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SOLDADURA TIG

A SOLDADURA POR ARCO em GÁS INERTE com


ELÉCTRODO INFUSÍVEL DE TUNGSTÉNIO (T.I.G.
Tungsten Inert Gas)
A. PREMISSA

A soldadura por arco em gás inerte com eléctrodo infusível de tungsténio (Tungsten
Inert Gas) é um processo no qual o calor necessário para a execução da soldadura
é fornecido por um arco eléctrico mantido entre um eléctrodo não consumível e a
peça em processamento; o eléctrodo usado para conduzir a corrente é um eléctrodo
de tungsténio ou de liga de tungsténio. A área de soldadura, o metal fundido e o
eléctrodo não consumível são protegidos pela influência dos agentes atmosféricos
graças ao gás inerte alimentado mediante a tocha porta-eléctrodo. A soldadura com
processo TIG pode ocorrer com a adição de outro material (vareta de material de
adição) ou mediante a fusão do material base por efeito do calor produzido pelo
arco eléctrico.
 

B. O CIRCUITO DE SOLDADURA


O circuito de soldadura é composto essencialmente pelos elementos a seguir:
1. Gerador de corrente

2. Tocha porta-eléctrodo de tungsténio com feixe de cabos

3. Vareta de material de adição

4. Cilindro de gás com circuito de pressão

5. Pinça com cabo de massa

6. Conjunto de arrefecimento a água


 
 
 
 
1. Gerador de corrente 

O gerador de corrente tem a tarefa de alimentar o arco eléctrico, criado


entre o material base e o eléctrodo de tungsténio, através da saída de uma
quantidade suficiente de corrente para mantê-lo aceso. No seu interior geralmente
há um dispositivo de regulação da corrente de soldadura, do tipo mecânico (shunt
magnético) ou electrónico (sistemas com tiristores ou inversor).

É possível identificar duas categorias de pertinência:


  
a) gerador em corrente alternada AC (alternating current)
A corrente/tensão de saída do gerador assume a forma de uma onda tipicamente
quadrada, que muda a sua polaridade em intervalos regulares, com frequência de
20 ou 200 ciclos por segundo (Hertz) ou mais, conforme o tipo de gerador utilizado.
Ela é obtida mediante um ou mais dispositivos, cuja função é a de transformar a
corrente/tensão sinusoidal de rede em uma corrente/tensão alternada apropriada de
soldadura..

 
b) gerador em corrente contínua DC (direct current)
A corrente na saída do gerador apresenta uma forma de onda contínua, obtida
através de dispositivos que permitem a conversão da corrente/tensão de alternada
para contínua.No caso em que o circuito de soldadura seja composto por um
gerador de corrente contínua (DC), pode ser introduzida mais uma classificação em
função da modalidade de conexão dos pólos da fonte de soldadura ao material a
soldar ou da forma de onda da corrente de soldadura:
i) corrente contínua com ligação em polaridade directa
Com a polaridade directa a tocha, com o relativo cabo, é ligada ao pólo negativo e o
material a soldar ao pólo positivo da fonte abastecedora; nesse caso os electrões
fluem do eléctrodo para a peça provocando a sua fusão. É o tipo de corrente mais
utilizado com o sistema TIG e garante uma boa soldabilidade em quase todos os
metais e as ligas normalmente soldáveis, com excepção do alumínio. A corrente
contínua com polaridade directa produz um banho de fusão estreito e profundo e
também uma penetração decididamente superior àquela que pode ser obtida com a
polaridade inversa.

ii) corrente contínua com ligação em polaridade inversa


Soldando com essa polaridade a tocha, com o relativo cabo, é ligada ao pólo
positivo e a peça ao pólo negativo da máquina abastecedora.Esse tipo de
alimentação é pouco utilizado porque produz um banho chato com penetração
escassa. A polaridade inversa causa por si só um aquecimento excessivo do
eléctrodo; para não provocar a queimadura dele devem ser utilizadas intensidades
de corrente mais reduzidas. Justifica-se assim o seu uso limitado

Existe mais uma família de geradores, e se identifica como geradores em corrente


contínua, independentemente da polaridade da ligação, e exactamente geradores
em corrente contínua modulada ou pulsada. O gerador em corrente modulada é um
gerador com corrente contínua equipado com dispositivos específicos que permitem
a variação da amplitude da corrente de soldadura. A corrente modulada ou pulsada
é obtida sobrepondo à corrente contínua de base um outro componente, geralmente
de ondas quadradas, produzindo uma pulsação periódica do arco. Com esse
sistema se obtém um cordão de soldadura formado por uma sobreposição contínua
de pontos de soldadura, os quais, um após o outro, formam um cordão único. Usa-
se tipicamente em espessuras finas, onde é necessário controlar o fornecimento de
calor para evitar a perfuração da peça a soldar sem comprometer a penetrabilidade
da soldadura.

 
2. Tocha porta-eléctrodo de tungsténio com feixe de cabos

A tocha porta-eléctrodo é um dispositivo que engloba o eléctrodo de tungsténio e é


ligada a cabos conectados ao gerador, os quais têm a tarefa de alimentá-la
electricamente e de transportar o seu gás de protecção. Em função do tipo de uso,
pode haver tochas com arrefecimento natural, por meio do gás protector, se forem
necessárias baixas intensidades de corrente, e tochas com arrefecimento a água,
quando forem exigidas correntes elevadas (200 - 500 A) e soldaduras frequentes.
 
 
3. Vareta de material de adição
A espessura do material, o tipo de junção e as características de soldadura
desejadas influem na necessidade de usar ou não um metal de adição a adicionar
no banho. O acréscimo do metal de adição na soldadura manual é efectuado
mergulhando uma vareta de material na área do arco, lateralmente ao banho de
fusão. O metal de adição é muito espesso semelhante ao metal base e
frequentemente é adicionado com quantidades limitadas de desoxidantes ou outros
elementos que melhoram as propriedades da área fundida.

4. Cilindro de gás com circuito de pressão

O cilindro de gás com circuito de pressão é composto por:

- um cilindro que contém o/os gás/es de protecção


- um manómetro, instrumento utilizado para indicar a quantidade de gás no interior
do cilindro
- um redutor de pressão
- uma electroválvula, presente se a tocha for dotada de botão de ignição,
comandada pelo próprio botão, o qual abre e fecha o fluxo de gás conforme as
necessidades do operador.

5. Pinça com cabo de massa 


A pinça com cabo de massa permite a ligação eléctrica entre o gerador de corrente
e o material base a soldar. O cabo deve ter uma secção e um comprimento em
função da amperagem máxima da fonte de soldadura.

6. Conjunto de arrefecimento a água 

O conjunto de arrefecimento a água é um dispositivo utilizado


para o arrefecimento da tocha, se a mesma for resfriada a água, para evitar
sobreaquecimentos excessivos, se houver correntes elevadas de soldadura. Esse
aparelho, através de uma bomba, permite a circulação contínua da água na tocha e,
mediante um sistema de arrefecimento, controla o seu sobreaquecimento.

 
 
C. OS GASES DE PROTECÇÃO

A função principal do gás de protecção é a de substituir-se ao ar na proximidade do


banho de fusão, do eléctrodo e da extremidade da eventual vareta de adição para
evitar o risco da contaminação de agentes nocivos presentes na atmosfera.
As características físicas e químicas do gás de protecção podem ter influências
diferentes na soldadura conforme os vários tipos de metal. Os gases de protecção
utilizados na soldadura TIG são: argónio, hélio, misturas argónio-hélio e misturas
argónio-hidrogénio.
De qualquer forma é importante que esses gases sejam puros o máximo possível
pois até percentagens irrelevantes de impurezas podem influenciar a qualidade da
soldadura deixando-a inaceitável. Durante a soldadura utilizando como gás de
protecção o argónio, o arco é mais estável mas o banho resulta menos quente;
portanto,  esse gás é mais indicado para a soldadura em espessuras finas.
Observa-se que o argónio é um gás muito utilizado pelo seu custo bem mais
reduzido do que o do hélio; esse factor resulta ser o maior discriminador na escolha
do gás de protecção.
O arco em hélio desenvolve um calor superior ao desenvolvido em argónio; seu uso,
portanto, é recomendado para a soldadura de materiais com elevada condutividade
térmica, permitindo um aumento da velocidade de soldadura.
Como o hélio é mais leve do ar, para ter uma protecção certa do banho é
indispensável a sua utilização em quantidades superiores àquelas utilizadas para o
argónio.
As misturas de argónio e hélio são utilizadas para ter gases protectores com
características intermediárias.

D. OS ELÉCTRODOS INFUSÍVEIS


No comércio existem vários tipos de eléctrodos infusíveis:

 eléctrodos de tungsténio puro. São utilizados com intensidades reduzidas de


corrente e em corrente alternada porque o arco resulta mais estável. Com
relação ao aspecto económico eles são os menos caros.
 eléctrodos de tungsténio com tório. Suportam elevadas intensidades de
corrente. O arco é fácil de acender e, depois de desencadeado, permanece
estável. O uso desses eléctrodos é indicado para a soldadura de aços em
corrente contínua em polaridade directa.
 eléctrodos de tungsténio com zirconia. São utilizados em soldadura manual
em alumínio, magnésio e suas ligas com uma intensidade de corrente médio-
baixa.
 eléctrodos de cério. São caracterizados por uma emissão elevada de
electrões, permitem uma boa penetração e uma resistência satisfatória ao
desgaste.

E. OS SISTEMAS DE ACENDIMENTO DO ARCO


O acendimento do arco eléctrico ocorre mediante um contacto rápido entre o
eléctrodo de tungsténio e a peça, ou mediante dispositivo apropriado de
acendimento sem contacto.
Para não contaminar o eléctrodo ou para evitar golpes de arco no material base, o
arco é geralmente desencadeado sobre uma plaqueta bem limpa (de cobre ou da
mesma natureza do material base) situada na proximidade da encalcadeira.
As tipologias de acendimento do arco utilizadas com mais frequência são:
- Ignição HF ( alta frequência). A faísca piloto é fornecida por um gerador de alta
frequência que sobrepõe à tensão de soldadura um pulso de alta tensão; a potência
desse dispositivo é mínima, de qualquer maneira capaz de permitir a ignição à
distância do arco eléctrico. A ignição HF exige a utilização de uma tocha especial de
soldadura, a qual apresenta também um botão que permite de comandar a ignição.

- Ignição por arco piloto. Nesse caso o arco desencadeia entre o eléctrodo de
tungsténio e um eléctrodo auxiliar o qual pode ser um anel colocado no bico da
própria tocha. O acendimento do arco piloto ocorre mediante intervenção de uma
faísca de alta frequência que age no circuito do próprio arco piloto; depois que o
arco piloto foi aceso, a faísca é desactivada pois o arco principal desencadeia
espontaneamente mediante simples descarga do eléctrodo de tungsténio deixado
incandescente em atmosfera de gás ionizada. Essa ignição é usada sobretudo em
instalações automáticas.

- Ignição LIFT. É obtida mediante um dispositivo que fornece uma corrente de valor
baixo para não danificar a ponta do eléctrodo de tungsténio, quando o mesmo está
em contacto com o material a soldar.
No momento em que se afasta o eléctrodo da peça, cria-se uma faísca que causa o
acendimento do arco; o gerador aumenta, portanto, a corrente de soldadura até o
valor configurado inicialmente. O arranque LIFT, pela falta da alta frequência tem a
propriedade de não criar interferências electromagnéticas; o contacto da ponta do
eléctrodo com o material a soldar cria de qualquer forma uma poluição do banho.

- Ignição por contacto (scratch). Tal ignição ocorre mediante atrito do eléctrodo de
tungsténio na peça a soldar, com o consequente acendimento do arco. Por causa
do contacto entre eléctrodo e peça a soldar, estão presentes no início do cordão
algumas inclusões de tungsténio que comprometem a qualidade da soldadura.

F. A SOLDADURA DOS MATERIAIS EM TIG


A aplicação deste processo é encontrada principalmente na soldadura dos aços
inoxidáveis, do alumínio e de suas ligas, do níquel, do cobre, do titânio e de suas
ligas. Os aços inoxidáveis soldam-se em corrente contínua (DC) com polaridade
directa.

Podem ser soldadas sem material de adição peças com espessura até 2,5 mm;
acima dessa espessura, as bordas devem ser aparadas e exigem a utilização da
vareta de material de adição, o qual deve ser especificamente apropriado à
qualidade do aço inoxidável a soldar. Antes de executar a soldadura, é
recomendável uma limpeza profunda com uma escova de aço inoxidável.
O alumínio e suas ligas soldam-se em corrente alternada (AC) e exigem, para uma
boa execução do cordão, a aplicação de um gerador de alta frequência com
características adequadas. Se houver uma forte oxidação, é bom eliminá-la com
escova ou decapagem (processo químico para eliminar o óxido presente).

Nesse caso também podem ser soldados sem material de adição materiais com
espessura até 2,5 mm; acima dessa espessura, as bordas devem ser aparadas e
exigem a utilização da vareta de material de adição.

A soldadura em atmosfera de argónio, com eléctrodo em tungsténio, é aplicada


também nos aços maleáveis e ligados, níquel e suas ligas; cobre e suas ligas,
titânio e metais nobres. Para todos esses metais e ligas utiliza-se corrente contínua
(DC) em polaridade directa.

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