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DESENVOLVIMENTO

BIOPSICOSSOCIAL NA 1ª, 2ª E 3ª
INFÂNCIA

Prof. Ana Carolina Pinto Soares


Períodos do ciclo de vida

Pré-natal – concepção até nascimento


Primeira infância – nascimento até 3 anos
Segunda infância – 3 a 6 anos
Terceira infância – 6 a 12 anos
Adolescência – 12 a 20 anos
Jovem adulto – 20 a 40 anos
Meia Idade – 40 a 65 anos
Terceira idade – 65 anos em diante
CRESCIMENTO X DESENVOLVIMENTO
Crescimento e desenvolvimento são fenômenos
diferentes em sua concepção fisiológica, paralelos
em seu curso e integrados em seu significado;
poder-se-ia dizer que são dois fenômenos em um só.

CRESCIMENTO: Aumento físico do corpo. o


Avalia-se o crescimento através dos indicadores peso
e altura para idade, também o perímetro cefálico.

DESENVOLVIMENTO: Capacidade de realizar


funções cada vez mais complexas. Resultado da
interrelação entre crescimento, maturação e
aprendizagem
CRESCIMENTO X DESENVOLVIMENTO
O crescimento termina em
determinada idade, quando esta
alcança a sua maturidade biológica
enquanto que o desenvolvimento é
um processo que acompanha o
Homem (mulher) através de toda a
sua existência
DESENVOLVIMENTO

Aspectos a avaliar:

Físico-motor: é o crescimento orgânico, a


maturação neurofisiológica e a capacidade de
manipular objetos e de exercitar o próprio corpo;
Intelectual: Refere-se a capacidade de pensar e
raciocinar;
Afetivo-emocional: compreende a forma como o
indivíduo integra as suas experiências (é o sentir)
Social: é o modo como o indivíduo reage perante
as situações que envolve outros indivíduos
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Mielinização: processo que ocorre principalmente após o
nascimento. Modifica a estrutura do cérebro sob
influência das experiências vividas (desenvolvimento
neurológico que permite novas capacidades, como emitir
os primeiros sons até falar, sentar, caminhar, etc).
Processo de desenvolvimento dos circuitos neuronais
ocorre gradualmente sobre os já estabelecidos, daí a
importância da formação dos circuitos fundamentais
nos primeiros anos de vida para o desenvolvimento
futuro.

Períodos sensíveis: momentos de maior capacidade de


modificação e maleabilidade dos circuitos cerebrais em
resposta a determinada experiência ambiental (maior
vulnerabilidade).
Plasticidade cerebral: estado
dinâmico natural do cérebro que
permite modificações fisiológicas e
estruturais, sinápticas e não
sinápticas em resposta à alterações
do meio
MATURAÇÃO
O termo maturação refere-se ao surgimento de padrões de comportamento que
dependem em grande parte do crescimento do corpo e do sistema nervoso. Em
grande parte, a maturação depende de fatores genéticos, o treinamento especial
pode desacelerar ou acelerar a maturação, por exemplo, mas não altera a sua
ordem seqüencial.

No mundo inteiro o comportamento da criança se desenvolve praticamente na


mesma ordem. Quase todos os bebês normais, independentemente das
circunstâncias, viram-se antes de sentar-se com apoio, um pouco mais tarde
sentam-se sozinhas. Mais tarde ainda ficam de pé, segurando-se em alguma
coisa. Muitos poucos bebês sentam-se antes de aprender a rolar ou ficam de pé
antes de sentar-se.

As capacidades social, de linguagem, percepção e intelectual, também tendem a


aparecer em ordem previsível. O impacto das privações sensoriomotoras –
impossibilidade de pegar algo, não ser estimulada visualmente, não estabelecer
contatos sociais podem dificultar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e motor
DESENVOLVIMENTO
Processo dinâmico e maleável que ocorre por fatores
genéticos, condições do meio no qual está inserida e
em função de seu próprio comportamento e ao modo
como interage com aqueles fatores .
O estímulo ao desenvolvimento neurológico é
necessário. - Interações que estimulam a afetividade
geram vínculos consistentes, que encorajam a
autonomia e são necessários para que a criança
entenda a si própria, sua importância na vida dos
outros e futuramente na sociedade. –
Por outro lado, relações com empobrecimento afetivo
e negligência funcionam como fatores de risco para
distúrbios psicossociais no futuro
A PRIMEIRA INFÂNCIA
É o nome dado aos primeiros anos de vida, em particular, os três
primeiros, de um ser humano, que são marcados por intensos
processos de desenvolvimento. É uma fase determinante para a
capacidade cognitiva e sociabilidade do indivíduo, pois o cérebro
absorve todas as informações, as respostas são rápidas e
duradouras.

Segundo especialistas, as crianças nesta fase precisam de


oportunidades e estímulos, para que possam desenvolver cada
uma de suas aptidões.

Estudos demonstram que é durante a primeira infância que o


cérebro humano desenvolve a maioria das ligações entre os
neurônios. Até os 3 anos de idade, as cerca de 100 bilhões de
células cerebrais com as quais uma criança nasce desenvolvem
1 quatrilhão de ligações. O número é o dobro de conexões que
um adulto possui. Aos 4 anos, estima-se que a criança já tenha
atingido metade do seu potencial intelectual
A PRIMEIRA INFÂNCIA

O desenvolvimento na primeira infância é um


processo integral que ocorre nos primeiros três
anos de vida. Envolve o amadurecimento do
cérebro, o crescimento físico, a aquisição
motora, o desenvolvimento da cognição,
afetivo e socioemocional. Cada um desses
aspectos será influenciado pela qualidade do
desenvolvimento dos outros aspectos.
A PRIMEIRA INFÂNCIA
Desenvolvimento motor

Ninguém precisa ensinar os bebês as habilidades


motoras básicas como agarrar, engatinhar e andar.
Eles apenas precisam de espaço para se movimentar
e liberdade para ver o que podem fazer. Quando o
sistema nervoso central, músculos e ossos estão
preparados e o ambiente oferece as devidas
oportunidades, o desenvolvimento motor ocorre de
forma saudável

Marcos do Desenvolvimento motor: primeiro


aprendem habilidades simples e depois a combinam: -
preensão - pinça
INFLUÊNCIAS CULTURAIS NO
DESENVOLVIMENTO MOTOR
Crianças Africanas desenvolvem o andar
primeiramente que crianças americanas ou
francesas por exemplo. Em um estudo, os bebês
jamaicanos - cujas mães utilizavam diariamente
estímulos de manuseio, sentavam, engatinhavam
e andavam mais cedo que os bebês ingleses, cujas
mães não davam nenhum treinamento especial
de manuseio.

Os Bebes Ache no leste do Paraguai começam a


andar por volta dos 18, 20 meses pois as mães
colocam logo os filhos no colo quando começam a
engatinhar e a andar por medo dos riscos da vida
nômade.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Emoções: São reações subjetivas a
experiências associadas a variações
fisiológicas e comportamentais.
Funções: Comunicar; Orientar e
Regular comportamento
Primeiros sinais de emoção: Durante o
primeiro mês, bebês acalmam-se com
o som da voz humana ou quando são
tomados nos braços
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
Desenvolvimento da Personalidade ( Freud,
Winnicott, Helen Bee, Newcombe,dentre outros
autores)
O progresso das crianças - habilidades motoras,
linguagem e funcionamento cognitivo se equipara
às mudanças em suas características de
personalidade. Durante a pré-escola,
modificam-se as qualidades pessoais já
existentes.
Ao nascer, o bebê apresenta uma amplitude
imensa de potencialidades comportamentais. No
entanto, ele adota características de
comportamento apropriadas ou aceitáveis por seu
grupo
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
A criança necessita vivenciar dois tipos de
relacionamentos: verticais e horizontais.
Relações Verticais (professores, pais):
propicia a criança proteção e segurança. A
criança cria seus modelos internos básicos e
aprende habilidades sociais fundamentais.
Relações Horizontais (amizades e grupo de
iguais): a criança adquire as habilidades
sociais como cooperação, competição e
intimidade
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NA PRIMEIRA
INFÂNCIA

Ao nascimento são identificadas 3 emoções:


Desconforto , Prazer , Atenção e interesse no
ambiente.
Aos 3 meses as expressões de alegria aparecem,
surge o sorriso para demonstrar excitação e alegria
em eventos sociais e ao olhar outras pessoas. Surgem
demonstrações de tristeza, demonstrada
especialmente quando uma interação com a mãe é
interrompida, através do choro .O descontentamento
aparece quando sentem um gosto ou cheiro ruim, por
exemplo.
Entre 4 e 6 meses surge a capacidade de manifestar
Raiva, quando surge a frustração. Requer habilidades
cognitivas (ex-cça é contida/pernas ou braços
DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL NA PRIMEIRA
INFÂNCIA

Aos 6 meses aparece a Surpresa, geralmente como


resposta a uma descoberta ou por observar uma
reação não comum no adulto. Todas essas emoções
são denominadas como primárias ou básicas.

O Medo, não é considerado como emoção básica,


porque requer crescimento cognitivo suplementar .
Para demonstrar medo, uma criança deve ser capaz
de comparar um evento provocador de medo com
muitos outros eventos .

Dos 18 meses aos 5 anos a criança experimenta


freqüentes mudanças no equilíbrio e desequilíbrio de
suas emoções, indo da alegria à tristeza e da calma à
ira rapidamente
DESENVOLVIMENTO SOCIAL

SOCIALIZAÇÃO: assimilação de valores, normas e formas


de agir transmitidas por um grupo social. Processo
interativo necessário à criança e ao grupo, satisfaz suas
necessidades e assimila cultura, ao mesmo tempo que a
sociedade se perpetua e se desenvolve.

O bebê nasce indefeso, com grande capacidade de


aprendizagem e atraído por estímulos sociais. Existem
uma série de necessidades Básicas a serem satisfeitas
como: Proteção, Alimentação, Necessidade de vínculos,
Atividade Lúdica, Exploração do meio físico e social. Após
o primeiro ano, as crianças transformam a experiência e
impõem suas idéias sobre os objetos.

Bebês nascem com forte tendência a criar fortes elos


emocionais com seus provedores de cuidados. Estes elos
possuem valor de sobrevivência (Teoria do Apego)
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
A medida que o bebê cresce, sua relação com os pais
se modifica: as características do apego se modificam,
são menos visíveis, mas presentes .
As mudanças cognitivas permitem que uma foto
represente a base segura (2 a 3 anos). Isto é possível
graças à capacidade de simbolizar .
Com 3 ou 4 anos, já é capaz de se distanciar da base
segura sem maiores problemas . A maior autonomia
leva à diversidade de opiniões. O desafio aparece
menos que a obediência.
Aos 3 ou 4 anos, a capacidade de argumentar é
maior e a capacidade de negação aumenta conforme o
tempo passa
IMPORTANTE!
Existe margem normal de variação de tempo
para a completa conquista de cada nova
capacidade.
Ritmo individual deve ser respeitado (tanto para
as que se atrasam, quanto para as que se
adiantam em relação ao previsto).
Aquisições já adquiridas nunca são
desaprendidas em condições normais -
transformam-se em aquisições com funções
semelhantes, porém mais elaboradas
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL
NA SEGUNDA INFÂNCIA
Segunda infância começa aos 3 anos e termina aos 6 anos
de idade.
É um período de iniciativa, tanto no fazer quanto no
aprender.
Nesse período a criança está voltada para o mundo
exterior, deslumbrada por ele e deseja conhecê-lo.

Desenvolvimento da noção do eu: “Meu nome é Jason e eu


moro em uma casa grande com minha mãe, meu pai e
minha irmã, Lisa. Eu tenho um gatinho cor de laranja e
uma televisão no meu quarto... Eu gosto de pizza e tenho
um professor legal. Eu sei contar até 100, quer ver? Adoro
meu cachorro, o Skipper. Eu consigo subir até em cima do
trepa- trepa e não fico com medo! Sou feliz. Não se pode
ser feliz e ter medo, de jeito nenhum! Eu tenho cabelos
castanhos e vou a pré-escola. Eu sou forte mesmo. Posso
levantar essa cadeira, veja!” (HARTER, 1996, p. 208)
RELAÇÃO COM OS COMPANHEIROS
Dos 2 aos 6 anos as relações com os companheiros
são cada vez mais importantes. As agressões
(comportamentos com a intenção de machucar)
tornam-se mais verbais que físicas, porque a
capacidade de argumentar e utilizar a
linguagem e cognição aumentaram .

A competição ou domínio para o estabelecimento da


liderança assume papel importante, com
estabelecimento de hierarquia, através do uso de
ameaças ou estratégias. O líder aparece e pode ser
positivo ou negativo .
O comportamento pró-social ( intencional
e voluntário para beneficiar o outro) surge
bem como o altruísmo. As amizades são
ainda pouco duradouras neste período.

Aos 4 anos inicia-se o uso de critérios


para as escolhas de amigos, que
inicialmente são mais externos.
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA SEGUNDA
INFÂNCIA
Brincar: “o negócio da segunda infância”. Pelo brincar,
as crianças crescem. Estimulam os sentidos. Aprendem
a usar os músculos. coordenam o que vêm com o que
fazem. Adquirem domínio sobre seus corpos e aprendem
valores e regras da sua cultura. Portanto, o brincar é um
processo que estimula o desenvolvimento e a
aprendizagem.
O BRINCAR SOCIAL : A medida que a criança se torna
mais velha o seu brincar é mais social e cooperativo.
Quando a criança brinca sozinha, O brincar social tende
a estimular a criança no desenvolvimento cognitivo,
físico e social.
O BRINCAR COGNITIVO: Quando uma criança uso
um pano como capa e voa ao redor como batmam ou fala
com uma boneca como se fosse uma pessoa real, está
desenvolvendo um brincar imaginativo. Brincar
construtivo.
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA SEGUNDA
INFÂNCIA
Surgimento do jogo imaginativo: Surge durante o
segundo ano de vida, quando o brincar repetitivo
está desaparecendo, e aumenta durante os 3 a 4
anos seguintes, e diminui quando as crianças
passam a se interessar por jogos com regras.
Piaget sustentava que a capacidade das crianças
de fazer de conta, tem por base sua capacidade de
usar e lembrar-se de símbolos, e marca o inicio do
estagio pré-operatório. O brincar cognitivo
desenvolve a atenção, a cooperação, a memória, a
aquisição da leitura e da escrita e trabalha a
expressão corporal.
A CULTURA INFLUÊNCIA NO BRINCAR
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL NA
TERCEIRA INFÂNCIA
Dos 6 a 12 anos 🡪 Social: Confiança recíproca -
amigos são pessoas que ajudam e confiam umas nas
outras; Generosidade e préstimos passam a ser
importantes; Busca qualidades internas nas
amizades; Distingue aparência e realidade. Relações
socialmente produtivas predominam
Relações com os pais : Comportamentos de base
segura aparecem com menor freqüência . Apego, no
entanto, não desaparece nem enfraquece . Uso dos
pais como base segura (continuam a confiar na sua
presença e apoio, a opinião dos pais ainda é de grande
influência,mudança de foco, com ênfase nas tarefas
regulares, performance escolar e nível de
independência a ser permitido).
Afetivo: Latência – Existe uma canalização da
energia para o social e para o intelectual
O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO
PSICOSSOCIAL DA CRIANÇA

A família desempenha um papel


determinante nos primeiros anos de vida
da criança. Todavia, seu papel é
insubstituível, neste sentido os valores e os
conhecimentos adquiridos no núcleo
familiar, ajudam a criança à saber atuar e
interiorizar os comportamentos cívicos de
modo a preparar-se para viver e participar
na sociedade a que pertence
O MODELO DE BAUMRIND
Em sua pesquisa pioneira, Diana Baumrind, estudou 103 pré-escolas de 95 famílias,
através de entrevistas, de testes e de estudo dos lares, avaliou o funcionamento das
criança, identificou três estilos parentais e descreveu padrões típicos de
comportamento das crianças criadas conforme cada estilo.

PAIS COM ESTILO AUTORITÁRIO: Valorizam o controle e a obediência sem


questionamento, tentam fazer com que as crianças conforme a um determinado padrão
de conduta e castigam-nas arbitraria e forçosamente quando elas o violam. São mais
indiferentes e menos afetuosos do que os outros pais. Seus filhos tendem a ser mais
insatisfeitos, retraídos e desconfiados. 2.

PAIS COM ESTILOS PERMISSIVO: Valorizam a auto- expressão e a auto-regulação,


eles vêm a si mesmos como recursos, e não como modelos. Fazem poucas exigências,
permitindo que as crianças monitorem suas próprias atividades o maximo possível.
Quando precisam estabelecer regras explicam motivos para isso. 3

PAIS COM ESTILO DEMOCRÁTICO: Respeitam a individualidade da criança, mas


também enfatizam valores sociais. Eles tem confiança em sua capacidade de orientar
seus filhos, mas também respeitam decisões, interesses, opiniões e a personalidade
delas. São afetuosos e acolhedores, mas também exigem comportamento, são firmes na
manutenção de padrões e estão dispostos a impor castigos , no contexto de um
relacionamento afetuoso e positivo
O PAPEL DA ESCOLA

Os professores, como os pais podem ser modelados.


Professores afetuosos e empáticos estimulam o
comportamento prestativos e zelosos (N. Eisenberg, 1992)
Em muitos países, a educação moral é parte do currículo.
Na China, os professores contam históricas sobre heróis e
estimulam as crianças a imitá-los.
Num programa num bairro de São Francisco, crianças a
partir da pré-escola assistem a filmes que mostram valores
pró-sociais e leem livros que mostram altruísmo. As crianças
são estimuladas a ajudar outros alunos e a prestar serviços
comunitários, bem como a realizar tarefas em sala de aula.
Depois de cinco anos, constatou-se que as crianças do
programa eram mais prestativas, cooperadoras e
preocupadas com as outras pessoas do que um grupo de
comparação que não estava no programa ( Battistich,
Watson, Solomon, Schapas & Solomon, 1992)
O PAPEL DA CULTURA
Por que as crianças em algumas culturas são mais pró-
sociais do que em outras?
As crianças tendem a refletir os valores culturais
predominante dos adultos que a socializam
Entre os indígenas Papagos no Arizona, os pais são
calorosos, prestativos e atenciosos. Em contraste, os pais
Aloreses em Java são hostis e negligentes. Essa, entra
outras diferenças, pode explicar a personalidade
cooperadora e tranquila típica de crianças Papago, em
contraste com o comportamento hostil, desconfiando e
agressivo das crianças Aloreses (N. Eisenberg, 1992)
Os fundadores Kibbutzim, estabelecimentos comunitários
em Israel, procuraram criar uma sociedade de cidadãos
altruístas e cooperadores. Uma medida de seu sucesso é
que em todas as idades e etapas de desenvolvimento, as
crianças criadas num Kibbutz tendem a pensar mais
sobre obrigações com os outros do que as crianças em
lares privados ( Snarey, Reimer & Kohiberg, 1985)
IMPORTANTE CONSIDERAR...
QUANTO MAIS CEDO SE INVESTIR NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA MAIOR SERÁ O
RETORNO PARA ELA PRÓPRIA E PARA A
SOCIEDADE.
Cérebro com maior plasticidade nos primeiros anos de
vida • Cada conteúdo aprendido em uma etapa da vida
serve de base para o aprendizado na seguinte:
crescimento das distâncias de conhecimento e
habilidades ao longo do tempo.
Quanto maior o déficit produzido, mais custoso é
remediá-lo.
A longo prazo: crianças que tiveram menos
oportunidades de desenvolvimento tornam-se, com maior
probabilidade, adultos pobres: ciclo intergeracional da
pobreza.
Desde o início, a criança deve ser considerada em
sua individualidade, como sujeito ativo do seu
desenvolvimento, capaz de se expressar, interagir e
brincar tanto por iniciativa própria como em
resposta aos estímulos externos.

É necessária a promoção de ambientes familiares,


sociais e escolares focados na criança como ser ativo,
nos quais ela se sinta segura e onde sejam
oferecidas situações nas quais ela possa explorar,
brincar e adquirir gradativa autonomia e
responsabilidade por suas ações, desde seus
primeiros meses de vida.
CONCLUSÕES
DESENVOLVIMENTO: processo extremamente
complexo e multifatorial.
Potencial genético + formação e amadurecimento do
sistema nervoso + quantidade e qualidade da
interação com o meio físico e sóciocultural que o
envolve.
Todos os fatores devem interligar-se de forma
harmoniosa -> desenvolvimento normal esperado
para a espécie humana (com todas suas variações
aceitáveis)
CONCLUSÕES
Profissional de saúde que atende crianças ->
conhecer e compreender as fases do
desenvolvimento normal -> identificar desvios ->
oferecer tratamento precoce e adequado (ou
encaminhar) -> melhorar qualidade de vida em
curto e longo prazos + prevenir seqüelas e
morbidades
PARA REFLETIR...
Era uma vez um menino. Ele era bastante pequeno e estudava numa grande escola. Mas, quando
o menino descobriu que podia ir à escola e, caminhando, passar através da porta ficou feliz. E a
escola não parecia mais tão grande quanto antes. Certa manhã, quando o menininho estava na
aula, a professora disse: – Hoje faremos um desenho. – Que bom! Pensou o menino. Ele gostava
de fazer desenhos. Podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, barcos e trens.
Pegou então sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse: – Esperem. Ainda
não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos. – Agora, disse a
professora, desenharemos flores. – Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar
flores. E começou a desenhar flores com seus lápis cor-de-rosa, laranja e azul. Mas a professora
disse: – Esperem. Vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde. Num outro
dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse: – Hoje faremos alguma
coisa com barro. – Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele podia fazer todos os
tipos de coisas com barro: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e a
amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse: – Esperem. Não é hora de começar. E ele
esperou até que todos estivessem prontos. – Agora, disse a professora, faremos um prato. – Que
bom! Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A
professora disse: – Esperem. Vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato
fundo. Assim, disse a professora, podem começar agora. O menininho olhou para o prato da
professora. Então olhou para seu próprio prato. Ele gostava mais de seu prato do que do da
professora. Mas não podia dizer isso. Amassou o seu barro numa grande bola novamente e fez
um prato igual ao da professora. Era um prato fundo. E, muito cedo, o menininho aprendeu a
esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora fazia. E, muito cedo, ele não
fazia mais as coisas por si mesmo. Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para
outra casa, em outra cidade, e o menininho teve que ir para outra escola. No primeiro dia, ele
estava lá. A professora disse: – Hoje faremos um desenho. – Que bom! Pensou o menininho. E ele
esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse. Ela apenas andava
pela sala. Então, veio até ele e falou: – Você não quer desenhar? – Sim, disse o menininho. O que
é que nós vamos fazer? – Eu não sei até que você o faça, disse a professora. – Como eu posso
fazer? Perguntou o menininho. – Da mesma maneira que você gostar. Respondeu a professora. –
De que cor? Perguntou o menininho. – Se todos fizerem o mesmo desenho e usarem as mesmas
cores, como eu posso saber quem fez o quê e qual o desenho de cada um? – Eu não sei, disse o
menininho. E ele começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde. Conto de Helen
Barckley

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