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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS - CS644

DOCUMENTO ACADÊMICO COMO COMPONENTE AVALIATIVO

DISCENTE: Filipe José da Silva1.


AVALIAÇÃO: Gabriel Moura Peters.

Senso comum ante a sociologia, como originou-se e desenvolveu-se o processo de


formação da sociologia como ciência e qual a sua importante relação com os métodos de
pesquisas.

Senso comum enquanto capacidade de estereotipar e de moldar coisas das sociedades,


de acordo com o seu contexto político, econômico, social e etc., e pela observação, é uma
latente característica que foi empregada ao meio social por surgir através dos conhecimentos
adquiridos pelas pessoas com bases nas suas atividades cotidianas e práticas históricas que
não se preocupam com comprovações científicas. Ou seja, a sua força é atribuída pelas
repetidas vezes que conceitos populares, convenções coletivas, são explanados a partir de
observações vivenciadas dia após dia, mas, embora seja corriqueiro, esse tipo de pensamento
não é testado metodicamente, o que não comprova a veracidade do que é apresentado, não
garantindo que o exposto é, então, verdadeiro.
Esta lógica – infeliz – também se aplica ao entendimento de o que é sociologia e à
função do sociólogo na sociedade, uma vez que essas duas imagens – do sociólogo e da
sociologia – são apresentadas erroneamentes como transformação social, enfatizando que a
função de um profissional formado em sociologia e o campo do saber ora aqui apresentado
limitam-se ao exercício de atividades que existem para mover e descentralizar estruturas de
opressão e para fazer com que a população viva harmonicamente em seu espaço – o que não
verídico, porque se também encaixarmos a lógica da aparência defendida por Maquiavel em
sua obra "O príncipe"2 neste contexto de senso comum, metaforicamente temos que muitas

1
Graduando em Ciências Sociais. E-mail Institucional: filipe.fjs@ufpe.br.
2
Maquiavel, Nicolau. O Príncipe. 1983, pp. 99.
pessoas veem o que a sociologia e os sociólogos aparentam ser, mas poucas, dado pelos teste
de veracidade, o que realmente são.
E justamente pelo supracitado que faz-se internamente importante entender o processo
de formação e de desenvolvimento do campo do saber ligeiramente vasto que é a sociologia
como ciência aplicada numa sociedade. Ela [a sociologia], em princípio, recebe as
boas-vindas ao dado período de constituição social de ciências naturais e de,
indubitavelmente, ciências sociais, isso porque o seu surgimento é respaldado no exercício de
entender as preocupações das sociedades e para gerar equilíbrio no mundo, por exemplo entre
duas vivências contrárias: proletariado e burguesia, nas concepções sociais e econômicas,
como forma de "colocar os pingos nos is" posteriormente às consequências avassaladoras
trazidas por revoluções, assim como também exposto por Carlos Benedito Martins no
primeiro capítulo do seu livro "O que é sociologia", 1994. "O seu surgimento ocorre num
contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da
sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista." (Pp 5).
Por outra ótica, a formação da sociologia, enquanto manifestação de pensamentos
para cada época, toma escoro na evolução do pensamento científico e na tríplice
revolucionária, que nada mais é do que as revoluções Industrial; Política, Revolução
Francesa; e Científica, iluminismo, ou seja, a sociologia como ciência – como racionalização,
conhecimentos históricos, caminhos analíticos de reflexões e respostas intelectuais –, é o
produto histórico das consequência dessas revoluções que juntas neste mesmo contexto
estudado colocam a sociedade, pela primeira vez, na posição de problema, de estranhamento,
fazendo com que a necessidade de um estudo aprofundado dela seja real e efetivado; é a
mesma situação afirmar que o meio social e as suas implicações começam a ser um objeto de
estudo da sociologia através das ciências sociais e também a partir desse repasse histórico
importante para a formação de metodologias de pesquisas científicas contemporâneas das
ciências sociais.
A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir e falar, assim como o conhecimento
científico é todo conhecimento comprovado por objetividades, visto que é através e para além
da obtenção de dados de experiência coletados por experimentos e por observações contínuas
que o campo do saber científico é legitimado, uma vez que ambas afirmações mencionadas
acimas são respaldadas nas especificidades das consequências trazidas pela Revolução
Científica. Importante apresentar a dualidade existente quanto ao início da ciência: por um
lado, a ciência começa com a observação, legitimada pelo indutivismo ingênuo; por outro,
começa por dados empíricos e por proposições, comprovando a amplitude de discussão e da
importância do campo do saber científico vasto e plural.
Dentro do mesmo contexto lógico acima citado, o valor empregado ao método
científico de pesquisas defendido por Francis Bacon, o indutivismo3 enquanto raciocínio de
casos particulares como generalização; às observação, experimento para coletar dados para
justificar os passos indutivos, fundamentados na observação; às premissas; ao indutivismo
lógico; ao falsificacionismo4; às várias críticas e construções evolucionistas; e aos paradigmas
de Kuhn concretizam a linha de pensamentos e de métodos de pesquisas aplicadas e
dissertadas no livro "O que é ciência afinal?", 1993.
Por fim, após longos processos de formação, de desenvolvimento social e de
sustentação comunitária, a sociologia vem alcançado o seu espaço no mundo e ampliando
inenarravelmente os seus campos de estudo, de pesquisa e de atuação – ainda que coligada ao
pressuposto que descentraliza e que limita a sua narrativa científica a meras indagações do
senso comum –, além de receber e de potencializar críticos da ciência e de seus diversos
métodos científicos utilizados para realização de pesquisas, como por exemplo Francis
Bacon, que defende a lógica de que é preciso consultarmos a natureza, e que só assim e sem
consultar Aristóteles, que é possível a entendermos e compreendermos questões sociais.
Após todo processo histórico que legitima a construção e o desenvolvimento da
ciência, é, de modo absoluto, importante entendermos a correlação existente entre as
afirmações supracitadas e a ciência, afinal. Assim sendo, a ciência avança com teorias sendo
justificadas e começa com dados empíricos e pela observação de fenômenos particulares, isto
é: ela busca entender determinada situação que está acometida ao meio social; pretende, a
partir dessa intensa busca pelo conhecimento, compreender e explicar o porquê das coisas
acontecerem, como por exemplos: o motivo da chuva cair, que cai porque as nuvens pesam;
as árvores balançam, mas balançam porque o vento é forte; as pessoas morrem, mas morrem
porque a eutanásia não é facultativa ao estado de desenvolvimento ao qual a vida terrestre
está submetida e assim por diante, até que o porquê, o motivo pelo qual a situação x acontece,
esteja claro. Este fator lógico e de inteira importância para os métodos de pesquisas
científicas [visões do conhecimento científico na filosofia da ciência] é o fio condutor de toda
a discussão seguinte.

3
Repetição que leva à conclusão.
4
Observações feitas com base nas teorias científicas. As teorias, por suas vezes, são o que indicam
qual parte do mundo vamos olhar, também passam por testes, como o de falsificação.
Antes mesmo de apresentar quaisquer linhas de raciocínio e quaisquer afirmações
sobre os métodos de pesquisas, é ligeiramente pertinente tomarmos nota de que embora as
nossas crenças sejam baseadas na ciência, quem as afirmam e as enfocam são os cientistas, o
que nos leva ao pressuposto de que as ações, as atividades e as realizações do meio social são
norteadas por pensadores e não só pelo o que é defendido e definido pela ciência crua.5
Explicar é deduzir a partir da experimentação de leis gerais, ou seja, explica-se a
dedução por intermédio das leis gerais, então observa-se que: se x, então y6 – aplicando:
quando derretido, o metal se expande. Este raciocínio, a partir da observação particular, é a
fórmula para falsear as regras das leis gerais.7 E é neste mesmo contexto em que o modelo
nomológico-dedutivo entra em questão, porque ele existe para assegurar a observação8 dos
fenômenos naturais, uma vez que é enquanto e com a explicação científica que temos a
verificação da realidade – uma coisa só é realmente uma coisa quando ela passa pelo teste de
experiência, porque só assim sabe-se da sua veracidade. É como se, popularmente,
estivéssemos colocando as cartas à mesa, para entendermos qual a verdade. Além disso, vale
frisar que só é conhecimento científico aquilo que se expõe a falsificação.
Diante da mesma linha de discussão, a empiria, enquanto raciocínio de hipóteses de
mundo, é o que chamamos de dados, acontecimentos, que se dão através do conhecimento e
também da experiência, uma vez que ela [a empiria] é legitimada em qualquer faculdade
lógica, e o que também chamamos de verificação da realidade, de teste de experiência e de
teorias.
Francis Bacon afirma que a ciência começa pelo dado momento em que utilizamos a
observação como método excepcional e assertivo de pesquisa, ele propõe um novo método
baseado na indução – o negativo, para identificar erros de raciocínio, e o positivo, que é a
observação neutra dos fenômenos particulares – e propõe, ainda, observar com intervenção,
para ampliar os resultados; enquanto Popper diz que a ciência não começa com a observação,
mas sim com teorias para guiar as observações.
O indutivismo ingênuo, por fim, surge através do empirismo lógico e do indutivismo
lógico. É o conhecimento, embora baseado nas lógicas do senso comum apresentadas no
início da discussão, que, sempre, será baseado na indução, nas proposições singulares –
5
A ciência crua é o termo dado a tudo o que é determinado apenas pela ciência.
6
O raciocínio parte da observação particular das hipóteses.
7
A lei geral se aplica ao número infinito de observações, cujo seu alcance é finito: infinitos exemplos
para confirmar uma hipótese, mas apenas 1 contra para refutar – confirmado n vezes, refutado n+1
vezes – por isso que não pode-se ter certeza da lei geral, uma vez que, também, a ciência tenta se
aproximar da realidade para falsear as suas hipóteses gerais.
8
A observação não é neutra, visto que frente ao mesmo objeto, as pessoas podem ter percepções
diferentes do que ele pode significar.
afirmações do mundo, por exemplo: a cantora Pabllo Vittar, no seu show do dia 25/03/2022,
para o Lollapalooza, foi censurada pelo Governo Federal após manifestar-se contra o
presidente da República – e na lei universal. Para o indutivismo ingênuo, a observação deve
ser controlada e inteiramente precisa, além disso, o crescimento da ciência precisa ser
contínuo.

REFERÊNCIAS:

MAQUIAVEL, Nicolau. [1513] O Príncipe; trad. de Lívio Xavier. In: Os


Pensadores; vol. IX. São Paulo: Abril Cultural, 1983

Chalmers, A. F. O que é Ciência Afinal? Editora Brasiliense, 1993.

BERGER, Peter. A sociologia como Passatempo Individual. In: Perspectivas


Sociológicas. 2001.

Martins, Carlos Benedito. O que é Sociologia?. São Paulo Brasiliense. 1994.

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