A CEGUEIRA ANTES DA PERDA DA VISÃO

Na época em que Sansão nasceu, a corrupção e a desobediência imperava entre o povo de

Israel e por isso se tornou escravo dos filisteus por 40 anos. A mãe dele era estéril, uma
desonra para as mulheres da sua época, mas vem um anjo dos céus e lhe anuncia a concepção
de um menino. Sansão é concebido miraculosamente e desde o ventre de sua mãe seria
NAZIREU[1] consagrado ao Senhor e futuro libertador do povo de Israel.

Analisando a vida desse “gigante”, percebemos que até o mais forte dos homens se torna frágil
diante da sedução de uma mulher.

Na letra da música de Zé Ramalho e Otacílio Batista, interpretada pela cantora Amelinha[2], há

um passeio pela História da Humanidade em algo em comum: grandes homens, líderes
conquistadores, heróis de guerra, vencedores de batalhas... foram “derrubados” por uma
mulher. Homens poderosos que seduzidos, renderam-se ao “sexo frágil” e caíram.

Que poder é esse que mesmo o Homem sendo tão "forte" não consegue resistir?

Sansão cresceu com uma educação primorosa vinda dos céus, intermediada pelos pais
orientados pelo mesmo anjo que anunciou seu nascimento. Quando se tornou “dono de seu
nariz”, o homem de força descomunal achou que poderia “se virar sozinho” e resolveu seguir
um dos seus sentidos tão fortes quanto ele – a visão. Os seus olhos o traíram.

Contrariando os pais e desobedecendo as leis do seu povo, casou-se com uma “estranha”
simplesmente porque ela lhe “agradava os olhos”[3]. A amada esposa filisteia não esperou
muito para mostrar quem eram os filhos do povo inimigo; na primeira ocasião, revelou seu
segredo, dando-lhe um belo presente de matrimônio – revelou seus irmãos o enigma que
Sansão lançou por ocasião das bodas[4].

Mas isso passou...

Pouco depois, lá estava Sansão enamorado de outra mulher, formosíssima à sua vista... A
beleza exterior daquela jovem o embriagou e se apaixonou perdidamente. O homem que
derrotara mil valentes com uma queijada de burro[5], caía diante de uma bela dama.

É muito interessante como algumas pessoas ficam abobalhadas e cegas em suas relações;
todos enxergam, menos elas.

O relacionamento de Sansão com Dalila foi assim – ela estava "cego de amor"; na visão dele,
sua relação com ela era mais importante e muito mais “forte” que a força divina de um nazireu
de Deus. Aquele homenzarrão tinha uma fraqueza: uma “queda” pelas mulheres; elas foram a
sua ruína.

Enganado pela esposa, seduzido por uma prostituta e derrotado por Dalila (apenas os casos
citados na Bíblia); assim foi a trajetória desse homem. E na luta contra esta, em particular,
Sansão “pegou o maior quedão!

Por três vezes, ela o persuadiu a contar em que consistia a sua força; ele já havia contado o
segredo a ex-esposa e se "deu mal", mas toda essa experiência não foi suficiente para
entender que se confessasse esse segredo, ela seria capaz de enganá-lo pela quarta vez. Foi o
que aconteceu, novamente a mulher amada insiste em que revele algo e o trai[6].

Quando se está cego de amor, o óbvio se torna pouco provável

Será que temos nos deixado enganar em nossas relações?

Nosso relacionamento com alguém está acima da frequência na igreja; das horas de oração; da
leitura bíblica; da nossa comunhão?

Estamos colocando algo acima de Deus?[7]

Com Sansão foi dessa maneira; e cada vez que Dalila o enganava, ele ria feito um parvo. Eram
brincadeirinhas de amor, coisa comum entre casais! Ela pedia-lhe incessantemente “provas de
amor”.

Mas isso é possível?

As provas de amor são dadas por livre e espontânea vontade. O amor não é estabelecido por
meio de exigências, muito menos de loucuras e exageros, ou será que você é um Cazuza[8]?.

As características do verdadeiro amor é totalmente diferente[9]. O amor é sentido e

compartilhado, não tem sua base em cobranças.

Será que você está dando provas de amor a alguém por insistência dele? Quantas vezes
provou seu "amor" exigiu de você? Tiraram algo precioso de você, não foi? “Mas você não se
enxerga, mesmo!” (é claro que não, está cego!).

Cuidado! Sansão “caiu como patinho” naquela armadilha que só ele mesmo acreditava ser
mais um gracejo entre amantes.

Quando cegou fisicamente, enxergou espiritualmente

Porém, quando lhe vazaram os olhos, Sansão ficou cego fisicamente e passou enxergar
espiritualmente[10], e foi só assim que se recuperou da cegueira sentimental em que se
encontrava.

“Você se acha” também?! É forte o suficiente pra enfrentar a sedução que vem contra você
por amor à sua “cara-metade”; por ela (ou por ele) você faz qualquer coisa, é isso?

Saiba que isso que você está sentindo não é amor, já vimos as características que ele tem. Não
insista! Sansão teve os olhos arrancados e o que arrancaram de você?!

Muitos parecem ter prazer em viver decepados por esses “amores bandidos”.

De qualquer forma, para Sansão era melhor ter os olhos "arrancados" a continuar com eles
pecando[11]. Sua condição de nazireu Deus, o fazia especial, mesmo com suas franquezas...

Você não tem o título de nazireu, mas é um escolhido do Todo-Poderoso e Ele não abandona
aquele a quem escolhe; nós, do contrário, o fazemos com facilidade, por amor a pessoas, a
coisas.
É necessário reconhecer sua pequenez diante das grandes seduções que enfrenta todos os
dias; não tome por base sua "força, pois você não é nenhum He-man para dizer "Eu tenho a
força!", muitos menos evocar os poderes daquele que não tem poder sobre a sua vida.

Também não seja uma “Dalila” na vida de nenhum cego por aí. Não queira saber nada além do
que lhe diz respeito; existem segredos que pertencem ao outro e invadir a privacidade alheia é
crime até mesmo na lei dos Homens. Não use seu poder de sedução para tirar proveito de
situações.

E se você se encontra em uma fase de escuridão, de cegueira sentimental, deixando-se levar

por brincadeirinhas de amor, sem saber até onde pode ir, repense, deixar as coisas de Deus
por capricho da pessoa amada é um erro que pode ser irreparável.

Entenda, no entanto, que nem tudo foi derrota na vida do amante Sansão; por amor ao Pai,
retomou a visão de sua imagem de homem de Deus; por amor ao Pai, ressuscitou para a vida
eterna e morreu para o mundo; por amor ao Pai, entregou seu maior bem, algo mais precioso
que sua visão – sua vida!

Para Dalila, ele entregou sua força; a Deus, entregou sua vida!

E “mais foram os que Sansão matou em sua morte do que em vida”[12].

A vida de Sansão deixou-nos essa grande lição, portanto, se você se encontra em uma situação
semelhante a dele, derrube as colunas desse templo de Dagom que impede sua verdadeira
comunhão com Deus e que possa morrer cego para o mundo, mas com visão para Deus!