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1. Qual a posição de Kierkegaard em relação ao pensamento abstrato?

2. Relacione devir, escolha e liberdade, enfatizando a importância dessas características para o autor.
3. Explique a existência ética, estética e religiosa relacionando-as com os períodos históricos conforme proposto
por Kierkegaard.
4. Qual a visão de verdade do autor em questão?
5. Qual o papel da angústia para existência?
6. Considerando a impossibilidade de definir a existência, aponte as características básicas atribuídas a ela.

Respostas

01- O ser do homem não pode ser explicado a partir de uma essência universal, o seu ser consiste em sua existência
singular. Por isso, Kierkegaard defende que o pensamento abstrato não vale muito - ou sequer vale algo, pois esse descarta
a existência.

02 - Na existência, o devir é entendido como um perpétuo movimento de se ultrapassar, se tornar. Dentro dessa condição,
ter a capacidade de escolha é essencial. Essa é possibilitada através da liberdade, pois, assim, se pode ser livre para tomar
uma decisão e agir de acordo com ela..

03 - Estágio estético: caracteriza-se por uma vida pautada no hedonismo. Dessa forma, observa-se uma busca constante
pelo prazer, que se dá como uma forma de encobrir o vazio existencial daquele indivíduo. Tal concepção relaciona-se ao
paganismo, visto que um dos significados adotados para essa palavra refere-se à prática de um sujeito que se prende à
prazeres, ao desejo, ao material etc.
Estágio ético - Aqui já há a responsabilização pelos atos de escolha. No entanto, os indivíduos orientam-se a partir
da moralidade convencional, bem como por dogmas religiosos. Há, portanto, a absorção de leis morais externas. Logo,
está ligado ao dever, à ordem, obediência. Além disso, é marcada pela luta, pelo combate. Tal concepção pode ser
relacionada ao judaísmo, pois esse adota um conjunto de regras que devem ser seguidas, obedecidas.
Estágio religioso - se dá a partir de uma relação única com Deus, que é buscado pela fé do indivíduo. Aqui, não há
limitações no que se refere aos princípios morais e convencionais da sociedade. O que o move é o estado de fé do
homem. É marcada pelo sofrimento. Tal concepção é, no texto, relacionada ao cristianismo. No contexto cristão, sofrer é,
ali, um sinônimo de pureza, purificação.

04 - A verdade, segundo Kierkegaard, precisa ser vivida. Não é fixa, pois as verdades são reveladas ao indivíduo no curso
de sua própria vida, isto é, de nossas experiências subjetivas. Portanto, vida e verdade estão, nesse contexto, amplamente
relacionadas.

05 - A angústia configura-se como uma condição relacionada à possibilidade da liberdade na existência do homem. Ela se
dá a partir da compreensão da liberdade que aquele sujeito possui, e esse é angustiado ao entender que pode se lançar
ao nada, ao vazio.

06 - Podemos atribuir 13 características básicas:


1. A primeira delas é a de que o existente - isto é, o indivíduo - tem consciência de sua própria existência.
2. A segunda diz respeito à unicidade da existência. Todos nós somos únicos, toda existência é única.
3. É precisamente esta condição de unicidade que mais determina o homem. Entre os animais, a espécie é qualquer coisa
de mais elevada que o indivíduo. Em relação ao homem é o indivíduo que supera a espécie.
4. O foco da questão é o indivíduo e não o sistema. O homem não funciona como uma máquina previsível. O anti-
sistematicismo de Kierkegaard (oposto de Hegel) é trabalhado aqui.
5. Kierkegaard entende que o indivíduo é tão importante que, se ele se associa a outros, deteriora-se. Portanto, a questão
da individualidade é de extrema importância.
6. Existir, então, para Kierkegaard, é ser um indivíduo e, logo, conviver com a solidão, experiência que se deverá viver
com a máxima intensidade diante da morte.
7. O existente é um ser que se escolhe. Logo, existir é escolher. Escolher, por sua vez, é ser livre, poder seguir diferentes
direções. A liberdade revela-se como a mais alta condição do homem.
8. Quem escolhe, ao escolher, escolhe-se. Quando eu escolho tal ou qual ato, eu me escolho querendo tal ou qual ato.
Essa proposição aparece em Lequier e é dele que Sartre a toma para incluí-la em sua obra. De qualquer modo ela
exprime o pensamento de Kierkegaard.
9. Segundo Kierkegaard, o momento que testemunha nossa mais profunda escolha é aquele em que nos descobrimos
sem condições de fazer outra coisa senão aquela que efetivamente fazemos. Isso significa que nossas escolhas mais
essenciais, mais íntimas, são aquelas em que nos sentimos ou nos apreendemos sem condições de escolher, pois que, se
escolhêssemos de outra forma, não seríamos nós mesmos. Na verdade, nós nos trairíamos. Kierkegaard é muito
enfático sobre isso: o fato de que não há escolha é expressão de uma paixão imensa e de uma grande intensidade com
que vivemos o ato mesmo da escolha
10. A existência é temporalidade.
11. A existência é subjetividade. Por outro lado, o entendimento não se move jamais senão no relativo. Só a paixão, que é
o topo, mesmo, da subjetividade, se mostra no domínio do absoluto.
12. A existência conhece-se a si mesma, tal como o proclamou Sócrates. Mas para Kierkegaard, conhecer-se a si mesmo
é conhecer-se na condição de pecador.
13. Ao contrário de Descartes, Kierkegaard não intui sua existência a partir do pensamento. Na verdade, é o oposto. E na
existência que ele apreende o pensamento. Se eu penso a existência, de fato, eu a elimino ou excluo. Para Kierkegaard,
a posição cartesiana representa uma aberração existencial.

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