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RESUMO: Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica acerca da educação do campo
como um direito humano. As populações do campo, assim como outras minorias historicamente
discriminadas e excluídas, têm enfrentado, em seu processo histórico, violações de direitos
humanos, especialmente no que se refere ao direito à educação, uma vez que a garantia desse
direito possibilita consequentemente o acesso aos demais direitos humanos. Partindo-se do
princípio de que a educação constitui-se como um direito humano, buscamos identificar de que
forma esse direito é assegurado as populações do campo. Assim, este trabalho tem como
objetivo abordar como é constituída a população do campo, o conceito de educação do campo e
refletir acerca das políticas públicas voltadas para garantir o direito à educação dessa população
especificamente.
ABSTRACT: This work is a bibliographical research about the education of the field as a
human right. The rural populations, as well as other historically discriminated and excluded
minorities, have faced, in their historical process, violations of human rights, especially with
regard to the right to education, since the guarantee of this right allows consequently the access
to the other human rights. Based on the principle that education constitutes a human right, we
seek to identify how this right is guaranteed to the rural population. Thus, this work aims to
address how the rural population is constituted, the concept of rural education and reflect on the
public policies aimed at guaranteeing the right to education of this population specifically.
INTRODUÇÃO
Pode-se dizer que a humanidade, na forma de seus representantes, tem avançado
na tentativa de assegurar à pessoa humana a garantia de seus direitos fundamentais
enquanto seres humanos que são. Pelo menos no plano normativo isso é perceptível. É
possível elencar documentos importantes, no plano jurídico-normativo, instituídos no
sentido de estabelecer direitos aos seres humanos, outrora subtraídos por outrem através
de meios diversos em momentos de grande tensão vividos na história da humanidade.
1. POPULAÇÃO RURAL
Disto podemos inferir que, quando a educação brasileira foi sendo tardiamente
estendida às populações do meio rural, foi traduzida de cima para baixo, de modo
homogêneo, padronizado em seus métodos e conteúdos, em que predominaram
princípios e valores burgueses e urbanos, caracterizando a “Educação Rural”. Não se
considerou a identidade, a cultura, os diferentes gêneros de vida que constituem a
diversidade e especificidade existentes no meio rural brasileiro. Também as populações
do campo, por meio da educação, são “desenraizadas” (RIBEIRO, 2012) de seu meio e
de sua identidade cultural. O que predominou na política da Educação Rural nacional
foi um ideário de uma educação “para” a vida na cidade. Aonde ficou o direito do
sujeito de fazer a escolha de viver no meio rural ou ir para cidade? A educação, quando
ofertada, empurrou a população do campo para o meio urbano.
Atualmente, no campo estão os sujeitos sociais cujo vínculo maior se faz com a
terra. São povos indígenas, extrativistas, agricultores, pecuaristas, artesãos, pequenos
comerciantes, sem-terra, ribeirinhos, pescadores, caiçaras, quilombolas, trabalhadores
assalariados e, também, desempregados. Mais do que uma realidade diferente do modo
de vida urbano, o campo é um espaço de existência social, de vida, que expressa todas
as realizações materiais e não-materiais da totalidade social.
O Brasil possui 76,2 mil escolas rurais, de acordo com dados do censo escolar
2011, a mesma pesquisa mostra que, desse total 42 mil são multisseriadas, quase 15%
não possuem energia elétrica, 89% não tem biblioteca e 81% não contam com
laboratório de informática. Além da infraestrutura precária, um levantamento do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) feito com base na pesquisa nacional por
amostra de domicílios (Pnad) de 2009 indica de 2,5% das crianças e adolescentes com
idade entre 7 e 14 anos que vivem no campo estão fora da escola. Isso revela que ainda
estamos longe de universalizar o acesso à educação básica na zona rural e de garantir a
qualidade dele. Outro desafio é a formação de professores que atuam nas escolas do
campo. Segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(INEP), aproximadamente 160 mil (44%) não possuem sequer ensino superior.
Mediante esses números significativos, a diversidade, a peculiaridade dos povos
residentes no campo e a necessidade de garantir o direito à educação, ao longo dos anos
foi necessário construir políticas públicas voltadas para as especificidades dessas
populações, com o objetivo de efetivar as determinações constitucionais.
2. EDUCAÇÃO NO CAMPO
A educação básica, como direito para a diversidade dos povos do campo foi
mantida por décadas no esquecimento. E, esse descaso, segundo pesquisa realizada por
Caldart (2004, p.149) está atrelado ao encurtamento dos horizontes políticos e
educacionais para os povos do campo, o qual reflete a visão pessimista do campo e da
educação do campo. A educação do campo é uma realidade recente no país.
A educação do campo sempre foi tratada com descaso pelo poder público.
“Muito material escolar que não servia mais para as escolas urbanas, ou porque estava
defasado ou então em péssimas condições, era distribuído para as escolas rurais”
(KUDLAVICZ; ALMEIDA, 2008, p. 11). Os professores, sem incentivo, se
deslocavam das cidades ao campo para lecionar sem ter um mínimo de conhecimento
sobre o cotidiano camponês, colocando em risco a práxis camponesa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Revisadas todas essas evidências sobre a educação no campo este trabalho
defende o direito à educação no/do campo como um direito humano, fundamental do
camponês, uma vez que fica evidente o seu direito à terra, à permanência nesta, ao
trabalho, e à reprodução social do modo de vida camponês. Somente com a efetivação
destes, é que uma educação libertadora e significativa no campo será alcançada, fazendo
valer os direitos constitucionais já garantidos.
A Educação do Campo como fruto das lutas dos movimentos sociais vem se
afirmando ao longo dos anos e conquistando valor dentro da esfera social brasileira. A
Educação do Campo, com todas as suas implicações ético-políticas e práticas
pedagógicas, avançou do ponto de vista de sua regulação, mas tem dificuldades de
chegar no chão da escola.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARROYO, Miguel; CALDART, Roseli; MOLINA, Mônica (orgs). Por uma educação
do campo. Petrópolis, RJ:Vozes, 2004.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Cortez, 2001.