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A Consciência

Prof Lia
Segundo Jaspers,
consciência é “o todo
momentâneo da vida
psíquica”.

constitui uma síntese


ou integração de todos
os processos mentais
em determinado
momento
As características da consciência
psicológicas

✓Trata-se de uma vivência interna e atual


✓Está relacionada à distinção eu/não eu
✓É o conhecimento (o dar-se conta) que o
indivíduo tem de suas vivências internas,
de seu corpo e do mundo externo –
podendo ser didaticamente dividida em
consciência do eu e consciência dos
objetos
Uma visão um pouco
diferente seria a de
considerar a consciência
como uma função mental
que constitui o palco
onde ocorrem as outras
funções mentais (Del
Nero, 1997).
Consciência
✓Para a maioria dos psicólogos atuais,
consciência é nossa percepção de nós
mesmos e do ambiente a nossa volta.
✓Nosso foco de percepção nos permite
reunir informações de variadas fontes
ao refletirmos sobre o passado e
planejarmos o futuro.
✓E mantém nossa atenção concentrada
quando aprendemos um conceito ou
comportamento complexo
Processamento Dual

• A percepção, a memória, o
pensamento, a linguagem e as
atitudes, todos operam em dois
níveis – uma “estrada principal”
consciente, deliberada, e uma “via
subterrânea” inconsciente,
automática. Os pesquisadores
atuais dão a isso o nome
processamento dual.
A mente de duas vias
• A consciência, embora nos possibilite exercer
controle voluntário e comunicar nossos estados
mentais aos outros, é tão somente a ponta do
iceberg do processamento de informações.
Abaixo da superfície, informações inconscientes
são processadas de forma simultânea em
diversas vias paralelas.
• Quando olhamos um pássaro voando, temos
consciência do resultado de nosso
processamento cognitivo (“É um beija-flor!”),
mas não de nosso sub-processamento da cor,
da forma, do movimento, da distância e da
identidade da ave.
Vigilância
Vigilância é um termo criado por Head, em
1923, definido como “uma capacidade
fisiológica (do sistema nervoso) que serve de
suporte a uma atividade adaptativa, qualquer
que seja a modalidade desta”.

Trata-se de uma acepção de consciência mais


particular, que corresponde ao conceito de
ativação ou atenção tônica.

Refere-se a um estado de consciência, no


sentido neurofisiológico.

Aqui, estar consciente significa que o


indivíduo está vígil, desperto, alerta, com o
sensório claro.
Lucidez

Constitui um estado de consciência clara, ou de


vigilância plena

A consciência teria uma função iluminadora


quanto aos conteúdos mentais.

Na lucidez, os processos psíquicos são


experimentados com suficiente intensidade; os
estímulos são adequadamente apreendidos; e
os conteúdos mentais possuem nitidez e são
claramente delimitados e identificados.

Em oposição à lucidez estão o sono e o coma.


Entre esses extremos, há diversos níveis de
clareza da consciência, o que representa a
dimensão vertical da consciência.
Campo da consciência
• O campo (ou amplitude) da
consciência refere-se à
quantidade de conteúdos que a
consciência abarca em
determinado momento, e
representa a dimensão
horizontal da consciência.
Alterações quantitativas fisiológicas

• As alterações quantitativas da consciência (vigilância),


que podem ser normais ou patológicas, referem-se à
intensidade da clareza das vivências psíquicas.

➢ No estado normal, o indivíduo desperto está constantemente


apresentando oscilações na intensidade de sua consciência, em
geral pequenas.

➢ Há certa diminuição no nível de consciência quando o indivíduo está


cansado ou sonolento, quando se encontra num estado de
relaxamento ou repouso, quando os estímulos sensoriais externos e
internos e os afetos são pouco intensos e na transição da vigília
para o sono, e vice-versa.
Alterações quantitativas
patológicas
❑ Alguns autores falam em elevação do nível de
consciência (ou hiperlucidez, ou hipervigilância).
❑ Esse fenômeno ocorreria na intoxicação por
alucinógenos (LSD, mescalina etc.) e por anfetamina,
na mania, no início da esquizofrenia e em auras
epilépticas.
❑ Haveria um aumento de intensidade das percepções,
do afeto, da atividade, da memória de evocação e da
atenção espontânea;
❑ Isso causa prejuízo na capacidade de concentração e
de raciocínio, e na memória de fixação, além de
incoerência, desorganização e hipopragmatismo.
Rebaixamento do nível de
consciência
❖A expressão rebaixamento do nível de
consciência refere-se a um nível de consciência
entre a lucidez e o coma.
❖Constitui uma perda da clareza da consciência: a
percepção do mundo externo torna-se vaga e
imprecisa (aumenta o limiar para a captação de
estímulos externos)
❖Ocorre dificuldade para a introspecção, para a
apreensão do próprio eu.
A obnubilação simples caracteriza-
se pela ausência de sintomas
psicóticos.

O paciente apresenta além de intensa


sonolência, hipoprosexia (diminuição
global da atenção),

desorientação no tempo e no espaço,


pensamento empobrecido e alentecido
(às vezes, mutismo)

dificuldades de compreensão e de
raciocínio, hipoestesia (alteração
quantitativa da sensopercepção),

hipomnesia de fixação e de evocação


(distúrbio da memória),apatia e
inibição psicomotora
Obnubilação oniroide
• Caracteriza-se pela presença de sintomas
psicóticos, especialmente ilusões e
pseudoalucinações visuais
• Ideias deliroides (muitas vezes, persecutórias)
• Dificuldade de concentração (com
exacerbação da atenção espontânea),
• Desorientação temporoespacial,
• Desagregação do pensamento,
• Dificuldade de compreensão e de raciocínio,
• Amnésia de fixação e de evocação,
• Exaltação afetiva (muitas vezes,
ansiedade),perplexidade e agitação
psicomotora.
O delirium tremens

• Quadro grave de abstinência alcoólica,


costuma cursar com obnubilação
oniroide.
• O indivíduo encontra-se agitado e
assustado, sem saber onde está e não
conseguindo identificar corretamente
as pessoas ao seu redor.
Coma
• O termo coma vem do grego e significa sono
profundo.
• Caracteriza-se por abolição da consciência.
• O indivíduo não pode ser despertado nem por
estímulos dolorosos muito intensos.
• Ocorre perda total da motricidade voluntária e
da sensibilidade.
• Embora a vida somática prossiga, não há sinal
de atividade psíquica.
Alterações qualitativas fisiológicas
• Os sonhos são vivências subjetivas que se dão
durante o sono.
• Eles caracterizam-se por:
• Predomínio de imagens visuais (mas pode haver
sensações motoras, auditivas etc.);
• conteúdos bizarros;
• a falsa crença de que se está acordado;
• diminuição da capacidade de reflexão;
• mudanças súbitas quanto a tempo, lugar e pessoas;
• uma estrutura narrativa;
• forte colorido emocional;
• comportamentos instintivos;
• atenuação da vontade;
• dificuldade de se lembrar de seu conteúdo após ter
despertado (Hobson, 1999).
A consciência no sonho

• É uma consciência parcial, pois nele


observa-se a perda de diversos aspectos
encontrados na consciência de vigília, tais
como: controle (sobre a ação), coerência,
memória de longo prazo, capacidade de
crítica e consciência da própria identidade
(autoconsciência) (Del Nero, 1997).
Estreitamento do campo da
consciência
• Abarca um conteúdo menor do que o normal e está
restrita a determinadas vivências (ideias, afetos,
imagens, ações).
• Outras vivências internas, assim como grande parte
dos estímulos externos, tornam-se inacessíveis à
consciência.
• Há uma interrupção da continuidade e unidade
psíquicas da personalidade, e perde-se a capacidade
de reflexão
• Ocorre na epilepsia parcial complexa, na
intoxicação alcoólica patológica, nos estados
dissociativos histéricos e, ainda, no devaneio, no
estado hipnótico, na reação aguda ao estresse, no
sonambulismo neurológico e nas crises de pavor
noturno.
A epilepsia parcial complexa

• Está geralmente associada ao lobo temporal.


• O paciente torna-se relativamente alheio ao ambiente, mas
pode parecer lúcido numa observação menos apurada.
• Seu comportamento, que pode ser bem organizado, é
estereotipado, à base de automatismos; a reflexão e a
intencionalidade estão ausentes.
• Podem ocorrer comportamentos violentos ou impulsivos,
delírios (alterações do pensamento) e alucinações
(sensopercepção), estados afetivos intensos (ansiedade,
êxtase), agitação ou inibição psicomotora.
• O início e o fim são súbitos.
• A duração pode ser de alguns segundos a semanas.
• Em geral, há uma amnésia total a posteriori em relação ao
episódio.
A intoxicação alcoólica patológica

• Grande agitação psicomotora, após a ingestão de uma


pequena quantidade de álcool.
• Entre os estados dissociativos histéricos, incluem-se os
estados de transe, sonambulismo, fugas e amnésia
psicogênicos, a pseudodemência (síndrome de Ganser) e
o transtorno da personalidades múltiplas.
• Ocorre alienação da realidade, por teatralidade,
intencionalidade, ausência de automatismos, uma relação
temporal com um fator de estresse agudo e possibilidade
de recuperação completa da memória referente ao
episódio.
• Pode estar perturbada a orientação autopsíquica.
Os quadros de transe dissociativo

• São bem representativos dos estados de estreitamento


da consciência de natureza psicogênica.
• O doente parece estar dentro de um sonho,
desconhece o ambiente em que se encontra e se
comporta como se estivesse em outro lugar ou em outra
época de sua vida.
• Diz coisas incompreensíveis ou sem sentido e age de
maneira bizarra e chamativa.
• São comuns intensas descargas emocionais e
comportamento destrutivo.
• Pode ocorrer vivência de ser possuído por um espírito,
mesmo fora de qualquer contexto religioso.
O exame da
Alienação do mundo Outras funções
consciência
externo psíquicas
(vigilância)

• Expressão • Uma aparente • Indica uma


fisionômica alienação do mundo
externo pode indicar perturbação da
• Uma fácies que tanto rebaixamento consciência a
denota sonolência como estreitamento da observação de
ou fadiga constitui consciência.
um indício de que a alterações
• Traduz-se por um
consciência está desinteresse, ou principalmente
• rebaixada. A dificuldade de quanto à
fisionomia pode apreensão, em relação atenção, à
expressar ainda ao ambiente; ou por
um comportamento orientação, à
perplexidade, que sensopercepção,
inadequado ou
resulta de uma
dificuldade de
incoerente, que não à memória e à
leva em consideração capacidade de
• apreensão do a realidade.
ambiente. reflexão.
A consciência (vigilância) nos principais
transtornos mentais

• Delirium.
• Quadro agudo que se caracteriza por um prejuízo
cognitivo global, com rebaixamento do nível de
consciência.
• Os quadros de delirium ocorrem em função de uma
perturbação difusa no metabolismo cerebral, que pode ser
causado por: intoxicações por drogas (álcool,
anticolinérgicos); abstinência a drogas (álcool,
benzodiazepínicos); encefalopatias metabólicas
(cetoacidose diabética, uremia, coma hepático); infecções
(septicemia, meningoencefalites); epilepsia; traumatismo
cranioencefálico; doenças cerebrovasculares; tumores
intracranianos; doenças degenerativas cerebrais etc.
Esses transtornos
mentais ocorrem
sob lucidez de
consciência.

Esquizofrenia

Transtorno de
Demência
humor
Epilepsia.
• Ao longo do dia, as oscilações no nível de consciência,
nos epilépticos, parecem ser maiores do que as que,
fisiologicamente, ocorrem no indivíduo normal.
• As crises do tipo grande mal e de ausência simples levam
a uma abolição temporária da consciência.
• O estado póscomicial (após uma crise do tipo grande mal)
constitui um estado de rebaixamento do nível de
consciência.
• Os estados crepusculares podem ser a própria crise
comicial (na epilepsia do lobo temporal), podendo
preceder ou suceder uma crise epiléptica generalizada.
Alcoolismo.
• Na intoxicação por álcool, há rebaixamento do nível
da consciência, podendo-se chegar ao coma.
• O delirium tremens (na abstinência ao álcool) é um
bom exemplo de obnubilação oniroide.
• Já a intoxicação patológica (ou idiossincrática) cursa
com estreitamento do campo da consciência.
• Narcolepsia: caracteriza-se por ataques irresistíveis
de sono, associados a alucinações hipnagógicas,
cataplexia e paralisia do sono.
Transtornos dissociativos.

• Os quadros dissociativos constituem estados


crepusculares, sendo considerados de origem
psicogênica.
• São semelhantes, fenomenologicamente, aos
estados hipnóticos.
• A diferença é que, nos transtornos
dissociativos, o estado de transe é
autoinduzido, não necessitando da atuação de
um hipnotizador. Esses pacientes são
bastante (auto-) sugestionáveis.
Atenção seletiva

• Por meio da atenção seletiva, sua


atenção consciente focaliza, como
um feixe de luz, apenas um
aspecto muito limitado de tudo
aquilo que você vivencia.
• atenção seletiva: a focalização
da percepção consciente em um
estímulo particular.
Sono e sonhos
• Mesmo quando você está em um sono
profundo, sua janela perceptiva na verdade
não está completamente fechada.
• Você se mexe na cama, mas consegue não
cair.
• O ronco ocasional dos veículos que passam
pode não perturbar seu sono profundo, mas
o choro vindo do berço de um bebê logo o
interrompe.
Estágios do sono

• A medida que o sono nos domina e


diferentes partes do córtex cerebral
param de se comunicar, a consciência
se esvai. Mas nosso cérebro
adormecido, ainda ativo, não emite um
sinal de linha constante, visto que o
sono tem seu próprio ritmo biológico.
Aproximadamente a cada 90 minutos,
passamos por um ciclo de cinco
estágios do sono distintos.
• Sono: perda periódica, natural
e reversível de consciência

Estágio 2, caracterizado pelo


Estágio 1: podem ser
aparecimento periódico
experimentadas imagens
de fusos do sono - eclosões
fantásticas, que lembram
de uma rápida e
alucinações - experiências
rítmica atividade de ondas
sensoriais que ocorrem
cerebrais.O indivíduo pode
sem estímulo sensorial
falar dormindo.

Estágio 3, o cérebro emite


Estágio 4 , profundo, que
amplas e lentas ondas
as crianças podem molhar a
delta duram cerca de 30
cama ou apresentar
minutos, durante os quais é
sonambulismo.
difícil acordar
Sono REM
• Cerca de uma hora após você adormecer, algo
estranho lhe acontece. Em vez de permanecer em
dormência profunda, você ascende do mergulho inicial
do sono.
• Durante cerca de 10 minutos, suas ondas cerebrais
tornam-se velozes, mais parecidas com aquelas do
quase desperto Estágio1.
• Porém, ao contrário deste, durante o REM sua
frequência cardíaca se eleva, a respiração torna-se
rápida e irregular, e mais ou menos a cada meio
minuto seus olhos disparam em uma momentânea
eclosão de atividade por trás das pálpebras fechadas.
Função do sono
O sono protege e
ajuda em nossa
recuperação

Fabrica memórias -
restaura e reconstrói
O sono pode exercer
nossas lembranças
um papel no processo
desvanecidas
de crescimento.
das experiências do
dia.

O sono também
alimenta o
pensamento criativo
Com o que sonhamos

• Os sonhos do sono REM são tão vívidos que


podemos confundi-los com a realidade.

• É mais comum o enredo de um sonho - o que


Sigmund Freud chamou de seu conteúdo
manifesto – incorporar traços das experiências e
preocupações não sexuais do dia anterior

• Estímulos sensoriais no ambiente em que


dormimos também podem invadir os sonhos. Um
odor particular ou o toque do telefone podem ser
instantânea e engenhosamente incluídos na
historia do sonho.
Com o que sonhamos

• Mesmo durante o sono REM, focado


em estímulos internos, mantemos
alguma noção das mudanças no
ambiente externo.
• Sono e aprendizado: fazemos
associações, mas não lembramos
Função dos sonhos

• Para satisfazer nossos próprios


desejos. De acordo com Freud, o
conteúdo manifesto (aparente) de um
sonho é uma versão censurada,
simbólica, de seu conteúdo latente, o
qual consiste em pulsões e desejos
inconscientes que seriam ameaçadores
se expressos de forma direta.
Função dos sonhos

• Para arquivar memórias. Pesquisadores que


veem os sonhos como processamento de
informações creem que eles podem ajudar a
peneirar, classificar e fixar as experiências do
dia em nossa memória
• Para desenvolver e preservar vias neurais.
Alguns pesquisadores especulam que os
sonhos também podem servir a uma função
fisiológica. Talvez a atividade cerebral
associada ao sono REM forneça ao cérebro
adormecido estimulação periódica.

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