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RESUMO
Sabe-se que a população mundial de idosos vem crescendo em grande escala, segundo dados da
ONU, no ano de 2050, o número de pessoas com idade superior a 80 anos irá triplicar em
relação a 2007, passando de 137 milhões para 452 milhões. A previsão é que em 2100, pode
alcançar um número de 909 milhões de idosos. (ONU, 2019).Não obstante, a demência é uma
das doenças crônicas mais recorrentes, reconhecida por causar diminuição da eficiência
cognitiva, comprometendo as atividades físicas, funcionais e sociais dos indivíduos portadores.
Dentre as doenças mentais mais comuns no Brasil, está a Doença de Alzheimer (DA).
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER, s.d.)Diante disso, este estudo tem como
objetivo, identificar as possibilidades do Design de Interiores influenciar na melhoria da
qualidade de vida de idosos portadores da Doença de Alzheimer.O presente estudo será
realizado através de pesquisa bibliográfica e abordagem qualitativa. A análise de todo conteúdo
estudado permite concluir que, os autores são uníssonos em afirmar que o design de interiores
pode interferir de maneira significativa, na melhoria da qualidade de vida dos portadores da
doença de Alzheimer.
Palavras-chave: Design de Interiores, Alzheimer, Idosos, Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que a população mundial de idosos vem crescendo em grande escala,
segundo dados da ONU, no ano de 2050, o número de pessoas com idade superior a 80
anos irá triplicar em relação a 2007, passando de 137 milhões para 452 milhões. A
previsão é que em 2100, pode alcançar um número de 909 milhões de idosos. (ONU,
2019).
Britto (2018) acrescenta que, o Design através do sua essência é capaz de atuar
na promoção de saúde através da criação de ambientes e produtos que proporcionem
bem estar e qualidade de vida aos usuários.
Diversos estudos demonstram a capacidade do Design de Interiores em
proporcionar mudanças significativas de vida em indivíduos portadores de D.A. Neste
sentido, Colle (2017), aduz que os portadores de doenças crônicas, sejam elas
Alzheimer ou similares, necessitam de maior atenção e cuidados, especialmente quanto
ao ambiente que eles habitam, pois, um ambiente projetado adequadamente, pode afetar
positivamente, propiciando ao sujeito desenvolvimento cognitivo, segurança, ergonomia
e potencialização da independência.
Conforme, Britto (2018, p.36), “As taxas de fecundidade, elevadas até os anos
40, declinaram progressivamente, como um reflexo das transformações apresentadas
pela sociedade brasileira”. O processo de mudança demográfico experimentado pelo
Brasil não se difere do ocorrido na Europa, apesar de cronologicamente diferentes.
Neste sentido, dados da OMS (2005) revelam que as politicas públicas voltadas
para a saúde do idoso ainda são pouco efetivas, principalmente, em países em
desenvolvimento. A falta de ações abrangentes advindas do poder público faz com que
direitos da população idosa fiquem em segundo plano.
Neste sentido dados da OMS (2017) revelam que “Na medida em que a
população mundial envelhece, a expectativa é de que o número de pessoas que vivem
com demência triplique até 2050, passando de 50 milhões para 152 milhões”. A própria
entidade revela que os efeitos deste tipo de doença são bastante nocivos aos idosos e
requer das autoridades competentes bastante atenção.
Não obstante, Rupp (2014) salienta que com o avançar da idade há uma maior
dependência do sistema público de saúde dos idosos, fato que é potencializado por
demências e doenças degenerativas. Isso requer um maior investimento governamental
e instituição de programas específicos de cuidados com o idoso.
Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (2019) a demência caracteriza-se
por diversas alterações relativas a memória, percepção espaço temporal, cognição,
habilidades ligadas a linguagem, dentre outras alterações.
Nesse sentido, Colle (2017), acrescentam que atualmente a doença não possui
cura e que seu controle depende de medicação que tem a função de frear o avanço dos
sintomas, fazendo com que a progressão da doença seja mais lenta, a pesquisadora
destaca dois tipos de tratamento, o farmacológico e não farmacológico.
Pascale (2002, p. 24) completa que “Um ambiente adequado e seguro poderá
evitar acidentes que comprometam a condição física de indivíduo acometido de DA,
como também conflitos de ordem psíquica que podem advir de ambientes agitados e
confusos”.
Diante disso, este estudo tem como objetivo, identificar as possibilidades do Design de
Interiores influenciar na melhoria da qualidade de vida de idosos portadores da Doença
de Alzheimer.
METODOLOGIA
O presente estudo será realizado através de pesquisa bibliográfica e abordagem
qualitativa. Conforme Marconi e ‘Lakatos (2003, p. 183) a pesquisa bibliográfica é
definida como:
DISCUSSÕES
Em detida análise dos resultados bibliográficos apurados é possível constatar
que uma intervenção qualificada do designer de interiores poderá ser decisiva na
melhoria da saúde e qualidade de vida de idosos portadores de DA.
Tregenza e Loe (2015) sugerem como pontos-chave para uma adequada intervenção
através de um projeto luminotécnico, os seguintes itens:
Visibilidade e destaque para elementos perigosos;
Indicadores sensoriais do mundo externo;
Compensação luminosa para as deficiências sensoriais e motoras.
Sendo assim, os projetos para uma boa visibilidade não podem estar dissociados de
outros fatores sensoriais. Os usuários com visão limitada, por exemplo, precisam de
compensações em outros itens para melhorar a percepção. O planejamento da
luminosidade deve levar em conta ainda as compensações necessárias para que não
prejudique o ciclo circadiano dos moradores do local (TREGENZA e LOE, 2015).
Conforme Torrington (2007 apud Sousa e Maia, 2014):
A iluminação geral para portadores de demência deve oferecer claridade
entre 300 e 700 lux e todas as superfícies do ambiente devem estar bem
iluminadas; pois a iluminação desigual dificulta a orientação do indivíduo no
ambiente e pode produzir sombras, criando falsas ilusões de profundidade.
Outras medidas a serem tomadas são: utilizar cortinas nas janelas para filtrar
a luz quando necessário; dar preferência a lâmpadas foscas; posicionar os
pontos de iluminação fora da linha de visão dos usuários e evitar superfícies
brilhosas, como pisos polidos, pois a redução do reflexo minimiza as
possibilidades de quedas e maximiza a atenção no foco.
Pascale (2002) considera a redução de ruídos nos ambientes uma das melhores
formas de intervenção para auxiliar no tratamento de portadores de DA. Em seus
trabalhos sugere as seguinte medidas:
Por tudo que já foi exposto, sabe-se que o conforto térmico também é essencial
em um ambiente para portadores de DA. Dentre as medidas a serem adotadas, pode-se
citar a predileção pelo uso de pisos aquecidos em detrimento de aquecedores. Em
épocas mais quentes os sistemas de ar condicionados são fundamentais, desde que, o
profissional se atente para o posicionamento desses equipamentos (SOUSA E MAIA,
2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise de todo conteúdo estudado permite concluir que, os autores são
uníssonos em afirmar que o design de interiores pode interferir de maneira significativa,
na melhoria da qualidade de vida dos portadores da doença de Alzheimer. Resta claro,
porém, que a literatura especializada no tema ainda é escassa, pois apesar da vasta
literatura relacionada ao Alzheimer e uma quantidade razoável de publicações sobre o
design de interiores, os estudos que se dedicam a entender a interferência deste sobre
aquele carece de aprofundamento. Sendo assim, o estudo mostrou-se extremamente
relevante, pois servirá de base para novas buscas acadêmicas relacionadas ao tema.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER. Regional São Paulo. Demência.
Disponível em: <http://abraz.org.br/web/sobre-alzheimer/demencia/> Acesso em:
20/10/2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALZHEIMER. Regional São Paulo. O que é
Alzheimer. Disponível em <http://abraz.org.br/web/sobre-alzheimer/o-que-e-
alzheimer/> Acesso em: 21/08/2019.
BRASIL, Lei nº 10.741/2003. Estatuto do Idoso. Brasília: DF, Outubro de 2003.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm> Acesso
em: 08/09/2019.
BRITTO, T. M. Design e Saúde: contribuições para o cuidado na doença de
Alzheimer e outras demências. 2018. 115 f., il. Dissertação (Mestrado em Design) –
Instituto de Artes, Universidade de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em:
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/33924/1/2018_TalitaMachadoBritto.pdf>
Acesso em: 25/08/2019.
COLLE, Juliana Joenck. Diretrizes para Design de Interiores voltado a idosos com
doença de Alzheimer: projeto de banheiro residencial. 2017. 151 f. Projeto de
Conclusão de Curso (Bacharel) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2017. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/177146>
Acesso em: 21/08/2019.
Costa, L. (2011). Memórias enclausuráveis: A Institucionalização de Doentes de
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Católica Portuguesa: Braga. Disponível em:
<https://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/8833/1/Mem%c3%b3rias
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