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FAVENI

PÓS GRADUAÇÃO EM NEUROPSCICOPEDAGOGIA

TATIANA INÁCIO MARTINS

O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

IMBITUBA
2020
O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos
direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO-

Este trabalho irá elucidar a realização dos Estágios bem como toda referência teórica sobre o tema
abordado. O Lúdico é uma das atividades mais importantes na infância da criança, pois ela necessita
brincar, jogar, criar e inventar para manter o equilíbrio. Ele possibilita o estudo da relação com o mundo
externo, integrando estudos específicos sobre a importância do lúdico na formação da personalidade. O
lúdico é fundamental ao ser humano, logo, é parte constitutiva do processo de ensino-aprendizagem das
crianças. Na criança, a imaginação criadora, surge em forma de jogo, instrumento primeiro de
enfretamento da realidade. O elemento que separa um jogo pedagógico de outro caráter apenas lúdico é
que os jogos e brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com intenção explicita de provocar uma
aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento e principalmente despertar
o desenvolvimento de uma habilidade operatória.

PALAVRAS-CHAVE: Lúdico. Criança. Aprendizagem.


INTRODUÇÃO

O trabalho de graduação e seu respectivo referencial teórico estão relacionados


a disciplinas pedagógicas, e contém coleta de dados realizados com observação,
entrevista e regência. Este tem como tema o Lúdico no processo de ensino
aprendizagem que está relacionado com a área de concentração Metodologia de
Ensino. Objetivando adquirir conhecimento e reconhecer métodos.

O lúdico é parte integrante do mundo infantil da vida de todo ser humano. Os


jogos e brinquedos fazem parte da infância das crianças, onde a realidade e o faz de
conta intercalam-se. O olhar sobre o lúdico não deve ser visto apenas como diversão,
mas sim, de grande importância no processo de ensino-aprendizagem na fase da
infância.

A criança ao brincar e jogar se envolve tanto com a brincadeira, que coloca na


ação seu sentimento e emoção. Pode-se dizer que a atividade lúdica funciona como um
elo integrador entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais, portanto a partir
do brincar, desenvolve-se a facilidade para à aprendizagem, o desenvolvimento social,
cultural e pessoal e contribui para uma vida saudável, física e mental.

Assim, crianças e adultos, quando brincam e jogam, penetram no mundo das


relações sociais, desenvolvendo senso de iniciativa e auxílio mútuo. A metodologia, de
forma lúdica e prazerosa, proporcionará, com a aprendizagem, à criança estabelecer
relações cognitivas junto às experiências vivenciadas. Isso se deve ao fato de que, no
ato de brincar, com certeza não se aprende somente os conteúdos escolares, se
aprende sobre a vida, e se adquire experiências para lidar com situações de
enfrentamento quando necessário. Brincando, a criança se diverte, faz exercícios,
constrói seu conhecimento e aprende a conviver com outras crianças.
A presente proposta investigativa busca reconhecer, identificar e analisar as
representações significativas da ludicidade no processo ensino aprendizagem a partir
de estudos e experiências vivenciadas, assim como objetiva refletir sobre a importância
do lúdico no processo ensino aprendizagem, bem como conscientizar os educadores de
que os problemas referentes à aprendizagem estão relacionados às práticas educativas
(métodos de ensino).

Ao brincar a criança também adquire a capacidade de simbolização, permitindo


que ela possa vencer realidades angustiantes e domar medos instintivos. O brincar é
um impulso natural da criança, que aliado à aprendizagem torna-se mais fácil à
obtenção do aprender devido à espontaneidade das brincadeiras através de uma forma
intensa e total.

A problemática que será analisada busca compreender a importância dos jogos e


brincadeiras como subsídios eficazes na construção do conhecimento infantil através
de estimulações necessárias na produção de sua aprendizagem.

Com o objetivo de servir aos educadores, pais, psicólogos e a profissionais de


áreas afins, o incentivo da ludicidade as crianças como uma das principais fontes de
aprendizagem. Portanto, partindo de tal pressuposto fundamenta-se a necessidade de
evidenciar como lúdico influencia no processo de ensino-aprendizagem infantil
estabelecendo a consciência da importância dos jogos no desenvolvimento e na
educação da criança.

DESENVOLVIMENTO

O LÚDICO

FATOS HISTÓRICOS
Desde a educação greco-romana, já se atrelava à educação a ideia de
associação do estudo ao prazer com base nas projeções de Arsitóteles e Platão.
Platão (427-348), na Grécia Antiga, primava para que a educação, nos primeiros
anos da criança, se baseasse em jogos educativos praticados em comum por
ambos os sexos. Dava ênfase ao esporte por sua colaboração na formação do
caráter e da personalidade, bem como introduzia a prática da matemática lúdica,
aplicando exercícios com cálculos ligados a problemas concretos extraídos da vida
e dos negócios. Nesse período, determinou-se a importância da educação sensorial,
o uso do jogo didático nas mais diferentes áreas do ensino. A brincadeira era
considerada como recreação e a imagem social da infância não permitia a aceitação
de um comportamento infantil espontâneo que pudesse significar algum valor.

Aparece, dessa forma, um novo sentimento da infância, o qual protege as


crianças, que conquistam um lugar enquanto categoria social. Inicia-se, a partir dos
trabalhos de Comênio (1593), Rosseau (1712) e Pestalozzi (1746), citados por
Wajskop (1995), a elaboração de métodos próprios para a sua educação, seja em
casa ou em instituições.Esta nova concepção é marcada pela ideia de que a criança
é um ser que aprende o sentido do mundo de maneira espontânea através do
contato social. Propôs-se uma educação sensorial na utilização de jogos e materiais
didáticos, inaugurando um período histórico em que as crianças passaram a ser
respeitadas e compreendidas enquanto seres ativos.

Marcadas por uma concepção cumulativa e progressional de conhecimento, a


partir de uma exploração empírica da realidade, que parte do simples ao complexo
e, do concreto ao abstrato, pretende-se que as crianças aprendam as noções de
forma, tamanho, cor, e a dominar movimentos corporais. A linguagem, dessa forma,
é entendida como comunicação, ou seja, como exercícios mecânicos baseados na
teoria visual, auditiva e de memória, e não um sistema de representação. Através do
movimento da Escola Nova, os pensamentos de Froebel, Montessori e Decroly têm
se transformado em teorias aplicadas na história da pedagogia pré-escolar
brasileira, onde a atividade lúdica das crianças, restringindo- se a exercícios
repetitivos de discriminação motora e auditiva, através de brinquedos, desenhos
coloridos, mimeografados e músicas ritmadas, bloqueiam a organização do
desenvolvimento pleno da criança.

A valorização da brincadeira infantil apóia-se no mito da criança portadora de


verdade, cujo comportamento é o brincar, desprovido da razão e do caráter social. A
criança passou a ser, a partir dessa época um cidadão com imagem social
contraditória, ao reflexo do que o adulto e a sociedade queriam e temiam que se
tornasse. As crianças eram ao mesmo tempo livres para se desenvolver e educadas
para não exercer sua liberdade.

Para Wajskop (1995, p.28), ”a brincadeira é uma atividade humana na qual as


crianças são introduzidas constituindo um mundo de assimilar e recriar as
experiencias sócio-culturais, poisgarante a interação e construção
de conhecimentos da realidade delas”.

CONTEXTUALIZANDO O LÚDICO NA ESCOLA

A educação no Brasil teve um grande avanço quando passou por


reformulações e foi promulgada a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB/1996), as propostas dos PCNs, e a conseqüente divulgação das
Diretrizes Curriculares Nacionais, consideradas assim como um grande avanço na
educação brasileira e grande conquista para as escolas. Estes fatos fizeram com
que, na década de 90 (noventa), todas as escolas do Brasil discutissem o assunto.
Alguns professores concordaram com tais diretrizes, outros não, no entanto o
importante não foram os posicionamentos, mas as possibilidades de debates que se
desencadearam e permitiram o repensar pedagógico.

Para Almeida, 2003, p. 11:

A este ato de troca, de interação, de apropriação é que damos o


nome de EDUCAÇÃO. Esta não existe por si. É uma ação em conjunta
entre as pessoas que cooperam, comunicam-se e comungam o mesmo
saber. Por isso, educar não é um ato ingênuo, indefinido, imprevisível,
mas um ato histórico (tempo), cultural (valores), social (relação),
psicológico (inteligente), afetivo, existencial (concreto) e, acima de tudo,
político, pois, numa sociedade de classe, nenhuma ação é simplesmente
neutra, sem consciência de seus propósitos.

A ludicidade, como um estado de inteireza, de estar pleno naquilo que se faz


com prazer, pode estar presente em diferentes situações da vida. Algumas escolas
tornaram-se um local onde a criatividade e liberdade infantil são deixadas de lado e
os jogos e as brincadeiras são ignorados, excluindo o aspecto lúdico da criança. A
utilização do lúdico na escola é um recurso muito rico para a busca da valorização
das relações, onde as atividades lúdicas possibilitam a aquisição de valores já
esquecidos, o desenvolvimento cultural, e, com certeza, a assimilação de novos
conhecimentos, desenvolvendo, assim, a sociabilidade e a criatividade.

Almeida (1994, p.18) diz que “o grande educador faz do jogo uma arte, um
admirável instrumento para promover a educação para as crianças”. Isso porque,
quando a criança ingressa na escola, ela sofre um considerável impacto físico-
mental, pois, até então, sua vida era voltada aos brinquedos e ao seu ambiente
familiar.

Na escola, a criança é submetida a permanecer durante muitas horas em


cadeiras escolares não confortáveis e é impossibilitada de se mover livremente, pela
necessidade de se submeter à disciplina escolar, ocasionando em certa resistência
em ir à escola. O fato não está apenas no total desagrado pelo ambiente ou pela
nova forma de vida e sim por não encontrar canalização para suas atividades
preferidas. Isso ocorre porque ainda hoje se confunde as palavras ensinar com
transmitir, sendo o aluno agente passivo da aprendizagem e o professor um mero
transmissor do conhecimento. A escola atual demonstra, em certas situações, que
não aprendeu a confiar em seus alunos, porque apenas se limita ao repasse de
conhecimento, impondo um saber e restringindo-se apenas ao recebimento desse
domínio por parte dos alunos.

Friedmann (2003, p.3) diz que “dentro da escola acredita ser possível o
professor se soltar e trabalhar os jogos como forma de difundir os conteúdos”.
Assim, é papel indispensável a professores e gestores escolares refletir acerca da
importância da ludicidade na prática pedagógica como facilitadora do ensino e da
aprendizagem.

É através do lúdico que a criança encontra o equilíbrio entre o real e o


imaginário, desenvolvendo a aprendizagem de forma prazerosa e significativa,
possibilitando que as aulas sejam um sucesso e resultando na satisfação de
professores e alunos. Ao analisar mais profundamente as crianças, percebe-se que
toda sua vida será, em qualquer fase que se encontre, sempre iluminada pelo
lúdico. Deve-se, dessa maneira, proporcionar ao discente o encantamento da
brincadeira como fator propulsor para a aprendizagem diária.

O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O ensino é uma importante ferramenta na construção da aprendizagem. É


através da exploração que a criança expande seus pensamentos e aprendizados,
adjunto à observação e investigação do mundo. Quanto mais a criança explora as
coisas do mundo, mais ela é capaz de relacionar fatos e ideias, tirar conclusões, ou
seja, mais ela é capaz de pensar e compreender. A criança processa o
conhecimento através da exploração concreta do elemento. Ou seja, a criança
absolve qualquer tipo de informação, contribuindo assim para uma maior carga de
experiências e conhecimentos para seu desenvolvimento cognitivo.

Aprendizagem é toda atividade cujo resultado é a formação de novos


conhecimentos, habilidades, hábitos naquele que a executa, ou a aquisição de
novas qualidades nos conhecimentos, habilidades, hábitos que já possuam. O
vínculo interno que existe entre a atividade e os novos conhecimentos e
habilidades residem no fato de que, durante o processo da atividade, as ações
com os objetos e fenômenos formam as representações e conceitos desses
objetos e fenômenos (GALPERIN, 2001[d], p.85).

É por meio de uma série de fatores (emocionais, sociais, neurológicos) que a


aprendizagem se constitui, o que acaba gerando mudanças comportamentais nos
indivíduos. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio
ambiente. Para Vygotsky (1984, p.103) “a aprendizagem e o desenvolvimento estão
estritamente relacionados, sendo que as crianças se inter-relacionam com o meio
social, internalizando o conhecimento advindo de um processo de construção.”
Portanto, para que ocorra aprendizagem é preciso que umas séries de fatores se
interliguem. E através da junção de vários meios (familiares, sociais, escolares) que
a criança desenvolve também a aprendizagem.

A aquisição da aprendizagem como foi dita, deriva-se de várias esferas, dentre


elas, social, cognitivo, biológico e afetivo. Assim, a família sendo a primeira
organização social à qual a criança participa, exerce um fator importante na
elaboração dos princípios e valores que vão acompanhá-los pela sua trajetória de
vida.

[...] para a psicanálise, a família é tida como as condições mínimas, necessárias que garantem o
advento de uma subjetividade. Condição essa que se refere ao Outro. Outro no sentido de outro real
imediato, dos cuidados, Outro no sentido da linguagem, da cultura, que definirá para esse sujeito por
advir o lugar que ele ocupará (MENDONÇA, 2009, p.23).

A estrutura psíquica do individuo pode ser moldada devido aos fatores aos
quais está inserido, e as relações parentais devem ser vivenciados de forma
dinâmica e funcional, para que a aprendizagem e o desenvolvimento normal não
sejam comprometidos. Ao nascer, a criança é totalmente dependente dos pais, e a
medida que vai se desenvolvendo, essa necessidade de cuidados vai sendo
diminuída, e a dependência se tornando desnecessária. Os pais precisam respeitar
as necessidades e capacidades de seus filhos, para que estes possam desenvolver
sua autonomia, mas ao mesmo tempo compartilhar todas as etapas de
desenvolvimentos de uma forma íntegra e afetiva. Contribuindo assim,
significativamente na obtenção de conhecimentos e construção de uma identidade.

[...] a família ainda é o lugar privilegiado para a promoção da educação infantil.


Embora a escola, os clubes, os companheiros e a televisão exerçam grande
influencia na formação da criança, os valores morais e os padrões de conduta
são adquiridos essencialmente através do convívio familiar (GOMIDE, 2009, p.
9).
Legitimando a importância da cultura na infância, destaca-se a escola como um
local onde é conduzida uma série de conhecimentos que influenciam o
desenvolvimento da aprendizagem. A escola é caracterizada como uma instituição
organizada, com intuito da promoção do desenvolvimento do saber e do ensino,
além de proporcionar estabelecimento de vínculos afetivos e sociais. Onde os
métodos utilizados são variados de acordo com a idade do aluno. Portanto, a
escola, família e sociedade são responsáveis não só pela transmissão de
conhecimentos, valores, cultura, mas também pela formação da personalidade
social dos indivíduos.

A construção do conhecimento na sala de aula é um processo social e


compartilhado. A interação se dá em um contexto socialmente pautado, no qual
o sujeito participa de práticas culturalmente organizadas com ferramentas e
conteúdos culturais. As perspectivas socioculturais enfatizam a
interdependência entre os processos individuais e os sociais na construção do
conhecimento. Sua interpretação dos processos de aprendizagem fundamenta-
se na ideia de que as atividades humanas estão posicionadas em contextos
culturais e são mediadas pela linguagem e por outros sistemas simbólicos
(COLL, et al 2004, p. 105)

Os conteúdos escolares, adquiridos pela aquisição de conhecimentos e


construção de valores são constituídos também pela imagem adquirida do sujeito no
grupo social e familiar ao qual faz parte. Portanto, o meio ao qual o individuo está
inserido trata-se uma grande referência, podendo assim, interferir na construção
pedagógica já que a elaboração do saber trata-se de uma construção conjunta,
interativa e não individualmente. Ao se envolver nas atividades escolares, a família
influencia o aprendizado das crianças, transmitindo ao filho/aluno uma maior
segurança na aprendizagem. Porém, a escola torna-se imprescindível na
construção de experiências do sujeito, constituindo exemplo de valores e atitudes
positivas relacionadas ao aprendizado. Além da transmissão de conhecimentos, a
escola também é uma via de socialização, no qual a criança convive com outras
crianças, com seus professores, sendo um espaço de trocas, ou seja, promove
conhecimentos e interações sociais, além de expandir o cognitivo.

Esse binômio, família e escola formam a base necessária para que haja
desenvolvimento integral da criança. Porém, esses pilares são construídos por
intermédio da solidificação dessa parceria com a soma de esforços de ambas as
partes. Um dos objetivos do trabalho lúdico é o de auxiliar a criança a obter melhor
desempenho na aprendizagem através da utilização de uma metodologia
espontânea, divertida e recreativa, o lúdico age também como forma de
comunicação das crianças, tornando a aprendizagem de acordo como seu modo de
vê o mundo, respeitando suas características e raciocínios próprios.

A educação lúdica, na sua essência, além de contribuir e influenciar na


formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um
enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma
práticademocrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento.
A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a
interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e
modificação do meio (ALMEIDA, 1994, p.41).

A obtenção de um melhor desempenho da aprendizagem pode ser obtida por


meio da ludicidade. Dentre os inúmeros benefícios uma educação lúdica, pode-se
enfatizar algumas: a melhoria da capacidade cognitiva da criança, a potencializarão
da sua capacidade psicomotora, bem como, da sua capacidade de se relacionar
com seus grupos de iguais. Pode-se dizer que um dos fatores além do genético
para se obter o desenvolvimento psicossocial equilibrado do ser humano, considera-
se o brincar fundamental.

O brincar permite à criança um espaço para a resolução de problemas que as


rodeiam, conduz a relacionamentos grupais, facilita o crescimento, podendo ser
uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros. O brincar é mais que
um divertimento. Santos (1999) relata que brincando a criança ordena o mundo à
sua volta assimilando experiências e informações, e ainda mais, incorporando
comportamentos e valores. É através do brinquedo e do jogo que a criança
consegue reproduzir e recriar o meio a sua volta.

Com a era da tecnologia, os brinquedos e os jogos eletrônicos vêm


acompanhados de um manual, onde descreve todas as maneiras de brincar, para
tal, diminui o processo de imaginação, fantasia e aumenta a comodidade das
crianças, reduzindo o afloramento da criatividade. Não é desmerecendo os avanços
tecnológicos, pois estes apresentam suma importância na vida do homem, mas o
que entra em questão é o fato que esses instrumentos sejam utilizados de maneira
inteligente, sem que crie uma dependência. As crianças acabam por se tronarem
acomodadas, pois os brinquedos dispensam a imaginação, e como consequência o
resultado são crianças com mentes cada vez mais preguiçosas.

É importante salientar que o biológico e o social não se dissipam, e dentre as


atividades lúdicas proporcionam também o desenvolvimento da coordenação
motora, resistência física e habilidades. Ao brincar, as crianças evocam a
importância também dos hábitos favoráveis à saúde física. Elas precisam utilizar o
corpo, braços e pernas para descerem e subirem nas árvores, assim, fortalecendo a
musculatura no processo de crescimento dos ossos.

Na vivência de troca dos afetos e estabelecimento de vínculos por meio das


brincadeiras, a criança interage com seu ambiente e com outras crianças, facilitando
inclusive o desenvolvimento da aprendizagem, da leitura e da escrita em seu devido
tempo. Pode-se assim dizer, que o lúdico enquadra-se numa abordagem
multidisciplinar, intercalando-se numa relação cognitiva, biológica, social e
recreativa. Paiva (2009) explana à respeito da infância, que este período está
diminuindo casa vez mais, e ao mesmo tempo que a sociedade roga pelos direitos
da criança, em brincar, viver conforme seus direitos, entra uma contradição quando
os adultos não fazem à passagem ao ato para tal idealização. A criança quando
privada do brincar, dificilmente produzirá vínculos significados com o outro e com o
meio ao qual está inserida. A criança necessita de experimentação acerca de
conhecimentos, sendo esta a melhor forma de incorporação dos mesmos.

A linguagem, segundo Vygotsky (1984), tem importante papel no


desenvolvimento cognitivo da criança à medida que sistematiza suas experiências e
a ainda colabora na organização dos processos em andamento. Muitas situações
vividas no cotidiano das crianças são reproduzidas na brincadeira, as quais, pela
imaginação e pelo faz-de-conta são reelaboradas. O jogo é crucial para o
desenvolvimento cognitivo, pois é o processo de criar situações imaginárias, leva ao
desenvolvimento do pensamento abstrato. Isso acontece porque novos
relacionamentos são criados no jogo entre significados e objetos e ações.

A introdução do lúdico na vida escolar do educando torna-se uma forma eficaz


de repassar pelo universo infantil para imprimir-lhe o universo adulto. Promover uma
alfabetização significativa a prática educacional é a proposta do lúdico. Através das
atividades lúdicas na escola, de acordo Luckesi (2000, p.21) pode-se “auxiliar o
educando a ir para o centro de si mesmo, para a sua confiança interna e externa;
não é, também, difícil, coisa tão especial estimulá-lo à ação, como também ao
pensar”.

O jogo apresenta sempre duas funções no processo de ensino-aprendizagem. A


primeira é lúdica, onde a criança encontra o prazer e a satisfação no jogar, e a
segunda é educativa, onde através do jogo a criança é educada para a convivência
social, já que o mundo à qual faz parte possui leis e regras as quais precisam ser
conhecidas e internalizadas. A criança estando em um constante processo de
desenvolvimento, ela brinca, porque a brincadeira propõe subsídios a se
desenvolver.

É importante ressaltar, que a motivação do educador escolar para proporcionar


a atividade lúdica é fundamental para que o aluno possa despertar o interesse para
criar, desenvolver, participar, buscando a construção do conhecimento. O
desenvolvimento lúdico nas práticas pedagógicas na escola, não deve ser visto
apenas como descontração, mas sim, como meio para o desenvolvimento do
aprimoramento do raciocínio lógico, cognitivo e social de maneira espontânea e
prazerosa para a criança. Os adultos enquanto educadores devem ter cautela no
que expõem para as crianças, pois uma das ferramentas da aprendizagem infantil é
a repetição.

A criança quando não brinca, acarreta uma série de perturbações, dentre as


quais, não se socializa com o outro, torna-se agressiva, impossibilitando novos
conhecimentos e alcance de objetivos. A ausência do lúdico na infância permeia o
aparecimento de alguns fatores, como inabiliade social, comprometimento nas
estruturas psíquicas e/ou psicológicas na infância.

A educação por meio do lúdico possibilita um favorável crescimento da criança,


investindo numa elaboração íntegra do conhecimento infantil. Enquanto joga e
brinca, podem ser recriados conceitos cotidianos, compreendendo, encenando,
reelaborando a realidade, contribuindo assim para uma maneira melhor de se
relacionar com o outro e desenvolvendo sua identidade e autonomia.

O lúdico como método pedagógico prioriza a liberdade de expressão e criação.


Por meio dessa ferramenta, a criança aprende de uma forma menos rígida, mais
tranquila e prazerosa, possibilitando o alcance dos mais diversos níveis do
desenvolvimento. Cabe assim, uma estimulação por parte do adulto/professor para
a criação de ambiente que favoreça a propagação do desenvolvimento infantil, por
intermédio da ludicidade.

O LÚDICO NOS ANOS INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

A criança é um sujeito social, histórico e faz parte de uma organização familiar


que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura em um
determinado momento histórico. Portanto, o seu desenvolvimento ocorre de modo
contínuo com ritmo diferente para cada criança. Costuma-se limitar o conceito de
aprendizagem somente à ações que ocorrem nas escolas como produto do ensino.
No entanto, a aprendizagem envolve os hábitos, aspectos de nossa vida afetiva,
assimilação de valores culturais, funcionais e procede de toda estimulação
ambiental recebida pelo indivíduo no decorrer da vida e, também, ao sofrer
interferências intelectuais, psicomotoras, físicos e sociais.

O lúdico proporciona à criança a relação com o ambiente em que vive,


considerando como meio de expressão e aprendizado. As atividades lúdicas
possibilitam o desenvolvimento cultural, a assimilação de novos conhecimentos, o
desenvolvimento da sociabilidade e da criatividade. Assim, a criança encontra o
equilíbrio entre o real e o imaginário e tem a oportunidade de se desenvolver de
maneira prazerosa.

O lúdico é um instrumento de desenvolvimento da linguagem e do imaginário,


como um meio de expressão de qualidades espontâneas ou naturais da criança. Um
momento para observar a criança que, expressa por meio do lúdico, sua natureza
psicológica.

Por meio de uma aula lúdica, o aluno é estimulado a desenvolver sua


criatividade e não a produtividade, sendo sujeito do processo pedagógico. Por meio
da brincadeira o aluno desperta o desejo do saber, a vontade de participar e a
alegria da conquista. Quando a criança percebe que existe uma sistematização na
proposta de uma atividade dinâmica e lúdica, a brincadeira passa a ser interessante
e a concentração do aluno fica maior, assimilando os conteúdos com mais facilidade
e naturalidade. (KISHIMOTO, 1994).

A ausência do lúdico pode ter relação direta com as dificuldades de


aprendizagem. Sob esta visão, aponta-se a importância do imaginário como
processo de aprendizagem, neste inclui-se o brinquedo. Brincar é um ato natural e
faz parte do desenvolvimento do ser humano. O faz de conta mostra a realidade e
são maneiras encontradas pela criança de atuar e modificar, contribuindo para o
desenvolvimento tanto motor como psíquico.

O brincar e o brinquedo sempre estiveram presentes no cotidiano das pessoas,


independentemente da classe social, raça, gêneros e cultura. Isso mostra a grande
riqueza do brincar e do brinquedo para o desenvolvimento humano. Diante do
exposto, torna-se fundamental que nós comecemos a formular o próprio conceito de
brincadeira, visando à construção do conhecimento e da identidade da criança.
“Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando
aprende a socializar-se com outras crianças, desenvolve a motricidade, a mente, a
criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com prazer” (Cunha 2001, p.14).
Os jogos e as brincadeiras devem ser vistos como parte integrante da
educação, pois é através desses recursos lúdicos que se dará a continuidade da
construção da subjetividade e da autonomia da criança. Colocamos como
continuidade, porque esse processo começa e se desenvolver também na família.

A brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e,


ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo-da vida natural
interna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade,
contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo... A criança que
brinca sempre, com determinação auto ativa, perseverança, esquecendo sua
fadiga física, pode certamente torna-se um homem determinado, capaz de auto
sacrifício para a promoção do seu bem e de outros... Como sempre indicamos o
brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda
significação (FROEBEL, 1912, P.55).

JOGOS E APRENDIZAGEM

Incluir o jogo e a brincadeira na escola tem como propósito o duplo aspecto de


servir como forma de satisfação de necessidade do lazer e também servir à
construção do conhecimento. É preciso que os professores saibam que a
aprendizagem e a diversão, por si só, não se realizam. É preciso sistematização de
conteúdos para que as brincadeiras aconteçam como processo de ação e reflexão.
Assim o professor deve em seu plano de ação procedimentos para que as
atividades lúdicas sejam concretizadas e inter-relacionadas no cotidiano escolar,
para não acabarem sufocadas em meio a papéis vazios e sem sentido para o aluno.

Ao brincar, a criança passa a compreender as características dos objetivos, seu


funcionamento e os elementos que estão envolvidos. Para se trabalhar com jogos e
brincadeiras no campo educacional, é necessário fazer com que as crianças sintam
desejo pela brincadeira, para que, a partir daí, possam chegar de fato à
aprendizagem. "O brincar pode ser visto, portanto, como a base sobre a qual se
desenvolvem o espírito construtivo, a imaginação, a faculdade sistematizar e
absterei, a capacidade de interagir socialmente, abrindo caminho para o
desenvolvimento do trabalho, da ciência e da arte." (Machado, 1983).
O uso do lúdico com fins compensatórios é uma experiência vivida com o
objetivo de descansar, recuperar forças para voltar ao trabalho e estudos com
maiores condições de produtividade por parte do aluno. O sentido compensatório
nas escolas também tem objetivo de quebrar a rotina, seja pela necessidade de
motivar os alunos para aprender, seja pela necessidade da avaliar frustrações,
tensões ou controlar inquietações das crianças, por falta de movimentação que seus
corpos demandam. Para Kishimoto ( 2003),

A função lúdica na educação: o brinquedo propicia diversão, prazer e até


desprazer, quando escolhido voluntariamente a função educativa, o brinquedo
ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus
conhecimentos e sua apreensão do mundo. O brincar e jogar e dotado de
natureza livre típica de uns processos educativos. Como reunir dentro da
mesma situação o brincar e o educar. Essa e a especificidade do brinquedo
educativo. (KISHIMOTO, 2003, p.37).

É através da brincadeira que a criança consegue entender conceitos como alto


e baixo (montando grandes torres, por exemplo), formas, orienta-se no espaço,
discrimina objetos e cores, etc. É por isso que, quando uma não brinca ou parece
inibida nas suas brincadeiras, isso é sinal de que algo em seu desenvolvimento não
está indo bem. A impossibilidade ou dificuldade de brincar nos mostra que a criança
está tendo problemas em seu desenvolvimento.

O brincar torna-se importante para o desenvolvimento de conceitos como a


percepção espaço-temporal, lateralidade, formas, cores, etc. Há muito professores
já perceberam isso e se utilizam de exercícios e brincadeiras que trabalham esses
outros conceitos sem que as crianças percebam a real importância desse trabalho.

Isso simplesmente porque os professores estão trabalhando conceitos


fundamentais ao seu desenvolvimento de uma forma tão prazerosa que parece uma
brincadeira, então se os educadores conseguirem ensinar a maioria dos conteúdos
de uma forma tão prazerosa e atraente quanto uma brincadeira, podem seguir em
frente, pois esse é realmente o caminho certo.
CONCLUSÃO

No transcorrer desse trabalho difundiu-se ideias a respeito da importância do


lúdico no processo de ensino aprendizagem infantil, desvelando que a ludicidade é um
grande laboratório para o desenvolvimento integral da criança, que merece atenção dos
pais e dos educadores, pois é através das brincadeiras que a criança descobre a si
mesmo e o outro.

O ser humano passa por constantes evoluções, resultando numa construção de


uma série de processos que se interligam (biológicos, intelectuais, sociais e culturais).
O desenvolvimento cognitivo perpassa por uma série de períodos, atrelados por
mudanças tanto no plano qualitativo, quanto no quantitativo à cada estágio vivenciado.
O que permite ao sujeito uma construção e reconstrução a cada estrutura, tornando-o
mais apto ao equilíbrio. Cabe aqui ressaltar, que o desenvolvimento de cada ser
humano, varia de acordo com os fatores internos (biológico) e externos aos quais estão
inseridos.

Devido o mundo real ser de uma difícil assimilação, a criança cria seu próprio
universo, mais conhecido como as fantasias infantis. Nesse universo inventado, elas
fazem um paralelo do imaginário com a realidade, e através de seus personagens
imaginativos encontram resoluções para qualquer situação. Por meio do simbólico, os
desejos e vontades são explicitados, além de permitir que a criança exponha e elabore
também seus conflitos e angústias do mundo real.

O lúdico viabiliza uma série de aprimoramentos em diversos âmbitos dos


desenvolvimentos, cognitivo, motor, social e afetivo. Através do brincar a criança
inventa, descobre, experimenta, adquire habilidades, desenvolve a criatividade, auto
confiança, autonomia, expande o desenvolvimento da linguagem, pensamento e
atenção. Por meio de sua dinamicidade, o lúdico proporciona além de situações
prazerosas, o surgimento de comportamentos e assimilação de regras sociais. Ajuda a
desenvolver seu intelecto, tornando claras suas emoções, angústias, ansiedades,
reconhecendo suas dificuldades, proporcionando assim soluções e promovendo um
enriquecimento na vida interior da criança.

Verificou-se que a atividade lúdica fornece uma evolução nas funções das
habilidades psíquicas, da personalidade e da educação. Por meio dos jogos e
brincadeiras a criança aprende a controlar os seus impulsos, a esperar, respeitar
regras, aumenta sua autoestima e independência, servindo também para aliviar tensões
e diminuir frustrações, pois através do brincar a criança reproduz situações vividas no
seu habitual, reelaborando através dos faz de conta.

A utilização de jogos e brincadeiras no meio educacional propicia as crianças o


aprimoramento de diversos conhecimentos de forma lúdica. Aos educadores, estes
além de estarem motivados também com o lúdico, é preciso um conhecimento mais
elaborado acerca do tema, para poder intervir nas brincadeiras da crianças. Contudo,
faz-se necessário auxiliar a criança, de maneira sutil, para que brinque com diversos
tipos de brinquedos.

REFERÊNCIAS

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