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O aparecimento da Antropologia como ciência é bastante recente. Remonta ao século XIX. Todavia, os
usos e costumes dos povos, suscitaram desde sempre a curiosidade e o interesse, a ponto de inspirarem
aos homens extraordinárias descobertas. O desejo de conhecer os outros uniu-se também a ideias
religiosas, as conquistas e ao comércio, mas os preconceitos e a incompreensão suscitada pela dúvida de
que os habitantes dos novos continentes fossem verdadeiramente homens e pela suspeita de que na sua
alma prevalecesse apenas a barbárie e crueldade tornaram sempre extremamente difícil as relações.
A fase da Comparação Iluminista é caracterizada pela busca de uma explicação da cultura europeia
em confronto com a cultura dos povos ditos selvagens. Os costumes dos povos novos, “descobertos” em
grande parte pelos europeus, foram comparados aos costumes dos povos bíblicos e clássicos, para se
extraírem deduções sobre a natureza do homem e sobre o significado das leis sociais. Na discussão sobre
a sociedade, como forma natural da vida humana surgiu a concepção de existência do homem natural, do
selvagem bom.
Depois do período iluminista, a cultura europeia estende-se às populações de todos os continentes. É o
período da sistematização e da afirmação das matérias antropológicas como disciplinas de estudo,
fazendo com que as sociedades antropológicas e de etnologia nascessem nas principais nações europeias
como expressão significativa dos novos desígnios científicos e sistemáticos. A problemática das origens
da vida, dos seres e da cultura caracteriza esta fase.
Entre 1820-1903, Herbert Spencer, formula o conceito de progresso, observando que o mais simples e
o mais pobre é sempre mais antigo que o mais complexo e o mais rico, constituindo assim a lei
fundamental de desenvolvimento, a qual se realiza a partir do mais simples para o mais complexo, do
mais baixo para o mais alto, do homogéneo para o heterogéneo. Spencer concluiu que todos os seres
vivos da natureza surgiram como organismos, e mesmo o homem, como os animais, é um organismo
natural; todavia, diferentemente dos animais, desenvolve uma actividade intelectual, cultural e social
acima dos organismos naturais.
O livro de Charles Darwin, intitulado, The Origin of Species by Means of Natural Selection, publicado
em 1859, teve um sucesso extraordinário. Segundo a opinião comum dos naturalistas da época, as
múltiplas espécies tinham sido criadas separadamente. Darwin pelo contrário, sustentou e demonstrou
que derivavam de um único impulso de vida, mediante modificações orgânicas causadas pela adaptação
ao ambiente em correspondência com o género de vida de cada ser. Nem todos os indivíduos, mas
apenas os mais fortes, resistiram ao esforço de adaptação, isto é, a própria natureza agia no sentido de
seleccionar os seres e tornava possível o desenvolvimento de novas espécies. Por outras palavras, os
seres vivos tinham evoluído até chegarem a especializações sempre mais complexas e aperfeiçoadas.
Assim, a Antropologia estudando as múltiplas variantes da cultura, encontrou sentido e orientação no
modelo darwiano, inserindo-se como disciplina autónoma, no quadro das ciências do homem. É a partir
destes pressupostos que nasce e se difunde o conceito “primitivo” em lugar do homem natural ou
selvagem da fase iluminista. Em geral, os povos que não possuíssem a técnica da escrita eram
considerados de culturas primitivas.
De entre as obras alemãs do século XIX, destaca-se a de J. J. Bachoffen (1815-1887) que pela primeira
vez introduziu o problema do matriarcado e da descendência matrilinear como o primeiro estágio da
cultura. Segundo Bachoffen, a sociedade humana teria começado por um estágio de promiscuidade
primitiva, no qual não existia qualquer organização, nem sexual nem social; o pai não era conhecido,
mas apenas a mãe, fisicamente ligada aos filhos. Nesta situação, a mulher que foi também a primeira
inventora da cultivação, torna-se proprietária da terra ficando à cabeça da primeira organização social, a
“família”. A descendência e a hereditariedade foram assim definidas segundo a linha materna. Deste
primeiro estágio da cultura humana, só lentamente se teria passado, depois, aos estágios sucessivos do
patriarcado e da descendência patrilinear.
Exercícios de Aplicação
1. No desenvolvimento Histórico da Ciência Antropologia, destinguem-se tres fases: a fase da
curiosidade ou do exotismo; a fase da comparação iluminista e a fase de análise
evolucionista. Indique as caracteristicas da segunda fase.
2. O que entendes pelo termo etnocentrismo?
3. Que impactos teve o livro de Charles Darwin, intitulado, The Origin of Species by Means of
Natural Selection?
4. Que contributo teve a obras alemãso J. J. Bachoffen (1815-1887), na evoluçao da Antropologia?
Bibliografia
CASAL, Adolfo Yáñez. Para uma epistemologia do discurso e da prática antropológica.
Lisboa, Cosmos, 1996, pp. 11-19.
COPANS, Jean. Antropologia ciência das sociedades primitivas? Lisboa, Edições 70, 1999,
pp.9-31.