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Cree) Bruno Ferrari Emerich Rosana T. Onocko-Campos HUCITEC EDITORA CapituLo 9 APOSTAS EM UMA ATENGAO PSICOSSOCIAL MENOR Silvio Yasui ESULTADO de um longo caminho histérico que envolveu — e Reve envolve — miiltiplos e intimeros atores sociais, nas tlti- mas trés décadas vem sendo construida no Brasil uma ousada mu- danga do modelo assistencial em Satide e em Satide Mental, que implica diversas transformacoes: nos conceitos que embasam as pra- ticas dos profissionais; nos modos de produzir o cuidado; nos modos dese fazer a gest’io; na formacio dos profissionais. Esse caminhar historico foi marcado por territdrios de tenses edisputas de forcas sociais, afetando interesses econdmicos de gru- pose segmentos da sociedade que, de um modo ou outro, fazem da satide um negécio privado. A institucionalizago, a partir da década 421990, do idedrio da Reforma Sanitaria e da Reforma Psiquiatrica como politica ptiblica, é um dos efeitos desse proceso. Além de estar organizada ame ieee . : ‘ganizada em torno de principios, diretrizes ¢ agoes sustentadas por satide-doencga em tratégias de cuida- M necessariamente a uma perspectiva complexa € interdis- Nar — ot “ ui 7 afirma a satide como um direito social. Na Satide Men por meio das quatro Um oy . lutro modelo — que considera o processo de Scus dey . a Pe x termintantes sociais, cuja compreensio € es ” Temetey phi bi880 constr . nstruiu-se, dentre outros movimentos, 209 Digitalizado com CamScanner conferéncias nacionais de satide mental, ¢ est expresso na Let 10.216, na publicagio de centenas de portarias ¢ normatizagoes do Ministé- tio da Sade, em especial a Portaria 3.088 de 2011, que normatiza a Rede de Atengio Psicossocial (Raps). E importante frisar que nomeamos Atengio Psicossocial a pro- posta de mudanga de paradigma nos modos de compreender o sofri- mento psiquico e nos modos de produzir ¢ ofertar 0 cuidado. Trata- -se aqui de um conjunto de pressupostos éticos, politicos e técnicos que constituem a esséncia da politica de satide mental defendida pela Reforma Psiquiatrica, mas nao se limita a ela (Costa-Rosa & Luzio; Yasui, 2010; Yasui & Costa-Rosa, 2008). Contudo, o cendrio das forcas politicas mudou de forma dra- miatica com o golpe que levou a deposigao da presidenta Dilma Rousseff, no ano de 2016, colocando no poder de decisio do Minis- tério da Satide representantes de segmentos e grupos contrarios a0 SUS e 4 Satide Mental e Atencio Psicossocial. Com a eleicio em 2018 do presidente Jair Bolsonaro, esse grupo permaneceu e busca reafirmar e consolidar seu poder de influenciar os rumos da Politica de Satide Mental. No ano de 2017, muitas iniciativas federais fragilizaram a po- téncia da politica publica de satide, como, por exemplo, a Emenda Constitucional 95/2016, que limitou por vinte anos os gastos par blicos, o que afetard o j4 subfinanciado Sistema Unico de Satide. Do ponto de vista da organizacio das agées de satide, foram publicadas portarias que modificaram a politica da atengio bisica, sinalizando um retrocesso para uma atuagiio centrada no modelo biomédico com privilegiamento das especialidades. Publicou-s¢ * Portaria 3.588/17, que alterou a portaria da Rede de Atengio sic cossocial (Raps). Essa alteragio reconheceu os Hospitais Psiquiterioos Digitalizado com CamScanner 4pOSTAS EM UMA ATENCAO PSICOSSOCIAL yp NOR 244 0 locus de cuidado (com indugio financeir, a retorno de ofertas ambulatoriais, Para tal), deterrni- ‘ A e introduz uu minutas que posttiltamsanpta ae inefica- aff Comunidades Terapéuticas. No ano de 2018 os le recursos Fal de Politicas sobre Drogas (Conad) aprovou cima aot es Na- jasticul uma nova politica centrada na abstinéncia, na a que des ‘Comunidades Terapéuticas. tporacio Nos meses iniciais de 2019, foi publicada uma norma técnica’ »nta os principais pontos da gestdo da satide mental do com! ue aprese! wverno Jair Bolsonaro, dos quais destacamos: reafirma a inclusto dos hospitais psiquidtricos na Raps, ampliando para as Comunida- des Terapéuticas de entidades religiosas; inclui o eletrochoque como procedimento do SUS; reafirma a abstinéncia como eixo da politica deatengao a dependéncia quimica; afirma que nao haverd mais ser- vigos substitutivos, apenas servigos que se complementam, ou seja, um servigo Caps € complementar a0 hospital psiquidtrico. Além des- ses pontos, em varios trechos a nota insinua acu: sages & Politica de Saiide Mental que vinha sendo implementada. Afirma que, agora, 2 politica sera baseada apenas em evidéncias cientificas, como se antes assim nao fosse. Aponta para 0 aumento de presos que apresentam transtorno psiquiatrico eo aumento da populacio moradora de rua como consequéncia do fechamento dos leitos psiquistricos. Enfim, 38 nota, por si, seria tema de um artigo analitico. Mostro aqut que Sio muitas as agdes que, Se concretizadas, representurio um grande ret . ; ‘ocesso no que vinha sendo construido. stirada do ar inda nao ha tho daatual do sig A Nowa Técnica ne 11/2019-Camnad/DapesSASIMS A Uma very Ministério da Satide, sob a alegasio de ave esti sob on meet gestae S20 definitiva, No entanto, éum forte Gndicativo das linhas 4&7 a satide mental. ° Digitalizado com CamScanner 212 YASUI enum momento NO qual direitos ¢ cong 0s. Vive 1, Os valores implicitos na Politica satan sob ameng a cas estat cial como! solidariedade, compartilh Wistas do St 2 dy : Mente, midos pelos valores reinantes no rn, : Note, ti oO Atencio! rieipagi0s sio subst 1088 ereado. os a . , ie 20 acompetigio, 0 Jucro. Os modos solidério; 6 dividualismo, , i . | jivid go de um projeto de Estado, exe aoc de organizag } . ao construgio deuma sociedade mais cqnidnime, Sao sub uma suposta eficiéncia falsamente atribuida \l6gica privada que re. duz dramaticamente os recursos puiblicos da satide, produzinds . ultima instincia, desassisténcia, piores condicdes de trabalho e retro. cessos nos indices de Satide Coletiva. Isso tem impactos no COtidian, dos servigos, nos lugares onde a vida acontece. ° E nesse cendrio sombrio e nesse tempo repleto de incerteras no final da segunda década do terceiro milénio, que o presente i foi escrito. Em 1989 era publicado o volume 1 da colecao SaudeL ou. cura com um texto meu intitulado “Caps: aprendendo a pergunta:”, no qual apresentava algumas questdes que me afetavam naqueles anos iniciais do Centro de Atencio Psicossocial. Trinta anos depois, recebo um convite para escrever para o volume 10 da mesma: colegio, Rovamente com o tema sobre o Caps, que agora é um importante servigo da politica puiblica de satide mental. Entre um tempo e outro uma longa jornada que utilizarei como matéria-prima deste presea- tetexto, Resgato algumas reflexdes — ainda nfo publicadas—* tealizei em minha tese de livre-docéncia, Sao pensamentos que tt 7€M 08 vestigios de meu caminhar no Caps Luiz Cerqueira ee Outras estradas da satide mental e da atencio psicossocial. a Pore ntieagbe os meus desassossegos. Ae igee pray cscrita, um qué de Saar ee assure? ts deere a Provocacées dealguém incomoda a estes” | um texto demasiadamente marcado P | $ Coletiys, Nte éticg ¢ Stituidos Por Indo, ery Digitalizado com CamScanner APOSTAS EM UMA ATENCAO PSICOSSOCIAL MENOR 213 08 No ha como desconectar destes atravessa tobre certs (talvez todos) assuntos nenhum confiangas (grate, Guimaries Rosa). O texto segue dois eixos: no primeiro, tomo emprestado 0 con- ceito de literatura menor, desenvolvido por Deleuze & Guattari (1977), pare pensar em destacar a dimensio micropolitica de nosso cotidiano €@ forca da invengao e criagao de cada equipe, em cada gervigo da rede de atengio psicossocial, para sustentar esse Projetoe resistir a seu desmanche. Nessa perspectiva, em uma segunda parte, tego algumas consideragdes sobre a Atencio Psicossocial como poli- tica publica e as forgas reativas que tomaram de assalto o Estado brasileiro com o golpe de 2016, ressaltando a necessidade de inten- sificar, no cotidiano dos servigos, movimentos criativos e inventivos para enfrentar os ataques que aquela politica vem sofrendo. imentos atuais. Tenho ‘a sabedoria, mas des- Por uma Atengao Psicossocial menor: movimento um No tempo que comegivamos a inventar os caminhos da Reforma Psiquidtrica, em meados da década de 1980, nao foram poucas as vezes de que ouvimos afirmagées como “Isso nao vai dar certo!”, “E sé um sonho de uma noite de verao!”, “Vocés nao sabem nada de Psiquiatria, o melhor tratamento para o doente mental é aquele feito em hospital especializado!”, “Satide mental nao tem nada aver com Political” “Isso é coisa de comunista”. Na minha passagem pelo Hospital Psiquiatrico de Juquery, ®m suas bordas institucionais, produzimos pequenas fissuras: expe- Fmentar transformar as enfermarias em Lar Abrigado e nomear os Pacientes de longa permanéncia como moradores, restituindo a eles ‘IOs, roupas, a possibilidade de ir e vir sem as necessirias permissoes Digitalizado com CamScanner 214 YASUL eprecedentes: Uma paciente, a0 ver bas &spelho que porities e spanta-se com a sua aparéncig; _ : Ag, ede instalas ¢§P Outra sai e entra dj Veh bavamos de Euerajovem!, . « pre sane “iversas ee pio pode ser eu ra testar se os Vigias nio a impedirgg, Out, Sd hospital, apenas ae cozinhar a propria comida, Exempig, Per gunta quando oe que nos falam de uma importante mug Is, Cae aciente tutelado, excluido, silenciado ¢ ince : cones ‘atv por vezes dolorosa, de Teconquista de um a omen deliberdade. Certa ocasiio, ouvide ym fe a uma Residéncia Terapéutica: “Viver aqui fora nao. Mas é muito melhor do que ficar internada”, Na Petspecting basagliana, tio cara ao processo social complexo de nossa Reforma Psiquitrica, liberdade nfo é resultado e sim base da Pratica terapéy- tica, o que inspira o lema da satide mental da cidade italiana de ‘Trieste: A liberdade é terapéutica (Nicdcio & Campos, 2007), No centio macropolitico, estivamos, naqueles anos da décadz de 1980, em um momento de transigio. Mas ainda eram fortes as forgas regidas pelo autoritarismo e pelo Conservadorismo, que ameags- vam a quem ousava pensar e fazer diferente no interior Ges psiquitric: enfermarias: Palavras de: enquadram, daordem Uma mo, NAO € fied das institui- : olhares e gestos ameagadores nos corredores das 5 exercicio de micro-podres-poderes, com seus papéise adverténcia administrativa; intimidagdo com um possi lento na famigerada lei de Seguranga nacional, por subversio constituida; demissdes ou afastamento dos lugares de 0? até catros blindados do exército ou o uso da forca policil: 3tbin 3s fies indicam m ie d {BNE blindedo pw ye, Ja a ines, SPO Urutu para, 14 Nova, diregig na! Colonia jul es an08- nents pelos quais 0 autor passou MN yg neiro, soldados do Exército wliaaas & Pedido do Ministro da Saide, att ‘ano Moreira, sob protestos dos trab Digitalizado com CamScanner Ul aposTas EM UMA ATENCAO Psicossocyy L MENG R245 gar enfrentar essas forgas si ‘AS Cra correr f} CF riscag correr? | Mas que vid, ha Ou - svio que encontra he oF ( triivamos era produzit mui ade das redes sociai zs cqmaagilicade ¢ tedes sociais, conseguiamos WWitos enconter, 5 AMOS nos agny m8. par de dife. modos: em grupos de estudo, em encontros 08 de carter ¢j ter cienti i- sqp c/o politico, em visitas ¢ trocas que fazi oa a : 'aMos entre di ensign: Encontros para narrar e trocar nossas viva Le diferentes ‘ ; A énci ‘a “ps conectar eagenciar pessoas ¢ lugares ao desejo d aS ¢ experién- panicomio. jo de desconstruiro Eiralém, para fora dos muros do hospital. Repen z Aye . as sar O que sii para quem sio as praticas de cuidado, quais sio seus lu; a produzir no/pelo encontro. ies ge pa estava a outro lugar. Um pequeno coletivo em um casarao, perto da ai i = , perto ver la Paulista, que se chamava Centro de Aten- gioPsicossocial Luiz da Rocha Cerqueira. Eram pessoas que, saidas, pads ou expulsio, de outros trabalhos, se encontraram ¢, inspi- s . poe . ae ” por muitas referéncias e por muitas experiéncias, inventavam umoutro modo de olhar e cuidar do sofrimento psiquico. Por exem- a .complexidade de sua vida ontros plo,nos importava muito mais 0 sujeito, ‘ as suas histérias, do que seu diagnéstico. Os primeiros enc 7 usuarios com o Caps, que eram realizados geralmente com ums ipla de trabalhadores, podiam durar semanas, meses, até que Pu atéria da vida cotidiana de quem dado poderia set trilhado. neaminhada do gndsticos que va e psicose = compar; a partir da m a, os caminhos pelos quais © cui tg chega ao Caps Luiz Cerqueira or Scilavam oe da Vila Mariana. Com varios diay ™Manfaco- fe paciente borderline, lumento, oe era tida como paciente sem . Sua relagiio com diversos servigos de histérica conve possibil die me! fidade de tra- sntal estave Digitalizado com CamScanner 946 YASUI savioténciate pele intolertincin, pois fork cxpnig Ja pela io nos chega a preset mnrend srontuntria nos CNC Fmsety ro. of 3 seis antos, sendo sel mnie sutela com cauteliy Hae ms nha din C p a que pudéssemos (re)eonstruir sua hist a aps, pari ding eo (mas tale chamarfamos de Projeto’Tera ce . vey 50, nao sem conflitos ¢ tensdes, pudemos ip com, “) Como ee para Maria estar no Caps ena vida, Now” oe lado era com as a de cuidados que famos fi mentando, descobrindo, ae a ayn : Brupo de Misica, grupo de Terapia Ocupacional, oe je Seat Magico (€spago para cuidar da aparéncia, cortar 0 cabelo, fazer as unhas, ete, A Ofertas que se constituiam de espacos de encontros Para que el, pudesse ressignificar incontaveis aspectos de sua histéria, (te)descobe outros modos de se relacionar com seus impasses subjetivos e comas outras pessoas que viviam em seu entorno (parentes, amigos), A “paciente intratavel” (como havia sido nomeada Por um dos profissionais de uma das muitas equipes pelas quais passou) tinha no Caps um lugar para cuidar de si e para articular outras moduli- Ges de sua vida, para além do servigo: buscar um trabalho, um lugar para morar, fortalecer seus laos com outras pessoas. O que possibilitou essa trajet6ria? Um modo de olhar, de escu- tar, de pensar e construir os caminhos do cuidado. Olhar eescutara complexidade da existéncia que se apresenta para além do diagnést coedo duro inquérito das anamneses burocraticas; deixar-se afet Pelo que se apresenta no/pelo encontro, refletir sobre quais cum" nhos 6 cuidado pode ser construdo ou tecido, como 0 canto 7 i Piha amanha no memorivel poema de Joiio Cites : af ” #postar na forga criativa que pode estar presente nas deg Gio de nove id ‘i saprimes d psicofirmacos. Nossa primeira decisig g as : ni iO) todos os medicamentos ¢ acompanh4.y, poriran projet decuid Digitalizado com CamScanner p0sts EM UMA ATENGAO PSICOSSOCIAL MENOR 217 _entio8 deacontecimentos tais como o bairro, a escola, trabalh 105" y08 GUE frequent, enfim, apostar na poténcia dos recu 10, ae «(cua inventar) do territério que cada sujeito habita = opal 1014). Composigoes com miiltiplos planos para possbil- at inven 0 de uma porente clinica que se faz em um campo de encontO5 aferagies i ne Clinica, politica € ética como opr ods da subjetividade e da vida (Benevides & Passos, 2001). Eéramos afetados neste processo, também nos inventando neste inhar 2 cada encontro potente que produziamos. Os autores/ ta experimentagao foram os trabalhadores, usuarios, fami- fares, € docentes, amigos que se aproximavam. Nos co- nectamos a outros grupos/coletivos, foros ficando em evidéncia. Mas éamos um caso, uma experiéncia isolada, quase a margem da politi- caoficial que naquele momento estava sendo desenhada. Assim como noJuquery, éramos uma minoria em conexio com outras minorias. Convido aqui Deleuze & Guattari (1977) para pensar sobre a poténcia de ser uma minoria. Gostaria de fazer um deslocamento do conceito de “literatura menor” que esses autores desenvolvem para analisar a obra de Kafka. Escritor judeu tcheco, vivendo em um ter- titério com ocupacao alema, Kafka nao escreve na lingua da sua pa- tia (tcheco), tampouco escreve na lingua da sua comunidade (idiche). oalemio: arores des studantes, Escreve em uma lingua que nao éa sua, A impossibilidade de escrever de outra maneira que nfo em alemio é para os judeus de Praga 0 sentimento de uma distin- cia irredutivel em relagao a uma territorialidade primitiva, @ tcheca, E a impossibilidade de eserever om alemo éa dster- ‘itorializagio da prépria populagao ‘lemii, minoria opressiv" que fala uma lingua afastada das massas, [.. JE tanto mais 0S ; — Digitalizado com CamScanner 218 YASUI judeus que, 80 mesmo tempo, fazem parte dessa minoriae dela sio excluidos. Em resumo, 0 alemio de Praga é uma lingua izada, propria a estranhos usos menores (Deleuze desterritori & Guattari, 1977, pp 25-6). menor nfo é a de uma lingua menor, em uma lingua maior” (Deleuze & ira caracteristica da literatura menor forte coeficiente de desterri- Assim, “uma literatura mas antes a que uma minoria fa’ Guattari, 1977, p. 25). A prime’ é de uma lingua modificada por um torializacao. m em uma lingua que nao é a delas? Quantas pessoas hoje vive: hecem mais a delas, ou ainda nioa Ou ento nem mesmo con! conhecem, e conhecem mal a lingua maior da qual sao obriga- dasa se servir? Problema dos imigrados, e sobretudo de seus filhos. Problema das minorias. Problemas de uma literatura menor, mas também para todos nés: como arrancar de sua pro- pria lingua uma literatura menor, capaz de escavar a linguagem ede fazé-la seguir por uma linha revolucionaria sébria? (Deleuze & Guattari, 1977, p. 30). Na lingua maior da politica de satide mental dos anos 1980, nosso fazer produziu outro modo de falar, inventamos € engravidamos as palavras: acolhimento, clinica ampliada, projeto terapéutico sin- gular, sofrimento psiquico, ambiéncia, trabalho solidario, coletivo, rede, cuidado, Retirantes ou exilados de outros lugares de trabalho, encontrai $ >, ‘ . q mos no Caps Luiz Cerqueira uma brecha, uma fissura, pa 4E. Merhy, Engravi spon a y Engravidande palooraso caso da integraidade. Disponwe! tp: wwcufEbr/saudecoletva/professores/inerhiy/capitilos-06.pab- Digitalizado com CamScanner ApOsTAS EM UMA ATENCAO PSICOSSOCIAL, MENOR 24 9 « entagdes inventivas que nfo s serimen 40 se enquadravam ls em nenhum wo clo conhecido: Caps nfio era hospi dia, nio era ambulatori te aide mental. Mesmo as definigdes Presentes em seu documents ipiial (Caps come um servico intermediario) foram modificadas ¢ rat

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