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1. Introdução...................................................................................................................................3
1.2. Objectivos...............................................................................................................................4
1.2.1. Objectivo Geral...................................................................................................................4
1.2.2. Objectivos específicos........................................................................................................4
1.3. Metodologia............................................................................................................................4
2. FUNDAMETAÇÃO TEORICA.................................................................................................5
2.1. Democracia..................................................................................................................................5
2.1.2. Democracia Liberal............................................................................................................5
2.2. O processo de Democratização a escala Africano...................................................................7
2.3. Transição Democrática em África..........................................................................................8
2.4. Constrangimentos da democracia liberal no contexto sociopolítico dos Estados africanos.....9
2.5. A Transição para a Democracia criou novas Demandas e novas Formas de Competição de
Identidades.......................................................................................................................................10
2.6. Tolerância Política................................................................................................................10
2.7. Transição Democrática em Moçambique..............................................................................11
2.8. Eleições Regulares, Livres e Justas.......................................................................................12
3. Considerações Finais................................................................................................................14
4. Bibliografia...............................................................................................................................15
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1. Introdução
Olhando para os mais recentes conflitos internos em África, notamos que tem nas suas causas,
questões próprias da democracia liberal. São exemplos dessa realidade, os conflitos pós-
eleitorais na Costa de Marfim e no Senegal, em 2012; os conflitos para a instauração de
liberdades políticas e maior abertura democrática na Tunísia, no Egipto e na Líbia, em 2011.
Os confrontos militares em Moçambique, envolvendo o Governo e a Renamo junta-se a estes
outros que assolam o continente, possivelmente esses conflitos tenham outras grandes razões
e cada um deles com suas especificidades, mas o facto em comum é de serem apresentadas
razões ligadas a processos democráticos, sobretudo processos eleitorais e liberdades
fundamentais.
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1.2. Objectivos
1.3. Metodologia
Nesta vertente, de acordo com Severino (2007), “a pesquisa bibliográfica é aquela que
abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudos” (p.122).
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2. FUNDAMETAÇÃO TEORICA
2.1. Democracia
De acordo com Sousa (2005, p.61), a democracia é um regime político em que o poder se
encontra limitado, em que a alternância no governo está eleitoralmente assegurada, em que os
governados mantêm todos os seus direitos cívicos perante os governantes e em que a
liberdade e a competitividade políticas estão presentes. Com essa definição, a democracia
assenta em pilares como a liberdade, a participação política, a alternância na detenção do
poder político e, sobretudo, a limitação no exercício de poder dos governantes sobre os
governados.
Neste trabalho consideramos democracia a combinação positiva de todos pilares que levam o
povo a decidir por si quem deve governar, socorrendo-se de princípios de liberdade ao
pluralismo de ideias, bem como a alternância do poder, sem descorar a transparência, primado
da lei, prestação de contas, como forma de garantir o equilíbrio de poder divergência positiva
no xadrez político nacional.
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de governo limitado com a ideia de consentimento popular. As suas características liberais
residem num conjunto de mecanismos de verificação internos e externos governo (check and
balances), com vista a garantir a liberdade e a oferecer aos cidadãos protecção contra o
Estado (Sousa, 2005, p.61).
Um Estado é considerado de democracia liberal, quando, pelo menos do ponto de vista legal e
institucional, possui características que permitam que haja liberdade e respeito pelos mais
elementares direitos humanos. Assim, a democracia liberal é um sistema político marcado não
só por eleições livres e justas, mas também pelo estado de direito, separação de poderes e pela
protecção das liberdades básicas de expressão, reunião, religião e propriedade (Zakaria, 1997,
p.24).
Nesse contexto, Sousa (2005, p.61), ao afirmar que “ a democracia é o regime político em que
o poder está limitado, em que a alternância no governo está eleitoralmente assegurada, em que
os governados mantêm todos os seus direitos cívicos perante os governantes e em que a
liberdade e a competitividade políticas estão presentes”, induz-nos à percepção de que os
principais factores internos que possam levar-nos a conflitos armados e ameaças à segurança
nacional podem ser acautelados com o exercício eficaz da democracia liberal.
Olhando para o contexto africano, podemos assumir que a democracia liberal ainda não é
efectivamente implementada, pois notamos que nos últimos anos, em alguns países como a
Nigéria, Zimbabwe, Senegal, Quénia e Costa do Marfim, os processos eleitorais, tornaram-se
fontes de instabilidade e ameaça a valores centrais do Estado como integridade territorial e
unidade nacional. Além desses países, na Libai, no Egipto e na Tunísia, a segurança nacional
foi posta em causa por manifestações violentas com o intuito de promover e garantir mais
liberdades políticas, e mais recentemente, em Moçambique eclodiu um conflito militar entre
as forças da Renamo e as forças governamentais devido, essencialmente a questões ligadas ao
processo eleitoral, inclusão e igualdade.
Nos casos acima mencionados, para garantir a segurança ao nível do Estado, os governos
devem ter habilidade para conter ataques ou defender-se quando estes surgem contra si
(Glossário de Estudos de Paz e Conflitos, 2004, p.38).
Portanto, no contexto africano, onde num mesmo Estado temos vários grupos com posições
divergentes, onde a democracia liberal ainda deve ser adaptada às realidades locais, e onde se
verificam casos de conflitos motivados por aspectos próprios da democracia liberal como
eleições e busca por liberdades políticas.
Com base nos pressupostos do liberalismo, concluímos que esta é a teoria que melhor explica
o tema deste trabalho porque aborda a interacção a nível doméstico e internacional. Daí que
podemos tirar aspectos valiosos para entender a segurança nacional em Estados africanos.
A primeira onda da democratização abrange o período entre 1828 e 1926, nessa altura, de 64
nações independentes, 24 eram democráticas. Entretanto, entre 1922 e 1942, houve um
retrocesso em termos de Estados independentes democráticos, pois as nações independentes
haviam se reduzido a 61, e apenas 12, preservavam o sistema democrático. Depois desse
período de regressão, surgiu a segunda onda de democratização que transcorreu de 1943 a
1962.
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de promoção dos direitos humanos, democracia e liberdades fundamentais no geral
(Huntington, 1991:65).
Derrube do regime vigente - a democratização ocorre como resultado da revolta popular que
retira o governo e, através de um processo de negociação com as forças de segurança do
governo e novas eleições, introduz-se um novo governo. Por exemplo: o derrube do antigo
presidente Slobodan Milosevic na Sérvia.
Portanto, de entre as seis situações em que pode emergir a democracia, existem duas que
caracterizam, especificamente, o continente africano nos últimos anos: negociações para o fim
de guerra-civíl e o derrube do regime vigente. Nesse contexto, a democratização tem estado
associada a momentos de conflitos armados, consequentemente a ameaças à segurança
nacional. Por isso, de seguida abordamos a transição democrática em África na perspectiva de
conhecer os seus contornos específicos.
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2.3. Transição Democrática em África
Para entender a transição democrática em África, é preciso antes de mais, clarificar que no
contexto político, se considera transição a um conjunto de “mudanças fundamentais do que
era antes para um novo contexto, como estado de guerra ou conflito violento para um novo
contrato social de construção da paz; de um governo autocrático e centralizado para um
governo representativo, da subjugação ou dominação política para independência ou
redefinição das relações de poder” (Large & Sisk, 2006, p.51).
Tendo em conta que a construção de muitos Estados africanos se deu dos anos 1960 a 1990, o
processo de democratização em África enquadra-se no período chamado por terceira onda.
Porém, cada Estado teve suas especificidades nesse processo de transição, o que tornou a
transição democrática em África, bastante heterogénea.
Enquanto alguns Estados passaram para um sistema democrático por vias pacíficas, em outros
Estados, a democracia emergiu como consequência de guerras civis, com o objectivo de criar
multiplicidade de ideias políticas, visto que perduravam regimes mono partidários resultantes
dos processos de descolonização.
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Democratização sem um processo simultâneo de mudança nas instituições de governação ou
ainda no Estado em si.
Alguns países adoptaram a política de multipartidarismo no princípio dos anos 1990 sem um
ajustamento extensivo das suas constituições e do quadro institucional no qual é praticada a
politica (Kanyinga, Okello e Akech, 2010, p.5).
Kanyinga, Okello e Akech (2010, p.5), citam como maiores exemplos dessa realidade os
casos do Kenya e do Zimbabwe, onde os conflitos em processo eleitorais ocorreram na
sequência de projectos de revisão constitucional falhados. Pode se acrescentar os conflitos
resultantes de tentativas de revisão constitucional visando aumentar os poderes do Presidente,
estender o tempo dos mandatos ou permitir uma recandidatura.
Segundo Enra (2009:51), também faz parte das razões da instabilidade política em
democracias africanas, a fragilidade e a quase inexistência da sociedade civil, a inconsistência
da estrutura do Estado e suas instituições e por fim, a ausência da estrutura económica
moderna eficiente.
Segundo Nilson & Abrahamsson (1994, p.327), certos Estados africanos invocam a
democracia como sistema de governo que os rege, mas em muitas ocasiões mostram actos de
negação ao mesmo sistema quando protestam contra os resultados das eleições, a recusa de
entrega do poder em caso de um partido da oposição ganhar as eleições e a violação dos
direitos humanos.
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doutrinas compreensivas de bem numa sociedade pluralista; enquanto recurso político de
defesa das liberdades individuais contra um Estado intolerante ou contra grupos intolerantes
dentro de uma sociedade liberal; como virtude democrática dos cidadãos no uso da razão
pública e na apresentação de argumentos no fórum político e, por fim, enquanto abstenção dos
povos liberais de impor à força os princípios liberais aos povos não liberais.
Assim, a tolerância politica é um pilar muito importante para os Estados africanos se tivermos
em conta que, na sua maioria, congregam vários e diversificados grupos étnicos como
consequência do processo da construção desses Estados que obedeceu as fronteiras delineadas
arbitrariamente pela administração colonial europeia, e também pela opção da Organização da
Unidade Africana (OUA) em manter essas fronteiras para evitar conflitos. Por outras palavras,
vários grupos étnicos foram divididos em termos de pertença estatal, ocupando alguns deles
territórios de dois ou mais Estados vizinhos.
O Malí não é o único caso em que alega-se haver intolerância política. Podemos citar o caso
de Angola, onde para além dos partidos da oposição, agências noticiosas nacionais e
internacionais, assim como ONGs, reportam frequentemente casos de intolerância política e
de repressão dos direitos e liberdades, principalmente da imprensa e organizações da
sociedade civil.
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2.7. Transição Democrática em Moçambique
A transição democrática em Moçambique não está dissociada do processo de democratização
a nível do continente africano, no âmbito da terceira onda de democratização nos anos 1990.
Olhando para as condições gerais de transição democrática, Moçambique enquadra-se na
democracia emergente de negociações de paz em casos de guerra-civil, visto que viveu 16
anos (1976-1992) de guerra, cujo objectivo era, na narrativa da Renamo, a instauração da
democracia liberal.
Na guerra dos 16 anos, procurava-se por parte da Renamo, reverter o sistema político ora em
vigor, ligado ao marxismo-leninismo adoptado por Moçambique, à semelhança de muitos
outros Estados recém-independentes em África. De facto, “com a independência de
Moçambique em 1975, foi adoptada uma Constituição, a qual definia o papel da Frelimo
como força de liderança do Estado e da sociedade, bem como assegurava a legitimação do
regime de partido único, eliminando, deste modo, qualquer forma de pluralismo social” (Lala
& Ostheimer, 2003, p.8). Por isso, o fim da guerra dos 16 anos foi também, o momento do
inicio da democratização em Moçambique.
Nesse contexto, de acordo com Lala e Ostheimer (2003, p.8), Moçambique empenhou-se na
edificação do seu processo de democratização, através do acordo de paz firmado em 1992.
Talvez seja por essa razão que “o sistema multipartidário implantado em Moçambique
caracterizou-se, desde o início, pelo legado do anterior conflito estrutural e pelo antagonismo
existente entre a Frelimo e a Renamo” (ibid.).
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processo de transição para o liberalismo, do ponto de vista económico, e da democracia
liberal do ponto de vista político, teve seus primeiros sinais ainda na década de 1980.
Segundo Lala & Ostheimer (2003, p.8), a Constituição de Novembro de 1990 teve como
principais mudanças a garantia dos direitos básicos individuais, tais como, liberdades de
crenças, opinião e associação; pluralismo partidário; independência dos tribunais; eleições
livres e secretas; e uma eleição directa do Presidente da República. Desta forma, a questão das
liberdades e direitos fundamentais e a questão de eleições periódicas era salvaguardada.
A relação directa das eleições com a democracia foi fortemente impulsionada pelo liberalismo
político do século XVIII e XIX, visto que “nas sociedades liberais, normalmente, a
democracia é concebida como um sistema político onde as decisões são tomadas mediante
deliberação e votação de agentes racionais, limitados pelos direitos fundamentais, em âmbito
institucional, tendo como base a regra da maioria, ou seja, a regra que prescreve que a decisão
de todos é aquela endossada pela maioria dos cidadãos” (Couto, 2012, p. 63).
Podemos com base na variação do número de eleições realizadas nos países africanos nas
últimas décadas, dizer que as eleições já são prática em Estados africanos e essa cultura foi
adoptada como a fórmula adequada para o acesso ao poder político, repudiando-se assim,
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todas as outras formas. No contexto actual, os Estados africanos “reafirmam o seu
compromisso em realizar regularmente eleições transparentes, livres e justas, em
conformidade com a Declaração da União relativo aos Princípios que regem as Eleições
democráticas em África” (Carta Africana sobre Democracia, Capítulo VII, artigo 17).
Segundo Kamp (2011, p.19), em democracias liberais as eleições devem ser competitivas,
periódicas e inclusivas. Isto é, os partidos da oposição e candidatos devem usufruir da
liberdade de discurso, reunião e movimento, necessários para manifestar abertamente, as suas
críticas ao governo em vigor e apresentar políticas e candidatos alternativos para os eleitores.
Os eleitos devem prestar contas aos cidadãos, a sua eleição não é vitalícia, mas periódica,
tanto que os cidadãos devem retornar periodicamente (na maior parte dos países africanos,
num intervalo de 5 anos) para reelege-los ou optar por outras alternativas.
3. Considerações Finais
Vimos ao longo deste trabalho que o liberalismo seria teoria que melhor se enquadraria para
responder a necessidade de enquadramento teórico, dada a sua relação com democracia bem
como nos estudos sejam eles abrangentes ou restritos de segurança.
As razoes de fracasso desta em alguns pontos de África estão intrinsecamente ligadas a não
observância, ou não respeito, das estruturas, sociais, étnicas e valores culturais que estes
povos tinhas antes do processo de democratização, a que salientar que ao ignorar estes
factores endógenos, já tira de per si o valor deste modelo em termos de aceitação e
identificação dos africanos com esta abordagem.
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Sendo assim, o primeiro desafio torna-se o da implantação da própria nação, as divisões
existentes nos estados africanos põem em causa a legitimidade dos líderes eleitos, dai que se
verificaram grandes percentagens de abstenção nas primeiras eleições multipartidárias em
vários Estados africanos.
Neste trabalho foi possível tirar conclusões sobre a aplicação de princípios democrático-
liberais em Estados africanos. Uma das conclusões a que chegamos é que, os pilares da
democracia liberal, não ignorando os seus valores, tornam-se nocivos à segurança nacional se
não forem observados tendo em conta o contexto sócio-politico dos Estados africanos.
4. Bibliografia
Alves Mazzotti, A. J., & Geandsznajder, F. (1999). O método em ciências naturais e sociais:
Pesquisas quantitativas e qualificativa. São Paulo: Thoson.
Beetham, D. (1998). Democracy: key principles, institutions and problems, In: Democracy:
its Principles and achievement. Geneva: Inter-Parliamentary Union.
Bobbio, N. (1991). Três ensaios sobre a democracia. Trad. Sérgio Bath. São Paulo: Cardim
& Alario.
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