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Almeida Maya Eduardo Maússe

Geologia de Moatize
(Licenciatura em Geologia)

Universidade Rovuma
Nampula
2021
Almeida Maya Eduardo Maússe

Geologia de Moatize

(Licenciatura em geologia)

Trabalho de investigação científica da


cadeira de Geologia de Moçambique do
curso de Geologia do departamento de
Geociências, a ser entregue para efeitos de
avaliação com recomendações de Dr.
Sumalge Muteliha

Universidade Rovuma

Nampula

2021
Índice
Introdução........................................................................................................................................4

1. LOCALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO.........................................................................................6

2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO........................................................................................7

2.1. Principais Unidades Litoestratigraficas................................................................................8

2.2. Terreno do Gondwana Oeste (principais formações)...........................................................8

3. GEOLOGIA LOCAL E TECTÔNICA DA BACIA CARBONÍFERA DE MOATIZE............9

4. RECURSOS MINERAIS CARACTERÍSTICOS.....................................................................13

5. CONCLUSÃO...........................................................................................................................14

6. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................15
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Introdução
Nos dias atuais a busca e a conquista do conhecimento têm sido uma grande ferramenta para o
desenvolvimento económico e científico duma nação.

Moçambique é um país caracterizado por elevada diversidade geológica, constituída por rochas
magmáticas, metamórficas e sedimentares com recursos minerais de extrema importância para o
crescimento e desenvolvimento económico.

A província de Tete, distrito de Moatize possui enormes potencialidades no contexto geológico e


abundancia em recursos minerais e possui uma das maiores jazidas carboníferas do mundo.

O presente trabalho cientifico foi concebido de modo a responder questões no que concerne a
localização geográfica Enquadramento geológico Unidades lito estratigráficas Litologia,
tectônica, estrutura geológica, idade, coluna estratigráfica das unidades minerais do distrito de
Moatize.
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O presente trabalho de investigação científica tem como Objectivos:

Objectivo Geral:

 Estudar a Geologia e Geografia do distrito de Moatize;

Objectivos específicos:

 Localizar e Caracterizar detalhadamente o distrito de Moatize;


 Identificar e datar as principais unidades litostratigraficas e seus processos formadores;
 Indicar os principais os recursos minerais abundantes;

Metodologia

Para elaboração do presente trabalho aprimorou-se do método de pesquisa que consistiu na


leitura, recolha, análise e compilação de informações em obras que abordam assuntos em torno
do tema.
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1. LOCALIZAÇÃO E DELIMITAÇÃO
Moçambique localiza-se na África Oriental, apresenta cerca de 780.000 km2 de superfície e
2.500 km de linha da costa.

A área de estudo, está localizada na Bacia Carbonífera de Moatize, com cerca 8.455 km², no
distrito de Moatize (Figura 1.), província de Tete a 20 km da cidade de Tete, entre os paralelos
15º 37'00'' e 16º 38'00'' latitude Sul e entre os meridianos 33º 22'00'' e 34º 28'00'' de longitude
Este (MAE, 2005). Como limites ao Norte têm o distrito de Chiúta e Tsangano, ao Sul os
distritos de Tambara, Guro, Changara e Município de Tete, a Leste a República de Malawi e a
Oeste os distritos de Chiúta e Changara.

Figura 1. - Mapa da localização geográfica de Moatize. (Fonte: Autor, 2015 com base no Banco
de Dados da CENACARTA – Moçambique, 2015).
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2. ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO
As unidades sedimentares do Supergrupo do Karoo em Moçambique estão representadas em
bacias de tipo rift com preenchimento desde o Carbonífero Superior até ao Jurássico Inferior.
Estas bacias desenvolveram nas margens ou no interior de cratões do Proterozóico.

Na província de Tete, no centro-oeste de Moçambique, o Karoo sedimentar está bem


representado ao longo do vale do rio Zambeze, em bacias intra-cratónicas de estilo graben a
semi-graben separadas por blocos Horst constituídos por rochas ígneas e metamórficas de alto
grau de idade proterozóica. Um dos blocos Horst principais localiza-se entre a região de Cahora
Bassa e a cidade de Tete, separando a Bacia do Médio Zambeze da Bacia do Baixo Zambeze
(Fig. 2).

As amostras estudadas localizam-se na Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova, uma das várias


sub-bacias sedimentares que formam a grande bacia do Baixo Zambeze. A sucessão
estratigráfica da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova consiste em várias formações
sedimentares que registam mudanças importantes dos ambientes deposicionais e paleoclimas,
desde condições glaciares a Peri-glaciares na base da sucessão (Formação de Vúzi – Pérmico
Inferior-Médio), sucedidas no tempo por condições temperadas húmidas que caracterizam a
Formação de Moatize (Pérmico Inferior-Médio), terminando a sucessão por sedimentos
depositados em condições quentes e áridas (Formações de Matinde e de Cádzi, Pérmico Médio a
Triássico Inferior).

Uma das características mais notáveis da Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova é a abundância


de camadas de carvão intercaladas na sucessão da Formação de Moatize (Vasconcelos &
Achimo,2010).
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Fig. 2. Mapa da classificação das bacias sedimentares de Moçambique em relação à


fragmentação do Supercontinente Gondwana. Localização da Bacia de Carbonífera de Moatize-
Minjova

2.1. Principais Unidades Litoestratigraficas


As unidades lito-estratigráficas do território moçambicano podem ser convenientemente
divididas entre um sôco cristalino com a idade arcaica-câmbrica e uma cobertura de rochas com
idade fanerozoica,

O sôco cristalino compreende um conjunto heterogéneo de paragnaisses supracrustais


metamorfizados, granolitos e migmatitos, ortognaisses e rochas ígneas.

De ponto de vista geodinâmico, é normalmente aceite que o soco cristalino de Moçambique é


composto por três terrenos diferentes, que colidiram e se amalgamaram durante o ciclo orogénico
pan-africano.

2.2. Terreno do Gondwana Oeste (principais formações)


Rochas Supracrustais

O sôco cristalino do Terreno do Gondwana Oeste compreende rochas ígneas e rochas


supracrustais metamorfizadas. As últimas incluem:

 Grupo de Chidzolomondo,
 Supergrupo de Zâmbuè,
 Supergrupo do Fíngoè,
 Grupo de Mualádzi,
 Grupo de Cazula e
 Ortognaisses e paragnaisses do Rio Messuze.
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Figura 3. Caracterização das unidades litostratigraficas (Fonte: DNG, 2006).

3. GEOLOGIA LOCAL E TECTÔNICA DA BACIA CARBONÍFERA DE MOATIZE


Em Moçambique, o carvão mineral ocorre com frequência nos sedimentos do Karoo Inferior, na
maior parte depositado na Formação de Moatize. A Bacia carbonífera de Moatize pertence ao
Supergrupo do Karoo Inferior cuja história deposicional iniciou com a glaciação da idade
Carbonífera Superior e termina com a deposição de depósitos clásticos mistos, de granulação
grosseira a fina durante o Permiano.

Em termos tectónicos, a Formação Moatize preenche um Graben (Figura 4) que ocupa uma área
de aproximadamente 300 Km2 entre os rios Moatize, Revúbuè e Murungodzi, a nordeste do rio
Zambeze, orientado NW-SE e está rodeada por gabros e anortositos da Suíte Tete, de idade
Mesoproterozóica (1600-1000 Ma). O limite NE da bacia é uma falha normal de cerca de 30 km
de comprimento orientada NW-SE e o limite SW é tanto por inconformidade, como também por
contato de falha normal, como é o caso da falha do Monte M’pandi. Essas falhas definem várias
seções e cortam verticalmente a Bacia atingindo até 100 m, originadas por ação da tectónica
extensiva associada ao Rift da África Oriental, que começou a se formar durante o Jurássico
Inferior (AFONSO, 1976 apud AMINOSSE, 2009).
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Figura 4 - Graben da Formação Moatize, Suíte de Tete (Fonte: DNG, 2006).

O afundamento em cunha dos sedimentos pouco deformados do Karoo, devido ao


desenvolvimento das falhas normais e intrusão de diques doleríticos deu origem a sinclinais e
anticlinais abertos, cujos eixos são em geral paralelos à direção de alongamento do graben NW-
SE (DNG, 2006).

As rochas do embasamento cristalino pertencem ao complexo básico-ultrabásico de Tete que é


formado predominantemente por rochas intrusivas, de composição gabróica e anortosítica.

Os afloramentos de carvão na Formação Moatize (Fm) são encontrados ao longo do banco do


Rio Zambeze, estando expostos no vale do rio Moatize onde alcança a espessura de 340 m (GTK
Consortium, 2006a).

A sucessão está preenchida por conglomerados, arenitos carbonáceos, grés de grão fino com
argila ou mica (com flora fóssil), argilitos negros e camadas de carvão pertencentes à Formação
Moatize e séries do sistema Karoo.

Esta Formação carbonífera depositou-se na Formação Matinde, de idade Permiana Inferior a


Média equivalente à Ecca Média/Superior da bacia principal do Karoo na África do Sul,
compreende uma espessa sucessão intercalada de grés muito grosseira e conglomerados
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polimíticos, encontrado entre o norte do contacto tectônico entre o Fanerozóico e os terrenos


Proterozóicos.

O depósito de carvão de Moatize é constituído por rochas de origem sedimentar com litologias
correspondentes a rocha estéril, tais como siltitos e arenitos cujos jazigos de carvão são do tipo
hulha a betuminoso. A série produtiva que ocorre na Formação Moatize do Karoo Inferior, é
considerado o mais importante recurso mineral existente na área de estudo. Conforme GTK
Consortium (2006d), a sequência estratigráfica da Bacia de Moatize apresenta seis (6) principais
camadas de carvão (Figura 5) designadas de baixo para cima:

 Camada André – constitui o topo da série produtiva, entrando na sua constituição uma
camada de carvão (1 m de espessura) interceptadas apenas por dois leitos finos de xistos
carbonosos e piritosos. O teto é composto por grés;
 Camada Grande Falésia – com espessura de 12 m, ocorre por cima do tecto da camada
Intermédia e é constituída por xistos argilosos e carvões;
 Camada Intermédia – com grandes variações laterais, é constituída por pelitos negros
com apenas dois leitos finos de carvão, com 22 m de espessura;
 Camada Bananeira – corresponde a um complexo de xistos e carvão, formado por duas
subcamadas, uma superior com espessura de 9 m, e outra inferior com 18 m de
espessura, intercaladas por argilito arenoso;
 Camada Chipanga – a mais importante, em virtude da sua espessura atingir em média
36 m. Tem como o muro e o tecto, pelitos cinzentos e grés xistoso (36 m),
respectivamente;
 Camada Sousa Pinto – é um complexo basal carbonoso, intercalado nos pelitos
cinzentos e apresenta uma espessura média de 14 m.

Estas camadas apresentam características distintas quanto a sua composição química e


aproveitamento econômico. Portanto, esta sequência estratigráfica é considerada de grande
interesse por apresentar a camada de carvão mais importante, a camada Chipanga, constituída
por possuir xistos, grés carbonosos, argilitos negros, por vezes piritosos cuja idade é do
Permiano Inferior que equivale ao Grupo Ecca do Karoo (REAL, 1966 apud CHEVANE, 2012).
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Figura 5 - Sequência Estratigráfica da Bacia Carbonífera de Moatize (Fonte: Vasconcelos, 2005

apud José e Sampaio, 2012).


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4. RECURSOS MINERAIS CARACTERÍSTICOS


O distrito de Moatize de forma geral é caracterizado por possuir importantes jazidas, desde filões
de quartzo carbonatados constituídos por sílica calcite, jazidas de ferro e chumbo (magnetite,
hematite e apatite), jazidas de coríndon, jazida de fluorite, jazida de carvão do tipo hulha e
inúmeras jazidas de titanomagnetites vanadíferas (Ferro, titânio e vanádio).

Os jazigos de carvão fazem parte de uma extensa área que se estende de Chingodzi ao rio
Mecombedzi, situada a Sul da região montanhosa do distrito, localizando-se os jazigos mais
importantes na chamada Bacia Carbonífera de Moatize-Minjova.

É também notável a presença de filos de quartzo-carbona, todos constituídos por sílica e calcite
de excelente qualidade. Os filos quartzo-carbonatados, unicamente constituídos por calcite e
sílica situam-se nos arredores da Vila de Moatize.

As jazidas de ferro e chumbo, essencialmente constituídos por magnetite, hematite e apatite,


localizam-se no Monte Muande, situando-se nas proximidades do Rio Zambeze, junto ao limite
ocidental do distrito.

A jazida de corindo localiza-se na região de Cachoeira, próximo da EN 103 – Moatize /Zóbuè

A jazida de fluorite localiza-se no Monte Muambe. Há ocorrências de minerais polimetálicos de


cobre, ouro, prata, volfrâmio e chumbo (essencialmente constituídos por calcopirita aurífera e
argentífera Shelite e galena), em Capanga nos arredores da Vila de Moatize.

Existem, ainda, minerais radioativos (constituídos por davitite, samarsquite, estibitanlite e


pecholenda) e de rutilo na região de Mavudzi, praticamente no limite entre o distrito de Moatize
e Chiúta. No que concerne aos materiais de construção, salienta-se a existência de calcários
cristalinos, rochas gabro-dioríticas e especialmente de anortositos (rocha ornamental de beleza
rara), bem como de argilas, areias e saibro, o que confere a este distrito a total auto-suficiência
em recursos minerais no domínio da construção civil. Os calcários cristalinos fazem parte do
Monte Muande, estendendo-se até ao Rio Zambeze. As rochas gabro-dioríticas e os anortositos
em geral, abundam praticamente em toda a região montanhosa do distrito.
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5. CONCLUSÃO
Depois de sucessivas pesquisas inerentes aos temas supracitados concluiu-se que a atual estrutura
físico-geográfica da província de Tete resulta de um longo processo de desenvolvimento
geológico da Terra, que teve início no Pré-cambriano e se prolonga até hoje. Daí a elevada
abundância de recursos minerais em toda sua extensão, e pela diversidade dos processos
geológicos que resultou na distribuição equitativa dos mesmos. Moatize sendo um distrito
potencialmente rico em recursos minerais dispõe de uma vasta gama de recursos
economicamente viáveis e passiveis de serem explorados contribuindo para o desenvolvimento
do mesmo. A região de Moatize sob ponto de vista geológico pertence ao Supergrupo do Karroo.
A Bacia de Moatize tem sido uma das regiões moçambicanas em que se têm fundado esperanças
pela existência de recursos minerais importantes. Como consequência desta perspectiva, nesta
região tem sido incutida maior número de estudos geológicos, quer sistemático, quer localizado
com o objetivo de reconhecimento de determinadas mineralizações, e posteriormente a sua
avaliação econômica dessas jazidas.
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6. BIBLIOGRAFIA
AFONSO, R. S e MARQUES, João M (1998) Recursos Minerais da República de Moçambique.
Lisboa - Maputo.

ATLAS GEOGRÁFICO., (1986) - Vol. I, 2a Edição, Ministério da Educação, República Popular


de Moçambique, Direcção Nacional de Geologia.

FREITAS, A.J., (1957) - Notícia explicativa do esboço geológico de Moçambique (1: 2 000
000). Acompanhada de carta e de uma bibliográfia geológica). Boletim do Serviço de Geologia e
Minas 23. Pp 29-37. Maputo, Direcção Nacional de Geologia.

Geophysical. Research, 117, B02408. GTK Consortium, 2006. Map Explanation; Volume 2:
Folhas 1631 – 1934. Geology of Degree Sheets, Tete, Moatize, Mozambique. Ministério dos
Recursos Minerais, Direcção Nacional de Geologia, Maputo.

Paulino, F., Vasconcelos, L., Marques, J., 2010. Estratigrafia do Karoo em Moçambique. Novas
Unidades. In: D. Flores, M. Marques, (Eds), X Congresso de Geoquímica dos Países de Língua
Portuguesa, Universidade do Porto, Porto, Portugal. Memórias 14, 249.

Vasconcelos, L., Achimo, M., 2010. O carvão em Moçambique.

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