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Índice
1- COMUNICAÇÃO
1.1- Conceitos Básicos
1.2- Componentes da Comunicação
1.3- Intencionalidade do Emissor e Expectativa do Receptor
1.4- Interferências na Comunicação
1.5- Eficácia da Comunicação
2- AGENTE DA COMUNICAÇÃO
2.1- Substratos Estruturais da Comunicação
2.2- análise Estrutural da Personalidade
2.3- Substratos Funcionais da Comunicação
2.4- Análise Funcional da Personalidade
2.5- A Comunicação Interna
2.6- Um Modelo Psicológico da Comunicação Humana
6- JOGOS PSICOLÓGICOS
6.1- Conceituações
6.2- O triângulo Dramático do Karpman
6.3- Os Jogos Psicológicos que Ocorrem em Ambiente de Trabalho
6.4- Como Evitar os Jogos Psicológicos
7- BIBLIOGRAFIA
1. COMUNICACÃO:
EMISSOR RECEPTOR
CANAL
RECEPTOR EMISSOR
Por outro lado, a comunicação humana é abordada por diversos ramos da ciência
sob vários enfoques. Dentre estes, temos a Matemática, Antropologia Lingüística e a
Psicologia Social. Os Matemáticos abordam o assunto a partir de três enfoques: a teoria
da informação, a engenharia de comunicações técnicas e a cibernética. Os antropólogos
lingüistas estudam as línguas existentes e/ou desaparecidas e procuram estabelecer
relações entre os símbolos utilizados em diversas épocas e áreas geográficas.
Os psicólogos sociais estudam especificamente a interação humana, auxiliados por
conceitos e informações obtidas a partir dos matemáticos e dos antropólogos, entre
outras fontes. Da teoria da informação matemática são obtidas conclusões sobre a
quantidade de informações que podem ser transmitidas por um canal e sua relação com
os códigos. Da engenharia de comunicações técnicas, que estuda a transmissão de
mensagens de um ponto a outro, recebeu modelos e conceitos para o estudo da
comunicação entre grupos humanos dentro das organizações. Da antropologia
lingüística aproveitou as conclusões a respeito do fenômeno, que não deixa de ser
psicológico, o “choque cultural”.
Cada uma dessas três áreas científicas enfoca os três campos básicos da
comunicação humana: a sintaxe (relação dos símbolos entre si), a semântica (relação
entre os símbolos e as coisas) e a pragmática (relação entre os símbolos e as pessoas).
A matemática através de Claude Shannon nos forneceu um modelo geral do
processo da comunicação:
RUÍDO
FUNCIONÁRIO CHEFE
(com intenção de receber (na expectativa de receber
um elogio) mais um relatório medíocre
devido à imagem que faz do
funcionário.)
1.4 – INTERFERÊNCIAS NA COMUNICAÇÃO:
PAI P
OU
ADULTO A
CRIANÇA C
Uma das conclusões de Penfield é que “o paciente sente de novo a emoção que o
acontecimento produziu originalmente” ... o que em outras palavras significa dizer que
ao mesmo tempo em que é registrado um acontecimento externo (atitude ou
comportamento dos pais, por exemplo) o indivíduo também registra as reações internas
àquela cena que ele viu e ouviu.
O conjunto formado pelos registros dessas reações internas somado aos registros
biológicos (instintos) adquiridos geneticamente é denominado Criança. É nossa parte
infantil, que independe de nossa idade cronológica. Representa os comportamentos
emocionais como a alegria e tristeza, o amor e o ódio, o prazer e a dor, o destemor e o
medo; a curiosidade; a intuição e todas as funções fisiológicas.
Aproximadamente por volta dos dez meses de vida, a criança começa a deslocar-
se por seus próprios meios, ainda de maneira descoordenada, mas o significado dessa
fase de seu desenvolvimento é de uma importância vital. Ela está saindo de seu estado
de total dependência e entrando no mundo que a rodeia, por seus próprios meios. A
certa altura de sua atuação ela descobre que para apanhar o seu brinquedo precisa
apenas esticar o braço e para chegar até a porta de seu quarto basta engatinhar em sua
direção. A ocorrência desses comportamentos deve-se ao surgimento do estado de ego
Adulto, ainda em fase de estruturação. Nesse período de vida o Adulto ainda é
extremamente frágil e, uma ordem do Pai ou o medo da Criança podem “derrubá-lo”.
Porém com o contínuo processo de amadurecimento, ele vai tornando-se mais
resistente até tomar conta da vida do indivíduo.
Dentre as inúmeras funções do Adulto , estudar, trabalhar e ganhar dinheiro, talvez
sejam as principais. Esse estado de ego funciona como um verdadeiro computador do
indivíduo, responsável pela coleta e análise de dados e tomada de decisão.
Enquanto através do Pai, o indivíduo adquire “um conceito ensinado” de vida e por
meio da Criança um “conceito sentido”, com o Adulto desenvolve um “conceito pensado”
da vida, baseado em informações colhidas de seu ambiente, do Pai e da Criança e
analisadas posteriormente.
“É através do Adulto que a pequena pessoa pode começar a saber a diferença
entre a vida como lhe foi ensinada (Pai), a vida como ela própria a sentiu, desejou e
fantasiou (Criança) e a vida como a vê por si só (Adulto)”. (THOMAS A . HARRIS).
P A
A
A
C
A
“É a parte “sadia” dos pais que atua protegendo, nutrindo e ensinando mediante
uma adequação temporal e espacial oportuna e objetiva”. (Kertész).
É fácil conhecermos quando uma pessoa está atuando com seu Pai Nutritivo. Suas
expressões de proteção (um braço em cima do ombro da outra pessoa), uma carícia
sobre a cabeça de uma criança, um sorriso compreensivo ante a distração de alguém,
um olhar afetuoso de compreensão. É este subestado do ego que protege o
desenvolvimento da espécie humana.
C) PAI DO PAI:
(-) (+)
A
2.2.7 – O ECOGRAMA:
O ECOGRAMA IDEAL
TRANSFORMAÇÃO
EM ENERGIA
INSUMO DO
AMBIENTE
ATIVAÇÃO ATIVAÇÃO
NERVOSA MUSCULAR
CICLO VITAL
PERCEBE
MENSAGEM
AGENTE
DA
COMUNICAÇÃO
DECODIFICA RESPONDE
CICLO DA
COMUNICAÇÃO
Resumindo:
P
A
Obs: Podem ocorrer outros casos de exclusão, como Pai e Criança excluírem o
Adulto, Pai e Adulto excluírem a Criança e assim por diante.
P P P
A A A
C C C
P
c- Contaminação pelo Pai e pela Criança
1
P
-A Criança bloqueada pelo Pai e Adulto
-O indivíduo não tem permissão para brincar, apenas para
A julgar e raciocinar. Seu comportamento é caracteristicamente
rígido.
C
P
2 -O Pai bloqueado pelo Adulto e Criança.
-O indivíduo não dispõe de um controle parental de seus
A atos. É amoral e, devido a isso, tem dificuldades de conviver
em sociedade.
C
P -O Adulto bloqueado pelo Pai e Criança
3
-O indivíduo encontra dificuldades de raciocinar, de
A resolver problemas, devido a mensagens internas do Pai
para a Criança Adaptada de “você não conseguirá” que
bloqueiam seu Adulto.
C
PP PC
AP
PN
CP
Legenda:
C. ADP – criança PA
adaptada
A
CR – criança rrebelde AA
CS – criança livre CA
CL – criança livre
PC C. ADP.
CR CS
AC
CL
CC
A Criança do Pai equivale ao Pai Bruxo ou Bruxa, que não é utilizado no esquema
funcional, a não ser em casos especiais, principalmente em psicoterapia.
Vejamos agora as características principais de cada substrato de ego dentro do
esquema funcional, que é o que empregaremos com maior assiduidade.
c- A- Adulto:
É a parte da Criança adaptada cuja característica principal é ser “do contra”. Está
constantemente pronta para dizer um “não”, mesmo quando não tem razão. Quando é
positiva, recebe a denominação de “Criança Afirmativa” e tem como princípio, a
ratificação de seus atos mesmo contra todos, se para o indivíduo for correto.
e- CS – Criança Submissa:
São aquelas em que a resposta parte do estado de ego que recebeu o estímulo e
volta ao estado de ego que o emitiu.
Obs.: A transação é representada graficamente por dois vetores em sentido
contrário.
PCR R
E PN
R
1 2
1 2 1 2
1ª REGRA DE COMUNICAÇÃO:
(-)
PCR
(-)
CS
CHEFE SUBORDINADO
(-) (-)
PCR PCR
1. Incrível como o José não consegue fazer nada
certo!
1 2
- Esse hábito traz geralmente implícita uma satisfação com a “desgraça alheia”.
Entre seus efeitos na Organização, podemos prever o desenvolvimento de um
clima psicológico aversivo ao trabalho, cheio de desconfiança e insegurança,
principalmente nos escalões inferiores. As pessoas vivem sentindo suas “orelhas
quentes”.
1 2
1 2
mantidas por gravações de respostas a situações do passado, não atualizadas pelo
Adulto em contato com a realidade presente.
As transações complementares “sadias” caracterizam-se pelo dinamismo, oriundo
da flexibilidade interna das pessoas envolvidas, ao contrário dos hábitos transacionais,
que caracterizam -se por “fórmulas” de transações originadas na inércia interna.
Citaremos os principais tipos de transações complementares sadias que ocorrem
no ambiente de trabalho. sua característica básica é ocorrerem entre os estados de ego
positivos (+) de cada indivíduo.
Essa transação complementar é típica de dois indivíduos que respeitam-se
mutuamente como pessoa, sem esquecerem de suas diferenças hierárquicas. O chefe
não ficou apenas na constatação do erro de seu subordinado, transmitiu –lhe uma
ordem de corrigi –lo dentro do prazo estipulado. Por sua vez, o subordinado acatou a
ordem recebida de seu superior e prontificou-se a cumpri –la, agindo adequadamente à
situação.
Podemos constatar também que não houve qualquer generalização por parte de
nenhum dos dois. A transação foi “personalizada”, outra característica da transação
complementar sadia.
Como produto de transações desse tipo, podemos esperar o reforçamento cada
vez mais da confiança mútua, da humildade em receber uma crítica, e da sinceridade
em emiti –la.
Essa transação tem um objetivo bem definido, que reclama uma ação enérgica
para ser atingido em tempo útil. Por isso é adequado tratá –lo com um certo “calor”,
essencial ao aceleramento da decisão a ser tomada a curto prazo, dada a situação de
emergência.
Transações desse tipo são essenciais à promoção do bem – estar dos funcionários
da Organização. São frutos de uma atitude de apoio e proteção, necessária nos
diversos escalões da empresa. é importante frisar que sua característica é a sinceridade
e honestidade, do contrário será apenas uma manobra para angariar simpatia.
Esse tipo de transação complementar é muito importante no relacionamento entre
níveis hierárquicos distintos. Sua utilização é mais ou menos esporádica, ao contrário do
hábito de superproteger. E seu produto final é o desenvolvimento da competência dos
funcionários subalternos e colegas (ocorre no mesmo nível, talvez com maior
freqüência). Sua ocorrência na organização entre subordinado e chefe é um sintoma
claro de convívio amigável, produto do respeito e confiança mútua.
Este é o tipo de transação mais aspirado no ambiente de trabalho. podemos dizer
que é o instrumento de trabalho de equipe eficaz. Os assuntos são tratados com
objetividade, sem preconceitos ou predisposições. Infelizmente a fidelidade dessa
transação pode ser comprometida com certa facilidade, devido às reações automáticas
de outros estados de ego em sua parte negativa, que podem ser ativadas quando fora
de controle do indivíduo, ou seja, quando a comunicação interna apresenta “ruídos” não
conhecidos.
Mas, através do treinamento, de exercícios de Análise Transacional, o número
desse tipo de interferência pode ser diminuído.
Quanto maior for a percentagem dessa transação complementar, mais eficaz será
a empresa.
Essa transação complementar é a base da adaptação do indivíduo às normas e
princípios de sua empresa e ao cumprimento das ordens recebidas. Não se trata de
acomodação, humilhação ou coisa parecida, mas de condutas avaliadas pelo Adulto e
aceitas pela Criança submissa positiva, sintoma de adaptação social. O indivíduo
desprovido de Criança Submissa positiva é incapaz de viver em sociedade; por outro
lado, se for submisso demais perderá sua individualidade. O provérbio popular “NEM
TANTO AO MAR, NEM TANTO À TERRA” atesta esse fato.
Esse tipo de transação é responsável pelo entusiasmo, essencial à criatividade e à
espontaneidade dentro da empresa. entretanto, é freqüente encontrarmos órgãos que
combatem-no com medo de prejudicar o rendimento no trabalho – é um sintoma nítido
da existência de muitos Pais Críticos Negativos. É claro que em certos órgãos, como no
Tribunal de Justiça, por exemplo, não é uma transação essencial, principalmente em
certos momentos solenes, (devemos lembrar –nos que é característica da transação
complementar sadia sua adequação ao ambiente e ao momento).
O nível de ocorrência desse tipo de transação deve ser relativamente baixo. Porém
não deve deixar de existir, pois é uma expressão de nossa energia vital, básica para
dizermos um não mais eloqüente, às vezes necessário diante da insistência de uma
injustiça. E é através dessa transação, que duas pessoas incentivam-se mutuamente a
tomarem posições bem definidas diante do problema comum.
Vejamos agora algumas considerações gerais sobre as transações
complementares que ocorrem em ambientes de trabalho.
KERTÉSZ, em trabalho realizado em 1963, constatou um fenômeno muito
significativo para o estudo e aprimoramento da comunicação na empresa. citando suas
próprias palavras: “a informação ascendente é condicionada á possível resposta
descendente. Desse modo, cada vez chega menos informação exata aos níveis
superiores, por temor ou por desejo de agradar; e as decisões tomadas na cúpula
podem basear-se em dados que não refletem a realidade”.
Podemos perceber nitidamente por trás desse fenômeno um hábito transacional –
(PCR – CS), que reduz o “feed – back” de dados para a cúpula (transação A – A),
diminuindo a eficácia das suas decisões.
Para o aumento da eficácia das comunicações, é imprescindível a ocorrência de
transações complementares “sadias”, adequadas a cada situação e momento de
trabalho. e para que ocorram é essencial o cultivo dos estados de ego positivos de
forma harmônica e integrada, dirigido pelo Adulto do indivíduo. o que em outras
palavras, é a mesma coisa que dinamizar a comunicação interna, tornando seus
componentes flexíveis e potentes, e com isso aumentando o potencial de adaptabilidade
do indivíduo a seu meio ambiente.
São aquelas em que o estado ou subestado do ego que responde não é o mesmo
que recebeu o estímulo, ocorrendo portanto um cruzamento de informações. Os
resultados disso podem ser desde a alteração de enfoque do tema, mudança de tema,
interrupção da comunicação, atritos e finalmente brigas violentas. A ocorrência de um
desses efeitos depende do grau de frustração que produziu principalmente no emissor.
Podemos classificá-las em três tipos, conforme o cruzamento (Kertész).
1. A resposta volta ao estado do ego emissor, mas de um estado de ego que não
recebeu o estímulo inicial.
1. Tipo I (“transferencial”)
O estímulo é decodificado pela Criança Adaptada ao invés do Adulto, ao qual foi
dirigido. Isso ocorre por causa de uma fixação do indivíduo ao estado do ego Criança,
devido às transações repetitivas com seus pais, que utilizam principalmente seus
estados de ego Pai. Agora, quando alguém dirige-se a ele, tende a perceber como se
fosse seu próprio pai falando, e reage do modo como reagia no passado. Quando isso
ocorre entre chefe e subordinado, esse “transfere” seu Pai interno para aquele,
cruzando a transação e gerando conflitos entre os dois.
2. Tipo II (“Contratransferência”)
4. Tipo IV (“Exasperante”)
5. Cruzamento “aniquilante”
6. Falar ao mesmo tempo que a outra pessoa (não saber ouvir para responder).
8. Uma pessoa fala com outra, ao mesmo tempo em que estão falando com ela.
(muito comum em sala de aula – desqualificação do professor)
- Todos nós possuímos uma atitude básica diante de nós mesmos e do mundo, a
partir da qual baseamos nossas opiniões, aspirações, reações, enfim nossas atitudes e
comportamentos. Assumimos uma posição diante da nossa existência e da dos outros –
uma posição existencial. Sua estruturação ocorre, segundo JAMES e JONGEWARD
até os 8 anos de idade, quando a criança diante da pressões ambientais é forçada a
tomar decisões, sem ainda estar em condições adequadas para isso, pois as
informações que seu Adulto dispõe são incipientes para validar as decisões tomadas.
Mas, mesmo que “estas decisões da Criança não sejam realistas, parecem –lhe lógicas,
generalizáveis e dão sentido a sua vida, no momento em que as toma.” Em
conseqüência, todas as pessoas possuem certas distorções da realidade, de si mesmas
e das demais.
Não é muito difícil encontrarmos pessoas cujas percepções de si mesmas podem
ser resumidas em frases como: “sou poderoso”; “sou estúpido”; “não faço nada certo”;
“não mereço viver”; “sou importante”; “sou fogo”; “sou maravilhoso”; “não mereço
confiança”... E percepções das outras pessoas e do mundo como: “todos são maus”;
“eles me obedecerão sempre”; “todo mundo é maravilhoso”; “a vida não vale nada”; “os
outros são sempre mais inteligentes”; “não posso esperar nada de ninguém”; “ninguém
merece confiança”.
Estas frases resumem, na verdade, posições psicológicas ou existenciais que
adotamos na infância como recursos para nos defendermos de situações incertas. E
continuamos a utilizá-las, repetindo –as como um disco rachado. São portanto
mecanismos geradores de justificativas (geralmente inconscientes), de nossas atitudes
e comportamentos automáticos, logo das transações que efetuamos.
As posições existenciais forma classificadas em cinco grupos, que a seguir
estudaremos, bem como suas implicações no comportamento humano em ambiente de
trabalho. a classificação foi feita originalmente no idioma inglês utilizando os conceitos
OK e NOT OK. Como sua tradução mais aproximada é “estar bem” e “estar mal”, de
conotações diversas, continuaremos com as originais.
É típico daqueles que acreditam mais nos outros do que em si mesmos. Essas
pessoas por se sentirem sempre inseguras, procuram fugir das responsabilidades e
quando são obrigadas a assumir alguma, tendem a errar para confirmar mais uma vez
sua posição NÃO OK. Nesses momentos, são comuns frases como: “está vendo, eu não
disse que não conseguiria”?, “eu sabia que ia errar”, “não adianta, só o senhor pode
fazer isso”.
É uma posição muito comum, podendo ser encontrada em todos os ambientes em
maior ou menor grau. As pessoas que a possuem em grau elevado tendem a ficar
sempre “por baixo”.
Quando há uma correspondência entre a posição NÃO OK – OK e incompetência,
isso é compreensível e aceitável, pois ajuda o indivíduo a limitar suas aspirações às
suas potencialidades, mesmo com o aspecto negativo de comparar-se com os outros
“mais afortunados”. Dessa comparação resulta geralmente um sentimento de
inferioridade, podendo gerar ressentimento, inveja , amargura.
Quando o indivíduo é competente, podem ocorrer dois resultados: a racionalização
(explicação) constante de seu desânimo, de sua acomodação; ou a superação de sua
posição NÃO OK – OK, através do desenvolvimento do Adulto. Para que ocorra este
último, é necessário muito apoio de outras pessoas a fim de que adquiram confiança em
si.
É fácil conhecer uma pessoa NÃO OK – OK durante um trabalho de grupo. Suas
atitudes são de esquiva, de timidez, com receio de dizer “asneiras”. Para que ela
participe efetivamente é necessário uma dose de paciência, de compreensão e de apoio
às suas parcas contribuições, do contrário reforçará cada vez mais a sua posição
defensiva, tendendo ao isolamento.
Se um indivíduo NÃO OK – OK conseguir atingir uma posição de chefia
(geralmente guindado por forças “ocultas”), poderá alcançar sucesso se assessorar-se
de pessoas competentes e decididas, com a condição de tomar suas decisões em
grupo. Por confiar demasiadamente nos outros poderá até desenvolver uma gerência
participativa. Basta que para isso possua discernimento para compreender suas
limitações e utilizá-las devidamente sob o assessoramento de alguém em quem confie.
Entretanto poderá ocorrer o fenômeno do “covarde valente”. A certa altura dos
conhecimentos, com uma sobrecarga crescente de frustrações poderá entrar em
“descompensação” e alterar seu estado de ânimo, agredindo violentamente quem
estiver por perto. É uma reação de defesa, acionada depois de certo limite de saturação.
Poderá passado algum tempo, voltar ao estado “normal”, ou em casos mais graves ser
internado numa clínica de repouso.
O estado de ego mais potente da pessoa NÃO OK – OK é a Criança Submissa,
com o qual inicia ou complementa as transações. É por esse motivo que faz “parelha”
com o indivíduo OK – NÃO OK. As transações entre esses dois tendem a ser muito
“fechadas”, ou seja, repetitivas e com alta resistência ao cruzamento. É uma relação que
tende a ser muito patológica, pois diminui cada vez mais o Adulto de cada um dos
participantes, deixando-os à mercê de suas posições existenciais. Entretanto além
daquele estado de ego, o indivíduo NÃO OK – OK pode ter uma Criança Rebelde muito
potente, que grita mas não age, pois no fundo gosta de estar “por baixo” do Pai Crítico.
Agora deve ter ficado mais claro para você um dos motivos que impede “aquele”
funcionário de mudar de setor dentro da empresa. Há, às vezes, grande dificuldade para
romper uma relação parasitária NÃO OK – OK com –OK – NÃO OK. Por isso, nem ele
nem o chefe deseja realmente afastar-se um do outro.
1. SEJA PERFEITO – O pai não permite falhas, o que leva o indivíduo a uma
compulsão de querer atingir a perfeição humanamente inalcansável. Na
tentativa de consertar as deficiências oriundas do Argumento, os pais
exageram na dose, passando para o outro extremo – Nenhuma falha.
2. SEJA FORTE – O pai não permite a demonstração de fraqueza (chorar, pedir
ajuda, receber carinho ou auxílio) diante dos outros. Também é uma solução
extremista.
3. APRESSA-TE MAIS – O pai não permite perda de tempo, levando o indivíduo
a fazer tudo cada vez mais rápido, até a exaustão.
4. ESFORÇA-TE MAIS – O pai não permite descanso, o que leva o indivíduo a
aplicar um esforço cada vez maior em seu trabalho. como resultado há uma
anulação dos objetivos finais, pois o que importa é mostrar o esforço em si,
não o resultado da tarefa assumida.
5. AGRADA-ME MAIS – O pai cria no indivíduo a sensação de que, se não
agradar ao máximo as outras pessoas, não será feliz.O problema é que esse
“máximo” é outro buraco sem fundo, deixando-o sempre com a sensação de
não ter dado atenção, o carinho, a dedicação suficientes.
Esses cinco impulsores apresentados têm algumas características comuns como:
- São inalcansáveis;
- Produzem frustração;
- Ao invés de consertarem, agravam os efeitos nocivos do Argumento;
- São compulsões que o indivíduo possui em maior ou menor grau, geralmente se
ter consciência;
- Dificultam a vida de cada um.
É portanto indispensável que conheçamos o grau de nossos impulsores se
quisermos diminuir os ruídos internos, melhorar nossas transações e facilitar o
atingimento de nossos objetivos.
Para uma compreensão visual apresentamos abaixo a matriz simplificada do
argumento:
TAIBI KAHLER, um psicólogo americano, após diversos anos de trabalho sobre o
Argumento de Vida, verificou que podia detectá-lo em seus elementos essenciais (os
impulsores), em questão de minutos. Para tanto, servia-se de observação da forma de
construção das frases, da entonação, e da linguagem não-verbal (gestos, atitudes) de
seus clientes. Denominou sua descoberta de Miniargumento.
O Miniargumento é um “flash” do Argumento e sua maior importância está na
oportunidade que oferece de compreendermos o plano de vida do indivíduo em poucos
minutos. Esse Mini-plano de vida, conforme o teor das gravações realizadas na infância,
pode ser negativo (NÃO OK) ou positivo (OK). Uma pessoa segue um Miniargumento
NÃO OK através de seus estados de ego “funcionando” no circuito NÃO OK e segue um
Miniargumento OK com seus estados de ego no circuito OK.
Veremos a seguir cada uma dessas fases, inicialmente através do diagrama do
Miniargumento NÃO OK:
O Miniargumento NÃO OK descreve um ciclo fechado iniciado no ponto 0 com um
Estímulo Transacional do Pai Crítico. Por exemplo: “Você não vai conseguir fazer um
trabalho decente”... seguido de resposta da Criança Submissa – “Então, o que devo
fazer para conseguir?” que leva o indivíduo ao ponto – 1 com o Pai Nutritivo Negativo
aconselhando – “Seja perfeito, meu filho”, que aparentemente é uma boa saída,
produzindo uma sensação de bem-estar. Quando descobre que a perfeição requerida é
inalcansável, o indivíduo cai de seu falso bem-estar, entrando no ponto – 2 (conhecido
vulgarmente por “fossa”). Nesse ponto, as emoções são tipicamente de Criança
Adaptada Submissa (falsa alegria, depressão, medo prolongado, ansiedade, culpa,
confusão ou sensação de inadequação), podendo variar de pessoa para pessoa. O
estado de ânimo sofre um rebaixamento muito grande, favorecendo o sentimento de
inferioridade (eu sou NÃO OK, você é OK). Entretanto após certo tempo, o indivíduo
“chega a conclusão” que foi enganado por seu Pai Nutritivo Negativo, e resolve vingar-
se. Só que ao invés de fazê-lo internamente, dirige sua ira para o bode expiatório mais
próximo. Esta mudança é resultante de sua entrada no ponto – 3 do Miniargumento
NÃO OK, onde passa a agir como Criança Adaptada rebelde, com suas emoções
características (ira, rancor, rebeldia, enojamento, falso triunfo) e com o estado de ânimo
eu sou OK, você é NÃO OK.
Passado algum tempo , o indivíduo sofre outra “queda”, entrando desta feita na
última etapa de seu Miniargumento, o ponto – 4, também denominado de benefício final
do Miniargumento NÃO OK. Neste ponto ocorre uma reação de prostração, de
desânimo existencial, característico da posição “eu sou NÃO OK, você é NÃO OK”, com
as reações emocionais oriundas da sensação de solidão, rejeição, loucura, melancolia
ou desespero, dependendo da gravidade.
Deste ponto há um retorno ao ponto 0 de onde inicia o Miniargumento novamente.
Como deve ter observado, o indivíduo no Miniargumento NÃO OK, praticamente
não atua com seu Adulto. Suas condutas e atitudes são guiadas pelo Pai Negativo e
suas reações emocionais e motivação têm origem na Criança Adaptada. Encontra-se
prisioneiro em seu passado de onde retira o “ensinamento” para sua vida futura.
Entretanto, além do Miniargumento NÃO OK, há o Miniargumento OK, no qual o
indivíduo atua em seu circuito positivo.
Uma característica do Miniargumento OK é conter, ao invés dos impulsores, os
permissores, que refletem uma atitude do Pai Positivo.
Os permissores são antíteses dos impulsores, como pode ser visto na tabela
comparativa abaixo:
IMPULSORES PERMISSORES
ESFORÇA-TE MAIS
5.2 – A ATIVIDADE
Essa forma de estruturação temporal tem também como objetivo evitar o mal-estar,
a ansiedade e o contato íntimo com as outras pessoas. Esses são os motivos
psicológicos encobertos, que podem ser transformados em socialmente aceitos e
expressos em forma de atividade construtiva, como o trabalho; em atividade lúdica como
o esporte e o hobbie; em atividade artística como a música, a pintura, a escultura, a
poesia e outras formas.
A atividade caracteriza-se principalmente pela relação homem-objeto material ou
abstrato, onde o primeiro procura atingir certos objetivos, como manter-se ocupado,
através da utilização do segundo.
O trabalho é a atividade primordial de qualquer sociedade e como tal é empregado
por seus membros como modo de sobrevivência, de auto-realização e/ou de
programação do tempo. É essa última utilização que abordaremos. A pessoa que
emprega o trabalho para preencher seu tempo psicológico, tem nele, principalmente,
uma defesa contra possíveis ameaças a sua individualidade.
Por isso desempenha constantemente o papel de ocupadíssimo, buscando com
unhas e dentes qualquer coisa para executar. Para ele, o importante não é o “como” ou
o “que fazer”, mas apenas não parar de fazer, para não ter tempo de relacionar-se com
outras pessoas.
Quando vem a aposentadoria, insiste em continuar trabalhando, pois sente que
essa é a única maneira de sentir-se bem. Se soltar essa bengala, certamente cairá,
talvez num asilo para pessoas idosas ou numa entidade para doentes mentais.
É muito comum encontrarmos esse tipo de pessoa em ambiente de trabalho, por
isso convém conhecê-lo para alocá-lo no setor e espécie de trabalho que melhor se
ajuste a sua forma de estruturação do tempo.
Indicá-lo, por exemplo, para trabalhar como Relações Públicas da empresa,
poderia ser uma calamidade e seus resultados poderiam ser observados através do
número de reclamações dos clientes sobre “um funcionário mal-educado, que não gosta
de falar com o público, porque nunca tem tempo para isso.”
Ora, ao invés de forçar a sua adaptação ao trabalho, é preferível procurar um
trabalho adequado à sua forma básica de estruturação do tempo. Com isso, lucra a
empresa e lucra o indivíduo. Afinal de contas, se todos gostassem de azul o que seria
do vermelho? Do mesmo modo, assim como certos indivíduos estruturam seu tempo
basicamente com atividade, outros o fazem com rituais. É o que veremos a seguir.
5.3 – O RITUAL
Esta é uma outra maneira de passar o tempo longe das pessoas, embora
camuflado por uma proximidade aparente. Existem rituais realizados sozinho, outros
coletivamente. Alguns são aceitos e aprovados, enquanto outros são condenados pela
sociedade. No ritual há sempre um elemento de fundo, o seu caráter repetitivo e, às
vezes, compulsivo.
Exemplo de um ritual muito comum é o “aperto de mão” no momento de encontro
de duas pessoas conhecidas. Porque elas apertam mutuamente suas mãos? É provável
que não saibam. – “Mas para que saber, as pessoas fazem isso a tanto tempo e nunca
precisaram saber o porquê...”. É exatamente essa uma das características principais do
ritual – o desconhecimento do “porquê” é realizado. Isso reflete sua forma de
aprendizagem. Por ser transmitido de geração a geração, do Pai para a Criança
Adaptada e ser aceito como inquestionável, tem características dogmáticas que devem
ser seguidas em sua totalidade ou renegadas também integralmente.
As sociedades secretas, as seitas religiosas e os clubes fechados possuem rituais
que asseguram sua sobrevivência.
Também nas empresas ocorrem rituais, principalmente naquelas de características
patriarcais e de estrutura hierárquica rigidamente estabelecida. São exemplos disso, as
reuniões solenes, o cumprimento cordial no início e término do expediente.
Em algumas empresas a comunicação administrativa sofre acomodações que com
o passar do tempo propiciam o surgimento de um ritual muito freqüente na
administração formal – a burocracia, com sua corrente infindável de elos “de-para” ou
“ao...ao...”. A cadeia de informações pode ter sido muito útil na época em que foi
estabelecida, por representar uma situação de fato dentro do órgão. – para a toma da de
decisão era necessário ouvir os pareceres de todos os escalões até alcançar o escalão
superior onde finalmente a decisão era tomada. No início da instalação de uma
empresa, ou no princípio de uma mudança de normas de trabalho ou de alteração da
produção, a corrente de pareceres pode funcionar como um recurso para o aumento de
segurança e diminuição de erros. Porém, três anos mais tarde, a corrente de “ao-ao”
pode ter transformado-se num fóssil inútil á tomada de decisões, passando a atuar como
um elemento restritivo ao desenvolvimento da organização. – Tornou-se um ritual.
Para exemplificar, digamos que os diversos setores da empresa alcançaram um
nível de competência considerável e que com isso possam dispensar mutuamente
grande parte dos pareceres, aumentando a rapidez da tomada de decisões e a
flexibilidade no estabelecimento de metas de trabalho.
Se a empresa possuir uma sistemática de comunicação administrativa rígida,
estabelecida pela cúpula, segundo a qual é imprescindível o cumprimento das normas
regimentais; as quais estabelecem que a decisão de aumento ou redução da produção,
as alterações no sistema de vendas, a mudança de produto, etc, só deverão ser
tomadas depois de um percurso de “cinco elos”; os diversos setores terão que
acomodar-se sem objeções. Ou seja, deverão cumprir o ritual à risca, do contrário
sofrerão as conseqüências. O que estará ocorrendo nesse caso é uma transação típica
de Pai – Criança Adaptada através de um ritual que deve ser obedecido.
Não será difícil prever os resultados de um ritual desse tipo, entre eles, a redução
do dinamismo da empresa com reflexos diretos sobre o atendimento ao mercado de
consumo.
O ritual que ocorre no processo decisório é semelhante a um enferrujamento no
delicado mecanismo da tomada de decisões, de tal modo que tornará cada vez mais
difícil e demorada a resposta às necessidades do ambiente.
O incrível é que apesar da empresa querer corrigir suas limitações para
desenvolver-se, os rituais poderão impedi-la devido às suas características de verdade
estabelecida do alto, de coisa sagrada, de dogma e á dificuldade de analisá-lo
friamente, Adultamente. O fato é que por suas peculiaridades, o ritual bloqueia a
percepção da realidade, o raciocínio frio e baseado em dados. E em certos casos,
bloqueia a execução de medidas que o eliminem. E quando o eliminam, resta sempre
como sub-produto um resquício de dúvida, de culpa, diante de uma advertência –
“Vocês é que sabem, se quiserem mudar, que mudem, mas não se arrependam
depois”... lançada pelo Pai (Bruxo) do presidente ou diretor da empresa às Crianças
Adaptadas dos subordinados.
É portanto imprescindível o conhecimento dos diversos rituais que ocorrem na
organização para a eliminação de seus sub-produtos nocivos ao bem-estar da empresa,
como um todo, e das pessoas envolvidas.
Enquanto algumas pessoas e empresas preenchem seu tempo com rituais, outra
optam por uma forma mais descontraída e descompromissada de estruturar o tempo – o
passatempo.
5.4 – 0 PASSATEMPO
Esta é uma maneira gostosa de fazer o tempo passar mais rápido e sem grande
perigo de envolvimento pessoal. Seu objetivo psicológico além da estruturação do
tempo é também evitar a intimidade no relacionamento humano, como os outros
mecanismos de programação do tempo já analisados.
Você já deve ter visto duas pessoas conversando animadamente sobre a crise
energética mundial, sobre o futebol brasileiro, sobre os últimos lançamentos da moda de
verão ou sobre outro tema qualquer. E deve ter observado que o objetivo do “papo” não
era o de informar sobre os fatos objetivos, mas apenas expressar opiniões.
É típica a ocorrência do passatempo em reuniões sociais. aliás, a reunião social é
a própria institucionalização do passatempo.
Existem diversos tipos de passatempo que podem ser classificados em três
grandes categorias: passatempos realizados com o estado de ego Pai, com o estado de
ego Adulto e com o estado de ego Criança.
A - Passatempos de Pai
Esses passatempos encerram basicamente mensagens de duas categorias: de
crítica e de proteção.
É muito comum encontrarmos duas ou mais pessoas conversando sobre os
“defeitos da juventude de hoje”, com um tema complementar de “no meu tempo não era
desse modo”.
Outro assunto predileto do Pai Crítico é a política internacional de alguns países,
hoje com maior realce no problema do petróleo.
Aqui no Brasil, um passatempo muito comum, quase institucionalizado pelo Pai
Crítico é: “é um absurdo o técnico do time ter escalado o jogador “X” para esse jogo”... –
“É tem razão, eu por exemplo acho que ele deveria ter escalado o “Y”...” – “Pois é, e
além disso blá, blá, blá (...)”.E nesse “papo” os dois terão assunto, para uma noite toda,
regado por uma cervejinha de vez em quando. Geralmente um passatempo puxa o
outro, à semelhança de uma cadeia de numerosos elos. O número total de elos da
cadeia de passatempos, dependerá da disposição dos elementos envolvidos e do hábito
já adquirido em algum passatempo particular. Quanto maior o hábito, maior será a
necessidade de mudar de passatempo para não ficar desocupado, e com isso sujeito a
um aumento de tensão que poderá alterar a forma de estruturação do tempo.
É comum a passagem de um passatempo de Pai Crítico para outro de pai Nutritivo.
Essa mudança poderá ocorrer mais ou menos do seguinte modo: dois indivíduos estão
discutindo sobre a decisão dos árabes de aumentarem o preço do petróleo. Ambos
atacam a decisão tomada, cada vez com maior veemência, até o momento em que um
deles julga estar sendo muito cruel, “pois afinal, os árabes sempre sofreram tanto que
têm razão de descontarem agora”... Nesse momento, surge um outro elemento no
diálogo – o de proteção, que produzirá alguma modificação no passatempo, podendo
inclusive transformá-lo em “bate-boca” (um tipo de jogo psicológico, que veremos mais
adiante) ou em afastamento, isolando os dois indivíduos. Porém, se o indivíduo B
concordar com a atitude do A em proteger os árabes, poderão, a partir desse ponto,
iniciar o passatempo de Pai Protetor e com isso passar mais um tempinho
aparentemente juntos. Em outros casos, o passatempo de Pai Protetor vem associado
com o de Pai Crítico; por exemplo, enquanto protegem os “velhinhos abandonados em
instituições”, atacam os “filhos ingratos que os abandonaram”; enquanto criticam os
“jovens viciados em drogas” protegem ou têm pena de seus “pais que sofrem com essa
ingratidão...”
B- Passatempos de Adulto
Os passatempos realizados com o estado de ego Adulto caracterizam-se pela falta
de emoção dos participantes. A “conversa séria” entre dois profissionais de áreas afins
em horário de lazer é um exemplo típico. Dois colegas de trabalho, no piquenique ou no
clube, conversando sobre os planos que pretendem realizar na empresa, é outro
exemplo.
C- Passatempos de Criança
Aqui encontramos as famosas “fofocas” que algumas mulheres gostam tanto, como
falar da vida alheia, do vestido horroroso da fulana, enfim, dos últimos acontecimentos
das redondezas.
A pessoa que emprega continuamente passatempos do estado de ego Criança
Livre muito pouco desenvolvida ou bloqueada por sua Criança Adaptada. Como
resultado, seu modo de relacionar-se com outras pessoas é caracterizado pela aparente
intimidade, sugerida pela “conversinha de ouvido” e a proximidade física resultante.
O passatempo é uma forma de programação do tempo bem aceita socialmente,
talvez por uma vantagem claramente verificável: a manutenção de um relacionamento
estável apesar de superficial. Além disso, pode funcionar muito bem como um meio para
a escolha de companhias sem o risco de envolvimento maior. Em síntese, através de
palavras, o passatempo aproxima as pessoas enquanto impede que se encontrem
realmente. Com isso, a aparente proximidade esconde uma distância às vezes grande
que pode levar a uma desqualificação mútua.
Parece-me que essa característica do passatempo propicia a ocorrência de outra
forma de estruturação do tempo, o jogo psicológico, cujos resultados são sempre
prejudiciais aos indivíduos implicados.
5.6 – A INTIMIDADE
Esse modo de viver no presente difere do descrito anteriormente por ser uma
expressão do Adulto combinado com a Criança e o pai desenvolvidos. Representa uma
etapa de evolução da personalidade alcançada através do processo de desenvolvimento
da autonomia. O indivíduo autônomo é aquele que estabelece relações humanas livres
de subterfúgios, falsas intenções, frivolidades e atitudes destrutivas para com os outros;
que conhece suas falhas, suas limitações e seus conflitos internos; e que dá vazão a
sua energia interior, a suas emoções e sentimentos saudáveis. Ou seja, que entra em
intimidade, que é consciente de si, dos outros, das coisas e do tempo, e que é
espontâneo em seu comportamento.
Portanto viver no presente com base no passado e antevendo o futuro, é sinônimo
de viver com o Adulto integrado.
E nessa circunstância o indivíduo caracteriza-se pela coerência de seu
comportamento em relação às pessoas e às circunstâncias surgidas a sua frente. No
ambiente de trabalho suas atividades terão a marca da autonomia através do bom
contato interpessoal e da consciência do dever, do alto nível de motivação e do poder
criador. Um executivo autônomo é consciente de suas limitações e possui a força
interna que o impulsiona a aprender continuamente em cada momento e com cada
pessoa. Sabe assumir a autoridade e a responsabilidade exigidas por suas funções,
ciente de que está desempenhando um papel social dinâmico e não ocupando um lugar
fixo e pessoal. Tem consciência de que suas realizações refletem uma época e uma
conjugação de esforços do grupo que dirige e que suas decisões têm força proporcional
à participação dos diversos níveis hierárquicos de seu órgão. É consciente de seus
momentos de Pai Crítico e de Criança Rebelde e sabe dos efeitos de seu
comportamento sobre os demais quando num desses estados de ego.
O executivo que tenha atingido a autonomia não encontra barreiras, em seu nível
hierárquico, para relacionar-se com seus subordinados, pois sabe distinguir o papel da
pessoa que o assume. Isso permite que entre em intimidade com cada pessoa apesar
dos papéis heterogêneos.
6- OS JOGOS PSICOLÓGICOS.
6.1 – CONCEITUAÇÕES.
1. Vantagem Biológica:
Consiste na obtenção de estímulos transacionais (dos “contatos” já referidos
anteriormente.)
2. Vantagem Existencial:
Consiste no reforçamento da posição existencial a cada volta do jogo.
3. Vantagem Temporal:
Os jogos permitem preencher o tempo vazio, trocando a sensação de não ter o
que fazer por uma segurança patológica.
Existem outras vantagens classificadas por BERNE, como a psicológica interna, a
psicológica externa, a social interna e a social externa, que não apresentaremos neste
trabalho por exigirem conhecimentos psicológicos mais aprofundados. No entanto, as
três vantagens anteriormente apresentadas nos dão A idéia dos fatores motivacionais
dos jogos psicológicos.
PERSEGUIDOR SALVADOR
STEPHEN KARPAMN P S
criou o esquema do triângulo
Dramático, para representar os três
papéis desempenhados nos jogos
psicológicos: de perseguidor, de
salvador e de vítima.
V VÍTIMA
“Esses três papéis são “manipulativos” ou falsos, já que atuam como se fossem
reais, mas podem deixar de ser jogados mediante uma decisão adulta”. (KERTÉSZ)
1. Papel de Perseguidor:
- Desempenhado pelo estado de ego Pai do Pai.
- É caracterizado por atitudes e comportamentos muito severos, rígidos, brutais e
as vezes sádicos.
2. Papel de salvador:
- Desempenhado pelo estado de ego Pai do Pai ou Adulto do Pai.
- Caracteriza-se por comportamentos de superproteção, de pseudo-salvação e
conduzem os outros a uma dependência prejudicial. Ex: a “Supermãe”.
3. Papel de Vítima:
- Desempenhado pelo estado de ego Criança Adaptada.
- Carcateriza-se por atitudes e comportamentos auto-destrutivos, nos quais o
indivíduo coloca-se sempre “por baixo” queixando-se de tudo, lamentando sua
má sorte. Com isso atrai para junto de si “perseguidores” ou “salvadores”.
Esses papéis dramáticos são as bases dos jogos psicológicos, entretanto não
devemos confundi-los com os papéis legítimos de perseguidor, salvador e vítima, cuja
diferença básica é serem adequadas às situações e aos momentos em que ocorrem.
Os jogos psicológicos sempre são iniciados com os participantes situados em um
dos papéis dramáticos e terminam com a inversão dos papéis na etapa de mudança, já
mencionada na fórmula geral.
BERNE empregou termos familiares, coloquiais, para denominar os jogos
psicológicos, o que nos facilita identificá-los de modo intuitivo. E com base no Triângulo
Dramático de KARPMAN podemos classificá-los conforme os três papéis, do seguinte
modo:
P S
PERSEGUIDOR SALVADOR
PROGRAMA:
2. “CHUTE-ME”
Este jogo tem uma certa freqüência em ambientes de trabalho e seu jogador titular
é geralmente o indivíduo NÃO OK – OK, a vítima. Inicia-se com uma atitude ou uma
declaração verbal de inaptidão, expressa de modo aparentemente Adulto mas com a
participação oculta da Criança Adaptada, que produz uma resposta geralmente
agressiva ou de lástima de seu interlocutor. Essa seqüência de estímulo e resposta
tende a repetir-se até o momento em que o jogador atinge seu objetivo final: ser
agredido e sentir-se rejeitado.
Podemos exemplificá-lo com a seguinte seqüência de transações:
João, um exímio jogador de “chute-me”, depois de um dos seus costumeiros
“Foras” numa reunião de grupo de trabalho, ao chegar a sua sala começou a lamuriar-se
com Pedro, um de seus colegas, que no momento estava concentrado numa tarefa.
João: “puxa, porque será que eu sempre dou aqueles “foras”, hein”?
Pedro: (concentrado em seu trabalho) – “ Sei lá, você já devia saber, afinal, já é um
costume seu, não é?” (o “chute” não foi tão grande quanto o esperado por João).
João: “Mas desta vez eu tentei não fazer nenhuma tolice e...”
Pedro: “Oh João!! Será que você não percebe que eu estou ultraocupado?
Porque não dá o fora eme deixa em paz!” (Enfim saiu o chute tão esperado, que
confirmou o sentimento de rejeição de João).
É claro que este jogo pode apresentar-se sob diversos graus de sensação
negativa, desde uma leve tristeza a uma depressão muito profunda, dependendo da
patologis em que se encontre o jogador.
O programa deste jogo é o seguinte:
A – Com quem se associar:
Com pessoas que tenham predominância do Pai Crítico e desempenham o papel
de Perseguidor.
B – Como agir:
Cometer erros e mostrar-se desajeitado, procurando o apoio de outras pessoas,
que tenham pouca probabilidade de ajudá-lo.
C – O que dizer:
Qualquer coisa inadequada à situação e irritante, como por exemplo: “Por que será
que eu sempre faço isso?”
D – Fantasia:
Acredita que será sempre um rejeitado, um solitário.
E –Como se descrever:
“Todos querem me maltratar”.
F – Objetivo:
Reproduzir e manter sentimentos de menosvalia, de rejeição.
G – Papéis:
Vítima X Perseguidor (a outra pessoa).
H – Vantagens:
Biológica: Obter estímulos agressivos ou de lástima.
Existencial: Confirmar sua posição existencial NÃO OK – OK.
Temporal: Estruturar o tempo ocioso, evitando a intimidade e criando condições
para um passatempo de “como as pessoas são ingratas”.
3. “BATE BOCA”:
4. “SIM, MAS”...
Este jogo é típico de chefes, podendo ser jogado também por outros funcionários,
pois a posição de superioridade hierárquica o facilita.
O jogador de “Sim, mas”... desempenha o papel de Salvador e inicia o jogo quando
o seu interlocutor apresenta-lhe uma solução para um problema seu, que
aparentemente deseja resolver. Delicadamente agradece a sugestão, mas demonstra
sua impossibilidade de aceitá-la. O interlocutor volta com nova sugestão
que também é rechaçada e os dois continuam a jogar até um ponto em que o
subordinado (o que deu sugestões) começa a sentir-se o mais “burro” dos homens, por
não conseguir criar soluções que correspondam à expectativa de seu chefe. Este sente-
se vitorioso, confirmando mais uma vez sua invencibilidade.
Podemos exemplificar esse jogo com o episódio apresentado a seguir:
Mário é o diretor de uma empresa de médio porte e pretende implantar um
programa de treinamento para seus funcionários. Por isso convocou seus assessores
diretos e outros funcionários de nível técnico para um reunião, na qual explanou sua
intenção e solicitou a todos que colaborassem com sugestões no sentido de resolverem
a questão o mais rápido possível. Colocou-se à inteira disposição para ouvir todas as
idéias e assegurou que poderia discuti-las em qualquer horário.
Como era de se esperar, a reunião gerou um clima de grande contentamento e
entusiasmo nos subordinados, que dedicaram-se com muito afinco à tarefa solicitada.
João foi o primeiro a apresentar-se no gabinete do diretor, onde ocorreu o seguinte
diálogo:
João: Minha idéia é que contratemos um consultor em recursos humanos, para que
efetue um levantamento das necessidades de treinamento de nossos funcionários e a
partir de seu diagnóstico, faremos ou solicitaremos a programação dos cursos.
Mário (diretor): Sim, muito boa a sua idéia, mas um consultor cobra muito caro e
nossa empresa não teria tanta verba para essa despesa.
João: Mas, senhor, nós poderíamos solicitar orçamentos de vários consultores e
optar pelo mais barato.
Mário: Sim, mas isso levaria muito tempo e temos urgência de implantar esse
programa de treinamento.
João: Então que tal se dois assessores da diretoria fizessem um curso de técnicas
de levantamento de necessidades e de programação de treinamento, para em seguida
executarem esses serviços aqui na empresa?
Mário: Boa idéia, mas como podemos afastar dois assessores, se nós estamos em
época de balanço e de relatórios e estão todos muito ocupados?
João: Então mandamos dosi outros técnicos para o curso.
Mário: Sim, mas não creio que terão gabarito para aprender e aplicar as técnicas
aqui na empresa.
João: (Já começando a sentir-se irritado e inútil).
- Então podemos formar uma pequena equipe de trabalho para
programar os treinamentos.
Mário: Sim, mas, há o problema de termos que parar alguns homens para fazer
essa equipe e isso trará um certo prejuízo.
João: Então porque não perguntamos aos funcionários que treinamentos eles
gostariam de ter e com base nisso, contratamos os cursos, hein?
Mário: Pode ser João, mas os cursos serão de má qualidade e não corresponderão
às reais necessidades de treinamentos da empresa.
João: (No auge da irritação, desapontado, retira-se do gabinete).
Como pode ser visto, foi travada uma batalha sutil entre os dois, com o chefe
portanto as armas mais possantes. Era de se esperar que saísse vitorioso, confirmando
mais uma vez sua posição existencial OK – NÃO OK.
Esse jogo psicológico arrasa o moral dos subordinados, além de diminuir a
iniciativa, a criatividade e a motivação para o trabalho, sendo extremamente prejudicial
aos objetivos da Organização. E você deve ter notado, que esses objetivos pouco
importam ao chefe jogador, o que lhe interessa é a satisfação emocional extraída de
cada lance do jogo e de seu desfecho final.
PROGRAMA:
5. “ACOSSADO”:
Trata-se de um jogo no qual o jogador transfere sua ansiedade para seu parceiro,
que o percebe depois de certo tempo, quando já é tarde para voltar atrás.
Os mais exímios jogadores são aqueles que têm o Impulsor APRESSA-TE como
predominante. O jogo é mais encontrado entre chefes e subordinados
O “Acossado” é iniciado quando o subordinado aceita executar uma missão num
período de tempo suficiente. A isca geralmente empregada pelo chefe é apresentar a
tarefa em tom de desafio, como: “Você conseguirá executar a tarefa até amanhã às
8:00?” Procurando com isso atingir a Criança Adaptada do subordinado. Este,
entusiasmado com a idéia de provar que é “o bom” ou de vencer o chefe, deixa a
Criança Adaptada decidir pelo Adulto e quando este é reativado descobre que foi
logrado. Fica com uma tarefa urgentíssima a ser cumprida, que o leva a trabalhar até
altas horas da noite. O pior é que terá que comprometer alguns colegas ou
subordinados com a tarefa assumida, iniciando outro jogo psicológico.
A vítima do jogo “Acossado” entra numa cilada e pode ser derrotado de dois
modos: 1. Se conseguir concluir a tarefa prometida, fica com a sensação de ter ganho a
“partida”, porém fortifica mais ainda a posição do chefe, que o leva a trabalhar em
intervalos cada vez mais reduzidos; 2. Se não conseguir concluir a tarefa no tempo
estabelecido, transformar-se-á em vítima da ira do chefe. Será sempre um perdedor,
enquanto estiver nas malhas do jogo psicológico.
Exemplo:
Mário, o diretor de quem já falamos, solicitou que Fernando, o chefe do serviço de
Pessoal, providenciasse um relatório das atividades de seu setor. O diálogo transcorreu
do seguinte modo:
Mário: Fernanda, estou precisando, do relatório das atividades referentes ao
pessoal, com urgência.
Fernando: Sim, senhor. Qual o prazo que o senhor quer que eu lhe entregue o
relatório?
Mário: Estou certo que você poderá entregar-me até amanhã às 9:00 horas, não é
mesmo?
Fernando: bem, acontece que...
Mário: Ora, Fernando, pense na importância desse relatório para a reunião que
teremos com o Sindicato.
Fernando: Está bem, amanhã às 9:00 horas eu lhe entrego o relatório pronto. (Dito
em tom heróico).
Devido a esse compromisso Fernando não irá almoçar e nem jantar em casa, (e
seus subordinados terão a mesma sorte). Quando informa a decisão tomada a seu
pessoal, recebe uma saraivada de críticas, defendendo-se com uma atitude de Vítima:
“Mas eu não tinha outra saída”..., ou de Perseguidor: - “Pois agora a decisão foi tomada
e não adianta reclamar”.
Esse jogo psicológico cria um ambiente cheio de nervosismo, desânimo, revolta,
ansiedade, típico da ativação da Crianças Adaptadas dos funcionários. Naturalmente,
cairá o nível de qualidade dos trabalhos, devido à desativação do Adulto.
6. “DEFEITO”:
3. - Os Jogos da Vida.
Rio de Janeiro, Ed. Artenova S.A, 1974.
4. - Sexo e Amor.
Rio de Janeiro, Ed. José Olympio,1976.