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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS DO SERTÃO

Limites de Consistência
MECÂNICA DOS SOLOS 1 AULA 03
PROF.: JÉSSICA BEATRIZ DA SILVA ( jessicabeatriz18@gmail.com )
Introdução
Quando tratamos com solos grossos (areias e pedregulhos com pequena quantidade
ou sem a presença de finos), o efeito da umidade é colocado em segundo plano, na
medida em que a quantidade de água presente nos mesmos tem um efeito
secundário em seu comportamento.

Desta forma podemos classificar os solos grossos utilizando-se somente a sua curva
granulométrica, o seu grau de compacidade e a forma de suas partículas.

Entretanto isso não acontece com os solos finos (argilosos)!


O comportamento dos solos finos ou coesivos irá depender de sua composição
mineralógica, da sua umidade, de sua estrutura e do seu grau de saturação.
Plasticidade
A plasticidade é uma propriedade apresentada por alguns materiais sólidos de
serem moldados sem rupturas e sem variação de volume. A manifestação
desta propriedade em um solo dependerá fundamentalmente dos seguintes
fatores:

UMIDADE: Existe uma faixa de umidade dentro da qual o solo se comporta de


maneira plástica.

TIPO DE ARGILO MINERAL: O tipo de argilo mineral (sua forma, constituição


mineralógica, tamanho, superfície específica) influência na capacidade do solo
de se comportar de maneira plástica.
Estados de consistência
Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-
sólido ou sólido, a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-
se o nome de consistência.

AUMENTO DA UMIDADE

Os limites inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do solo


são denominados de limites de consistência/Atterberg.
Estados de consistência
ESTADO SÓLIDO: volume do solo não varia com as mudanças de umidade.

ESTADO SEMI-SÓLIDO: apresenta trincas e fraturas ao ser trabalhado e


verifica-se variação de volume com a secagem.

ESTADO PLÁSTICO: facilmente moldável, sem que o mesmo apresente fissuras


ou variações volumétricas.

ESTADO LÍQUIDO: não tem forma própria e resistência nula, comporta-se


como um fluido denso e viscoso.
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)

É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado plástico para o estado
fluido.

Determinação em laboratório:
1. Coloca-se na concha do aparelho de
Casagrande uma pasta de solo passando #40 e
com umidade próxima de seu limite de
plasticidade, com altura em torno de 10mm;
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)

Determinação em laboratório:

2. Faz-se um sulco na pasta com um cinzel


padronizado, a ranhura deve ser normal ao
sistema de fixação, as duas parte devem ter
massa ± iguais;
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)

Determinação em laboratório:

3. Aplicam-se golpes à massa de solo posta na


concha do aparelho de Casagrande, girando-se
uma manivela, a uma velocidade padrão de 2
golpes por segundo.

A concha do aparelho de Casagrande cai de


uma altura padrão de aproximadamente 1cm;
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)

Determinação em laboratório:

4. Conta-se o número de golpes necessário


para que a ranhura de solo se feche em
uma extensão em torno de 1cm.

Para a determinação da umidade


correspondente, retira-se uma amostra
dessa pasta, pesa imediatamente e, em
seguida, a coloca na estufa para secagem.
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)

Determinação em laboratório:

5. Repete-se este processo ao menos 5 vezes, geralmente empregando-se valores de umidade


crescentes;

6. Lançam-se os pontos experimentais obtidos, em termos de umidade versus semi log N° de


golpes;

7. Ajusta-se uma reta passando por esses pontos. O limite de liquidez corresponde à umidade
para a qual foram necessários 25 golpes para fechar a ranhura de solo.
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE LIQUIDEZ (wl ou LL)
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE PLASTICIDADE (wp ou LP)

É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado semissólido para o


estado plástico.

Determinação em laboratório:

1. Prepara-se uma pasta com o solo que


passa na #40, fazendo-a rolar com a palma da
mão sobre uma placa de vidro esmerilhado,
formando um pequeno cilindro;
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE PLASTICIDADE (wp ou LP)

Determinação em laboratório:
2. Quando o cilindro de solo não apresentar
fissuras ao atingir o diâmetro de 3mm e 10
cm de altura, mede-se a umidade do solo;

3. Esta operação é repetida no mínimo 5


vezes, definido assim como limite de
plasticidade o valor médio dos teores de
umidade determinados.
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE CONTRAÇÃO (wc/LC)

É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado
semissólido.

Determinação em laboratório:
1. molda-se uma amostra de solo passando
na #40, na forma de pastilha, em uma cápsula
metálica com teor de umidade entre 10 e 25
golpes no aparelho de Casagrande;
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE CONTRAÇÃO (wc/LC)

Determinação em laboratório:
2. Seca-se a amostra à sombra e depois em
estufa, pesando-a em seguida;

3. utiliza-se uma cápsula de vidro para medir


o volume do solo seco, através do
deslocamento de mercúrio provocado pelo
solo quando de sua imersão no recipiente.

vol. pastilha = vol. de mercúrio deslocado


pelo solo quando imerso no recipiente
Determinação dos limites de consistência
LIMITE DE CONTRAÇÃO (wc/LC)

Determinação em laboratório: O limite de contração é calculado a partir da equação:

Onde:
V = vol. da amostra seca;
P = peso da amostra seca;
gs = peso específico das partículas sólidas;
gw = peso específico da água.
Índices de consistência
ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP)

O índice de plasticidade (IP) corresponde a faixa de valores de umidade do


solo na qual ele se comporta de maneira plástica. É a diferença numérica entre
o valor do limite de liquidez e o limite de plasticidade.

IP = wl – wp
IP = 0 - NÃO PLÁSTICO
1 < IP < 7 - POUCO PLÁSTICO
7 < IP < 15 - PLASTICIDADE MÉDIA
IP > 15 - MUITO PLÁSTICO
Índices de consistência
ÍNDICE DE CONSISTÊNCIA (IC)

O Índice de Consistência, Ic, é uma forma de medirmos a consistência do solo


no estado em que se encontra em campo. É um meio de se situar a umidade
do solo entre os limites de liquidez e plasticidade, com o objetivo de utilização
prática. Obtenção do estado de consistência do solo em campo utilizando-se o
IC:
Ic < 0 – MUITO MOLE
O < Ic < 0,5 - MOLE
𝑤𝐿 − 𝑤
𝐼𝑐 =
0,5 < Ic < 0,75 - MÉDIA 𝐼𝑃
0,75 < Ic < 0,1 - RIJA
Ic > 1 - DURA
Índices de consistência
EXEMPLO 1: Quanto é o valor do índice de plasticidade, para um solo argiloso,
com teor de umidade ótima de 30%, limite de liquidez de 20% e limite de
plasticidade de 12%.
Índices de consistência
EXEMPLO 2: Em um mesmo volume, um solo apresenta peso de água e peso
de sólidos iguais a 500 g e 5000 g. Sabendo que o limite de liquidez e o limite
de plasticidade deste solo são iguais a 26% e 10%, qual o valor do seu índice
de consistência?
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CAMPUS DO SERTÃO

Classificação dos solos


MECÂNICA DOS SOLOS 1 AULA 03
PROF.: JÉSSICA BEATRIZ DA SILVA ( jessicabeatriz18@gmail.com )
Introdução
A diversidade e a enorme diferença de comportamento apresentada pelos
diferentes solos leva a um natural agrupamento em conjuntos distintos aos
quais são atribuídos algumas propriedades: CLASSIFICAÇÃO

Classificar um solo é incluí-lo em um determinado grupo composto por solos de


características e propriedades geotécnicas similares e tem como objetivo
principal classificar um solo sob o ponto de vista de engenharia e estimar seu
provável comportamento ou ao menos orientar o programa de investigação
necessário.
Tipos de classificação
• Classificação genética dos solos (classificação do solo segundo a sua origem):
Classifica os solos em residuais e sedimentares, podendo apresentar
subdivisões (ex. solo residual jovem, solo sedimentar eólico, etc.)

• Classificação de acordo com as suas frações granulométricas: solo fino ou


solo granular.

Pode-se também classificar pelo tipo e comportamento das partículas


constituintes: sistemas de classificação dos solos baseados em propriedades e
índices físicos, mais empregados em engenharia, baseados, principalmente na
granulometria e plasticidade.
Classificação quanto à textura (granulometria)
• Baseia-se na distribuição granulométrica dos solos.

• Os solos são classificados pela fração granulométrica dominante e


subdominante: argila arenosa, areia siltosa, silte argiloso.

• É necessária uma escala de classificação.


- Dificuldade: inexistência de uma única escala
Classificação quanto à textura (granulometria)
Classificação quanto à textura (Sistema trilinear)
Um diagrama trilinear (ou triangular) permite a classificação textural dos solos
considerando as porcentagens das frações areia, silte e argila obtidos dos
ensaios granulométricos.

Existem vários diagramas trilineares: cada instituição define o seu, assim como
ocorre com as escalas granulométricas.
Classificação quanto à textura (Sistema trilinear)
LEMOS & SANTOS BOUREAU OF PUBLIC GOMES & SILVA
ROADS - EUA
Classificação quanto à textura (Sistema trilinear)
EXEMPLO 1: Segundo esse gráfico do
Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA), um solo com 15% de
pedregulho, 32% de areia, 23% de argila e
30% de silte é classificado como:

SILTE
AREIA
ARGILA
O termo “franca/lemo” é uma adaptação do
inglês “LOAM” (cujo significado literal “barro” ou
“terra” designa uma mistura em proporção
variável de areia, silte e argila, com propriedades
mal definidas). SOLO FRANCA COM PEDREGULHO
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Desenvolvido por Casagrande (1948), tem como ideia básica que os solos
grossos podem ser classificados de acordo com a sua curva granulométrica, ao
passo que o comportamento de engenharia dos solos finos está intimamente
relacionado também com a sua plasticidade (limites de Atterberg).

Então é baseado:

- Curva granulométrica
- Limites de Atterberg
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Solo classificado por 2 letras (6 grupos e 15 subclasses):

- 1ª: ligada ao tipo de solo;


- 2ª: ligada às características de granulometria e plasticidade.

Simbologia utilizada em cada grupo:


- G Pedregulho (gravel)
-S Areia (sand)
- M Silte (mjäla, sueco)
-C Argila (clay)
- O Solo orgânico (organic soil)
- Pt Turfa (peat)
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Simbologia do subgrupo:

-W Bem graduado e limpo (well)


-P Mal graduado ou uniforme (poorly)
-L Baixa plasticidade (low)
-H Alta plasticidade (high)

1. Material praticamente limpo de finos, bem graduado W, (GW e SW)


2. Material praticamente limpo de finos, mal graduado P, (GP e SP)
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Grupos e classes:

- Solos grossos mais que 50% retido na # 200/0,075mm: pedregulhos e


areias
- Solos finos mais que 50% passando na # 200/0,075mm: siltes e argilas
- Solos orgânicos
- Turfa são identificados visualmente: solos altamente orgânicos, fibrosos,
de baixa densidade e extremamente compressíveis (Pt)
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Solos grossos (G ou S):

– Pedregulhos (G) menos de 50% passante #4 (4,8mm)


– Areias (S) mais de 50% passante #4 (4,8mm)

• com pouco ou sem finos (menos de 5%): coef. Curvatura (Cc)


– bem graduados (W): GW, SW
– mal graduados (P): GP, SP
• com finos (mais de 12%): carta de plasticidade de Casagrande
– argiloso (C): GC, SC
– siltoso (M): GM, SM
• com finos entre 5 e 12%: símbolo duplo. Ex: GW-GM
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Solos finos (C, M ou O):

– Argilas (C) acima da linha A na carta de plasticidade de Casagrande

– Siltes (M) abaixo da linha A na carta de plasticidade de Casagrande

– Solos Orgânicos (O) abaixo da linha A, cor e odor característicos e limites


do solo seco em estufa

• baixa compressibilidade L (“low”): LL ≤ 50% Ex: CL, ML, OL


• alta compressibilidade H (“high”): LL > 50% Ex: CH, MH, OH
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Carta de Plasticidade de Casagrande
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
• Observações sobre a Carta de plasticidade de Casagrande:

– A Linha A separa solos argilosos inorgânicos dos siltosos inorgânicos


– A Linha B separa solos de alta plasticidade dos de baixa
– Solos situando-se próximos à linha A ou a linha B (LL = 50%) podem receber
nomenclatura dupla. Ex: CH-MH ou ML-CL, MH-ML ou CH-CL
– Solos situando-se dentro da zona hachurada devem receber símbolos duplos.
Ex: CL-ML
– A Linha U trata-se de um limite superior empírico para resultados de solos
naturais
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Sistema de Classificação Unificada dos Solos – SUCS
Observações finais:

– Solos grossos:
• Se o pedregulho possui mais que 15% de areia, acrescentar “com areia”.
• Se a areia possui mais que 15% de pedregulho, acrescentar “com pedregulho”.

– Solos finos:
• Se % retida na # 200 está entre 15 e 29%, acrescentar “com areia”
ou “com pedregulho”.
• Se % retida na # 200 é maior que 30%, acrescentar “arenoso” ou “pedregulhoso”.
Classificação segundo a AASHTO
AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials)

• Empregado na engenharia rodoviária em todo o mundo, proposto pelo


Bureau of Public Roads (1920) e revisto pelo HRB (1945).

• Em 1973 foi normatizado pela American Association of State Highway and


Transportation Officials (AASHTO).

Princípios básicos
– Solos grossos: classificação pela granulometria
– Solos finos: classificação pela plasticidade
Classificação segundo a AASHTO
Informações básicas:

- Curva granulométrica
- Limites de Atterberg

O solo é classificado por 1 letra e 1 número (8 grupos e 8 subgrupos) podendo


apresentar letras e números auxiliares:
– Letra A: identificação da AASHTO
– Número: identifica o grupo
– Números e letras auxiliares (minúsculas): identificam subgrupos
Classificação segundo a AASHTO

• Grupos e classes:

– Solos granulares (A1, A2, A3) ≤ 35% passante #200 (0,075mm)


– Solos finos (A4, A5, A6, A7) > 35% passante #200 (0,075mm)
– Solos altamente orgânicos Podem ser classificados como A8
Classificação segundo a AASHTO

O sistema AASHO divide o solo em 8 grupos:

A1 pedregulho e areia grossa bem graduada, com pouca ou nenhuma


plasticidade
A2 pedregulho e areia grossa bem graduada, com material cimentante de
natureza friável ou plástica
A3 areias finas não plásticas
A4 solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e argila
Classificação segundo a AASHTO

O sistema AASHO divide o solo em 8 grupos:

A5 solos siltosos com pequena quantidade de material grosso e argila e


rico em mica
A6 argilas siltosas medianamente plásticas com pouco ou nenhum material
grosso
A7 argilas plásticas com presença da matéria orgânica
A8 turfas (classificação de forma visual)
Classificação segundo a AASHTO
Índice de grupo (IG):

– Empregado no sistema rodoviário (HRB), corresponde a um número inteiro


que varia entre 0 (solo ótimo quanto à capacidade de suporte) e 20 (solo
péssimo quanto à capacidade de suporte)

– Utilizado para auxiliar na classificação do solo, entre parenteses


– Estabelece a ordenação dos solos dentro do grupo, sendo o pior o solo que
apresentar > IG
– Ex:
• A4 (7) - solo A-4 com IG=7 A4 (7) é melhor que A4 (9)
• A4 (9) - solo A-4 com IG=9
Classificação segundo a AASHTO
Equação do índice de grupo (IG) :

Índice de grupo (IG) = (a-35)[0.2+0.005(WL-40)]+0.01(a-15)(IP-10)

Onde: a é a porcentagem passando na peneira 200

se a < 35 : adota 35 a > 75 : adota 75 ( a varia de 0 a 40)


se WL < 40: adota 40 WL> 60 adota 60 (WL varia de 0 a 20)
se IP < 10 adota 10 IP > 30 adota 30 (IP varia de 0 a 20)
Classificação segundo a AASHTO
Classificação segundo a AASHTO
Classificação segundo a AASHTO
Exemplo
Exemplo 2
Para o solo cujas características são dadas abaixo, indicar as prováveis classificações
pela USCS e AASHTO:
- 100% passando na peneira 4
- 90% passando na peneira 200
- WL = 23 e WP = 17
Exemplo 3
Qual a classificação do solo pela SUCS e AASHTO cujas caracteristicas são dadas
abaixo :
- 65% do material retido na peneira 4
- 32% do material retido entre a peneira 4 e a peneira 200
Cu = 3 e Cc = 1.

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