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Emilia Amaral + Mauro Ferreira Ricardo Leite + Severino Anténio Novas Palavras Peet USS NE ENSINO MEDIO COMPONENTE CURRICULAR i LINGUA PORTUGUESA FTD Este livro que vocé esta recebendo int jacional do Li a0 Programa v0 e do Material Dida ata-se de um conteiido que pa uu por uma criteriosa avaliag&o do Ministério da Educacao, para disponibilizar as escolas publicas brasileiras um material de qualida ‘tante lembrar sempre que este livro é reutilizdvel, ou seja, deve ser recolhido pela escola ao final do ano letivo para a utilizagao no préximo ano lus&o d por outro estudante, até a conc ‘0 ciclo, no final de 2020. ra que ele possa durar, vocé precisa conservé-lo, protegendo de situagdes que possam causar danos, como sujeira e Agua. Mantenha-o limpo, sem rabiscos, rasgos recortes, para que ele possa também atender a outros estudantes Por fi consisténcia neste material. o vocé identifique alguma E por meio do telefone O800-616161 ou no livro nte 2 Estudante 3 FNDE rarer ay Er ory crmrerrets ry ‘Scola Est de Ens Fundamontale ts ulm de Lnna Aveline ui PRECER NE 239/07! RUT ¢ | SrCRE ROM ORE © OB CRINGAT 81205407 T1 ODE DENOMINAC 18+ RUA LK 9125 JARBIM TROPICAL FONE (68) 3461-3483 OURO PRETO DO @ESTE Novas Palavras ENSINO MEDIO COMPONENTE CURRICULAR LINGUA PORTUGUESA | Doutora em Educacéo (érea de Educacéo, Conhecimento, Linguagem e Arte) pela Faculdade de Educacdo da Universidade Estadual de Campinas. ‘Mestre em Letras (area de Teoria Literéria) pelo Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Professore do Ensino Medio e do Ensinp Superior. Consultora nas areas de literatura, leitura e producao dé textos ha mais de 30 anos. Mauro Ferreira do Patrocinio Especializagdo em Metodologia do Ensino pela Faculdade de Educacdo da Universidade Estadual de Campinas. Professor do Ensino Fundamental, Ensino Médio e de cursos pré-vestibulares durante 22 anos. Dedica-se a realizagéo de palestras para professores e estudantes universitrios e & criacdo de obras ddsticas Ricardo Silva Leite ‘Mestre em Letras (area de Teoria Literaria) pelo instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. Licenciado em Letras (Portugués/Francés) pela Faculdade de Filosofia, Cignciase Letras “Oswaldo Cruz” Professor do Ensino Fundamental, do Ensino M&dio e de cursos pré-vestibulares ha mais de 30 anos. Severino Anténio Moreira Barbosa Doutor em Educacdo (area de Filosofia e Historia da Educac) pela Faculdade de Educacéo da Universidade Estadual de Campinas. Professor do Ensino Médio e do Ensino Superior ha 40 anos e autor de varios livros. 3° edicao S80 Paulo 2016 FTD FTD Copyright © Emilia Amaral, Mauro Ferreira do Patrocinio, Ricardo Siva Leite, Severino Anténio Moreira Barbosa, 2016 Diretor editorial Gerente editorial, Editora Feditoras assistentes Assessoria Gerente de producao editorial ‘Coordenador de producio editorial Coordenadora de arte Projeto grafico Projeto de capa Foto de capa Edigho de arte Diagramacio ‘Tratamento de Imagens Coordenadora de ilustragdes e cartografia. Nustracoes CCoordenadora de preparacio e revisio ‘Supervisora de preparacio e revisio Revisio Coordenador de iconografia¢licenciamento de textos Supervisora de licenclamento de textos Ieconografia Diretor de operacoes e produsao gréfica Lauri Cercato Flivia Renata PA Fugita Angela C.D. C. M. Marques ‘Ana Paula Figueiredo, rene Catarina Nigro, ‘Maria Aiko Nishijma, Nathalia de Olivera Matsumoto, Roberta Vaiano Suelen Rocha M. Marques ‘Mariana Milani ‘Marcelo Henrique Ferreira Fontes Daniela taximo Juliana Oliveira Bruno Atti Thais Falcdo/Olho do Falcao ‘Modelos da capa: Andrei Lopes, Angélica Souza Beatriz Raiele, Bruna Soares, Bruno Guedes, Caio Freitas, Denis Witemburg,Elod Souza, Jardo Gomes, Karina Farias, Karoline Vicente, Leticia Siva, Lith Moreira, Maria Eduarda Ferreira, Rafael Souza, Tarik Abdo, Thals Souza, Sonia Alencar e Suzana Massini Essencial design, Bruna Nunes, DéboraJdia, Jost Aparecido Amorim, Salvador Consales, Wlamir Miasro ‘Ana Isabela Pithan Maraschin ‘Marcia Berne ‘André Duce, Felipe Nunes, Marcos Guilherme Liian Semenichin Viviam Moreira ‘Amanda di Santis, Carina de Luca, Cia Regina Camargo, Juliana Rochetto, Marcela Arruda, Veridiana Maenaka Expedito Arantes Eaine Sueno Eizete Moura Santos, Gabriela Arado, Paloma Klein Reginaldo Soares Damasceno Dados Internacionais de Catalogacio na Publicacao (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) ‘Novas palavras 12 ano / Emila Amaral.{et al]. — 3. ed. — Sao Paulo : FTD, 2016, — (Colecao ‘rovas palawras) Outros autores: Mauro Ferrera do Patrocinio, Ricardo Sliva Leite, Severino Antonio Moreira Barbosa ‘Componente curricular: Lingua portuguesa ISON 978-85-96-00366-7 (aluno) ISBN 978-85-96-00367-4 (professor) 1, Portugués (Ensino médlo) |. Amara, Ema I. Patrocinio, Mauro Ferrera do I Leite, Ricardo Siva. IV. Barbosa, Severino AntOnio Moreira. V. Sére, 16.03483 cDD-469.07 Tndices para catilogo sistemético: 1. Portugues pro probs At 184d Cg Perle Lit de 19 de ere de 198, “oso deta rand EDITORA FTO S.A un Ra Garbo, 156 ea Vita So Pal-SP {CE 01526 040 Tl (09% "1 3898-6000 ‘cava Pot 6549 ~ CEP Cana Petal 01390970, ‘wo com mai etal secant gtd com br Encino médio 469.07 Ips ro Parque Gren da Edtora FID SA (CuPser 96480/001633 Aver Artni are, 300 Gorman CHP 07220-020, Tel (11 3505 80 Fae (19) 282.5975. a sa fae Apresentacao 59) 3469-3483, 510.0) OFSTE Primeiraleitura © tocador de alate, de H.M.Sorgh 11 Interior holandés I, de Joan Miro 12 (ure do azul de Joan Mind. 12 Leitura que éarte?, de H.W. Janson 13 Lettur Invaséo de prvacidade 14 Emais... 15 Leitura Andorinna 47 ‘As andorinhas de Anténio Nobre, de Cassiano Ricardo 17 Emais.. 19 Resumindo o que voeé estudou 19 Atividades 19 Primeira leitura Pausa, de Mario Quintana 22 Emais... 24 Loitura rio: de Amaldo Antunes 25 Verossimithanga 26 Leitura O entendimento dos contos, de Carlos Drummond deAndrade 27 Leitura ‘Aigumas variagdes sobre um mesmo tema, de Mario Quintana 20 Nao ha vagas, de Ferreira Gullar_ 30 Profissdo de fé, de Olavo Blac 31 Resumindo o que voc8 estudou 32 Atividades 33 Primeira letura Balada do amor através das idades, de Carlos Drummond de Andrade 37 E mais... 39 Os niveis de leitura 40 Otextoeoleitor 41 ‘As expectativas do leitor 41 Leitura Dom Casmurro, de Machado de Assis Capitulo CXXI-Oentero 42 Capitulo CXxtl—Olhos de ressaca 43 Capitulo CXXW 0 discurso 43 Leitura A serra do Rola-Moga, de Mario de Andrade 46 Emais... 47 Resumindo o que vooé estudou 47 Atividades 48 Primeira letura Soneto 2, de Tite de Lemos 51 ‘As caractoristicas do género épico ou narrative 52 Loitura Majestic Hotel, de Sergio Faraco 54 Emais... 56 ‘As caracteristicas do género lirico 87 Loitura ‘Quando ela passa, de Femando Pessoa 57 {As caracteristicas do género dramético 58 Loitura Preto e Branco, de Luis Femando Verissimo 58 Emais... 60 Metrificagéo 62 Regras bisicas de metrificagio e de escansio 62 Resumindo o que voo8 estudou 64 Atividades 65 CENINIEE A poesia lirica 68 Primeira eitura Todas as cartas de amor slo... de Alvaro de Campos 69 Apoesia lirica 70 Loitura Cidadezinna qualquer de Carlos Drummond de Andrade 74 Aliica amorosa 72 Leitura antiga de amigo, de Martim Codax 73 Emais... 74 Loitura antiga sua partindo-se, de Jodo Ruiz de Castelo Branco 75 Leitura de imagem Um exemplo de pintura renascentista 77 ‘Aprimavera, de Sandro Boticell 7 Leitura Soneto, de Luis de Camdes 78 Leitura Soneto, de Alvares de Azevedo 79 Leitura Artes de amar, de Antonio Carlos Secchin @0 Resumindo o que vocé estudou 81 Atividades 81 (EI Acrinica 24 Primeiraleitura ‘Amoca rica, de Rubem Braga 85 Leitura Para Maria da Graca, de Paulo Mendes Campos 69 Emals.. 92 Resumindo o que vocé estudou 93 [ENE con ‘Aarmadiha, de Muro Rubigo 105 Resumindo o que vocé estudou 108 Atividades 108 Oteatro 111 Primeira letra Todo 0 Mundo e Ninguém, de Gil Vicente 112 Leitura de imagem Hieronymus Bosch, um pintor contemporaneo de Gil Vicente 115 (carro de feno, de Hieronymus Bosch 115, % Gramatica CERIN] «Gramatica... gramaticas... 130 Introdugao 131 As diferentes gramaticas 131 Leitura inicial 134 ‘A gramética da lingua 133 Aoutra gramética 135 Variedades linguisticas 136 Avvariedade culta formal 136 ‘A variedade coloquial-popular 138 Resumindo o que vocé estudou 139 Miividades 199 Adequacao e inadequacao linguistica 141 Fatores que influenciam a adequagio 142 Fungées da linguagem 143 Funcao referencial (ou informativa) 144 Funco apelativa (ou conativa) 145 Fungo emotiva (ou expressiva) 145, Fungdo metalinguistica 146 Fungo poética 146 Fungi fatica 147 Resumindo o que vocé estudou 148 Atividades 148 Da teoria & pratica 152 Ponto de partida 152 Agora é sua vez 153 Emais.. 187 (ERIE) «ocies de variagdes linguisticas 158 Introduco 159 Variagées linguisticas 159 A variacdo sociocultural 159 ‘Avariagao situacional 160 Avariagio histérica 161 Avariagio geogrstica 163 Resumindo o que vocé estudou 127 Mividades 127 0 iniciadior do teatro em lingua portuguesa 116 Caracteristicas do teatro de Gil Vicente 16 Caracteristicas estéticas do teatro popular 116 Leitura ‘Auto da barca do inferno (Quadro: 0 Fidalgo), de GilVigente 117 Outro momento seminal: 0 teatro de Martins Pena 120 Leitura O noviga (ragmento), de Martins Pena 120 ‘A renoyacao do teatro popular no século XX 123 Leitura ‘Auto da Compadecida (ragmento do ato), de Arian Suassuna 123, Emals... 126 A lingua portuguesa — origens e geografia 164 © portugues de Portugal eo portugués brasileiro 165 Resumindo 0 que vocé estudou 167 Atividades 167 Da teoria pritica 171 Ponto departida 171 aésuaver 172 Emais.... 175 Nogées de seméntica 176 Introdugao 177 © que é seméntica? 177 Significagao das palavras 178 Singnimos 178 Anténimos 180 Homénimos 121 Pardnimos 162 Resumindo 0 que vocé estudou 183 ividades 104 Expresso idiomatica, pardfrase, polissemia e ambiguidade 185 Expressao idiomatica 165 Paréfrase 106 Polissemia 167 Ambiguidade 190 Resumindo 0 que vocé estudou 192 Avdades 199 Da teoriaa prtica 195 Ponto de partia 195 Agora é sua ver 198 ERIXIEY] Figura de linguagem 198 Introdugio 199 Sentido denotativo e sentido conotative 199 Figuras de linguagem (1: grupo) 201 Comparagio 202 Metétora 203 ‘Metonimia (e sinédoque) 204 Personificagdo (prosopopela) 205 Antitese (e paradoxo/oximoro) 206 Hipérbole 206 Eufemismo 207 Ironia 208 Resumindo o que voc8 estudou 208 Aividades 209 Figuras de linguagem (2 grupo) 211 Elipse tt Pleonasmo 212 Polissindeto 212 Onomatopeia 213 Anstora 213 Aliteragao 214 Assonancia 214 Resumindo o que vooé estudou 215 Oconceito de classe gramatical 258 Ativiades 215 Avariacio da classe gramatical nos enunciados 259 Da teoria a pritica 217 ‘hs classes gramaticais do portugués 260 Ponto departida 217 Substantivo e adjetivo 261 ‘Agora é sua ver 218 Substantive 262 Emais... 221 Concsito 262 Classificacéo geral do substantive 263 ‘Acentuagao gréfica 222 Flexdes do substantive: género e nimero 264 Introdugao 223, Grau do substantive 265 Para que serve a acentuacao gréfica? 223 Resumindo o que voeéestudou 266 As regras de acentuacao grafica 224 ‘ividades 267, Rogras gerais de acentuacto 225 Adjetivo 270 Resumindo o que voc8 estudou 228 Concelto 270 ividades 228 Outros caracterizadores do substantive 271 ‘A posicao do adjetivo em relacao a0 substantivo 272 Flexdes do adjetivo: género e nimero 273 Grau do adjetive 274 Resumindo o que vocé estudou 276 As regras de acentuacao grafica (continuacao) 230 Regras complementares de acentuacao 230 Resumindo o que voc8 estudou 232 Aividades 233 Atividades 277 a teoria& pritica 235 Da teoria& pratica 260 Ponto de partida 236 Ponto departida 280 ‘Agora é sua ver 236 Agora 6 saver 281 (ERINIY) Estruturaeformacaodepalavras 239 © Emais... 285 Introdugao 240 Artigo Os elementos estruturais das palavras 240 Numeral 286 Classiticagio dos morfemas 241 ‘Antigo 287 Classificacdo das palavras quanto & Conceite e classificagio 287 formagao 242 Principais empregos do artigo 288 ‘Como nascem as palavras da Resumindo o que voré estudou 290 pean te Atvidades 290 Palavras primitivas, derivadas ecompostas 243 Meee eo Concelte 292 Processos de formacao de palavras (t parte) 243 Perera Principais empregos dos numerais 293 Fesumindo o que voc8estudou 247 mabe ividades 247 aha Tost Processos de formacao email Beaes rat de palavras 2" parte) 249 Ponto de partida. 296 Composigao 249 ‘ora é a vex 296 Outros processos de formacéo de palavras 249 Resumindoo que voo® estudou 250 ‘ividades. 251 Classificagio dos numerais 292 Da teoria a pratica 253 Ponto de partida 253 Agora ésuavez 254 % Leitura e producado de textos ERIE] céneros textuais 300 Releitura 327 Primeiraleitura Anoticia 328 Solfles 301 Olide 328 Em tom de conversa 301 A noticia e outros géneros 328 ‘Atividades: Produgio 302 Leitura Emais... 302 Inia proibe péssaro na gaol, de Jornal Agora So Paulo 329 O autorretrato e as selfies 302 Anotacées 303 Aividades: Leitura e producdo 303, Emals.... 306 Critérios de avaliag0 e reelaboragdo 307 Resumindo o que voc8 estudou 307 Atividades:Leitura eprodugao 307 Releitura 329 ‘Atividade: Leltura 329 Estrutura de um jornal 330 Titulos de jornal 330 ‘Aividade: Leitura_ 331 Emais.. 331 Gritrios de avaliagéo.e reelaboragéo 331 [EMIMIEE] Linguagens: entre textos, entre Resumindo o que voo8 estudou 232 zs linhas 309 ‘tvidades:Liturae procugo. 332 imeialetura : ie Eno, de Leta Werctoskse Marcelo Pres oxo EERIE) Cronica e poema em jomais 333 Reteitura 310 Primera leitura (O buraco da meméria, de Carls Heitor Cony 334 Atividades: Produgdo 311 Em tom de conversa 335 Multiplicidade de linguagens 311 Atelacio texto-contexto 311 ies he ‘vidades: Leura 31 Tee ae Emais... 312 isha ‘tvidades:Leturae produgdo. 919 Depois, de Ruth Manus 937 (fitérios de avalingioereelaboragéo 314 Em tom de conversa 338 Resumindo o que voc#estudou 314 Releitura 338 ‘Avidades: Leiturae produgdo 315 ‘ividade: Produgéo 939 [ENITIEE] 4 enumeracdo e os géneros suet ee ae we ee jesumidoo que vot extgou 239 Fetes tate ‘ivdades: Letra eprodugéo 240 Meméria dos dias comuns, de Fabricio Corsalett| 317 Linguagem e ponto de vista. 342 Emtom de conversa 317 Primeia letura Enumeracdo 317 Suri, de Laerte 343 Loitura Emtom de conversa 343 Traduai-se, de Ferreira Gullar 218 Releitura 343, Em tom de conversa 318 Aivdades: Letra eprodugéo 944 ‘ividades: Produgio 218 Critéris de avalagéo ereelaboragéo 346 Acenumeracio ¢ os géneros textuais 319 Resumindo 0 que voc estudou 346 Aividades Leturae producéo 321 ‘vidades: Leura eprodugéo 347 Emais... 321 Par siaacias vy ieuaner se Referénciase lista de siglas 3.48 Resumindo o que voc8 estudou 323 ‘Avidades:Leturaeprodugdo 323 CRITI] noticia 326 Primoiraletura Vira-ata salva bebé, de Revista stot 927 Em tom de conversa 327 eae ay v CAPITULO 1 Literatura: a arte da palavra Se ee out ek Meee CAPITULO 4 Os géneros literarios Ce Re mo oe McC oC Rok me ocd CC ee mend capitulo et Literatura: a arte da palavra eC eC ec Cee eC eee te capitulo, a refletir primeiramente sobre o que é arte, obser- POU uC toe ect ae on ek nee sens DCO eee ine eee ee te eet compreensao da literatura como arte da palavra. Eero Te el acess} pele BS CL ee eee ee ‘* MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os cléssicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002. SOOO Cc er ot a ee eto CS SN ee te Tee ce orm * GOOGLE CULTURAL INSTITUTE, Museus do mundo ~ Coles Disponive em: Acesso em: 18 ab 2016 * SALGADO, Sebastio. Mudando 0 mundo das criancas. Unicef. Disponivel em: . Acesso em: 18 abr. 2016. Bee een Ce ee eC ee PRIMEIRA LEITURA um curso di Iniciamos agora o curso de literatura, que se desenvolvera nos préximos anos. ente final, seu objeto é uma arte — a arte da palavra. Todas as informagGes ¢ explicagdes que ele lhe fornecer sero importantes, mas 0 mais importante mesmo, o essencial, € que vocé desenvolva sua sensibilidade ¢ sua capacidade de observagiio ¢ de leitura. Neste capitulo, discutiremos um pouco sobre o que é arte € o que é literatura. Por isso, apresentamos, para 20” de qualquer realida- apenas de decodificagio do texto escrito), a reprodugao de trés pinturas: uma de um pintor holandés culo XX. primeira “leitura” (com aspas, dando a palavra o significado amplo de “interpretag de, n do século XVI, ¢ duas de um consagrado artista catalao do tect ipamona, An Ft wma SOM, ek Mr Owed ean. te pi 6 Som «285m GE Hendrick Martensz Sorgh (1610-1670) Pintor holandés do século XVII, nascido em Roterdé, cespecialzado em representagdes de cenas de interior, dda vida doméstica, marinas, historicas retratos. ie MD, Jn torr land 528s we on «73. on Ms od MIRO, Joan. Interior hola, 1928, MIRO, Joan. © ouro do azul, 1967. ‘Joan Miré 1893-1983) Surrealism monet arsio de scuo x | : ve etd senda A Bret, ese Asta ctao,nascido em Barcelona. Foi | contraiggalé agora gets ents soahe pintor, ceramista, gravurista. Sua obra est @ realidade pela criacao de uma realidade ligada a Surreal. sok una suparealdae” > Em tom de conversa Seguindo as orientagdes do(a) professor ARA VER NA REDE exponha para scus colegas as impres- J para conecer outras| ses que as pinturas Ihe causaram. Eis um pequeno roteiro para organizar a conversa: | obras de Sorgh e Mir, visite Vocé gostou das pinturas? De qual mais gostou? De qual gostou menos? Por qué? _ | 08 sites : i Obras de Sorgh + Que relagio se pereche entre O tocador de alaiide, pintada por Sorgh no sé- | eecma eer chtp/ culo XVI, e Interior holandés I, pintada por Mird no século XX? Ajude seus | tupimPbudeome font ome colegas a encontrar detalhes semelhantes nas duas obras. 18.br. 2016. + Observando as das primeiras pinturas qual delas Ine parece mais fil reai- | Ouas ein ade representada c qual mais a “distoree”? E a terceira, o que ela representa? _| ,,* Dispoive em: < daderep Jae qual Historce”? Ea terceira, oque ela representa? | yp p\Ponue rece + Para muitas pessoas, 0 principal valor artistico de uma obra de arte reside | 18 abe 2016 na fidelidade da representacio, ou seja, na grande semelhanga entre ela ea | Disponivel em: . Acesso em: 1Babr. 2016. Vocé concorda com esse critério de julgamento das obras de arte? Por qué? e- .... Neste texto, 0 historiador da arte Horst Waldemar Janson procura esclarecer 0 que € arte, Nao é uma tarefa simples nem ficil. Observe que o autor relativiza constantemente as definigdes, ou melhor, as aproxi- ia de arte: “para nés”, “antes de mais nada”, “muitas vezes”, “costuma ser definida”. magoes da id © QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS ‘Aprimetra coisa ase dizer é que ate hoje ode ser muitas coisa. Diferentemente do ‘que ocorria até im do século XD ou meados do século XX, em que apalara “arto” signiicava “obra”, Eas obras atstcastinham caractersticas muito especicas, caregavam a ideia de serem obras nicas, com valores transoendentes, endo um valor imeciato que se refered vida e ao cotta. No entant,& ‘medida que os processus experimentas nas. arts se desenvolvram de maneia rida e violenta, a partir das décadas de 1950. 1960, mais especificamente a pat da Pop Art houve uma grande exposio de linquagens e ‘tendéncias,o que ampliou o sentido da ideia de ate Desse modo, no ha um conceito de arte fechad, arte é aquilo que voce encontra compare. O que isso quer dizer? A are no ode ser avalada, sem consieraro lugar em ‘que el fo produida, o sea, em seu context. UTUAA, Solange; IBANEO, Daniela; SARDO Fabio, FERRARLPascoal. Por toda parte. Séo Paulo FTD, 2015. . 40. (Clegdo 360") * O que é arte? q or que isto é arte?” “O que é arte?” Poucas perguntas provocarao polémica mais acesa e tao poucas respostas sa- tisfatorias. Embora nao cheguemos a nenhuma conclusao de- finitiva, podemos ainda assim langar alguma luz sobre estas questées, Para nés, arte 6, antes de mais nada, uma palavra, uma palavra que reconhece quer 0 conceito de arte, quer 0 fato de sua existéncia. Sem a palavra, poderiamos até duvi- dar da propria existéncia da arte, e é um fato que o termo nao existe na lingua de todas as sociedades. No entanto, faz-se arte em toda a parte. A arte é, portanto, também um objeto, mas ndo é um objeto qualquer. A arte € um objeto estético, feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrinseco. As suas caracteristicas especiais fazem da arte um objeto a par- te, por isso mesmo muitas vezes colocado a parte, longe da vida cotidiana, em museus, igrejas ou cavernas. E 0 que se entende por estético? A estética costuma ser definida como “o que diz respeito ao que é belo”. JANSON, H. W, Historia geral da arte. Adaptacdo e preparagao do texto para a edigéo brasileira de Mauricio Balthazar Leal. 2. ed Sao Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 11-12. @ Releitura 1. Identifique as afirmagdes que podem ser corretamente deduzidas do texto de H. W. Janson (releia 0 texto, ou partes dele, todas as vezes que julgar necessirio) a) Nao existe um conceito de arte. Trata-se apenas de uma palavra utilizada para encobrir esse vazio conceitual ) tal a complexidade do conceito de arte que nem mesmo os especialistas conseguem chegar a uma defi- nigio satisfat6ria e consensual ©) Se em nossa cultura existe a palavra arte ¢ realidades identificadas como obras de arte, envio existe tum conceito e realizagdes humanas que concretizam esse conceito. Mas podemos duvidar de que seja um existente em todas as culturas. conceito universal 4d) Sendo a arte um objeto estético, podemos dizer que tudo que ¢ belo pode ser considerado arte ©) Para ser considerado obra de arte, um objeto deve ser belo, perfeito € adequado a utilidade pratica para a qual foi produzido. £) Ao afirmar que o objeto estético é “feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrinseco”, Janson exclui da definigio de arte as fungdes priticas ¢ utilitarias que as obras possam ter. 13 Luteratura: a arte da pala 2. Ao comentar os quadros de Sorgh ¢ Mir6, voce discutiu um critério de julgamento muito comum: principal valor artistico de uma pintura estaria na fidelidade da representagao, ou seja, a obra de arte deveria imitar a aparéncia do mundo real. Esereva, agora, um pequeno texto respondendo novamente © QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS “Por que isto é arte?” “O que é arte?". Poucas perguntas Provocardo polémica mais acesa e tio poucas respostas ‘atistatrias”. Veja algumas defnigbes de arte formuladas por artistas e especialistas: “isto € arte? Arte ¢ isto.” Waltércio Caldas J.) A questiio: Vocé concorda com esse critério de jul- gamento? Em sua resposta, leve em consideragao a definigéo de arte dada por H. W. Janson “Se alguém chama isto de arte, entao é arte.” (Donald Judd) “arte pode ser ruim, boa ou indiferente, mas qualquer que sea 0 adjetivo empregado, temos que chamé-la arte. arte ruim é ate, do mesmo modo que uma emogao ruim é uma ‘emogao.” (Marcel Duchamp) “Chegou a hora da antiarte. Com as apropriacdes eu ddescobriainutlidade da chamada elaboracdo da obra de arte Esta na capacidade do artista dectarar se isso é ou ndo uma obra de arte. Tanto faz que seja uma coisa ou uma pessoa viva.” (Halo Otcica) Valor intrinseco: é dado pela caractoristicas da obra indepencentemente de sua utlidadee instrumentalidade. Para reeonhecer esses valores, porguntamas a que é © como & a obra (sua estrutura, as rlagies interna) Valor extrinseco: ¢ dado peas fnaidades que nd faze parte de ‘ua constitug. Toda obra possui valores etinseoase eles importantes. Mas no so eles que tomam arte uma otra. Um poema 2 proteso€ obra oe arte, mas ndo pela sua falda. Seo fosse, um ‘manifesto publica em um jor também o sera. MORAS, Federico, Arte @ 0 que eue vc® chamamas arte: 801 defigdes sobre ate eo sistema da arte. Rio de Jane: Record, 2002. Observe a sequéncia de cinco fotografias tiradas por um fotégrafo amador. So, portanto, obras de um s tiradas p ‘a lor. Sao, s artista amador. Observe-as atentamente e depois responda as questoes, Invasao de privacidade > Em tom de conversa + As fotos registram a mesma cena, mas nao sio iguais. Para vocé, qual delas registra a cena com mais clareza ¢ fidelidade? Qual a registra com menos fidelidade? Explique. + Agora eleja duas fotos: a de que vocé mais gosta e a de que menos gosta. Procure explicar suas escolhas. + Discuta com seus colegas as seguintes afirmagdes sobre as fotos, Apenas uma delas esta correta. O conjunto de fotos intitulado “Invasio de privacidade” a) nao pode ser considerado obra de arte, pois foi produzido por um forgrafo amador. b) deve ser considerado obra de arte, porque focaliza uma bela ave cujo olhar desamparado impressiona 0 obyervador. 1es para conseguir certos efeitos ©) constitui uma obra de arte, pois 0 fotégrafo fez escolhas € tomou deci nizadas. ‘em que as imagens esto org estéticos, acentuados na sequéncia narrativ 4) nio constitui obra de arte, pois a sequéncia e, prineipalmente, a tiktima imagem comprovam a impericia eas indecisdes do fotdgrafo. ) no pode ser considerado obra de arte por apresentar um assunto banal, sem intengo est UM CASO LIMITE — A FOTOGRAFIA No texto que vocé leu, H. W. Janson afirrna que “A arte é um objeto estético, feito para ser visto e apreciado pelo seu valor intrinseco” e que "A estética costuma ser definida como ‘o que diz respeito ao que é belo’ Nao podemos afirmar que uma foto é um objeto estético apenas por retratar algo belo — por exemplo, um Or do sol, Se essa fosse a raz0, entdo o proprio por do sol seria uma obra de arte. Seguindo as explicagdes de Janson, podemos concluir que a escolha de um assunto nao garante @ produgao de uma obra de arte pelo fot6grafo, mas também néo significa dizer que a fotografia, por si mesma, nao possa ser considerada arte. ‘A fotografia € uma técnica muito recente. Foi inventada nos meados do século XIX. Por muito tempo foi discutido se 0 fot6grafo poderia produzir arte com ela. Afinal, basta enquadrar, “clicar" e, mecanicamente, © “assunto” fica registrado, com extrema fidelidade. Se pensarmos nos milhares de fotos que so tiradas a cada momento (atuaimente, com as maquinas digi- tais, podemos falar de milhdes), a duvida ¢ procedente. As fotos tiradas para documentar um evento, como um. aniversétio, talvez no sejam o que chamamos de obra de arte. ‘A fotografia pode ajudar nossa reflexéo, por produzir objetos limitrofes entre a arte a no arte, Qu .2..::) a Apart da cada de 1960), a ate Apresentagao oral — Imagens: valores Pebaieiriea ceusnnaetatioe ta extrinsecos e intrinsecos praticas estéticas, cncentrando-se mais nos processos atstons do que nos results, ras obras acabadas. Novos movimentos ~ como a arte conceltual, minimalism, a body ar, performance as instalagées € 05 mutimeios — desafam 0s concetos da ate ‘tradicional e mesmo da ate modera. Procure na internet e va com seus ‘amigos o video Der Laut der Dinge (em inglés: The way things go), dos artistas ‘lems Peter Fisch e David Wess. wanrmann 16 fl com seu grupo para desenvolver o seguinte trabalho, nard em uma apresentagdo para os colegas. Reina que culm 1. Preparagio ~ Pesquisa e discussio em grupo. + 12 momento: distribuicio das tarefas para a realizagio de uma pesquisa de imagens (pintura e fotografia) que chamem a atenco por seus valores intrinsecos ou extrinsecos. A pesquisa pode ser feita em sites, livros de arte, enciclopédias ou revistas. + 2 momento: escollia cle duias dessas imagens para anzlise mais detalhada; ussiio dos elementos intrinsecos ¢ extrinsecos que predominam em cada ‘agem escolhida. ‘momento: preparacio do material visual (cartazes, projegao de slides, Jou sa etc) ensaio da apresentacao, obedecendo as regras estabelecidas pelo(a) professor) 2, Apresentag&o ~ O grupo deve apresentar as imagens escolhidas e explicar (8 elementos intrinsecos ¢ extrinsecos que predominam em cada uma, 3. Avaliago—O grupo deve avaliaro trabalho ¢ o descmpenho dos participants ——_ 4 A LITERATURA arte da literatura existe ha alguns milénios. Entretanto, sua natureza e suas fungdes continuam objeto de discussao, principalmente para os artistas, Como qualquer outa arte, 6 uma criagéo humana; por isso sua definigdo constitui uma tarefa tao dificil © homem, como ser histérico, tem anseios, necessidades e valores que se modificam constantemente. Suas criagdes — entre elas a literatura — refletem seu modo de ver a vida e de estar no mundo. Assim, ao longo da Histéria, a literatura foi concebida de diferentes maneiras. Mesmo os limites entre 0 que é @ 0 que do ¢ literatura variaram com o tempo. Tentemios, portanto, a definigdo mais abrangente possivel, que atenda & concepcao da literatura em nosso tempo: Literatura é a arte que utiliza a palavra como matéria-prima de suas criages. No poema ao lado, Cassiano Ricardo procura definir € poesia, parodiando a definicao de itha dos antigos * Roética . livros de Geogratia 1 - O poeta parece diferenciar a linguagem da poesia Que 6 a Poesia? da linguagem comum, que a cerca “por todos os lados’, uma ilha Mas a poesia s6 pode brotar da palavra, arduamente cercada trabalhada no poena. ce baleveas Uma obra iteréria — um poema, um conto, um ro- pasted mance... — tem alguma coisa em comum com um quadro z = os edoe. (u uma cangao, embora seja muito aiferente destes. ‘Que 6 Posta? ‘A obra de arte tem um valor intrinseco — uma qua: um homem lidade estética — que a distingue das obras realizadas ue trabaiha o poema com finalidades praticas. ‘com 0 suor do seu rosto, Do mesmo modo, a obra literaria 6 essencialmente im home iferente dos textos produzidos em nossa vida pratica, rl como qualquer outro como cartas, relatorios ou este texto didatico que homem. voc# esta lendo agora. Ela possui valores intrinsecos ou valores estéticos, que sao construidos com as pee e Dooce seemaen Seay palavras. Ela (relinventa a realidade com as palavras. “ohare 2 6a ew Bio de Janeiro Lela os textos a seguir @ constate essa afirmagao. l me ee Bh 6 coms ‘a Andorinha Nome cientifico: Delichon urbica bel Distribuicaéo ‘As andorinhas podem ser encontradas na Europa, Asia, Norte da Africa e Médio Oriente. Habitos ‘A andorinha-dos-beirais anuncia, no territério portugués, ‘a chegada da Primavera e 0 adeus ao frio do Inverno. Alem da sua grande resistencia e capacidade de orientacéo, a andorinha é uma ave que exibe uma grande agilidade enquan- to voa, o que Ihe permite fazer voos rasantes sem qualquer perigo para a sua integridade fisica, Durante o tempo em que nos visita, esta simpatica ave faz © seu ninho, ou reconstréi o antigo, no sitio onde ela propria nasceu. Se esse espago estiver ocupado, entéo, sim, procura outro lugar, nunca muito longe do ninho original. Os ninhos das andorinhas so feitos de palhas e lama. A andorinha vai transportando estes materiais no bico, até sentir que o seu ninho esta perfeito e suficientemente resistente para acolher ‘uma nova geragao de aves, a sua prole. De manha e ao fim da tarde, essas aves enchem os nos- 0s céus de movimento, numa busca incessante de alimen- to, comendo todos os insectos que com ela cruzam 0 ar, pois sao insectivoras, Reproducao ‘As femeas fazem uma postura de 4 ou § ovos, que depois. 40 incubados durante cerca de 14 a 16 dias. Passado 0 tempo da incubagao, nascem os jovens, cuja ali- mentago ¢ feita por ambos os progenitores. Com a chegada do Outono, e quando a temperatura come- a a baixar, as andorinhas juntam-se em grandes bandos e ‘voam entao para o Sul, a procura de temperaturas mais altas no continente africano, Algumas voam da Europa Ocidental até a Africa do Sul para voltar na primavera seguinte ‘Tamanho e esperanga de vida ‘As andorinhas medem cerca de 13 a 15 cm (comprimento) € podem viver cerca de 8 anos. ‘Andorinha-dos-beirais. Disponivel em: . Acesso em: 18 abr. 2016. ® Releitura O texto 1 é uma ficha informativa, semelhante a um verbete de enciclopédia de um site. O texto 2 é um poema do poeta brasileiro Cassiano Ricardo, Responda as questées. 1. A andorinha-dos-beirais é uma ave migratoria, a) Que frases ¢ expressdes do texto 1 fazem refer racteristica? b) Utilizando seus conhecimentos de geografia, indique os me em que se iniciam o inverno o verao no hemisfério norte. 2. O poema possui uma s6 frase, cujas silabas se separam formando 08 24 versos. a) Na sua opiniio, que imagem essa configuragiio visual do poe- ma sugere ao leitor? b) Leia o significado de metafora ao lado ¢ explique 0 sentic que a expressio “pauta de metal” apresenta no poema, Com base ness fora, reinterprete a imagem visual que vocé identificou na resposta ao item a. ©) Por que 0 poema diz que as andorinhas gritam? Nao seria mais apropriado diz m? (Para responder, leia a0 lado 0 significado da palavra elave. que c: 3. Os dois textos referem.se a andorinhas curopeias (Antonio Nobre ido no titulo do poema, é um poeta portugués; portanto, suas andorinhas sio curopeias) a) Cassiano Ricardo poderia ter escrito apenas que “as ando- rinhas gritam por falta de uma clave”, ou seja, de uma clave qualquer, de sol, de fa ou de dé. Qual o outro sentido que a palavra sol sugere, no contexto? Tomando por base sta res- posta, interprete: por que, realmente, as andorinhas gritam quando pousadas nos fios elétricos? 1b) Uma das informagdes que lemos na ficha informativa (texto 1) esté também presente no poema, mas de modo implicito, ape~ nas sugerido, Em que é a cena de “As an- oca do ano se passa dorinhas de Anténio Nobre”? Comentario Podernos tirar algumas conclusdes desse exercicio de leitura: * Os textos nao literarios t8m fungao pragmatica, como o texto 1. Eles buscam preciso e clareza informativa, A forma e a lin- guagem em que sao escritos subordinam-se a esses valores ‘comunicativos, referenciais, Mais importante que a beleza — eles podem ser belos! —, é a sua funcionalidade. Por isso, seus autores buscam uma linguagem denotativa As andorinhas de Anténio Nobre —Nos ~fios ~ten sos ~da = pauta de me- tal -as -an/ = dol a ou tam. -dla- ve -de sol RICARDO, Cassiano. (0s sobreviventes. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. p.66. + FIQUE SABENDO ‘Anténio Nobre (1867-1900) Poeta considerado um dos mais expressivos riadores do Simboismo em Portugal. Ltratua: ate dapalawa 17 i PARA NAO ESQUECER Metafora, em sentido esto, a substituigdo o significado de uma palava por outo, a partir de uma semelnanca. Diss resuta a acumulagdo de dois signiicados diferentes na ‘mesma palavra Em sentido amplo, qualquer uso de palavra em sentido figurado, Exemplo: "Amar 6a mais alta constetago" ‘Sentido metaférico é 0 sentido figurado atribuido a uma palavra ou expresso pelo processo da metafora p Anmetéfora, uma four de linguager, & tratalnada no captulo 4 de Grametica clave 60 sinalcolocado no incp da pauta musical Ha vs daves: de sl (4), d (38) @ ‘de 06 (f2).E a clave que determina o name das ‘ola cstibvidas na paula eo grau de elevacao e cada uma na escala musical (46, r, mi fo, ls) Potanto, uma pauta sem clave podria ser lida de rés modos diteentes, —— | PARA NAO ESQUECER Denotagao¢ a rlacio literal eobjetiva entre ‘ palavra eo conceito que ela representa, sem sentidos derivativs ou figurados. Exemplo: puta = pentagrama = linhas em que se escrevem as notas musicals, Gonotagao ¢ 0 conjunto de sugestbes que lume palavra agrega ao seu sentido literal (denotatvo), por associagées linguisticas (sonoras,estlistcas, seménticas ou apenas, contextuis). Exemplo: pauta de metal pentagrama de metal (denatacdo) = ios elétrcos (extensdo de significado, conotaga), Os concelts de denotaaoe conotagdo so trabatnados no capitulo 4 de Grametica, * 0s textos literérios so obras de arte e, portanto, possuem valores intrinsecos (valores estéticos e expressivos, igados ao proprio texto, ‘como objeto artistico). Os autores buscam uma inguagem conota- tiva e polissémica, “Clave de sol’, além de se reterir2o simbolo de —_—_—_—_—__—__—— | PARA NAO ESQUECER Polissemia (ou polivaléncia)é a ‘multiplicidade de reeréncias da palavra em ‘um contexto. No texto liter, o sentido brota dda tenso entre os cierentes signticados, Exemplo: sol = simbolo musical; Sol (0 astro) = luz, calor. netarao musta @,sugereteribém 0 So, sue uninoscad osu | calor Esse animiodesiitcacose sueetéesrensfica acres: | sividade do texto, que nao se dirige apenas a inteligéncia do leitor, + mrastamibém a suasensibidade, svaafetvidade eva magiraréo. | @ucctmmewemind: ome Fazendo conexdes édia € . ¢ recriagio de obras. [A parédia é um dos processos mais comuns de recriaga Penguin na internet e encontre exemplos de parddias de obras de arte famosas. ais, as parodiada comentar pa Procure também imagens das obras origi Escolha as mais interessantes para most a seus colegas. RESUMINDO O QUE VOCE ESTUDOU ‘ a 7 Neste capitulo vimos que é muito diel responder as perguntas: O que é arte? O que é literatura? Embora nao possamos dar respostas totalmente satisfatorias, podemos refletir sobre elas @ atingir alguma compreenséo dessas atividades humanas tao complexes. * Aarte é feita em toda parte; portanto, ela é uma atividade essencial para o ser humano, + Aarteé uma atividade estética © poss.i valores intrinsecos (valores referentes ao propio objeto artistico). * Literatura é arte. Portanto, é uma atividade estética, com valores intrinsecos. A obra lteraria diferencia-se das obras de fungao puramente pragmatica, + Alliteratura tern como matéria-prima a palavra, isto , a inguagem verbal. P ativiaases 1. Observe atentamente 0 quadro de Mare Chagall (artista russo, 1887-1985) ¢ 0 de René Magritte (artista belga, 1898-1967), ‘eon ne Cap ae rat 3 ‘ aniversério, 1915. a) Qual dos dois quadros distorce mais intensamente as formas da natureza? Justifique. b) No segundo quadro, vemos Magritte pintando, numa tela, a figura de uma ave, Explique por que, apesar da fidelidade da representagio da ave, podemos dizer que o pintor foge a0 ——_—_ PARA NAO ESQUECER CGlarividéncia ¢ a qualidade ou carter e carvidente;faculdade pela qual 0 Imécium, sem empregar os sentids, toma ‘conhecimento do mundo exterior. Clarividente é aquele que vé com senso comum e satisfaz aquela necessidade da “recriagao das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida”. A partir de sua resposta, explique o titulo Clarividéncia, dado ao quadro por Magritte. ©) No quadro de Chagall, as figuras humanas so deformadas e flutuam no ar. Faga uma interpretagao da liberdade com que Chagall representou o casal de amantes no dia do aniversirio, clareza; dotado de perspicdca eintuigdo; Drudente;ciz-se da pessoa que prevé os ‘acontecimentos. et O titulo Clarividéncia, do quadro de Magritte, ¢ traduzido muitas vezes como Perspicécia, em Portugués. Responda a estas duas questées sobre ele: 2. (UERJ) Pode-se definir “metalinguagem” como a linguagem que comenta a propria linguagem, fend~ ‘meno presente na literatura € nas artes em geral O quadro A perspicacia, do belga René Magritte, é um exemplo de metalinguagem porque: a) destaca a qualidade do trago artistico. 1b) mostra o pintor no momento da criagaio. ¢) implica a valorizagao da arte tradicional. ) indica a necessidade de inspiragio concreta. 3. (UERJ) O quadro produz um estranhamento em relagao ao que se poderia esperar de um pintor que observa um modelo para sua obra Esse estranhamento contribui para a reflexio principalmente sobre 0 seguinte aspecto da criagio artistica: ©) representago do real 1b) preciso da forma. 4) importancia da técnica. 4, (Enem/MEC) Leia 0 que disse Joaio Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a fungiio de seus textos: Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida Seca, aspera e clara do sertéo; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na mingua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situagdo da miseria no Nordeste. Para Jotio Cabral de Melo Neto, no texto literirio, a) alinguagem do texto deve refletir o tema, ¢ a fala do autor deve denunciar 0 fato social para deter- minados leitores. }) a linguagem do texto nao deve ter relagio com o tema, ¢ o autor deve ser imparcial para que seu texto seja lido. ©) o escritor deve saber separar a linguagem do tema ¢ a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor, 4) a linguagem pode ser separada do tema, e 0 escritor deve ser 0 delator do fato social para todos os letores, ©) alinguagem esté além do tema, ¢ 0 fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor, capiruLo1 aaa ea Pausa Quando pouso os éculos sobre a mesa para uma pausa na leitura de coisas feitas, ou na feitura de minhas proprias coisas, surpreendo-me a indagar com ‘que se parecem os éculos sobre a mesa. Com algum inseto de grandes olhos e negras e longas pernas ou antenas? Com algum ciclista tombado? Nao, nada disso me contenta ainda, Com que se parecem mesmo? E sinto que, enquanto eu nao puder captar a sua implicita imagem-poema, a inquie- ‘tacdo perdurara. E, enquanto 0 meu Sancho Panga, cheio de sie de senso comum, declara a0 meu Dom Quixote que uns dculos sobre a mesa, além de parecerem ape- nas uns éculos sobre a mesa, séo, de fato, um par de dculos sobre a mesa, fico a pensar qual dos dois — Dom Quixote ou Sancho? — vive uma vida mais intensa e portanto mais verdadeira. E paira no ar 0 eterno mistério dessa necessidade da recriagao das coisas em imagens, para terem mais vida, e da vida em poesia, para ser mais vivida. Esse enigma, eu 0 passo a ti, pobre leitor. E agora? Por enquanto, ante a atual insolubilidade da coisa, so me resta citar 0 terrivel dilema de Stechetti To sonno un poeta o sono un imbecile?” Alternativa, alis, extensiva ao leitor de poesia, A verdade ¢ que a minha atroz funcao nao 6 resolver e sim propor enig- ‘mas, fazer o leitor pensar e no pensar por ele. E dai? — Mas o melhor — pondera-me, com a sua voz pausada, o meu Sancho Panga —, o melhor 6 repor depressa os éculos no nariz, Pausa. In: A vaca e o hipogrifo, de Mario Quintana, ae LEB So ce ! oy 22 cariruo2 rf \ ie i ee ; personages da novela Dom Quixote, le Miguel de Cervantes, escrlorespantol do século XV 0s dois personagens ‘epresentam os dis lados » Verossimilhanga interna é a que resulta das con: FIQUE SABENDO mn = vengées do género literdrio e da coeréncia e da aie entre os diversos elementos internos da obra. rece ee ‘Assim, por exemplo, no mundo ficcional das narrativas maravilhosas, como os contos de fada, lobos podem falar, ratos e abdboras podem virar carruagens, uma princesa e todo o Seu reino podem dormir por cem anos. Esses ‘acontecimentos extraordindrios sao coerentes com as convengdes do género, sé0 verossimeis no mundo da fantasia, As obras literdrias geralmente buscam a verossimilhanga externa (a aparéncia de autenticidade) e/ou a verossimilhanga interna (cocréncia). Mas esse atributo — ser verossimil — nao € uma condig&o necessaria \cdo literaria. Hé mesmo obras consideradas geniais cujos efeitos estéticos advém do para a qualidade da ci absurdo, da incoeréncia, di Observe como isso ocorre no texto que voce vai ler a seguir. inverossimilhanga. * O entendimento dos contos — Agora vocé vai me contar uma historia de amor —disse o rapaz & moga. —Quero ouvir uma historia de amor em que entrem caravelas, pedras precio- sas e satélites artificiais. — Pois nao — respondeu a moga, que acabara de concluir o mestrado de Contador de Historias, e estava com a imaginagso na ponta da lingua. — Era uma vez um pais onde s6 havia aguas e mais aguas, e o Governo como tudo mais se fazia em embarcagbes atracadas ou em movimento, conforme © tempo, Osmundo mantinha uma grande industria de barcos, mas nao era feliz, porque Sertéria, objeto dos seus sonhos, se recusava a casar com ele. Osmundo ofereceu-lhe um belo navio embandeirado, que ela recusou. So aceitaria uma frota de dez caravelas, para si e para seus familiares. ra, ninguém sabia fazer caravelas, era um tipo de embarcagéo ha muito fora de uso. Osmundo apresentou um mau produto, que Sertoria néo aceitou, enumerando os defeitos, a comegar pelas velas latinas, que de latinas nao tinham um centavo, Osmundo, desesperado, pensou em afogar-se, o que fez sem éxito, pois desceu no fundo das aguas e lé encontrou um cofre cheio de esmeraldas, topazios, rubis, diamantes e o mais que vocé imagina. Voltou a tona para oferecé-lo & rigida Sertéria, que virou 9 rosto, Nada a fazer, pen- sou Osmundo; vou transformar-me em satélite artificial. Mas os satélites ar- tificiais ainda nao tinham sido inventados. Continuou humilde satelite de Sertoria, que ultimamente passeava de uma lancha para outra, levando-o preso a um cordao de seda, com a inscric4o “Amor mortal’. Acabou. — Mas que significa isso? — perguntou 0 mogo, insatisfeito. — Nao en- tendi nada. — Nem eu — respondeu a moca — mas os contos devem ser contados, ¢ nao entendidos: exatamente como a vida ANDRADE, Carlos Drummond de. 0 entendimento dos contos. In Contos plausiveis. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2012. Nota: Cronica ‘originalmente publicada em 1981. Caflos Drummond de Andrade © t ‘Graa Drummond — www.carlosdrummond.com.br es > corals pqunaerida Reteitura ere | utlzada ns culos XV eX vata: vela triangular siderando a exigéncia de verossimilhanga nas narrativas. ‘que trabtha no sentido a-popa do barca 2. A contadora conseguiu atender aos parimetros estabelecidos pelo rapaz ¢ — inventar uma historia verossimil? Explique. _——__ » 1, Qual seria a grande dificuldade contida no desafio do mogo? Comente, con- - PARA NAO 3. O rapaz afirma que nao entendeu nada, mas, apesar da aparente falta de sen= paz afirma que no entend } mas, apesar da aparente fia de ReauEcee tido da historia, o final € muito irdnico. Que relagio existe entre a imagem de |” ponia consist em deer, Osmundo preso a Sertéria por um cordiio de seda e a inscri¢io “Amor imortal”? }-geralmente com dubiedade, ‘ contrério do que se 4. A coeréncia nem sempre é um atributo das narrativas, como vimos na histéria | pensa.O humor eric da clo personage, E a vida, costuma ser cocrente? Explique sua resposta. ‘wonia resutta da percepg30 contada pelo personagem. Ea vida, cost tc? Explig Pesta | Gaambiguidade ou da renga contrat ete 0 Comenta enunciado e seu contetdo. A lronia s6 pode ser Na narragao de Sertéria, Carlos Drummond de Andrade tira proveito da inve- percebida em seu contexto. , ‘ Ex: elogar a intoigdncia ‘ossmihanga para produatrefetos de humor edeionia. Um dos grandes recursos | fx noga’ a malginea dos textos de humor, al incluidas es piadas que correm em narrativas orais, de} cometer um erro grasseiro boca em boca, é 0 nonsense, 0 absurdo, a surpresa das solugées inesperadas que contrariam qualquer expectativa motivada pela coeréncia textual. Mas textos > Aronia, uma figura de *sétios" linguagem, ¢ rabalhada no também trabalhé iil raste, ‘sérios fabalham com a inverossimilhanga para mostrar, por contraste, | Upidell &rasahads ‘98 absurdos da propria vida e do mundo. FUNCOES DA LITERATURA Para que serve a arte? Para que serve a literatura? As respostas a essas perguntas variam com o tempo e com as pessoas. Evidentemente, a fungao de uma Obra literdria depende dos objetivos e das intengdes do autor. Mas os leitores também tm maneiras diferentes de ler @ so levados a abrir um livro por motivos diferentes, Alguns buscam na literatura apenas um divertimento sem grandes consequéncias para a vida; outros, um meio de transformagao e de aperfeigoamento, Uns con- sideram a obra literéria apenas um artefato estético, criado para a contemplagao da beleza; ja outros esperam ue seja um veiculo de anaiise e de critica em relagao & sociedade e a vida. + Acbra pode ser um instrumento de fuga da realidade. Quaiquer leitura que se faz como distragdo pos- sui essa mesma fungde evasiva, Ao lermos, por exemplo, uma hist6ria de aventuras, fugimos de nossa Vidinha monétona, sempre igual, ¢ emibarcamios em um navio pirata, lutamos ao lado de um super-herdi, ‘amamos pessoas bonitas... sonhamos, * Muitas vezes, 0 autor procura brincar com as palavras, isto 6, fazer com elas um jogo de experiéncias ‘sonoras e visuais, de relagdes surpreendentes. A obra tem, nesse caso, uma fungdo Itidica. E 0 caso do poema “rio: 0 ir", de Arnaldo Antunes. Descobrimos nele varios possiveis signficados, a partir dos quais podemos construir interpretagoes sobre a vida, Mas 0 jogo, a brincadeira com as palavras é 0 que ele oferece antes de tudo ao letor. * Certos autores e mesmo certas épocas literdrias distinguem-se pela importancia que atribuem a perfei- cdo formal de suas obras, Os temas passam para um segundo plano, sé interessando a beleza estética Quando isso ocorre, a literatura aliena-se da realidade. E que chamamos de arte pela arte, caracte- ristica marcante, por exemplo, do Pamasianismo, movimento lterdrio do final do século XIX. Be em. + No extremo oposto estao os autores que se dedicam a uma literatura engajada, isto é, comprometida com a defesa de posicionamentos ideol6gicos — idelas polticas,flosdticas ou religiosas. Isso ndo impede que produzam grandes obras, desde que no as reduzam a panfletos, a meros instrumentos de propa «ganda, pelo desprezo da forma e do trabalho com a palavra. Uma tendéncia atual valoriza as produgées lterérias de memibros de grupos especiicos e centradas em suas probleméticas cutturais e sociais: tera- tura marginal, iteratura feminina/feminista, literatura negra, literatura gay etc BI TExTO +] : Algumas variac6es sobre um mesmo tema 1 [As vacas voam sempre devagar porque elas gostam da paisagem. Porque, para elas, o encanto unico de uma viagem olhar, olhar... 1 Partir... tdo bom! Mas para que chegar? Mm ‘melhor de tudo 6 embarcarmos num poema... Carlos Drummond, um dia, me pés de passageiro num poema seu". Ah, seu Carlos maquinista, até hoje ainda nao encontrei palavra para agradecer Ihe. ‘Mas que longa, longa viagem sera! Vv E das janelinhas do trenzinho-poema abanaremos para os brotinhos do futuro. Ui, como serdo os brotinhos do século XXIII, meu Deus do Céu? Pergunta boba! Em todas as épocas da Historia, um brotinho 6 um brotinho é um brotinho, v ‘Tenho pena, isto sim, dos que viajam de aviao a jato: 6 conhecem do mundo os aeroportos. E todos os aeroportos do mundo sao iguais, excessivamente sanitarios e com antincios de Coca-Cola. vi Nada ha, porém, como partir na lirica desarrumagao da minha cama-jangada onde escrevo noite adentro estes poeminhas com a esferografica: a tinta — quem diria? —é verde, verde... (o que nao passara, talvez, de mera coincidéncia) ALGUMAS VARIAGOES SOBRE UM MESMO TEMA —In: Apartamentos de Histéria Sobrenatural, : de Mario Quintana, Alfaguara, Rio de Janeiro; © by Elena Quintana + Tala-se do poema “Quintana's Bar" de C.D. de Andrade. Os dois poeta, Quintana e Drummond, vijam” no tempo no ‘espago da imaginagéo poética, LUteraturaereaidade:oprosentacio e inencéo 29 Birexr0 2 1 Nao ha vagas 0 prego do feiiéo nao cabe no poema. 0 preco do arroz nao cabe no poema Nao cabem no poema o gas aluzotelefone 8 sonegacéo do leite da came do agiicar ao pao © funcionario publico nao cabe no poema com seu salario de fome sua vida fechada em arquivos. Como nao cabe no poema © operario que esmerila seu dia de ago ecarvao nas oficinas escuras — porque o poema, senhores, esta fechado: “nao ha vagas" 86 cabe no poema o homem sem estémago a mulher de nuvens a fruta sem prego © poema, senhores, nao fede nem cheira GULLAR, Ferreira. Dentro da noite veloz. In ‘Toda poesia : (1950-1999). 9. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2000. p. 162, * “TE . Profissao de fé Ll Invejo 0 ourives quando escrevo: Imito 0 amor Com que ele, em ouro, o alto-relevo Faz de uma flor, Imito-o. E, pois, nem de Carrara ‘Apedra firo: Oalvo cristal, a pedra rara, 0 onix prefiro, Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel Appena, como em prata firme Core o cinzel tl No verso de ouro engasta a rima, ence Danuta ie fel ‘engastar: encravar em ouro, Assim procedo. Minha pena prata etc; Segue esta norma, aaron de rub Serena Forma! > a) FIQUE SABENDO BILAC, Olavo. Disponivel em: . Acesso em: 20 abr. 2016. + ‘ervinca era que teve grande presto no Bras no fn! do culo ike primeira décadas do XX Coractriza-se pea @ Em tom de conversa pide solslons formal ¢ pelo preciossmo Relea o pico Fungies da literatura e comente os téspoemas que voré acorns bou de ler. As questbes a seguir podem orientar seus comentarios caer, + Qual é a principal fungao da poesia (c, portanto, da literatura) para cada um ghjtvidade,privlgia 0 dos autores, conforme se pode inferir da leitura dos poemas? ‘escrtvsmo na erat , 5 sconsidee 908 02mas. Foo principal + Qual dos poemas se ode frontalmente aos outros em relagio ao que conside- Syeda ions de ram importante na poesia? ‘aulres modernists, © Que comparacio se pode fazer entre a tiltima estrofe do texto 2 € 0 poema neo de Bilac? onsntacceenienne ot fl . Mettora é a four de ® Releitura Ingen en es substitu 0 significado de uma Do texto 1 pala por outro, apart de 1. Segundo o titulo, o poema desenvolve “algumas variagdes sobre um mesmo | uma semelhanga tema”, Qual é esse tema? sta four de linguagem é \ c em sentido fi ri eee 2, Naprimeira variacio, 0 autor usou o verbo voar em sentido figurado,criando | ail uma metifora. Que sentidos poclemos atribuir ao verbo nesse contexto? 3. Quintana se refere a dois tipos de viajante. Quais sio eles? 4, ——__&» jando em seu “trenzinho-poema”, 0 poeta tem pena de quem viaja de IQUE SABENDO avilio a jato. Por qué? ‘Avo que fala em um D 2 poema é chamada eu o texte lirica. 0 eu rico, assim 5. Releia 0 poema de Ferreira Gullar e responda: como 0 narador, no i vz que fa ema? Justifique sua deve ser confundido com ) A quem se ditige a voz que fala no poema? Justifique sua resposta com cle Seeer canine mentos do texto, 1b) Que tipo de linguagem o poema imita? Qual ¢ o tom dessa linguagem? 6. As duas primeiras estrofes apresentam listas de contetidos para os quais “nao ha ——_ » vagas” no poema. Que tipo de contetictos sio esses? FIQUE SABENDO xto Metalinguagem — ems linguagem cuj foco 7. Assim como pocma de Ferreira Gullar, o de Olavo Bilac é metalinguistico, _ €0 proprio céigo um poema que fala da poesia. lingistico ou sea, tem ‘como referente a prépria a) Qual é a qualidade que Bilac almeja atingir na produgio de sua poesia? lnguagem, b) No primeiro capitulo vimos que a matériacprima da criagio literaria € a pala- vra, Considerando a comparagdo com o trabalho do ourives, podemo ‘Ametainguagem, ou fungéo 0 tipo de linguagem que Bilac pretende utilizar. Que tipo é esse? rmetalinguistica, ¢rabalhade ¢) Bilac demonstra preocupagao com o contetido referencial dos poemas? ‘n0 capitulo 1 de Gramética. Merir RESUMINDO O QUE VOCE ESTUDOU Neste capitulo prosseguimos e aprofundamos o estudo de alguns temas que foram iniciados no capitulo anterior, concentrando-nos na arte da palavra, ou seja, na literatura, ‘+ Na obra literdria, como em toda arte, forma e contetido sao categorias insepardveis: uma produz constantemente a outta. * Alteratura reflete as relagoes do homem com 0 mundo. Como essas relagdes mudam, historicamente, a literatura também muda. * Aliteratura ¢ invengao, mas mantém uma relagao viva e tensa com 0 mundo real * A obra lteréria produz um ilusdo de verdade, de realidade, que chamamos de verossimilhanga: veros- simithanga externa (semelhanga entre o mundo criado pela obra @ o mundo real) ¢ verossimilhanga interna (coeréncia @ coesio entre os elementos internos da obra, @ destes com as convengdes do ‘género iterario) * Alteratura é praticada, tanto pelos autores quanto pelos leitores, com miitiplas fungdes. Nos extremes, Pode ser pura evasao (fuga da realidade) ou instrumento de propaganda (arte engajada). Uma forma de evasao é a literatura voltada apenas para seus valores intrinsecos (arte pela arte), BW ee ome Praciviaases i Leia 0s textos a seguir e responda as questées de Lad. Latiftindio Nao quero mais me lamentar mesmo porque nao tenho mais de que Se 0 sabia voou ficou-me o bem-te Se o amor acabou fica o estamos af Eu tenho a grama do jardim | Latifindio [... Propriedade constituida de grande extensdo de terras, geralmente mal exploradas. — Encicl. Os latiftindios sao caracterizados pela auséncia de cultura ou por cultura de tipo extensivo, pela caréncia ou extrema pentiria dos investimentos fundiarios, pela falta de estradas e pelo agrupamento do habitat em aldeias afastadas umas das outras. emais tenho-me a mim. GRANDE enciclopédia Delta Larousse. Rio de Janeiro: Delta, 1974 PALLOTTINI, Renata, Noite afora, ‘Sao Paulo: Brasiliense, 1978. p. 23 = oH Morte e vida severina [0 retirante] ASSISTE AO ENTERRO DE UM TRABALHADOR DE EITO E OUVE 0 QUE DIZEM DO MORTO OS AMIGOS QUE 0 LEVARAM AO CEMITERIO — Essa cova em que estas, ‘com palmos medida, 6a conta menor que tiraste em vida. — Ede bom tamanho, nem largo nem fundo, 6a parte que te cabe deste latifiindio, — Nao é cova grande, 6 cova medida, @a terra que querias ver dividida. —Euma cova grande para teu pouco defunto, mas estarés mais ancho que estavas no mundo. MELO NETO, Jogo Cabral de, Obra completa. Organizagio de Marly de Oliveira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. p. 183-184, nina maaesneee 39 1. Os trés textos fazem referéncia ao latifiandio, Todos podem ser classifi- eee cados como obras literarias? Explique. TEAGR Ace | esquecer 2, Releia os versos 4, 5 e 6 do texto 1. | Paralelsmo éa reac F F 1 simétca das do 4) Hé um paralelismo entre os versos 4, 5 0 verso 6. Esquematize esse | fat Poleste paralelismo. ‘+ semantico: 'b) Com base no paraleismo estabelecido, qual é0 significado dasimagens | Spramne condone ye constituidas pelas referéncias as aves? apresentam um sistema 3. Escreva uma interpretagio do titulo-tema do texto 1, com base na segunda | ialeade semen, de estrofe ¢ na definico de latifiindio apresentada no texto 2. | sintético: corresponde {a frases ou versos que 4, Explique o sentido irénico que a palavra “latifiindio” adquire no texto 3. | apresentam a mesma 5 estrutura sintitica, 5. (Enem/MEC) Ferreira Gullar, um dos grandes poctas brasileiros da | Sheajeamento de ungbes atualidade, € autor de “Bicho urbano”, poema sobre a sua relago com as} sitios WGntias, Pequenas e grandes cidades. Bicho urbano Se disser que prefiro morar em Pirapemas ou em outra qualquer pequena cidade do pais estou mentindo ainda que la se possa de manha lavar o rosto no orvalho © 0 pao preserve aquele branco sabor de alvorada, Anatureza me assusta, ‘Com seus matos sombrios suas aguas suas aves que sao como apariges me assusta quase tanto quanto esse abismo de gases e de estrelas aberto sob minha cabeca. GULLAR, Ferreira. Toda poesia Rio de Janeizo: Jose Olympio Editora, 1991 Embora nao opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para expressar a relagio do homem com alguns desses elementos, cle recorre a sinestesia, construgao de linguagem em que se mesclam impresses sensoriais diversas. Assinale a opcio em que se observa esse recurso. ‘a) “eo pio preserve aquele branco / sabor de alvorada.” 1b) “ainda que lé se possa de mana / lavar o rosto no orvalho” ¢) “A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas fguas” ) “suas aves que sio como aparigdes / me assusta quase tanto quanto” ¢) “me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases ¢ de estrelas”

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