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INTRODUÇÃO

Essa monografia trata-se de um estudo de caráter social, político e cultural, para


compreender a importância dos diversos movimentos feministas, assim como o
surgimento do mesmo no Brasil e no século XXI. Onde primeiramente faz-se
necessário o entendimento do que vem a ser o feminismo, que culminou na ampliação
do papel da mulher na sociedade e lhe garantiu alguns direitos. Todavia, devido ao
sistema econômico ao qual a maior parte do mundo está inserido, esses direitos não
atingiram os demais grupos femininos, como mulheres não brancas e pobres.

Todavia, enquanto poucas mulheres alcançam o tão sonhado empoderamento e


sucesso, ocupando cargos altos, outras se veem sem condições básicas e dignas de
trabalho, ficando esquecidas por esse feminismo de privilégios e elitista. Além disso, a
causa feminista não é influenciada somente pelo sistema econômico, o mesmo
também se apropria - de forma rasa e totalmente superficial - para produzir ganhos
econômicos.

Assim, os movimentos sociais nascem através de determinados contextos e


insatisfação de um grupo social. Moldando, assim seus valores pautados também em
diferentes ideologias, essas dão origem aos demais segmentos, onde uns buscam
maior abrangência das pluralidades nos seres inseridos na luta, já outros, a exclusão e
privilegiamento. Assim, o mesmo acontece com o feminismo, como exemplos é
possível citar o marxismo e liberalismo, que serão grandes ferramentas de estudo
dessa monografia, usados afim de contextualizar as teorias que deram origem a duas
populares vertentes do movimento.

De maneira que, entender a forma como capitalismo opera o movimento feminista para
gerar lucro é de suma importância, pois leva a compreensão de que modo o mesmo é
visto pelas gerações da contemporaneidade e de como a sua efetiva identidade foi
remoldada para ser aceita pelo patriarcado. Além disso, é importante evidenciar que
esse "ativismo do consumo" não faz na realidade nada pelos movimentos e nem
mesmo se posicionam sobre os verdadeiros problemas por eles enfrentados.

Destarte, o marxismo é uma ideologia, criada a partir da interpretação de cientistas


sociais a Teoria do filosofo alemão, Karl Marx (1818 – 1883), que utiliza do
materialismo histórico como ferramenta de análise da sociedade, tem grande crítica ao
sistema capitalista e luta por uma sociedade igualitária e sem classes.

Sendo o liberalismo uma teoria contratualismo criada pelo filosofo britânico, John Locke
(1632 – 1704), com o intuito de explicar o surgimento do Estado. A mesma tem como
característica a não intervenção governamental e acreditar na liberdade individual e de
propriedade – que não se restringe somente aos bens materiais.

Por fim, intuito dessa monografia é demonstrar a partir do embasamento científico


biografico, como o liberalismo usa o movimento feminista como produto do capital.

I. COLOCAR METODOLOGIA

SISTEMAS POLÍTICOS E ECONÔMICOS: UM PONTO DE PARTIDA PARA A


SEGMENTAÇÃO DOS MOVIMENTOS

• Sistema capitalista e liberalismo econômico

O liberalismo é um sistema tanto filosófico quanto político, que defende iniciativas


individualistas pautadas, assim como o próprio nome diz, na liberdade, partindo da
ideia de que os seres humanos possuem capacidade de trabalho e exercer ele é um
direito natural. No Estado de Direito Liberal, a intervenção governamental é mínima,
cabendo ao mesmo somente assegurar a liberdade de cada indivíduo e a proteção as
suas propriedades, que vão além do material, como as propriedades intelectuais e
privadas.

A liberdade natural do homem nada mais é que não estar sujeito a qualquer poder
terreno, e não submetido à vontade ou à autoridade legislativa do homem, tendo
como única regra apenas a lei da natureza. A liberdade do indivíduo na sociedade
não deve estar subordinada a qualquer poder legislativo que não aquele
estabelecido pelo consentimento na comunidade, nem sob o domínio de qualquer
vontade ou restrição de qualquer lei, a não ser aquele promulgado por tal
legislativo conforme o crédito que lhe foi confiado.(...) Uma tal liberdade em
relação ao poder absoluto e arbitrário é tão necessária à preservação do homem e
lhe é tão intimamente ligada, que não é dado ao homem dela se desfazer a não ser
que perca juntamente a preservação e a própria vida. Uma vez que o homem não
tem poder sobre a própria vida, não tem autoridade, por pacto ou por
consentimento, de escravizar-se a quem quer que seja, nem se colocar sob o poder
arbitrário absoluto de outrem, que lhe tome a vida a seu bel-prazer. Ninguém pode
dar mais poder do que possui; e quem não pode tirar de si a própria vida não pode
conceder a outrem qualquer poder sobre ela. Se pois, por ato culposo que mereça a
morte, tiver perdido o direito à vida, aquele a quem a entregou pode, quando o tem
cativo, demorar em tomá-la, empregando-o a seu próprio serviço, sem com isso
causar-lhe dano. E o cativo, sempre que achar que o sofrimento da escravidão seja
superior ao valor da própria vida, tem o poder, resistindo à imposição do senhor, de
atrair para si a morte libertadora que almeja. (LOCKE, 2003, p.35/36)

John Locke, um filosofo jusnaturalista, é o autor da teoria, que surge no século XVII
logo no início do iluminismo e das revoltas burguesas, como forma de se opor a
monarquia absolutista europeia, visto que a mesma tinha representantes eleitos por
Deus, para o pensamento racional isso não era mais aceito, sendo a razão a
responsável por criar uma sociedade mais evoluída. Tinha como ideal três palavra:
Liberdade, igualdade e fraternidade. O liberalismo teve grande influência em duas
grandes revoluções, Industrial (1760 a 1840) e Francesa (1789 a 1799), além de seus
ideias estarem presentes na formação do Estado estadunidense, como expresso na
citação a seguir referente a Carta de Independência Americana.

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados
iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a
liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são
instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados;
que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o
direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e
organizando-lhe os poderes pela forma que
lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade. Na realidade, a
prudência recomenda que não se mudem os governos instituídos há muito tempo por motivos
leves e passageiros; e, assim sendo, toda experiência tem mostrado que os homens estão mais
dispostos a sofrer, enquanto os males são suportáveis, do que a se
desagravar, abolindo as formas a que se acostumaram. Mas quando uma longa série de abusos
e usurpações, perseguindo invariavelmente o mesmo objecto, indica o desígnio de reduzi-los ao
despotismo absoluto, assistem-lhes o direito, bem como o dever, de abolir tais governos e
instituir novos Guardiães para sua futura segurança. Tal tem sido o
sofrimento paciente destas colónias e tal agora a necessidade que as força a alterar os sistemas
anteriores de governo. A história do actual Rei da Grã-Bretanha compõe-se de repetidas injúrias
e usurpações, tendo todos por objectivo directo o estabelecimento da tirania absoluta sobre
estes Estados. Para prová-lo, permitam-nos submeter os factos a um mundo cândido.
(referencia:
http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/declaraindepeEUAHISJNeto.pdf )

• Marxismo

O marxismo é um conjunto de ideias desenvolvidas a partir das obras de Karl Marx e


Friedrich Engels. O pensamento marxista tem como pauta a história da luta de classes,
o conflito entre os opressores e oprimidos produzida pela economia. Uma luta que se
tem início no surgimento da propriedade privada, com a constante mudança da
sociedade devido as novas necessidades que surgem.

Diante dessa realidade que Marx estava incluso, ele produziu um pensando dentro do
contexto do surgimento do capitalismo moderno e a forma como a classe oprimida não
consegue se enxergar nessa condição e como os opressores são beneficiados com tal
circunstância.

Marx fez uma análise geral de todos os períodos históricos, a tradição do conhecimento
ocidental desde sua constituição, desde a antiguidade até o presente momento e nesse
estudo ele compreendeu que a produção intelectual se deu de forma alienada.

Os valores produzidos se deram por meio da cultura, da filosofia, da política e,


principalmente da educação que é considerada por Marx como a mais importante
ferramenta da superestrutura, a classe dominante repassa todas suas convicções,
assim conduzindo a classe trabalhadora à iminente alienação.

A noção de classe, segundo Marx, não é redutível nem a um atributo de que seriam
portadoras as unidades individuais que a compõem, nem à soma dessas unidades.
Ela é algo diferente. Uma totalidade relacional e não uma simples soma (Bensaïd,
1999, p.147) Miséria da filosofia
https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/arquivos_biblioteca/artigo235artigo5.pdf

Thomas Hobbes
[...] todo indivíduo particular tem propriedade absoluta de seus bens, a ponto de
excluir o direito do soberano. Todo homem, na verdade, tem uma propriedade que
exclui o direito de qualquer outro súdito, e a tem em razão do poder soberano, sem
cuja proteção qualquer outro homem teria igual direito a ela. Mas, se o direito do
soberano for também excluído, ele não poderá cumprir a missão que lhe foi
destinada, e que consiste em defender os súditos tanto dos inimigos externos como
dos ataques mútuos; consequentemente, o Estado deixará de existir. [...] Se a
propriedade dos súditos não exclui o direito do soberano representante a seus bens,
muito menos o exclui em relação aos cargos de judicatura ou de execução, nos quais
os súditos representam o próprio soberano. (2009, p. 228)
http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170601132339.pdf

MOVIMENTO FEMINISTA

• Aversão ao patriarcado e as classes sociais mais baixas

A opressão das mulheres não acontece da mesma forma para as diferentes classes
sociais. Uma mulher com maior poder aquisitivo sofre a opressão de ser mulher. Agora,
uma mulher pertencente à classe trabalhadora sofre com a exploração da sua mão de
obra e com a opressão de ser mulher, pois ambos coexistem. Sendo assim, o
movimento feminista possui dentro de si diversas vertentes, que recebem recorte como
etnia, classe e orientação sexual.

Desta forma, para uma mulher burguesa não é de bom grado e nem lucrativo que uma
mulher não branca e pobre (pois assume se que essa mulher burguesa é oprimida
“somente” por ser mulher) assuma o cargo de CEO na empresa, pois essas devem
reduzir se somente a trabalhos, no olhar da classe burguesa, mais baixos, como em
áreas de limpeza. Assim como observa Heleieth Saffioti em A mulher na sociedade de
Classes (1969):

Os mitos sobre a mulher, como os mitos sobre o negro, por diferentes que possam ser do ponto
de vista de seus conteúdos e, principalmente, de suas legitimações, desempenham a mesma
função essencial: visam eliminar possíveis competidores sobretudo nas áreas de atividades mais
valorizadas socialmente. Nesse sentido, pois, a mística feminina constitui verdadeiro requisito
funcional da sociedade de classes.

O FEMINISMO COMO FONTE DE LUCRO


• Indústria Cultural: uma aliada do capitalismo.
• Girl Power e Fight Like a Girl: Como a indústria da moda com auxílio do
neoliberalismo economico utilizam o movimento feminista como fonte de
lucro.

Ao contrário do que grande parte da população pensa, nem grandes ícones feministas
estão livres e deixam de contribuir para a perversidade do patriarcado e capitalismo. No
ano de 2016, a coleção Ivy Park, da cantora Beyoncé, lançada em conjunto com a
Adidas, foi acusada de utilizar mão de obra escrava. Dentro das denúncias feitas por
um dos funcionários da fábrica MAS Holdings, terceirizada, que fica no Sri Lanka e é
responsável pela produção das peças, é de que as costureiras ganhavam U$6,71 por
dia. O valor chegava ao salário mínimo da região, mas se faz necessário ressaltar que
o mesmo fazia parte de um coleção esportiva, onde uma legging produzida que tinha
em sua mão de obra o custo inferior a U$7,00 chegava a ser vendida por U$65,00,
fazendo com que o lucro da marca fosse extremamente. Além do baixo custo salarial,
as costureiras, viviam em barracos de madeira e trabalham 60 horas semanais, de
segunda a sábado, com direito a uma pausa diária de somente 30 minutos.

Segundo a cantora, o seu maior objetivo com a marca era fazer com que mais
mulheres fossem empoderadas através da prática do atletismo. No entanto, em uma
matéria feita pela Esquerda Diário, também no ano de 2016, uma trabalhadora dá o
seguinte depoimento: “Quando eles falam sobre mulheres e empoderamento… Isso é
apenas para estrangeiras. Eles querem que as estrangeiras pensem que está tudo
bem”. A empresária não se pronunciou sobre o assunto e na mesma época divulgava
Lemonade, seu álbum em que uma das faixas canta sobre a emancipação negra e o
empoderamento feminino.

"Completamente compatível com a crescente desigualdade, o feminismo liberal terceiriza a


opressão. Permite que mulheres em postos profissionais-gerenciais façam acontecer
precisamente por possibilitar que se apoiem sobre mulheres [...] mal remuneradas a quem
subcontratam [...]. Insensível á classe e à etnia, esse feminismo vincula nossa causa ao elitismo
e ao individualismo. Apresentando o feminismo como movimento "indenpendente", ele nos
associa a políticas que prejudicam a maioria e nos isolam das lutas que se opôem a essas
políticas"
(trechos grifados em amarelo que a Izzy mandou no grupo)
Casos como esse demonstram a linha tênue que há entre as vertentes feministas -
raciais também - liberais, que carregam em seu processo uma emancipação e
libertação individual, e a exploração das minorias - mesmo que isso ocorra por alguém
que faça parte delas.

• Girl Boss, mas não para todas: a exploração de mulheres negras e pobres
na confecção de fast fashions.

"O objetivo delas (das mulheres burguesas) é conquistar as mesmas vantagens, o mesmo poder,
os mesmos direitos dentro da sociedade capitalista que hoje possuem seus maridos, pais e
irmãos. Qual é o objetivo das mulheres trabalhadoras? Seu objetivo é abolir todos os privilégios
derivados de nascimento ou riqueza. Para as mulheres trabalhadoras é indiferente quem é o
"mestre", um homem ou uma mulher. Junto com o todo de sua classe, ela pode facilitar sua
posição enquanto trabalhadora"
Alexandra Kollontai

REFERÊNCIAS
Beyoncé é acusada de exploração e trabalho escravo na produção de sua nova
coleção, Ivy ParK (esquerdadiario.com.br)

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