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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIENCIAS E TECNOLOGIA

FCT

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE HIDROLOGIA

3° ANO POS-LABORAL

CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO MALEMA

DISCENTE:

Matambo, Haje João

DOCENTE:

Eng. Ricardo Figueiredo

Beira, 2021

[1]
UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

(FCT)

CURSO: ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE HIDROLOGIA

3° ANO POS-LABORAL

TEMA: CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO MALEMA

Matambo, Haje João

DOCENTE:

Eng. Ricardo Figueiredo

Beira de 2021

[2]
INDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4
2. OBJETIVOS ............................................................................................................................................. 5
2.1. Geral....................................................................................................................................................... 5
2.2. Específicos ............................................................................................................................................. 5
3. METODOLOGIA ..................................................................................................................................... 5
4. CARACTERIZACAO DE UMA BACIA HIDROGRAFICA ................................................................. 6
4.1. Bacia Hidrográfica ................................................................................................................................. 6
4.1.1 Caracteristicas Geometricas ................................................................................................................. 9
4.1.2.Caracteristicas do sistema de drenagem............................................................................................... 9
4.1.3.Caracteristicas do relevo ...................................................................................................................... 9
4.2. CARACTERISTICAS GEOMETRICAS ............................................................................................ 10
4.2.3. Perímetro ........................................................................................................................................... 10
4.2.4. Índice de compacidade ...................................................................................................................... 10
4.2.5. Factor forma ...................................................................................................................................... 11
5. CARACTERISTICAS DO SISTEMA DE DRENAGEM ..................................................................... 12
5.1. Constancia do escoamento ................................................................................................................... 12
5.1.3. Densidade de dreanagem .................................................................................................................. 13
6. CARACTERISTICAS DO RELEVO ..................................................................................................... 13
6.1. Curva hipsométrica .............................................................................................................................. 13
6.1.2. Altitude media................................................................................................................................... 14
6.1.3. Altura media...................................................................................................................................... 15
6.1.4. Perfil do rio ....................................................................................................................................... 16
6.1.4. Inclinação media do leito .................................................................................................................. 16
6.1.5. Declividade dos terrenos ................................................................................................................... 16
6.1.6. Rectangulo equivalente ..................................................................................................................... 19
6.1.7. Índice de declive médio .................................................................................................................... 20
6.1.9. Indice de declive global .................................................................................................................... 20
6.1.10. Curva hidrodinamica ....................................................................................................................... 21
7. CARACTERÍSTICAS DE GEOLOGIA, SOLOS E VEGETAÇÃO ..................................................... 22

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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho da cadeira de hidrologia ira se abordar sobre a caracterização da bacia do Rio
malema e outros componentes acerca do tema dado, e sabido que bacia hidrografica é uma região
definida topograficamnete, drenada por um curso de agua ou um sitema interligado de cursos de
agua, tal que a unica entrada de agua na região seja a precipitação e todos os caudais afluentes
sejam descarregados atraves de uma unica saida.

O balanço hídrico é uma ferramenta muito útil é a componente central dos modelos de simulação
hidrológica - modelos matemáticos em que se procura reproduzir as características principais do
movimento de água numa região a partir do momento em que ela precipita.

[4]
2. OBJETIVOS

2.1. Geral
a) Fazer a caracterização da Bacia Hidrográfica do Rio Malema;

2.2. Específicos
a) Saber oque e uma bacia hidrográfica;
b) Caracterizar a bacia hidrográfica do rio Malema;
c) Conhecer os afluentes da bacia hidrográfica do rio Malema
d) Conhecer as principais bacias de Moçambique;

3. METODOLOGIA
a) Consulta a manuais e livros referentes a disciplina de Hidrologia;
b) Pesquisas individuais e em grupo do referido tema;
c) Estudo com base nos manuais fornecidos pelo docente;

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4. CARACTERIZACAO DE UMA BACIA HIDROGRAFICA

4.1. Bacia Hidrográfica


Uma bacia hidrográfica é uma região definida topograficamente, drenada por um curso de água ou
um sistema interligado de cursos de água, tal que a única entrada de água na região seja a
precipitação e todos os caudais efluentes sejam descarregados através de uma única saída (secção
de referência da bacia).

Quando o balanço hídrico é realizado na região correspondente a uma bacia hidrográfica, ele torna-
se consideravelmente simplificado já que a única entrada de água corresponde à precipitação e a
saída de água se faz numa única secção. Também para a gestão dos recursos hídricos a bacia
hidrográfica constitui a unidade mais conveniente pois é a nível da bacia que se verificam as
relações mais estreitas entre:

a) Recursos hídricos a montante e a jusante;


b) Recursos de água superficiais e de águas subterrâneas;
c) Consumos a montante e disponibilidades a jusante, em termos de quantidade e qualidade;
d) Modificações na ocupação do solo ou obras hidráulicas no rio e nas margens e modificações
morfológicas ou das características do escoamento a montante e a jusante, por vezes a
distâncias de dezenas de quilómetros.

Tudo isto justifica o papel privilegiado desempenhado pelas bacias hidrográficas em estudos
hidrológicos e de gestão de recursos hídricos. A figura 1 representa as principais bacias de
Moçambique e a figura 2 a bacia do rio Malema, afluente do rio Lúrio.

A bacia hidrográfica é limitada pela linha de separação das águas. Esta linha passa pelos pontos
de máxima cota entre bacias, seguindo pelas linhas de cumeada, podendo, no entanto, existir
pontos mais altos no interior da bacia. A linha de separação divide a região onde a precipitação
caída vai dar origem a escoamento drenado através da secção de referência das regiões vizinhas,
drenadas por outros cursos de água.

A definição dos limites da bacia hidrográfica torna-se menos precisa quando se considera o
escoamento subterrâneo. Assim, distingue-se por vezes a linha de separação topográfica ou
superficial da linha de separação freática ou subterrânea.

[6]
Figura 1. Principais bacias de Moçambique

[7]
Fig 2 Bacia do rio malema

Fig 3 Limites duma bacia hidrográfica

[8]
Nesta situação, a definição dos limites da bacia hidrográfica não se pode fazer sem ambiguidade
visto que apenas uma parte da precipitação caída acima da camada geológica impermeável se
infiltra enquanto outra parte se transforma em escoamento superficial na bacia. Por outro lado, os
níveis freáticos variam ao longo do ano o que tem como consequência a variação da linha de
separação freática. Por isso, normalmente e para efeitos práticos, despreza-se o efeito introduzido
pelo escoamento subterrâneo, junto aos limites da bacia. A incorreção cometida é negligenciável
com a excepção das bacias com muito pequena dimensão ou com características geológicas
particulares.

O comportamento hidrológico duma bacia hidrográfica é essencialmente uma função das


características climáticas da região (precipitação, evaporação) e das características fisiográficas da
bacia. As características fisiográficas podem ser agrupadas da seguinte maneira:

4.1.1 Caracteristicas Geometricas


 área de drenagem;
 Perimetro;
 Indice de compacidade;
 Fator de forma;

4.1.2.Caracteristicas do sistema de drenagem


 constância do escoamento;
 Ordem;
 Densidade da drenagem;

4.1.3.Caracteristicas do relevo
 curva hipsométrica;
 Altitude media;
 Altura media;
 Pefil do rio;
 Retangulo equivalente;

[9]
4.2. CARACTERISTICAS GEOMETRICAS

4.2.1. Área de drenagem


A área de drenagem é a área da projecção horizonal da superfice da bacia hidrográfica, sendo
normalmente determinada por planimetria ou por utilização de GIS (Sistema de Informação
Geográfica), em cartas com escalas (no caso de Moçambique) entre 1:250,000 e 1:50,000.

A área de drenagem tem uma importância enorme nos valores dos escoamentos, que se podem,
duma maneira geral, considerar funções crescentes da área. A área da bacia do rio Malema (centro-
norte de Moçambique) é de 2,600 km2.

4.2.3. Perímetro
O perímetro da bacia é o perímetro da projecção horizontal da superfície da bacia hidrográfica. O
perímetro da bacia do rio Malema é de 342 km.

4.2.4. Índice de compacidade


O índice de compacidade ou índice de Gravelius, Kc, é a relação entre o perímetro da bacia e o
perímetro dum círculo de área igual à da bacia:

𝐾𝑐 = 𝑃(2𝜋𝑅), em que 𝐴 = 𝜋𝑅 2 define o valor de 𝑅. Entao:

𝑃 0.282𝑃
𝐾𝑐 = =
√𝐴
√𝐴
2𝜋

Kc é sempre maior ou igual à unidade apenas se tendo Kc = 1 para uma bacia de forma circular.
Kc é um valor adimensional que não depende da área mas da forma da bacia sendo tanto maior
quanto mais essa forma se afaste da circular. Note-se que quanto maior fôr Kc menos compacta é
a bacia. Apresentam-se na figura 4 algumas formas esquemáticas de bacias e os respectivas índices
de compacidade. A título de exemplo, a bacia do rio Malema tem um valor de Kc = 1.89.

[10]
Fig 4. Índices de compacidade para várias formas de bacias.

Se imaginarmos uma precipitação instantânea e uniforme sobre a bacia, o escoamento a que ela dá
origem surgirá concentrado na secção de saída ou mais distribuido ao longo do tempo conforme a
forma da bacia seja próxima da circular ou irregular. Assim, em igualdade de outros factores, a
tendência para grandes cheias será tanto mais acentuada quanto mais próximo da unidade for o
valor de Kc.

4.2.5. Factor forma


O factor de forma, Kf, é a relação entre a largura média e o comprimento da bacia, definido como
o comprimento, L, do seu curso de água mais longo. A largura média, l, é definida como a largura
dum rectângulo com o mesmo comprimento e com a mesma área:

𝐴
𝐼=
𝐿

𝐾𝑓 = 𝐼/𝐿 = 𝐴/𝐿2

Se se considerar as primeiras três bacias representadas na figura 2.4, os seus factores de forma são
aproximadamente 0.25, 0.50 e 1. As bacias com factores de forma baixos são as que têm formas
estreitas ou irregulares. Nestes casos, é menos provável a ocorrência de chuvas intensas cobrindo
simultâneamente toda a sua extensão e, por outro lado, os escoamentos resultantes surgem na
secção de saída mais distribuidos ao longo do tempo pelo que, em igualdade de outros factores,
bacias com Kf baixos terão menos tendências para grandes cheias do que bacias com Kf elevados.
O valor de Kf para a bacia do rio Malema é de 0.1 aproximadamente.

[11]
5. CARACTERISTICAS DO SISTEMA DE DRENAGEM

5.1. Constancia do escoamento


Os rios e seus afluentes podem classificar-se como perenes, intermitentes e efémeros, de acordo
com o critério da constância do escoamento. Os rios perenes são os que, em condições naturais,
escoam água durante todo o ano quer por terem afluentes com diferentes regimes de alimentação
quer por terem uma alimentação contínua de águas subterrâneas. É normalmente o caso dos rios
mais importantes de Moçambique, como o Maputo, o Umbelúzi, o Incomáti e o Limpopo, na
região sul.

Os rios efémeros apenas têm água durante e imediatamente a seguir aos períodos de precipitação,
não recebendo escoamento subterrâneo. Podem citar-se como exemplo os rios Movene e
Impamputo.

5.1.2. Ordem
A ordem dos cursos de água é uma classificação que reflete o grau de ramificação da rede
hidrográfica da bacia. Pode ser feita a partir dum mapa em que estejam representados todos os
canais naturais suficientemente bem definidos quer correspondam a cursos de água perenes,
intermitentes ou efémeros.

Um critério de ordenação que por vezes tem sido seguido é o de considerar como de ordem 1 os
cursos de água que não são afluentes de qualquer outro; de ordem 2 os que são afluentes dos rios
de ordem 1; de ordem n+1 os que são afluentes dos cursos de água de ordem n. Este critério é de
aplicação simples e quase nada dependente do pormenor com que a rede hidrográfica está
representada no mapa. No entanto, apresenta como significativas desvantagens o facto de poderem
surgir como tendo a mesma ordem rios de dimensão totalmente distinta. Em Moçambique, tanto o
Zambeze como o Infulene seriam rios de ordem 1 por este critério.

Um critério mais seguido atualmente é o de Horton-Strahler: são considerados de ordem 1 as linhas


de água iniciais, que não recebem quaisquer afluentes; a junção de duas linhas de água de ordem
1 origina uma linha de água de ordem 2; a junção de dois rios de ordem n gera um rio de ordem
n+1. Assim, os troços terminais dos grandes rios têm números de ordem bastante altos.

[12]
Fig 5 Critérios de ordenação de cursos de água

5.1.3. Densidade de dreanagem


A densidade de drenagem, λ, é a relação entre o comprimento total dos cursos de água duma bacia,
sejam eles perenes, intermitentes ou efémeros, e a área da bacia:

∑𝑖 𝑙 𝑖
𝜆=
𝐴

λ é dado em km-1 e varia normalmente entre 0.5 e 3.5 km-1. A densidade de drenagem é também
um indicador da tendência para a ocorrência de cheias numa bacia hidrográfica. Com efeito, numa
bacia bem drenada o escoamento superficial é rapidamente canalizado para linhas de água bem
definidas e pode surgir concentrado na secção de referência da bacia. Naquelas bacias mal
drenadas (λ baixo), a precipitação vai originar sobretudo escoamento sub-superficial e subterrâneo
que se processam com muito mais lentidão, não originando por isso picos de cheia elevados.

6. CARACTERISTICAS DO RELEVO

6.1. Curva hipsométrica


A curva hipsométrica é a curva A(z) em que A é a área da bacia que se situa acima da altitude ou
cota z referida ao nível do mar. A área pode ser expressa em km2 ou em percentagem da área total
da bacia. A curva hipsométrica é obtida a partir da carta hipsométrica, carta onde a representação
das altitudes é feita por curvas de nível ou por qualquer outro processo de representação gráfica.
A figura 6 apresenta um exemplo de curva hipsométrica. A figura 7 apresenta a curva hipsométrica
da bacia do rio Malema.

[13]
Fig 6 Curva hipsométrica

Fig. 7 Curva hipsométrica do rio Malema

6.1.2. Altitude media


A altitude média da bacia, Z, é dada pela expressão:

𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
∫0 𝑍 ∙ 𝑑𝑎
Ζ=
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

O integral dá a área limitada pela curva z(A) e pelos eixos coordenados, podendo ser fácilmente
calculado por uma fórmula de integração numérica a partir da curva hipsométrica. Um processo
mais expedito é o de assimilar o integral a um somatório:

[14]
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛

∫ 𝑍 ∙ 𝑑𝑎 = ∑ 𝑍𝑖 𝐴𝑖
0 𝑖=𝐼

em que Ai é a área da bacia entre as curvas de nível i e (i+1) e zi a média das altitudes dessas duas
curvas de nível.

A altitude média é uma característica com grande influência em variáveis hidrometeorológicas


como a precipitação e a temperatura. Em Moçambique, as zonas de maior altitude (Gurué,
Milange, Angónia, Lichinga) são as regiões de maiores precipitações anuais médias e mais baixas
temperaturas mínimas.

6.1.3. Altura media


A altura média, H, é dada pela expressão:

𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
∫0 𝐴 ∙ 𝑑𝑎
Η=
𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

em que h é a cota acima da secção de referência ou de estudo, em vez de z que é a altitude ou cota
referida ao nível do mar. Assim, se estivermos a tomar como secção de referência a foz no oceano,
as alturas h coincidem com as altitudes z; se a secção de referência fôr, por exemplo, a secção de
confluência do afluente com o rio principal, então para esse afluente ter-se-á:

h = z − zconf

ou

h = z − z100

já que toda a bacia (100%) do afluente se situa acima de zconf. Daqui se tira imediatamente que
𝐻 = 𝑍 − 𝑧100

A altura média da bacia dá-nos uma ideia se a bacia é muito ou pouco acidentada. Normalmente,
as bacias com maiores alturas médias apresentam quedas mais importantes que podem por vezes
ser aproveitadas para a produção de energia hidroeléctrica.

[15]
6.1.4. Perfil do rio
O perfil do rio é a representação gráfica da função z(L) em que z é a cota duma dada secção do rio
e L a respectiva distância à foz.

A figura 8 apresenta a título de exemplo o perfil do rio Malema e dos seus afluentes Namparro,
Mutivasse, Nataleia e Lalace. Note-se que a marcação de distâncias para os afluentes em sentido
contrário ao rio principal, a partir da confluência, torna o gráfico mais legível do que seria se todas
as distâncias fossem marcadas no mesmo sentido. O perfil dum rio dá uma noção imediato das
zonas de quedas importantes, grandes extensões quase planas e mais facilmente inundáveis, etc.

6.1.4. Inclinação media do leito


A inclinação média do leito obtem-se dividindo a diferença entre as cotas máxima e mínima do
leito pelo comprimento do rio. É também possível determinar de modo análogo a inclinação média
dum troço do rio.

A partir da figura 8, pode-se calcular que a inclinação média de todo o leito do rio Malema é de
0.00859 mas que o troço de 135 km de jusante tem uma inclinação de apenas 0.00278.

6.1.5. Declividade dos terrenos


Quanto maior a declividade dos terrenos maior será a velocidade com que se dá o escorrimento
superfícial e, consequentemente, menor será o tempo que a água leva a atingir o sistema de
drenagem, facilitando o aparecimento de maiores pontas de cheias. Para tal contribui também o
facto de maior declividade corresponder a uma menor infiltração de água no solo. Por outro lado,
as maiores velocidades agravam o problema da erosão do solo.

A declividade dos terrenos duma bacia é normalmente obtida por amostragem:

 marcam-se, por exemplo a partir duma quadrícula aposta ao mapa da bacia, um número
elevado de pontos no interior da bacia;
 para cada ponto determina-se a declividade a partir das duas curvas de nível entre as quais
o ponto se situa;
 fica-se assim com uma distribuição estatística das declividades o que permite igualmente
obter a declividade média da bacia.

[16]
Fig. 8 Perfis do rio Malema e afluentes

Um outro método para determinar a declividade média dos terrenos é o método do Alvord.

Suponha-se a bacia representada numa carta com curvas de nível espaçadas de D (por exemplo, D
= 20 metros). A figura 2.9 representa as curvas de nível às cotas n-D, n, n+D.

[17]
Fig. 9 Método de Alvord.

Considere-se a curva de nível à cota n. A faixa de terreno entre as curvas de nível à cota n-D/2 e
n+D/2 está representada a tracejado na figura.

Se se designar por dn a largura média dessa faixa, a declividade média dos terrenos nessa faixa
será dada por in = D/dn.

Se o comprimento da curva de nível à cota n for Ln, então:

𝐷𝐿𝑛 𝐿𝑛
𝑖𝑛 = =𝐷
𝑑𝑛 𝐿𝑛 𝐴𝑛

em que An é área da faixa a tracejado.

Este raciocínio é aplicável a qualquer faixa de terreno correspondente a uma curva de nível da
carta. Portanto, pode-se definir a declividade média dos terrenos da bacia como a média ponderada
das declividades médias de todas as faixas que compõem a bacia.

∑ 𝐴𝑛 𝑖𝑛 ∑ 𝐿𝑛 𝐷 𝐿
𝐼= =𝐷 =
∑ 𝐴𝑛 ∑ 𝐴𝑛 𝐴

em que L é o comprimento total das curvas de nível de equidistância D existentes na bacia e A é a


área da bacia.

Esta método é, assim, bastante prático pois, conhecido D, basta determinar A com um planímetro
e medir L com um curvímetro. Note-se que, sendo I um valor adimensional, se deve exprimir tanto
L como D em km e A em km2.

[18]
6.1.6. Rectangulo equivalente
O rectângulo equivalente é o rectângulo com área e perímetro iguais aos da bacia, isto é:

2(Le + Ie ) = P

Le ∗ Ie = A

Pode-se ressolver as duas equações para obter Le e Ie :

𝑃 𝑃2
𝐿𝑒 = +√ −𝐴 so e valida para P 2 ≥ 16A
4 16

𝑃 𝑃2
𝐼𝑒 = +√ −𝐴
4 16

A bacia do rio Malema tem A = 2,600 km2 e P = 342 km, donde se tira para o rectângulo
equivalente:

Le = 154 km;

Ie = 17 km.

Fig. 10 Rectângulo equivalente do rio Malema

A figura 10 faz a representação do rectângulo equivalente para a bacia do rio Malema. Nele marcaram-se
as várias curvas de nível espaçadas de formas a representarem as correspondentes áreas. Por exemplo, a
área entre as curvas de nível de 700 e 800 m é de 20 x 17 = 340 km2 . As áreas são obtidas a partir da curva
hipsométrica.

[19]
6.1.7. Índice de declive médio
O índice de declive médio, Ii, entre as curvas de nível de cotas Zi e Zi-1 é dado pela relação:

𝑍𝑖 − 𝑍𝑖−𝐼
𝐼= 2
𝑋𝑖

em que Xi é a distância entre as duas curvas de nível no rectângulo equivalente. Por exemplo, no
caso da bacia do rio Malema, o índice de declive médio entre as cotas 1,300 e 1,400 m é:

1,400 − 1,300
𝐼= = 0,0159
6,300

enquanto que ele é apenas de 0,0024 entre as cotas 600 e 700 m.

6.1.8. Indice de declive de Roche


O índice de declive de Roche, Ip, é o índice de declive médio para toda a bacia. No exemplo do
rio Malema, o rectângulo equivalente permite calcular

1,900 − 465
𝐼𝑝 = = 0,00932
154,00

6.1.9. Indice de declive global


O índice de Roche é muito afectado se a bacia tiver pequenas áreas de grande altitude. Afim de
representar mais fielmente as características médias da bacia, o índice de declive global, Ig, exclui
as áreas correspondentes aos 5% mais altos e aos 5% mais baixos da bacia:

𝑍5 − 𝑍95
𝐼𝑔 =
𝐿𝑒

Para a bacia de malema obtem-se:

1,400 − 540
𝐼𝑝 = = 0.00558
154,00

Como é evidente, Ig é sempre inferior a Ip. Os valores de Z5 e Z95 são obtidos a partir da curva
hipsométrica.

[20]
6.1.10. Curva hidrodinamica
A curva hidrodinâmica representa, a menos dum factor constante, as possibilidades energéticas da
bacia.

Se se considerar um volume de água V caindo duma altura h, a energia potencial que lhe
corresponde é

En = ρgVh Joules (com as unidades do Sistema Internacional), ou

En = 2,722 Vh KWh (com V em Mm³ e h em m).

Considere-se agora o caso dum rio sem afluentes onde estão identificadas diversas secções (figura
11) e marquem-se os pontos (Vi, hi).

Figure 11 Curva hidrodinâmica h é a cota da secção e V o volume anual médio que nela se escoa.
A área delimitada pela curva V(h) multiplicada pelo factor 2,722 dá a energia potencial total
correspondente ao escoamento do rio, designando-se por potencial fluvial bruto.

ℎ𝑚𝑎𝑥

𝐸𝑛 = 2,772 ∫ 𝑉𝑑ℎ3
0

Considere-se agora o caso dum rio com afluentes como se representa na figura 2.12. O processo
de representação da curva V(h) pode ser repetido para o rio principal e para os afluentes, à
semelhança do caso anterior, permitindo determinar o potencial fluvial bruto de cada afluente e da
totalidade da bacia.

Fig. 11 Curva Hidrodinâmica para um rio principal e os afluentes

[21]
A determinação do potencial fluvial bruto implica o conhecimento dos volumes escoados nas diversas
secções. Quando tal não acontece e se dispõe apenas de cartas topográficas com a indicação da rede de
drenagem, pode utilizar-se a curva hidrodinâmica para uma primeira ideia do potencial energético da bacia.

A curva hidrodinâmica baseia-se na hipótese da proporcionalidade entre áreas drenadas e volumes


escoados:

𝑉1 𝑉2 𝑉3
= = = ⋯ = 𝐾,
𝐴1 𝐴2 𝐴3

Hipótese válida em primeira aproximação desde que toda a área tenha características climáticas,
geológicas e de solos homogéneas. Então:

ℎ𝑚𝑎𝑥 ℎ𝑚𝑎𝑥

𝐸𝑛 = 2,772 ∫ 𝑉 ∙ 𝑑ℎ = 2,772 𝐾 ∫ 𝐴 ∙ 𝑑ℎ
0 0

6.1.11. Coeficiente de massividade


O coeficiente de massividade é o quociente entre a altura média da bacia, em metros, e a sua área,
em km2. O coeficiente de massividade da bacia do rio Malema é de 340/2,600 = 0.13. Este
coeficiente toma valores elevados para pequenas bacias com grandes desníveis e valores baixos
para grandes bacias de relevo pouco acentuado. No entanto, os respectivos valores podem ser os
mesmos para bacias muito diferentes. Por exemplo, uma bacia pequena com relevo pouco
acentuado e uma bacia grande com grandes desníveis podem ter valores muito próximos de
coeficiente de massividade.

6.1.12. Coeficiente orográfico


O coeficiente orográfico é o produto da altura média pelo coeficiente de massividade. O coeficiente
orográfico permite fazer a distinção de situações em relação às quais o coeficiente de massividade
dá indicações dúbias. Admite-se que a fronteira entre relevo pouco acentuado e relevo acentuado
é marcado pelo valor do coeficiente oregráfico igual a 6. O coeficiente orográfico da bacia do rio
Malema é de 44.

7. CARACTERÍSTICAS DE GEOLOGIA, SOLOS E VEGETAÇÃO


A geologia duma bacia hidrográfica e o tipo de solos dela resultante têm uma grande influência no
movimento da água na bacia, em particulação no que toca ao escoamento, superfical e subterrâneo.

[22]
A geologia define a existência de formações permeáveis e impermeáveis e de aquíferos bem como
a forma como os aquíferos são alimentados e contribuem para alimentar o escoamento dos rios. A
geologia condiciona a localização do nível freático que tem grande importância para o fenómeno
da evapotranspiração. Os rios que comunicam com importantes lençóis freáticos são normalmente
rios perenes, com caudais significativos mesmo durante as estiagens.

O tipo de solos e das camadas geológicas superficiais condicionam fortemente a permeabilidade


dos terrenos e, consequentemente, a infiltração, fenómeno que está na base da recarga dos
aquíferos. Terrenos pouco permeáveis dão origem a que toda a precipitação se transforme
rápidamente em escoamento superficial, gerando por isso cheias mais intensas e de menor duração.

A geologia e os solos duma bacia são também importantes factores condicionantes da erosão
superficial. As formações mais recentes assim como formações calcáreas e graníticas muito
alteradas são as mais fácilmente erodíveis. A erosão superficial nos terrenos da bacia hidrográfica
constitui a fonte do caudal sólido que tem de ser transportado pelo rio.

A cobertura vegetal também tem bastante importância para os fenómenos hidrológicos. Duma
maneira geral, terrenos com florestas e matas têm maiores infiltrações e menores velocidade de
escoamento superficial do que terrenos nus ou cultivados. Isso ajuda a diminuir a erosão superficial
dos terrenos e origina cheias mais prolongadas e menos intensas. Por outro lado, o tipo de
vegetação influencia fortemente o fenómeno de evapotranspiração.

A geologia, os solos e a vegetação têm importância não apenas em grandes bacias hidrográficas
mas mesmo em pequenas bacias urbanas, como é evidenciado pelos grandes problemas de erosão
que se verificam em algumas das principais cidades de Moçambique como Maputo, Nampula,
Nacala e Pemba.

[23]
CONCLUSÃO

Bacia hidrofrafica é drenada por um curso de água ou um sistema interligado de cursos de água,
de tal que a agua entra na região da bacia através da precipitação e todos os caudais efluentes sejam
descarregados através de uma única saída, ela é limitada pela linha de separação das águas. Esta
linha passa pelos pontos de máxima cota entre bacias, seguindo pelas linhas de cumeada, podendo,
no entanto, existir pontos mais altos no interior da bacia, esta linha de separação divide a região
onde a precipitação caída vai dar origem a escoamento drenado através da secção de referência
das regiões vizinhas, drenadas por outros cursos de água.

E para fazer a caracterização faz-se uso de uma ferramenta muito útil, na qual ela é a componente
central dos modelos de simulação que é o balanço hídrico, modelos matemáticos em que se procura
reproduzir as características principais do movimento de água de uma certa região a partir do
momento em que ela se precipita.

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REFERENCIA BIBLIOGRAFICA

https://apsaber.blogspot.com/2016/09/hidrografia-de-mocambique.html?m=1

https://www.ara-sul.gov.mz/a-unidade-de-gestao-da-bacia-ugbi/

Relatório da Administração Regional de água Sul. Maputo, Moçambique 2000.

Vaz, A.C, Manual da disciplina de hidrologia, 2007, Maputo

CECILIO, R.; REIS, E. F. Manejo de bacias horograficas

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