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1. Definição de grupo.
3. Ordem de um grupo.
4. Unicidade do elemento neutro e dos inversos. Para a, b ∈ G valem (ab)−1 = b−1 a−1 . Mais
−1 −1
geralmente, (a1 a2 . . . an )−1 = a−1
n . . . a2 a1 para a1 , a2 , . . . , an ∈ G.
Propriedades básicas:
• (an )−1 = (a−1 )n = a−n , an+m = an am e (an )m = anm .
• an = am ⇐⇒ an−m = e.
10. Exemplos:
a) Grupos numéricos clássicos aditivos e multiplicativos.
b) (Zn , ⊕).
c) Grupo de Klein.
d) (P(A), +), onde A é um conjunto e “ + ” é a diferença simétrica de conjuntos.
1
e) Produto direto.
f) Grupos de permutações.
g) Grupos lineares.
h) DG = G × {−1, 1}, com G abeliano, (a, n) ∗ (b, m) = (abn , nm).
i) Grupos multiplicativos de anéis.
11. Ordem de elemento. Sejam G um grupo e a ∈ G. Dizemos que a possui ordem finita se
existe n ∈ N tal que an = e. Neste caso definimos a ordem de a, denotada por o(a) como
sendo
o(a) = min{n ∈ N | an = e}.
Se não existe n ∈ N tal que an = e, dizemos que a tem ordem infinita e denotamos por
o(a) = ∞.
14. Todo grupo finito é de torção. Se G possui elemento de ordem infinita, então G é infinito.
Todo grupo não trivial livre de torção é infinito. Exemplo de grupo infinito de torção.
2
SUBGRUPOS
Notações: H ≤ G.
Exemplo 7 Se G e um grupo e (Hi )i∈I é uma famı́lia de subgrupos de G, não é difı́cil ver que
∩
H = i∈I Hi é um subgrupo de G. Observa-se que a união de subgrupos não é, em geral um
subgrupo.
3
Exemplo 8 Considere o conjunto G = {e, a, b, c} e a operação “∗” em G definida pela seguinte
tabela:
∗ e a b c
e e a b c
a a e c b .
b b c e a
c c b a e
Temos que (G, ∗) é um grupo, chamado de grupo de Klein. Observe que seus subgrupos são
exatamente: {e}, G, {e, a}, {e, b} e {e, c}.
HN = {hn | h ∈ H, n ∈ N }.
4
Observação 12 Supondo num grupo G dois elementos a e b, ambos de ordem 2, tais que
ab ̸= ba, e tomando H = ⟨a⟩ e N = ⟨b⟩, observa-se que HN ̸= N H e assim HN não é
subgrupo de G.
Sendo H e N subgrupos finitos de G, o subconjunto HN de G é também finito e, sendo ou
não subgrupo, sua ordem é dada por
|H||N |
|HN | = .
|H ∩ N |
Definição 13 Seja G um grupo. Dizemos que G é um grupo cı́clico se existe a ∈ G tal que
G = ⟨a⟩ = {an | n ∈ Z} (G = {na | n ∈ Z}, na notação aditiva).
Exemplo 16 O grupo aditivo dos racionais e o grupo de Klein não são cı́clicos.
Observe que todo grupo cı́clico é abeliano, mas nem todo grupo abeliano é cı́clico. Sendo
G um grupo finito, temos que G é cı́clico se, e somente se, existe a ∈ G tal que o(a) = |G|.
5
Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. Se H = ⟨S⟩, dizemos que S gera H ou que S
é um conjunto gerador de H. Particularmente, se ⟨S⟩ = G, dizemos que S gera G ou que S é
um conjunto gerador de G.
Dizemos que H é finitamente gerado se H possui algum conjunto gerador finito, ou seja, se
existe S finito tal que H = ⟨S⟩. Observe que todo grupo cı́clico é finitamente gerado. Veremos
que nem todo grupo finitamente gerado é cı́clico.
Sendo S = {x1 , x2 , . . . , xn }, costuma-se denotar ⟨S⟩ simplesmente por ⟨x1 , x2 , . . . , xn ⟩.
Exemplo 20 Considere o grupo aditivo dos inteiros, (Q, +), e o subconjunto S = {1/2, 1/3}
de Q. Temos que ⟨ ⟩ {
1 1 n } ⟨1⟩
⟨S⟩ = , = |n∈Z = .
2 3 6 6
Teorema 21 Se G é um grupo e S é um subconjunto não vazio de G, então
⟨S⟩ = {x1 x2 . . . xn | n ∈ N, xi ∈ S ∪ S −1 }.
Exemplo 23 Considere o grupo aditivo Z dos inteiros e o produto direto Z × Z. Observe que
sendo α = (1, 0) e β = (0, 1), temos que ⟨α, β⟩ = {nα + mβ | n, m ∈ Z} = Z × Z, e assim Z × Z
é um grupo finitamente gerado. Observe agora que Z × Z não é cı́clico.
Exemplo 24 O grupo aditivo dos racionais não é finitamente gerado. De fato, tomando a1 =
p1 /q1 , . . . , an = pn /qn ∈ Q (com q1 , . . . , qn positivos) e a = 1/q1 . . . qn , não é difı́cil ver que
⟨a1 , . . . , an ⟩ ⊆ ⟨a⟩. Por outro lado, temos claramente que
1
∈
/ ⟨a⟩
q1 . . . q n + 1
donde concluı́mos que Q ̸= ⟨a1 , . . . , an ⟩.
6
CLASSES LATERAIS E O TEOREMA DE LAGRANGE
Observe que g ∈ gH e g ∈ Hg. Além disso, podemos ter gH ̸= Hg. Observe que num
grupo abeliano a igualdade é obviamente válida.
ψ1 : H −→ Hg ψ2 : H −→ gH
e
h 7−→ ψ1 (h) = hg h 7−→ ψ2 (h) = gh
são bijeções. Segue então que |Hg| = |gH| = |H|.
4) (gH)−1 = Hg −1 e (Hg)−1 = g −1 H.
5) Sendo a, b ∈ G, tem-se: aH = bH ⇐⇒ Ha−1 = Hb−1 .
7
Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. Consideremos a relação “ ∼H ” em G definida
da seguinte forma:
x ∼H y , se xy −1 ∈ H.
Esta relação, chamada de relação de congruência módulo H à direita, é uma relação de equi-
valência. Ademais, denotando por g a classe e equivalência do elemento g ∈ G com respeito a
esta relação, não é difı́cil ver que g = Hg. Segue então que:
∪
• G= Hg;
g∈G
• Se x, y ∈ G e Hx ̸= Hy, então Hx ∩ Hy = ∅;
• Para x, y ∈ G, tem-se: Hx = Hy ⇐⇒ xy −1 ∈ H ⇐⇒ x ∈ Hy ⇐⇒ y ∈ Hx.
8
Proposição 34 Sejam G um grupo e H um subgrupo de G. São equivalentes:
i) H E G.
ii) H g = H para todo g ∈ G (ou seja, NG (H) = G).
iii) H g ⊆ H para todo g ∈ G (ou seja, g −1 hg ∈ H para quaisquer h ∈ H e g ∈ G).
iv) Para x1 , x2 , y1 , y2 ∈ G vale: x1 ∼H y1 e x1 ∼H y1 =⇒ x1 x2 ∼H y1 y2 .
v) As relações de congruência módulo H à direita e à esquerda coincidem.
Exemplo 35 Sendo n ∈ N e K um corpo qualquer, temos que SLn (K) é um subgrupo normal
de GLn (K).
Tomando agora H = ⟨α⟩ e N = ⟨α, β⟩, temos que H E N e N E S4 , mas H não é normal em
S4 .
9
Exemplo 38 Sendo G um grupo, observa-se facilmente que Z(G) é um subgrupo normal de
G. Sendo H um subgrupo qualquer de G e g ∈ CG (H), temos claramente que Hg = gH e
assim g ∈ NG (H). Logo, CG (H) ⊆ NG (H) e, além disso, CG (H) E NG (H).
Considerando agora o subgrupo N de S3 (veja o Exemplo 32), observa-se que S3 = NS3 (N ) ̸=
CS3 (N ) = N .
4. Sejam G grupo e a, b ∈ G elementos de ordens finitas tais que ab = ba. Se o(a) e o(b) são
relativamente primas, então o(ab) = o(a)o(b).
5. Se |G| = 2p, onde p é um número primo ı́mpar, então G possui algum elemento de ordem
p. Ademais, se G é abeliano, então G é cı́clico.
10
Observação 41 É importante observar que a recı́proca do Teorema de Lagrange não é válida,
ou seja, existe grupo finito G e n divisor de |G| tais que G não possui subgrupo de ordem n.
Um exemplo clássico desta situação é o grupo A4 , que será definido mais adiante. O grupo A4
é um grupo de ordem 12 que não possui nenhum subgrupo de ordem 6.
Observe então que T é um transversal à direita (resp. esquerda) para H em G se, e somente
se, T ∩Hg (resp. T ∩gH) é unitário para todo g ∈ G. Observe também que se T é um tranversal
à direita (resp. à esquerda) para H em G, então existe uma correspondência biunı́voca entre os
elementos de T e as classes laterais à direita (resp. à esquerda) de H em G. Logo, |T | = |G : H|.
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GRUPOS QUOCIENTES
12
HOMOMORFISMOS DE GRUPOS
Observação 50 Define-se:
a) Epimorfismo como sendo um homomorfismo sobrejetivo;
b) Monomorfismo como sendo um homomorfismo injetivo;
c) Isomorfismo como sendo um homomorfismo bijetivo;
d) Endomorfismo como sendo um homomorfismo de um grupo em si próprio;
e) Automorfismo como sendo um endomorfismo sobrejetivo.
Observação 52 É possı́vel que H seja um subgrupo normal de G sem que φ(H) seja normal
em G1 . Para ver um exemplo desta situação, basta tomar um homomorfismo φ : G −→ G1 tal
que Im φ não seja normal em G1 . Observe que Im φ = φ(G) e G E G.
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Definição 53 Definimos um isomorfismo como sendo um homomorfismo bijetivo
φ−1 (y1 y2 ) = φ−1 (φ(x1 )φ(x2 )) = φ−1 (φ(x1 x2 )) = x1 x2 = φ−1 (y1 )φ−1 (y2 )
e assim φ−1 é também um isomorfismo (tendo em vista que também é bijetora). Podemos então
dizer que G e G1 são grupos isomorfos.
ψ : G −→ G/N
g 7−→ ψ(g) = g = gN
e H/N é um subgrupo de G/N . Desta observação e das propriedades vistas acima, concluı́mos
que todo subgrupo de G/N é da forma H/N , com H subgrupo de G contendo N . Ademais,
se H1 e H2 são subgrupos de G, ambos contendo N , tais que H1 /N = H2 /N , então H1 = H2 .
Também não é difı́cil ver que para H subgrupo de G, com N ⊆ H, tem-se H E G se, e somente
se, H/N E G/N .
IdG : G −→ G
,
G 7−→ IdG (g) = g
14
Exemplo 58 Sendo Z o grupo aditivo dos inteiros, G um grupo e a ∈ G (arbitrário), conside-
remos a aplicação
fa : Z −→ G
.
n 7−→ fa (n) = an
Não é difı́cil ver que fa é um homomorfismo com magem igual a ⟨a⟩. Se o(a) é infinita, então
ker fa = {0}. Se o(a) é finita, então ker fa = o(a)Z = {o(a)n | n ∈ Z}.
Exemplo 59 Quaisquer dois grupos de ordem 2 são isomorfos. Quaisquer dois grupos de
ordem 3 são isomorfos.
Exemplo 60 Os grupos de Klein e C4 são ambos de ordem 4, mas não são isomorfos.
ϕf : SA −→ SB
.
h 7−→ ϕf (h) = f ◦ h ◦ f −1
σ : G −→ SG
,
g 7−→ σ(g) = σg
temos que σ é um homomorfismo injetivo de grupos e daı́ concluı́mos que G é isomorfo a Im σ,
que é um subgrupo de SG .
φ : H × N −→ G
,
(h, n) 7−→ φ(h, n) = hn
temos que φ é um isomorfismo. De fato, a sobrejetividade é imediata. Supondo h ∈ H e n ∈ N
quaisquer, temos que h−1 n−1 hn ∈ H ∩ N , uma vez que H e N são normais em G. Logo,
h−1 n−1 hn = e e assim hn = nh. Tomando então (h1 , n1 ), (h2 , n2 ) ∈ H × N , temos
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e assim φ é um homomorfismo.
Supondo agora (h, n) ∈ ker φ, temos hn = e e assim h = n−1 ∈ H ∩ N . Logo, h = n = e
e daı́ ker φ é trivial, donde segue a injetividade de φ. Portanto, G ≃ H × N , e assim dizemos
que G é o produto direto interno de H e N .
Mais geralmente, suponhamos H1 , H2 , . . . , Hn subgrupos normais de G tais que
H1 H2 . . . Hn = G e, para cada j = 1, 2, . . . , n, (H1 . . . Hj−1 Hj+1 . . . Hn ) ∩ Hj = {e}. Nes-
tas condições, considerando o produto direto H1 × H2 × . . . × Hn e definindo
φ : H1 × H2 × . . . × Hn −→ G
,
(h1 , h2 , . . . , hn ) 7−→ φ(h1 , h2 , . . . , hn ) = h1 h2 . . . hn
φ : G/N −→ Im φ
g 7−→ φ(g) = φ(g)
16
5. Se φ : G1 −→ G2 é um isomorfimo e N E G1 , então φ(N ) E G2 e G1 /N ≃ G2 /φ(N ).
ψg : E −→ E
.
xH 7−→ ψg (xH) = gxH
ψ : G −→ SE
,
g 7−→ ψ(g) = ψg
17
GRUPOS DE AUTOMORFISMOS
f : G −→ G
.
x 7−→ f (x) = x−1
Exemplo 70 Não é difı́cil ver que Aut Z2 = {IdZ2 } e que |Aut Z3 | = |Aut Z4 | = 2, sendo cada
um destes dois últimos formado pela identidade e pela inversão.
h1 : G −→ G h2 : G −→ G
e
(x, y) 7−→ f (x, y) = (y, x) (x, y) 7−→ h2 (x, y) = (xy, x)
são automorfismos de G. Não é difı́cil ver que o(h1 ) = 2 e o(h2 ) = 3 em Aut G, e assim |Aut G|
é múltiplo de 6. Por outro lado, como |G| = 4, temos que |Aut G| divide 6. Observando agora
que h1 ◦ h2 ̸= h2 ◦ h1 , concluı́mos que Aut G é um grupo não abeliano de ordem 6, e assim
Aut G ≃ S3 .
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Exemplo 72 Denotando por Q o grupo aditivo dos racionais e por Q∗ o grupo multiplicativo
dos racionais, vamos mostrar que Aut Q é isomorfo a Q∗ . De fato, dado a ∈ Q∗ , temos que a
aplicação
φa : Q −→ Q
x 7−→ φa (x) = ax
é um automorfismo de Q (observe que a bijetividade é consequência de a ser não nulo). Assim,
podemos definir
φ : Q∗ −→ Aut Q
.
a 7−→ φ(a) = φa
é fácil ver que φ é um homomorfismo injetivo. Tomando agora f ∈ Aut Q, arbitrário, e
a = f (1), temos que f = φa , donde segue que φ é também sobrejetora. Concluı́mos então que
φ é um isomorfismo.
Ig : G −→ G
.
x 7−→ Ig (x) = gxg −1
Segue destas igualdades que Inn G é um subgrupo normal de Aut G. Segue também que a
aplicação
φ : G −→ Inn G
g 7−→ φ(g) = Ig
é um homomorfismo sobrejetivo.
Observe agora que Ie = IdG . Mais geralmente, para g ∈ G, tem-se que Ig = IdG se, e
somente, se g ∈ Z(G). Logo, ker φ = Z(G) e assim G/Z(G) ≃ Inn G.
Observação 74 Se G1 e G2 são grupos isomorfos, então Aut G1 e Aut G2 também são iso-
morfos. No entanto, a recı́proca não é verdadeira, o que se pode constatar observando-se que o
grupo de Klein e o grupo S3 não são isomorfos, mas seus grupos de automorfismos são. Tem-se
que o grupo dos automorfismos do grupo de Klein é isomorfo ao S3 (veja o Exemplo 71 acima)
e Aut S3 ≃ S3 .
19
Observação 75 Sejam G um grupo finito e g1 , . . . gn ∈ G tais que G = ⟨g1 , . . . , gn ⟩. Para cada
i = 1, . . . , n, considere o conjunto Bi = {x ∈ G | o(x) = o(gi )}. Sendo φ ∈ Aut G e x ∈ G,
temos que o(φ(x)) = o(x). Logo, podemos definir a seguinte aplicação
F : Aut G −→ B1 × . . . × Bn
.
φ 7−→ F (φ) = (φ(g1 ), . . . , φ(gn ))
20
PRODUTO SEMIDIRETO
Notações: G = N o H e G = H n N .
Exemplo 77 Todo grupo G é o produto semidireto de G por {e} (produto semidireto trivial).
Todo produto direto é um produto semidireto.
Exemplo 79 Considere o grupo diedral infinito D∞ = Z × {1, −1} cuja operação é dada por
(a, n) ∗ (b, m) = (a + nb, nm). Tomando N = {(a, 1) | a ∈ Z} e H = {(0, 1), (0, −1)}, temos
que D∞ = N o H.
Exemplo 81 Tomando {( ) }
a 0
H= a ∈ IR∗
0 1
temos que H é subgrupo de GL2 (IR). Ademais, GL2 (IR) = SL2 (IR) o H.
Sendo G = N o H e h ∈ H, definamos
φh : N −→ N
.
x 7−→ φh (x) = hxh−1
φ : H −→ Aut N
.
h 7−→ φh
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Com isso observamos que um produto semidireto de N por H induz um homomorfismo de
H em Aut N . Observe que G é o produto direto interno de N por H se, e somente se, o
homomorfismo φ definido acima é trivial.
Considere agora G e K grupos (denote por eG e eK , respectivamente, os seus elementos
neutros) e suponha
ψ : G −→ Aut K
g 7−→ ψg
um homomorfismo de grupos. Considere o conjunto K × G e a operação “ ∗ψ ” em K × G
definida por
(x, g) ∗ψ (y, h) = (xψg (y), gh) .
Dados (x1 , g1 ), (x2 , g2 ), (x3 , g3 ) ∈ K × G, temos
[(x1 , g1 ) ∗ψ (x2 , g2 )] ∗ψ (x3 , g3 ) = (x1 ψg1 (x2 ), g1 g2 ) ∗ψ (x3 , g3 ) = (x1 ψg1 (x2 )ψg1 g2 (x3 ), g1 g2 g3 ) =
(x1 ψg1 (x2 )ψg1 (ψg2 (x3 )), g1 g2 g3 ) = (x1 ψg1 (x2 ψg2 (x3 )), g1 g2 g3 ) =
(x1 , g1 ) ∗ψ (x2 ψg2 (x3 ), g2 g3 ) = (x1 , g1 ) ∗ψ [(x2 , g2 ) ∗ψ (x3 , g3 )]
e assim “ ∗ψ ” é associativa. Além disso, dado (x, g) ∈ K × G, temos
(eK , eG ) ∗ψ (x, g) = (eK ψeG (x), eG g) = (x, g) e (x, g) ∗ψ (eK , eG ) = (xψg (eK ), geG ) = (x, g)
donde concluı́mos que (eK , eG ) é o elemento neutro de “ ∗ψ ”, e também
(x, g) ∗ψ (ψg−1 (x−1 ), g −1 ) = (xψg (ψg−1 (x−1 )), gg −1 ) = (xψgg−1 (x−1 ), eG ) = (eK , eG ) e
(ψg−1 (x−1 ), g −1 ) ∗ψ (x, g) = (ψg−1 (x−1 )ψg−1 (x), g −1 g) = (ψg−1 (x−1 x), eG ) = (eK , eG ).
Temos então que (K ×G, ∗ψ ) é um grupo, chamado de produto semidireto (externo) de K por G
com homomorfismo ψ. Denotamos este grupo por K oψ G. Observe que se ψ é o homomorfismo
trivial, então K oψ G é exatamente o produto direto de K por G.
Vejamos agora algumas observações importantes sobre o produto semidireto K oψ G. Os
conjuntos K1 = K × {eG } e G1 = {eK } × G são subgrupos de K oψ G, sendo K1 normal
em K oψ G. Não é difı́cil ver que G1 ≃ G e K1 ≃ K. Além disso, G1 K1 = K oψ G e
G1 ∩ K1 = {(eK , eG )}. Logo, K oψ G = K1 o G1 .
Exemplo 82 Considere o grupo multiplicativo C2 = {1, −1}. Sendo G um grupo abeliano,
defina
ψ : C2 −→ Aut G
n 7−→ ψn
onde ψn (g) = g n . Temos então que ψ1 é a identidade e ψ−1 é a inversão. Claramente, ψ é um
homomorfismo e a operação “ ∗ψ ” em G oψ C2 é dada por
(a, n) ∗ψ (b, m) = (aψn (b), nm) = (abn , nm).
Logo, G oψ C2 = DG.
22
Exemplo 83 Sendo G um grupo considere a aplicação identidade de Aut G. Considerando
agora o grupo G oId Aut G, temos que sua operação é dada por
φ : H −→ Aut N
h 7−→ φh
onde φh (x) = hxh−1 para todo x ∈ N , conforme foi definido anteriormente. Temos que
G ≃ N oφ H. De fato, considere a aplicação
f : N oφ H −→ G
.
(x, h) 7−→ f (x, h) = xh
fa : A −→ G
.
x 7−→ fa (x) = f (xa)
Temos então a seguinte aplicação
ψa : GA −→ GA
.
f 7−→ ψa (f ) = fa
ψ : A −→ GA
.
a 7−→ ψ(a) = ψa
23
Dados a, b ∈ A e f ∈ GA , temos ψab (f ) = fab e (ψa ◦ ψb )(f ) = ψa (ψb (f )) = (fb )a . Como, para
qualquer x ∈ A,
(fb )a (x) = fb (xa) = f (xab) = fab (x)
temos (ψa ◦ ψb )(f ) = ψab (f ) e assim concluı́mos que ψ é um homomorfismo de grupos.
Definimos o produto entrelaçado (ou produto wreath) de A e G, denotado por G ≀ A (ou por
G W r A) como sendo o grupo GA oψ A. Observe que neste grupo
{(χg , eA ) | g ∈ X} ∪ {(1GA , a) | a ∈ Y }
24
CICLOS E DECOMPOSIÇÃO CÍCLICA
Definição 85 Sejam α, β ∈ Sn .
a) Definimos M ov(α) = {i ∈ In | α(i) ̸= i} e F ix(α) = {i ∈ In | α(i) = i} = In − M ov(α).
b) Dizemos que α e β são disjuntas se M ov(α) ∩ M ov(β) = ∅.
Esta relação é de equivalência e as classes de equivalência determinadas por ela são chamadas
de órbitas de σ ou σ-órbitas. Observe que se i ∈ In , a σ-órbita de i é exatamente o conjunto
Oσ (i) = {σ k (i) | k ∈ Z}. Sendo mi = min{k ∈ N | σ k (i) = i}, então a σ-órbita de i
coincide com {i, σ(i), . . . , σ mi −1 (i)}. Para ver isso, sendo k ∈ Z, considere q, r ∈ Z, com
r ∈ {0, 1, . . . , mi − 1}, tais que k = qmi + r. Então, σ k (i) = σ r ((σ mi )q (i)) = σ r (i).
Observe também que se σ k1 (i) = σ k2 (i), com 0 ≤ k1 < k2 , então σ k2 −k1 (i) = i e assim
k2 − k1 ≥ mi . Logo, os elementos i, σ(i), . . . , σ mi −1 (i) são dois a dois distintos e portanto a
σ-órbita de i possui exatamente mi elementos. Temos que:
∪
• i∈In Oσ (i) = In .
• Se i, j ∈ In são tais que Oσ (i) ̸= Oσ (j), então Oσ (i) ∩ Oσ (j) = ∅.
• Para i, j ∈ In tem-se: Oσ (i) = Oσ (j) ⇐⇒ i ∈ Oσ (j) ⇐⇒ j ∈ Oσ (i).
• F ix(σ) = união das σ-órbitas unitárias.
• M ov(σ) = união das σ-órbitas não unitárias.
• σ = Id ⇐⇒ todas as σ-órbitas são unitárias.
25
Definição 87 Seja σ ∈ Sn , com σ ̸= Id. Dizemos que σ é um ciclo se σ possui uma única
órbita não unitária.
Demonstração. i) =⇒ ii) Se σ é um ciclo não trivial, então possui exatamente uma órbita não
unitária, a qual deve coincidir com M ov(σ).
26
Proposição 93 Sendo σ = (j1 j2 . . . jm ) ∈ Sn , tem-se:
a) σ = (j1 jm ) . . . (j1 j3 )(j1 j2 ) e assim todo ciclo é um produto de transposições.
b) α−1 = (jm . . . j2 j1 ).
c) o(σ) = m, ou seja, a ordem de um ciclo coincide com seu tamanho.
Demonstração. a) Imediato.
b) Basta observar que (j1 j2 . . . jm )(jm . . . j2 j1 ) = Id.
c) De σ(j1 ) = j2 , σ(j2 ) = j3 , . . . , σ(jm−1 ) = jm segue que σ k (j1 ) = jk+1 para todo k ∈
{1, . . . , m − 1}, e σ m (j1 ) = j1 . Daı́, como j1 , j2 , . . . , jm são dois a dois distintos, concluı́mos
que σ k ̸= Id para k ∈ {1, . . . , m − 1}. Resta agora mostrar que σ m = Id. Tomando i ∈ F ix(σ),
temos σ m (i) = i. Ademais, dado k ∈ {1, . . . , m}, temos jk = σ k−1 (j1 ) e daı́
Observação 94 1) Sendo σ e µ dois ciclos em Sn , temos que σ = µ se, e somente se, existe
i ∈ M ov(σ) ∩ M ov(µ) tal que σ k (i) = µk (i) para todo k ∈ Z.
2) Sejam α e β permutações disjuntas em Sn e considere σ = αβ. Temos que σ k = αk β k para
todo k ∈ Z. Logo, dado i ∈ M ov(α), temos que σ k (i) = αk (i), e portanto a σ-órbita de i
coincide com a α-órbita de i.
Temos µl ∈ Sn , uma vez que σ(Ol ) = Ol , e M ov(µl ) = Ol . Segue então que µ1 , µ2 , . . . , µm são
permutações duas a duas disjuntas. Para mostrar que σ = µ1 µ2 . . . µm , consideremos i ∈ In . Se
i ∈ F ix(σ), então i ∈ F ix(µ1 ) ∩ F ix(µ2 ) ∩ . . . ∩ F ix(µm ) e assim σ(i) = i = (µ1 µ2 . . . µm )(i); se
i ∈ M ov(σ), então i ∈ Ol para algum l ∈ {1, 2, . . . , m} e assim
27
Fixado l ∈ {1, 2, . . . , m}, arbitrário, para i ∈ Ol mostra-se facilmente que µkl (i) = σ k (i)
para todo k ∈ N, observando que σ(Ol ) = Ol e usando indução em k. Logo,
M ov(µl ) = Ol = {i, σ(i), . . . , σ rl −1 (i)} = {i, µl (i), . . . , µlrl −1 (i)} ⊆ Oµl (i)
Exemplo 99 As permutações
28
Observação 100 Sendo µ, σ ∈ Sn , Ol , . . . , Ok1 , as distintas µ-órbitas e O1′ , . . . , Ok′ 2 as
distintas σ-órbitas, observamos que µ e σ têm a mesma estrutura cı́clica se, e somente se
k1 = k2 e |Oi | = |Oi′ | para todo i = 1, 2, . . . , k1 (reordenando, se necessário).
−1
Considere um α, γ ∈ Sn , sendo α = (j1 j2 . . . jm ) um m-ciclo. Temos αγ = γαγ −1 =
(γ(j1 ) γ(j2 ) . . . γ(jm )) e assim concluı́mos que todos os conjugados de um m-ciclo em Sn são
também m-ciclos. Por outro lado, seja β = (i1 i2 . . . im ) um m-ciclo de Sn . Tomando µ uma
permutação qualquer de Sn que satisfaz µ(i1 ) = j1 , µ(i2 ) = j2 , . . . , µ(im ) = jm , temos αµ = β.
Do que foi feito acima, concluı́mos que se α é uma permutação qualquer de Sn , então
qualquer conjugado de α em Sn é uma permutação com a mesma estrutura cı́clica que α.
Por outro lado, se µ e σ são duas permutações de Sn com a mesma estrutura cı́clica, então
µ = α1 α2 . . . αm (ciclos 2 a 2 disjuntos) e σ = β1 β2 . . . βm (ciclos 2 a 2 disjuntos), com αi e βi
do mesmo tamanho, para i = 1, 2, . . . , m. Observando que os αi ’s são 2 a 2 disjuntos, que os
βi ’s também são, e usando as idéias acima, concluı́mos que existe γ ∈ Sn tal que γαi γ −1 = βi
para todo i = 1, 2, . . . , m, donde γµγ −1 = σ.
Concluı́mos então que duas permutações são conjugadas em Sn se, e somente se, possuem
a mema estrutura cı́clica.
29
PERMUTAÇÕES PARES E ÍMPARES
Observe que quando {i, j} corre sobre todo o conjunto P2 (n), tem-se que {σ(i), σ(j)} também
∏ ∏
corre sobre todo o conjunto P2 (n). Logo, 1≤i<j≤n (σ(j) − σ(i)) e 1≤i<j≤n (j − i) têm
exatamente os mesmos fatores, a menos de ordem e sinal, donde segue que sign(σ) = ±1.
Definição 101 Dizemos que σ ∈ Sn é uma permutação par se sign(σ) = 1, e que σ é ı́mpar
se sign(σ) = −1.
µ(2) − µ(1) µ(3) − µ(1) µ(4) − µ(1) µ(3) − µ(2) µ(4) − µ(2) µ(4) − µ(3)
sign(µ) = · · · · · = −1
2−1 3−1 4−1 3−2 4−2 4−3
e portanto µ é ı́mpar.
30
Considere agora o grupo multiplicativo C2 = {1, −1} e a aplicação
sign : Sn −→ C2
.
σ 7−→ sign(σ)
Dados σ, µ ∈ Sn , temos
∏ (σµ)(j) − (σµ)(i) ∏ σ(µ(j)) − σ(µ(i)) ∏ µ(j) − µ(i)
sign(σµ) = = · .
j−i µ(j) − µ(i) j−i
{i,j}∈P2 (n) {i,j}∈P2 (n) {i,j}∈P2 (n)
Quando {i, j} corre sobre todo o conjunto P2 (n), observa-se que {µ(i), µ(j)} também corre
sobre todo o conjunto P2 (n). Logo,
∏ σ(µ(j)) − σ(µ(i)) ∏ σ(j) − σ(i)
= = sign(σ)
µ(j) − µ(i) j−i
{i,j}∈P2 (n) {i,j}∈P2 (n)
e assim sign(σµ) = sign(σ)sign(µ). Temos então que sign é um homomorfismo, cujo núcleo é
o conjunto das permutações pares de Sn . Tomando então An = {σ ∈ Sn | σ é par}, temos que
An é um subgrupo normal de Sn . An é chamado de grupo alternado (ou grupo das permutações
pares) de grau n.
Concluı́mos então que Im(sign) = C2 e assim Sn /An ≃ C2 . Segue então que |Sn /An | = 2,
ou seja, |An | = n!/2.
b) Pelo ı́tem (a) temos sign(α1 α2 . . . αm1 ) = (−1)m1 e sign(β1 β2 . . . βm2 ) = (−1)m2 , donde
segue o resultado.
c) Seja σ ∈ Sn . Temos que existem α1 , α2 , . . . , αm transposições de Sn tais que σ = α1 α2 . . . αm
e daı́ sign(σ) = (−1)m . Segue então que σ é par se, e somente se, m é par.
31
( )
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Exemplo 108 Considerando a permutação µ = ∈ S9 , obser-
2 4 7 6 9 1 3 5 8
vamos que µ = (1 2 4 6)(3 7)(5 9 8) = (1 6)(1 4)(1 2)(3 7)(5 8)(5 9). Como µ pode
ser escrita como um produto de 6 transposições, temos que µ é par.
Demonstração. a) Como todo 3-ciclo é uma permutação par, temos que ⟨C3 ⟩ ⊆ An . Por
outro lado, se j1 , j2 , j3 , j4 ∈ In , então (j1 j3 )(j1 j2 ) = (j1 j2 j3 ) e (j1 j2 )(j3 j4 ) =
(j1 j2 )(j2 j3 )(j2 j3 )(j3 j4 ) = (j2 j3 j1 )(j3 j4 j2 ). Logo, toda permutação par pode ser
escrita como um produto de 3-ciclos e assim An ⊆ ⟨C3 ⟩.
b) Sejam α1 = (i1 i2 i3 ) e α2 = (j1 j2 j3 ) elementos de C3 . Sendo β ∈ Sn uma permutação
que satisfaz β(i1 ) = j1 , β(i2 ) = j2 e β(i3 ) = j3 , temos βα1 β −1 = α2 . Considere agora i4 ,
i5 ∈ In − {i1 , i2 , i3 }. Tomando γ = β ou γ = β(i4 i5 ), observe que γα1 γ −1 = α2 . Ademais, se
β é uma permutação ı́mpar, então β(i4 i5 ) é par.
Demonstração. Seja N E An , com N ̸= {Id}. Vamos mostrar que N deve conter pelo menos
um 3-ciclo. Teremos então, pelo lema anterior, que N = An , o que conclui a demonstração.
Tomemos β = β1 β2 . . . βm ∈ N , onde β1 , β2 , . . . , βm são ciclos (não triviais) dois a dois
disjuntos. Observemos que αβα−1 ∈ N para todo α ∈ An , e consideremos os seguinte casos:
1) β1 = (i1 i2 i3 i4 . . . ik ), com k ≥ 4. Sendo α = (i1 i2 i3 ), temos
e assim αβα−1 β −1 = αβ1 α−1 β1−1 . Mas, αβ1 α−1 = (i2 i3 i1 i4 . . . ik ) e portanto
αβ1 α−1 β1−1 = (i1 i2 i4 ). Logo, (i1 i2 i4 ) = αβα−1 β −1 ∈ N .
2) Todos os βj ’s são 3-ciclos e m ≥ 2. Sendo β1 = (i1 i2 i3 ), β2 = (i4 i5 i6 ) e α = (i4 i5 i3 ),
temos αβα−1 = (i1 i2 i4 )(i5 i3 i6 )β3 . . . βm e daı́ αβα−1 β = (i1 i4 i3 i2 i6 )β32 . . . βm 2
(observe
que β3 , . . . , βm são 3-ciclos). Segue então que (i1 i4 i3 i2 i6 )β3 . . . βm ∈ N e assim temos o
2 2 2 2
1o caso.
3) β1 , . . . , βl são 3-ciclos e βl+1 , . . . , βm são transposições, 1 ≤ l < m. Temos que β 2 =
β12 . . . βl2 βl+1
2 2
. . . βm ∈ N . Observe que βl+1 2
= . . . = βm2
= Id e β12 , . . . , βl2 são 3-ciclos. Se
l = 1, temos um 3-ciclo em N . Se l > 1, temos o 2o caso.
4) Todos os βj ’s são transposições e m ≥ 4. Sendo β1 = (i1 i2 ), β2 = (i3 i4 ), β3 = (i5 i6 ) e
α = (i2 i3 )(i4 i5 ) temos α−1 = α e αβα = (i1 i3 )(i2 i5 )(i4 i6 )β4 . . . βm . Logo,
2
αβαβ = (i1 i3 )(i2 i5 )(i4 i6 )(i1 i2 )(i3 i4 )(i5 i6 )β42 . . . βm = (i1 i5 i4 )(i2 i3 i6 ) .
32
Como αβαβ ∈ N , temos o 2o caso.
5) β = (i1 i2 )(i3 i4 ). Sendo α = (i1 i5 i2 ), onde i5 ∈ In − {i1 , i2 , i3 , i4 }, temos αβα−1 =
(i5 i1 )(i3 i4 ) e daı́ αβα−1 β = (i1 i2 i5 ). Logo, (i1 i2 i5 ) ∈ N .
33
AÇÃO DE UM GRUPO
Definição 112 Sejam G um grupo e X um conjunto não vazio. Definimos uma ação de G em
X como sendo uma aplicação
ρ : G × X −→ X
(g, x) 7−→ ρ(g, x) = g · x
que satisfaz:
i) e · x = x para todo x ∈ X.
ii) (g1 g2 ) · x = g1 · (g2 · x) para quaisquer g1 , g2 ∈ G e x ∈ X.
Exemplo 113 Sendo G um grupo e X um conjunto não vazio, arbitrários, considere a aplicação
ρ0 : G × X −→ X definida por ρ0 (g, x) = x. Esta aplicação é uma ação, chamada de ação
trivial de G em X. Observe que Stρ0 (x) = G e Oρ0 (x) = {x} para todo x ∈ X.
T : IR × IR2 −→ IR2
(t, (x, y)) 7−→ t · (x, y) = (x + t, y + t)
Temos uma ação do grupo aditivo dos reais no conjunto IR2 . Dado (x, y) ∈ IR2 , observamos que
StT (x, y) = {0}. Observamos também que OT (x, y) = {(x+t, y +t) | t ∈ IR}.Geometricamente,
esta órbita é a reta que contém o ponto (x, y) e tem inclinação de 45◦ .
34
Exemplo 116 Considere o grupo multiplicativo C∗ e o subgrupo C = {u ∈ C | |u| = 1} de
C∗ . A aplicação
θ : C × C −→ C
(u, z) 7−→ u · z = uz
é uma ação de C em C.
Temos Stθ (0) = C e Oθ (0) = {0}. Tomando agora z0 ∈ C − {0}, temos que Stθ (z0 ) = {1}
e Oθ (z0 ) = {uz0 | u ∈ C}. Geometricamente, esta órbita é a circunferência no plano complexo
de centro na origem e raio igual a |z0 |.
ρ1 : G × G −→ G
(g, x) 7−→ g · x = gxg −1
ρ2 : G × S(G) −→ S(G)
(g, H) 7−→ g · H = gHg −1
35
Exemplo 120 Considere a ação ρ : SX × X −→ X, definida por f · x = f (x). Temos
Stρ (x) = {f ∈ SX | f (x) = x} e Oρ (x) = X. Observe que esta ação é transitiva.
ρ1 : G × G −→ G
(g, x) 7−→ g · x = gxg −1
temos que Stρ1 (x) = CG (x) e Oρ1 (x) = {gxg −1 | g ∈ G}, para x ∈ G. O conjunto {gxg −1 | g ∈
G} é chamado de classe de conjugação de x em G e é normalmente denotado por CℓG (x) (ou
simplesmente Cℓ(x)).
Considerando agora a ação por conjugação
ρ2 : G × S(G) −→ S(G)
(g, H) 7−→ g · H = gHg −1
de G em G, temos que Stρ2 (H) = NG (H) e Oρ2 (H) = {gHg −1 | g ∈ G}, para H ∈ S(G).
Demonstração. Considere o conjunto EG:Stρ (x) = {gStρ (x) | g ∈ G} de todas as classes laterais
à esquerda de Stρ (x) em G e defina
Observe que se g1 Stρ (x) = g2 Stρ (x), então g1−1 g2 ∈ Stρ (x) e daı́ (g1−1 g2 ) · x = x. Logo,
g1 · x = g2 · x e assim F é bem definida. Ademais, F é sobrejetora.
Supondo agora g1 , g2 ∈ G tais que F (g1 Stρ (x)) = F (g2 Stρ (x)), temos g1 · x = g2 · x e assim
(g1 g2 ) · x = x. Logo, g1−1 g2 ∈ Stρ (x), ou seja, g1 Stρ (x) = g2 Stρ (x). Portanto, F é injetora.
−1
Assim, concluı́mos que F é bijetora e daı́ segue que |G : Stρ (x)| = |EG:Stρ (x) | = |Oρ (x)|, o
que nos dá o resultado.
36
ii) F ixρ (g) ⊆ F ixρ (g n ) para quaisquer g ∈ G e n ∈ Z;
∩
iii) F ixρ (G) = g∈G F ixρ (g).
Observe que para x ∈ X valem as equivalências:
ρ1 : G × G −→ G
.
(g, x) 7−→ g · x = gxg −1
Dado x ∈ G, temos que CℓG (x) é a ρ1 -órbita de x e assim |CℓG (x)| divide G. Observe agora
que F ixρ1 (G) em relação a ρ1 é o conjunto {x ∈ G | gxg −1 = x, ∀ g ∈ G} = Z(G).
Sejam Cℓ1 , . . . , Cℓn as distintas classes de conjugação de G. Sendo Cℓ1 , . . . , Cℓr as classes
de conjugação unitárias, temos Cℓ1 ∪ . . . ∪ Cℓr = Z(G) e
∑
n
|G| = |Z(G)| + |Cℓi | .
i=r+1
Proposição 125 Sejam G um grupo finito de ordem pn , com p primo, e X um conjunto finito.
Se ρ : G × X −→ X é uma ação de G em X, então |X| ≡ |F ixρ (G)| (mod p).
Corolário 126 Se G é um grupo finito de ordem pn , com p primo, então Z(G) é não trivial.
37
Demonstração. Considerando a ação por conjugação
ρ1 : G × G −→ G
(g, x) 7−→ g · x = gxg −1
temos F ixρ1 (G) = Z(G) e assim, pela proposição anterior, |G| ≡ |Z(G)| (mod p). Logo, p
deve dividir |Z(G)|, o que nos dá o resultado.
Demonstração. Supondo, por contradição, que G é um grupo não abeliano de ordem p2 , devemos
ter, pelo corolário anterior, |Z(G)| = p. Daı́, |G/Z(G)| = p e assim G/Z(G) é cı́clico, donde
segue que G é abeliano, contradição. Temos então que G deve ser abeliano.
Teorema 128 (Cauchy) Sejam G um grupo finito e p um divisor primo de |G|. Então G
possui pelo menos um elemento de ordem p.
fα : Zp −→ G
.
γ 7−→ fα (γ) = f (γ + α)
ρ : Zp × A −→ A
.
(α, f ) 7−→ α · f = fα
xp = f (0)f (1) . . . f (p − 1) = e
e assim o(x) = p.
38
Teorema 129 Sejam G um grupo finito, X um conjunto finito e ρ : G × X −→ X uma ação
de G em X. Se n é o número de ρ-órbitas distintas, então
1 ∑
n= |F ixρ (g)| .
|G| g∈G
Para encerrar esta seção, vamos mostrar que existe uma estreita relação entre os conceitos
de representação permutacional e ação de um grupo. Considere G um grupo e X um conjunto
não vazio. Sendo
ρ : G × X −→ X
(g, x) 7−→ ρ(g, x) = g · x
uma ação de G em X, definamos para cada g ∈ G a aplicação
φg : X −→ X
.
x 7−→ φg (x) = g · x
Mostremos que φg é bijetora. De fato, se x1 , x2 ∈ X são tais que φg (x1 ) = φg (x2 ), então
g · x1 = g · x2 . Daı́, x1 = g −1 · (g · x1 ) = g −1 · (g · x2 ) = x2 , e assim concluı́mos que φg é injetora.
Quanto a sobrejetividade, observe que se y ∈ X, então g −1 · y ∈ X e φg (g −1 · y) = y. Desta
forma, temos que φg ∈ SX para todo g ∈ G, e daı́ podemos definir a seguinte aplicação:
φρ : G −→ SX
.
g 7−→ φρ (g) = φg
39
Dados g1 , g2 ∈ G e x ∈ X, temos
φg1 g2 (x) = (g1 g2 ) · x = g1 · (g2 · x) = g1 · (φg2 (x)) = φg1 (φg2 (x)) = (φg1 ◦ φg2 )(x)
e assim φg1 g2 = φg1 ◦ φg2 . Desta forma, φρ é um homomorfismo de grupos e assim é uma
representação permutacional de G em X.
∩
Definimos o núcleo da ação ρ como sendo ker ρ(G) = x∈X Stρ (x). Observe que ker ρ =
ker φρ , e assim ker ρ E G.
Consideremos agora uma representação permutacional de G em X:
ψ : G −→ SX
.
g 7−→ ψ(g) = ψg
Definindo
ρψ : G × X −→ X
(g, x) 7−→ g · x = ψg (x)
temos que ρψ é uma ação de G em X. De fato, se x ∈ X, então e · x = ψe (x) = IdX (x) = x.
Ademais, para g1 , g2 ∈ G, temos
g1 · (g2 · x) = g1 · (ψg2 (x)) = ψg1 (ψg2 (x)) = (ψg1 ◦ ψg2 )(x) = ψg1 g2 (x) = (g1 g2 ) · x.
40
TEOREMAS DE SYLOW
Lema 130 Sejam G um grupo abeliano finito e p um divisor primo de |G|. Então G possui
pelo menos um elemento de ordem p.
Teorema 131 (Cauchy) Sejam G um grupo finito e p um divisor primo de |G|. Então G
possui pelo menos um elemento de ordem p.
Como p divide |G| e não divide |Z(G)|, temos que p não pode dividir o somatório. Sem perda
de generalidade, podemos supor que p não divide |Cℓ1 |. Para g ∈ Cℓ1 , temos |CG (g)||Cℓ1 | = |G|
e assim p deve dividir |CG (g)|. Como |CG (g)| < |G|, concluı́mos por hipótese de indução que
CG (g) deve possuir algum elemento de ordem p. Temos então o resultado.
Observação 132 Vamos apresentar uma outra demonstração do Teorema de Cauchy. Con-
siderando o conjunto A = {(x1 , x2 , . . . , xp ) ∈ Gp | x1 x2 . . . xp = e}, temos que |A| = |G|p−1 .
Tomando agora θ = (1 2 . . . p) ∈ Sp e H = ⟨θ⟩, defina:
ρ: H ×A −→ A
.
(σ, (x1 , x2 , . . . , xp )) 7−→ σ · (x1 , x2 , . . . , xp ) = (xσ−1 (1) , xσ−1 (2) , . . . , xσ−1 (p) )
Temos que |H| = p e que ρ é uma ação de H em A, com F ixρ (H) = {(x1 , x2 , . . . , xp ) ∈
A | x1 = x2 = . . . = xp }. Claramente, (e, e, . . . , e) ∈ F ixρ (H). Como |H| = p, devemos
41
ter |A| ≡ |F ixρ (H)| (mod p), e assim |F ixρ (H)| é múltiplo de p, uma vez |A| é múltiplo
de p. Segue então que deve existir algum elemento (x1 , x2 , . . . , xp ) ∈ F ixρ (H) diferente de
(e, e, . . . , e). Logo, x1 = x2 = . . . = xn ̸= e e xp1 = x1 x2 . . . xp = e, donde concluı́mos que
o(x1 ) = p.
Demonstração. Sendo LH = {gH | g ∈ G}, temos |LH | = |G : H|. Considerando a ação η dada
em (1), no caso particular H1 = H2 = H, temos F ixη (H) = {gH | g ∈ NG (H)} = NG (H)/H
e daı́ |F ixη (H)| = |NG (H) : H|. Como |H| é potência de p, segue da Proposição 125 que
|LH | ≡ |F ixη (H)| (mod p), ou seja, |G : H| ≡ |NG (H) : H| (mod p).
Teorema 134 (1o Teorema de Sylow) Seja G um grupo finito de ordem pn m, onde p é
primo, n ≥ 1 e p não divide m. Se k ∈ {1, 2, . . . , n}, então G possui pelo menos um subgrupo
de ordem pk . Ademais, se k < n e H é um subgrupo de G de ordem pk , então existe algum
subgrupo N de G tal que H E N e |N | = pk+1 .
Sejam G um grupo finito e p um primo divisor de |G|. O 1o Teorema de Sylow nos diz que
se pk divide |G|, então G deve possuir pelo menos um subgrupo de ordem pk . Particularmente,
G deve possuir algum subgrupo com ordem igual à maior potência de p que divide |G|.
Considere pn a maior potência de p que divide |G| (isto é, |G|/pn não é múltiplo de p). Um
subgrupo de G de ordem pn é chamado de Sp -subgrupo ou p-subgrupo de Sylow de G.
42
Exemplo 135 Seja |G| = 14000. Temos |G| = 24 · 53 · 7 e assim um S2 -subgrupo de G tem
ordem 16, um S5 -subgrupo tem ordem 125 e um S7 -subgrupo tem ordem 7. G também possui
subgrupos de ordens 2, 4, 8, 5 e 25.
Teorema 137 (2o Teorema de Sylow) Sejam G um grupo finito e p um primo divisor de
G. Se P1 e P2 são dois Sp -subgrupos de G, então P1 e P2 são conjugados.
η : P2 × LP1 −→ LP1
(h, gP1 ) 7−→ h · (gP1 ) = hgP1
e observando que P2 é um p-grupo temos que |F ixη (P2 )| ≡ |LP1 | (mod p) (pela Proposição
125). Logo, como p não divide |LP1 |, concluı́mos que F ixη (P2 ) = {gP1 ∈ LP1 | P2g ⊆ P1 }
não pode ser vazio. Daı́, existe g ∈ G tal que P2g ⊆ P1 . Agora, tendo em vista as igualdades
|P2g | = |P2 | = |P1 |, concluı́mos que P2g = P1 .
Teorema 138 (3o Teorema de Sylow) Sejam G um grupo finito, p um primo divisor de |G|
e np o número de Sp -subgrupos de G. Então, np ≡ 1 (mod p) e np divide |G : P |, onde P é
um Sp -subgrupo de G.
2. Seja G um grupo finito de orde pq, onde p e q são primos com p < q. Se p não divide
q − 1, então G é cı́clico.
4. Se G é um grupo de ordem 351, então G não pode ser simples (351 = 33 · 13).
43
5. Um grupo de ordem 182 possui, no máximo, 91 elementos de ordem 2.
16. Se G é um grupo de ordem 2p2 , com p primo ı́mpar, então G possui algum subgrupo de
ordem 2p. De fato, sejam a ∈ G, com o(a) = 2, e H um Sp -subgrupo de G. Observe que
H é normal em G. Se H é cı́clico, então H possui um único subgrupo N de ordem p,
donde N a = N e assim ⟨N, a⟩ é um subgrupo de G de ordem 2p. Supondo que H não é
cı́clico, temos que todo elemento de H possui ordem p. Como H é abeliano, a aplicação
φ : H −→ H
x 7−→ φ(x) = xa x
44
17. Se G é um grupo de ordem 4p2 , com p primo ı́mpar, então G possui algum subgrupo de
ordem 2p. De fato, seja a ∈ G um elemento de ordem 2. Supondo H1 e H2 dois subgrupos
distintos G de ordem p2 , temos que N = H1 ∩ H2 ⊆ Z(G) (observe que |N | = p), uma vez
que H1 H2 ⊆ CG (N ) (H1 e H2 são abelianos) e |H1 H2 | = p3 . Logo, ⟨N, a⟩ é um subgrupo
de G de ordem 2p.
Supondo que G possui um único subgrupo de ordem p2 , este deve ser normal e assim
concluı́mos que G possui algum subgrupo de ordem 2p2 .
23. Seja G um grupo de ordem 540. Se G possui subgrupo normal de ordem 4, então G possui
um único subgrupo de ordem 20.
45
GRUPOS ABELIANOS FINITAMENTE GERADOS
f : H1 × H2 × . . . × Hn −→ G
(h1 , h2 . . . , hn ) 7−→ f (h1 , h2 , . . . , hn ) = h1 h2 . . . hn
Exemplo 139 Todo grupo cı́clico é um GAFG e com número mı́nimo de geradores igual a 1.
Reciprocamente, se G é um GAFG tal que d(G) = 1, então G é cı́clico.
Exemplo 140 Sejam G1 , G2 , . . . , Gn grupos cı́clicos. Para cada i ∈ {1, 2, . . . , n}, denote
por ei o elemento neutro de Gi e considere gi ∈ Gi tal que Gi = ⟨gi ⟩. Não é difı́cil ver que
G = G1 × G2 × . . . × Gn é um grupo abeliano finitamente gerado e que os elementos
46
Demonstração. a) Sendo d(H) = n, tomemos h1 , h2 , . . . , hn ∈ H tais que H = ⟨h1 , h2 , . . . , hn ⟩.
Sendo d(G/H) = m, tomemos g1 , g2 , . . . , gm ∈ G tais que G/H = ⟨g1 , g2 , . . . , gm ⟩. Temos
então que G = ⟨h1 , h2 , . . . , hn , g1 , g2 , . . . , gm ⟩ e daı́ segue que d(G) ≤ n + m.
b) Sendo d(G) = n, tomemos x1 , x2 , . . . , xn ∈ G tais que G = ⟨x1 , x2 , . . . , xn ⟩. Temos então
G/H = ⟨x1 , x2 , . . . , xn ⟩ e daı́ concluı́mos que d(G/H) ≤ n = d(G).
Quanto a H, vamos usar indução em d(G). Se d(G) = 1, então G é cı́clico e assim d(H)
também é cı́clico, donde d(H) = 1. Consideremos agora d(G) > 1 e suponhamos que o resultado
é válido para todos os grupos abelianos finitamente gerados com número mı́nimo de geradores
menor que d(G). Sendo N = ⟨xn ⟩, temos que G/N = ⟨x1 , . . . , xn−1 ⟩ e daı́ d(G/N ) ≤ n − 1 <
d(G). Logo, HN/N é finitamente gerado e d(HN/N ) ≤ d(G/N ) ≤ n − 1. Mas, HN/N ≃
H/(H ∩ N ) e assim d(H/(H ∩ N )) ≤ n − 1. Ademais, H ∩ N é cı́clico, donde d(H ∩ N ) = 1.
Logo, H é finitamente gerado e d(H) ≤ d(H/(H ∩ N )) + d(H ∩ N ) ≤ n.
Exemplo 143 Considere o grupo aditivo Z dos inteiros. Sendo n ∈ N, vamos denotar por Zn
o produto direto |Z × .{z
. . × Z}. Não é difı́cil ver que os elementos
n
constituem um conjunto gerador para Zn e assim d(Zn ) ≤ n. Suponhamos agora que d(Zn ) < n.
Tomando o subgrupo N = (2Z)n de Zn , temos Zn /N ≃ Zn2 e assim d(Zn2 ) ≤ d(Zn ) < n. Mas,
pelo Exemplo anterior, temos d(Zn2 ) = n, o que nos dá uma contradição. Logo, d(Zn ) = n.
Lema 144 Se G é um grupo abeliano finitamente gerado livre de torção, então G ≃ Zn , onde
n = d(G). Ademais, se Zn ≃ Zm , então n = m.
Demonstração. Vamos trabalhar com indução em d(G). Se d(G) = 1, então G é cı́clico e daı́,
sendo livre de torção, deve ser isomorfo a Z.
Tomando agora n > 1, suponhamos que o resultado é válido para todo grupo abeliano
finitamente gerado livre de torção com número mı́nimo de geradores menor que n. Seja d(G) = n
e tomemos x1 , . . . , xn−1 , xn ∈ G tais que G = ⟨x1 , . . . , xn−1 , xn ⟩. Sendo N = ⟨x1 , . . . , xn−1 ⟩ e
H = ⟨xn ⟩, temos claramente que H ≃ Z e que G = HN . Por hipótese de indução, N ≃ Zn−1 ,
pois d(N ) = n − 1. Mostremos agora que |G : N | é infinito. De fato, supondo, por contradição,
que |G : N | é finito, digamos |G : N | = k, consideremos o homomorfismo φ : G −→ G definido
47
por φ(g) = g k . Temos que Im φ ⊆ N e daı́ d(Im φ) ≤ n − 1. Por outro lado, d(G) = n e assim
G e Im φ não podem ser isomorfos. Logo ker φ ̸= {e}, o que é uma contradição, uma vez que
todos o elementos de ker φ têm ordem finita. Assim , devemos ter |G : N | infinito de fato.
Observando agora que G/N = HN/N ≃ H/(H ∩ N ) e que G/N é infinito, concluı́mos que
H ∩ N = {e}. Logo, G ≃ H × N ≃ Z × Zn−1 ≃ Zn .
Quanto à segunda afirmação, basta observar o Exemplo 143.
Teorema 145 Seja G um grupo abeliano finitamente gerado. Então, G é finito ou existe n ∈ N
tal que G ≃ T (G) × Zn .
Vamos agora trabalhar no sentido de mostrar que todo grupo abeliano finito é isomorfo a
um produto direto de grupos cı́clicos.
Sendo G um grupo abeliano e n ∈ N, considere os seguintes subgrupos de G:
G(n) = {x ∈ G | xn = e} e Gn = {xn | x ∈ G} .
48
Lema 146 Sejam G um grupo abeliano finito e x0 ∈ G um elemento de ordem máxima em G.
Então valem:
a) o(g) divide o(x0 ) para todo g ∈ G.
b) Existe H subgrupo de G tal que H ∩ ⟨x0 ⟩ = {e} e G = H⟨x0 ⟩.
Demonstração. a) Suponhamos, por contradição, que existe x1 ∈ G cuja ordem não divide
o(x0 ). Daı́, existe algum inteiro primo p tal que o(x0 ) = k0 pn e o(x1 ) = k1 pm , com 0 ≤ n < m
n
e mdc(k0 , p) = mdc(k1 , p) = 1. Tomando agora a = xp0 e b = xk11 , temos o(a) = k0 e o(b) = pm ,
e daı́ mdc(o(a), o(b)) = 1. Logo, ab é um elemento de G de ordem k0 pm , o que contradiz a
maximalidade da ordem de x0 . Temos então o resultado.
b) Seja H um subgrupo de G de ordem máxima tal que H ∩ ⟨x0 ⟩ = {e}. Mostremos que
H⟨x0 ⟩ = G. De fato, supondo, por contradição, que H⟨x0 ⟩ ̸= G, tomemos g um elemento
de menor ordem possı́vel no conjunto G − H⟨x0 ⟩ e p um divisor primo de o(g). Claramente,
p divide o(x0 ) e g p ∈ H⟨x0 ⟩, donde g p = hxn0 , com h ∈ H e n ∈ Z. Sendo m ∈ N tal que
o(x0 ) = pm, temos e = (g p )m = hm xnm0 e assim xnm
0 = e (pois xnm
0 ∈ H ∩ ⟨x0 ⟩). Segue daı́ que
o(x0 ) divide nm e portanto p divide n. Tomando agora k ∈ N tal que n = pk, e a = gx−k 0 ,
temos que a ∈ / H e a ∈ H, uma vez que g ∈
p
/ H⟨x0 ⟩ e g = hx0 .
p n
Como H ( H⟨a⟩, devemos ter H⟨a⟩ ∩ ⟨x0 ⟩ = {e} e assim devem existir t ∈ Z e y ∈ H tais
que e ̸= yat ∈ ⟨x0 ⟩ e portanto g t ∈ H⟨x0 ⟩. Como g p ∈ H⟨x0 ⟩, mas g ∈/ H⟨x0 ⟩, não podemos ter
mdc(p, t) = 1. Portanto, p deve dividir t e assim, como a ∈ H, concluı́mos que at ∈ H, o que
p
Como G ≃ H, devemos ter G(p) ≃ H(p). Mas, |G(p)| = pm e |H(p)| = pn . Segue então que
m = n.
Tomemos agora ki = |Gi | e li = |Hi |, para i = 1, . . . , m, e uponhamos k1 < l1 . Temos
G = Gk11 × Gk21 . . . × Gkm1 ≃ Gk21 × . . . × Gkm1 , uma vez que Gk11 = {e}. Por outro lado,
k1
H k1 = H1k1 × . . . × Hnk1 , sendo todos esses fatores não triviais. Mas, Gk11 ≃ H1k1 , o que é uma
contradição, pois Gk11 é o produto direto de, no máximo, m − 1 p-grupos cı́clicos (não triviais)
49
e H1k1 é o produto direto de m p-grupos cı́clicos (não triviais). Devemos ter então k1 ≥ l1 e,
analogamente, k1 ≤ l1 . Logo, k1 = l1 .
k
Supondo agora ki = li para i = 1, . . . , r, com r < m, basta observar que |Hi r+1 | =
k l l
|Gi r+1 | = |Hi r+1 | = |Gir+1 | para todo i = 1, . . . , r, e usar um raciocı́nio análogo ao que foi feito
anteriormente para concluir que lr+1 = kr+1 . Isto conclui a demonstração.
50
que H ∩ ⟨x0 ⟩ = {e} e G = H⟨x0 ⟩. Logo, G ≃ H × ⟨x0 ⟩. Sendo o(x0 ) = dn , temos ⟨x0 ⟩ ≃ Zdn .
Como |H| < |G|, existem d1 , . . . , dn−1 ∈ N, com di dividindo di+1 , para i = 1, . . . , n − 2, tais
que H ≃ Zd1 × . . . × Zdn−1 . Ademais, dn−1 divide dn , uma vez que as ordens dos elementos de
G dividem dn . A unicidade segue imediatamente do corolário anterior.
b) Segue do ı́tem (a), bastando observar que cada Zdi é isomorfo ao produto direto de seus
subgrupos de Sylow, os quais são todos cı́clicos e de ordens potências de primos. A unicidade
segue imediatamente do corolário anterior.
Segue do Corolário acima e do Lema 148 que para n ∈ N, existem, a menos de isomorfismo,
exatamente p(n) grupos abelianos de ordem pn , onde p(n) é o número de partições do número
n.
Observação 152 Seja n ∈ N, com n = pn1 1 . . . pnk k , onde p1 , . . . , pk são primos dois a dois
distintos e ni ∈ N. Então:
a) Zp1n1 × . . . × Zpnk ≃ Zn .
k
b) Sendo G um grupo abeliano de ordem n e Hi um subgrupo de G de ordem pni i , para 1 ≤ i ≤ k,
tem-se G ≃ H1 × . . . × Hk .
Exemplo 154 Vejamos a classificação dos grupos abelianos de ordem 900. Observando que
900 = 22 .32 .52 , concluı́mos que, a menos de isomorfismo, os grupos abelianos de ordem 900 são:
1. Z4 × Z9 × Z25 ≃ Z900 .
2. Z2 × Z2 × Z9 × Z25 ≃ Z2 × Z450 .
3. Z4 × Z3 × Z3 × Z25 ≃ Z3 × Z300 .
4. Z2 × Z2 × Z3 × Z3 × Z25 ≃ Z6 × Z150 .
5. Z4 × Z9 × Z5 × Z5 ≃ Z5 × Z180 .
6. Z2 × Z2 × Z9 × Z5 × Z5 ≃ Z10 × Z90 .
51
7. Z4 × Z3 × Z3 × Z5 × Z5 ≃ Z15 × Z60 .
8. Z2 × Z2 × Z3 × Z3 × Z5 × Z5 ≃ Z30 × Z30 .
Exemplo 155 Seja G = Z14 × Z28 × Z140 . Observando que Z14 ≃ Z2 × Z7 , Z28 ≃ Z4 × Z7 e
Z140 ≃ Z4 × Z5 × Z7 , concluı́mos que que
G ≃ Z2 × Z4 × Z4 × Z5 × Z7 × Z7 × Z7 .
Teorema 156 (Teorema Fundamental) Seja G um grupo abeliano finitamente gerado. Então:
a) G ≃ Zd1 × Zd2 × . . . × Zdn × Zm , onde n, m ≥ 0, di divide di+1 , para todo i = 1, . . . , n − 1,
e d1 ≥ 2.
b) Se Zd1 × Zd2 × . . . × Zdn × Zm ≃ Zq1 × Zq2 × . . . × Zqu × Zv , com d1 , q1 ≥ 2, di divide di+1 ,
qj divide qj+1 e n, m, u, v ≥ 0, então n = u, m = v e di = qi para todo i = 1, 2, . . . , n
Temos então que existe N subgrupo de G tal que G/N ≃ (Zp )n+m e assim, pelo Exemplo 141,
d(G/N ) = n + m. Logo, n + m = d(G/N ) ≤ d(G) ≤ n + m, e assim d(G) = n + m.
Temos que (φ ◦ ψ)(0, 1) = (2, 1) e (ψ ◦ φ)(0, 1) = (q + 2, q + 1). Logo, Aut G não é comutativo.
52
GRUPOS SOLÚVEIS
Definição 158 Seja G um grupo. Dizemos que G é um grupo solúvel se existe uma série de
subgrupos
G = H0 D H1 D H2 D . . . D Hn−1 D Hn = {e}
com Hi /Hi+1 abeliano para todo i = 0, 1, . . . , n − 1.
Uma série de subgrupos de G como na definição acima é chamada de série abeliana. Vejamos
agora alguns exemplos.
Exemplo 159 Todo grupo abeliano é solúvel. De fato, sendo G um grupo abeliano, temos que
a série G = H0 D H1 = {e} é uma série abeliana, pois H0 /H1 = G/{e} ≃ G.
Exemplo 160 Se G é um grupo finito de ordem pq, com p e q primos, então G é solúvel. De
fato, se p = q, então G é abeliano e daı́ recai no exemplo anterior. Se p < q, segue dos teoremas
de Sylow que G possui um único subgrupo N de ordem q. Daı́, N E G e a série
G = H0 D H1 = N D H2 = {e}
é abeliana, uma vez que H0 /H1 e H1 /H2 são grupos de ordem prima e portanto abelianos.
Exemplo 161 Sendo p ∈ N um primo, temos que todo p-grupo finito é solúvel. De fato, sendo
G um grupo finito tal que |G| = pn , segue dos teoremas de Sylow que existem subgrupos
{e} = H0 E H1 E H2 E . . . E Hn−1 E Hn = G
de G tais que |Hk | = pk para todo k = 0, 1, . . . , n. Temos então que |Hk+1 /Hk | = p para todo
k = 0, 1, . . . , n − 1, donde Hk+1 /Hk é abeliano.
Não é difı́cil ver que DG, munido desta operação, é um grupo, cujo elemento neutro é (e, 1).
Observe que H = {(a, 1) | a ∈ G} é um subgrupo de DG isomorfo a G e |DG : H| = 2.
Assim, H E DG e DG/H é abeliano. Logo, a série
DG D H D {e}
53
Exemplo 163 Os grupos simples não abelianos não são solúveis. De fato, seja G um grupo
simples não abeliano. Supondo G solúvel, tomemos uma série abeliana
G = H0 D H1 D H2 D . . . D Hn−1 D Hn = {e}
de G. Da hipótese de G ser simples segue que H1 = G ou H1 = {e}. Mas, como G/H1 e G não
são isomorfos, devemos ter H1 = G. Usando indução juntamente com essa idéia, concluı́mos
que Hi = {e} para todo i = 0, 1, . . . , n, o que é um absurdo, pois G não pode ser trivial.
Assim, G não pode ser solúvel.
Vamos agora estudar o subgrupo comutador de um grupo e sua estreita ligação com o
conceito de solubilidade de grupos.
Definição 165 Seja G um grupo. Definimos o subgrupo comutador (ou subgrupo derivado) de
G, denotado por G′ , como sendo
G′ = ⟨[x, y] | x, y ∈ G⟩.
Observamos imediatamente que G′ = {e} se, e somente se, G é um grupo abeliano. Como
[x, y]−1 = [y, x] para quaisquer x, y ∈ G, temos
54
Demonstração. i) =⇒ ii) Suponhamos G′ ⊆ N . Assim, dados g ∈ G e n ∈ N , temos que
[n, g] ∈ G′ e portanto N é normal em G.
Considerando agora x e y elementos quaisquer do grupo quociente G/N , temos
[x, y] = [x, y] = e
[x, y] = [x, y] = e
Segue então que An ⊆ Sn′ , uma vez que An é gerado pelos produtos de duas transposições em
Sn . Temos então Sn′ = An .
temos que GLn (K)′ ⊆ SLn (K). Para ver isto, basta observar que dados X, Y ∈ GLn (K),
tem-se det[X, Y ] = (det X)−1 (det Y )−1 (det X)(det Y ) = 1 e assim [X, Y ] ∈ SLn (K).
Exemplo 171 Sendo G um grupo abeliano, considere o grupo DG do Exemplo 162. Observe
que neste grupo (a, n)−1 = (a−n , n).
Tomando N = {(a2 , 1) | a ∈ G}, não é difı́cil ver que N é um subgrupo de DG. Mostremos
que N = (DG)′ . De fato, dados (a, n), (b, m) ∈ DG, temos
pois n, m ∈ {−1, 1}, e assim (DG)′ ⊆ N . Por outro lado, dado a ∈ G, temos
55
Vejamos agora a definição de série derivada de um grupo e sua estreita relação com o
conceito de solubilidade. Sendo G um grupo, definimos G(0) = G e G(1) = G′ . Como G′ é um
grupo, ele também tem o seu subgrupo derivado, (G′ )′ , também denotado por G′′ e chamado
de 2a derivada de G. Definimos então G(2) = G′′ . Denotando o subgrupo derivado de G′′ por
G′′′ , definimos G(3) = G′′′ (chamado de 3a derivada de G). Assim, definimos indutivamente
G(n+1) = (G(n) )′ para n ∈ N, e temos a série
G = H0 D H1 D H2 D . . . D Hn−1 D Hn D . . .
tais que Hi /Hi+1 é abeliano para todo i ≥ 0, mostremos que G(i) ⊆ Hi para todo i ∈ N. De
fato, como G/H1 é abeliano, segue da Proposição (167) que G′ ⊆ H1 , ou seja, a afirmação vale
para i = 1. Supondo agora G(i) ⊆ Hi para algum i ≥ 1, temos
sendo esta última inclusão válida pela hipótese de Hi /Hi+1 ser abeliano. Esses argumentos
demonstram o resultado seguinte.
Teorema 172 Seja G um grupo. Então, G é solúvel se, e somente se, existe n ∈ N tal que
G(n) = {e}.
É claro que se G(n) = {e} para algum n ∈ N, então G(i) = {e} para todo i ≥ n. Sendo
G um grupo solúvel, definimos o comprimento derivado de G, denotado por d(G), com sendo
d(G) = min{n ∈ N | G(n) = {e}}. Observe que d(G) = 1 se, e somente se, G é abeliano. Pelo
que foi visto acima, concluı́mos que d(G) é exatamente o menor comprimento que uma série
abeliana de G pode ter.
Exemplo 173 Considere o grupo simétrico S4 . De acordo com o Exemplo 169, S4′ = A4 .
Considerando agora o subgrupo V4 = {Id, (1 2)(3 4), (1 3)(2 4), (1 4)(2 3)} de A4 , temos
que V4 E A4 e |A4 /V4 | = 3. Assim, A′4 ⊆ V4 , e a inclusão contrária, que também é válida,
é deixada como exercı́cio para o leitor. Logo, S4′′ = A′4 = V4 . Como V4 é abeliano, temos
S4′′′ = A′′4 = V4′ = {Id}. Concluı́mos então que os grupos S4 e A4 são solúveis, com d(S4 ) = 3 e
d(A4 ) = 2.
56
Proposição 174 Sejam G um grupo e H e N subgrupos de G, com N E G. Então valem:
a) H (n) ⊆ G(n) para todo n ≥ 0. Consequentemente, se G é solúvel, então H é solúvel.
b) Se G é solúvel, então G/N é solúvel.
c) Se N e G/N são solúveis, então G é solúvel.
G = H0 D H1 D H2 D . . . D Hn−1 D Hn = {e}.
G = N H0 D N H1 D N H2 D . . . D N Hn−1 D N Hn = N
tais que Hi /Hi+1 e Nj /Nj+1 são abelianos, para 1 ≤ i ≤ n e 1 ≤ j ≤ m. Juntando essas duas
séries, temos uma série abeliana de G e assim G é solúvel.
57
CONJUGAÇÃO
Observação 177 Observe que ax = Ix−1 (a) e H x = Ix−1 (H), onde Ix−1 é o automorfismo
interno de G associado a x−1 . Logo, H x é um subgrupo de G isomorfo a H. Ademais, se H é
finito, então H x é também finito e |H x | = |H|.
Sendo H o subgrupo de GL2 (IR) gerado por A, temos que H B = ⟨AB ⟩ é um subgrupo próprio
de H.
58
Observação 183 1) Não é difı́cil ver que CG (a) e NG (H) são subgrupos de G. Ademais,
∩
CG (X) = x∈X CG (x) e assim CG (X) é um subgrupo de G.
2) Definimos também CH (a) = H ∩ CG (a) = {h ∈ H | ha = ah} (centralizador de a em H) e
CH (X) = H ∩ CG (X) = {h ∈ H | hx = xh, ∀ x ∈ X} (centralizador de X em H).
Exemplo 184 Se G é um grupo, então Z(G) = CG (G). Observe que para g ∈ G vale:
CG (g) = G ⇐⇒ g ∈ Z(G). Observe também que se G é abeliano, então todos os centra-
lizadores (de elementos e de subconjuntos) são iguais a G.
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6) ⟨X⟩y = ⟨xy | x ∈ X⟩.
7) X ⊆ CG (X1 ) ⇐⇒ X1 ⊆ CG (X).
8) Se X ⊆ X1 , então CG (X1 ) ⊆ CG (X).
9) Se H é abeliano e h ∈ H, então H ⊆ CG (H) ⊆ CG (h).
10) CG (ax ) = (CG (a))x e CG (H x ) = (CG (H))x .
11) NG (H x ) = (NG (H))x .
12) CG (H) E NG (H).
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