FORMAÇÃO MODULAR
CERTIFICADA
UFCD 10373
O Perfil do/a Técnico/a
de Apoio Psicossocial
Área de Formação
762 – Trabalho Social e
Orientação
Ana Bárbara Costa
Março 2021
PERFIL DO/A
UFCD
10373 TÉCNICO/A DE APOIO
PSICOSSOCIAL
PROMOÇÃO E COORDENAÇÃO
SINDICATO DOS PROFISSIONAIS DE SEGUROS DE PORTUGAL
AUTOR
Ana Bárbara Costa
EDIÇÃO E IMPRESSÃO
TIME TO TRAIN
FINANCIAMENTO
POISE – PROGRAMA OPERACIONAL INCLUSÃO SOCIAL E EMPREGO
EIXO PRIORITÁRIO 1 – PROMOVER A SUSTENTABILIDADE E A QUALIDADE NO
EMPREGO
TIPOLOGIA DE OPERAÇÃO 1.08 – FORMAÇÃO MODULAR PARA EMPREGADOS E
DESEMPREGADOS
INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………………...4
Âmbito do manual.............................................................................................................4
CAPÍTULO I – O/A Técnico/a de Apoio Psicossocial……………………………………………
5
1.1.História..........................................................................................................................6
1.2.Evolução__________________________________________________________________8
1.3.Novas perspetivas futuras____________________________________________________12
CAPÍTULO II – O Papel do/a Técnico/a de Apoio Psicossocial…………………………………
15
2.1.Funções e responsabilidades.....................................................................................15
2.2.Modalidades de intervenção......................................................................................27
2.2.1.Área educativa___________________________________________________________27
2.2.2.Área social e comunitária__________________________________________________32
2.2.3.Área da saúde____________________________________________________________35
CAPÍTULO III – O Perfil de Competências do/a Técnico/a de Apoio
Psicossocial…………….40
3.1.Atividades e competências fundamentais................................................................40
3.2.Atitude, postura e comportamento...........................................................................43
3.3.Gestão das emoções....................................................................................................45
3.4.Gestão do Stress profissional....................................................................................48
3.5.Trabalho em equipa multidisciplinar......................................................................53
CONCLUSÃO…………………………………………………………………………………...57
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS…………………………………………………………….58
Âmbito do manual
Objetivos
Designadamente:
Os cursos profissionais de animador social/técnico psicossocial, criados
pelas Portarias n.os 237/92, de 24 de Março, e 531/95, de 2 de Junho,
Os cursos de animador social/técnico psicossocial, criados pela Portaria
n.º 693/93, de 22 de Julho,
O curso de animador sociocultural/técnico de reinserção, criado pela
Portaria n.º 531/95, de 2 de Junho.
Mais tarde, em 2006, no âmbito da reorganização dos cursos profissionais, foi criado o
primeiro Curso profissional de Técnico/a de apoio psicossocial, visando a saída profissional de
técnico de apoio psicossocial.
1.2.Evolução
A definição de trabalho social, que tem resistido ao longo dos tempos, é a do Conselho da
Europa e data de 1967:
O serviço social é uma atividade profissional específica que tem, como finalidade,
favorecer uma melhor adaptação recíproca das pessoas, das famílias, dos grupos e do meio
social em que vivem, bem como desenvolver o sentimento de dignidade e de
Ao imergir nas diferentes definições do trabalho social, podemos destacar a seguinte ideia
geral: o trabalho social visa favorecer o bem-estar, a autonomia e a participação social dos
utentes numa perspetiva de liberdade, de igualdade e de respeito pelos direitos humanos.
A primeira das suas incumbências foi a participação no grupo de trabalho que elaborou a
proposta de diploma legal que regulamenta o regime de acesso e o exercício da profissão de
Assistente Social.
As crescentes taxas de desemprego na profissão são cada vez mais referenciadas e muitos
dos dados estatísticos apresentados aparentam uma crescente precarização da profissão.
Neste âmbito, a criação de profissões de nível intermédio pode garantir uma maior
empregabilidade do que as de nível superior, reforçando o compromisso com uma abordagem
plural e interdisciplinar.
Alguns dos fatores a ter em consideração para o exercício Profissional na área social, de
acordo com as atuais tendências da sociedade:
Utilização das novas metodologias de intervenção;
Investimento na participação social como meio de, por assim dizer,
democratizar a democracia.
Inovação dos processos de trabalho, deslocalizando-os do gabinete para o
terreno.
Proximidade como meio de criar sustentabilidade à ação.
Diferenciação entre o exercício da intervenção de cariz terapêutico, a
intervenção pedagógica e a intervenção sustentável.
Descentração da atenção dos profissionais do problema social em si
próprio para a intervenção sobre contextos, projetos de vida e qualidade de vida.
Compromisso com a defesa dos Direitos Humanos.
2.1.Funções e responsabilidades
Intervenções diretas
1) Acolher-Apoiar-Acompanhar
O acolhimento
A clarificação
O suporte
2) Informar-Orientar-Educar
A informação
A orientação
O acesso aos direitos
A assistência material
A educação
3) Persuadir-Influenciar
O conselho
A confrontação
A persuasão
Intervenções indiretas
São problemas de funcionamento social aqueles que afetam a vida da pessoa na sua
relação com a realidade exterior, aos diferentes níveis da sua vida pessoal, familiar ou social
A capacidade de compreensão
Refere-se à atitude de respeito pelo cliente na recolha de informações
sobre a sua situação de vida,
O compromisso
Entrar em relação implica assumir responsabilidades em relação à
estratégia definida em função dos objetivos dessa interação,
A aceitação e expectativa
Referem-se à atitude ativa de aceitar no sentido de receber como adequado
ou satisfatório, de encarar como verdadeiro, de acreditar, de receber o que o outro dá.
Significa acreditar e respeitar a capacidade dos outros, encarar os seus comportamentos e
atitudes como tentativas e esforços para lidar com as situações,
A Empatia
É a atitude de compreender os sentimentos dos outros, no sentido de
perceber como eles sentem. Não é, no entanto, identificar-se com eles, no sentido em que
passaria a sofrer com eles,
A autoridade
A congruência
Refere-se à verdade e honestidade do profissional que se manifesta na
consistência daquilo que diz e faz ao longo do tempo em relação ao utente.
Isto significa que, se o primeiro tem de dar provas de que aceita o grupo e cada um dos
seus elementos, estes têm de aprender a respeitá-lo como seu aliado mas com direito à diferença
de opiniões e condutas.
O acolhimento
O acolhimento é a interação subjacente e/ou suporte de qualquer intervenção, sustentada
no contacto interpessoal, que visa a possibilidade de o Utente se vir a sentir como fazendo parte
da equipa terapêutica, ocupe o seu direito de centralidade na mesma e atue como seu
protagonista.
Cada acolhimento é um ato singular, uma situação/momento único entre duas (ou mais)
Pessoas, num contexto específico.
Se o Utente utiliza a Unidade Local pela primeira vez, facilitar-lhe a integração através
da:
Apresentação individual recíproca;
Apresentação do espaço e, eventualmente, dos espaços que poderá vir a
utilizar para os processos subsequentes.
Para além de favorecer a integração do Utente nos serviços da Unidade Local (UL) e no
respetivo projeto/processo terapêutico, a boa prática de Acolhimento é um princípio inerente à
qualidade dos cuidados prestados por qualquer organização de saúde.
A relação de ajuda
A Relação de Ajuda (RA) constitui a componente central, a essência e o suporte do
cuidado ao utente.
Autoconhecimento
O estabelecer de uma RA exige que a Pessoa que ajuda assuma a busca do
equilíbrio consigo própria, o que pressupõe o desenvolvimento do conhecimento das suas
características pessoais, da sua forma de estar e de se relacionar, a fim de tornar
conscientes e geríveis os seus recursos (potencialidades e vulnerabilidades) e a sua forma
de interagir.
O contrato
O contrato entre o trabalhador social e o utente estipula o acordo feito quanto aos
objetivos a atingir, quanto à formulação das expectativas recíprocas assim como,
quanto ao tempo, lugar e frequência dos encontros.
Trata-se, pois, de uma formalização precisa e explícita do que vai ser empreendido em
conjunto, a formulação de um acordo comum.
2.2.1.Área educativa
Qualquer intervenção sobre este tipo de problemas deve ser precedida de um diagnóstico
precoce e personalizado, para o que é indispensável uma parceria sólida entre escola e
comunidade envolvente, com os objetivos de visar o desenvolvimento pessoal e social de todos
os protagonistas e a criar uma rede social que os apoie nesse processo.
É neste contexto que a intervenção psicossocial, de carácter comunitário, pode ter (e tem
tido) um significativo papel socioeducativo como instrumento de educação intercultural e, num
sentido mais amplo, de educação para o desenvolvimento e todos os agentes no processo
educativo.
Por isso, a criação de um sistema de cuidados dentro desses espaços pode ajudar a
garantir que as crianças recebem a atenção e o apoio adequados.
Isto torna os espaços de aprendizagem cenários únicos para o apoio a crianças – ainda
mais se tivermos em conta que a maior parte dos problemas de saúde mental e psicossociais
podem ser prevenidos ou detetados precocemente, em idades mais jovens, e se esses problemas
forem tratados o mais cedo possível, podem-se minimizar consequências negativas futuras na
educação, no emprego e na família.
Sugere-se uma abordagem que possa promover o bem-estar social e emocional das
crianças, centrando-se:
a) No ambiente da sala de aula e da escola,
b) No ensino da pedagogia e no apoio aos funcionários da escola e
c) No desenvolvimento de competências dos alunos,
Ligações pessoais
Identificar professores/as que tenham a capacidade de estabelecer relações
de cuidadores/as para com as crianças.
Proporcionar oportunidades de integração social e unidade, ensinando e
mostrando respeito por todos os valores culturais, independentemente das diferentes
origens. Estimulação Intelectual
Contribuir para o desenvolvimento da criança, disponibilizando um
conjunto de diferentes experiências educativas.
Estimulação física
Incentivar a participação em atividades recreativas e criativas, quer
tradicionais, quer inovadoras, através de jogos, desporto, música, dança, etc.
Sentir-se valorizado/a
Criar oportunidades de expressão através de discussões individuais e em
grupo, desenho, escrita, drama, música, entre outras, que promovam o orgulho em si
próprio e a autoconfiança.
Reconhecer, incentivar e elogiar as crianças.
É possível iniciar um processo, que não deixa de ser terapêutico, no qual são discutidas as
razões do acolhimento e os sentimentos que desperta na criança/jovem o que, por sua vez,
potenciará o início de uma relação de empatia.
Nesta última têm um papel fundamental os técnicos, que se devem constituir como um
porto de abrigo para os jovens, com quem devem tentar estabelecer um vínculo, que se pretende
afetivo.
Trata-se de um projeto com sentido de e para a vida, cuja finalidade é aprender a viver,
aprender a conviver e aprender a descobrir os valores em si próprio e nos outros.
Cada vez mais se verifica uma maior organização e mobilização das comunidades em
tornos dos seus próprios problemas e necessidades, com base nas suas potencialidades e
recursos.
Uma realidade que conduz à exclusão social das populações mais vulneráveis.
A intervenção comunitária preconiza uma ação no interior dos territórios, exigindo que as
comunidades e as instituições públicas ou privadas locais sejam participantes ativas, com a
finalidade de mais eficazmente se alcançar os objetivos de uma dada intervenção.
Nos últimos anos tem-se observado uma alteração nos padrões do trabalho comunitário,
que vão no sentido de não limitar a intervenção à prestação de serviços, mas sim de a promover,
também, ao nível da mobilização e capacitação das comunidades locais.
Seja qual for o grupo social envolvido, a estratégia de intervenção passa por dois
processos:
Pelo empoderamento do sistema-utente, visando dotá-lo de uma força
interna que lhe permita uma autonomia progressivamente maior na resolução dos seus
problemas e a consequente inclusão social;
Pela advocacia, por parte do sistema-interventor, assumindo deste modo o
papel de instrumento de luta pelos Direitos Humanos da população excluída.
Orientação para estruturas da comunidade – para além dos outros organismos e serviços
junto dos quais os assuntos da pessoa-utente têm implicações, a intervenção psicossocial entre
em linha de conta, na sua estratégia, com as estruturas formais e informais da comunidade que,
pelas suas funções de suporte social, podem beneficiar a pessoa-utente.
Alguns dos programas atrás referidos podem ser desenvolvidos nos Centros de Saúde que
constituem instrumentos fundamentais da organização e do desenvolvimento das comunidades
locais.
São exemplos de ações em que tal tem sido observado, diversas campanhas de vacinação
em massa, programas de apoio a grávidas em geral e a certos grupos de risco (mães demasiado
novas ou demasiado velhas), ações de educação para a saúde e programas de prevenção de
epidemias.
O sucesso da Educação para a saúde (EPS) é fortemente condicionado pelo modo como o
técnico se posiciona, sendo fundamental que este:
Assumir o papel de facilitador / mediador;
Criar um ambiente de bem-estar;
Estimular no Utente o exercício de reflexão e a tomada de decisão, baseada
em conhecimentos científicos sobre os aspetos positivos e negativos que interferem na
saúde – visando a sua autonomia;
Validar com o Utente a informação por este percebida e utilizada.
Para além das competências técnicas e relacionais, o técnico terá ainda de mobilizar
competências multiculturais, dados os fortes condicionalismos que a esfera sociocultural
(valores, atitudes, habitus, crenças e/ou mitos) desempenha no domínio dos comportamentos de
saúde/doença.
O planeamento terá de ser estar sempre presente, pelo menos na mente do técnico
interventor em EPS.
Ter presente que EPS não visa apenas a transmissão de informação, mas a mudança
comportamental.
Podemos começar por enumerar os potenciais alvos de mudança que podem interferir
positivamente na situação e os factores causais que dão forma aos comportamentos relacionados
com a saúde.
4.º Sobre a intervenção apenas relembrar que, em função da evolução de cada ação ou
processo educativo, pode ser necessário alterar a ordem prevista para cada um dos itens a
abordar e/ou reformular a mensagem de modo a garantir, não só o envolvimento do Utente, mas
toda a eficácia das ações.
5.º Avaliação. Trata-se, sem dúvida, da etapa mais problemática, não só por motivos
culturais (do avaliador), mas também porque nem sempre se pode evidenciar clara e
distintamente a relação entre as intervenções e os resultados e impactos. Apesar destes
constrangimentos, a avaliação não pode ser descurada.
Conhecimentos
Conhecimentos de:
Ética e Deontologia profissional.
Deficiência.
Transtorno do Espetro do Autismo.
Multideficiência.
Perturbações relacionadas com abuso e negligência.
Controlo dos impulsos e do comportamento.
Rede de respostas sociais.
Populações vulneráveis.
Exclusão social e minorias étnicas.
Estimulação e Reabilitação cognitiva.
Funções Cognitivas.
Formas de trabalhar a motricidade fina e global.
Pode ser difícil controlar emoções negativas quando o profissional interage com um pai
ou mãe que maltrata uma criança, quando acolhe um sem-abrigo cujo odor é verdadeiramente
insuportável, ou quando precisa de se confrontar com jovens que agridem verbalmente os adultos
com quem se relacionam.
O amplo interesse das organizações pela Inteligência Emocional pode estar relacionado
com a suposição de que as pessoas com melhor gestão das suas próprias emoções são,
possivelmente, as mais bem-sucedidas.
Por sua vez, a inteligência emocional grupal, é um fenómeno que ocorre ao nível dos
grupos, que permite ao grupo utilizar os seus processos sinérgicos de forma a se tornarem um
coletivo o mais emocionalmente inteligente, podendo este processo aumentar a performance e
outputs do grupo.
Assim pode ser possível que os grupos desenvolvam uma inteligência emocional coletiva
durante a interação com outros membros do grupo.
Para além disso, a média ao nível da inteligência emocional numa equipa é influenciada
pelo estilo de resolução de conflito; equipas com altos níveis de inteligência emocional preferem
estratégias de resolução de conflito colaborativas, enquanto equipas com baixos níveis de
inteligência emocional preferem estratégias de evitamento.
Os riscos psicossociais relacionados com o trabalho são definidos como “todos os aspetos
relativos ao desempenho do trabalho, assim como à organização e gestão e aos seus contextos
sociais e ambientais, que têm o potencial de causar danos de tipo físico, social ou psicológico.
O stresse relacionado com o trabalho é a resposta que as pessoas podem ter quando
apresentadas a exigências e pressões do trabalho que não são compatíveis com os seus
conhecimentos e habilidades e que desafiam a sua capacidade de coping.
Outra questão que também tem ganho prevalência como um resultado da exposição a um
ambiente psicossocial pobre e da experiência de stresse excessivo relacionado ao trabalho é o
burnout, definido como um estado de exaustão física, emocional e mental, que resulta de um
envolvimento de longo-prazo em situações de trabalho emocionalmente exigentes.
Saber o que fazer, ter as funções bem definidas, assim como adotar práticas de bem-estar
são passos excelentes para o cuidador se proteger do stresse da função.
É por esta razão que o apoio providenciado por colegas é tão importante, principalmente
em trabalhos exigentes.
Estar disponível
Se for solicitado para prestar suporte, tentar estar disponível. Apesar de
nem todos quererem falar, as pessoas que passaram por uma experiência stressante
geralmente gostam de saber que alguém está lá para eles. Estar disponível, sem ser
intrusivo.
Providenciar informação
Proporcionar à pessoa informações precisas e reais – por forma a ajudar a
colocar a situação em perspetiva, dum modo mais objetivo e controlável.
Manter a confidencialidade
A confidencialidade é uma pedra angular de todo o apoio dos pares –
revelando-se essencial para a integridade de todo o processo. Não compartilhar a história
do seu colega com os outros ou fornecer detalhes sobre eles para terceiros.
Providenciar follow-up
Pode ser adequado disponibilizar-se para fazer follow-up à pessoa que está
a ajudar, através de um telefonema ou de uma conversa, em presença. Ser discreto e não-
intrusivo no follow-up. Não avançar com quaisquer promessas para se manter em
contacto.
O suporte social está fortemente relacionado com o conceito de stress. O suporte social
contribui para o ajustamento positivo e para o desenvolvimento pessoal da pessoa, permitindo
combater os efeitos de stress.
Os sujeitos que recebem mais suporte social deviam apresentar maior bem-estar e valores
de stress mais baixos do que os sujeitos que recebem menor suporte social, e que a relação entre
a maior quantidade de apoio e stress poderia emergir da maior necessidade de suporte social,
fazendo assim, com que surja o maior apoio.
A Equipa multidisciplinar deve ser composta por profissionais de diversas áreas, com
formações académicas diferentes, e que trabalham em prol de um único objetivo. Esta equipa
permite uma ação unificada decorrente de ângulos diferentes do saber.
Ao contrário da visão isolada de cada um dos seus representantes, que possuem um olhar
para o problema baseado exclusivamente na sua experiência, a equipa multidisciplinar permite
dotar os seus elementos de estratégias com as quais podem construir uma resposta mais
integradora à situação em questão.
O trabalho em equipa eficiente exige certas competências que devem ser constantemente
desenvolvidas, tais como “o aprender a viver junto, a viver com os outros, a conviver, aprender a
questionar o próprio conhecimento, aprender a aprender com o outro. Implica, em última
instância, em trabalhar o autoconhecimento e a autoestima.
Trabalhar em colaboração com profissionais de outras áreas, que têm diferentes pontos de
vista, é um desafio que, mais do que competência técnica, requer interações eficazes, perícia
dentro da equipa, competências específicas de colaboração como a capacidade para comunicar
O respeito de cada um, o lugar que cada pessoa ocupa no grupo, a tolerância e o
reconhecimento do valor do outro são indispensáveis para um funcionamento satisfatório da
equipa.
As discussões de equipa em torno destas situações são úteis para criar uma ética e
uma cultura de intervenção. Podem também alargar-se a programas coletivos de
intervenção (por exemplo, para treino de uma atividade, para trabalho de acompanhamento de
tarefas quotidianas, etc.).
A principal tarefa do líder da equipa consiste em criar um contexto que permita que cada
ator se torne numa «agência individual» e que os seus conhecimentos e as suas competências
sejam colocados em rede, de forma a produzirem mais-valias para toda a equipa.
O/a técnico/a de Apoio Psicossocial não deverá ter a pretensão de substituir outras áreas
de especialidade (psicologia, sociologia, pedagogia, medicina ou enfermagem, entre outras), nem
assumir sozinho a responsabilidade de situações que não estão ao alcance da sua formação. É seu
dever colaborar sempre com os/as técnicos/as das áreas exigidas pela situação de intervenção,
fazendo o encaminhamento das situações que saem do seu âmbito de ação.
Esta necessidade torna-se evidente quando se tem em conta as diversa áreas de
intervenção deste/a técnico/a, sendo que estas são tão diversas que de fato não era possível
formar um/a técnico/a tão polivalente e ao mesmo tempo tão espacializado.
Banks, Sarah, Ética prática para as profissões do trabalho social, Ed. Porto Editora, 2008
ONU, Direitos Humanos e Serviço Social: Manual para Escolas e Profissionais de Serviço
Social, Série Formação Profissional, nº 1, 1999
Robertis, Cristina, Metodologia da intervenção em trabalho social, Ed. Porto Editora, 2011
Weber, Philipe, Dinâmicas e Práticas do Trabalhador Social, Ed. Porto Editora, 2010