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INCLUSÃO DA MULHER NO DESPORTO COMO FORMA DE

PREVENÇÃO DE CASAMENTOS PREMATUROS

Estudantes:
 Joaquina Saidia Assane
e

    Durante muitos anos as mulheres se viram excluídas da participação de


diferentes eventos sociais, dentre eles o desporto. Porém com o surgimento da
industrialização e da era moderna, as mulheres começam a se organizar e a lutar
por um espaço ao lado dos homens.

Hoje em dia, é notória a falta de participação total das mulheres nas actividades
desportivas por vários motivos sendo casamentos prematuros um dos motivos que
levam ao abandono do desporto. . Os casamentos prematuros ocorrem com maior
frequência nas comunidades mais vulneráveis, onde as taxas de natalidade e de
mortalidade são elevadas e onde se registam os níveis mais baixos de educação,
de acesso aos cuidados de saúde e ao emprego.

Moçambique é o décimo país do mundo, com uma prevalência de casamentos


prematuros mais elevados, em que 14% das mulheres, entre os 20 e 24 anos de
idade, casaram antes dos 15 anos de idade e, 48% casaram antes dos 18 anos de
idade. Diante disso, a taxa de raparigas que abandonam a escola e particular o
desporto é mais alta que a dos rapazes, por causa do casamento prematuro,
gravidez precoce ou porque são forçadas a assumir responsabilidades domésticas
que as impedem de frequentar a escola. Essas oportunidades educacionais
perdidas prejudicam o a rapariga, sua família e o desenvolvimento de todo o país.

No entanto, estudos associados ao abandono da pratica desportiva por motivos de


casamentos prematuros são vistas ao nível das províncias de Moçambique em
geral e na província de Nampula em particular. Com isso, leva-nos a o formular a
seguinte questão de pesquisa:

 A inclusão da mulher no desporto pode prevenir casamentos


prematuros?
Em torno desta problemática, ALONSO (2003) explica que até nos meados do
século XIX, as mulheres não se recomendavam a prática de nenhuma atividade
física, seja ela a corrida, exercícios ginásticos ou modalidades esportivas por se
acreditar em conseqüências decorrentes, como por exemplo, o enrijecimento
muscular, a diminuição da gordura e a melhora da capacidade cárdio-respiratória,
o que poderia afastar a mulher de seu destino “natural” que era o casamento e a
procriação.

Segundo ADELMAN (2003), "o mundo desportivo tem, em parte,


incorporado a luta das mulheres para se apropriarem de espaços existentes e/ou
para criar novos". De acordo com a afirmação do autor, podemos entender as
mulheres começaram a se organizar para a prática de actividades desportivas
assim como os homens depois do surgimento da industrialização e da era moderna
que começa a construir-se, nas primeiras décadas do século XX.

Na atualidade, Moçambique tem uma das taxas mais elevadas de casamento


prematuro do mundo, afectando quase as raparigas. Cerca de 48% das mulheres
em Moçambique com idades entre os 20 e os 24 anos já foram casadas ou
estiveram numa união antes dos 18 anos e 14 % antes dos 15 anos (IDS, 2011).
Na província de Nampula é difícil fazer o desporto feminino, particularmente, os
pais e encarregados de educação proíbem suas filhas a irem aos treinos, porque
para eles, as meninas não acrescentam valor na família com a prática do desporto
e eles exigem ganhos imediatos. Em algumas vezes, as raparigas acabam tendo
gravidez precoce por falta de condições para sobrevivência, podendo manter
relações sexuais a fim de obter dinheiro.

No entanto, para a cultura da beleza feminina em nossa sociedade, que se vale do


poder das imagens, incorpora a noção de “mulher ativa” elaborando novos
padrões que desembocaram na atual ênfase ao fitness, e na busca do corpo firme
como salienta o autor FERRÃO (2000) ”o abandono escolar, bem como o
absentismo, podem conjugar na sua génese diversos factores, os quais poderão ser
de natureza individual, familiar e relacionados com o meio envolvente,
associando-se, na maioria dos casos, a situações de pobreza."

Conclusivamente, constatamos que as dificuldades existem, pelo que, essas


dificuldades podem muito bem, por parte delas, serem eliminadas, obviamente
com a participação de todos. Para tal, é necessário que nas comunidades sejam
levados a cabo campanhas de sensibilização para que as comunidades ganhem a
consciência desportiva, despertando a importância do desporto logo na tenra idade
e aos pais encarregados da educação não possam proibir suas filhas a irem aos
treinos para amanha ajudar a família, a província e o país no geral com a prática
do desporto.

Referencias bibliográficas

ADELMAN, M. Mulheres Atletas: re-significações da corporalidade feminina.


Revista Estudos Feministas. 11(2), 360-366. 2003.

ALONSO, L. K. Mulher, corpo e mitos no esporte. In.: A. C. Simões (org) Mulher


e Esporte – Mitos e Verdades: São Paulo: Manole. 2003.

FERRÃO, J.H. & F et al. Saída Prematura do Sistema Educativo. Aspectos de


Situação, causas e Pespectivas em Formação. OE, EP. Lisboa. 2000.

IDS (Inquérito Demográfico e de Saúde de Moçambique). 2011.

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