrevem os leitores ���������������������������������������� 4 Santa Odila da Alsácia –
Cega para si, águia
ISSN 1982-3193 para Deus
D
eus inefável escolheu para ser substancialmente sua Mãe, antiguidade, tanto da Igreja Oriental
e preparou desde toda d’Ela, de quem quis o Espírito Santo como da Ocidental.
a eternidade uma Mãe que, por obra sua, fosse concebido e Vigilante guardiã e protetora das
para seu Filho único nascesse Aquele do qual Ele próprio doutrinas a ela confiadas, a Igreja de
n’Ela Se encarnar e nascer na bem- procede. […] Cristo em nada as altera nem com
-aventurada plenitude dos tempos. acréscimos nem com decréscimos.
Amou-A tanto que, por uma sobe-
Doutrina sempre professada Pelo contrário, tratando com escru-
rana predileção, pôs n’Ela todas as
na Santa Igreja pulosa fidelidade e sabedoria os en-
suas complacências. Elevou-A in- Inegável é que a doutrina da Ima- sinamentos delineados em tempos
comparavelmente acima de todos culada Conceição da Bem-Aventura- antigos e semeados pelos Santos Pa-
os espíritos angélicos e de todos os da Virgem Maria – a cada dia mais dres, procura aprimorá-los e puri-
Santos. Cumulou-A da abundância ficá-los de forma que, conservando
dos dons celestes tirados dos tesou- sua plenitude, integridade e proprie-
ros da Divindade, de modo tão ma- Vigilante guardiã e dade, eles se apresentem com maior
ravilhoso que Ela, toda bela e per- evidência, brilho, clareza, e se desen-
feita, sempre e totalmente livre de protetora das doutrinas volvam exclusivamente conforme sua
qualquer mancha de pecado, tinha
em Si a maior plenitude de inocên-
a ela confiadas, a própria natureza, ou seja, preservan-
do a identidade do dogma, do senti-
cia e de santidade que se possa ima- Igreja de Cristo em do, da doutrina.
ginar abaixo de Deus; plenitude tal
que, exceto Deus, ninguém a pode nada as altera nem Ela esmagou triunfalmente
compreender.
a cabeça do demônio!
Era, por certo, de todo convenien-
com acréscimos nem Instruídos pelos oráculos celestes,
te que essa tão venerável Mãe reful- com decréscimos os Padres da Igreja e os autores ecle-
gisse sempre dos esplendores da mais siásticos escreveram obras para ex-
perfeita santidade e que, isenta inclu- plicar as Escrituras, defender os dog-
sive da mancha do pecado original, brilhantemente explicada, declarada mas, instruir os fiéis. Nestas, em nada
obtivesse o mais completo triunfo so- e confirmada pelo senso, magistério, tanto se empenharam eles quanto em
bre a antiga serpente. estudo, ciência e sabedoria da Igreja, celebrar e exaltar de mil modos admi-
A Ela quis o Eterno Pai dar seu Fi- e admiravelmente espalhada entre ráveis a soberana santidade da Vir-
lho único, gerado em seu seio, igual a todos os povos e nações do mundo gem, sua dignidade, sua integridade
Si e por Ele amado como a Si mesmo. católico – foi sempre considerada na isenta de qualquer nódoa de pecado,
E quis dar-Lho de tal modo que esse Igreja como recebida de nossos an- e sua fulgurante vitória sobre o cruel
Filho é naturalmente Filho único tepassados e revestida do caráter de adversário do gênero humano.
e comum de Deus Pai e da Virgem; doutrina revelada, conforme atestam “Porei inimizades entre ti e a mu-
d’Ela que o próprio Filho escolheu célebres e veneradas testemunhas da lher, entre a tua descendência e a
David Ayusso
o decreto de condenação que havia gio especial de Deus Onipotente, em
contra nós e o afixou vitoriosamente vista dos méritos de Jesus Cristo, Sal-
na Cruz, assim também a Santíssima vador do gênero humano, é revelada
Virgem, unida a Ele por estreito e in- por Deus; em consequência, deve ela
dissolúvel vínculo, exercendo por Ele Nossa Senhora do Apocalipse ser crida formal e constantemente por
e com Ele eternas hostilidades contra Casa Lumen Cœli, Mariporã (SP) todos os fiéis.
a serpente venenosa, esmagou triun- Se, pois, alguém tiver a presunção
falmente com seu pé imaculado a ca- – o que Deus não permita – de em seu
beça deste inimigo. […] Nada há de coração pensar diferente do que aqui
foi por nós definido, tome conheci-
Doutrina que desperta surpreendente mento e saiba que, condenado por seu
a piedade e o amor
Não é de estranhar, portanto, que
em que esta próprio juízo, naufragou na Fé e se-
parou-se da Igreja; saiba também que
esta doutrina da Imaculada Concei- doutrina tenha se, por palavras, escritos ou qualquer
ção da Virgem Mãe de Deus, consig- outro meio, ousar exprimir seus ínti-
nada nas divinas Escrituras, segun- despertado tanta mos pensamentos, incorrerá ipso fac-
do opinião dos Padres da Igreja que to nas penas prescritas pela lei.
a transmitiram por seus testemunhos
piedade e amor no Nossos lábios se abrem na alegria
tão categóricos e numerosos, esta clero e nos fiéis e falam com júbilo!
doutrina expressa e exaltada por tan- Rendemos, e jamais deixaremos
tas veneradas testemunhas da anti- de render, as mais humildes e arden-
guidade, tenha sido proposta e confir- toda parte, com ardente devoção, a tes ações de graças a Nosso Senhor
mada pelo alto magistério da Igreja. Virgem Mãe de Deus, concebida sem Jesus Cristo que, apesar de nossa in-
Nada há também de surpreenden- pecado original. […] dignidade, nos concedeu o singular
te em que esta doutrina tenha des- favor de oferecer e conferir esta hon-
pertado tanta piedade e amor no cle-
Seja ela crida fiel e ra, esta glória e este louvor à sua San-
ro e nos fiéis, nem em que eles se ufa-
constantemente por todos os fiéis tíssima Mãe. ²
nem de professá-la de forma cada vez Portanto, depois de ter elevado,
mais esplendorosa, ou em que nada com humildade e jejuns, nossas inin- Excertos de: BEATO PIO IX.
lhes seja mais suave e desejável do terruptas súplicas particulares e as Ineffabilis Deus, 8/12/1854
que venerar, invocar e celebrar por preces públicas da Igreja a Deus Pai, Tradução: Arautos do Evangelho
Hierarquia
ou igualdade?
Ao longo de trinta anos de vida familiar, o Homem-Deus
oferece o exemplo da obediência perfeita a um mundo no
qual imperam a mentalidade igualitária e o espírito de revolta
contra toda autoridade.
I – A célula “mater” da sociedade nosso destino final não está aqui na terra – na
Divinas são as palavras da Liturgia, por se- qual nos encontramos apenas de passagem –,
rem ditadas pelo Espírito Santo aos autores sagra- mas sim na eternidade, não há no Matrimônio
dos e recolhidas pela Santa Igreja com sabedoria. objetivo mais excelente que um cônjuge santifi-
Cada um dos pensamentos que as leituras da fes- car o outro, e ambos santificarem os filhos. Tra-
ta da Sagrada Família nos sugerem seria suficien- ta-se, portanto, de levar a vida familiar em Deus,
te para, detendo-nos um instante e meditando-os, de maneira que Ele seja o elemento essencial do
enriquecer a alma e o coração. Nelas se conden- relacionamento entre marido e mulher, pais e fi- Se a família
sam uma série de verdades ensinadas por Deus a lhos. Se a família se basear na graça e na pieda-
respeito de um ponto fundamental atinente à so- de, ainda que sobre ela se abatam dramas e vicis- se basear na
ciedade e à própria Igreja: a vida familiar. A famí-
lia é a célula mater da sociedade, onde se prepa-
situdes, tudo se tornará fácil, e nela reinará a paz.
Na Sagrada Família temos o modelo admi-
graça e na
ram os homens e mulheres de valor que constitui- rável de como enfrentar as dificuldades e as piedade, tudo
rão o mundo do futuro, e é também a fonte de vo- dores da existência com espírito elevado: pai,
cações religiosas para o serviço da Igreja. Mãe e Filho viviam numa harmonia perfeita se tornará
Sendo uma instituição de direito natural – porque Deus estava no centro. Por isso, nesta
como atesta a história de todos os povos, desde festa, reza a Oração do Dia: “Ó Deus de bon-
fácil, e nela
a mais remota Antiguidade –, a família foi con- dade, que nos destes a Sagrada Família como reinará a paz
templada por Nosso Senhor Jesus Cristo com a exemplo, concedei-nos imitar em nossos la-
elevação do Matrimônio à categoria de Sacra- res as suas virtudes para que, unidos pelos la-
mento, a fim de infundir nos esposos as graças ços do amor, possamos chegar um dia às ale-
necessárias para cumprir, com vistas sobrena- grias da vossa casa”.1 Imitemos em nossos lares
turais, o dever que lhes cabe. as virtudes de Jesus, Maria e José para, trans-
De fato, acima de todas as suas funções, a fa- postos os umbrais da morte, sermos integrados
mília tem uma missão salvífica. Uma vez que o para sempre na família eterna do Pai, do Filho
ira
re
ficado! rito Santo e – quem sabe se
r
excelsa vir-
Fe
lis
Ora, não era possível que por uma aparição angélica ou
ge
An
tude da obe- Maria Santíssima e
São José levassem o
por uma voz interior,
vigorosa e cogente –
Apresentação do Menino Jesus (detalhe)
diência, quis Menino Jesus ao Tem- Igreja do Gesù, Miami (EUA) fora-lhe revelado que
plo e, numa oportuni- não morreria sem ver
cumprir a Lei dade tão transcendental para o acontecer huma- o Salvador prometido. Não obstante, teria ele
que obrigava no e para o conjunto da obra da criação, não hou-
vesse especiais manifestações do Espírito Santo.
uma sensibilidade permanente com respeito a
essa previsão ou vivia momentos de secura? O
toda mulher Um ancião flexível às moções
certo é que ele guardou até o fim uma esperan-
ça cheia de fé!
do Espírito Santo Naquele dia sentiu um impulso sobrenatural
25
Em Jerusalém, havia um homem cha- para ir ao Templo e foi dócil a ele. Está claro que
mado Simeão, o qual era justo e piedo- não tinha motivos para ir, pois não lhe cabia o
so, e esperava a consolação do povo de turno sacerdotal, ou, quiçá, já estivesse retirado;
porém, de idade avançada e com dificuldade de
Israel. O Espírito Santo estava com ele movimento, numa época de frio invernal, venceu
26
e lhe havia anunciado que não mor- os achaques da ancianidade e saiu pelas ruas, sô-
reria antes de ver o Messias que vem do frego, ágil, com um empressement e um ânimo de
Senhor. 27a Movido pelo Espírito, Si- que nem sequer na juventude dispusera, à procu-
meão foi ao Templo. ra do Cristo que ia chegar.
conhecer Nosso Senhor Jesus Cristo e antes de Jesus para cumprir o que a Lei ordena-
este haver nascido em Belém, já podia ser cha- va, 28 Simeão tomou o Menino nos bra-
mado de cristão; sem Ele ter-lhe dado o exemplo,
já O imitava! Que mérito admirável!
ços e bendisse a Deus.
universal do Messias
lis
virtude e
An
e afetuosidade única; talvez tenha se- me a tua promessa, podes dei- reza com
gurado com as divinas mãos a barba do ancião. xar teu servo partir em paz; 30 porque
Tais demonstrações devem ter deixado Si-
meus olhos viram a tua salvação, 31 que
perseverança
meão comovido no mais íntimo de sua alma, for-
mando nela uma espécie de arco gótico: de um preparaste diante de todos os povos: atrai a
32
luz para iluminar as nações e glória
lado, Deus, que era aquele Menino, atuava “com
a mão direita” em seu interior, inundando-o de do teu povo Israel”.
benquerença
contentamento, de entusiasmo e de extraordi- Neste inspirado cântico de Simeão transpa- de Deus e é
nário regozijo ante a sabedoria d’Ele e o futu- rece sua alegria, ao constatar que lhe foram re-
ro que O esperava; de outro, o Menino, que era mediadas as aflições, escutadas as preces e co- recompensado
Deus, completava no exterior os sentimentos ex- roados os esforços em busca da perfeição! Para
perimentados em seu íntimo, acariciando “com a que viver depois? Sua vocação estava concluída;
mão esquerda” suas barbas e comunicando-lhe, a promessa, cumprida.
no seu sorriso, um auge de consolação… Em suas palavras sobressai, ademais, o senso
“Simeão, que buscava com um desejo piedo- da missão universal de Nosso Senhor Jesus Cris-
so e fiel, encontrou o que buscava e reconheceu to. Naquele Menino, ele vê a completa abran-
o que encontrou, sem nenhum outro indício, isto gência da Redenção, advinda para “todos os po-
é, sem testemunho humano algum. […] Podemos vos: luz para iluminar as nações”. Tal afirmação
imaginar como penetrava aquele Cristo suave e nos lábios de um judeu é inusitada, já que eles
manso no seio castíssimo do piedoso ancião […], eram extremamente nacionalistas. Simeão fa-
e inspirava seus sentimentos? […] A alma do an- lava como verdadeiro profeta, por uma revela-
cião derretia-se no abraço deste Ungido […] e di- ção do Espírito Santo. Numa cena de incompa-
zia: ‘[…] já vejo o que esperei, possuo o que de- rável beleza, o Antigo Testamento, na pessoa de
sejei, abraço o que ansiei. Vejo a Deus meu Sal- Simeão, encerrava seu último ato, tomando nas
vador, revestido da minha carne, e salvou-se a mãos o Novo Testamento em Pessoa.
...
mento. O ancião aponta- Nossa Senhora das Dores - Casa dos Arautos gunda a profetisa Ana,
va para o que A espera- do Evangelho de Quito mulher descrita em de- chamados:
va com muita precisão, já talhe como nenhuma ou-
que, de fato, uma espada traspassaria sua alma, tra no Novo Testamento, uma vez que o terceiro estar sempre
sem em nada tocar no corpo. Nesta hora, cons- Evangelista queria apresentar a declaração dela
ciente de que iria enfrentar o horrível padeci- de forma bem fidedigna e autêntica. Ao mesmo
prontos a
mento de ver o Filho morrer crucificado, Ela terá tempo, ela merecia estes elogios, pois, embora deixar a
dito em seu coração: “Ó meu Deus, aqui está a não se faça menção à justiça, resulta indubitá-
vossa escrava! Eu aceito inteirissimamente, qual- vel que, tal como Simeão, se trata de uma pes- espada do
quer que seja o sacrifício!” soa justa. Por conseguinte, São Lucas abrange
Eis a disposição de espírito à qual somos cha- neste testemunho o gênero humano, homem e
sofrimento
mados: estar sempre prontos a deixar a espada mulher. traspassar
do sofrimento traspassar nossa alma. Se entre os Ana é um exemplo de penitência, de genero-
mil títulos com que é honrada a Santíssima Vir- sidade, de amor, de apostolado. Ela é o mode- nossa alma
gem consta o de Nossa Senhora das Dores, foi lo da mulher na Igreja, à qual cabe ter espírito
porque Deus, amando-A como A amou, não quis de penitência, ser sempre generosa, dando tudo
que Lhe faltasse o benefício da dor. de si, estar cheia de amor a Deus e do contínuo
desejo de fazer o bem aos outros. Além disso, o
Um modelo de mulher na Igreja texto evangélico sublinha que ela “não saía do
36
Havia também uma profetisa, cha- Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns
mada Ana, filha de Fanuel, da tribo e orações”, no intuito de mostrar que Deus es-
de Aser. Era de idade muito avançada; colheu uma dama dedicada à verdadeira vida
contemplativa.
quando jovem, tinha sido casada e vi- E a isto somos todos convidados: a nunca
vera sete anos com o marido. 37 Depois abandonar, não o Templo de Jerusalém, mas o
ficara viúva, e agora já estava com oi- templo de Deus que é cada um de nós se esta-
tenta e quatro anos. Não saía do Tem- mos na sua graça, porque Nosso Senhor asseve-
plo, dia e noite servindo a Deus com ra: “Se alguém Me ama, guardará a minha pala-
jejuns e orações. Ana chegou nesse
38 vra e meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele
faremos nossa morada” (Jo 14, 23). Devemos
1
FESTA DA SAGRADA 2
Cf. TUYA, OP, Manuel 4
SÃO TOMÁS DE Señor Jesucristo. Infan-
FAMÍLIA DE JESUS, de; SALGUERO, OP, AQUINO. Suma Teológi- cia y Bautismo. Madrid:
MARIA E JOSÉ. Ora- José. Introducción a la Bi- ca. III, q.37, a.4. Rialp, 2000, v.I, p.180;
ção do Dia. In: MISSAL blia. Madrid: BAC, 1967, EDERSHEIM, Alfred.
5
BEATO GUERRICO
ROMANO. Tradução v.II, p.343. The Life and Times of Je-
DE IGNY. En la Purifi-
portuguesa da 2ª edição sus the Messiah. Grand
3
Cf. RICCIOTTI, Giuse- cación. Sermón II, n.2-3.
típica para o Brasil rea- Rapids (MI): Eerdmans,
ppe. Vita di Gesù Cristo. In: Camino de Luz. Ser-
lizada e publicada pela 1976, v.I, p.197.
14.ed. Città del Vaticano: mones litúrgicos. Burgos:
CNBB com acréscimos
T. Poliglotta Vaticana, Monte Carmelo, 2003, 7
ORÍGENES. In Lucam.
aprovados pela Sé Apos-
1941, p.282. v.I, p.154-157. Homilia XX: PG 13,
tólica. 9.ed. São Paulo:
1852-1853.
Paulus, 2004, p.155.
6
Cf. FILLION, Louis-
-Claude. Vida de Nuestro
três oficiais foram indevidamente No dia seguinte, Constantino um dos Santos mais conhecidos da
condenados. Pobre justiça secular, chamou os três condenados e, in- Igreja Católica.
tantas vezes regida pela infâmia da terrogando-os, tomou conhecimen- A respeito dele existem inúmeros
ambição em lugar do amor à Verda- to de que haviam invocado a “Ni- fatos cuja memória perdurou pelos
de! Estes réus, porém, haviam pre- colau de Mira”, pedindo-lhe o seu séculos. Os marinheiros o têm por
senciado a cena acima narrada e não auxílio. Comovido, o imperador os patrono e em certas regiões até hoje
duvidaram: cheios de devoção pela soltou. conservam o costume de, ao desejar
figura imponente e paternal de São a outro uma boa viajem, dizer: “Que
Nicolau, puseram-se logo a rezar, ro-
O padroeiro das crianças! São Nicolau leve teu timão!”
gando a ele que também os salvas- São Nicolau morreu no dia 6 de Entretanto, o mais famoso de seus
se, ainda que à distância… E eis que, dezembro, em meados do século IV. títulos sempre foi o de “padroeiro
naquela mesma noite, o Imperador As virtudes praticadas por esse varão das crianças”. E isto se deve princi-
Constantino teve um sonho com o levaram-no a atingir um alto grau de palmente a dois episódios. O primei-
Santo, no qual recebia dele a ordem santidade, e seus milagres post mor- ro aconteceu quando o santo Bispo
de libertar aqueles infelizes, porque tem serviram para enaltecê-lo ainda soube que o pai de três moças esta-
eram inocentes! mais. Tornou-se assim, rapidamente, va em sérios apuros financeiros e não
Oculto pela
penumbra da
noite, dirigiu-se
até a casa onde
moravam e lançou,
um saquinho cheio
de moedas de ouro
Gustavo Kralj
Fotos: Reprodução
À esquerda, capa da revista “Harper’s Weekly” do dia 3 de janeiro de 1863, contendo uma das primeiras representações
do moderno Santa Claus; ao centro, desenho de Thomas Nast para a mesma publicação;
à direita, uma das ilustrações criadas por Haddon Sundblom para a Coca-Cola nas décadas de 1920 e 1930
Início da resistência
Instalada a revolta dos Macabeus,
eles se fortificaram em refúgios afas-
tados da cidade. A conduta de Mata-
tias haveria de ser bem diferente da
que até então tinham tomado os israe-
litas. Ele não vinha para perder, mas
para vencer. Com efeito, é na hora da
dificuldade que aparecem, com todo
o ímpeto do amor, os verdadeiros fi-
lhos de Deus.
Ora, aconteceu que muitos dos ju-
Reprodução
1
ARNALDICH, OFM, Luis. to. 2.ed. Madrid: BAC, 1963, 2
Cf. Idem, p.949. Do latim: Afli- 4
PESSOA, Fernando. Mensa-
Biblia comentada. Libros his- p.960. ções dos filhos de Deus e Afli- gem. Lisboa: Parceria Antônio
tóricos del Antiguo Testamen- ções do Templo. Maria Pereira, 1934, p.64.
3
Cf. Idem, ibidem.
Síntese de bondade e
inquebrantável firmeza
Dona Lucilia possuía um conjunto harmônico de virtudes que
lhe permitia unir a bondade à firmeza, a misericórdia à justiça, a
afabilidade à seriedade de espírito, e discernir o que as situações e
as pessoas tinham de bom ou de mau.
Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP
U
m dos muitos dons com os telefone. Poucos instantes depois, Não muito tempo depois, Dr. Pli-
quais a Providência quis veio a empregada avisar que o Sr. X nio recebia desse “amigo” verdadeira
cumular Da. Lucilia, a fim estava na linha, e tinha um assunto “punhalada” nas costas…
de que ela cumprisse de urgente a tratar com Dr. Plinio. Este Pode-se perguntar como Da. Lu-
modo exímio sua missão de mãe e for- interrompeu o almoço para atendê- cilia, pessoa tão reconhecidamen-
madora, foi o discernimento das psi- -lo. Como o aparelho ficava numa te bondosa, tinha uma desconfiança
cologias. sala ao lado, Da. Lucilia e o visitante que a levava a discernir o mal atra-
Distinguia ela, por exemplo, entre para lá também se dirigiram. Nos as- vés de detalhes na aparência insigni-
os amigos de Dr. Plinio, aqueles que suntos que seriam tratados nesse te- ficantes. De fato, o conceito de bon-
o eram autenticamente, de um ou ou- lefonema jogavam-se altos interesses dade que se espalhou em numerosos
tro que não o era. Dois fatos demons- da Causa Católica. meios, em especial a partir do fim da
tram a singularidade desse dom. Terminado o telefonema, volta- década de 1930, era bem diferente da
Certa vez Dr. Plinio convidou para ram à mesa e a conversa retomou seu verdadeira concepção dessa virtude,
jantar em sua casa um jovem colega rumo. Quando o visitante se retirou, ensinada pela Igreja.
dos meios católicos. Durante a refei- Da. Lucilia perguntou a Dr. Plinio: Desde essa época há a tendên-
ção, Da. Lucilia observou discreta- — Você viu a reação dele enquan- cia de confundir bondade com uma
mente o convidado, entrevendo algo to você falava ao telefone? complacência em relação a certas
de peculiar nele. Assim que o rapaz se — Não, mamãe, estava tão absor-
retirou, ela disse a seu filho: to na conversa que não prestei aten-
— Tome cuidado com aquela ção.
mão… O modo de ele pegar no gar- Num tom de voz grave, mas que
fo é muito esquisito… deixava transparecer ainda mais o
O pressentimento dela foi em bre- quanto de afeto lhe votava, ela o ad-
ve confirmado pelos fatos: algum vertiu:
tempo depois esse rapaz abando- — Meu filho, cuidado com esse
nou seus correligionários, causando
grandes dissabores a Dr. Plinio.
Noutra ocasião, Dr. Plinio con-
seu amigo… Sempre que você esta-
va com a fisionomia preocupada, ele
manifestava contentamento; quando
Dona L
vidou para almoçar em sua casa um você dava uma boa resposta a seu in- Uma biografia de Dona Lucilia Ribeiro dos Santos Cor
de seus amigos mais chegados, per- terlocutor e punha os pingos nos “is”, Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP, e editada pela
tencente às Congregações Marianas. ele ficava indiferente ou demonstra- Disponível em: http://lumencatolica.online/produ
Durante a refeição ouviu-se tocar o va tristeza… Esse não é seu amigo!
T
alvez de nada em minha teórico: tratava-se ao mesmo tempo va o gozo da vida para as crianças, e
infância eu tenha tantas da ansiedade pela vinda do Menino o aspecto religioso, quando existia,
saudades quanto da gra- Jesus, mas também da perspectiva era vago.
ça do Natal. O que houve da festa do Natal, nos seus aspectos Mamãe aproveitava, então, a festa
de mais maravilhoso para mim nessa humanos e terrenos. Isso fazia par- da criançada, mas acrescentava nela
idade ficou na minha memória repre- te das harmonias e delicadezas de uma nota de piedade muito acentua-
sentado por essa festa. A alegria do alma que só a Igreja Católica é ca- da, de maneira a dar-nos a ideia da
Natal! Era intensa, calma, doce, ele- paz de transmitir. alegria boa, lícita, honesta e terrena,
vada, “ordenativa” e “equilibrante”! santificada pela justaposição da sa-
Preparando o Natal das crianças cralidade.
A alegria prévia às celebrações Da. Lucilia, minha mãe, era o cen- Chegavam à nossa casa grandes
Quando se aproximava o Natal, tro da família no que diz respeito ao caixas provenientes das lojas, que
tudo era tomado por certa paz e re- trato com os pequenos, pois possuía os mais velhos recebiam e “confis-
colhimento. Era algo que minha alma um extraordinário jeito para isso e ti- cavam” imediatamente, para que
sentia, como um sussurro vindo de nha um grande carinho, cujo trans- as crianças não as pudessem abrir.
muito alto, mais eloquente do que to- bordamento agradava enormemen- Eram, evidentemente, presentes e
dos os discursos, que me convidava te à criançada. Se ela quisesse, teria enfeites para a árvore de Natal…
a não prestar atenção em outras coi- dirigido um colégio na perfeição, de Víamos também as senhoras saírem
sas. Parecia-me que um princípio de modo muito calmo, suave e delicado. sigilosamente e voltarem carrega-
pureza, de limpidez, de honestidade, Sendo mamãe a animadora do das de pacotes. Às vezes ouvíamos
de bondade e de candura baixava so- Natal, este era em certo sentido a fes- furtivamente alguma coisa sobre os
bre a terra e alterava as almas de to- ta dela. preparativos e começavam os tele-
dos os homens: a maldade humana se Ela aproveitou um hábito de sua fonemas entre nós e nossos primos,
encolhia e os Anjos abriam as asas. época e do seu ambiente, mas, ao contando as últimas novidades.
Eu realmente tinha impressão de que mesmo tempo, colocou-se em rea- O dia 24 de dezembro amanhecia
eles desciam à terra… ção contra ele. Estávamos num pe- completamente diferente dos outros.
Já nos dez ou quinze dias antece- ríodo de especial prosperidade em Já de manhã eram distribuídas algu-
dentes estabelecia-se uma expecta- São Paulo e as famílias organiza- mas iguarias, deixando-se, entretan-
tiva, e a alegria começava a baixar vam grandes festas natalinas, dan- to, as mais gostosas para a noite. Sen-
Sergio Hollmann
sobre a pequena cidade de São Pau- do bons presentes aos filhos e pre- tia-se muito o perfume do pão de mel
lo, impregnando o ambiente em to- parando árvores de Natal com toda – Honigbrot, segundo a expressão da
dos os recantos. Para as crianças, espécie de ornamentos e inúmeros Fräulein – que eu comia em quanti-
esse sentimento não era em nada comestíveis. Entretanto, aquilo visa- dade, com manteiga.
A
s almas que contemplavam esta nobre dama alsaciana soube ele- tomou conta de seus pensamentos a
os Santos da Alta Idade Mé- var até o Altíssimo em holocausto de ponto de levá-lo a proferir uma fatal
dia, cujas vistas sobrenatu- agradável odor. sentença: a criança deveria morrer. A
rais eram muito mais pene- Assim, Santa Odila foi precursora, intervenção da mãe fez-lhe poupar
trantes que as nossas, viviam a fé de guia e modelo, mas também vítima. a vida da filha, mas para tal ele im-
forma intensa. O espiritual e o terre- Como tal, teve, sem dúvida, um papel pôs como condição nunca mais tê-la
no se misturavam harmoniosamen- histórico muito importante na cons- diante dos olhos e que ninguém sou-
te em seus corações, dando origem a trução da Europa cristã. Suas dores besse da existência da recém-nascida
relatos transbordantes de episódios e provações, unidas ao Cálice Reden- cega, pela vergonha que isso signifi-
maravilhosos, mas por vezes impreci- tor de Cristo, talvez sejam o principal caria para sua linhagem.
sos ou até contraditórios nos detalhes motivo pelo qual a Alsácia, região da Após pedir ao Divino Espíri-
concretos. qual ela é padroeira, seja considerada to Santo que viesse em seu socorro,
Não é de estranhar, portanto, que ainda hoje uma das mais católicas da Benvinda lembrou-se de uma fiel ser-
a vida de Santa Odila tenha chegado França. va que poderia encarregar-se de seu
até nós envolvida num halo de legen- maior tesouro. Ante o triste desti-
da, tornando impossível fazer uma
Logo ao nascer, o repúdio no reservado à criança, a criada pro-
clara distinção entre os aspectos ri-
paterno curou de todas as formas atenuar as
gorosamente históricos e o piedoso Em certo dia do ano 620, o silên- dores de sua senhora: “Não choreis
colorido que foi-lhe acrescentado ao cio dominava os corredores do caste- mais. Deus quis que vossa filha viesse
longo dos séculos posteriores. lo de Hohenbourg, na Alsácia, onde ao mundo assim. Ora, Ele pode con-
Apesar disso, tais crônicas nos des- o Duque Aldarico e sua esposa Ben- ceder-lhe a luz da visão da qual a pri-
vendam uma singularíssima vocação: vinda aguardavam o nascimento de vou. Confiai a menina à vossa serva.
nelas encontramos o heroísmo pionei- um novo rebento. Contudo, longe Eu cuidarei dela e a educarei como
ro de São Remígio e Santa Clotilde, de se realizarem os paternos anseios Deus determinar”.1
aliado à grandeza fecunda de Carlos pela vinda de um varão, nasceu uma Um tanto aliviada por tal solicitu-
Magno. A par desses predicados, seu menina… e cega! de, Benvinda cobriu a filha de beijos,
alto chamado foi marcado desde cedo Quando o chefe franco viu des- abençoou-a e entre soluços entre-
pela contrariedade e sofrimento, que vanecerem-se seus sonhos, a cólera gou-a à serva, dizendo: “Eu a confio
Francisco Lecaros
à oração. Numerosas jo-
Civilização Cristã
vens seguiram o exemplo A certas almas muito
de Odila, e não tardou mui- chamadas, como a da pa-
to o dia em que, na presen- droeira da Alsácia, Deus
ça de toda a família ducal, Em Hohenbourg a santa abadessa teve exige grandes renúncias.
a Santa e suas religiosas fo- visões dos mistérios celestes que, infelizmente, Desde o começo de suas
ram consagradas pelo Bis- não chegaram até nós vidas, são elas convidadas a
po da Alsácia e professa- Santa Odila com as religiosas de Hohenbourg - abraçar o bem por inteiro e
ram os votos solenes. Santuário do Monte Santa Odila, Ottrott (França) desapegar-se de todo o res-
Entre as várias capelas to, inclusive de si mesmas.
que Odila fez erigir a partir de en- eterna. A ação que um Santo exerce Muitas vezes o Altíssimo pede-lhes
tão, uma era de sua especial devoção: quando ajuda a outrem no plano ma- também que, embora se sintam cha-
a de São João Batista. Antes de man- terial tem efeito ordenativo no espiri- madas a voar como águias, caminhem
dar construí-la, ela rogara ao Precur- tual, porque leva a pessoa a “ficar em passo a passo, tornando possível com
sor que lhe indicasse o local mais ade- ordem com Deus”, e isso traz paz de seu sacrifício que outros vislumbrem
quado, e em certa noite este lhe apa- alma, juntamente com o desejo de os mesmos horizontes grandiosos por
receu envolto em luz e revelou o lugar que o bem seja difundido e o mal ex- elas contemplados.
de seu agrado. Ali a santa abadessa te- tirpado. Eis a verdadeira caridade. Na época de Santa Odila, os es-
ria numerosas visões dos mistérios ce- plendores da Civilização Cristã esta-
lestes que, infelizmente, não chega-
Tendo cruzado os umbrais vam apenas começando a insinuar-se,
ram até nós.
da eternidade, recebe o Viático mas na alma desta abadessa de têm-
O perfume da santidade de Odila Por fim, no dia 13 de dezembro de pera carolíngia já habitavam por intei-
espalhou-se por toda a região. Curas, 720, Odila percebeu ter atingido o fim ro, como uma árvore frondosa se en-
conversões e multiplicação de alimen- de sua carreira neste mundo. Reunin- contra em germe na semente que a
tos motivavam nobres e plebeus a su- do as religiosas, disse-lhes: origina.
bir até Hohenbourg. Entretanto, mui- — Permanecei muito unidas, sa- Santa Odila nasceu cega, mas tor-
tos doentes e aleijados não possuíam bei viver na simplicidade e na humil- nou-se uma águia. Se seus olhos per-
forças para chegar até lá. Preocupada dade, e tende fé viva. Quando fordes maneceram cerrados no início de sua
com eles, Santa Odila decidiu fundar tentadas, rezai; trabalhai sem cessar existência terrena, seu espírito intré-
um novo mosteiro no sopé da monta- para serdes melhores cada dia. Ja- pido, porém, nunca deixou de voar
nha, chamado Niedermünster – con- mais esqueçais que, como eu, chega- para Deus. ²
vento de baixo –, a fim de ali hospe- reis ao termo da viagem desta vida e
dá-los e ministrar-lhes os cuidados de será necessário dardes contas de to-
que necessitavam. dos os vossos pensamentos, palavras
1
WINTERER, Landelin. Histoire de S ainte
Odile. Paris-Guebwiller: Ch. Douniol;
Assim se passaram os anos. O nú- e ações. Jung, 1869, p.46.
mero das religiosas aumentava e os Em seguida, desejando estar a 2
Idem, ibidem.
enfermos recuperavam não só a saú- sós com Deus, pediu-lhes que fos-
de do corpo, como também a da alma. sem à capela próxima cantar os Sal-
3
Idem, p.54.
Este era o grande objetivo de Santa mos. Quando mais tarde retornaram,
4
Idem, p.56.
Odila: conduzir os outros à salvação constataram haver a santa a badessa 5 Idem, p.57.
D
esde as mais remotas cha oferecia enquanto Homem o que visão simbólica dos ornamentos que
épocas da História, os merecia como Deus: o louvor perfeito. revestem os altares para a Santa Mis-
homens procuraram Esse louvor, contudo, não se en- sa: a toalha, a cruz, as velas e as flo-
perscrutar um mundo cerrou com sua Ascensão aos Céus, res.
envolto no mistério, onde se afigura- mas continua íntegro e perene na Sa-
va a Divindade merecedora de reve- grada Liturgia, através da qual o pró-
Sudário que envolve o
rência. Sentiam eles necessidade de prio Cristo “vive sempre na sua Igre-
Corpo de Cristo
prestar culto a Deus, mas o faziam ja e prossegue o caminho de imensa Sobre todos os altares preparados
de modo imperfeito, pois buscavam o misericórdia que iniciou nesta vida para a Santa Missa, é colocado um
Criador “às apalpadelas” (At 17, 27). mortal”.1 tecido alvíssimo, memorial do “Su-
Na plenitude dos tempos, Nos- O que significam, pois, os gestos dário e outros linhos com os quais foi
so Senhor Jesus Cristo quis viver en- e palavras do Bom Jesus reproduzi- envolto o Corpo do Salvador, repre-
tre os filhos de Adão e Se entregou em dos pela Santa Mãe Igreja, na Sagra- sentado pelo altar”.2
sacrifício para abrir-lhes as portas do da Liturgia? Os primeiros cristãos já tinham
Céu. Em todos os seus gestos, pala- Eis o tema que queremos desen- o costume, provavelmente herdado
vras e orações, o Cordeiro sem man- volver neste artigo, a partir de uma dos romanos, de recobrir com um
Místico espalhados pelo mundo in- res com uma luz discreta, solene e
teiro são as vestes de que Cristo quis bruxuleante. Muito além de uma ra-
revestir-Se! zão prática de iluminação, a San-
ta Igreja vê nestes simples objetos
A árvore da vida no Crucifixo - Paróquia São Pedro Apóstolo, “a imagem d’Aquele que é a Luz da
centro do Paraíso Montreal (Canadá); na foto anterior, Luz, a Luz do mundo, o Sol de Justi-
presbitério da Basílica de Nossa
Durante a Santa Missa um cru- Senhora do Rosário ornado para a ça, Jesus Cristo”.5
cifixo é disposto diante do sacerdo- Solenidade da Anunciação, Caieiras (SP) Nas discretas chamas que alu-
te, normalmente em cima do altar, miam os altares, estão representadas
para ressaltar a união entre este ato e “suas palavras luminosas, sua graça
o Holocausto de Cristo no Calvário. Um só é o redentora, seu amor consumado no
Um só é o Sacrifício de Cristo, reno- Sacrifício do Calvário”.6
vado por seus ministros em cada Ce- Sacrifício de Cristo. Por outro aspecto – não menos
lebração Eucarística.
Embora seja incerto o momento
O crucifixo ressalta dotado de beleza e profundidade –,
as velas simbolizam nossa fé, nossa
em que tal uso se tornou oficial em esta união entre esperança e nosso amor, virtudes que
todo o orbe, já no século V alguns ri- conduzem à luz de glória da Igreja
tos orientais o adotaram. No Ociden- a Santa Missa Celeste, “que não tem mais necessi-
te, porém, o costume é mais tardio: dade de Sol nem de Lua que a ilumi-
apenas por volta do século XI tor-
e o Holocausto nem, porque a glória de Deus a ilu-
nou-se comum nas igrejas de Rito do Calvário mina, e o seu luzeiro é o Cordeiro”
Latino. A presença desse ornamento (Ap 21, 23).
1
PIO XII. Mediator Dei: DH Grafiche, 1945, v.I, p.225, logía Litúrgica. 3.ed. Bilbao: 6
Idem, ibidem.
3855. nota 2. Desclée de Brouwer, 1999, 7
RIGHETTI, op. cit., p.542.
p.193-194.
2
BARIN, Luigi Rodolfo. Cate- 3
RIGHETTI, Mario. Manuale 8
Idem, p.544.
chismo liturgico: Corso com- di Storia Liturgica. 3.ed. Mila- 5
JAKOB, Georg. Die Kunst im
pleto di Scienza Liturgica. Li- no: Àncora, 2005, v.I, p.532. dienste der Kirche. Ein Han-
9
BARIN, op. cit., p.229.
turgia fondamentale. 9.ed. Ro- dbuch für freunde der kirchli- 10
RIGHETTI, op. cit., p.545.
4
RATZINGER, Joseph. La
vigo: Istituto Padano di Arti chen Kunst. 5.ed. Landshut: J.
fiesta de la fe: ensayo de Teo-
Thomann, 1901, p.189.
Sergio Hollmann
Permita-me contar, eu mesma, a minha história.
Fábio Henrique Resende Costa
Stephen Nami
tavam já recamadas de broquéis, pin- zas – fui sendo visitada, contempla-
turas e finas decorações, comecei a da e aperfeiçoada por varões que as-
notar em meu interior, a contragos- sinalaram a História da Igreja: Am-
to, certos cochichos, desavenças e, brósio, Bispo de Milão; Gregório, o
helás, conspirações. Aqueles que as- Quando meu sino toca, brados de Papa Magno; Bernardo, abade de
sim agiam queriam desfigurar a fisio- alerta e súplica são lançados Claraval, São Pio V, São Pio X e tan-
nomia de minha senhora e escolhe- Sino da sacristia da Basílica de Nossa tos outros.
ram, não sei por quê, minhas depen- Senhora do Rosário, Caieiras (SP) Mas hoje tenho sido menos fre-
dências para isso. quentada, e por isso confidencio mi-
Embora indignada por abrigar es- os provê de todo o necessário. Os que nha solidão.
tranhos em meu recinto sagrado, só estarão junto ao Soberano Anfitrião O isolamento, porém, não me
pude manter o silêncio, à espera de vêm-me ao encontro, anelando parti- entristece. Nos momentos de silên-
alguém que limpasse a poeira que cipar de sua dignidade e honra. cio, posso recordar-me de um fato
aviltava minha formosura e a pátina Após estarem devidamente traja- evangélico que minhas paredes re-
que obstruía a luz de meus olhos, os dos, os convivas formam-se para re- tratam, meus vitrais fazem luzir, o
vitrais. zar uma oração, pois devem preparar som do meu sino não deixa de lem-
Enquanto isso sucedia, preferi ad- dignamente o espírito para exerce- brar e meus utensílios não se es-
mirar os tesouros que fui incumbida rem seu alto ministério. Todos, nesse quecem de rememorar: “Tu és Pe-
de custodiar. Os óleos que detenho momento, fazem convergir seus olha- dro, e sobre esta pedra edificarei
são santos: ungiram desde agonizan- res para o meu ponto monárquico, a a minha Igreja; as portas do infer-
tes desconhecidos até reis e Papas. cruz. Com efeito, eu ostento o Cru- no não prevalecerão contra ela”
As roupas que guardo são um bál- cificado para recordar que a nobre- (Mt 16, 18).
samo para as vistas, além de ornato za de meu recinto é fruto de um Re- Sempre acreditei nas divinas pa-
para o corpo. Meu íntimo está forra- dentor. lavras dirigidas por Jesus ao Doce
do do brilho precioso dos vasos sa- Além disso, uma de minhas pa- Cristo na terra. Sendo parte da Igre-
grados. Em virtude dessas riquezas redes sustenta um instrumento que ja, participo de algum modo dessa
sou tão afamada. atrai os Anjos e com o qual anun- promessa de imortalidade. Enquan-
cio, diariamente, o acontecimento to as portas do inferno não prevale-
Preparando o acontecimento mais augusto do orbe: quando meu cerem sobre Ela – e isto jamais acon-
mais augusto do orbe sino toca, brados de alerta e súpli- tecerá – estarei do seu lado.
Contudo, minha faina é diária: ca são lançados pela Igreja Militan- Sou perene como a Igreja, fico
sou eu quem recebe os convidados te à Igreja Gloriosa. É a Missa que sempre junto a Ela, a Ela pertenço e
mais importantes para o Banquete e vai começar. sirvo. Meu nome é: sacristia! ²
1
Dom Maurice de Sully (1120- moso pela restauração da edifício do Parlamento Inglês em minhas dependências, na
1196). Bispo de Paris que ini- Catedral de Notre-Dame e numerosas igrejas, seguin- Basílica Fausti, no qual estive-
ciou a construção da Catedral de Paris e outros edifícios do um estilo neogótico bem rem presentes duzentos e de-
de Notre-Dame. medievais. característico. zessete Bispos (cf. RIGHET-
TI, Mario. Historia de la Litur-
2
Eugène Viollet-le-Duc (1814- 3
Augustus Welby Northmore 4
Por exemplo, o Concílio de
gia. 2.ed. Madrid: BAC, 1955,
1879). Arquiteto francês, fa- Pugin (1812-1852). Projetou o Cartago, realizado no ano 419
v.I, p.442).
Sergio Hollmann
Basílica de São Pedro Convento de Santo Estêvão, Salamanca (Espanha)
Thiago Tamura
Francisco Lecaros
Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Cotia (SP) Mosteiro de San Millán de la Cogolla (Espanha)
Gustavo Kralj
Gustavo Kralj
Convento de São Francisco, Salvador (BA) Igreja da Ordem Terceira do Carmo, Salvador (BA)
Victor Lucena
Pernambuco – Cestas básicas destinadas a pessoas carentes foram entregues pelos Arautos na Paróquia de
Nossa Senhora da Conceição, em Recife (esquerda), e na Cúria Diocesana de Caruaru, onde os missionários foram
recebidos pelo Bispo Diocesano, Dom José Ruy Gonçalves Lopes, OFMCap (direita).
Stefany Stüepp
Fernando Eras
Equador – As restrições motivadas pela COVID-19 não impediram os Arautos de realizarem atividades evangelizadoras.
Nas fotos, o Pe. Fabián Ricaurte conduz o Santíssimo Sacramento durante uma Adoração Eucarística, em Quito; irmãs missionárias
visitam lares, também em Quito; e Pe. Marlon Jiménez abençoa um prédio em construção, em Cuenca.
Espanha – Em 17 de outubro, um grupo de devotos de Jaén viajou até Camarenilla para fazer a solene consagração
a Jesus pelas mãos da Santíssima Virgem na Casa dos Arautos do Evangelho (esquerda). E, no dia 13, outro grupo
realizou o mesmo ato de entrega marial na Paróquia de Santo Antônio Maria Claret, em Cartagena.
canos com presença salesiana, como go de todo o mês de outubro, a reci- i magem da Virgem Maria queimada,
o Brasil. tação do “Rosário Missionário Na- o sacrário aberto e as partículas con-
Precedeu a cerimônia inaugu- cional”. sagradas espalhadas pelo chão.
ral uma solene Celebração Eucarís- A campanha, que foi apoiada por Quatro dias depois, ladrões rou-
tica na Basílica de Maria Auxiliado- todos os Bispos do país e divulgada baram um dos sacrários da Paró-
ra, muito próxima do local. Durante a nas redes sociais, convidava os fiéis quia da Virgem do Mar, em Madri,
mesma, o Padre Ángel Fernández Ar- a se reunirem em suas comunida- e arrobaram a outro, subtraindo as-
time recordou que pelos corredores des, paróquias, associações e famí- sim as hóstias consagradas que ha-
da Casa Pinardi “passaram onze pes- lias para rezar em conjunto a oração via em ambos. No dia seguinte, 26
soas que a Igreja reconhece como ve- mariana. de outubro, criminosos invadiram a
neráveis, beatos ou santos. Isto signi- Igreja de São Wolfgang em Bischof-
fica que Valdocco foi uma escola de
Continuam os atos -Wittmann-Straée, na Alemanha, e
humanidade e santidade, e queremos
sacrílegos e profanações fizeram desaparecer as relíquias do
transmitir esta herança ao mundo”. Seguem multiplicando-se os atos santo, muito bem protegidas por um
sacrílegos e profanações de igrejas vidro blindado. E, em 6 de novembro,
Católicos da Indonésia se ao redor do mundo. Exemplo disto desordeiros sujaram com tinta ver-
reúnem para rezar o terço foi o ocorrido na Igreja de San José melha um crucifixo venerado na Ca-
Por iniciativa da Direção Nacio- de los Arroyos, no Paraguai, onde, na pela de Nossa Senhora de Luján, na
nal das Obras Missionárias Pontifí- manhã do dia 21 de outubro, os pa- localidade argentina de El Bolsón, e
cias (OMP) foi promovida em trinta roquianos se depararam com sinais marcaram com o símbolo anarquista
e sete dioceses da Indonésia, ao lon- de um possível ritual satânico: uma outra imagem de Nosso Senhor.
Corações inocentes…
como o meu!
Francisco Lecaros
tos discípulos. lhado em água fervente.
Gustavo Kralj
Ir. Letícia Gonçalves de Sousa, EP
lho; outros compararam seu formato porém, crê serem elas uma recorda- tou nas mentes piedosas, fazendo-as
à primeira letra do Nome de Jesus, o ção do Preciosíssimo Sangue derra- elevar-se de uma realidade material,
Bom Pastor. Outros ainda afirmaram mado por amor aos homens. simples e corriqueira aos páramos da
ser a solidez do palitinho de açúcar O sabor de hortelã que o doce ad- vida sobrenatural.
símbolo de Cristo, rocha firme para os quiriu tempos mais tarde evoca o aro- E nós, neste caótico século XXI,
fiéis e pedra de escândalo para aque- ma do hissopo, arbusto cujas ramas quando uma espécie de “viseira”
les que O rejeitam. E, por não falta- eram usadas no Antigo Testamento espiritual parece impedir os ho-
rem razões, havia também quem iden- para aspergir com sangue o povo. Por mens de contemplar o que há de
tificasse tal rijeza com a força da San- estar ligada à ideia de sacrifício e puri- mais alto, saberemos elevar o nosso
ta Igreja Católica. ficação, a presença desta planta no sa- espírito para o verdadeiro signifi-
A bengalinha tradicional é percor- bor das bengalinhas lembra que Nos- cado do Natal? Sirvamo-nos dos ri-
rida por três listras vermelhas, núme- so Senhor Jesus Cristo nos lavou do quíssimos simbolismos que cercam
ro que remete à Santíssima Trindade. pecado e nos santificou pelos méritos as comemorações do nascimento
Algumas pessoas atribuem sua cor de sua Paixão e Morte na Cruz. de Cristo para elevar nossos cora-
rubra aos sofrimentos dos cristãos Essas são algumas das diversas ções, preparando-os para sua vin-
unidos aos do Redentor. A maioria, analogias que o candy cane desper- da. ²
Associa-se o formato
do “candy cane”
ao nome de Jesus,
o Bom Pastor;
relaciona-se a cor
rubra de suas listras
com o Preciosíssimo
Sangue do Redentor
Da esquerda para a
direita: Detalhe do
presépio do Santuário
do Senhor São José -
João Paulo Rodrigues Chaves
Cidade da Guatemala;
Menino Jesus com a
Cruz - Basílica Real de
Santo Isidro, Madri;
Francisco Lecaros
Presépio da Casa de
Formação Thabor,
Caieiras (SP); Menino
Jesus Bom Pastor -
Igreja do Santo Anjo,
Córdoba (Espanha)
E
le ainda não falava, mas era o Conselheiro admirável;
não caminhava, mas era o Deus forte, que movia o
Timothy Ring