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Sumário

Introdução...................................................................................................................................1
1.Capitulo I:................................................................................................................................2
Caracterização do Objecto de Estudo.........................................................................................2
1.1. Decrição e delimitação do tema.......................................................................................2
2.CAPITULO II:.........................................................................................................................3
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................................3
2.1. Definição e Classificação as Técnicas de Demolição..........................................................3
2.1.1. TÉCNICAS COM RECURSO A EQUIPAMENTO MECÂNICO.................................5
2.1.2. Demolições por embate, empuxe, tracção ou escavação..................................................5
2.1.3.Ferramentas manuais.........................................................................................................5
2.1.4. Martelos pneumáticos, hidráulicos e eléctricos................................................................6
2.1.5. Demolições por impacto...................................................................................................8
Bola de Grande Massa (Ariete)...................................................................................................8
Pilão..........................................................................................................................................10
2.1.6. Demolições com retro-escavadoras, giratórias ou pá de arrasto e acessórios.................11
2.1.7. Demolições por tracção de cabos....................................................................................15
2.1.8. Demolições por derrube ou afundamento.......................................................................16
2.1.9.Demolições por rebentamento interior.............................................................................16
2.1.10.Cavilhas mecânicas........................................................................................................16
2.1.11.Quebrador de cunhas (“Darda”).....................................................................................17
2.1.12. Quebrador de pistões.....................................................................................................19
2.1.13. Macacos Planos.............................................................................................................19
2.1.14. Demolições por esmagamento pelo exterior.................................................................20
2.2. PROCESSOS TÉRMICOS................................................................................................21
2.2.1.Lança térmica...................................................................................................................21
2.2.1.1. A oxigénio....................................................................................................................21
2.2.1.2. A Pólvora.....................................................................................................................23
2.2.1.3. Maçarico......................................................................................................................23
2.2.1.4. A pólvora.....................................................................................................................23
2.3. USO CONTROLADO MEIOS DE EXPLOSIVOS..........................................................25
2.3.1. Mecanismo tipo telescópio.............................................................................................26
2.3.1.2. Mecanismo tipo derrube..............................................................................................27
2.3.1.3. Mecanismo tipo implosão............................................................................................27
2.3.1.4. Mecanismo tipo colapso sequencial.............................................................................28
2.3.2. Micro-explosão...............................................................................................................28

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2.3.2.1. Expansão......................................................................................................................29
2.3.2.2. Expansão lenta com gás...............................................................................................29
2.4.3.2. Expansão súbita com gás.............................................................................................30
2.4.3.3. Expansão com cal viva.................................................................................................31
2.4.3.4. Expansão química........................................................................................................31
2.4. PROCESSOS ABRASIVOS.............................................................................................32
2.4.1. Corte diamantado............................................................................................................32
2.4.1.1. Serra com disco............................................................................................................32
2.4.1.2. Serra com fio................................................................................................................34
2.4.2. Corte com carborundo.....................................................................................................36
2.4.3. Jacto de água (hidrodemolição)......................................................................................36
2.5. SELECÇÃO DOS MÉTODOS A ADOPTAR..................................................................37
2.5.1.Tecnicas mais adequadas.................................................................................................38
2.5.1.2. Em função do tipo de construção.................................................................................38
2.5.1.3. Em função de uma caracterização técnico-económica................................................39
2.5.1.4. Em função do seu desempenho pseudo-quantitativo..................................................40
2.5.2. Em função da análise da sua adequabilidade..................................................................41
2.6. MEDIDAS PREPARATÓRIAS........................................................................................42
2.6.1. Escolha do Empreiteiro...................................................................................................42
2.6.2Avaliação da Situação Estutural.......................................................................................42
2.6.3. Licenças a Obter.............................................................................................................43
2.6.4. Corte de Serviços............................................................................................................43
2.6.5. Montagem de Equipamento/ Estaleiro............................................................................44
2.6.6. ESTRUTURA DE CONTENÇÃO DE FACHADA......................................................44
2.7. Sequência de Demolição Elemento a Elemento................................................................45
2.7.1.Demolição de edifícios de alvenaria tradicional..............................................................46
2.7.2.Demolição de edifícios de betão armado ou pré-esforçado.............................................47
2.7.3. Lajes................................................................................................................................48
2.7.4. Vigas...............................................................................................................................50
2.7.5. Pilares e Paredes.............................................................................................................51
2.8. Condições de segurança.....................................................................................................51
2.8.1. Antes da demolição.........................................................................................................52
2.8.2 Durante a demolição........................................................................................................52
2.8.3. Depois da demolição.......................................................................................................52
2.9. OBJECTIVOS....................................................................................................................53
2.9.1 Objectivo Geral................................................................................................................53
2.9.2. Objectivos específicos....................................................................................................53

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3. CAPITULO III:.................................................................................................................54
METODOLOGIAS...................................................................................................................54
4.CAPITULO III:......................................................................................................................55
CONCLUSÃO E REFERENCIAS...........................................................................................55
4.1. Conclusão e Recomendações.............................................................................................55

iii
Introdução

O tema do trabalho é Demolição, mas concrectamente, iremos abordar técnicas de demolição.


Com está pesquisa pretende-se demostrar ou seja descrever deforma suscita de como e efeita a
classifcação das técnicas demolição para cada situação, os metodos a adoptar em demolicoes,
as medidas preparatórias, sequencias utilizadas na demolição elemento a elemento, os
equipamentos, e ainda as condições de segurança ( Antes, durante e depois da demolição) . O
trabalho encontra-se dividido em capitulo e subcapitulo: Cap. I:Caracterização do objecto de
estudo( Descrição e a delimitação do tema). Cap.II:Fundamentação Teórica: (Classificação
das Técnicas de Demolição (Técnicas com Recurso a Equipamento Mecânico, Processos
Térmicos, Uso controlado de meios explosivos, Processos Abrasivos); Selecção dos Métodos a
adoptar;Medidas Preparatórias; Sequência de Demolição Elemento a Elemento (Edifícios de
alvenaria tradicional, Edifícios de Betão Armado ou pré-esforçado); Objectivos (Geral e
Especificos). Cap.III e IV- (Metodologias, Conclusão e Referencias Bliograficas).

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1.Capitulo I:
Caracterização do Objecto de Estudo

1.1. Decrição e delimitação do tema

A presente pesquisa que cujo o tema intutulado Demolição, abordará especificamente


conceitos relativos à Demolição de edifícios, a classificação das técnicas, selecção de métodos
a adoptar a usar em demolições; Medidas preparatórias; Sequência de Demolição Elemento a
Elemento (Edifícios de alvenaria tradicional, Edifícios de Betão Armado ou pré-esforçado)...
Porém, esta pesquisa tem por finalidade de descrever de uma forma sucinta as técnicas de
demolição de edifícios e outros, também servir de base/ guia aos colegas do curso de
Engenharia Civil, na solução de problemas relacionados à demolições.

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2.CAPITULO II:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Definição e Classificação as Técnicas de Demolição


É entendido como o conjunto de trabalhos efectuados para remover uma infra-estrutura
existente e para viabilizar o reaproveitamento do mesmo espaço, a este conjunto desginamos
por demolição. Pode ser efectuada, com carácter global ou parcial, quer em construções com
alguns anos de utilização quer em construções recém-construídas. As causas que
proporcionam a demolição dos edifícios são: adaptação a novos condicionalismos funcionais;
reforço estrutural; deformações a longo prazo consideradas excessivas; imposições
regulamentares (retrofitting); anomalias de durabilidade; catástrofes naturais (sismo) ou
humanas (explosão). Também as construções acabadas de construir poderão ter de ser
demolidas pelas seguintes razões: alteração do projecto; incompatibilidades entre projectos
de diferentes especialidades; erros / deficiências de projecto e/ou de construção; acidentes.
A Tabela I, demonstra de forma resumida a classificação das técnicas de demolição
(Brito, 1999; p.5).

Tabela I : Classificação das Técnicas de Demolição

Grupo principal Subgrupo Variante

Com recurso a equipamento Por embate, empuxe, tracção ou  Com ferramentas manuais
mecânico escavação  Com martelos pneumáticos,
hi-dráulicos ou eléctricos
 Por impacto (bola de
grande massa ou pilão)
 Com retro-escavadoras,
giratórias ou pá de arrasto e
acessórios (te-soura, ripper,
nibbler, alicate, tri-turador,
pinças, martelo, etc.)
 Por tracção de cabos

 Derrube ou afundamento
Por rebentamento interior  com cavilhas mecânicas
 quebrador de cunhas

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(Darda)
 quebrador de pistões

 com macacos planos


Por esmagamento exterior

Processos térmicos Lança térmica  a oxigénio


 a pólvora
Maçarico  a pólvora
 a plasma
Laser
Uso controlado de meios Explosões (no meio ambi-ente) - mecanismo tipo telescópio
explosivos - mecanismo tipo derrube
- mecanismo tipo implosão
- mecanismo tipo colapso
sequencial

Micro-explosão

Expansão
-lenta com gás
- súbita com gás
-com cal viva
- química

Processos Abrasivos Corte diamantado  serra com disco


 serra com fio

 carotagem
Corte com carborundo

Jacto de água (hidrodemolição)

Jacto de água e areia

Processos eléctricos Aquecimento das armaduras

Electrofractura

Aquecimento induzido de um
material ferromagnético
Arco voltaico

Microondas

Processos químicos Ataque químico

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Ataque electro-químico

Decidiu-se portanto aceitar neste documento a classificação proposta pelo Centre


Scientifique et Technique de la Construction, sediado em Bruxelas, patente do relatório“Les
Techniques de Démolition des Ouvrages de Béton” e, a partir da mesma acrescentar as que
dela não constam e que foram entretanto aparecendo. Tratando-se de um relatório de 1982, é
perfeitamente natural que algumas das técnicas aí referidas, algumas das quais ainda em fase
experimental, tenham entretanto caído em desuso ou sido consideradas pouco eficientes do
pontos de vista técnico e/ou comercial. Por outro lado, o documento retrata sobretudo a
realidade do mercado de construção Belga, que não se equivale ao mercado Português,
nomeadamente o actual. Finalmente, as técnicas de demolição referidas neste documento
aplicam-se todas elas ao betão, não sendo referidas aquelas que são exclusivas de estruturas
de outros materiais.
2.1.1. TÉCNICAS COM RECURSO A EQUIPAMENTO MECÂNICO
A mais antiga técnica de demolição é a que recorria à força braçal associada, a partir de
determinada altura, a equipamento mecânico rudimentar, tratado seguidamente no âmbito das
ferramentas manuais. Não obstante os avanços tecnológicos que permitiram aumentar
exponencialmente o rendimento conseguido neste tipo de operação e diminuir o esforço físico
humano na sua execução, em todas as técnicas de demolição que serão aqui descritas existe,
em maior ou menor grau, a contribuição da demolição com equipamento mecânico,
nomeadamente com as supraditas ferramentas manuais. Por essa razão, elas não deixaram de
ser aqui referidas, não obstante o fraco teor tecnológico que lhes está associado.
2.1.2. Demolições por embate, empuxe, tracção ou escavação
São descritas todas as técnicas que correspondem à utilização de equipamento mecânico
a partir do exterior da estrutura ou dos elementos com o fim de os demolir. Incluem-se nesta
situação as técnicas que provocam impactos, de carácter global ou localizado, empurram ou
puxam a estrutura de forma a colapsá-la ou derrubá-la e ainda as que lhe retiram o suporte.

2.1.3.Ferramentas manuais
O equipamento manual mais correntemente utilizado na demolição de pequena monta
em materiais estruturais ou semi-estruturais é o martelo e o escopro. Outras ferramentas são
também bastante utilizadas, com ilustra a (Fig. 1), tais como a marreta, a picareta, os martelos
de diversos tipos, o pé-de-cabra, a pá, a serra, os baldes e outros recipientes e a maioria das
outras ferramentas utilizadas na construção civil.

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Fig.1- Algumas ferramentas manuais utilizadas na demolição (pás, picareta, martelos e serras), ao centro, pontas
usadas em martelos e, à direita, vários martelos pneumáticos manuais.

Estas ferramentas, em particular, e as técnicas com recurso a equipamento mecânico,


em geral, têm maior aplicação na, chamada demolição elemento a elemento, nomeadamente
de edifícios antigos. Nestes edifícios, a estrutura não é em geral em betão armado, sendo mais
corrente ser em alvenaria de pedra argamassada na periferia, tabiques de alvenaria de tijolo
maciço ou de madeira, lajes de tabuado de madeira sobre toros do mesmo material e cobertura
de asnas de madeira ou metálicas.
Todos estes materiais, para além dos que constituem os revestimentos e acabamentos,
os equipamentos sanitários, eléctricos e outros, parapeitos, clarabóias e todos os restantes
elementos secundários, são removidos com uma forte incidência de trabalho braçal.
2.1.4. Martelos pneumáticos, hidráulicos e eléctricos
Os martelos trabalham por percussão (martelo picareta) ou por percussão e rotação
simultâneas (martelo perfurador), em ambos os casos com uma frequência intensa,
provocando a rotura do betão por tracção. O seu peso, que pode variar nos equipamentos
manuais (Fig. 1, à direita) entre os poucos quilogramas e os mais de 65 kg, é uma função da
dureza dos materiais a demolir e da extensão do trabalho. Existem martelos perfuradores
substancialmente mais pesados (até várias toneladas) montados em unidades automotrizes, do
tipo retro-escavadoras, giratórias (Fig. 3, à esquerda) ou outros. As pontas (Fig. 1, ao centro)
dos martelos variam em tamanho e forma consoante o tipo de trabalho que se pretende
efectuar.
A extensão do trabalho, tanto em área como em profundidade, é relativamente limitada,
já que para grandes volumes existem métodos mais eficientes com equipamento mais pesado.
Assim, o martelo picareta é utilizado na remoção de espessuras pequenas de betão (até cerca

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de 30 cm, Fig. 2, à direita, podendo ser mais em peças pequenas como pilares). Quanto ao
martelo perfurador, pode realizar praticamente qualquer trabalho ainda que geralmente não
seja utilizado para trabalhos de demolição global mas sim para fragmentar maciços, lajes de
fundação e escombros de grandes dimensões.
A fonte de energia varia desde os martelos pneumáticos (Fig. 1 e 3 à esquerda - ligados
a um compressor acoplado a um motor a diesel) aos hidráulicos (Fig. 2 à esquerda - ligados a
uma bomba acoplada a uma fonte de energia eléctrica ou térmica), passando pelos eléctricos
(Fig. 2, à direita) e os movidos a gasolina ou diesel.
Os martelos apresentam algumas vantagens :
 São possantes, muito versáteis e eficazes;
 Não necessitam de mão de obra especializada, ainda que o rendimento dependabastante
desse factor, nem de grande espaço de manobra (os manuais);
 são geralmente portáteis, mesmo que com algum esforço, e robustos;
 são económicos, não exigem grande manutenção (sobretudo os pneumáticos) e duram
bastante;
 São relativamente seguros;
 O martelo perfurador é relativamente limpo e preciso (opera em áreas limitadas).

Fig. 2 - Martelos picareta: à esquerda, hidráulico ligado a uma giratória e, à direita, eléctrico, utilizado na
remoção de betão superficial

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Fig-3: - À esquerda, martelo-picareta pneumático (1 - lubrificante; 2 - válvula de seguran-ça; 3 - válvula de caixa
esférica; 4 - alimentação do ar; 5 - cilindro; 6 - pistão; 7 silencioso; 8 - picareta; 9 - encaixe; 10 - calço) e, à
direita, martelo perfurador com colector de poeiras.
Alguns Incovenientes:
 são barulhentos (existem já os chamados “martelos silenciosos” de nível sonoro dB);
 introduzem grandes vibrações;
 nos equipamentos manuais, o trabalho é cansativo, de baixa produtividade e exige
muito do manobrador;
 originam poeiras e fumos (na Fig. 3, vê-se como obstar um pouco a este problema);
 dá-se uma propagação de fendas claramente visível;
 dá-se o descasque das arestas e cantos dos elementos de betão;
 o rendimento é bastante mais baixo em estruturas fortemente armadas;
 trabalho lento sobretudo em peças pequenas e com o martelo picareta.
2.1.5. Demolições por impacto
Bola de Grande Massa (Ariete)
Esta técnica consiste em suspender através de cabos uma bola de elevada
massa (entre 500 e 4 000 kg) do braço de uma grua convenientemente equipada para o efeito
(Fig. 4, à esquerda), que é puxada para uma posição elevada através do cabo de
reposicionamento (Fig. 4, à direita) após o que é largada, embatendo com grande impacto no
edifício (a bola também pode ser largada em queda na vertical ou deslocar-se na horizontal
acompanhando o braço da grua). Esta operação é repetida as vezes que for necessário até se
conseguir a demolição de uma parte importante da estrutura, obtendo-se fragmentos de
grandes dimensões. A fim de amortecer os efeitos dinâmicos no cabo de trabalho, pode-se
intercalar um pneu entre o mesmo e a bola (Fig. 4, à direita).

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O cabo de reposicionamento tem também a função de agarrar a bola no caso de
rotura do cabo de trabalho, pelo que os pontos de união dos dois cabos à bola devem ser
claramente distintos.
Trata-se de uma operação extremamente especializada realizada pelo condutor
da grua e que só deverá ser efectuada dentro de limites claramente definidos para evitar a
sobrecarga da grua e o esforço excessivo da lança do guindaste assim como do terreno. Neste
método é vulgar começar por remover manualmente o telhado e 50% a 75% dos pavimentos
antes de se iniciar o trabalho de demolição com a bola e, depois de esta se iniciar, ninguém
deverá ser autorizado a entrar no edifício. Esta técnica pode ser utilizada em qualquer tipo de
estrutura não muito alta e que não tenha vários metros de espessura em betão. Serve também
para fragmentar estruturas tombadas através de outras técnicas de demolição, para facilitar a
remoção dos entulhos.
Apesar de ter como vantagens o facto de ser possante, económica e
bastante rápida, esta técnica tem também como desvantagens as seguintes:
 introduz vibrações importantes no terreno (pelo que este deve ser firme) e em
eventuais estruturas em contacto (deve-se deixar 1 m livre);
 é potencialmente perigosa para o pessoal quer durante quer depois na fase de remoção
dos escombros/entulhos, tal como exige algum espaço livre em redor do edifício a
demolir ( 6 m) por se tratar de um processo de desmonte não controlado;
 a visão do operador é reduzida;
 obriga a trabalhos posteriores de fragmentação dos escombros de maiores dimensões;
 não é muito eficaz em estruturas de betão fortemente armadas;
 origina muita poeira;
 é barulhenta;
 existe o risco de danificar as redes infra-estruturais subterrâneas;
 está limitada em altura aos 30 m e, em termos do ângulo do braço da grua, a 60º;
 é muito dependente em termos de rendimento do operador.

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Fig. 4 - À esquerda, grua e bola de grande massa e , à direita [1], demolição de um maciço de grandes dimensões
em betão armado (1 - cabo de trabalho; 2 - cabo de reposicionamento; 3 - bola de grande massa).

Fig. 5 - Pilão montado num veículo próprio (à esquerda [1]) ou numa giratória (à direita)

Pilão
Nesta técnica, a rotura do betão é feita por impacto e pressão, obtendo-se um elevado grau de
esboroamento do betão que permite a sua separação fácil das armaduras. O aparelho, montado
num veículo automotriz próprio (Fig. 5, à esquerda) ou numa giratória (Fig. 5, à direita), deixa
cair de uma altura entre 1 e 3 m uma massa que pode atingir várias toneladas, a um ritmo de
entre 25 e 120 pancadas por minuto. A técnica, relativamente pouco eficaz para betão armado,
é aplicada sobretudo na demolição de grandes massas de betão simples e em estradas, de
espessura máxima de 90 cm.
As vantagens desta técnica são:
 ser relativamente pouco barulhenta (ruído abafado);
 permitir um elevado rendimento;

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 ser económica.
Em contrapartida, tem os seguintes inconvenientes, para além das
limitações acima apontadas:
 tem limitações em termos de peso da massa e da sua altura de elevação;
 alguns dos equipamentos de elevação só trabalham em superfícies quase lisas e
horizontais.

2.1.6. Demolições com retro-escavadoras, giratórias ou pá de arrasto e acessórios


Actualmente, praticamente todas as demolições, sobretudo as de carácter global, recorrem a
este tipo de equipamento mecânico, de grande envergadura e preço de aquisição muito
elevado, mas também susceptível de atingir rendimentos fora do alcance da maioria das outras
técnicas. Mesmo em situações em que alguma das técnicas alternativas ganha uma certa
preponderância, existe sempre um conjunto de tarefas em que se recorre a este equipamento
específico.
Os equipamentos aqui referidos, geralmente hidráulicos, são constituídos por um
conjunto motriz assente sobre lagartas, rodados de grandes dimensões ou mesmo pontos
localizados, com uma lança articulada (Fig. 12, à direita), na extremidade da qual são ligadas
ferramentas especializadas de grandes dimensões (acessórios): tesouras (Foto da capa e Fig. 6,
à esquerda), baldes (Fig. 7, à esquerda), martelos hidráulicos (Fig. 7, à direita), garras (Fig. 8,
à esquerda), pás de arrasto (Fig. 8, à direita), power grapples (Fig. 9, à esquerda), alicates
(Fig. 7, ao centro), trituradores (Fig. 6, à direita), pinças (Fig. 6, à direita), ripper (Fig. 10, à
esquerda), nibbler (Fig. 10, à direita), etc...

Fig. 6 - Acessórios hidráulicos: da esquerda para a direita, tesoura hidráulica para corte de armaduras, alicate
(power shear) e trituradora, ambos permitindo partir e separar o betão das armaduras (existem ferramentas multi-
uso)

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Fig. 7 - Balde (à esquerda) e martelo hidráulico (à direita), ligados a uma giratória (ambos estes equipamentos
são bastante populares em Portugal)

Fig. 8 - Garras (power grabs) (à direita) acopladas a uma giratória e pá de arrasto (à esquerda) montada numa
retro-escavadora

Fig. 9 - Power grapples (à direita) ligadas a giratórias e pinça para triturar betão (à esquerda)

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Fig. 10 - À esquerda, ripper de suporte ajustável (1 - barra porta-utensílios (para um, dois ou três dentes); 2 -
suporte do dente; 3 - dente amovível continuamente afiado pela própria operação) e, à direita, nibbler standard.

Os equipamentos mais utilizados são: retro-escavadoras (Fig. 11, à esquerda), giratórias (Foto
da capa e Fig. 12 e 13, à direita), pás de arrasto (Fig. 8 e 13a, à direita), bobcats (Fig. 12, à
esquerda) e até robots (Fig. 11, à direita). A sua grande versatilidade (Fig. 13, à esquerda) e a
possibilidade de serem elevados (Fig. 13, à direita) permitem a sua utilização mesmo em
locais pouco acessíveis (Fig. 13a, à esquerda).

Fig. 11 - À esquerda, retro-escavadora equipada com super-martelo (power sledge) e, à direita, utilização da
robótica para demolir com segurança em locais de difícil acesso.

Fig. 12 - À esquerda, bobcat equipado com martelo e, à direita, giratória hidráulica munida de lança telescópica
articulada

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Fig. 13 - À esquerda, equipamento portátil do tipo giratória munido de martelo hidráulico e, à direita, giratória
equipada com martelo hidráulico a ser colocada em local de difícil acesso.

Fig. 13a - À esquerda, retro-escavadora equipada com martelo hidráulico a trabalhar no último piso e ;à direita,
pá de arrasto utilizada na demolição por empuxe de uma edificação pequena

A pá de arrasto está vocacionada para um tipo de demolição designada de “por empuxe”


(Fig. 13a, à direita). É aplicada quando a altura do edifício ou parte dele não excede 2/3 da
altura máxima alcançada pela máquina utilizada, devendo esta evoluir sempre sobre um solo
consistente.
Na existência de planos inclinados como águas de coberturas que possam deslizar sobre
a máquina, estes devem ser demolidos previamente por outros métodos.
As principais vantagens deste tipo de equipamento são:
 potência, versatilidade, alcance (há lanças telescópicas com mais de 30 m) e rapidez;
 boa adaptação a este tipo de trabalho e mobilidade em caso de perigo eminente;
 pequeno número de pessoal necessário, ainda que com algum grau de especialização.

Como inconvenientes deste tipo de equipamento, registam-se os seguintes:


 a poeira e ruído a seguir à queda dos escombros;
 a necessidade de um bom suporte para as máquinas e de algum espaço livre (6 m);

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 em construções de maior altura, é geralmente necessário recorrer à demolição manual nos
pisos mais elevados;
 técnica mais aconselhada para a alvenaria do que propriamente para o betão armado.

Fig. 14 - À esquerda, macaco hidráulico usado na demolição de lajes e, à direita, demolição de um edifício de
pequeno porte por tracção de cabos

2.1.7. Demolições por tracção de cabos


A técnica consiste fundamentalmente na cintagem da estrutura com um conjunto de
cabos de aço (Fig. 14, à direita) estrategicamente colocados, os quais são traccionados de
forma gradual, através de guinchos e/ou equipamento mecânico solidamente fixos ao terreno,
até levar ao colapso daquela.
Deve ser guardada uma distância de segurança de pelo menos uma vez e meia a duas
vezes a altura total da estrutura a demolir.
Os cabos devem ser claramente sobredimensionados para evitar quaisquer roturas
durante a operação (perigo de efeito de chicote), sendo ainda aconselhada a sua duplicação.
Para evitar o corte de elementos, os cabos contactam com a estrutura através de calços de
madeira (evitar arestas vivas).
O domínio de utilização desta técnica está limitado a estruturas relativamente sãs (ou a
troços dessas mesmas estruturas, tais como nembos entre aberturas de paredes) que, no caso
do betão armado, devem ser pré-enfraquecidas através de rasgos nos elementos resistentes
verticais no piso térreo através dos quais as armaduras são cortadas a maçarico. Em edifícios
de estrutura de alvenaria, não devem ser ultrapassadas alturas da ordem dos 20 m. Sendo
rápida e de custos baixos, esta técnica apresenta no entanto diversas desvantagens:
 risco de o cabo chicotear no caso de rotura;

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 após a operação, é necessário escorar todos os elementos que se encontrem
instabilizados, para evitar desabamentos, por exemplo devidos ao vento.
2.1.8. Demolições por derrube ou afundamento
Estas técnicas, muito pouco correntes, consistem em derrubar a construção que se
desconjunta ao embater no terreno (técnica da derrube, também designada por colapso
deliberado) ou é feita desaparecer sob o mesmo (técnica do afundamento). Estes métodos são
perigosos já que a estrutura pode colapsar precocemente e/ou em direcção imprevisível.
No derrube, demolem-se os elementos portantes na base da construção, previamente
substituídos por escoras. Se forem em madeira, são posteriormente queimados. Se forem
metálicas, são cintadas por cabos que são depois puxados bruscamente. A técnica é
geralmente aplicada a construções de grande esbelteza, tais como chaminés.
No afundamento, escava-se o terreno de fundação injectando-o com água e bombeando
a lama assim criada. Alternativamente, escava-se sob as fundações, escorando-as com escoras
de madeira, posteriormente queimadas. A técnica é utilizada em pavimentos térreos assentes
sobre areia ou solo movediço.
2.1.9.Demolições por rebentamento interior
As demolições que vão ser de seguida referidas são as que, ainda que recorrendo a
equipamento de carácter mecânico, conseguem a demolição do betão através do seu
rebentamento a partir do interior.
O princípio mecânico envolvido é o da cunha que, introduzida através de uma abertura
(furo) previamente efectuada para o efeito, introduz tensões de tracção no betão, levando à
sua fragmentação. A eficácia do processo depende sobretudo do posicionamento dos furos, da
sua profundidade e orientação e ainda da resistência do betão.
2.1.10.Cavilhas mecânicas
As cavilhas mecânicas funcionam como já referido, podendo ter a forma de cunha (Fig. 15 à
esquerda) que é martelada ou de agulha (Fig. 15 à direita) enfiada à marretada. Com esta
última, os furos prévios, de 35 a 45 cm de profundidade e diâmetro entre 41 e 44 mm, estão
espaçados de cerca de 40 cm, permitindo fragmentar o betão em profundidades entre 30 cm e
1 m.
Sendo uma técnica simples e económica, apresenta no entanto as seguintes desvantagens:
 ruído elevado;
 ausência de controlo preciso da demolição;
 a cunha só permite demolir pequenas espessuras de betão.

19
Actualmente, ainda que mais utilizado no âmbito da reabilitação de estruturas, existe o
martelo de agulhas, normalmente eléctrico, cuja função é a de retirar uma camada
relativamente pouca espessa de betão superficial deteriorado ou, pura e simplesmente, tornar
rugosa a sua superfície para colocação de uma camada exterior de material.
2.1.11.Quebrador de cunhas (“Darda”)
Neste equipamento, designado na gíria por “Darda” (Fig. 16), são aplicadas duas contra-
cunhas metálicas num furo previamente executado (Fig. 17). O seu diâmetro é um pouco
maior na ponta interior para direccionar a energia para o interior da peça.
Um pistão força a cunha a afastar as contra-cunhas, desta forma rebentando com o betão
por tracção. A energia é fornecida por um motor pneumático, hidráulico ou diesel que
alimenta uma bomba hidráulica. A pressão é medida através de um manómetro.
Tal como na técnica anterior, a sequência e localização dos furos é fundamental para o
êxito da operação e para a maximização do seu rendimento (Fig. 18).
Este sistema apresenta diversas vantagens:
 demolição controlável;
 é silencioso, seguro e económico;
 não provoca poeira ou vibrações;
 boa relação custo / produtividade;
 grande eficácia de demolição;
 boa adaptação para demolição de grandes volumes de betão;
 facilidade de manuseamento do equipamento, sem necessidade de mão-de-obra
especializada;
 boa capacidade de adaptação a locais de dimensões exíguas e de difícil acesso;
 dispensa a utilização de líquido refrigerante.
Algumas desvantagens:
 grande dificuldade em se controlar a fendilhação e a fissuração;
 necessidade de efectuar “negativo” para colocar o equipamento em tensão
(morosidade);
 superfície de corte irregular;
 funcionamento deficiente para volumes de baixa compacidade ou com “negativos”;
 espessura máxima de demolição (de cada vez): 60 cm;

20
 requer equipamento auxiliar para prosseguir com a demolição (seccionamento dos
volumes fraccionados e corte a maçarico das armaduras) o que torna sua utilização
difícil em peças muito armadas.

Fig. 15- Cunha e escopro (à esquerda) e agulha (à direita: 1 - marreta; 2 - corpo da agulha; 3 - elemento a
demolir; 4 - haste; 5 - vazio; 7 - sentido da fissuração) para demolição do betão por rebentamento interior.

Fig. 16- Quebrador de cunhas: 1 - punho; 2 - pistão; 3 - cilindro; 4 - cunha central; 5 - contra-cunhas extensíveis

Fig. 17 - Utilização da “Darda”, sendo visíveis os furos prévios que foi necessário efectuar

21
Fig. 18- Sequência de corte de elementos de betão com recurso à “Darda”: à esquerda, elementos de grandes
dimensões e, à direita, de menores dimensões

2.1.12. Quebrador de pistões


Neste processo, o betão é separado por blocos através da sua fractura em planos
perpendiculares ao eixo dos pistões. O aparelho consiste num cilindro equipado com um
determinado número de pistões hidráulicos radiais (Fig. 19, à esquerda).
A força de rebentamento é produzida por uma bomba a óleo alimentada por um
compressor a ar ou, alternativamente, por uma bomba manual de uma mistura de água e óleo
solúvel. São executados furos de secção circular (entre 80 e 160 mm de diâmetro), sendo a
distância entre furos e a sua profundidade função da qualidade e espessura do betão e da taxa
de armaduras. O aparelho é introduzido nesse furo, havendo o cuidado de tentar uniformizar o
nível das pressões introduzidas (Fig. 19, à direita).
O campo de aplicação deste método cinge-se às peças de espessura entre 20 e 80 cm, às
situações em que exija silêncio e ausência de poeiras e à fragmentação de escombros de
grandes dimensões criados por outros métodos.
Quanto às suas vantagens e desvantagens, elas são muito semelhantes às referidas
relativamente ao quebrador de cunhas.
2.1.13. Macacos Planos
Os macacos planos são utilizados para a demolição de estruturas de uma forma idêntica
àquela em que são utilizados na indústria das rochas ornamentais. Restringe-se a trabalhos
auxiliares, como facilitar o acesso a armaduras para o seu posterior corte com maçarico.
Para isso, são introduzidos em entalhes ou rasgos efectuados previamente, provocando por
injecção de óleo o afastamento dos bordos de betão. Têm rendimentos semelhantes aos
conseguidos com quebradores hidráulicos, podendo ao invés destes ser empregues em
elementos de pequena espessura.
Raramente usada hoje em dia por ser pouco segura e eficaz, em que se recorre a um
macaco hidráulico posicionado na vertical que se faz ajustar ao pé-direito livre das lajes e é
instalado numa pequena máquina hidráulica (Fig. 14, à esquerda).
Desde que a base de suporte do macaco tenha resistência suficiente para resistir à carga
introduzida pelo macaco (de cima para baixo), a laje de cima irá estar sujeita a uma carga
igual mas de baixo para cima, contrária às cargas de projecto e portanto susceptível de a levar
à rotura.

22
2.1.14. Demolições por esmagamento pelo exterior
São utilizados equipamentos designado por pinças para trituração do betão, geralmente
utilizado manualmente por dois operadores (Fig. 20) para fragmentar blocos de betão
demasiado grandes para ser removidos para aterro.
O equipamento possui um corpo central maciço, ligado a um grupo hidráulico auxiliar,
que tem nas suas extremidades em forma de U dois veios metálicos de aço especial (pinças)
accionados por pressão hidráulica. O equipamento é intercalado no elemento a demolir e, ao
ser accionado, os veios deslocam-se em constantes movimentos de vaivém que fragmenta
completamente a peça a demolir.

Fig. 19 [1] - Esquema do quebrador de pistões (à esquerda: 1 - corpo do aparelho; 2 - barra niveladora de
pressões; 3 - pistão; 4 - bomba hidráulica; 5 - tubo de alimentação) e posiciona-mento do mesmo no furo
previamente executado (à direita: 1 - corpo do aparelho; 2 - barra niveladora de pressões; 3 - cilindro de retenção
do pistão)

Fig. 20 - Dois exemplos de utilização da pinça para trituração do betão


Este equipamento apresenta diversas vantagens:
 é muito versátil;
 não provoca ruído, vibração ou poeiras;
 dispensa a utilização de líquido refrigerante;

23
 equipamento de simples manutenção;

 possibilidade de ser adaptado a equipamento de escavação (ao braço mecânico de


retro-escavadora ou “giratória”).
Em contrapartida, o equipamento apresenta algumas desvantagens:
 baixo rendimento de corte / demolição;

 a espessura da secção a demolir não deve ser superior a 300 mm (pode, no entanto,
atingir os 500 mm com recurso à utilização de adaptador especial);
 necessidade de cortar as armaduras para prosseguir com os trabalhos;
 superfícies de corte muito irregulares;
 necessidade de remover constantemente os produtos da demolição para limpeza das
áreas de trabalho;
 tem uma relação custo de aquisição / produtividade muito elevada.

2.2. PROCESSOS TÉRMICOS


Os processos térmicos têm em comum entre si o facto de recorrerem a uma fonte térmica
muito intensa e localizada para aquecer o betão e o aço e provocar assim, através de um
choque térmico, a sua fractura e/ou fragmentação.
Diferenciam-se fundamentalmente em função dos aparelhos utilizados e da respectiva
fonte de energia e calor.

2.2.1.Lança térmica
2.2.1.1. A oxigénio
O processo consiste em aplicar contra as secções a cortar (chapas metálicas ou betão) a
extremidade colocada em brasa (através de um sistema de oxi-acetileno) de uma barra de
ferro (e alumínio), através do interior da qual é enviado um jacto de oxigénio, conseguindo
por combustão do material da barra derreter, perfurar e/ou cortar o aço e o betão.
É exercida sobre estes últimos uma tripla acção: térmica (temperaturas da ordem dos 2
000 a 2 500 ºC), química (por combinação dos óxidos de ferro com os componentes do betão
que acabam por fundir) e cinética (pela pressão do jacto de oxigénio). O equipamento
necessário à execução desta técnica está representado na Fig-21. Uma variante desta
ferramenta, designada por ultra-thermic cutting rod, atinge temperaturas superiores a 20

24
000 ºC, o que permite maior rapidez de corte, evitar a criação de escória e ser utilizada
debaixo de água.

Fig. 21- Esquema da organização de um estaleiro de corte com lança térmica:( 1 - garrafas de oxigénio; 2 -
manómetro; 3 - tubos flexíveis; 4 - assistente a preparar nova lança térmica; 5 - porta-lança com braço em cruz e
munido de válvula; 6 - posto de oxigénio de reserva; 7 - operador; 8 - lança em utilização; 9 - écran metálico; 10
- placa de asbesto coberta com areia; 11 - escorrimento da escória de combustão; 12 - elemento a cortar; 13 -
fagulhas projectadas)

Fig. 22 - À esquerda, corte de peça com lança térmica a oxigénio acompanhada de forte projecção de fagulhas e,
à direita, corte com maçarico e a plasma

O corte obtido tem cerca de 5 cm de largura a um ritmo de cerca de 50 cm/min. É necessário


garantir um espaço de trabalho livre de pelo menos 1 a 1.5 m. Os elementos de betão a demolir
e os 10 m em seu redor não devem conter materiais inflamáveis (madeira) nem condutas que
prossigam para outros locais. Esta técnica tem vindo a ser utilizada quer para a demolição
global de estruturas quer para realizar aberturas de grandes dimensões e outras tarefas de
reabilitação.
A técnica apresenta como vantagens as seguintes:
 possibilidade de cortar peças de grande espessura e com formas irregulares;

 aplicável quer a betão armado quer a pré-esforçado;


 não provoca vibrações, é rápida e silenciosa;
 a mão-de-obra rapidamente se familiariza com a técnica;

25
 o material é simples e ligeiro (à excepção da reserva de garrafas de oxigénio);
 permite trabalhar ao ar livre, no interior e até debaixo de água;
 permite trabalhar em locais de difícil acesso;
 altera pouco as propriedades do betão nas proximidades do rasgo.

No entanto, tem também alguns inconvenientes:


 pequena precisão do corte;

 origina escorrimento de escória de combustão;


 as superfícies de betão em contacto com essa mesma escória ficam marcadas;
 só com uma ventilação muito eficiente, é possível trabalhar no interior devido aos
fumos provocados;
 existe um risco de incêndio e da integridade física do operador (Fig. 22, à esquerda),
sobretudo no início do corte, devido à projecção de materiais em fusão;
 por essa razão, obriga à utilização de vestuário especial de protecção do manobrador;
 o custo do equipamento e da operação é bastante elevado.
2.2.1.2. A Pólvora
Trata-se de uma técnica intermédia entre a lança térmica a oxigénio e o maçarico a
pólvora, descrito seguidamente, com vantagens e desvantagens também semelhantes. É
injectada uma mistura de pó de ferro e, facultativamente, de alumínio no jacto de oxigénio. A
pólvora é transportada por um jacto de ar comprimido.
O porta-lança consiste, por um lado, de um injector que faz a mistura pólvora -
oxigénio e, por outro, de uma mola que garante a abertura e fecho simultâneos da chegada de
oxigénio e de pólvora (Fig. 23, à esquerda). Por comparação com a lança térmica a oxigénio,
o consumo das lanças de pólvora é um pouco menos rápido mas, em contrapartida, o consumo
de oxigénio é maior, a ignição menos regular e o furo obtido maior.
2.2.1.3. Maçarico
Para além dos aparelhos apresentados de seguida, que permitem o corte do betão, os
maçaricos do tipo do da Fig. 24, também susceptível de ser usada para soldar aço, são
utilizados no corte das armaduras, em apoio a vários outros métodos anteriormente descritos.
2.2.1.4. A pólvora
Neste aparelho, é projectada uma mistura de partículas finas de pó de ferro e de
alumínio junto ao bico de um maçarico de oxi-acetileno, hidrogénio, metano, propano ou
butano (Fig. 23, à direita). As partículas, na sua combustão na periferia do jacto de oxigénio,

26
aquecem-no fortemente. Este método apresenta duas vantagens: fornece um suplemento de
óxidos de ferro superaquecidos e limpa o corte feito através das partículas em movimento.
Com esta técnica, conseguem-se cortar peças de espessura até 130 cm, ainda que a partir
dos 60 cm o consumo se torne muito elevado. O rasgo apresenta uma largura da ordem dos 3
a 4 cm.
Como vantagens deste equipamento, citam-se as seguintes:
 é pouco barulhento e não introduz vibrações;

 pode ser utilizado quer para betão armado quer pré-esforçado;


 é bastante rápido;
 consegue realizar um rasgo de forma irregular sem recorrer a sucessivos furos
tangentes;
 o betão adjacente ao corte mantém-se praticamente inalterado.
Em contrapartida, tem alguns inconvenientes tais como:

Fig. 23- À esquerda, esquema do funcionamento da lança térmica a pólvora: 1 - garrafa de


oxigénio; 2 - contentor de pólvora; 3 - pólvora; 4 - manómetros; 5 - botija de ar comprimido; 6 - câmara
de secagem; 7 - lança. À direita, esquema da cabeça do maçarico a pólvora: 1 - pulverizador de pólvora;
2 - saída do oxigénio; 3 - mistura oxicombustível.

Fig. 24 - À esquerda, maçarico de corte e, à direita, diferentes tipos de bocal

27
Fig. 25 - À esquerda, esquema do funcionamento do maçarico a plasma: 1 - cátodo; 2 - isolante; 3 - fluxo; 4 -
ânodo; 5 - plasma; 6 - escória fundida; 7 - elemento de betão a demolir; 8 - alimentação eléctrica; 9 - chegada do
oxigénio. À direita, esquema do corte a laser: 1 - dispositivo de emissão de raios laser; 2- lente; 3 - eventual
fusão; 4 - zona aquecida; 5 - perda de calor por condução; 6 – fissuras.

 é preciso prever protecções para pessoal e materiais adjacentes devido às fagulhas e


escorrimentos;
 o pulverizador corre o risco de entupir se a pólvora não estiver perfeitamente seca;
 é bastante caro;
 dá origem a poeira e fumos;
 obriga à realização por outro método de um primeiro furo para ignição do maçarico;
 é pouco eficaz para espessuras acima dos 20 cm;
 corre-se o risco de o escorrimento entupir o maçarico.
2.3. USO CONTROLADO MEIOS DE EXPLOSIVOS
As explosões na demolição são processos em que são colocadas cargas explosivas em
locais criteriosamente escolhidos por forma a provocar uma descontinuidade na estrutura
principal e o seu colapso global (Fig. 26). O princípio básico de tais demolições é o de aplicar
o mínimo de energia de forma concentrada para remover e/ou cortar elementos críticos da
estrutura.
Esta técnica, não obstante ser económica, rápida e eficaz, tem desvantagens
importantes:
 dificulta imenso a reciclagem / aproveitamento dos materiais de construção; 
 provoca projecção de materiais e vibrações importantes no terreno; 
 provoca uma onda de choque importante que pode provocar estragos nas construções
vizinhas, sobretudo nos vidros; 
 provoca um ruído muito grande na detonação e no impacto da estrutura no terreno; 
 não é um processo completamente controlável;
 pode provocar gases (sulfurosos e nitrosos) perigosos para a saúde humana.

28
Fig. 26 - Demolição de um hotel em Las Vegas por explosivos realizada em apenas 17 s

Os quatro mecanismos básicos de colapso de uma estrutura por recurso ao uso


controlado de explosivos dependem fundamentalmente da geometria e resistência da
mesma, da envolvente desta e da sua utilização futura e são :
 telescópio;
 derrube;
 implosão;
 colapso progressivo.
2.3.1. Mecanismo tipo telescópio
O primeiro tipo de mecanismo é normalmente usado na demolição de torres de
arrefecimento, do tipo central termoeléctrica, provocando-se basicamente a demolição,
simultaneamente ou não, de vários trechos em altura na estrutura da torre. Esta acaba por ruir
numa área aproximadamente igual aquela que inicialmente ocupava, de uma forma parecida
com o fechar de um “telescópio” (Fig. 27, à esquerda).

29
Fig. 27 - Mecanismo de colapso: tipo telescópio, à esquerda, e tipo derrube, à direita

2.3.1.2. Mecanismo tipo derrube


O segundo tipo de mecanismo é normalmente utilizado em chaminés (Fig. 27, à direita),
bunkers e estruturas de aço, bem como em todo o tipo de estruturas onde exista uma grande
relação entre a altura e a base, não havendo perigo se a estrutura cair para um dos seus lados.
Neste método, procura-se apenas derrubar a estrutura sobre uma área previamente
definida e assim facilitar o acesso a partir do solo das máquinas convencionais de demolição à
estrutura. O mecanismo de derrube envolve normalmente menos trabalhos preparatórios,
menos quantidade de explosivos e, dependendo da construção, pode induzir na estrutura uma
maior fragmentação durante o colapso.
2.3.1.3. Mecanismo tipo implosão
O método mais conhecido entre nós é o designado por implosão onde, por meio de
explosivos, se consegue criar uma descontinuidade em determinados pontos da estrutura
(normalmente pilares), fazendo assim com que esta entre em ruína e que, através do seu peso
próprio, se fragmente o mais possível durante a queda e quando atinge o solo. Neste
mecanismo, o colapso é provocado centralmente fazendo com que a estrutura ceda sobre si
mesma, como se algo a “puxasse” na direcção do seu centro de gravidade.
Como o explosivo não é colocado ao longo da altura de toda a estrutura, espera-se que
parte desta se fragmente apenas no seu contacto com o solo. É o método apropriado para
estruturas de elevado porte (Fig. 28).

30
Fig. 28 - Dois exemplos do mecanismo tipo implosão

2.3.1.4. Mecanismo tipo colapso sequencial


Este descreve-se como a “queda sequencial de peças de um jogo de dominó”. Com
efeito, este método é normalmente empregue em edifícios contíguos ou com um grande
desenvolvimento em comprimento, provocando-se um colapso sequencial normalmente do
tipo descrito anteriormente (Fig. 29).

Fig. 29 - Dois exemplos do mecanismo tipo colapso sequencial

2.3.2. Micro-explosão
Este é um método de corte localizado e de demolição parcial, que utiliza pequenas
quantidades de explosivos inseridos em furos cilíndricos (Fig. 30, à esquerda), com o
objectivo de destacar blocos de betão, ou em “pistolas” que disparam um projéctil sobre o
betão (Fig. 30, à direita), com o objectivo de cortar armaduras.
É a seguinte a apreciação global relativa ao primeiro método:
 a técnica é lenta, complexa (em face da escolha da posição dos furos) e só se aplica a
elementos de grandes dimensões e pouco armados;
 a demolição não é completamente controlável;

31
 o processo é barulhento, provoca vibrações no terreno e projecção de estilhaços;
 a dimensão excessiva dos bocados de betão destacados pode obrigar à sua
fragmentação posterior para facilitar a sua remoção.
Quanto à segunda técnica, ela apresenta as seguintes características:
 é preciso o prévio conhecimento das armaduras;

 não serve para grandes espessuras;


 é barulhenta;
 tem um grande consumo de explosivos;
 é utilizada sobretudo para criar pontos fracos nas peças que são posteriormente
demolidas por outros métodos.

Fig. 30- Demolição por micro-explosão: à esquerda, as cargas são colocadas em furos (1 - bucha; 2 -
dispositivo de disparo; 3 - detonador; 4 - cartucho; 5 - bloco de betão expulso; 6 - fissuração); à direita, é
disparado um projéctil (1 - fulminante; 2 - carga; 3 - projéctil cónico ou hemisférico em metal duro; 4 - distância

de tiro (2/3 a 1/5 de diametro); 5 - armadura)

2.3.2.1. Expansão
Nestes métodos, recorre-se à força expansiva de determinados componentes, gasosos ou não,
para introduzir tensões internas de tracção no betão que levam à sua fragmentação. São
sobretudo técnicas auxiliares e de carácter localizado.
2.3.2.2. Expansão lenta com gás
É efectuado no betão um furo de 30 a 40 mm de diâmetro, selado com uma bucha de
cauchu na qual se faz passar um tubo metálico ligado a uma bomba que contém um gás
inorgânico (geralmente dióxido de carbono) que é posteriormente injectado a alta pressão
(Fig. 31, à esquerda).

32
Fig. 31 - À esquerda, equipamento de expansão lenta com gás: 1 - bucha especial de cauchu; 2 - gás; 3 - dióxido
de carbono (pressão de serviço 80 a 120 bars). À direita, tubo Cardox (expansão súbita com gás): A - cabeça de
ignição; B - fuste do tubo; C - cabeça de descarga; 1 - válvula de enchimento; 2 – ligações eléctricas; 3 - câmara
de aquecimento; 4 - dióxido de carbono líquido; 5 - disco de rotura; 6 - grampo)

Como vantagens , esta técnica apresenta o facto de pouco barulhenta, não introduzir
vibrações significativas, não provocar a projecção de estilhaços e não haver o perigo de o gás
inflamar.
Como inconvenientes , há que referir os seguintes:
 a dificuldade em demolir betão armado;

 a necessidade de criar barreiras de protecção para o pessoal;


 a dificuldade de manipulação;
 a falta de precisão.

2.4.3.2. Expansão súbita com gás


Numa variante à técnica anterior, o tubo Cardox (Fig. 31, à direita) provoca a expansão

brusca (2 a 4 x 10-2 s) de dióxido de carbono a uma pressão muito elevada (200 bars) através
de um furo, introduzindo no betão pressões da ordem dos 120 a 270 MPa que se fractura por
tracção.
As vantagens da técnica são a sua maleabilidade e economia, a ausência de ondas de
choque e as poucas vibrações e a relativa segurança para o pessoal.

As principais desvantagens são:


 a pouca eficácia para o betão armado;

 o raio de acção reduzido (50 a 80 cm no máximo);


 o barulho provocado;
 o perigo que advém de o tubo não estar convenientemente fixo;
 a dificuldade de controlo da zona a demolir;

33
 a projecção eventual de detritos.
2.4.3.3. Expansão com cal viva
Conhecida desde a Antiguidade, a expansibilidade da cal viva hidratada pode ser
utilizada na demolição do betão. Para tal, realiza-se um furo de entre 35 e 50 mm de diâmetro.
O furo não deve ser muito pequeno para que o betão fissure, mas também não deve ser
demasiado grande para que a cal não transborde para fora do mesmo.
No furo previamente seco, é introduzido produto (80 % de cal viva, 10 % de areia
siliciosa e 10 % de retardador) diluído com 30 % de água, nunca mais de 10 minutos após a
mistura. Nos furos horizontais, haverá necessidade de os tamponar. Os furos estão espaçados
entre si entre 20 e 90 cm, consoante a resistência do betão e o grau de fragmentação
pretendido. O domínio de aplicação desta técnica inclui os grandes maciços de fundação
ou de suporte de terras em betão simples.
A técnica apresenta algumas vantagens, tais como:
 ausência de ruído, vibrações e projecção significativa de detritos;
 mão-de-obra não especializada;
 ausência de perigo para o pessoal;
 susceptível de servir de apoio a outras técnicas.
Porém, há também alguns inconvenientes, tais como:
 pouca eficácia em betão armado;
 dificuldade de regular com precisão a expansão da cal viva;
 dificuldade de realizar diversas expansões em simultâneo em clima frio;
 relativamente cara;
 lenta (expansão máxima só ao fim de 6 horas).
2.4.3.4. Expansão química
Com um princípio de funcionamento que é um meio termo entre a expansão com cal
viva e a micro-expansão, existe uma técnica que consiste na colocação em furos abertos (com
entre 40 e 50 cm de diâmetro) em rocha ou betão de um produto, designado comercialmente
por Bristar . Trata-se de um pó de um composto inorgânico produzido a partir de uma
variedade especial de silicato e de um composto orgânico que, misturado com água, endurece,
expande-se e provoca fendilhação no maciço no qual foi introduzido (Fig. 32). As fendas
propagam-se de um furo para os adjacentes, levando a que se solte um bloco de grandes
dimensões. Existem três tipos de produto consoante a temperatura do material a ser fracturado.

34
Fig. 32- Separação de blocos de betão ou rocha por expansão química
Segundo o fabricante , o produto é seguro, não provoca ruído, atinge a sua força expansiva
máxima após 24 horas, tem a sus força expansiva (mais de 3 000 t/m2) aumentada com o
diâmetro do furo mas diminuída quando a percentagem de água misturada se afasta muito dos
30 %, para cima ou para baixo.
2.4. PROCESSOS ABRASIVOS
Nos métodos a seguir descritos, o aspecto comum é o facto de o mecanismo de demolição
ser a abrasão do betão, provocada por um material no estado sólido ou líquido, conduzindo ao
corte daquele em blocos ou à remoção de uma camada superficial do mesmo.
Ainda que alguns deles possam ser utilizados para demolição global, em virtude de
serem geralmente caros, o seu campo de aplicação mais corrente é a remodelação e
reabilitação de estruturas.
2.4.1. Corte diamantado
Os utensílios de corte diamantado são constituídos na sua parte activa por grãos de
diamante industrial retidos numa matriz geralmente metálica. Estas partículas funcionam
como um grande número de utensílios cada um arrancando um pouco de betão. Consoante os
trabalhos, qualidade do betão e dos inertes e densidade das armaduras, haverá que escolher a
opção mais adequada em termos de: tipo de aparelho, sua dimensão e velocidade de
processamento, a potência do motor, a profundidade do corte e a velocidade do mesmo.
2.4.1.1. Serra com disco
Este equipamento é constituído por um disco metálico, que pode atingir mais de 1 m de
diâmetro, diamantado na sua periferia e arrefecido a água, que se desloca sobre uma calha de
rolamento (Fig. 33, à esquerda). O motor, eléctrico ou diesel, com grupo hidráulico exterior
de potência variável, imprime tracção para fazer rodar o disco. Existem versões compactas,
mais leves mas de menor potência.
Este equipamento pode ser utilizado em corte de betão armado quer em superfícies
horizontais (Fig. 33, à direita), quer verticais (Fig. 33, à direita), manifestando uma grande
versatilidade: o tamanho do disco pode ser alterado com alguma facilidade e, graças à

35
denominada “serra de mergulho”, não fica limitado pelo diâmetro do disco. É particularmente
útil na execução de aberturas em superfícies de betão existentes, dando origem a blocos de
betão (Fig. 34), que são posteriormente removidos com a auxílio de uma grua.

Fig. 33 - Corte de laje , à esquerda, e de muro, à direita, ambos de betão armado com recurso a serra de disco
diamantado

Fig. 34 - Remoção com uma grua de lanço de escada, à esquerda, e de troço de laje, à direita, ambas de betão
armado após corte com serra de disco diamantado

Este sistema apresenta diversas vantagens:


 corta com facilidade betão armado;

 elevado rendimento de corte, ainda que claramente reduzido pela existência de muitas
armaduras;
 manipulação simples (versão compacta);
 secção de corte muito lisa, sem necessidade de trabalhos adicionais, e sem afectar o
betão adjacente;
 grande precisão de corte (com adaptação de calha);
 não tem riscos de fissuração e é seguro para o pessoal.
Em contrapartida, o sistema apresenta algumas desvantagens:
 exige alguma experiência na utilização do equipamento;
 espessura de corte pode ser limitada pelo raio do disco;
 processo de instalação moroso, sobretudo para a versão não compacta, que pode ser
bastante pesada, exigindo uma superfície de suporte robusta;

36
 necessidade de evacuar líquido refrigerante;
 custo relativamente elevado, tanto do equipamento quer sobretudo dos consumíveis;
 o equipamento produz algum ruído e poeiras (não obstante a água de refrigeração).
2.4.1.2. Serra com fio
Esta técnica tem algumas semelhanças com a anterior sendo adequada, grosso modo,
para o mesmo tipo de trabalhos, exigindo no entanto acesso às duas superfícies opostas da
peça a cortar (Fig. 35).
O equipamento consiste num grupo electro-hidráulico que transmite movimento às
rodas motrizes, que por sua vez impelem o cabo helicoidal diamantado (com anéis -
“perlinas”) de aço que, por abrasão no betão, realiza o corte (Fig. 36, à esquerda). Para
arrefecer o cabo e arrastar os detritos provenientes do corte, é feita passar água na superfície
de corte.
Como vantagens deste método, referem-se as seguintes:
 corta com facilidade betão armado;
 grande rendimento de corte, ainda que claramente reduzido pela existência de muitas
armaduras;
 elevada versatilidade de adaptação ao uso e a ambientes de trabalho;
 equipamento silencioso e que não provoca vibrações nem poeira (graças à água de
arrefecimento);
 superfície de corte lisa, sem necessidade de trabalhos adicionais, e sem afectar o betão
adjacente;
 rigor e precisão de corte;
 permite cortes em todas as direcções numa amplitude de 360º (horizontal / vertical /
oblíqua / parabólica);
 não tem risco de fissuração e é seguro para o pessoal, que é reduzido praticamente ao
operador e se mantém longe da zona a cortar;
 preço competitivo para áreas significativas de corte (para grandes áreas, é o sistema
mais económico).

37
Fig. 35 - Esquema de corte com serra de fio diamantado: vertical (à esquerda em perfil) e horizontal (à direita em
planta)

Fig. 36 - À esquerda, elemento de betão fortemente armado cortado com recurso a serra de fio diamantado e, à
direita, aberturas circulares de diversas dimensões susceptíveis de ser executadas com uma mesma caroteadora.

Apresenta no entanto os seguintes inconvenientes:


 exige alguma experiência na utilização do equipamento;
 requer equipamento auxiliar de corte para efectuar os furos para passagem do cabo;
 o processo de instalação é moroso;
 custo elevado dos consumíveis;
 é necessário evacuar o líquido refrigerante.

38
2.4.2. Corte com carborundo
Englobam-se, todas as situações em que o equipamento utilizado recorre a grãos de
carborundo (nome técnico para o carboneto de silício) fixos a um ligante de baquelite,
sendo o conjunto rigidificado por uma ou várias camadas de nylon.
As aplicações são as mesmas que no corte diamantado com a excepção dos elementos
de betão armado. Sendo menos caros que as ferramentas diamantadas, têm, para além da
limitação referida, o facto de propiciarem um corte mais lento e obrigarem a uma substituição
muito rápida por desgaste intenso.
2.4.3. Jacto de água (hidrodemolição)
A hidrodemolição é uma técnica muito utilizada, sobretudo em trabalhos de remoção da
camada superficial deteriorada do betão em grandes superfícies (Fig. 38, à esquerda).
Nessa perspectiva, ou seja, numa situação em que o único betão que se pretende
remover é aquele que já apresenta alguma deterioração das suas características mecânicas
(deixando o betão rugoso e pronto a receber uma nova camada de revestimento) e em que se
pretende manter as armaduras (mas limpando-as de substâncias desagregáveis como as
provenientes da corrosão), a utilização de um jacto de água a alta pressão é um processo de
rendimento excepcional. Ainda que possa ser feita manualmente, o muito melhor rendimento
e a ausência de perigo propiciados pela automatização (Fig. 38, à direita) fazem com que seja
essa a tendência actual, não obstante o elevado investimento inicial.

Fig. 37 - À esquerda, execução de carotagens sequenciais em laje para realizar o contorno de uma abertura e, à
direita, sistema múltiplo de coroas diamantadas utilizado no corte de parede de betão armado

39
Fig. 38 - À esquerda, superfície sujeita a hidrodemolição e, à direita, equipamento totalmente automatizado de
hidrodemolição utilizado na reabilitação das docas da Lisnave em Setúbal O método consiste em vencer com a
pressão do jacto de água a resistência da argamassa de betão à tracção, que é assim desagregada e arrastada,
deixando soltos os inertes de maiores dimensões que caiem ou são também arrastados. A energia necessária é
fornecida por ar comprimido, o qual impulsiona a água através de uma bomba de alta pressão. Para além desta,
existem ainda sistemas de controlo e de locomoção, um aspirador para recolha dos detritos e, se for caso disso,
um dispositivo de abastecimento de material abrasivo.

As vantagens da hidrodemolição são as seguintes :


 ausência (quase total) de ruído (com um redutor de ruído), poeiras e vibrações;

 corte relativamente preciso em qualquer direcção;


 o betão adjacente ao corte é pouco afectado;
 não existe risco de incêndio.
Quanto às desvantagens, podem ser enunciadas as seguintes:
 equipamento caro (se se recorre a areia, o custo dos consumíveis passa a ser
importante);

 corte de peças armadas muito difícil;

 lentidão e necessidade de evacuar a água e detritos;


 o pessoal (versão não automatizada) deve estar protegido contra a projecção de
detritos;
 fendas grandes nos elementos a demolir potenciam perdas importantes de rendimento;
 necessidade de produzir in-situ uma grande pressão.

40
2.5. SELECÇÃO DOS MÉTODOS A ADOPTAR
Os metodos a adoptar na demolição, face de cada caso específico é uma das chaves
do sucesso neste tipo de operação. Consideram-sem os seguintes factores para a escolha
do metodo adequado para a demolição, a saber: tipo de estrutura e restantes materiais não
estruturais, localização do edifício (meio urbano ou rural), distância e tipo de ocupação dos
edifícios vizinhos, altura do edifício a demolir, tipo de terreno, prazo de execução,
regulamentos municipais, localização das redes de infraestruturas, limitação de custos,
equipamento disponível, etc...
2.5.1.Tecnicas mais adequadas
2.5.1.2. Em função do tipo de construção
Na tabela 2 abaixo, são analisadas ou estudadas as técnicas de demolição
manual (envolve o desmantelar progressivo do edifício na ordem inversa da sua construção; o
trabalho é realizado essencialmente com ferramentas manuais, além de equipamento
mecânico para erguer os elementos principais à medida que estes são soltos e para os deitar no
chão quando ficam livres; quando o material desmontado é pequeno (por exemplo, tijolos),
este poderá ser simplesmente atirado para uma pilha situada por baixo, desde que não seja
suposto ser recuperado para utilização; numa área mais pequena dever-se-á utilizar uma calha
ou tubo para descarga dos escombros ou um vagão suspenso), Braço de demolição (processo
mecânico que utiliza uma viga de aço ou madeira presa a uma escavadora mecânica; tal como
o método manual, segue a ordem inversa da construção mas, neste caso, derrubam-se secções
da estrutura em vez de desmantelar a mesma; a máquina deverá ser operada do exterior do
edifício de modo a que os escombros caiam para dentro), colapso deliberado (esta técnica
reduz o edifício a um monte de escombros através da remoção de uma série de membros
estruturais chave; é rápida e consequentemente barata, razoavelmente segura quando realizada
por mãos experientes, mas produz muito barulho, vibração e poeira; a remoção dos membros
chave poderá ser efectuada puxando-os para fora com um cabo de aço, rebentando-os com
uma carga explosiva ou estilhaçando-os com um explosivo de gás ou de hidráulico),
bola de demolição (bola de grande massa) e demolição por outros meios mecânicos,
excluindo a tracção com cabos. A indicação de um método particular não exclui o uso de
outros métodos.
Tabela 2 - Análise comparativa de alguns métodos de demolição de estruturas

41
2.5.1.3. Em função de uma caracterização técnico-económica
No Quadro 3 é feita uma caracterização qualitativa técnico-económica de algumas das
técnicas inovadoras descritas neste documento para demolição de estruturas de betão.
Quadro 3 - Análise comparativa de algumas técnicas de demolição do betão

A - Serra de fio diamantado


B - Serra de disco diamantado
C - Quebrador de betão tipo “Darda”
D - Broca caroteadora
E - Pinças para trituração
Neste quadro, à medida que se vai da classificação I para a IIII, a característica referida
na linha respectiva torna-se mais acentuada. Assim, verifica-se que as pinças não serão em

42
geral competitivas no corte do betão, o mesmo se passando com a broca caroteadora. Os
restantes equipamentos são muito promissores, sendo que, no cômputo geral, as serras de fio
ou disco diamantados poderão vir a ganhar uma grande preponderância no mercado futuro das
demolições localizadas.
2.5.1.4. Em função do seu desempenho pseudo-quantitativo
No âmbito de uma tese de mestrado em Engenharia de Estruturas, propôs-se um critério
pseudo-quantitativo para classificar o desempenho de um conjunto relativamente alargado de
técnicas de demolição.Cada técnica é avaliada em relação às seguintes características (os
valores entre parêntesis correspondem ao peso arbitrado de acordo com a sensibilidade do
autor para a importância de cada uma dessas características, sendo que o somatório desses
pesos é igual à unidade; os pesos poderão variar consoante as condições específicas do local):
ruído (0.07), vibrações (0.09), calor (0.07), fogo (0.10), água (0.04), poeiras (0.06), fumo
(0.07), projecções (0.10), medidas de protecção (0.07), riscos para o trabalhador (0.12),
velocidade de execução (0.10) e custos (0.11). A avaliação consiste na atribuição de um
número inteiro: 5 (muito desfavorável), 4 (desfavorável), 3 (pouco desfavorável), 2 (pouco
favorável), 1 (favorável) e 0 (muito favorável). O somatório dos produtos dos pesos pelas
avaliações de cada característica fornece um valor quantitativo decimal que é o desempenho
da técnica para o local em questão. Quanto menor for o valor, melhor o desempenho da
técnica. A título de curiosidade, apresenta-se de seguida os Quadros 4 e 5 com os resultados
deste estudo.
Quadro 4- Avaliação do desempenho de algumas técnicas de demolição

Quadro 5 - Avaliação do desempenho de algumas técnicas de demolição (continuação)

43
2.5.2. Em função da análise da sua adequabilidade
Neste estudo comparativo de um conjunto relativamente alargado de técnicas de demolição,
elaborado no âmbito de um simpósio internacional da RILEM, foram analisados
essencialmente os seguintes parâmetros, não necessariamente independentes entre si:
 tipo de estrutura - de betão, de aço, mista ou de alvenaria;

 tipo dos elementos estruturais susceptíveis de ser demolidos;


 localização da construção - zona muito ou pouco urbanizada;
 escala da demolição - parcial ou total;
 uso da construção - normal ou especial;
 aplicabilidade em centros urbanos;
 desempenho (velocidade, custo e repetibilidade);
 grau de segurança no trabalho (ambiental e dos operários e transeuntes);
 níveis de ruído, vibração e pó permitidos;
 duração dos trabalhos de demolição;
 operações prévias e posteriores (necessidade de trabalho prévio e tamanho dos
materiais demolidos - reciclabilidade);
 tamanho da construção - pequena ou grande;
 orçamento disponível.

44
2.6. MEDIDAS PREPARATÓRIAS
Tal como os restantes trabalhos na área da construção, as demolições devem ser
precedidas de um planeamento e preparação adequados e encerradas com um conjunto de
tarefas e recolha de ensinamentos antes da recepção. A especificidade das demolições resulta
fundamentalmente do facto de se tratar porventura da fase do processo construtivo associada a
maiores perigos, tanto para os operários como para os transeuntes. Daí que os trabalhos
preliminares e posteriores às demolições sejam objecto aqui de uma descrição específica.
2.6.1. Escolha do Empreiteiro.
A escolha da empresa responsável pela demolição deve ser feita através de um
concurso, cujo processo é preparado pelo Dono da obra, por uma entidade individual ou
colectiva indicada por este ou pela empresa encarregue da construção do novo edifício. Isto
não impede que, em muitas situações, o acerto se faça por ajuste directo. Tal como nos
concursos para construção, do processo de concurso devem constar uma carta convite, o
programa de concurso, o caderno de encargos e os projectos do edifício existente (sempre que
esteja disponível) e do novo.
As propostas, a elaborar pelos concorrentes, deverão conter os elementos normalmente
apresentados num concurso para construção, devendo descrever o método e equipamento de
demolição, os prazos previstos, a mão-de-obra utilizada, as medidas de segurança /
sinalização a adoptar, identificação dos vazadouros, provisórios e definitivos, do entulho e
eventual reciclagem, tudo isto consubstanciado no plano de demolição. A apreciação das
propostas, a escolha do concorrente vencedor, a verificação da sua idoneidade técnico /
financeira / fiscal e a assinatura do contrato encerram esta fase do processo. Deve ser
designado um técnico responsável pelos trabalhos de demolição.
A título meramente indicativo, reproduz-se seguidamente um plano de demolição de
carácter muito simples.
2.6.2Avaliação da Situação Estutural
Tratando-se, como foi referido, de uma operação de risco acrescido, deverá ser feita
uma vistoria às construções e outras infraestruturas (por exemplo, jardins) vizinhas. Estas
devem ser visitadas, recolhidas fotos (e vídeo), colados alvos para controlo topográfico e selos
(testemunhos) para controlo de fendilhação. Sobretudo tratando-se de edifícios de alvenaria
tradicional, o estado das paredes, das divisões, das lajes e, principalmente, das fachadas, deve
ser inspeccionado. Sempre que necessário, serão feitos escoramentos (prumos em madeira ou
metálicos com molduras a servir de travessas). As situações de ruína eminente devem ser
identificadas imediatamente e tomadas as medidas necessárias para as colmatar ou mesmo

45
consumar antes do início dos trabalhos. A existência de materiais potencialmente explosivos,
inflamáveis ou tóxicos em depósitos, caves, canalizações ou poços próximos deve ser
registada.
Deve ser preparado um relatório pormenorizado destas vistorias, documentado
por registos escritos e fotográficos, que permitirão a comparação com o estado das
construções após a conclusão dos trabalhos de demolição. Recorda-se que o empreiteiro
encarregue da demolição será responsabilizado por quaisquer estragos imputáveis a essa
mesma operação, pelo que estas vistorias e relatório são do seu máximo interesse.
Refira-se ainda que os prejuízos poderão não ter apenas uma tendência especial
estrutural, mas serem resultantes das vibrações, pó e ruído gerados em pessoas e bens.
Sempre que possível, a vistoria deve ser precedida do estudo dos projectos de
arquitectura, estabilidade e instalações especiais e das telas finais, assim como de quaisquer
alterações documentadas entretanto efectuadas no edifício. Para tal, poderá ser necessário
recorrer aos arquivos camarários. Caso contrário, esse reconhecimento será feito através de
sondagens, medições e por comparação com as construções vizinhas (da mesma época e
natureza). Merecem particular atenção as redes de serviço, nomeadamente as de gás e
electricidade.
2.6.3. Licenças a Obter
Para além da licença da obra, necessária em qualquer construção, é necessário obter
autorização para a demolição, o que obriga à apresentação de um plano de segurança e
ocupação da via pública com tapumes, plataformas de descarga, passadiços de circulação,
andaimes, redes, gruas e sinalização, plano esse susceptível de ser alterado por imposições
camarárias. É necessária também autorização para corte dos serviços relativos ao edifício a
demolir e para desvio dos serviços das construções vizinhas afectados pela demolição. Se o
edifício se situar numa área protegida ou classificada, o empreiteiro é obrigado a dar algumas
garantias adicionais, que poderão, em última análise, condicionar / alterar o método de
trabalho proposto.
2.6.4. Corte de Serviços
Por razões de segurança, torna-se necessário assegurar o corte dos seguintes serviços
relativos ao edifício a demolir:
 corte da rede de electricidade (EDP); desligar no passeio o ramal;
 corte da rede de gás (GDL); desligar no ramal;
 corte da rede de água (EPAL); menos importante mas também conveniente;

46
 corte da rede de telefones (TLP).
2.6.5. Montagem de Equipamento/ Estaleiro.
Nesse subcapitulo , será tratada em detalhe toda a problemática associada à segurança
durante as operações de demolição. Agora refere-se apenas que, antes de se iniciar essas
mesmas operações, toda a envolvente do edifício a demolir tem de estar preparada para não
constituir perigo para os operários e os transeuntes. Para tal, monta-se o tapume (geralmente
no passeio da via pública) para impedir o acesso ao interior da obra a pessoal não autorizado
(Fig. 44, à esquerda).
É afixada nesse tapume toda a sinalização regulamentar (Fig. 44, à esquerda). São
montados os andaimes, as palas e plataformas de protecção sobre o local de passagem dos
transeuntes (Fig. 44, à esquerda) e colocadas redes a envolver toda esta estrutura provisória
(Fig. 44, à direita). É montado o estaleiro de forma idêntica à praticada habitualmente,
havendo o cuidado de assegurar o fornecimento de potência eléctrica, água com pressão e
combustíveis.
Caso haja gruas-torre no exterior do edifício, elas deverão também ser montadas nesta fase.
Outro equipamento de elevação / remoção de cargas, tal como gruas automóveis telescópicas,
guindastes e empilhadeiras deve ser previsto.

2.6.6. ESTRUTURA DE CONTENÇÃO DE FACHADA


Se se pretender manter a fachada original de alvenaria tradicional (por exemplo, por
imposição da Câmara), a estrutura de contenção da mesma (Fig. 45, à esquerda), constituída
por perfis metálicos simples ou por treliças metálicas, que deverá ser objecto de um projecto,
servirá de suporte aos andaimes. Os vãos (portas e janelas) são preenchidos com tijolo
maciçado e rebocados por projecção pelo interior (Fig. 45, à direita), para aumentar a
resistência da parede e diminuir o efeito das vibrações. Para garantir maior rigidez à parede,
são colocadas longitudinalmente do lado do tardoz da mesma umas vigas metálicas que se
ligam à estrutura de contenção através de pequenos troços que atravessam os vãos de tijolo.
As ligações são feitas por soldadura ou com chapas metálicas de confinamento.
Nessas situações, é preciso prever uma abertura na fachada para acesso das máquinas ao
interior do edifício. Normalmente, isso é feito retirando um nembo no piso térreo (edifícios
em alvenaria tradicional), após se ter embebida uma (ou duas) viga(s) metálica(s) para vencer
o vão total. Esta abertura pode ser feita no início da demolição ou só no fim (se a demolição
do interior não justificar a presença de máquinas).

47
Fig. 44 - À esquerda, placas de sinalização na obra e, à direita, andaime com redes de protecção

Fig. 45 - À esquerda, estrutura de suporte para contenção de fachada e plataforma de protecção sobre o passadiço
de passagem e peões e, à direita, vista posterior de uma fachada com os vãos preenchidos com tijolo.

Ainda que oferecendo menos garantias, é também possível conter a fachada original
através de cabos de cintagem ligados ou não a construções vizinhas. Esta operação de
contenção da fachada é, nalguns casos e para acelerar o processo, simultânea ou mesmo
posterior à remoção do telhado e da laje de esteira. Por outro lado, a operação de escoramento
das construções vizinhas, poderá ser iniciada ainda antes da demolição propriamente dita, se
os edifícios confinantes tiverem altura superior ao que vai ser demolido e se se considerar que
dessa forma há um acréscimo de segurança ou de facilidade de trabalho.

2.7. Sequência de Demolição Elemento a Elemento


A demolição elemento a elemento obedece a uma determinada sequência aproximada de
operações, que tem como principais objectivos garantir que não haja colapsos imprevistos,
salvaguardar a segurança dos trabalhadores e o valor patrimonial dos materiais, maximizar o
rendimento e aproveitar os elementos com valor comercial:

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1) retirar o equipamento industrial ou electromecânico (inclui elevadores, bombas de água,
sistemas de aquecimento central, aparelhos de ar condicionado, antenas de TV, etc.) e todos
os restantes elementos “estranhos” à estrutura (vidros, portas e janelas, louças sanitárias,
caleiras, algerozes e tubos de queda das águas pluviais, etc.);
2) demolição de corpos salientes em cobertura (chaminés todos os adornos metálicos ou não
das chaminés e clarabóias existentes);
3) demolição do material de revestimento na cobertura;
4) demolição da estrutura de cobertura (madres, varas e ripas);
5) demolição dos tabiques de alvenaria de apoio da cobertura;
6) demolição do material de enchimento para formação da pendente em coberturas;
7) demolição de cabos, tirantes e escoras em coberturas;
8) demolição da laje de esteira (por vezes e por facilitar a remoção, parte da tarefa 1) só agora
é efectuada); inicia-se a demolição do último piso habitado;
9) escoramento de consolas, arcos, abóbadas, assim como de todos os elementos que
ameacem colapsar ou estejam degradados;
10) demolição de revestimentos em paredes, pisos, tectos e escadas, incluindo tectos falsos e
elementos de carpintaria e serralharia;
11) demolição de tabiques e/ou paredes divisórias;
12) demolição da laje do piso e das abóbadas (se existirem);
13) demolição de vigas (quando existam);
14) demolição dos elementos de suporte vertical (paredes resistentes em estruturas
tradicionais, pilares e núcleos em estruturas de betão armado);
15) demolição do último troço de escada;
16) repetição dos pontos 9) a 15) para os restantes pisos;
17) demolição de muros de suporte de terras;
18) demolição de fundações.
2.7.1.Demolição de edifícios de alvenaria tradicional
No geral, grande parte dos edifícios que têm vindo até aqui a ser demolidos em Lisboa e
noutros centros urbanos em Portugal são anteriores ao betão armado. Tipicamente, a sua
estrutura é constituída da seguinte forma: paredes exteriores (e, por vezes também, as caixas
de escadas e das chaminés) em alvenaria tradicional de pedra argamassada com fraco teor em
ligante; tabiques interiores portantes em materiais à base de madeira ou alvenaria de tijolo,
geralmente maciço; lajes em soalho de madeira assente sobre vigas também de madeira;
coberturas em asnas de madeira ou metálicas.

49
Neste tipo de edifícios e também em face da exiguidade do espaço nos centros urbanos
e das limitações ao nível do ruído, das vibrações e das poeiras, a demolição tradicional
mantém uma grande preponderância. Neste método, a maior parte do trabalho é feito
manualmente, à custa de trabalho braçal com ferramentas ligeiras ou semi-ligeiras, tais como
a marreta, os martelos, o escopo, a pá, o balde, a serra, o alicate, o pé-de-cabra e outros.
Adicionalmente, usam-se cadernais e cordas para baixar ou subir materiais, assim como
calhas metálicas ou plásticas.
Sempre que possível, recorre-se cada vez mais a equipamento mecânico pesado alimentado a
diesel, hidraulicamente ou pneumaticamente: pás carregadoras, pá de arrasto, giratória, retro-
escavadora, etc… Com um peso intermédio, utilizam-se cada vez mais os martelos
pneumáticos ou hidráulicos, manobrados manualmente e ligados a um compressor, ou
manobrados por um dos equipamentos citados atrás citados.
Realizados os trabalhos preparatórios, e ainda antes da demolição, são abertos buracos
entre as lajes de madeira para que os entulhos possam ser canalizados para o piso térreo , à
direita). Os entulhos nunca se devem acumular nos pisos ou junto a paredes, para evitar
roturas locais e acidentes pessoais. É feita uma pré-selecção entre madeiras seleccionáveis
(casquinha ou pico espano) e não aproveitáveis (só para lenha). São ainda retiradas as portas e
janelas interiores, tendo o cuidado de se garantir que as portas e janelas exteriores, sobretudo
aquelas perto dos locais de canalização dos entulhos, estão vedadas de forma a não permitir
que algum entulho possa sair para a rua.
2.7.2. Demolição de edifícios de betão armado ou pré-esforçado
A demolição de edifícios de estrutura de betão armado em Portugal , onde ainda não é muito
corrente, muitos aspectos comuns com a demolição de edifícios de alvenaria tradicional, até
mesmo em termos de equipamento utilizado. Há necessariamente uma maior ênfase no
trabalho realizado com recurso a equipamento pesado e sobretudo nas técnicas de corte que
permitem mais facilmente o desmantelamento dos elementos estruturais de maior dimensão e
peso (Fig. 57, à direita).

50
Fig. 57 - À esquerda, parte da fachada a funcionar como gigante na contenção da empena do edifício vizinho e, à
direita, colocação de um compressor para alimentar martelos

As peças pré-esforçadas devem ser objecto de um cuidado maior na sua demolição,


embora a situação só se torne crítica se o pré-esforço for não aderente, situação pouco
corrente na concepção das estruturas. O perigo que vem desta solução estrutural resulta do
facto de, ao ser cortado um tendão em qualquer local da sua trajectória, ele perder a tensão em
toda a sua extensão. Peças deste tipo devem ser alvo de um estudo estrutural antes da
demolição que demonstre que, mesmo sem pré-esforço, resistem ao seu peso próprio, e em
qualquer dos casos ser escoradas em toda a sua extensão durante toda a operação.
Segue-se uma lista de recomendações relativas à demolição de alguns elementos estruturais
de betão.
2.7.3. Lajes
 Só deverão ser demolidas após terem sido retirados todos os elementos que sobre elas
repousam, incluindo parapeitos e platibandas;
 Os elementos em balanço devem ser previamente escorados, assim como todos os
painéis em que tenham sido detectadas flechas excessivas;
 As lajes em balanço deverão ser as primeiras a ser demolidas cortando-as em secções
exteriores ao elemento resistente no qual apoiam;
 O estado das lajes junto a instalações sanitárias, canalizações e chaminés deverá ser
observado previamente com algum cuidado;
 No caso de lajes de vigotas pré-esforçadas, as abobadilhas (e outros elementos de
aligeira-mento) devem ser retirados / demolidos de ambos os lados de cada vigota sem
a danificar, sendo a vigota suspensa previamente com cabos junto a cada um dos
apoios; Se a vigota tem continuidade para o vão seguinte, este deve ser escorado na

51
sua zona central sendo depois cortada numa secção junto ao apoio do lado do vão a
demolir primeiro (Fig. 58);
 No caso de lajes vigadas tradicionais armadas numa só direcção, serão executados
cortes a todo o vão da laje na direcção da armadura principal, por forma a obter troços
de laje de peso compatível com a capacidade da grua, sendo cada troço suspenso
previamente junto a cada um dos apoios, executam-se a seguir demolições localizadas
do betão, deixando à vista as armaduras que serão posteriormente cortadas,
perpendicularmente à armadura principal e junto aos apoios para libertar o troço
central de laje; quando a laje tem continuidade para o vão seguinte, este deve ser
escorado na sua zona central sendo posteriormente a laje cortada numa secção junto ao
apoio do lado do vão a demolir primeiro (Fig. 59);

 Se as lajes vigadas tradicionais forem armadas em cruz, serão executados cortes por
forma a obter troços de laje de peso compatível com a capacidade da grua; esses troços
não deverão incluir as bandas maciças entre pilares nem os capitéis dos pilares no caso
de lajes fungiformes; os cortes deverão ser executados começando pelo centro do
painel e evoluindo em espiral, sendo previamente escorado o centro dos troços
adjacentes ao troço de laje a demolir; para libertar cada troço de laje, proceder-se-á, tal
como para o caso anterior, a uma demolição localizada do betão deixando apenas as
armaduras a ligar o troço a demolir ao restante da laje; nas lajes fungiformes, à
demolição da zona aligeirada do painel segue-se a das bandas maciças entre pilares e
só depois a dos capitéis dos pilares.

Figura-58: Demolição de uma laje de vigotas pré-esforçadas

52
Fig. 59 - Demolição de uma laje vigada tradicional armada numa só direcção

1ª fase: contraventamento e demolição total na 2ª fase: corte das armaduras e derrube lento do
base do pilar pilar
Fig. 60 - Demolição de um pilar de betão
2.7.4. Vigas
 Só deverão ser demolidas após terem sido retirados todos os elementos que sobre elas
repousam, incluindo lajes, pilares, parapeitos e platibandas, ficando consequentemente
livres de todas as cargas à excepção do peso próprio;
 Será suspensa previamente (através de cabos) a parte da viga que se vai elevar,
cortando ou desmontando seguidamente os seus extremos;

53
 Não deverão ser deixadas sem escoramento vigas ou parte destas em balanço.
2.7.5. Pilares e Paredes
 Só deverão ser demolidos após terem sido retirados todos os elementos que sobre elas
repousam, incluindo lajes, vigas e capitéis, ficando consequentemente livres de todas
as cargas à excepção do peso próprio;
 Antes de se iniciar a demolição, o topo do pilar deve ser atirantado através de cabos no
plano de derrube e em ambos os sentidos, garantida a estabilidade do pilar durante
todo o processo, o betão é demolido localmente junto à base do pilar de maneira a
formar uma espécie de rótula; finalmente, as armaduras deixadas à vista são cortadas
de um dos lados fazendo-se o pilar rodar lentamente para o lado oposto ancorado nos
cabos (Fig. 60);
 No caso de paredes resistentes, o processo é semelhante ao utilizado para pilares,
ainda que a demolição deva ser feita por troços de largura não superior a 1.00 m; para
tal são realizados cortes verticais a toda a altura do troço de parede, sendo
posteriormente o troço escolhido tombado na direcção da menor dimensão da parede
(Fig. 61);
 Os troços de pilar ou parede demolidos nunca devem ser deixados tombar com
violência sobre lajes.

Fig. 61 - Demolição de uma parede de betão

2.8. Condições de segurança


As protecções dividem-se em três aspectos principais:
 a que concerne à segurança do pessoal envolvido nos trabalhos;

54
 a que concerne à segurança do público;
 a que concerne à protecção da(s) propriedade(s) que possa vir a ser afectada pelos
trabalhos de demolição.
Deve-se prever ainda uma protecção contra o colapso descontrolado, uma vez que a
remoção de certas partes do edifício ou estrutura durante a demolição pode resultar em que
outras partes fiquem instáveis e é necessário pré-determinar onde se irá necessitar de suportes
temporários. Se a estrutura confina com outros edifícios, os edifícios confinados devem ser
providos de um suporte lateral idêntico ao dado pela estrutura a demolir.
2.8.1. Antes da demolição
Deve-se proteger os elementos de serviço público que possam ser afectados pela
demolição. Em fachadas que dêem para a via pública devem-se por protecções (por ex.: redes)
que possam recolher os escombros ou ferramentas que possam cair. Essa protecção deverá
estar afastada não mais de 2m da fachada do edifício.
Em estruturas de madeira ou com bastante material combustível deve-se dispor, como
mínimo, de um extintor manual contra incêndios. As paredes a demolir devem, antes de mais,
estar libertas de todas as peças de madeira ou de ferro salientes não embutidas ou que, apesar
de o serem, se encontram salientes com mais de 2 m.
Devem-se prever tomas de água para regar, de forma a evitar a formação de pó durante os
trabalhos,e deve-se, ainda, avisar as autoridades locais da existência de trabalhos de
demolição.
2.8.2 Durante a demolição

Devem-se, primeiramente, desmontar os elementos que possam causar cortes ou lesões


como vidros ou aparelhos sanitários. Durante a demolição de elementos de madeira deve-se
ter o cuidado de arrancar ou dobrar os pregos. Não se deverá depositar escombros sobre os
andaimes. Pôr-se-ão à disposição dos trabalhadores capacetes de protecção. Os operários só
trabalharão em alturas diferentes se forem tomadas as devidas precauções para garantir a
segurança dos que trabalham nos planos inferiores. Os trabalhadores só poderão intervir a
mais de 6m acima do solo em obras de demolição, se for colocado um soalho ou plataforma
de trabalho no qual é possível operarem. Se a mesma for situada junto a um precipício,
deverá ser cercada de guarda-corpos e de guarda-cabeças conforme estipularem as
disposições legais.

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2.8.3. Depois da demolição
Depois de concluídos os trabalhos de demolição deve-se observar as edificações contíguas
para detectar lesões que possam ter surgido como consequência das demolições efectuadas
2.9. OBJECTIVOS
2.9.1 Objectivo Geral
 Estudar as técnicas de demolição de edificios.
2.9.2. Objectivos específicos
 Conhecer e classificar as técnicas de demolição de edificios;
 Seleccionar e decrever os métodos a adoptar na demolição;
 conhecer as medidas preparatórias para a execução da demolição;
 Conhecer e descrever as sequências utilizadas na demolição de Elemento a elemento.

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3. CAPITULO III:
METODOLOGIAS
Visando alcançar os objectivos propostos com relização deste trabalho, foi estabelecida a
seguinte metodologia: A pesquisa bibliográfica- elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material
disponibilizado na Internet.

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4.CAPITULO III:
CONCLUSÃO E REFERENCIAS
4.1. Conclusão e Recomendações
Após de se ter feito o trabalho, de uma forma sucinta conclui-se o seguinte, para se demolir
qualquer tipo infra-enstrutura de edificios indepentemente do porte, é importante se fazer os
estudos prévios, que visam em avaliar e analisar os possíveis impactos que esta tarefa nos
traz. Conhecendo as causas ou factores condicionantes a demolição , é muito importante saber
definir a técnica adequada a usar para o efeito, dependendo do porte da obra, e visando
garantir segurança aos colaboradores da empresa responsável e dos cidadãos residentes num
dado espaço ou seja a segurança pública. Recomenda-se, para deolir qualquer tipo de infra-
estrutura, devem ser tomadas todas as precauções ou seja comprimir com todas as exigencias
para o efeito. Todavia, a pesquisa foi muito importante nosso conhecimento, visto que
permitiu-nos conhecer melhor o tema, e aperfeçoar competências de investigação, selecção, e
organização de dados.

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4.2. Referencias

Gomes, João Ferreira e Oliveira, Fernanda Sá (s/d) Técnicas de Demolição, Lisboa: Instituto
Superior Técnico;
Jorge de Brito, Técnicas de Demolição de Edifícios Correntes, Mestrado em Construção,
Tecnologia da Construção de Edifícios, IST.

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