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Fernando Pessoa

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Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa,


Mártires, 13 de junho de 1888 – Lisboa, Santa Fernando Pessoa
Catarina, 30 de novembro de 1935)[4] foi um
poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor,
publicitário, astrólogo, inventor, empresário,
correspondente comercial, crítico literário e
comentarista político português.

Fernando Pessoa é o mais universal poeta


português. Por ter sido educado na África do Sul,
numa escola católica irlandesa de Durban,
chegou a ter maior familiaridade com o idioma
inglês do que com o português ao escrever os
seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico
literário Harold Bloom considerou Pessoa como
"Whitman renascido",[5] e o incluiu no seu
cânone entre os 26 melhores escritores da
civilização ocidental,[6] não apenas da literatura Fernando Pessoa em 1914
portuguesa mas também da inglesa.[6] Outros nomes Alberto Caeiro, Álvaro de Campos,
Ricardo Reis, Bernardo Soares etc.
Das quatro obras que publicou em vida, três são Nascimento 13 de junho de 1888
na língua inglesa e apenas uma em língua Lisboa, Mártires, Reino de Portugal
portuguesa, intitulada Mensagem.[7][8] Fernando Morte 30 de novembro de 1935 (47 anos)
Pessoa traduziu várias obras em inglês (e.g., de Lisboa, Santa Catarina, Portugal
Shakespeare e Edgar Allan Poe) para o Nacionalidade Português
português, e obras portuguesas (nomeadamente
Progenitores Mãe: Maria Madalena Pinheiro
de António Botto[9] e Almada Negreiros) para o Nogueira Pessoa
inglês e francês. Pai: Joaquim de Seabra Pessoa

Enquanto poeta, escreveu sob diversas Ocupação Poeta, escritor e tradutor


personalidades – a que elele próprio chamou Profissão Correspondente comercial e
heterónimos, como Ricardo Reis, Álvaro de tradutor
Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos Principais Mensagem (1934)
objeto da maior parte dos estudos sobre a sua trabalhos Livro do Desassossego (1982)
vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: Prémios Queen Victoria Prize (1903),[1]
"outros modernistas como Yeats, Pound, Eliot Prémio Antero de Quental (1934)[2]
inventaram máscaras pelas quais falavam Movimento Modernismo
ocasionalmente… Pessoa inventava poetas literário
inteiros".[10] Buscou também inspirações nas
Religião Neopaganismo
obras dos poetas William Wordsworth, James Gnosticismo
Joyce e Walt Whitman.[11]
Causa da Cirrose hepática[3]
morte
Assinatura
Í di
Índice
Biografia
Primeiros anos em Lisboa
Juventude em Durban
Regresso definitivo a Portugal e início
de carreira
Morte
Legado
Obra poética
Ortónimo
Heterónimos e semi-heterónimos
Álvaro de Campos
Ricardo Reis
Alberto Caeiro
Bernardo Soares
Visões sobre política
Visões sobre religião
Gnosticismo
Neopaganismo
Ocultismo
Cronologia
Ver também
Referências
Ligações externas

Biografia

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,

Não há nada mais simples

Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.

Entre uma e outra todos os dias são meus.

— Alberto Caeiro, "Poemas Inconjuntos". Athena n.º 5, fevereiro de 1925

Primeiros anos em Lisboa

A 13 de junho de 1888, pelas 15h20, nasceu Fernando Pessoa.[12][13] O parto ocorreu no quarto andar
esquerdo do n.º 4 do Largo de São Carlos, em frente à ópera de Lisboa (Teatro de São Carlos), freguesia
dos Mártires.[12][14] De famílias da pequena aristocracia, pelos lados paterno e materno, o pai, Joaquim de
Seabra Pessoa (38), natural de Lisboa, era funcionário público do Ministério da Justiça e crítico musical do
«Diário de Notícias». A mãe, D. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa (26), era natural dos Açores
(mais propriamente, da Ilha Terceira). Viviam com eles a avó Dionísia, doente mental, e as suas duas
criadas, Joana e Emília.[15]
,

O poeta, pelo lado paterno, tem as suas raízes familiares no


concelho de Arouca, nas freguesias do denominado «Fundo
do Concelho» de Arouca.[16][17]

Fernando António foi baptizado em 21 de julho na Basílica


dos Mártires, ao Chiado, tendo por padrinhos a Tia Anica (D.
Ana Luísa Pinheiro Nogueira, tia materna) e o General Chaby.
A escolha do nome homenageia Santo António: a família
reclamava uma ligação genealógica com Fernando de
Bulhões, nome de baptismo de Santo António,
tradicionalmente festejado em Lisboa a 13 de Junho, dia em
Fernando Pessoa nasceu neste edifício,
que Fernando Pessoa nasceu.
no bairro do Chiado, frente à ópera de
Lisboa, a 13 de junho de 1888.
A sua infância e adolescência foram marcadas por factos que o
influenciariam posteriormente. Às cinco horas da manhã de 13
de Julho de 1893, o seu pai morreu, com 43 anos, vítima de tuberculose. A morte foi anunciada no Diário
de Notícias do dia. Fernando tinha apenas cinco anos. O irmão Jorge viria a falecer no ano seguinte, sem
completar um ano, a 2 de Janeiro de 1894.[3] A mãe vê-se obrigada a leiloar parte da mobília e muda-se
para uma casa mais modesta, o terceiro andar do n.º 104 da Rua de São Marçal. Foi também neste período
que surgiu o primeiro heterónimo de Fernando Pessoa, Chevalier de Pas, facto relatado pelo próprio a
Adolfo Casais Monteiro, numa carta de 1935, em que fala extensamente sobre a origem dos heterónimos.
Ainda no mesmo ano, escreve o primeiro poema, um verso curto com a infantil epígrafe de À Minha
Querida Mamã.

Em outubro de 1894, o comandante João Miguel Rosa (1857-1919) apaixona-se por Maria Madalena ao
vê-la passar dentro de um "americano", numa rua de Lisboa, comentando para um amigo: «Vês aquela
loira? Se não quiser, não me caso com ela.»[18] Em breve lhe fazia a corte e se tornavam noivos. Destacado
o noivo como cônsul português em Durban, África do Sul, casam-se por procuração a 30 de dezembro de
1895, na Igreja de São Mamede, em Lisboa.

Juventude em Durban

A 20 de janeiro de 1896, mãe e filho, acompanhados por um tio,


Manuel Gualdino da Cunha, partem rumo à Madeira, e a 31 embarcam
para Durban. Faz a instrução primária na escola de freiras irlandesas
da West Street, onde fez a primeira comunhão, e percorre em dois anos
o equivalente a quatro.

Em 1899 ingressa no Liceu de Durban, onde permanecerá durante três


anos e será um dos primeiros alunos da turma. No mesmo ano, cria o
pseudónimo Alexander Search, através do qual envia cartas a si O padrasto e a mãe.
mesmo. No ano de 1901, é aprovado com distinção no primeiro exame
Cape School High Examination e escreve os primeiros poemas em inglês. Na mesma altura, morre sua irmã
Madalena Henriqueta, de dois anos. Em 1901 parte com a família para Portugal, para um ano de férias. No
navio em que viajam, o paquete König, vem o corpo da irmã. Em Lisboa, mora com a família em
Pedrouços e depois na Avenida de D. Carlos I, n.º 109, 3.º Esquerdo. Na capital portuguesa, nasce João
Maria, quarto filho do segundo casamento da mãe de Pessoa. Viaja com a sua família à Ilha Terceira, nos
Açores, onde vive a família materna. Deslocam-se também a Tavira para visitar os parentes paternos. Nessa
época, escreve o poema "Quando ela passa".

d d d d d f lh d d l lh
Tendo de dividir a atenção da mãe com os filhos do casamento e com o padrasto, Pessoa isola-se, o que lhe
propicia momentos de reflexão.
Tendo recebido uma educação britânica, que lhe proporcionou um profundo contacto com a língua inglesa,
os seus primeiros textos e estudos foram em inglês. Mantém contacto com a literatura inglesa através de
autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe, John Milton, Lord Byron, John Keats, Percy Shelley, Alfred
Tennyson, entre outros. O Inglês teve grande destaque na sua vida, trabalhando com o idioma quando, mais
tarde, se torna correspondente comercial em Lisboa, além de o utilizar em alguns dos seus textos e traduzir
trabalhos de poetas ingleses, como "O Corvo" e "Annabel Lee" de Edgar Allan Poe. Com excepção de
Mensagem, os únicos livros publicados em vida são os das coletâneas dos seus poemas ingleses: Antinous e
35 Sonnets e English Poems I - II e III, editados em Lisboa, em 1918 e 1921.

Fernando Pessoa permanece em Lisboa, enquanto todos seus


familiares — mãe, padrasto, irmãos e criada Paciência, que vieram
com ele — regressam a Durban. Volta sozinho para África no vapor
Herzog. Matricula-se na Durban Commercial School, escola
comercial de ensino nocturno, enquanto de dia estuda as disciplinas
humanísticas para entrar na universidade. Nesse período, tenta
escrever contos em inglês, alguns dos quais com o pseudónimo de
David Merrick, que deixa inacabados. Em 1903, candidata-se à
Universidade do Cabo da Boa Esperança. Na prova de exame de
admissão, não obtém boa classificação, mas tira a melhor nota entre os
899 candidatos no ensaio de estilo inglês. Recebe por isso o Queen
Victoria Memorial Prize («Prémio Rainha Vitória»).[1] Um ano
depois, ingressa novamente na Durban High School, onde frequenta o
equivalente a um primeiro ano universitário. Aprofunda a sua cultura,
lendo clássicos ingleses e latinos. Escreve poesia e prosa em inglês,
surgindo os heterónimos Charles Robert Anon e H. M. F. Lecher.
Fernando Pessoa aos seis anos.
Nasce a sua irmã Maria Clara. Publica no jornal do liceu um ensaio
crítico intitulado "Macaulay". Por fim, encerra os seus bem-sucedidos
estudos na África do Sul com o Intermediate Examination in Arts, na Universidade, obtendo uma boa
classificação.

Regresso definitivo a Portugal e início de carreira

Deixando a família em Durban, regressa definitivamente à capital


portuguesa, sozinho, em 1905. Passa a viver com a avó Dionísia e as
duas tias na Rua da Bela Vista, n.º 17. A mãe e o padrasto regressam
também a Lisboa, durante um período de férias de um ano em que
Pessoa volta a morar com eles. Continua a produção de poemas em
inglês e, em 1906, matricula-se no Curso Superior de Letras (atual
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), que abandona sem
sequer completar o primeiro ano. É nesta época que entra em contacto
com importantes escritores e jornalistas portugueses. Interessa-se pela
obra de Cesário Verde e pelos sermões do Padre António Vieira.

Em agosto de 1907, morre a sua avó Dionísia, deixando-lhe uma


pequena herança, com a qual monta uma pequena tipografia, na Rua
da Conceição da Glória, 38-4.º, sob o nome de «Empreza Ibis —
Typographica e Editora — Officinas a Vapor», que rapidamente vai à
falência. A partir de 1908, aluga o seu primeiro quarto no Largo do Orpheu n.º 2, 1915.
Carmo 18, 1º Esqº, dedica-se à tradução de correspondência
comercial, uma ocupação a que poderíamos dar o nome de
, p ç q p

"correspondente estrangeiro". Nessa atividade trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública. Neste
período inicia colaboração com o publicista José Boavida Portugal, com artigos de crítica literária e
dramática.

Inicia a sua atividade de ensaísta e crítico literário com o artigo «A Nova Poesia Portuguesa
Sociologicamente Considerada», a que se seguiriam «Reincidindo…» e «A Nova Poesia Portuguesa no
Seu Aspecto Psicológico» publicados em 1912 pela revista A Águia, órgão da Renascença Portuguesa.
Frequenta a tertúlia literária que se formou em torno do seu tio adoptivo, o poeta, general aposentado
Henrique Rosa, no café A Brasileira, no Largo do Chiado em Lisboa. Mais tarde, já nos anos vinte, o seu
café preferido seria o Martinho da Arcada, na Praça do Comércio, onde escrevia e se encontrava com
amigos e escritores.

Em 1915 participou na revista literária Orpheu, a qual lançou o movimento modernista em Portugal,
causando algum escândalo e muita controvérsia. Esta revista publicou apenas dois números, nos quais
Pessoa publicou em seu nome, bem como com o heterónimo Álvaro de Campos. No segundo número da
Orpheu, Pessoa assume a direcção da revista, juntamente com Mário de Sá-Carneiro.

Em outubro de 1924, juntamente com o artista plástico Ruy Vaz, Fernando Pessoa lançou a revista Athena,
na qual fixou o «drama em gente» dos seus heterónimos, publicando poesias de Ricardo Reis, Álvaro de
Campos e Alberto Caeiro, bem como do ortónimo Fernando Pessoa.

No número três da revista Sudoeste: cadernos de Almada Negreiros de novembro de 1935 (mês da sua
morte) encontra-se um breve artigo da sua autoria[19] intitulado "Nós os de Orpheu" e o poema
"Concelho".[20]

Morte

Fernando Pessoa foi internado no dia 29 de Novembro de


1935, no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, com
diagnóstico de "cólica hepática" causada por cálculo biliar
associado a cirrose hepática,[carece de fontes?] diagnóstico que é
hoje contestado por estudos médicos,[carece  de fontes?] embora
o excessivo consumo de álcool ao longo da sua vida seja
consensualmente considerado como um importante factor
causal.[carece  de fontes?] Segundo um desses estudos, Pessoa
não revelava alguns dos sintomas mais típicos de cirrose
Última residência do poeta, atual Casa hepática, tendo provavelmente sido vítima de uma pancreatite
Fernando Pessoa, Lisboa. aguda ou, de acordo com o seu registo de óbito, "obstrução
intestinal".[4][21] Morreu nesse hospital, na freguesia de Santa
Catarina, em Lisboa, no dia 30 de novembro de 1935, pelas
20h, com 47 anos. Apenas em 1985 foi averbado no registo de óbito o local correto da morte do poeta, que,
até então, se julgava ter ocorrido na sua residência da Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, onde
se encontra atualmente instalada a Casa Fernando Pessoa.[4] No dia anterior, escrevera sua última frase, em
inglês: "I know not what tomorrow will bring" ("Não sei o que o amanhã trará"). O funeral realizou-se a 2
de dezembro de 1935 para o Cemitério dos Prazeres.

Legado
Pode-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto
criar, criou outras vidas através dos seus heterónimos, o que foi a sua
principal característica e motivo de interesse pela sua pessoa,
aparentemente muito pacata. Alguns críticos questionam se Pessoa
realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu ou se tudo não teria
passado de um produto, entre tantos, da sua vasta criação. Ao tratar de
temas subjetivos e usar a heteronímia,[22] torna-se enigmático ao
extremo. Este facto é o que move grande parte das buscas para estudar
a sua obra. O poeta e crítico brasileiro Frederico Barbosa declara que
Fernando Pessoa foi "o enigma em pessoa". Escreveu sempre, desde o
primeiro poema aos sete anos, até ao leito de morte. Importava-se com
a intelectualidade do homem, e pode-se dizer que a sua vida foi uma
constante divulgação da língua portuguesa: nas próprias palavras do
heterónimo Bernardo Soares, "a minha pátria é a língua portuguesa".
O mesmo empenho é patente nesta carta:
Espólio de Pessoa: a célebre
arca, com mais de 25.000
Agora, tendo visto tudo e sentido tudo, tenho o dever de páginas, e parte da sua biblioteca
me fechar em casa no meu espírito e trabalhar, quanto
pessoal.
possa e em tudo quanto possa, para o progresso da
civilização e o alargamento da consciência da humanidade
— Fernando Pessoa, carta a Armando Côrtes-Rodrigues, 19 de
janeiro de 1915.

Analogamente a Pompeu, que, segundo Plutarco, teria dito a frase "navigare necesse, vivere non est
necesse" ("navegar é necessário; viver não é necessário"),[23] Pessoa diz, no poema Navegar é Preciso, que
"viver não é necessário; o que é necessário é criar". Outra interpretação comum deste poema diz respeito ao
facto de a navegação ter resultado de uma atitude racionalista do mundo ocidental: a navegação exigiria
uma precisão que a vida poderia dispensar.

O poeta mexicano Octavio Paz, laureado com o Nobel de Literatura, diz que "os poetas não têm biografia.
A sua obra é a sua biografia" e que, no caso de Fernando Pessoa, "nada na sua vida é surpreendente —
nada, excepto os seus poemas". Em The Western Canon, Harold Bloom incluiu-o entre os cânones
ocidentais, no capítulo Borges, Neruda e Pessoa: o Whitman Hispano-Português (p. 451, 1995).

Na comemoração do centenário do nascimento de Pessoa, em 1988, o seu corpo foi trasladado para o
Mosteiro dos Jerónimos,[24] confirmando o reconhecimento que não teve em vida.

Na sua residência na Rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, em Lisboa, foi criada a Casa Fernando
Pessoa.

Obra poética

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega a fingir que é dor

A dor que deveras sente.


— Fernando Pessoa, fevereiro de 1925.[25]

Considera-se que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção


heteronímica que atravessa toda a sua obra. Os heterónimos,
diferentemente dos pseudónimos, são personalidades poéticas
completas: identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras
através da sua manifestação artística própria e diversa do autor
original. Entre os heterónimos, o próprio Fernando Pessoa passou a ser
chamado ortónimo, porquanto era a personalidade original. Entretanto,
com o amadurecimento de cada uma das outras personalidades, o
próprio ortónimo tornou-se apenas mais um heterónimo entre os
outros. Os três heterónimos mais conhecidos (e também aqueles com
maior obra poética) foram Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto
Caeiro. Um quarto heterónimo de grande importância na obra de
Pessoa é Bernardo Soares, autor do Livro do Desassossego,
importante obra literária do século XX. Bernardo é considerado um
semi-heterónimo por ter muitas semelhanças com Fernando Pessoa e
Estátua de Fernando Pessoa da
não possuir uma personalidade muito característica, ao contrário dos
autoria de Mestre Lagoa
três primeiros, que possuem até mesmo data de nascimento e morte
Henriques, junto ao café A
(exceção para Ricardo Reis, que não possui data de falecimento). Por
Brasileira, no Chiado, em Lisboa.
essa razão, José Saramago, laureado com o Prémio Nobel, escreveu o
livro O ano da morte de Ricardo Reis.

Através dos heterónimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexão sobre a relação entre verdade, existência
e identidade. Este último fator possui grande notabilidade na famosa misteriosidade do poeta.

Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje,

que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos,

ou quando menos, os seus companheiros de espírito?

— Fernando Pessoa[26]

Diversos estudiosos de Pessoa procuraram enumerar seus pseudónimos, heterónimos, semi-heterónimos,


personagens fictícias e poetas mediúnicos. Em 1966 a portuguesa Teresa Rita Lopes fez um primeiro
levantamento, com 18 nomes. Antonio Pina Coelho, também português, elevou em seguida a relação para
21. A mesma Teresa Rita Lopes apresentou um levantamento mais detalhado em 1990, chegando a 72
nomes.[27] Em 2009 o holandês Michaël Stoker chegou a 83 heterónimos. Mais recentemente, o brasileiro
José Paulo Cavalcanti Filho, utilizando critério mais amplo, apresentou uma lista com 127 nomes.[28]

Ortónimo

A obra ortónima de Pessoa passou por diferentes fases, mas envolve basicamente a procura de um certo
patriotismo perdido, através de uma atitude sebastianista reinventada. O ortónimo foi profundamente
influenciado, em vários momentos, por doutrinas religiosas (como a teosofia) e sociedades secretas (como a
Maçonaria). A poesia resultante tem um certo ar mítico, heróico (quase épico, mas não na acepção original
do termo) e por vezes trágico. Pessoa é um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com
contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da vida. Uma explicação para a criação dos
três principais heterónimos e o semi-heterónimo Bernardo Soares, reside nas várias formas que tinha de
olhar o mundo, apoiando-se no racionalismo e pensamento oriental.[29]
O ortónimo é considerado, só por si, como simbolista e modernista pela
evanescência, indefinição e insatisfação, bem como pela inovação
praticada através de diversas sendas de formulação do discurso poético
(sensacionismo,[30] paulismo, interseccionismo, etc.).[31]

Fernando Pessoa foi marcado também pela poesia musical e subjetiva,


voltada essencialmente para a metalinguagem e os temas relativos a
Portugal, como o sebastianismo presente na principal obra de "Pessoa ele-
mesmo", Mensagem, uma coletânea de poemas sobre as grandes
personagens históricos portugueses. Publicado em 1934, apenas um ano
antes da morte do autor, este foi o único livro de Fernando Pessoa em
Língua Portuguesa editado em vida. Foi contemplado com o Prémio
Antero de Quental, na categoria de «poema ou poesia solta», do
Secretariado da Propaganda Nacional (SPN).[2]
Mensagem, de Fernando
Heterónimos e semi-heterónimos Pessoa, 1ª ed., 1934.

Álvaro de Campos

Entre todos os heterónimos, Álvaro de Campos foi o único a manifestar


fases poéticas diferentes ao longo da sua obra. Era um engenheiro de
educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser
um estrangeiro em qualquer parte do mundo.

Começa a sua trajetória como um decadentista (influenciado pelo


simbolismo), mas logo adere ao futurismo. Álvaro de Campos é revoltado
e crítico e faz a apologia da velocidade e da vida moderna, com uma
linguagem livre, radical. Nesta época escreveu as "Odes", publicadas na
revista Orpheu, em 1915, e o "Ultimatum", publicado na revista Portugal
Futurista, em 1917.
Capa de ‘O Banqueiro
Após uma série de desilusões com a existência, assume uma veia niilista,
Anarquista (https://www.lulu.c
expressa no poema "Tabacaria", considerado um dos mais conhecidos e
om/search?adult_audience_ra
influentes poemas da língua portuguesa.
ting=00&page=1&pageSize=1
0&q=O+banqueiro+anarquist
Ricardo Reis a)

O
TABACARIA

Não sou nada.


Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,


Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Álvaro de Campos, "Tabacaria" (excerto).


heterónimo Ricardo Reis é descrito como um médico que se definia como latinista e monárquico. De certa
maneira, simboliza a herança clássica na literatura ocidental, expressa na simetria, na harmonia e num certo
bucolismo, com elementos epicuristas e estoicos. O fim inexorável de todos os seres vivos é uma constante
na sua obra, clássica, depurada e disciplinada. Faz uso da mitologia não cristã.

Segundo Pessoa, Reis mudou-se para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal e não
se sabe o ano da sua morte.

Em O ano da morte de Ricardo Reis, José Saramago continua, numa perspectiva pessoal, o universo deste
heterónimo após a morte de Fernando Pessoa, cujo fantasma estabelece um diálogo com o seu heterónimo,
sobrevivente ao criador.

Alberto Caeiro

Por sua vez, Caeiro, nascido em Lisboa, teria vivido quase toda a vida
como camponês, quase sem estudos formais. Teve apenas a instrução
primária, mas é considerado o mestre entre os heterónimos (pelo
ortónimo). Depois da morte do pai e da mãe, permaneceu em casa com
uma tia-avó, vivendo de modestos rendimentos e morreu de tuberculose.
Também é conhecido como o poeta-filósofo, mas rejeitava este título e
pregava uma "não filosofia". Acreditava que os seres simplesmente são, e
nada mais: irritava-se com a metafísica e qualquer tipo de simbologia para
a vida.

Os escritos pessoanos que versam sobre a caracterização dos heterónimos,


"Pessoa-ele-mesmo", Álvaro de Campos, Ricardo Reis e o meio-
heterónimo Bernardo Soares, conferem a Alberto Caeiro um papel quase
místico, enquanto poeta e pensador. Reis e Soares chegam a compará-lo Athena Revista de Arte (1924-
ao deus Pã, e Pessoa esboça-lhe um horóscopo no qual lhe atribui o signo 1925) publicou poemas de
de leão, associado ao elemento fogo. A relevância destas alusões advém Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
da explicação de Fernando Pessoa sobre o papel de Caeiro no escopo da
heteronímia. Citando a atuação dos quatro elementos da astrologia sobre a
personalidade dos indivíduos, Pessoa escreve:

Uns agem sobre os homens como o fogo, que queima nele todo o acidental, e os deixa nus
e reais, próprios e verídicos, e esses são os libertadores. Caeiro é dessa raça, Caeiro teve
essa força.

Dos principais heterónimos de Fernando Pessoa, Caeiro foi o único a não escrever em prosa. Alegava que
somente a poesia seria capaz de dar conta da realidade.

Possuía uma linguagem estética direta, concreta e simples mas, ainda assim, bastante complexa do ponto de
vista reflexivo. O seu ideário resume-se no verso Há metafísica bastante em não pensar em nada. A sua
f p
obra está agrupada na coletânea Poemas Completos de Alberto Caeiro.

Bernardo Soares

Bernardo Soares é, dentro da ficção de seu próprio Livro do Desassossego, um simples ajudante de guarda-
livros na cidade de Lisboa. Conheceu Fernando Pessoa numa pequena casa de pasto frequentada por
ambos. Foi aí que Bernardo deu a ler a Fernando seu livro, que, mesmo escrito em forma de fragmentos, é
considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa no século XX.[32]

Bernardo Soares é muitas vezes considerado um semi-heterónimo porque, como seu próprio criador
explica:

Não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação
dela. Sou eu menos o raciocínio e afetividade.

A instância da ficção que se desenvolve no livro é insignificante, porque trata-se de uma "autobiografia sem
factos", como o próprio Fernando Pessoa situa o livro. Dessa forma, o que interessa em sua prosa
fragmentária é a dramaticidade das reflexões humanas que vêm à tona na insistência de uma escrita que se
reconhece inviável, inútil e imperfeita, à beira do tédio, do trágico e da indiferença estética. O facto de
Fernando Pessoa considerar (em cartas e anotações pessoais) Bernardo Soares um semi-heterónimo faz
pensar na maior proximidade de temperamento entre Pessoa e Soares. Nesse sentido, para alguns, o jogo
heteronímico ganha em complexidade e Pessoa logra o êxito da construção de si mesmo como o mais
instigante mito literário português na Modernidade.

Visões sobre política


Entre fevereiro e outubro de 1935, último ano de sua vida, Fernando Pessoa produziu uma série de escritos
políticos, vários deles contra Salazar e o Estado Novo, e dois textos sobre a invasão da Abissínia (atual
Etiópia) pela Itália fascista, que a censura salazarista não deixou passar. Nessa produção, em que Pessoa se
define claramente como um opositor não só do salazarismo, como também do fascismo, incluem-se, entre
outros, o artigo "Associações secretas", em defesa da Maçonaria, além de numerosos fragmentos deixados
inéditos pelo autor, relacionados com a polêmica que o artigo gerou na imprensa; uma dúzia de poemas
satíricos contra Salazar e o Estado Novo; diversos textos e poemas anticatólicos, nos quais criticava a
crescente influência da Igreja na política portuguesa; um longo artigo crítico sobre o próprio Salazar, em
francês; uma carta ao presidente da República, Óscar Carmona, protestando contra o governo; uma crítica
contundente a um discurso de cunho totalitário, proferido pelo ministro da Justiça, Manuel Rodrigues, e
outros textos que mostram o crescente empenho político de Pessoa, no fim da vida, em defesa da liberdade
e da dignidade humanas, que ele julgava então ameaçadas, tanto em Portugal como no resto do mundo.[33]

Visões sobre religião

Gnosticismo

Em uma nota biográfica datilografada em 30 de março de 1935, Pessoa declara ser um "Cristão gnóstico, e
portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos
que mais adiante estão implícitos, à Tradição Secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a
Tradição Secreta em Israel (a Santa Kaballah) e com a essência oculta da Maçonaria". Ali também declara
ser um iniciado "nos três graus menores da (aparentemente extinta) Ordem Templária de Portugal".[34]
Neopaganismo
Em texto de 1917, Pessoa esclarece sua visão do neopaganismo: "Eu
sou um pagão decadente, do tempo do outono da Beleza; do sonolecer
[?] da limpidez antiga, místico intelectual da raça triste dos
neoplatónicos da Alexandria. Como eles creio, e absolutamente creio,
nos Deuses, na sua agência e na sua existência real e materialmente
superior. Como eles creio nos semi-deuses, os homens que o esforço e
a… ergueram ao sólio dos imortais; porque, como disse Píndaro, «a
raça dos deuses e dos homens é uma só». Como eles creio que acima
de tudo, pessoa impassível, causa imóvel e convicta [?], paira o
Destino, superior ao bem e ao mal, estranho à Beleza e à Fealdade,
além da Verdade e da Mentira. Mas não creio que entre o Destino e os
Deuses haja só o oceano turvo… o céu mudo da Noite eterna. Creio,
como os neoplatónicos, no Intermediário Intelectual, Logos na
linguagem dos filósofos, Cristo (depois) na mitologia cristã."[35]

Os principais heterónimos de Fernando Pessoa – Alberto Caeiro,


Ricardo Reis e Álvaro de Campos – são diretamente ligados ao English Poems (https://www.lulu.
neopaganismo. Álvaro de Campos, em notas publicadas em 1931 na com/account/projects/9rr789?pag
revista Presença, nº 30, escreve: "O meu mestre Caeiro não era pagão: e=1&pageSize=10): Das quatro
era o paganismo. O Ricardo Reis é um pagão, o António Mora é um obras que publicou em vida, três
pagão, eu sou um pagão, o próprio Fernando Pessoa seria um pagão, (Antinous; Inscriptions-
Epithalium; 35 Sonnets) são em
se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro."[36]
língua inglesa, e estão reunidas
Em texto acerca de sua heteronímia, escrito provavelmente em 1930, numa única publicacão.
Pessoa explica:

Este Alberto Caeiro teve dois discípulos e um continuador filosófico. Os dois discípulos,
Ricardo Reis e Álvaro de Campos, seguiram caminhos diferentes; tendo o primeiro
intensificado e tornado artisticamente ortodoxo o paganismo descoberto por Caeiro, e o
segundo, baseando-se em outra parte da obra de Caeiro, desenvolvido um sistema
inteiramente diferente, e baseado inteiramente nas sensações. O continuador filosófico,
António Mora (os nomes são inevitáveis, tão impostos de fora como as personalidades),
tem um ou dois livros a escrever, onde provará completamente a verdade, metafísica e
prática, do paganismo. Um segundo filósofo desta escola pagã, cujo nome, porém, ainda
não apareceu na minha visão ou audição interior, dará uma defesa do paganismo baseada,
inteiramente, em outros argumentos. (…)
Pensei, primeiro, em publicar anonimamente, em
relação a mim, estas obras, e, por exemplo, estabelecer um neopaganismo português, com
vários autores, todos diferentes, a colaborar nele e a dilatá-lo. Mas, sobre ser pequeno
demais o meio intelectual português, para que (mesmo sem confidências) a máscara se
pudesse manter, era inútil o esforço mental preciso para mantê-la.[37]

Ocultismo

Fernando Pessoa interessava-se pelo ocultismo e pelo misticismo, com destaque para a Maçonaria e a Rosa-
cruz, havendo inclusive defendido publicamente as organizações iniciáticas no Diário de Lisboa (4 de
fevereiro de 1935), contra ataques por parte da ditadura do Estado Novo. O seu poema hermético mais
conhecido e apreciado entre os estudantes de esoterismo intitula-se "No Túmulo de Christian Rosenkreutz".
Tinha o hábito de fazer consultas astrológicas para si mesmo (de acordo com a sua certidão de nascimento,
nasceu às 15h20, tinha ascendente Escorpião e o Sol em Gémeos).[38] Realizou mais de mil horóscopos.
Apreciava também muito o trabalho de Helena Blavatsky tendo traduzido, em 1916, A voz do silêncio,
assim como lhe suscitava curiosidade o ocultista Aleister Crowley, tendo-lhe traduzido o poema Hino a Pã.
Lendo uma publicação inglesa de Crowley, encontrou erros no horóscopo e escreveu-lhe para o corrigir. Os
seus conhecimentos de astrologia impressionaram Crowley e, como este gostava de viagens, foi a Portugal
conhecer o poeta.[39] Acompanhou-o a maga alemã Hanni Larissa Jaeger.[40] O encontro entre Pessoa e
Crowley ocorreu com algum sensacionalismo, dado o poeta inglês ter simulado o seu suicídio na Boca do
Inferno, o que atraiu várias polícias europeias e a atenção da mídia da época. Pessoa estaria dentro da
encenação, tendo combinado com Crowley a notificação dos jornais e a redacção de um "romance
policiário" cujos direitos reverteriam a favor dos dois poetas. Apesar de ter escrito várias dezenas de
páginas, essa obra de ficção nunca se concretizou.[41]

Cronologia
A seguir apresenta-se uma cronologia abreviada da vida do
poeta:[42][43]

1888: Fernando António Nogueira Pessoa nasce, a 13


de Junho. É batizado em Julho.
1893: Em Janeiro, nasce seu irmão Jorge. A 24 de julho,
o pai morre, de tuberculose. A família é obrigada a leiloar
parte dos bens.
1894: Em janeiro, morre o irmão Jorge. Pessoa cria o
seu primeiro heterónimo. O futuro padrasto, João Miguel
Rosa, é nomeado cônsul interino em Durban, na África
do Sul.
1895: Em Julho, Fernando escreve o seu primeiro
poema e João Miguel Rosa parte para Durban. Em
Dezembro, João Miguel Rosa casa-se com a mãe de
Fernando, por procuração. Fernando Pessoa, um flâneur na
1896: Em 7 de Janeiro, é concedido o passaporte à mãe, Baixa de Lisboa.
e a família parte para Durban. A 27 de Novembro, nasce
Henriqueta Madalena, irmã do poeta.
1897: Fernando faz o curso primário e a primeira comunhão em West Street.
1898: Nasce, a 22 de Outubro, sua segunda irmã, Madalena Henriqueta.
1899: Ingressa na Durban High School em Abril. Cria o pseudónimo Alexander Search.
1900: Em Janeiro, nasce Luís Miguel, o terceiro filho do casal. Em Junho, Pessoa passa
para a Form III e é premiado em francês.
1901: Em Junho, é aprovado no exame da Cape School High Examination. Madalena
Henriqueta falece e Fernando começa a escrever as primeiras poesias em inglês. Em
Agosto, parte com a família para uma visita a Portugal.
1902: Em Janeiro, nasce seu irmão João Maria, em Lisboa. Fernando vai à ilha Terceira
em Maio. Em Junho, a família retorna a Durban. Em Setembro, Fernando volta sozinho
para Durban.
1903: Submete-se ao exame de admissão à Universidade do Cabo, tirando a melhor nota
no ensaio em inglês e ganhando assim o Prémio Rainha Vitória.
1904: Em Agosto, nasce sua irmã Maria Clara. Em Dezembro termina os estudos na
África do Sul.
1905: Parte definitivamente para Lisboa, onde passa a viver com a avó Dionísia.
Continua a escrever poemas em inglês.
1906: Matricula-se, em Outubro, no Curso Superior de Letras. A mãe e o padrasto
retornam a Lisboa e Pessoa volta a morar com eles. Falece sua irmã Maria Clara em
Lisboa.
1907: A família retorna uma vez mais a Durban.
Pessoa passa a morar com a avó. Desiste do
Curso Superior de Letras. Em Agosto, a avó morre.
Durante um curto período, Pessoa estabelece uma
tipografia.
1908: Começa a trabalhar como correspondente
estrangeiro em escritórios comerciais.
1910: Escreve poesia e prosa em português, inglês
e francês.
1912: Publica na revista Águia o seu primeiro
artigo de crítica literária. Idealiza Ricardo Reis.
1913: Intensa produção literária. Escreve O
Marinheiro.
1914: Cria os heterónimos Álvaro de Campos,
Ricardo Reis e Alberto Caeiro. Escreve os poemas
de O Guardador de Rebanhos e também o Livro do
Desassossego.
1915: Sai em Março o primeiro número de Orpheu.
Pessoa "mata" Alberto Caeiro.

1916: O seu amigo Mário de Sá-Carneiro comete Capa de edição recente em capa dura (h
suicídio. ttps://www.lulu.com/en/gb/shop/fernando
1918: Publica poemas em inglês, resenhados com -pessoa/mensagem/hardcover/product-k
destaque no "Times". 26vpn.html?page=1&pageSize=4).
1920: Conhece Ofélia Queiroz. Sua mãe e seus
irmãos voltam para Portugal. Em Outubro, atravessa uma
grande depressão, que o leva a pensar em internar-se
numa casa de saúde. Rompe com Ofélia.
1921: Funda a editora Olisipo, onde publica poemas em
inglês.
1922: Pública o conto O Banqueiro Anarquista (https://w
ww.lulu.com/search?adult_audience_rating=00&page=1
&pageSize=10&q=O+banqueiro+anarquista), na revista
Contemporânea, e posteriormente disponível em livro
1924: Aparece a revista "Atena", dirigida por Fernando
Pessoa e Ruy Vaz.
1925: A 17 de Março, a mãe do poeta morre em Lisboa,.
1926: Dirige com seu cunhado a "Revista de Comércio e
Contabilidade". Requer patente de uma invenção sua.
1927: Passa a colaborar com a revista Presença.
1929: Volta a relacionar-se com Ofélia.
1931: Rompe novamente com Ofélia. "Fernando Pessoa em flagrante
1934: Publica Mensagem.
delitro": dedicatória na fotografia
1935: Em 29 de Novembro, é internado com o
que ofereceu a Ophélia Queiroz
diagnóstico de cólica hepática. Morre no dia 30 do
em 1929.
mesmo mês.

Ver também
Retrato de Fernando João Gaspar Simões Antonio Tabucchi
Pessoa António Ferro Prémio Pessoa
Casa Fernando Pessoa Ângelo de Lima Revista Orpheu
Literatura moderna António Quadros Portugal Futurista
António Quadros Portugal Futurista
Poesia moderna Eliezer Kamenesky Poema Tabacaria
Mariano Deidda

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Ligações externas
«MultiPessoa - Viagens guiadas para estudantes e curiosos» (http://multipessoa.net/)
«Arquivo Pessoa - Instituto de Estudos Sobre o Modernismo» (http://arquivopessoa.net/)
«Espólio de Fernando Pessoa - Acervo digital da Biblioteca Nacional de Portugal» (http://pu
rl.pt/1000/1/)
«Casa Fernando Pessoa - Câmara Municipal de Lisboa» (http://casafernandopessoa.cm-lis
boa.pt/index.php?id=2233)
«Biblioteca particular de Fernando Pessoa - Biblioteca Digital da Casa Fernando Pessoa»
(http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt/bdigital/index/index.htm)
«Pessoa Plural: Revista de Estudos Pessoanos - A Journal of Fernando Pessoa Studies»
(http://www.brown.edu/Departments/Portuguese_Brazilian_Studies/ejph/pessoaplural/)
«Obra de Fernando Pessoa disponível para acesso gratuito em www.dominiopublico.com»
(http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do?first=50&skip
=0&ds_titulo=&co_autor=&no_autor=Fernando%20Pessoa&co_categoria=2&pagina=1&sel
ect_action=Submit&co_midia=2&co_obra=&co_idioma=&colunaOrdenar=DS_TITULO&ord
em=null)
«O Mundo em Pessoa, projeto de recolha automática de citações a partir das redes sociais»
(http://fernandopessoa.labs.sapo.pt/) [ligação inativa]
«Aplicações Android Fernando Pessoa» (https://play.google.com/store/search?q=fernando+
pessoa)
Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária da obra de Fernando
Pessoa (http://lusofonia.x10.mx/literatura_portuguesa/Fernando_Pessoa.htm) [ligação inativa]

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