Contemporânea sobre o
Livro Didático de História
ISBN: 978-85-8148-210-1
CDD: 901
IMPRESSO NO BRASIL
PRINTED IN BRAZIL
Foi feito Depósito Legal
Apresentação..................................................................................................7
Introdução
Paisagens da pesquisa contemporânea sobre o livro didático de história..........9
Maria Carolina Bovério Galzerani
Parte I
O lugar da pesquisa hoje:
o estado da arte, memórias e histórias
Capítulo 1
Livro didático e história do ensino de história: caminhos de pesquisa...........19
Arlette Medeiros Gasparello
Capítulo 2
O que sabemos (e o que não sabemos) sobre o livro didático de história:
estado do conhecimento, tendências e perspectivas.......................................35
Flávia Eloisa Caimi
Capítulo 3
Livros didáticos: cenários de pesquisa e práticas de ensino no Brasil.............53
Maria Carolina Bovério Galzerani
Parte II
Contemplando práticas de leitura
e usos dos livros didáticos
Capítulo 4
Memórias discentes, livros didáticos e culturas escolares..............................79
Maria Angela Borges Salvadori
Capítulo 5
A apropriação docente dos livros didáticos de história:
entre prescrições curriculares, saberes e práticas docentes............................99
Aléxia Pádua Franco; Ernesta Zamboni
Capítulo 6
Os usos do livro didático de história: entre táticas e prescrições..................127
Araci Rodrigues Coelho
Capítulo 7
Uma experiência de pesquisa: uso do livro didático e práticas
de leituras no ensino de história na rede pública municipal da
cidade de São Paulo.....................................................................................151
Helenice Ciampi
Capítulo 8
Livro didático de história lido em sala de aula:
uma prática de leitura dentre outras possíveis.............................................181
Lana Mara de Castro Siman; Luísa Teixeira Andrade
Capítulo 9
Livros didáticos de história para o ensino médio e as orientações
oficiais: processos de recontextualização e didatização................................209
Ana Maria Monteiro
Capítulo 10
Relações entre material didático e ensino de ciências humanas
e sociais no primário: um olhar sobre as práticas docentes de
futuros professores......................................................................................227
Anderson Araújo-Oliveira
Parte iii
Outros cenários de pesquisa
I – Linguagens iconográficas
Capítulo 11
Imagens em livros didáticos de história: elementos para
uma análise das relações imagem/texto/historiografia.................................247
Ana Heloísa Molina
Capítulo 12
Propostas de leitura das imagens visuais em livros
didáticos de história: uma incursão possível................................................267
João Batista Gonçalves Bueno; Maria Carolina Bovério Galzerani
Ii – Conteúdos temáticos
Capítulo 13
Os povos originários na literatura escolar:
possibilidades de um discurso intercultural.................................................287
Maria Aparecida Bergamaschi; Ernesta Zamboni
Capítulo 14
Educar para a memória e o patrimônio:
possibilidades expressas no livro didático
“Santa Catarina”– interagindo com a história...............................................307
Elison Antonio Paim
Capítulo 15
A construção de uma sociedade de direitos:
história, livro didático e cinema...................................................................327
Décio Gatti Júnior
Capítulo 17
Livros na batalha de ideias: a sedução da verdade no
debate público em torno dos livros didáticos de história..............................373
Sonia Regina Miranda; Yara Cristina Alvim
Os autores..................................................................................................399
Apresentação
O fascínio de uma coleção está nesse tanto
que revela e nesse tanto que esconde do im-
pulso secreto que levou a criá-la.
(Ítalo Calvino)
Ao ler a coleção de textos que formam este livro que tenho prazer de apre-
sentar, lembrei-me do livro de Ítalo Calvino, Coleções de areia, em que o autor
nos conduz/seduz por intrigantes/fascinantes coleções/exposições. As cole-
ções/exposições se transformam, na descrição de Calvino, em verdadeiras pas-
sagens que enredam o leitor, transformando-o num transeunte, num flaneur ou
num paisagista ávido por ver, ouvir, cheirar e contar novas paisagens.
Não é outro o poder de sedução das paisagens sobre os livros didáticos or-
ganizadas na forma de livro pela incansável Maria Carolina Bovério Galzerani,
por Arnaldo Pinto Júnior e por João Batista Gonçalves Bueno. Este livro, no
imenso território dos estudos sobre os livros didáticos, demarca uma mirada
sobre os livros didáticos de história. Os três panoramas paisagísticos sugeridos
pelos organizadores são os pousos de uma viagem que, como entroncamentos,
articulam caminhos possíveis a serem percorridos pela leitura dos capítulos.
Os diversos capítulos do livro revelam que o livro didático de histórica, objeto
escolar tão longevo quanto instável, não cessa de revelar-se também objeto con-
troverso, multifacetado e disputado. Está no interior da escola, na sala de aula. Aí,
está sujeito a apropriações das mais diversas. Nunca se pode dizer, com certeza,
qual é seu lugar neste território. Às vezes, ocupa o centro da cena; às vezes, é sor-
rateiramente arrastado para o fundo do palco. Mas sua presença é inquestionável.
Antes e depois de chegar à escola, sua presença, demonstram os estudos, se
espraia pelo conjunto do tecido social. Da sala de aula ao espaço público produ-
zido/ocupado pela “grande” imprensa, o livro didático é tão amado quanto odia-
do. É um grande negócio! Atravessa de alto a baixo as políticas públicas para a
educação! É objeto de disputa nos territórios da memória e da história nacionais!
Se os diversos capítulos são reveladores da imensa possibilidade de estu-
dos de um mesmo objeto de pesquisa quando interrogado com criatividade e
pertinência a partir de pontos de vista distintos, eles também se revelam. Se
revelam na constituição de uma certa tradição de leitura ou, se preferirmos, de
uma comunidade de leitores. Tal comunidade, revelada, dentre outros aspectos,
por um léxico comum e por autores partilhados, por exemplo, não se rende,
entretanto, ao lugar comum das constatações fáceis e generalizantes. São textos
instigantes, inquietos, desestabilizantes até.
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MARIA CAROLINA BOVÉRIO GALZERANI - JOÃO BATISTA GONÇALVES BUENO - ARNALDO PINTO JÚNIOR (orgs.)
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Introdução
PAISAGENS DA PESQUISA
CONTEMPORÂNEA SOBRE O LIVRO
DIDÁTICO DE HISTÓRIA
Maria Carolina Bovério Galzerani
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MARIA CAROLINA BOVÉRIO GALZERANI - JOÃO BATISTA GONÇALVES BUENO - ARNALDO PINTO JÚNIOR (orgs.)
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MARIA CAROLINA BOVÉRIO GALZERANI - JOÃO BATISTA GONÇALVES BUENO - ARNALDO PINTO JÚNIOR (orgs.)
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PAISAGENS DA PESQUISA CONTEMPORÂNEA SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA
blica de Livros Didáticos”. São alguns desses aspectos que o texto em tela pro-
blematiza, tomando por referencial o lugar das obras didáticas de História na
construção de um saber histórico escolar (Margarida Maria Dias de Oliveira).
A segunda e última pesquisa panoramática desta coletânea tem como objetivo
discutir, com base em uma reflexão no campo da epistemologia da História, os
efeitos sociais e políticos do debate público que se trava, frequentemente, na
grande imprensa nacional a respeito do Livro Didático de História. Busca-se
demonstrar como a construção de narrativas, socialmente compartilhadas, em
torno de uma ideia de verdade provoca compreensões difusas, acerca da valida-
ção dos livros didáticos de História disponíveis no mercado editorial, bem como
sobre a legitimação dos processos públicos de avaliação de obras didáticas, com
ênfase para o Programa Nacional do Livro Didático – (PNLD) (Sonia Regina
Miranda, Yara Cristina Alvim).
Enfatizamos, ainda, que o que a coletânea “Paisagens das pesquisas con-
temporâneas sobre o livro didático de História” procura ser é um novo modo
de olhar, uma exploração às terras destas investigações, em busca de inspi-
rações para a produção de conhecimentos educacionais, comprometidos com
uma visão da educação entendida como “forma de renovar um mundo comum”
(ARENDT, 1992, p.217).
Importa aqui registrar que a imagem paisagem, aqui impressa, diz respeito
a uma percepção transformadora, ou seja, a um enquadramento visual, produ-
zido a partir de uma bagagem cultural sobre um determinado espaço –no nosso
caso, as pesquisas acadêmicas – e, ao mesmo tempo, produtor de cultura. Pai-
sagem, como obra da mente, que se compõe “tanto de camadas de lembranças
quanto de estratos de rochas” (SCHAMA, 1995, p.16-17).
Deixemos, pois, para o leitor o desafio de adentrar as paisagens culturais des-
ta coletânea, para produzir suas próprias “operações de caça”, no ato da leitura
(CERTEAU, 1994). Afinal, concordamos, também, com Alain Corbin no sentido
de que “as paisagens são indissociáveis dos indivíduos que as contemplam”.
Ou, ainda melhor, acreditando com Mia Couto (1991) que “os homens
nasceram para desobedecer aos mapas e desinventar bússolas”, uma vez que
seus “sonhos vão à frente de seus passos”, o convite que aqui fica ao leitor é
para que percorra as terras das pesquisas sobre os livros didáticos, agindo sobre
elas, “desordenando as paisagens”, modificando-as. Isto de modo a configurar
novas paisagens, produzir ressignificações, fortalecer-se como produtor de co-
nhecimentos, nesta importante área de pesquisa/ensino, campo de investiga-
ções em constante desenvolvimento.
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