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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA


COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

Discussão de Parâmetros de Projeto de


Secadores Ciclônicos

Autor: Jefferson Luiz Gomes Corrêa


Orientador: Profa. Dra. Silvia Azucena Nebra
Co-orientador: Profa. Dra. Maria Aparecida Silva
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE ENERGIA

Discussão de Parâmetros de Projeto de


Secadores Ciclônicos
Autor: Jefferson Luiz Gomes Corrêa
Orientador: Profa. Dra. Silvia Azucena Nebra
Co-orientador: Profa. Dra. Maria Aparecida Silva

Curso: Engenharia Mecânica


Área de Concentração: Térmica e Fluídos

Tese de doutorado apresentada à comissão de Pós Graduação da Faculdade de Engenharia


Mecânica, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica.

Campinas, fevereiro de 2003


S.P. – Brasil
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE ENERGIA

TESE DE DOUTORADO

Discussão de Parâmetros de Projeto de


Secadores Ciclônicos
Autor: Jefferson Luiz Gomes Corrêa
Orientador: Silvia Azucena Nebra

____________________________________________________
Profa. Dra. Silvia Azucena Nebra
Faculdade de Engenharia Mecânica, UNICAMP
____________________________________________________
Prof. Dr. Marcio Luiz de Souza-Santos
Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP
____________________________________________________
Prof. Dr. Caio Glauco Sanchez
Faculdade de Engenharia Mecânica - UNICAMP
____________________________________________________
Prof. Dr. Milton Mori
Faculdade de Engenharia Química - UNICAMP
___________________________________________________
Prof. Dr. José Renato Coury
Departamento de Engenharia Química- UFSCar

Campinas, 20 de fevereiro de 2003


Dedicatória:

Aos meus pais e à minha esposa, o melhor e mais puro sentimento que eu possa expressar.

Com especial carinho, ao que vai chegar, meu filho Vinícius.


Agradecimentos

Algumas pessoas foram importantes para a realização deste trabalho. A elas, gostaria de
prestar minha homenagem:

A Deus por ter se mostrado presente em todos os momentos.

À Profa. Dra. Silvia Azucena Nebra pela impecável orientação e por seu também
impecável exemplo de pessoa humana.

À Profa. Dra. Maria Aparecida Silva pela co-orientação e amizade desde o mestrado.

À Faculdade de Engenharia Mecânica, através do depto de Energia, pela


infraestrutura oferecida ao trabalho experimental.

Aos Professores Doutores Sandra Cristina S. Rocha, Milton Mori, Caio Glauco
Sanchez, Meuris Carlos Gurgel da Silva, José Renato Coury, Katia Tannous, Florência Cecília
Menegalli, Marcio Luiz de Souza-Santos, Eugênio Spinó Rosa e Inácio Maria Dal Fabbro pelo
empréstimo de materiais e/ou uso de laboratório e/ou sugestões.

Aos Professores Doutores Eugênio Spinó Rosa, Marcelo Ganzarolli, Fernando A.


França e Carlos Alberto Carrasco Altemani pela paciência em tratar com um vizinho de
laboratório que proporcionasse barulho e particulados para todo o ambiente.

À Usina Ester pela cessão de bagaço de cana, com o qual foram realizados os
experimentos relativos a este trabalho.

À Usina Cruz Alta pela disponibilidade em fornecer dados de seus secadores e


acolhimento na cidade de Olímpia.

Aos alunos de Iniciação Científica Marcelo Theotônio Teixeira Rios, Marcio de


Oliveira Chamma e Daniel Rezende Graminho pela ajuda na realização de experimentos.
Aos técnicos de laboratório Alcimar, Luis, Geraldo e Adriano, ao eletricista
Alexandre pela ajuda na montagem do sistema experimental e ao Sr Carlos Eduardo Pereira pela
ajuda na instalação de programas computacionais.

À assistência técnica da ESSS, nas pessoas dos Engenheiros Alexandre, Rodrigo e


Daniel pelo auxílio a dúvidas de operação do CFX 4.4.

Ao prezado amigo Dr. Alexandre de Paula Peres pelo auxílio nas primeiras
simulações e a toda confraria EQ-90 pela amizade.

Aos colegas de sala Mario, Marcelo, Lourenço e Ricardo pelo companheirismo.

À minha sempre amada Raquel por tudo o que já vivemos em sonhos e realizações.
Acordar ao seu lado me faz um bem enorme.

Aos meus pais por tudo o que sou e à minha família que, em períodos de
“entressafra” de bolsa, sempre me estendeu a mão para que eu pudesse seguir em minha carreira
acadêmica. Por aceitar e apoiar minha escolha, meu eterno Muito Obrigado. Sempre, sempre e
sempre!

Aos meus queridos avós pela ternura.

Aos meus sogros pelas palavras de incentivo.

Ao CNPq (Processo No 147045/1999-1) e à FAPESP (Processo No 2000/03087-0)


pelo suporte financeiro

A todos que, de alguma forma, deram a sua contribuição.


Ultrapassa-te a ti mesmo
a cada dia,
a cada instante...

Não por vaidade,


mas para corresponderes
à obrigação sagrada
de contribuir
sempre mais
e sempre melhor,
para a construção do Mundo...

(Dom Hélder Câmara)


Resumo

CORRÊA, Jefferson Luiz Gomes, Discussão de Parâmetros de Projeto de Secadores Ciclônicos,


Campinas: Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2003.
169 p. Tese (Doutorado)

A secagem de bagaço de cana em equipamentos ciclônicos foi estudada neste trabalho. O


tempo de residência das partículas é extremamente importante neste processo e, para que se
obtivesse um equipamento que proporcionasse um alto valor desta variável, foram estudadas
teórica e experimentalmente variações na geometria de um ciclone. Confeccionou-se dois
equipamentos que se diferenciavam pela parte cônica, chamados de câmara ciclônica e ciclone.
Observou-se grande diferença do escoamento e de tempo de residência nos equipamentos
estudados. Foram realizados experimentos e simulações de perfil de velocidade e secagem nos
dois aparatos. As simulações foram desenvolvidas com o auxílio do código computacional
comercial CFX 4.4 com testes de modelos de turbulência e esquemas de interpolação. O modelo
de turbulência k-ε e o esquema de interpolação upwind foram os que melhor ajustaram os
resultados experimentais. O modelo Lagrangeano, utilizado para o tratamento de partículas não
mostrou um bom ajuste para o tempo de residência das partículas devido à alta concentração
volumétrica utilizada no processo, mas contribuiu no projeto do ciclone e na visualização da
trajetória das partículas. Os resultados experimentais e teóricos de secagem apresentaram
bastante semelhança e os primeiros recomendam o uso deste equipamento como secador.

Palavras Chave

- Secagem, Ciclone, Bagaço de Cana, CFD


Abstract

CORRÊA, Jefferson Luiz Gomes, Discussion of Cyclonic Dryers Design Parameters, Campinas:
Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2003. 169 p.
Tese (Doutorado)

Sugar cane bagasse drying in cyclonic devices was studied here. Particle residence time
is very important in such process. Changes in the devices geometry were done to obtain an
apparatus that carries to a high particle residence time. This changes were done theoretical and
experimentally. Two different cyclonic devices were made. They are called cyclonic chamber
and cyclone. They differ in the conical part. Fluid mechanics and particle residence time were
very different in these two apparatuses. Experiments and simulations of velocity field and drying
were done in both apparatuses, using a computational commercial code called CFX 4.4.
Turbulence models and interpolation schemes were tested k-ε turbulence model and upwind
scheme were the best choice. Lagrangean particle treatment did not show a good fitness due to
the high volumetric concentration of particles used in this process. However, it was a good way
to visualize particle trajectory and to design a device. Experimental e theoretical drying data
showed a good agreement and the first ones make this apparatus a good dryer.

Key Words
Drying, Ciclone, Sugar Cane Bagasse, CFD
Sumário
Lista de Figuras i

Lista de Tabelas iv

Nomenclatura vi

1 Introdução 1

2 Secagem de Bagaço de Cana 5

3 Ciclones 13

4 Modelo Matemático e Método Numérico 31

5 Materiais e Métodos Experimentais 46

6 Estudo de um Sistema de Alimentação para o Bagaço de Cana 75

7 Câmara Ciclônica 84

8 Ciclone como Secador 102

9 Conclusões e Sugestões para Próximos Trabalhos 119

Referências Bibliográficas 123

Referências Consultadas 143

Anexo A – Equações Auxiliares e Cálculos de Incerteza das Medições 149


Anexo B – Dimensionamento da Câmara Ciclônica 154
Anexo C – Calibração da Sonda (Pitot Cilíndrico) em Túnel de Vento 158
Lista de Figuras

3.1 O ciclone e suas dimensões características 14


3.2 Esquema do escoamento em um ciclone 19
4.1 Malha para tratamento numérico unidimensional 42
5.1 Amostra de bagaço de cana 52
5.2 Distribuição granulométrica obtida com teor de umidade 2,76% (b.u.) 52
5.3 Relação entre porcentagem de fibras e diâmetro médio granulométrico 53
5.4 Dimensões das partículas cilíndricas de bagaço de cana 54
5.5 Influência do teor de umidade no diâmetro médio das partículas 56
5.6 Densidade do bagaço de cana em função do teor de umidade 57
5.7 Esquema do sistema experimental 58
5.8 Sistema experimental – vista lateral 59
5.9 Sistema experimental – vista frontal 60
5.10 Vista superior do sistema experimental 61
5.11 Detalhe da esteira e do alimentador Venturi 63
5.12 Alimentador Venturi com medidas em milímetros 64
5.13 Sistema experimental acoplado à câmara ciclônica sem isolamento térmico 65
5.14 Características geométricas da câmara ciclônica e do ciclone 66
5.15 Detalhe da parte superior do ciclone 67
5.16 Detalhe da parte inferior do ciclone 69
6.1 Alimentador Venturi com medidas em milímetros 78
6.2 Perfis de velocidade experimentais obtidos no alimentador Venturi 81
6.3 Perfis de velocidade para o alimentador Venturi fechado 83
6.4 Perfis de velocidade para o alimentador Venturi aberto 83

i
7.1 Localização dos pontos de medidas de perfis de velocidade na câmara 85
ciclônica
7.2 Perfis de velocidade tangencial medidos em pontos localizados conforme 86
figura 7.1 tomada a, escoamento sem partículas
7.3 Perfis de velocidade tangencial medidos em pontos localizados conforme 87
figura 7.1 tomada a’, escoamento sem partículas
7.4 Perfil experimental de velocidade axial a 63 cm do topo da câmara ciclônica, 88
escoamento sem partículas
7.5 Perfis de velocidade tangenciais considerando velocidade uniforme de 5,2 ms-1 89
na entrada da câmara, escoamento sem partículas
7.6 Perfil de velocidade na entrada da câmara ciclônica (após o alimentador 90
Venturi), escoamento sem partículas
7.7 Malha utilizada nas simulações que envolveram o alimentador Venturi 91

7.8 Perfis de velocidade tangenciais na câmara ciclônica (ponto simetricamente 92


oposto ao ponto 1, figura 7.1) considerando velocidade uniforme de 6,9 ms-1
na entrada do alimentador Venturi, escoamento sem partículas
8.1 Trajetória das partículas na câmara ciclônica (simulação 1, tabela 8.1) 104
8.2 Trajetória das partículas no ciclone (simulação 2, tabela 8.1) 105
8.3 Localização dos pontos de medidas de perfis de velocidade no ciclone 106
8.4 Perfis experimentais de velocidade tangencial medidos no ponto 3, conforme 107
figura 8.3, escoamento sem partículas
8.5 Perfis experimentais de velocidade axial medidos no ponto 3, conforme figura 107
8.3, escoamento sem partículas
8.6 Malha numérica utilizada nas simulações do ciclone 109
8.7 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3, 110
localização horizontal a, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas
8.8 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3, 111
localização horizontal a’, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas
8.9 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3, 112
localização horizontal a, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas

ii
8.10 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3, 112
localização horizontal a’, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas

iii
Lista de Tabelas

2.1 Temperatura final de combustão e eficiência da caldeira em relação à presença 9


do secador (Edwards, 1981)
3.1 Dimensões de ciclones padrões. Fonte: Cooper e Alley (1994) 15
4.1 Constantes dos modelos k-ε e k-ε modificado para fluxos rotativos (Abujelala e 35
Lilley, 1984).
5.1 Distribuição granulométrica do bagaço de cana 51
5.2 Valores médios de dimensões de partículas de bagaço de cana Fonte: Nebra e 55
Macedo (1988)
5.3 Dimensões da câmara ciclônica e do ciclone 68
6.1 Condições experimentais 79
7.1 Resultados experimentais de tempo de residência de esferas de vidro na câmara 94
ciclônica
7.2 Efeitos principais e de interação nas variáveis estudadas no tempo de residência 97
de esferas de vidro na câmara ciclônica
7.3 Resultados simulados e experimentais de tempo de residência das partículas (tres) 99
obtidos na câmara ciclônica, para h=0,730m, α = 8o, Ws = 0,116kg/s
7.4 Resultados dos experimentos de secagem na câmara ciclônica 101
8.1 Resultados de tempo de residência das partículas (tres) simulados para algumas 104
geometrias modificadas
8.2 Resultados experimentais de tempo de residência de esferas de vidro no ciclone 114
e na câmara ciclônica

iv
8.3 Resultados simulados e experimentais de tempo de residência de partículas (tres) 115
obtidos no ciclone
8.4 Resultados experimentais de secagem e de tempo de residência de bagaço de 116
cana obtidos no ciclone
8.5 Resultados de simulações de secagem do teste 3, tabela 8.4 8

8.6 Resultados médios de simulações de secagem 111

v
Nomenclatura

Letras latinas Dimensão


a altura do duto de entrada [m]
A área [m2]
Ap área transversal de uma partícula não esférica de volume V [m2]
Asp área transversal de uma partícula esférica de volume V [m2]
b largura do duto de entrada [m]
b.s. base seca -
b.u. base úmida -
B diâmetro do tubo de saída inferior do ciclone [m]
CD coeficiente de arraste -
Cp capacidade calorífica [Jkg-1K-1]
CSF fator de seção cruzada -
CV concentração volumétrica [m3 sólido/
m3 gás]
Cwa calor específico da água líquida [Jkg-1K-1]
d diâmetro de uma partícula esférica [m]
dp diâmetro da partícula [m]
D diâmetro da coluna cilíndrica do ciclone [m]
De diâmetro do tubo de saída do gás [m]
Dwag difusividade de água na fase gasosa [m2s-1]
e abertura de peneira [m]
Fat força de atrito [N]

vi
FD força de arrasto [N]
g aceleração da gravidade [ms-2]
gzl perda de carga [Jkg-1]
h altura da seção cilíndrica do ciclone [m]
hc altura da seção cônica do ciclone [m]
h entalpia [Jkg-1]
H altura total do ciclone [m]
Hv entalpia de vaporização [Jkg-1]
i dimensão das fibras de bagaço de cana conforme equação 5.7 [m]
j dimensão das fibras de bagaço de cana conforme equação 5.7 [m]
k energia cinética turbulenta [m2s-2]
l dimensão das fibras de bagaço de cana conforme equação 5.7 [m]
K constante genérica -
Li distância vertical do topo do ciclone ao duto de entrada [m]
m massa [kg]
M peso molecular [kg kgmol-1]
N força normal [N]
P pressão [Pa]
pf percentual de fibras [%]
RU redução de umidade -
Q vazão volumétrica [m3s-1]
r raio genérico [m]
s porcentagem de açúcar no bagaço de cana [-]
S altura do tubo de saída do gás [m]
SAp área superficial de uma partícula não esférica de volume V [m2]
SAsp área superficial de uma partícula esférica de volume V [m2]
t tempo [s]
tres tempo de residência das partículas [s]
T temperatura [K]
u vetor velocidade [ms-1]

vii
v velocidade tangencial [ms-1]
v0 velocidade do ar na entrada do ciclone [ms-1]
vR velocidade relativa gás-partícula [ms-1]
V volume [m3]
w velocidade axial [ms-1]
W vazão mássica [kgs-1]
x fração mássica -
X teor de umidade do sólido (b.s) -
X’ teor de umidade do sólido (b.u) -
Y umidade absoluta do gás [kg água/
kg ar seco]
z unidade de dimensão geral [m]

Letras gregas
α ângulo da parte cônica do ciclone com a vertical [grau]
χ esfericidade -
ε taxa de dissipação de energia turbulenta [m2s3]
γ variável genérica -
λ condutividade térmica [Wm-1K-1]
µ viscosidade dinâmica do fluido [kgm-1s-1]
ν viscosidade cinemática do fluido [m2s-1]
θ ângulo entre a direção do escoamento e o eixo horizontal [grau]
perpendicular à sonda cilíndrica
ρ massa específica [kgm-3]
τ tensor tensões [kgm-1s-2]

Subscritos
1 condição inicial
a ar úmido
din dinâmica

viii
i entrada
eff efetivo
f fluido
g gás
gd gás seco
o saída
p partícula
pd partícula seca
pe peneira
ref referência
rem partícula remanescente
s sólido
sat saturado
T turbulento
w úmido

Superescritos
médio
‘ flutuação

Números Adimensionais
Re número de Reynolds
Sh número de Sherwood
Nu número de Nusselt
Pr número de Prandlt

ix
Capítulo 1

Introdução

A utilização de biomassa apresenta-se como uma importante alternativa para geração de


energia em relação a combustíveis fósseis. O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de
biomassa e o maior produtor de cana de açúcar do mundo (Lora et al., 2001). Segundo Anthony
(1995), a queima de biomassa produz uma quantidade bem menor de NOx que a de combustíveis
fósseis. Além disto, praticamente não contribui para o efeito estufa (Macedo, 2002) e não produz
SOx.

Trindade (1997), estudando as fontes de energia renováveis e não renováveis do estado de


São Paulo, concluiu que as fontes de energia renováveis, constituídas de bagaço de cana e do
potencial hidrelétrico remanescente, são as melhores opções internas de suprimento de energia
para o estado nos próximos 20 anos, tanto em relação ao custo de geração, quanto à
disponibilidade.

Segundo Walter (1994), em seu estudo de cogeração na indústria sucro-alcooleira, a


produção de energia elétrica via subprodutos da cana não tem condições de resolver, por si só,
problemas como a expansão da capacidade de geração de eletricidade, mas sua contribuição pode
ser significativa.

1
Reportagens publicadas no jornal Gazeta Mercantil em 2000 apontaram para a viabilização
da utilização do bagaço de cana para geração de energia. Em 6 de maio daquele ano foi publicada
a notícia do investimento de R$ 350 milhões na construção e melhoria de 35 termelétricas
movidas a bagaço pela Companhia Geral de Distribuição de Energia Elétrica (CGDE). Num
artigo publicado em 15 de maio de 2000 naquele jornal falava-se de acordos entre a Companhia
Paulista de Força e Luz (CPFL) e os usineiros do estado de São Paulo para a venda de energia
excedente, destacando-se as Usinas “Santa Elisa” e “Vale do Rosário”. No dia 25 de maio de
2000, lia-se no mesmo jornal que a cogeração pode ser particularmente significativa no estado de
São Paulo frente ao crescente consumo de energia elétrica. Porém, estas informações circularam
no auge da crise energética e estes projetos não se concretizaram.

Nestes últimos anos as usinas estão seriamente considerando, e, em alguns casos, já


implementando a geração de energia elétrica para venda externa. Esta questão, colocada também
em nível internacional (Villada, 1996), inclui desdobramentos tais como a necessidade de um
gerenciamento melhor do sistema de cogeração na planta, incluindo o controle de custos (Barreda
del Campo et al., 1998, Barreda del Campo, 1999) e também a pesquisa de novas tecnologias na
combustão do bagaço (Souza-Santos, 1998), assim como na própria geração de energia elétrica.

Com a atual crise energética, a utilização de biomassa tem sido bastante discutida. Em
conferência realizada recentemente, Goldemberg (2002), Macedo (2002) entre outros, apontaram
as vantagens da utilização da energia vinda da biomassa como redução da emissão de CO2,
geração de empregos diretos e indiretos, etc. Mas também ressaltaram a necessidade de melhoria
da tecnologia do uso de biomassa. Lora et al. (2001) ressaltaram a necessidade de um maior
incentivo por parte do governo brasileiro e das concessionárias para a geração e venda de energia
elétrica excedente gerada nas usinas de açúcar e álcool.

Desde 1910, com o estudo do professor E. W. Kerr, citado por Arrascaeta e Friedman
(1984), foram publicados vários trabalhos mostrando que a secagem do bagaço de cana leva a um
aumento da eficiência da queima do bagaço.

2
Nebra (1985), estudando a secagem de bagaço de cana em um sistema constituído por um
secador pneumático e um ciclone, observou que grande parte da secagem ocorria neste último
equipamento. A partir daquele trabalho, surgiram outros estudos sobre secagem em ciclone
(Silva, 1991, Gonçalves, 1996 e Benta, 1997), e tempo de residência (Godoy, 1989, Dibb, 1997),
porém, foram desenvolvidos em um ciclone projetado para separação e nenhum deles tratava de
bagaço de cana.

Esta tese tem como objetivo o estudo experimental e teórico da influência das dimensões
do ciclone no tempo de residência de partículas e na secagem. Ela trata do projeto de um secador
ciclônico para particulados grossos, com o uso de bagaço de cana como material de estudo.
Propôs-se pesquisar novas geometrias de ciclones diferenciadas das usuais, direcionadas à
secagem. Foi realizada uma abordagem teórica com a apresentação de um modelo matemático e a
utilização do mesmo em simulações. Estas simulações foram desenvolvidas com o uso de
técnicas de CFD, através do código computacional CFX 4.4. Além disto, foram realizados
estudos experimentais de secagem, de tempo médio de residência das partículas e de perfis de
velocidade gasosa em equipamentos ciclônicos em escala piloto, com o objetivo de validar os
resultados numéricos.

O ciclone aqui utilizado pode ser classificado como um “pré-secador”, onde, a partir de um
teor de umidade inicial em torno de 50% (b.u.), as partículas chegam a um valor de saída em
torno de 20% (b.u.). Na aplicação industrial de um secador de bagaço, para que a secagem seja
economicamente viável, ela é realizada com os gases de escape da própria caldeira, e estes gases
não têm possibilidade termodinâmica real de secar o bagaço a valores mais baixos que estes,
além do que, as caldeiras atualmente em uso não foram projetadas para queimar partículas tão
secas. Um bagaço seco demais traria problemas operacionais. Por outro lado, Souza-Santos
(1998), demonstrou que na gasificação, um dos processos tecnicamente mais avançados, deve ser
realizada com um valor ótimo de umidade do bagaço em torno de 20% (b.u.).

No Capítulo 2, é apresentada uma revisão bibliográfica sobre a Secagem de Bagaço de


Cana e no Capítulo 3, uma revisão bibliográfica sobre Ciclones.

3
No Capítulo 4 é apresentado o Modelo Matemático e Método Numérico utilizados neste
trabalho.

No Capítulo 5 são apresentados os Materiais e Métodos Experimentais utilizados na


caracterização do material e na realização dos experimentos, além da descrição da montagem
experimental e dos resultados obtidos na caracterização do bagaço de cana.

No Capítulo 6 é apresentado o Estudo de um sistema de alimentação para o bagaço de


cana.

Como houve, neste trabalho, uma dependência mútua entre parte experimental e parte
teórica, encontraram-se dificuldades em se redigir capítulos que abordassem separadamente
resultados experimentais de resultados simulados. Desta forma, optou-se por uma apresentação
de capítulos relativos aos equipamentos utilizados, a saber: Capítulo 7 relativo a experimentos e
simulações realizados com a Câmara Ciclônica e o Capítulo 8, trata os resultados obtidos no
Ciclone como Secador, sendo que este ciclone teve sua geometria definida no presente trabalho,
com ênfase à secagem.

No Capítulo 9, são apresentadas as Conclusões e Sugestões para Próximos Trabalhos.

Finalmente, são apresentadas as Referências Bibliográficas e as Referências


Consultadas.

Durante o período correspondente a elaborações desta tese, foram submetidos, publicados e


apresentados vários trabalhos, citados aqui. Grande parte das informações contida naquelas
publicações faz parte desta tese.

4
Capítulo 2

Secagem de Bagaço de Cana

Neste capítulo, é feita uma revisão da literatura sobre secagem de bagaço de cana,
vantagens da secagem do bagaço, tipos de secadores geralmente utilizados e, ainda, usos para o
bagaço de cana distintos do aproveitamento energético.

2.1 Bagaço de Cana

O bagaço de cana é oriundo do processamento da cana de açúcar (Saccharum officinarum)


para obtenção de açúcar e/ou álcool. Ele é, geralmente, obtido com teor de umidade de
aproximadamente 50% (b.u.), após a moagem da cana e lavagem do bagaço para extração do
caldo. Devido à grande possibilidade de utilização deste produto, com aplicações de importância
econômica, ele deixou de ser visto como apenas um resíduo (Bayma, 1974).

2.2 Secagem do Bagaço de Cana

No processo de secagem, a remoção de umidade ocorre, geralmente, com a evaporação da


mesma por transferência simultânea de massa e calor entre as fases sólida e gasosa (Strumillo e

5
Kudra, 1986). Esta operação pode estar no meio de um processo industrial ou ser a última ou
única etapa a ser desenvolvida. O calor pode ser cedido à fase sólida por uma fonte externa,
através dos mecanismos de convecção, condução, radiação ou, ainda, dieletricamente dentro do
sólido. Pode também ocorrer como combinação de mais de um dos mecanismos acima.

A secagem do bagaço de cana pode facilitar o manuseio, transporte, armazenamento e


conservação do mesmo, porém, sua principal função é o aumento da eficiência de queima deste
material, como citado em inúmeros trabalhos (Bayma, 1974, Guilhon 1983 a e b, Guilhon 1984,
Arrascaeta e Friedman, 1984 e 1987, Nebra, 1985, Nebra e Macedo, 1989, Kinoshita, 1991,
Madnaik e Jadhav, 1997, Kilicaslan et al. 1999). A equação 2.1, apresentada por Hugot (1964)
mostra a variação do Poder Calorífico Inferior (PCI) com o teor de umidade. Parra et al. (2000)
apresentaram uma revisão de valores de PCI relatadas por vários autores. Naquele trabalho, o
valor médio de PCI para o bagaço seco era de 17493 kJ/kg bagaço.

PCI = 4,184(4250 − 7,5s − 48,5X' ) (2.1)

onde PCI é dado em kJ/kg, s é relativo à porcentagem de sacarose no bagaço de cana e X’


corresponde ao teor de umidade, em base úmida.

Segundo trabalho do Ministério da Indústria e comércio - Secretaria de Tecnologia


Industrial (MIC - STI) citado por Barbosa (1992), do ponto de vista da produção de vapor, a
umidade contida no bagaço após a moagem, na faixa de 50%, limita a eficiência das caldeiras e
requer grandes excessos de ar, o que propicia a perda de calor sensível através dos gases de
chaminé. A presença de açúcar residual e de água no bagaço de cana propiciam a ocorrência de
reações de fermentação que podem resultar em combustão espontânea, no armazenamento do
material.

Kilicaslan et al. (1999) apontam um aumento de eficiência da caldeira com a secagem do


bagaço, resultando em menor gasto das fontes energéticas disponíveis. Neste artigo, os autores
sugerem o cultivo de cana de açúcar no sul da Turquia (onde se utiliza beterraba como fonte de
açúcar) devido à potencialidade energética da cana.

6
Souza-Santos (1998), trabalhou com a gaseificação de bagaço de cana em leito fluidizado
pressurizado e observou que a eficiência ótima do processo ocorria com o bagaço com teor de
umidade entre 20 e 30% (b.u.).

Paiva Souza et al.(1998) estudando a economia energética obtida na utilização de gás de


escape de caldeiras de vapor na secagem do bagaço observaram diferenças em relação às
eficiências energética e exergética quando se alimenta a caldeira com bagaço a 20% de umidade
(b.u.) e com bagaço a 50% (b.u.). Ao se alimentar a caldeira com bagaço a 20%, o aumento da
eficiência energética é de 27,7% e o da exergética é de 28,6 %, em relação à mesma situação com
alimentação de bagaço a 50% (b.u.).

O primeiro registro da secagem de bagaço de cana data de 1910 com o estudo do professor
E. W. Kerr em que se reportou a redução de umidade de 54,47% para 44,45% (b.u.),
aumentando-se a produção de vapor de 1,63 para 2,53 kg vapor/kg bagaço. Seu secador era uma
torre com o bagaço descendente e gás de exaustão de caldeiras ascendente. Este secador não teve
uso comercial (Arrascaeta e Friedman, 1984). Boulet (1975) fez um estudo do relatório deste
professor e observou que o aumento de eficiência da caldeira ainda foi bem maior que o apontado
por Kerr.

Durante o período de 1910 a 1970, praticamente não foram publicados trabalhos sobre a
secagem do bagaço de cana. O crescente aumento do interesse na secagem deste produto a partir
da década de 70 se deve ao aumento do preço do combustível fóssil, que, até então, era
comercializado a um custo bem menor. Com a crise energética atual, técnicas que propiciem um
uso mais eficiente da queima do bagaço, como a secagem, tornam-se extremamente importantes.

Geralmente, o bagaço sofre secagem por meio da utilização de gás de exaustão de


caldeiras. Este uso pode ser por contato direto (Boulet, 1975, Furines, 1976, Bailliet, 1976,
Maranhão, 1983, Arrascaeta e Friedman, 1984 e 1987, Kinoshita, 1991, Madnaik e Jadhav, 1996,
Kilicaslan et al., 1999) ou indireto (Roy, 1980, Bose e Raychaudhuri, 1982).

7
2.2.1 Vantagens da secagem do bagaço de cana

As vantagens apresentadas pela secagem do bagaço de cana são (Maranhão, 1983,


Arrascaeta e Friedman, 1987, Kinoshita, 1991):

1. Aumento acentuado do poder calorífico inferior;


2. Diminuição do ar necessário à combustão;
3. Aumento da temperatura das fornalhas;
4. Queima do bagaço em suspensão, quando a umidade for inferior a 38%, dispensando o
uso de grelha basculante.
5. Para uma mesma caldeira, aumento das taxas de combustão e de absorção de calor pelas
paredes de água da caldeira, aumentando a taxa de geração de vapor;
6. Diminuição das perdas por combustão incompleta (aumento da eficiência de queima);
7. Redução de emissão de cinzas para a atmosfera de 10000mg/Nm3 para menos de 300
mg/Nm3.
8. Redução de perdas em estocagem do bagaço úmido, relatada por Lois apud Arrascaeta e
Friedman (1987) como mais de 25% ; e
9. Com a secagem do bagaço pode-se prensar fardos de bagaço. Esta prensagem conduz a
um aumento de densidade em até 3 vezes de fardos pré-secos e em até 6 vezes de briquetes ou
peletes com teor de umidade de 12 a 15% para reduzir custos de armazenamento e transporte.

No entanto, é necessário frisar que as caldeiras atualmente em uso na indústria foram


projetadas para a queima de bagaço com uma umidade de 50% (b.u). Bagaço com umidade
abaixo desta pode ser usado até um determinado limite, pois um material muito seco pode gerar
uma série de problemas em caldeiras não adequadas a este.

Outras possibilidades de aproveitamento da energia do gás de exaustão além da secagem de


bagaço, é a utilização de pré-aquecedores de ar, também conhecidos como economizadores.
Porém, Paiva Souza et al. (1998) mostraram que o secador é mais conveniente que o
economizador. Uma proposta bastante interessante é a otimização da razão das correntes de gás
de exaustão que seguem para o secador e o economizador, de forma a obter um melhor

8
aproveitamento energético. Segundo Arrascaeta e Friedman (1984) e Kinoshita (1991), a
secagem do bagaço de cana em um sistema integrado oferece vantagens em relação às outras
opções pois proporciona melhor aproveitamento de energia. Assim, os gases são exauridos da
caldeira em temperaturas menores que em outros processos. Edwards (1981) também apontou
esta vantagem, apresentando uma relação entre a temperatura final do gás de combustão com e
sem secador em relação à eficiência da caldeira (tabela 2.1).

Tabela 2.1 Temperatura final de combustão e eficiência da caldeira em relação à


presença do secador (Edwards, 1981)
Temperatura do gás de exaustão [°C] Eficiência da Caldeira [%] Presença do Secador
390 54 Não
310 59 Não
250 63 Não
200 66 Não
140 69 Sim

2.2.2 Secadores de bagaço de cana

Os equipamentos mais comumente utilizados para a secagem do bagaço de cana são os


secadores rotativos e os secadores pneumáticos (Furines, 1976, Nebra e Macedo, 1989), mas,
encontram-se na literatura trabalhos em que foram utilizados outros tipos de secadores
(Meirelles, 1984, Massarani e Valença, 1981, Valença e Massarani, 1982 e Medeiros e
Massarani, 1982).

Furines (1976) relata o uso de gases de exaustão a 218°C para secagem de bagaço em três
secadores rotativos em paralelo para processar todo o bagaço produzido por 8000t/dia de cana e
baixar o teor de umidade de 54 para 46% de umidade (b.u.). Argumenta que o investimento é
amortizado em 5 anos.

9
Pesquisadores do ICINAZ (Instituto Cubano de Investigações Açucareiras) reportam os
secadores com que trabalharam Salermo e Santana (1986). Naquele trabalho, foi descrito um
secador composto de um leito fluidizado seguido por uma linha de transporte pneumático e um
ciclone para separação das duas fases. Vale ressaltar que o ciclone foi visto apenas como
separador. Este secador processa 10 t/h de bagaço com 47% de teor de umidade (b.u.), tendo
como teor de umidade final 35%. A temperatura dos gases de entrada é 250°C. Trabalha-se com
38t/h de gases que saem a 100°C.

Correia, citado por Arrascaeta e Friedman (1984), afirma que obteve um aumento de
produção de vapor de 16% pela utilização da secagem de bagaço a 40% (b.u.) ao invés de usar
bagaço a 52% (b.u.) em secador pneumático e que o custo de um secador pneumático é 47%
menor que o de um secador rotativo.

Os trabalhos de Massarani (Massarani e Valença, 1981; Valença e Massarani, 1982 e


Medeiros e Massarani, 1982) reportam sobre um secador contínuo de porte industrial em leito
deslizante em que se utiliza gás de exaustão a 220°C em fluxo cruzado. O secador tem as
seguintes dimensões: 2,00 m de comprimento por 0,50m de largura e 6,00m de altura. Segundo
os autores, este secador apresenta menor custo de instalação e operação que os secadores
pneumático e rotativo.

Meirelles (1984) estudou a secagem do bagaço em leito fluidizado. Observou a necessidade


do uso de um agitador para permitir a fluidização, devido ao comportamento coesivo do material.
Devido à remoção de umidade, o comportamento do leito se altera durante a secagem passando
de um aglomerado a uma grande maioria de partículas elutriadas. O bagaço de cana utilizado por
ele tinha grande parte da faixa granulométrica entre 0,51 e 1,02 mm e teor de umidade bastante
elevado (71 a 91% (b.u.)).

Barbosa (1992) estudou a cinética de secagem do bagaço em secador pneumático. O


sistema estudado era constituído também por um ciclone separador. Observou que grande parte
da secagem ocorria na zona de aceleração, devido à maior velocidade relativa entre as fases nesta
seção e no ciclone separador.

10
Alarcón e Jústiz (1993) trabalharam com um secador pneumático, que, além de reduzir o
teor de umidade de 50 a 30% (b.u.), separava as partículas em função de sua granulometria.
Assim, pode-se obter maior controle do processo de queima, em que se utilizariam as partículas
de menores dimensões, e produção de papel e insumos químicos, nas quais seriam utilizadas as
de maiores dimensões. Justifica este fracionamento como otimização do uso do bagaço em países
com falta de recursos energéticos, como Cuba, onde é feita uma estocagem centralizada do
bagaço.

Nebra (1985) e Nebra e Macedo (1989), estudaram a secagem do bagaço de cana em um


sistema composto de um secador pneumático industrial seguido de um ciclone. Este sistema,
instalado na Usina Barra Grande situada em Lençóis Paulistas, SP, reduzia o teor de umidade a
35,8% (b.u.) e operava com uma vazão mássica de 12000 kg/h. Eles verificaram que grande parte
da secagem devia ocorrer no ciclone.

O trabalho de Nebra (1985) foi o primeiro a estudar a secagem em ciclone no Brasil. A


partir dele, surgiram vários outros abordando a secagem em ciclone (Silva e Nebra, 1991 a e b,
1993, 1994 a e b, 1996, 1997, Nebra, et al., 2000), secagem em ciclone de borra de café (Silva,
1991), de bagaço de laranja (Gonçalves, 1996) e de sabugo de milho (Benta, 1997). Surgiram
também trabalhos sobre fatores determinantes na secagem como transferência de calor em
ciclones (Cremasco, et al., 1993, Cremasco e Nebra, 1994, Cremasco, 1994) e tempo de
residência em ciclone (Godoy, 1989, Silva et al., 1989, Godoy et al., 1992, Dibb, 1997 e Dibb e
Silva, 1997). Vale ressaltar que estes trabalhos trataram com materiais diferentes do bagaço de
cana e que, dentre estes, a borra de café, estudada por Silva (1991), é a que apresenta maior
similaridade com o bagaço. Silva (1991) obteve redução entre 13 e 45% da umidade inicial (b.s.).

2.3 Outros aproveitamentos para o bagaço de cana

Além de combustível para geração de energia, podem ser encontrados outros


aproveitamentos para o bagaço de cana, nos quais a secagem também é importante, como os
listados a seguir:

11
1. Matéria-prima para produção de produtos como 2-propanol (Holtzapple et al, 1999),
compostos fenólicos (Gonçalves et al, 1997) e papel (Benar, 1992);
2. Adubo (Manhaes, 1993);
3. Ração Animal (Zadrazil e Puniya, 1995); e
4. Material de reforço para argamassa de cimento (Ramirez Sarmiento, 1996).

12
Capítulo 3

Ciclones

Ciclones são equipamentos usados há mais de cem anos para limpeza de gases industriais,
separando sólidos de gases (Cooper e Alley, 1994) e são, provavelmente, os coletores de sólidos
industriais mais comuns (Yuu et al., 1978).

Suas desvantagens são a baixa eficiência para partículas menores que 5 µm e a alta queda
de pressão. Suas principais vantagens são baixo custo, ausência de partes móveis e possibilidade
de uso a pressões e temperaturas altas, sendo as condições de operação determinadas pelo
material utilizado em sua construção (Dirgo e Leith, 1986, Boysan et al., 1982, Fraser et al.,
1997).

São apresentadas na literatura, várias configurações de ciclones. Estas foram obtidas com a
variação das dimensões características de um ciclone (figura 3.1) e, quase na totalidade das
vezes, com o objetivo de aumento de eficiência ou diminuição da queda de pressão. Dentre estas
configurações, as mais conhecidas são a de Lapple (1950) e a de Stairmaind (1949), apresentadas
na tabela 3.1.

13
Figura 3.1 O ciclone e suas dimensões características

14
Tabela 3.1 Dimensões de ciclones padrões. Fonte: Cooper e Alley (1994)
Razão Tipo de ciclone
Dimensão/Diâmetro Stairmand Swift Lapple
a/D 0,5 0,44 0,5
b/D 0,2 0,21 0,25
De/D 0,5 0,4 0,5
S/D 0,5 0,5 0,625
h/D 1,5 1,4 2,0
H/D 4,0 3,9 4,0
B/D 0,375 0,4 0,25

3.1 Aplicações do ciclone

A primeira e principal aplicação do ciclone foi a limpeza de gases, removendo o material


particulado neles contido (ter Linden, 1949, Stairmand, 1949). Um exemplo atual é a separação
de partículas de FCC de uma corrente gasosa (Meier e Mori, 1999).

Posteriormente, devido ao intenso contato promovido no ciclone entre as fases gasosa e


sólida e entre estas e a parede do equipamento, observou-se o uso deste equipamento como:

a) equipamento de troca térmica - com a finalidade de trocador de calor (Klucovsky


et al., 1962, Szekely e Carr, 1966, Peres, 1997). Pode-se citar o uso como pré-aquecedor na
indústria de cimento (von K. Menzel, 1987, Ludera, 1989), gaseificador (Gabra et al.,
2001), secador (Heinze, 1984, Nebra, 1985, Silva, 1991, Gonçalves, 1996, Benta, 1997,
Nebra et al., 2000, Corrêa et al., 2001, Corrêa et al., 2002a), combustor (Boysan et al.,
1986)
b) reator químico (Cremasco, 1994, Lédé et al. 1992, Lédé et al. 1996, Lédé et al.
2000, Sadala, 2000)

15
3.2 Princípio de funcionamento

Contrastando com a sua simplicidade e flexibilidade de operação, o ciclone apresenta


comportamento fluidodinâmico complexo, apresentando ao mesmo tempo, fenômenos como
reversão de fluxo, zonas de recirculação, alta preservação de vorticidade, entre outros. (Minier et
al., 1991, Fudihara et al., 1999).

De maneira bastante simplista, pode-se dizer que o funcionamento do ciclone se inicia com
a injeção de uma corrente gasosa contendo material particulado por uma entrada tangencial
próxima ao topo do mesmo. Esta corrente adquire um escoamento em espiral descendente. A
Força de arrasto da fase gasosa conduz a partícula a uma trajetória em espiral na periferia,
colidindo com a parede interna do equipamento. Os sólidos são assim levados a um movimento
também em espiral descendente, junto à parede, sendo assim recolhidos na parte inferior do
ciclone. Na região central do equipamento, o gás passa de uma espiral descendente a uma espiral
ascendente, conhecida como core, saindo “limpo” pelo duto superior também chamado tubo de
saída do gás ou draft tube.

Conforme observado por ter Linden (1949), a componente tangencial da velocidade


predomina sobre as demais, tendo ao longo do ciclone, junto à parede, um valor bastante próximo
ao da velocidade de entrada. A figura 3.2, apresentada inicialmente por Ogawa (1997) representa
com bastante propriedade o escoamento desenvolvido em um ciclone com coletor de sólidos.
Pode-se observar nesta figura o esquema de velocidades tangencial e axial, zona de recirculação e
reversão de escoamento, presentes em um escoamento em um ciclone.

É bem conhecido que o campo de velocidades do gás num ciclone é formado por linhas de
fluxo na forma de espirais descendentes, do lado próximo à parede e ascendentes no interior do
mesmo.

O campo de velocidades do gás no ciclone é melhor interpretado quando descrito a partir


das três componentes da velocidade, num sistema de coordenadas cilíndricas (ter Linden, 1949).
A componente tangencial é sem dúvida, dominante, com uma ordem de grandeza igual à da

16
velocidade do gás na entrada e tem sempre o mesmo sentido de giro, com magnitude aumentando
com o afastamento da parede e em direção ao centro até um valor máximo e após atingir este
máximo, diminuindo até atingir o centro. A componente vertical tem ordem de grandeza de
aproximadamente um décimo da tangencial, com sentido negativo na periferia e positivo a partir
de aproximadamente 2/3 do raio. A velocidade radial apresenta ordem de grandeza de
aproximadamente um centésimo da tangencial e seu sentido é sempre para o eixo do
equipamento.

As partículas entram no ciclone juntamente com o fluido, em direção tangencial. Depois


disso, descrevem uma trajetória cujas características dependerão da massa da partícula e do
campo de velocidade do escoamento. Partículas de pequeno diâmetro se movimentam
praticamente juntas com o fluido e com ele saem pelo duto superior do ciclone. Partículas de
maior diâmetro se movimentam numa trajetória curva e descendente, em direção à parede do
equipamento.

Este movimento das partículas pode ser explicado lembrando que, quando em “vôo”, elas
estão submetidas às forças de gravidade, de empuxo e de arraste do fluido. No caso de um
escoamento de sólidos em uma corrente gasosa, o empuxo é de ordem de grandeza mil vezes
menor que a do peso, desprezível, portanto. Como é conhecido, a força de arraste, além de
depender do diâmetro da partícula, viscosidade do gás, etc, é diretamente proporcional à
diferença vetorial da velocidade do gás e da partícula, e, devido ao escoamento complexo, ela
varia ponto-a-ponto. A trajetória da partícula será determinada pelo balanço de força resultante
entre peso e arraste, além de sua própria inércia, ou seja, devido ao impulso que ela já traz, em
razão de sua massa e velocidade, semelhantemente ao caso de um foguete escapando (ou não) do
campo gravitacional terrestre.

É corrente em alguns textos a menção de uma “força centrífuga” para explicar o


movimento da partícula em direção à parede. Como se observa no parágrafo acima, não há uma
força externa atuando na direção do raio para a periferia. O que faz a partícula avançar em
direção à parede, descrevendo uma curva é, basicamente, sua própria inércia, já que devido ao

17
campo de velocidades do escoamento é possível visualizar que dificilmente a força de arraste terá
uma componente nesta direção.

Ao atingir a parede, agem na partícula duas outras forças adicionais: o atrito partícula-
parede, em direção oposta à velocidade da partícula, e a reação da parede, normal à mesma.
Embora exista pouca informação experimental sobre este movimento, um aspecto curioso tem
sido registrado por alguns pesquisadores: para certos níveis de concentração de partículas
homogêneas, elas se movimentam conjuntamente em uma única espiral, mais ou menos larga,
junto à parede.

Analisando em termos da velocidade tangencial, na região externa tem-se o escoamento


dado pela equação 3.1a.

vr n = K (3.1a)

onde K é um parâmetro cinemático que depende das dimensões do bocal de entrada e da


velocidade de entrada do fluido no ciclone e n é determinado pela forma do fluxo.

Enquanto na região do “core”, a velocidade tangencial responde a uma equação do tipo:

v = K 2r (3.1b)

que corresponderia ao movimento giratório de um sólido rígido.

3.3 Soluções analíticas


Vários autores obtiveram soluções analíticas para o escoamento no ciclone baseando-se nas
equações da Navier-Stokes. Dentre os trabalhos reportados, alguns são citados a seguir.

18
Eixo de Simetria

Escoamento
rotacional

Velocidade
Entrada do Tangencial
Gás-Sólido

Velocidade
Axial

Reversão do
Escoamento
Zona de
Recirculação

Caixa de
Coleta de
Sólidos

Figura 3.2 Esquema do escoamento em um ciclone. Fonte: Ogawa (1997)

19
Rietema (1961), assim como outros autores, (Bloor e Ingham, 1973, Ivanov, 1987,
Davidson, 1988 a e b) trabalhou com hidrociclones. Um dos fatores que caracterizam os
hidrociclones é a presença de uma região gasosa na região axial conhecida como air core quando
o aparelho tem o draft tube diretamente conectado à atmosfera. Ao se desenvolverem modelos
analíticos ou numéricos, a não consideração do air core em hidrociclones torna possível a
aplicação destes modelos a ciclones gasosos.

A solução de Rietema (1961) foi obtida em coordenadas cilíndricas para a componente


tangencial da velocidade. As considerações adotadas foram fluxo axissimétrico, velocidade
tangencial constante na direção axial, velocidade radial constante através do fluxo e fluxo
turbulento com a viscosidade definida pela equação 3.2.

ν eff = ν + ν t (3.2)

Bloor e Ingham (1973) atentam para o fato que trabalhos anteriores, como o de Rietema,
(1961) apresentam somente soluções para a velocidade tangencial do fluido e que a velocidade
radial se faz importante no estudo da eficiência do ciclone, pois as expressões analíticas para
eficiência de 50% (d50) são relativas às componentes verticais e horizontais de velocidade. Eles
desenvolveram, utilizando coordenadas esféricas, uma solução analítica aproximada para a parte
cônica do ciclone para um fluido incompressível. Como considera fluido invíscido, o modelo se
ajusta melhor na região localizada entre o eixo e próxima da parede do ciclone, onde a
viscosidade tem menor importância.

Davidson (1988a), utilizando o método de similaridade, mostrou que o modelo de Bloor e


Ingham (1973) ajusta bem os dados experimentais de Kelsall e de Knowles et al. apud Davidson
(1988a).

Em outro trabalho, Bloor e Ingham (1987) lembram que o escoamento na entrada do


ciclone necessita de um tratamento tridimensional e só se torna axissimétrico após uma certa
distância da entrada.

20
Soo (1989) parte de um fluido invíscido, porém com interações viscosas entre as fases.
Encontrou uma solução para velocidade tangencial em tubos e a estendeu a ciclones. Em seu
tratamento, considerou a velocidade tangencial dependente somente do raio e a velocidade axial
constante. A velocidade radial apresentada por Soo é proporcional ao raio.

3.4 Soluções numéricas e turbulência

A presença de turbulência no escoamento em ciclones e a escolha de um modelo de


turbulência adequado em soluções numéricas são fatores extremamente importantes em uma
simulação. Devido a esta relação, optou-se por tratar em um mesmo item de soluções numéricas e
de turbulência.

Encontram-se, na literatura, vários trabalhos sobre turbulência no ciclone (Salcedo e


Coelho, 1999; Hoekstra et al., 1999, Meier e Mori, 1999; Fraser et al., 1997; Silva e Nebra, 1993
e 1994a, Duggins e Frith, 1987, Ternovskii e Lazutkin, 1986; Parida e Chand, 1980; Bloor e
Ingham, 1975 entre outros). Alguns estão discutidos a seguir.

Bloor e Ingham (1975) baseando-se no comprimento de mistura de Plandtl apresentam a


equação 3.3 para viscosidade turbulenta no hidrociclone desconsiderando o air core.

M  dv v 
µT =  dr − r + K  (3.3)
Z2  

onde M é constante, Z é a distância do ápice do cone ao longo do eixo e K é uma constante


introduzida para que não ocorra viscosidade turbulenta zero na região onde não há tensão,
próxima ao centro do ciclone onde a rotação é aproximada por rotação de corpo sólido.

Boysan et al. (1982) desprezaram a região de entrada para poder usar um modelo
bidimensional. Argumentam que o fluxo de perfil, entre a entrada e o duto de saída do gás, não
tem influência na performance do ciclone. Utilizaram modelo k-ε de turbulência e comparam os

21
dados obtidos com os dados experimentais de ter Linden (1949). Os perfis de velocidade
tangencial e de pressão ajustaram bem os dados experimentais.

Ternovskii e Lazutkin (1986) obtiveram a relação para a viscosidade turbulenta apresentada


pela equação 3.4.

 ∂v v 
ν T = c 2r 2  −  (3.4)
 ∂r r 

obtendo-se v através da equação 3.1, considerando-se n =1, que segundo aqueles autores é o
valor que conduz a melhores resultados, obtém-se a equação 3.5.

ν T = 2Kc2 (3.5)

onde a constante estrutural c2 é dada pela equação 3.6:

c 2 = 0,25ε θ ε r (3.6)

K é dado pela equação 3.1 e εθ e εr são os graus de turbulência nas direções tangencial e radial,
respectivamente.

Duggins e Frith (1987) observaram que a turbulência em fluxos rotacionais difere daquela
encontrada em fluxos sem rotação. A rotação causa uma redução na energia líquida transferida
dos turbilhões maiores para os menores. Isto tem o efeito de decréscimo na taxa de dissipação de
turbulência e aumenta o comprimento de escala especialmente ao longo do eixo de rotação.
Apresentam um modelo de turbulência denominado k-ε modificado e o comparam com o modelo
k-ε. O modelo k-ε de turbulência não costuma ajustar bem a modelagem de fluxos rotacionais,
pois estes fluxos apresentam mais de um componente significativo para a viscosidade,
independentes e muito diferentes entre si (µrz e µrθ), não apresentando um único valor em um
dado ponto, mas anisotropia. Segundo aqueles autores, o modelo k-ε também não apresentou

22
bons ajustes nem em seu trabalho, nem em outros (Boysan e Swithenbank; Khalil; Weber e
Boysan; Lilley e Chigier apud Duggins e Frith,1987). Apresentam a viscosidade turbulenta na
direção tangencial dada pela equação 3.4, onde c é determinado experimentalmente. Naquele
trabalho, Duggins e Frith obtiveram bom ajuste para fluxo rotacional em tubos cilíndricos
comparados com dados de Baker (1967) apud Duggins e Frith (1987). Fizeram ajustes numéricos
para hidrociclones, mas não os compararam a dados experimentais.

Davidson (1988) simulou o escoamento em um hidrociclone desprezando o air core e


utilizando modelo de Pericleous e Rhodes apud Davidson (1988). Considerou fluxo
axissimétrico, mesmo tendo claro que este não é o caso próximo à região de entrada. As
partículas são consideradas como continuum com movimento relativo em relação à mistura
fluida.

Apresenta um modelo para viscosidade turbulenta baseado no comprimento de mistura de


Plandtl dado pela equação 3.7.

∂v v
µeff = µi + ρg λ2 + (3.7)
∂r r

onde

µi = 0,04ρvi λi (3.8)

µi deve modelar a turbulência na entrada do hidrociclone, o subscrito i denota valores na entrada


e λ representa um comprimento de mistura.

Silva e Nebra vêm trabalhando há um bom tempo com a fluidodinâmica do ciclone, como
pode ser observado nos seus trabalhos publicados nos anos de 1989, 1991, 1992, 1993, 1994,
1996, 1997 e 2000. Elas vêm desenvolvendo um software para simular o comportamento das
correntes sólida e gasosa no ciclone em relação à fluidodinâmica e às transferências de calor e
massa. Estas autoras (Silva e Nebra, 1994a) testaram em seu modelo numérico dibimensional as

23
expressões para viscosidade turbulenta de Davidson (1988b) e de Duggins e Frith (1987), sendo
esta segunda a que apresentou melhores resultados quando comparada a dados experimentais.

O modelo de Silva (1991), desenvolvido em coordenadas cilíndricas, teve sua última versão
publicada em Silva e Nebra (1997). Seu objetivo maior é a simulação da secagem em ciclones.
Em seu modelo consideram a influência da fase particulada na fase gasosa, considera a fase
sólida como continuum e, por terem trabalhado com partículas com diâmetro na faixa de 0,10 a
2,4 mm, consideram 99% das partículas escoando numa região próxima à parede. Embora
tenham utilizado um modelo de turbulência de ordem zero, os resultados numéricos ajustaram
bem os dados experimentais.

Nos últimos anos, têm sido publicados vários trabalhos sobre escoamento partículas - gás
em ciclones que utilizam para a solução do sistema de equações, códigos computacionais
comerciais. Pode-se citar os trabalhos de Hoekstra et al. (1999) e Gorton-Hülgerth e Staudinger
(1999), que utilizaram o código FLUENT®, fazendo uma análise da modelagem de turbulência
do escoamento de gás. Nestes trabalhos, foram comparados os modelos de turbulência k-ε, RNG
k-ε e o modelo de tensões diferenciais (DSM). Foi observado um melhor ajuste ao se utilizar o
DSM.

Em nível nacional foram publicados os trabalho de Fudihara et al. (1999), Meier et al.
(2000), Peres et al. (2001) e Peres et al. (2002) sobre escoamento em ciclones, somente fase gás,
utilizando o código CFX® na solução. Meier e Mori (1999) utilizaram o código CFX para
comparar o modelo k-ε isotrópico com seu modelo composto pelo modelo k-ε e por um modelo
de comprimento de mistura de Plandtl que introduz a anisotropia resultando em um anisotrópico
baseado em tensores de Reynolds. O modelo daqueles autores conseguiu predizer com sucesso o
fluxo rotacional no ciclone, mostrando fenômenos como zonas circulantes, preservação de alta
vorticidade, fluxo descendente, reversão de fluxo e efeitos de sistema de coleta no perfil do gás.
O modelo gás-sólido apresentou boa concordância e mostrou comportamento realístico para a
fração volumétrica da fase sólida. Em um trabalho posterior, Meier et al. (2000) apresentaram
uma comparação dos modelos de turbulência k-ε, RNG k-ε e o modelo de tensões diferenciais
(DSM) e observaram que este último, para a fase gasosa, conduziu a um perfil de velocidade

24
tangencial em boa concordância com o observado experimentalmente em um ciclone. Peres et al.
(2002) trabalhando com DSM, obtiveram bons ajustes com relação a seus dados experimentais.

3.5 Transferência de calor em ciclones

Como mencionado anteriormente, devido ao contato significativo entre as fases no interior


do ciclone, tem-se explorado este equipamento como trocador de calor. Este estudo teve seu
início com Klucovsky et al. (1962) e Szekely e Carr (1966). Estes últimos citam o uso do ciclone
como secador de materiais granulados e combustor de combustíveis sólidos e como redutor de
minério de ferro, ressaltando o fato de ser um equipamento de troca térmica bastante atrativo
quando o tempo de contato requerido é pequeno. Em seu trabalho, propuseram uma correlação
para Nu para a transferência partícula-parede e observaram a transferência de calor entre a parede
aquecida do ciclone e a corrente gasosa com partículas. Suas conclusões estão listadas abaixo:

Há altas taxas de transferência de calor entre as paredes e o sólido;


A taxa de calor transferida pela parede às partículas é função da densidade, calor
específico e formato das mesmas enquanto que a condutividade térmica exerce menor
influência. Em geral, pequenas partículas com densidade e calor específico altos
apresentam maiores taxas de transferência de calor.
A presença de sólidos reduz grandemente a taxa de transferência de calor entre a parede e
o gás, formando uma barreira ao fluxo de calor. Este comportamento, que é um contraste
com o observado em leitos fluidizados, se deve à ausência de movimento radial das
partículas.
O uso de ciclones como trocador de calor com suspensões gás-sólido é limitado a casos
onde se requer boa transferência de calor sólido-parede e não é importante ou deve ser
restrita a transferência de calor gás-parede.

Cremasco et al. (1993) e Peres e Cremasco (1997) também propuseram correlações para
Nu em ciclones. Dentre as conclusões destes autores, pode-se destacar a ocorrência de uma forte
correlação entre os perfis térmico e fluidodinâmico.

25
3.6 Transferência de massa em ciclones

Dentre os trabalhos que tratam de transferência de massa no ciclone pode-se citar os


trabalhos de Lédé que tratam o ciclone como um reator químico (Lede 1992, Lede et al., 1996 e
Lede 2000). Porém, a transferência de massa tratada no presente trabalho será somente em
relação ao ciclone como secador. Este tratamento pode ser observado nos trabalhos de Heinze
(1984), Nebra (1985), Silva (1991), Gonçalves (1996), Benta (1997), Kemp et al. (1998), Corrêa
et al. (2001a), Corrêa et al. (2002a) e Corrêa et al. (2003 a e b).

Os secadores ciclônicos, segundo a classificação proposta por Strumillo e Kudra (1986),


podem ser incluídos na categoria de secadores de tipo vorticial. Este tipo de secadores tem sido
reportados na literatura por algumas décadas (Nebra et al., 2000), mas até hoje eles não são de
uso comum na indústria, embora apresentem características muito interessantes para alguns
materiais.

Do ponto de vista do seu desempenho, podem ser situados entre os de leito fluidizado e os
pneumáticos, considerando tamanho de partículas, umidade inicial e final das mesmas, tamanho
do secador e fluxos de sólidos e ar, com que estes secadores operam. Em relação aos pneumáticos
têm a vantagem de apresentar um tempo de permanência maior, num equipamento de menor
tamanho e com menor perda de carga no fluxo de ar. Os de leito fluidizado são mais adequadas
para partículas de maior tamanho, que requeiram um maior tempo de permanência devido às
exigências de umidade final, em relação a estes, os ciclônicos têm a vantagem de poder operar
com uma larga faixa de tamanhos diferentes; também, em razão da exigência de fluidizar o
material, têm altos requerimentos de potência.

26
3.7 Tempo de residência de partículas em ciclones

O tempo de residência das partículas em um ciclone é um parâmetro importante,


principalmente quando se está interessado no uso deste equipamento para troca térmica, como
reator ou como secador, pois, esta variável determina o resultado final do processo em questão,
seja ele uma reação química, um aquecimento ou a secagem de um material. Apesar da
importância, não se encontram muitos trabalhos sobre este tema na literatura.

Lede et al. (1987) descreveram e discutiram quatro métodos para determinação do tempo
de residência de partículas em ciclone. Naquele trabalho, utilizando sólidos com dp na faixa de
0,8 a 1,0x10-3m em um ciclone com D = 1,25x10-1m, não foram obtidas diferenças significativas
entre os métodos estudados, que estão descritos abaixo:

a. Método da Fotocélula:
O método consiste na medida do tempo de residência para uma partícula
transportada da entrada à saída de sólidos do ciclone. Duas células ópticas são
colocadas na entrada e na saída do ciclone. Após se atingir fluxo estacionário de gás,
introduz-se na corrente gasosa uma partícula ou um número pequeno delas. Ao
passarem pela fotocélula, um pulso elétrico começa a ser emitido, deixando de ser
emitido quando a partícula deixa o ciclone, passando pela segunda célula.

b. Método Piezoelétrico:
O método é baseado no efeito piezoelétrico que certos cristais têm ao gerar cargas
elétricas na sua superfície quando expostos a atritos mecânicos. Da mesma maneira
que no método da fotocélula, introduz-se uma quantidade de partículas na corrente em
fluxo estacionário de gás. Medem-se então os sinais piezoelétricos emitidos na entrada
e na saída do ciclone em um osciloscópio.

27
c. Metodo Fotográfico:
Consiste em tirar fotografias das partículas movimentando-se entre a entrada e a
saída inferior do equipamento (que deve ser transparente). Para um dado tempo de
exposição, a medida do comprimento da trajetória quasi-linear produzida pela
fotografia para cada partícula traduz as componentes vertical e tangencial da
velocidade. A partir do valor da componente vertical de velocidade w, o tempo de
residência médio t res é dado pela equação 3.9.

saida (z = H)
dz
t res = ∫ w (z)
(3.9)
entrada (z =0)

d. Método dos Sólidos Remanescentes (Hold-up)


Tendo um fluxo estacionário de gás e sólido, repentinamente corta-se a
alimentação das duas fases e pesa-se a quantidade de sólidos retida no ciclone. Através
da divisão da massa de sólidos remanescentes (Hold- up) pela vazão mássica de
sólidos, obtém-se o tempo de residência das partículas. Este método foi reportado em
Szekely e Carr (1966), Yen et al. (1990), Silva (1991), Godoy (1989), Godoy et al.,
(1992), Cremasco (1996), Gonçalves (1996), Peres (1997), Benta (1997), Corrêa et al.
(2000a), Corrêa et al. (2001a) e Corrêa et al. (2002c).

Através de simples observação destes métodos vê-se que o último constitui-se o mais
simples e barato. Além disto, ele também permite trabalhar com concentrações de sólidos
variáveis. Devido a estas razões, este foi o método utilizado neste trabalho. O primeiro, segundo
e quarto métodos conduzem a um tempo de residência médio para o diâmetro de partícula e
condições de escoamento testadas. O método fotográfico permitiria calcular a variação do tempo
de residência com a altura.

Dentre os trabalhos sobre tempo de residência encontrados na literatura, a grande maioria


apresenta um estudo experimental do fenômeno e apresenta correlações entre o tempo de
residência e variáveis de processo relevantes (Mori et al., 1968, Yen et al. 1990, Kang et al.

28
1989, Godoy et al. 1992, Cremasco 1995, Peres 1997, Kemp et al., 1998). As correlações
apresentadas por estes autores relatam as variáveis influentes no tempo de residência das
partículas e dão uma boa estimativa dos efeitos das mesmas. Porém, ou não apresentam um
cálculo coerente do tempo de residência do gás, geralmente utilizado para adimensionalizar o
tempo de residência, ou relacionam o tempo de residência das partículas à velocidade terminal
das mesmas, o que não faz sentido diante do tipo de escoamento desenvolvido no ciclone. Além
disto, alguns autores analisam a influência de uma variável sem a preocupação de manter todas as
demais constantes, o que compromete a análise em questão.

Corrêa et al. (2000b) tentaram relacionar o tempo de residência das partículas a números
adimensionais relacionados às variáveis: concentração volumétrica, diâmetro médio de
partículas, massa específica de ambas as fases, velocidade de entrada da fase gasosa, diâmetro e
altura da parte cilíndrica do ciclone e altura total do ciclone. Naquele trabalho, os dados tratados
eram relativos a esferas de vidro, resina plástica, resina acrílica, borra de café e bagaço de cana
em ciclones dos tipos Lapple e Bernauer. Eles consideraram o tempo de residência do gás como
a razão entre a vazão volumétrica do gás e volume do ciclone, excluindo-se deste último o
volume do duto de saída do gás, uma vez que, neste duto, o gás não se encontra mais em contato
com as partículas coletadas. Apesar da abordagem escolhida por estes autores ser mais coerente,
eles não conseguiram chegar a uma correlação única para o tempo de residência médio para os
materiais com que trabalharam. Observaram que, a despeito da concentração volumétrica, os
números adimensionais apresentavam influências dependentes das condições operacionais e do
escoamento desenvolvido no ciclone, determinado pela geometria do mesmo.

Kemp et al. (1998) estudaram o tempo de residência com interesse voltado à secagem de
sólidos e procuraram estabelecer uma dependência de tres com a geometria do equipamento Uma
observação interessante daquele trabalho é que, aumentando-se D de 350 para 450 mm houve um
aumento do tempo de residência de partículas de sílica gel da faixa de 1,4 a 2,4 segundos para a
faixa de 2,5 a 5,0 segundos, o que mostra a dependência de tres em relação a D. Estes autores não

29
estudaram a influência da concentração de sólidos. Embora também tenha trabalhado com mais
de um tipo de ciclone, corroboram as simulações de Dibb (1997) ao observar que o tempo de
residência é diretamente proporcional ao diâmetro da parte cilíndrica.

30
Capítulo 4

Modelo Matemático

O presente trabalho trata de um fenômeno que envolve a transferência de momentum, pelo


escoamento do gás e das partículas e a transferência de calor e massa, pela secagem das mesmas
com a utilização do gás aquecido. Nas condições do experimento, pôde-se assumir a consideração
de fluido incompressível e escoamento viscoso turbulento. Fez-se o tratamento da fase gasosa
como continuum e à fase particulada foi dado um tratamento Lagrangeano com a consideração de
partículas isoladas.

O modelo matemático para o fluido utilizado neste trabalho tem como base as equações de
Navier-Stokes (equação 4.1), sendo o balanço de massa sempre ajustado pela equação da
continuidade (equação 4.2). Foi efetuado um estudo de diferentes modelos de turbulência. Em
algumas etapas aqui apresentadas foram feitas considerações especiais de condições de contorno.
Estas considerações são apresentadas conforme a necessidade. Porém, em todas as etapas
desenvolvidas, foram feitas as seguintes suposições:

1. Fluxo tridimensional;
2. Regime permanente;
3. Fluido viscoso e incompressível, escoamento turbulento;
4. Duas fases: sólido e gás;
5. Tratamento da fase particulada como partículas isoladas;
6. Ausência de atrito partícula-parede;

31
7. Foi desprezada a influência do campo gravitacional; e
8. Não influência da fase particulada na fase gasosa.

A suposição de fluido incompressível é devida a que as variações de pressão e temperatura


do escoamento não implicam em variação significativa da densidade do ar, dentro das condições
normais de funcionamento do secador. No entanto, o escoamento é, sem dúvida, turbulento,
devido aos altos valores do número de Reynolds, típico em gases.

Com relação às suposições 5 a 8, deve-se observar que fazem parte de um modelo inicial
simplificado. Em trabalhos futuros, pretende-se considerar a influência da concentração
volumétrica, relatada em trabalhos como os de Yuu et al. (1978) e Silva (1991), o que implica em
considerar a influência da interação partícula-partícula. Pretende-se ainda considerar a influência
do arraste da fase particulada no escoamento da fase gasosa e o atrito exercido entre a parede e as
partículas que escoam rente à mesma, além do peso das próprias partículas.

4.1 Equações de Conservação de Momentum para a Fase Gasosa

Equações do momentum

∂ρu
∂t
( )
+ ∇ ⋅ (ρuu ) = ∇ ⋅ τ + ρu ′u ′ + ρg (4.1)

onde ρ corresponde à massa específica do fluido, u ao vetor velocidade, τ ao tensor tensões, u’ a


flutuações de velocidade devidas à turbulência e g à aceleração da gravidade.

Equação da continuidade

∂ρ
+ ∇ ⋅ (ρu) = 0 (4.2)
∂t

32
Modelos de Turbulência

Os modelos de turbulência testados neste trabalho são os modelos isotrópicos k-


ε, modelo k-ε modificado (Abujelala e Lilley, 1984), k-ε RNG e o modelo anisotrópico das
Tensões Diferenciais, conhecido como DSM (Differential Stress Model).

Modelo k-ε: Neste modelo, o tensor de Reynolds é calculado como:

2 2
− ρu′u′ = − ρkδ − µT∇ ⋅ uδ + µT (∇u + (∇u )T ) (4.3)
3 3

no qual µT é a viscosidade turbulenta, δ é o tensor identidade e o superescrito T indica a operação


de transposição.

O modelo k-ε envolve duas equações de transporte para as características de turbulência.


Uma destas equações governa a distribuição da energia turbulenta, k, que mede a energia cinética
local de movimento de flutuação. A outra governa a energia turbulenta de taxa de dissipação, ε
(equações 4.4 e 4.5, respectivamente).

∂ρk µ
+ ∇ ⋅ (ρuk ) = ∇ ⋅ ((µ + T )∇k ) + λ − ρε (4.4)
∂t σk

∂ρε µ ε ε2
+ ∇ ⋅ (ρuε) = ∇ ⋅ ((µ + T )∇ε) + C1 λ − C2ρ (4.5)
∂t σε k k

onde λ é o termo de produção pelo efeito de cisalhamento,

2
λ = µeff ∇u ⋅ (∇u + (∇u )T ) − ∇ ⋅ u (µeff ∇ ⋅ u + ρk ) (4.6)
3

33
e as viscosidades são calculadas por

k2
µT = Cµρ , µeff = µ + µT (4.7)
ε

sendo que C1 (1,44), C2 (1,92) , Cµ(0,09), σk (1,00) e σε (dado pela equação 4.8) são constantes do
modelo (Abujelala e Lilley, 1984).

k2 (4.8)
σε =
(C2 − C1) Cµ

Modelo k-ε modificado:


Abujelala e Lilley (1984), assim como outros autores (Duggins e Frith, 1987, Hoekstra et
al., 1999, Gorton-Hülgerth e Staudinger, 1999 e Meier et al., 2000) defenderam a idéia de que o
modelo de turbulência k-ε é inadequado para predizer situações em que há fluxo rotacional.
Segundo Abujelala e Lilley (1984), este modelo superestima a dissipação da energia cinética do
fluxo resultando numa região central de recirculação menor que a observada experimentalmente.
Estes autores propuseram uma modificação nas constantes do modelo k-ε. A tabela 4.1 apresenta
as constantes utilizadas comumente no modelo k-ε e as propostas por Abujelala e Lilley (1984).
Outra forma modificada do modelo k-ε, sendo a mais conhecida, é o modelo k-ε RNG
(Renormalization Group Theory). Segundo Freire et al. (2002), as constantes deste modelo são
obtidas teoricamente e não empiricamente, como no modelo k-ε tradicional. Resultados
preliminares indicam que este modelo fornece previsões mais precisas em situações de
escoamento incluindo separação, linhas de corrente curvas e regiões de estagnação. As constantes
deste modelo também são apresentadas na tabela 4.1.

34
Tabela 4.1 Constantes dos modelos k-ε e modificações do mesmo (k-ε modificado para
fluxos rotativos segundo Abujelala e Lilley (1984) e k-ε RNG.
Modelo de turbulência Cµ C1 C2 σk σε
k-ε 0,09 1,44 1,92 1,00 1,30
k-e RNG (Freire et al., 2002) 0,085 1,68 0,72 0,72
η1 − η 
4,38
1,42 −   onde
1 + 0,012η 3

k 2D(u ) : D(u )
η=
ε
k-ε modificado Abujelala e 0,125 1,44 1,5942 1,0 1,1949
Lilley (1984)

Modelo das Tensões Diferenciais:


Este modelo apresenta uma equação diferencial, ou equação de transporte, para cada
componente dos tensores de Reynolds (Freire et al., 2002), podendo ser expressa por:

∂ (ρu′u′)
∂t
 C k
( )T 2
+ ∇ ⋅ (ρu′u′) = ∇ ⋅ ρ S u′u′ ∇ u′u′  + δ + φ − ρεI (4.9)
 σ DS ε  3

sendo que ϕ é o tensor da tensão de cisalhamento e é dado por:

ϕ = −ρ u′u′(∇u )T + (∇u )u′u′  (4.10)


 

e φ é a correlação pressão-tensão dada para fluxo incompressível como:

φ = φ1 + φ2 (4.11)

ε 2  (4.12)
φ1 = −ρC1S  u′u′ − kI 
k 3 

35
 2  (4.13)
φ2 = −C2S  ϕ − ϕI 
 3 

em que I é o tensor unitário, CS(0,22), C1S(1,8), C2S(0,6) e σDS(1,0) são constantes do modelo.

A taxa de dissipação da energia cinética turbulenta é dada por:

ε2
∂ρε
∂t
C k
( )
σε ε
ε
+ ∇ ⋅ (ρuε ) = ∇ ⋅ ρ S u ′u ′ [∇ε] + C1 δ − C 2ρ
k k
(4.14)

com k sendo obtido diretamente de sua definição, isto é, ( k = 1 / 2u '2 ) e C1(1,44), C2(1,92) são
constantes do modelo.

4.2 Conservação de Momentum para a Fase Particulada

Neste trabalho foi utilizado um tratamento Lagrangeano para o escoamento das partículas.
Este tratamento não considera a influência da fase particulada no escoamento da fase gasosa,
assim como não considera a interação partícula-partícula. Como apresentado por Yuu et al.
(1978), a presença de partículas, ainda que em pequenas concentrações, causa uma diminuição na
velocidade tangencial e na queda de pressão. Estas variações se intensificam com o aumento da
concentração volumétrica de sólidos. Silva et al. (1989) corroboraram os resultados de Yuu et al.
(1978) e ainda observaram que, com a presença de sólidos, há uma diminuição da velocidade
axial da fase gasosa. Vale ressaltar que este é um estudo inicial deste equipamento, que se
concentra na variação das dimensões do ciclone, para que obter maior tempo de residência das
partículas. Pretende-se em trabalhos futuros a melhoria do modelo, com a inclusão, entre outras
coisas de um tratamento Euleriano para a fase sólida.

As equações que retratam a troca de momentum entre as partículas e a fase gasosa vêm
diretamente da 2a lei de Newton.

36
du p
m =F (4.15)
dt

onde up é a velocidade da partícula, F é a força que age na partícula e m corresponde à massa da


mesma.

As equações de transferência de momentum, calor e massa são baseadas em uma partícula


esférica. Porém, nos casos em que se tratou com escoamento de bagaço de cana, foi necessário o
uso de fatores de correção da geometria do sólido. O bagaço é constituído, em sua maioria, por
fibras, como pode ser observado no item 5.2.2 e nos trabalhos Corrêa et al. (2000b) e Nebra
(1985). Estas fibras têm formato próximo de um cilindro. As equações 4.16 e 4.17 correspondem
aos fatores de correção de geometria relativas ao fator de seção cruzada, CSF, e esfericidade, χ,
respectivamente. Estes dois fatores são relacionados a partículas esféricas de igual volume que a
partícula em questão.

 Ap 
CSF =   (4.16)
 A sp 
 V

 SA sp 
χ=  (4.17)
 SAp 
 V

onde Ap corresponde a área transversal de uma partícula não esférica de volume V, Asp a área
transversal de uma partícula esférica de volume V, SAsp a área superficial de uma partícula
esférica de volume V e SAp a área superficial de uma partícula não-esférica de volume

O arraste é visto aqui como a única força determinando o movimento das partículas, uma
vez que foi assumido que não há interação entre as partículas e que a presença e arraste das
mesmas não altera o perfil de velocidades do escoamento da fase tratada como continuum (fase
gasosa). Neste tratamento é considerado que a força peso e a força de reação da parede sobre as

37
partículas sejam desprezíveis frente à força de arraste (ver figura 3.2). O arraste exercido nas
partículas pela fase gasosa, única componente de F neste modelo (equação 4.15) é dado por:

1 2
FD = πd CSFρC D v R v R (4.18)
8

onde CSF é dado pela equação (4.16) e CD é dado pela equação (4.19) obtida em Schiller e
Nauman (1933).

241 + 0,15 Re0,687 


CD =   (4.19)
Re

O número de Reynolds das partículas é definido por:

ρv χ
Re = Rd
µ
(4.20)

onde d é o diâmetro de uma partícula esférica, ρ e µ são densidade e viscosidade da fase gasosa e
vR é a velocidade relativa entre as duas fases.

O tempo de residência é calculado através da relação 4.21.

H dz
t res = ∫0 w pw
(4.21)

onde z é uma dimensão de comprimento vertical, wpw é a velocidade de partículas úmidas e H é a


altura total do ciclone

38
4.3 Equações de conservação de energia para o fluido

A equação de conservação de energia para a fase gasosa é dada pela equação 4.22.

∂ρh
+ ∇ ⋅ ρuh − ∇ ⋅ λ∇T = 0 (4.22)
∂t

onde λ é a condutividade térmica, T é a temperatura e h é a entalpia específica.

O fluido, ar, é assumido como gás perfeito (entalpia somente como função da temperatura).
Assim, a equação constitutiva é dada unicamente pelo calor específico a pressão constante, como
uma função de temperatura.

dh = C p dT (4.23)

4.4 Equações de conservação de energia para a fase particulada

Neste ponto é bom lembrar que o bagaço de cana é obtido da moagem da cana, com a
retirada do caldo através de prensagem e lavagem com água. Tem-se assim um substrato sólido,
celulose, constituído por fibras, que absorveram água. A quantidade de água presente no bagaço
na saída das moendas é alta, o valor usual é de 100% em base seca.

Levando em conta estas características do material, foi adotado o modelo explicado abaixo.

Para a fase particulada, foi adotado o modelo concentrado para a transferência de calor e
massa. Ou seja, foi suposto que a umidade e a temperatura tinham o mesmo valor em todos os
pontos do sólido, desprezando a resistência interna à transferência de massa e calor, quando
comparada à resistência externa. Esta suposição é valida para números de Biot de transferência de
massa ou calor menores que 0,1, no caso de corpos cilíndricos (Pakowski, 1995).

39
Este modelo é tradicionalmente adotado na secagem de material particulado, de pequena
granulometria e alta umidade, quando seco em secadores fluidodinamicamente ativos (Meirelles,
1984, Nebra, 1985, Barbosa, 1992, Rocha, 1988, Silva, 1991).

Esta simplificação implica em supor que a partícula seca da mesma forma que uma gota
d’água (Treybal, 1980, Pakowski, 1995), em supor que a umidade presente é umidade “solta”
(em oposição a água “ligada”) e que pode ser retirada com facilidade.

Do ponto de vista do processo de transferência de massa e calor, é assumido que o mesmo


acontecerá de tal forma que a partícula se aqueça somente até atingir a temperatura de saturação
adiabática do agente de secagem, tendo constantemente uma película de água na superfície da
mesma. Esta suposição é clássica na área de secagem, para partículas com alto teor de umidade.
Mais adiante, no capítulo 8 deste trabalho, poderão ser apreciados os resultados experimentais da
secagem (tabela 8.4), onde é mostrado que a temperatura de saída das partículas é baixa, muito
inferior à temperatura dos gases de escape, entende-se que este fato corroboraria o modelo
adotado. Além disto, Meirelles (1984) fez um estudo da cinética de secagem do bagaço,
constatando que a quase totalidade da secagem do bagaço ocorre no período denominado de
“velocidade constante”, que corresponde às hipóteses aqui adotadas.
É bem evidente que para valores baixos de umidade, abaixo de, digamos 30% (b.u.), o
modelo adotado não é mais sustentável, mas como foi mencionado no capítulo 1, o presente
estudo se refere a um tipo de secador que pode ser considerado como um “pré-secador”, e do
ponto de vista do seu uso industrial, não se espera chegar a valores baixos de umidade das
partículas.

A conservação de energia para a fase particulada, associada a transferência de massa, é


dada pela equação 4.24:


m Cp p
dTp dX
dt
+
dt
C w Tp + XC w
dTp dX
dt

dt

(
H v  = πdχλNu Tg − Tp ) (4.24)
 

40
onde λ é a condutividade térmica e o número de Nusselt é dado pela correlação de Hughmark
(1967):

1/ 3
 Cpg 
Nu = 2 + 0.6 Re 0.5  µ  (4.25)
 λ 
 

4.5 Equações de conservação de massa

A transferência de massa, entre a fase gasosa e as partículas, é dada por:

dm M vap 1 − X 
= πdχShD wag ρ wa log  (4.26)
dt Mg 1 − Y 

onde Sh, número de Sherwood, é dado pela correlação de Hughmark (1967):

1
0,5  µ  3
Sh = 2 + 0,6 Re   (4.27)
 ρd 

4.6 Método dos Volumes Finitos e CFX

O método de volumes finitos, ou volumes de controle, foi criado para a resolução de


equações diferenciais que governam os fenômenos de transferência de momentum, calor e massa
através da discretização das mesmas, transformando-as em equações algébricas lineares a serem
resolvidas em pequenos volumes, compondo assim uma malha computacional (Patankar, 1980,
Maliska, 1995).

41
Este método tem sido amplamente utilizado nas últimas décadas para a resolução de tais
equações e é a base de códigos computacionais comerciais como o PHOENICS, o FLUENT e
o CFX. Este último código foi utilizado neste trabalho, em sua versão 4.4.

4.6.1 Esquemas de interpolação

O tratamento da interpolação em problemas que envolvem convecção deve ser feito com
esmero, pois a escolha de um esquema pode resultar, entre outras coisas, em divergência de
resultados ou obtenção de resultados fisicamente incorretos. Segue abaixo uma breve descrição
dos esquemas de interpolação.

4.6.1.1 Esquema das diferenças centrais

Este esquema é considerado de primeira ordem pois a variável da interface é substituída


pela média dos pontos centrais dos volumes adjacentes. Trata-se da forma de discretização mais
natural. É dada pela equação 4.28. Os índices e,w, E, W e P indicam a localização da variável
genérica γ em questão, conforma figura 4.1.

γ − γP γ + γP
γe = E ; γw = W (4.28)
2 2

Volume elementar
para integração

W P E

w e

Figura 4.1. Malha para um tratamento numérico unidimensional

42
4.6.1.2 Esquema upwind

Este esquema de interpolação é dito de primeira ordem pois as variáveis na interface


adotam o valor central da célula que se localiza imediatamente a montante em relação à direção
do componente do vetor velocidade do fluxo convectivo em questão. A interpolação realizada
segue as equações 4.29 e 4.30. Enquanto o método das diferenças centrais utiliza a aproximação
pelos dois lados, o esquema upwind faz a aproximação por um só lado garantindo que não haja a
formação de coeficientes negativos nas equações algébricas resultantes da discretização. Embora
seja uma solução para evitar coeficientes negativos, gera difusão numérica, ou seja, erros de
truncamento de natureza dissipativa, associados à aproximação dos termos convectivos, causados
pela função de interpolação não ser exata. Porém, ao se refinar a malha, estes erros são
minimizados e se aproxima de uma solução exata (Maliska, 1995).

γ w = γ W; γe =γP para ι>0 (4.29)

γ w = γ P; γe =γE para ι<0 (4.30)

Nas equações 4.29 e 4.30, ι corresponde a ρu.

4.6.1.3 Esquema higher upwind

Este esquema extrapola valores da face de dois pontos à montante e por isto é conhecido
como um esquema de segunda ordem. É dado pela equação 4.31.

(3γ W − γ WW )
γw = (4.31)
2

4.6.1.4 Esquema CCCT

Este esquema é conhecido por de terceira ordem pois utiliza três pontos, sendo dois a
montante e um a jusante. É visto como um esquema do tipo QUICK. O esquema QUICK é dado

43
pela equação 4.32, porém pode gerar oscilações não realísticas (CFX 4.4, 2000). Desta forma, o
esquema CCCT (equação 4.33) contem um fator de correção η para corrigir estas oscilações.
Alderto e Wilkes (1988) apud CFX 4.4 (2000) fornecem detalhes do cálculo de η.

3 3 1
γw = γ P + γ W − γ WW (4.32)
8 4 8

3  3  1 
γ w =  − η φ P +  + 2η  γ W −  + η  γ WW (4.33)
8  4  8 

4.6.2 Acoplamento Pressão-Velocidade

Na resolução das equações diferenciais através da discretização das mesmas em equações


algébricas, deve-se determinar um campo de pressões que, quando inserido nas equações de
momentum, origine um campo de velocidades que satisfaça a equação da conservação de massa
(Maliska, 1995). Este processo é chamado de acoplamento pressão-velocidade, que através de
iterações corrige os valores de pressão e velocidade.

Dentre os tipos de acoplamento pressão-velocidade, o SIMPLEC (Simple Consistent) é o


utilizado neste trabalho. Maiores detalhes sobre o mesmo pode ser encontrado em Patankar
(1980) e Maliska (1995). Segundo Van Doormal e Raithby (1984), este acoplamento proporciona
ótimas condições de estabilidade.

4.6.3 Estratégia de Solução

Como verificado por Peres et al. (2000), face às dificuldades de convergência ao se utilizar
o modelo de turbulência DSM com esquemas de interpolação de segunda ordem, uma estratégia
de simulação eficiente nestes casos é, inicialmente, a obtenção de uma primeira solução
utilizando-se o esquema upwind para todas as variáveis para se obter estabilidade da solução
numérica e, posteriormente, utilizar esta solução em estudos com esquemas de segunda ou
terceira ordem. Esta estratégia foi aqui adotada mesmo ao se utilizar outro modelo de turbulência,
por questões de uniformidade de tratamento.

44
Outra questão que deve ser colocada é a consideração de convergência para os casos
estudados. A tolerância de resíduo de massa, utilizada como critério para convergência, uma vez
que é justificada pela equação da continuidade, é de 7x10-6 que corresponde a 0,01% da vazão
mássica utilizada na maioria das simulações.

45
Capítulo 5

Materiais e Métodos

Este capítulo aborda a metodologia utilizada na caracterização do bagaço de cana e os


resultados obtidos nesta caracterização, a apresentação da montagem experimental e os métodos
utilizados nos experimentos.

5.1 Caracterização do material

5.1.1 Procedência

O bagaço de cana utilizado neste trabalho foi gentilmente cedido pela Usina Açucareira
Ester S.A., situada na cidade de Cosmópolis, SP, Brasil. Deve-se observar que a granulometria
do bagaço é função do tipo de extração (moagem ou difusor e tipo de moenda ou difusor) e que a
extração de caldo nesta usina é feito por moagem.

5.1.2 Distribuição de tamanhos

A partir de uma amostra de bagaço, com teor de umidade de 2,76% (b.u.) em equilíbrio
com a umidade do ar, foi feito um estudo para definição do conjunto de peneiras que
apresentassem a distribuição mássica mais uniforme. As peneiras utilizadas foram as
padronizadas da série Tyler.

46
O conjunto de peneiras escolhido para a análise foi o que conduziu à distribuição mais
homogênea e com menor quantidade de material nas peneiras das extremidades. Após esta
definição, variou-se o tempo de peneiramento para obter um tempo ideal em que não houvesse
variações significativas na massa de bagaço obtida em cada peneira.

O diâmetro médio das partículas retidas nas peneiras intermediárias foi calculado segundo a
equação 5.1(Kunii e Levenspiel, 1991).

−1 +
(ln(e pe ) ln(e pe ))
ln(d p,pe ) = (5.1)
2

onde os índices pe e pe-1 correspondem à peneira em questão e aquela de abertura imediatamente


maior, respectivamente.

O cálculo do diâmetro médio das amostras de bagaço estudadas foi feito utilizando-se a
equação 5.2, relativa ao cálculo de diâmetro médio de Sauter (Kunii e Levenspiel, 1991).

dp = (∑ (x pe / dp,pe )) (5.2)

5.1.3 Percentual de Fibras

Foi avaliado o percentual de fibras em cada peneira. Para isto, fez-se uma separação
manual, partícula a partícula, entre pó e fibras da massa obtida em algumas peneiras após
granulometria. Considerou-se que as partículas do material fossem constituídas de fibras, que
apresentavam geometria próxima à de um cilindro, e pó, de dimensões semelhantes entre si.
Utilizou-se também nesta determinação dados de Nebra e Macedo (1988), que fizeram o mesmo
estudo com outras medidas de diâmetro médio.

47
5.1.4 Formação de grumos

As partículas de bagaço de cana apresentam pequena porcentagem de umidade interna ou


ligada. Devido a isto, não houve o interesse em se tratar o possível encolhimento das mesmas.
Porém, observou-se que, quando úmidas, tais partículas tendem a formar grumos. Assim, optou-
se por fazer análises granulométricas com diferentes teores de umidade para se estudar a
influência da umidade no tamanho dos grumos.

5.1.5 Densidade Aparente

A densidade aparente do material foi determinada utilizando o método de pesagens


sucessivas com um picnômetro de 50,0 ml. Como fluido de trabalho, foi escolhido o tolueno
devido à sua baixa tendência a penetrar os poros no interior das partículas, conforme observado
por Mohsenin (1986). Para esta determinação, procurou-se utilizar amostras contendo todos os
tipos e tamanhos de partículas. A massa de amostra utilizada em cada determinação foi de
aproximadamente 5,00 g. As análises, em duplicata, foram feitas variando-se o teor de umidade
do material para que se obtivesse a influência desta variável.

O procedimento recomendado por Mohsenin (1986) consiste na determinação da massa


específica do bagaço através da pesagem do conjunto constituído por uma certa quantidade de
bagaço, uma quantidade de tolueno necessária para completar o volume do picnômetro e do
próprio picnômetro (equação 5.3).

m bagaçoρ tolueno
ρ bagaço =
(
m bagaço − m picnometro+ tolueno+ bagaço − m picnometro+ tolueno ) (5.3)

48
5.1.6 Teor de Umidade

Para determinação do teor de umidade do sólido, foi inicialmente feita uma medida do
mesmo em estufa e depois se comparou esta medida com a obtida em uma balança marca
OHAUS modelo MB200 com monitoramento de perda de umidade. A diferença apresentada
entre os dois aparelhos foi de apenas 0,8 % em base úmida, o que levou a se optar pelo uso desta
balança nas demais determinações, por apresentar menor tempo de processamento e maior
praticidade de uso. Por se ter nesta balança um leito fixo do material, procurou-se trabalhar
sempre com a mesma espessura de camada do bagaço na determinação do teor de umidade. A
temperatura utilizada (105°C) foi baseada na norma NBR 7993 (ABNT, 1983) referente à
secagem de madeira reduzida a serragem, por não se ter obtido norma específica para secagem de
bagaço e pela semelhança morfológica dos dois materiais. Cada determinação de umidade nesta
balança foi feita em 180 mimutos. Mantendo-se a espessura de material selecionada, o tempo
requerido para que cessasse a variação da massa contida na balança foi de aproximadamente 120
minutos. Assim, em 180 minutos, a amostra em questão certamente estaria completamente seca.

O teor de umidade foi calculado, em base seca, segundo a equação 5.4 e em base úmida
segundo a equação 5.5.

m H 2O
X= (5.4)
m material seco

m H 2O
X′ = (5.5)
m material umido

5.1.7 Calor Específico

O valor de calor específico (material seco) utilizado neste trabalho foi 1,047 kJ/kgK,
obtido em Tanquero et al. (1987).

49
5.1.8 Temperatura de Ignição Espontânea

A temperatura de ignição espontânea, importante dado de segurança em secadores, foi


obtida em Doubs (2000) e se encontra na faixa de 350 a 450°C.

5.2 Resultados da caracterização do bagaço de cana

Neste item são apresentados os resultados da caracterização do bagaço de cana.

5.2.1 Distribuição de tamanhos

Como anteriormente citado, o bagaço de cana apresenta diversos tamanhos e formatos das
partículas, sendo necessária uma análise de distribuição de tamanhos para um estudo mais
aprofundado deste material. Na figura 5.1 pode ser observada uma amostra de bagaço de cana
contendo todos os tipos e tamanhos de partículas.

As determinações granulométricas foram realizadas no LPTF/DTF/FEQ/UNICAMP. O


conjunto de peneiras em que se obteve a melhor distribuição granulométrica é apresentado na
tabela 5.1. Este conjunto corresponde àquele que conduziu a uma distribuição mais homogênea
com menor quantidade de bagaço recolhida nas peneiras de maior abertura e no prato sem
aberturas, utilizando-se bagaço a 2,76% (b.u.) correspondente ao teor de umidade em equilíbrio
com a umidade do ar. A figura 5.2 corresponde à distribuição granulométrica obtida com aquele
teor de umidade. Os valores de diâmetro foram obtidos com base na equação 5.1.

Na faixa de tempo de 5 a 30 minutos, o tempo de peneiramento não apresentou influência


significativa sobre a variação percentual da massa retida em cada peneira. Adotou-se então 15
minutos para esta variável, como efetuado por Neiva (1998a).

Faz-se extremamente importante notar que a distribuição granulométrica com o uso de


peneiras é mais adequada para partículas que apresentam formato próximo à de uma esfera e que
o bagaço de cana é formado basicamente de partículas com formato próximo ao de um cilindro.

50
Porém, este método foi utilizado aqui devido à sua praticidade e a não se ter em mãos
equipamentos mais adequados para este trabalho. As partículas cilíndricas do bagaço de cana
apresentam diversos comprimentos e diâmetros. Em tal experimento, há a possibilidade de se
colher partículas cilíndricas de diversos comprimentos em cada peneira, sendo que o que limita
esta situação é o diâmetro das partículas, que tem que ser menor que o orifício da peneira. Porém,
nos experimentos de granulometria, mesmo para partículas de formato cilíndrico, houve
considerável uniformidade de tamanho de partículas coletadas. Para que se compense a
inadequação do método utilizado, foi feita uma medida de percentual de fibras, apresentada no
próximo item e, através desta, lançou-se mão do conceito de esfericidade.

Tabela 5.1 Distribuição granulométrica do bagaço de cana

X’ [%] Abertura da peneira [mm] d p (Sauter)


(b.u.) 6,35 1,19 0,59 0,30 0,075 0 [mm]
Fração mássica retida [%]
2,76 4,06 37,70 31,10 20,91 5,94 0,30 0,704
17,00 12,41 27,08 28,65 19,86 11,76 0,24 0,584
20,12 10,40 26,55 28,62 21,64 12,54 0,25 0,554
36,42 10,83 28,52 47,96 11,89 0,80 0,00 1,043
65,64 12,54 58,76 28,70 0,00 0,00 0,00 1,798

51
Figura 5.1 Amostra de bagaço de cana

37,70
Porcentagem de m assa retida

40
35 31,10
30
25 20,91
20
15
10 5,94
4,06
5
0,30
0
6,35 1,19 0,59 0,30 0,08 0,00
Diâm etro da peneira (m m )

Figura 5.2 Distribuição granulométrica obtida com teor de umidade 2,76% (b.u.)

52
5.2.2 Percentual de fibras

O bagaço de cana pode ter suas partículas classificadas como fibra e pó, sendo que as fibras
correspondem a partículas com formato próximo de um cilindro e o pó às partículas
extremamente irregulares com formato semelhante a um disco ou a uma esfera. No bagaço como
um todo e principalmente nas faixas granulométricas de diâmetro médio maiores, as fibras
predominam sobre o pó. A figura 5.3 apresenta a porcentagem de fibras (pf) obtida em função do
diâmetro médio da peneira (dp,pe). Trabalhou-se com peneiras com dp,pe na faixa de 0,18x10-3 a
6,35x10-3 m. Pode-se observar que há uma tendência a um aumento do teor de fibras com o
incremento do diâmetro médio, a partir de um valor mínimo de 40%, para a faixa de valores
testada. O conjunto de dados da distribuição de fibras, obtidos neste e no trabalho de Nebra e
Macedo (1988), levou à obtenção de uma correlação com bom ajuste entre porcentagem de fibras
e diâmetro médio granulométrico (equação 5.6).

*
1,0
*
0,9
% Fibras x 10^(-2)

0,8

0,7

0,6

0,5
* * *
0,4

-2,0 -1,5 -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0


ln (dp) [m x10^3]

* obtidos por Nebra e Macedo (1988)

Figura 5.3 Relação entre porcentagem de fibras e diâmetro médio


granulométrico

pf=100((-1,6709+1,0197)/(1+exp((ln(1000dp,pe))+0,0654/0,4343))+1,0197) (5.6)
2
coeficiente de correlação (r ): 0,9871

53
É importante notar que, aliado ao estudo de granulometria do bagaço, o estudo do
percentual de fibras possibilitou o tratamento adotado numericamente em que se consideraram as
partículas de bagaço como cilíndricas e estas foram relacionadas a esferas através do conceito de
esfericidade. No estudo de Nebra e Macedo (1988) sobre as dimensões das partículas de bagaço
de cana é apresentada a razão l/a, conforme dimensões apresentadas na figura 5.4. A tabela 5.2
reproduz os dados de Nebra e Macedo (1988). O diâmetro destas partículas é dado pela equação
5.7.

j
l

Figura 5.4 Dimensões das partículas cilíndricas do bagaço de cana

(i 2 + j 2 )
Dp = (5.7)
2

54
Tabela 5.2 Valores médios de dimensões das partículas de bagaço de cana.
Fonte: Nebra e Macedo (1988)
Abertura da Tipo de Fração mássica Dp l/i [-]
peneira [mm] partícula [%] [mm]
2,38 fibra 20,95 3,21 21,6
pó 0,00 - -
1,19 fibra 14,91 1,34 10,0
pó 1,84 - -
0,59 fibra 21,55 0,49 60,7
pó 6,80 - -
0,30 fibra 10,42 0,32 35,7
pó 15,38 - -
0,21 fibra 1,80 0,22 35,9
pó 2,65 - -
0,15 fibra 1,45 0,15 28,7
pó 2,15 - -

5.2.3 Formação de grumos

Foi verificada a variação de d p de grumos com o teor de umidade do bagaço. Deve-se aqui

observar que o uso de d p é feito por questões práticas, pois como o bagaço é formado

principalmente por partículas cilíndricas, o conceito envolvido no cálculo de d p não é o mais

adequado.

Através da observação da tabela 5.1, vê-se que para o bagaço com teores de umidade
maiores (36,42 e 65,64% (b.u.)), há uma tendência à formação de grumos. A umidade leva as
partículas menores a se agruparem às maiores, não havendo depósito daquelas nas peneiras de
menor diâmetro de abertura. Além disto, o material úmido apresenta maior aderência às telas das
peneiras, o que dificulta a sua passagem pelas mesmas.

55
A figura 5.5 mostra a relação entre o teor de umidade e d p cuja curva corresponde à

equação 5.8. Através da observação desta figura, vê-se que há uma tendência a se obter valores
de diâmetro constantes nas faixa de teor de umidade 0 a 20% e a partir de 60%. A faixa de teor
de umidade estudada foi 2,76 a 65,64% (b.u.)

1,8
1,6
1,4
d p [mm]

1,2
1
0,8
0,6
0,4
0 20 40 60
teor de umidade [%]

Figura 5.5 Influência do teor de umidade no diâmetro médio das partículas

d p = −2x10−5 X′3 + 2x10−3 X′2 − 4,5x10− 2 X′ + 0,8154 (5.8)

coeficiente de correlação (r2): 0,9978

5.2.4 Densidade aparente do bagaço de cana

A figura 5.6 apresenta a densidade aparente do bagaço de cana em função do teor de


umidade do mesmo, determinada na faixa 0 < X < 85,8% (b.u.). A equação 5.9 corresponde ao
ajuste da curva desta figura, apresentando um ótimo ajuste.

56
980

Densidade do bagaço
[kg/m^3]
880

780

680
0 30 60 90
Teor de umidade (b.u.) [%]

Figura 5.6 Densidade do bagaço de cana em função do teor de umidade

ρs = 0,0006X′3 − 0,0134X′2 + 0,1428X′ + 685,42 (5.9)

Coeficiente de correlação (r2): 0,9974

5.2.5 Teor de umidade

O teor de umidade, obtido conforme procedimento citado no item 5.1.6, é apresentado em


cada experimento de secagem realizado.

A maioria dos experimentos de secagem foi realizada em período de entressafra. O bagaço


utilizado nestes experimentos era proveniente do pátio da Usina Ester S.A. e, devido ao período
de chuvas de verão, continha teor de umidade na faixa de 60 a 78% (b.u), faixa de umidades
acima daquela em que o bagaço é obtido após a moagem (50% (b.u.)). Independentemente do
teor de umidade, pode-se considerar que a totalidade da umidade presente no bagaço de cana seja
proveniente da lavagem do mesmo, não se tratando de umidade não-ligada. Isto faz com que não
haja diferença de tratamento em relação ao teor de umidade extraída nos experimentos e
simulações, sendo considerado em todos os casos extração de umidade ligada. O mesmo foi
considerado por Meireles (1984), Nebra (1985) e Barbosa (1992) que também estudaram a
secagem de bagaço de cana.

57
5.3 Montagem experimental

Um esquema da montagem experimental é apresentado na figura 5.7, onde estão indicados


os componentes do sistema. As figuras 5.8 a 5.13 são fotos do sistema, sendo que algumas delas
apresentam detalhamentos de certos componentes do mesmo. Descrições mais detalhadas dos
componentes encontram-se nos itens a seguir. Deve-se observar que o ventilador, parte da
tubulação, o aquecedor, a placa de orifício e o manômetro de poço de tubo inclinado também
foram utilizados em um sistema semelhante em trabalhos anteriores (Godoy, 1989, Silva, 1991,
Cremasco, 1994, Gonçalves, 1996 e Benta, 1997) em que operava um ciclone do tipo Bernauer
de 315 mm de diâmetro.

3 5 6
1

8 7
2

1- Ciclone ou Câmara Ciclônica 2- Coletor de Sólidos 3- Alimentador Venturi


4- Esteira Elétrica 5- Aquecedor 6- Placa de Orifício 7- Soprador 8- Tecido

Figura 5.7 Esquema do sistema experimental

58
Figura 5.8 Sistema experimental – vista lateral

59
Figura 5.9 Sistema experimental – vista frontal

60
Figura 5.10 Vista superior do sistema experimental

5.3.1 Ventilador

O ventilador inicialmente utilizado é do tipo S.E.I. 50RC, 533mm de c.a., vazão 10,5m3min-1,
com motor de 3HP. Nos últimos testes foi utilizado outro ventilador com rotação em torno de
3600 RPM, pressão de 1000 mm de ca e vazão de 30 m3min-1.

5.3.2 Tubulação

A tubulação que conduz o ar do ventilador até o aquecedor é de PVC com diâmetro de 4


polegadas.

61
5.3.3 Esteira de alimentação

Após um estudo sobre o escoamento do bagaço e a possibilidade de uso de um silo para


breve armazenagem, transporte e alimentação de sólidos (Corrêa et al. 2000a), apresentado no
anexo A, verificou-se que o bagaço de cana apresenta a tendência de formação de arco coesivo,
sendo necessário que a tremonha do silo apresentasse um ângulo bastante pequeno com relação à
vertical, mas ainda assim, não era possível obter um fluxo constante de sólido. Para que a
constância da vazão de sólidos não fosse comprometida, optou-se, no presente estudo pela
alimentação do bagaço por uma esteira transportadora, alimentada manualmente. Em uma
instalação industrial, o transporte por esteira teria início após a moagem da cana. A alimentação
manual de uma espessura constante do material a uma velocidade constante conduziu a uma
vazão de sólidos praticamente constante. As possíveis variações desta vazão dentro do mesmo
teste advêm de erros experimentais e da variedade de tamanhos e formas das partículas de
bagaço.

A esteira (figura 5.11) utilizada foi fabricada pela empresa Ermapi Equipamentos
Industriais Ltda com 1,5m de comprimento, largura útil de 100mm e velocidade ajustável entre 0
e 20,0 m/s.

5.3.4 Alimentador Venturi

O dimensionamento do alimentador Venturi aqui utilizado foi feito através da confecção de


um protótipo de papelão no qual se variou o ângulo da parte convergente do mesmo (Corrêa et
al., 2002 b). O dimensionamento experimental e o estudo teórico-experimental de velocidades
após o alimentador Venturi são apresentados no anexo A. Este alimentador pode ser observado na

figura 5.11 e suas dimensões encontram-se na figura 5.12. Há um trecho horizontal com

comprimento de 0,12 m anteriormente ao alimentador Venturi.

62
Figura 5.11 Detalhe da esteira e do alimentador Venturi

63
Fluxo de partículas

120

Fluxo de ar
71

102
250

56
20
103
56

293
600

520

Figura 5.12 Alimentador Venturi com dimensões em milímetros

5.3.5 Aquecedor e isolamento

O aquecedor montado em chapas de aço carbono consiste de 17 resistências da marca


Anluz totalizando uma potência de 34 kW.

O isolamento adotado a partir do aquecedor foi feito com lã de rocha de 5cm de espessura e
revestido com alumínio corrugado.

5.3.6 Câmara ciclônica

A câmara ciclônica estudada neste trabalho foi dimensionada com base no trabalho de Dibb
(1997) que procurou obter dimensões que conduzissem a um maior tempo de residência. Dibb
(1997), em seu trabalho, utilizou o simulador desenvolvido por Silva (1991). Maiores detalhes do
dimensionamento encontram-se no anexo B.

64
Para o estudo experimental da influência das dimensões da câmara ciclônica no tempo de
residência e na secagem propriamente dita, confeccionou-se um equipamento desmontável para
que se pudesse variar a altura da parte cilíndrica (h) e o ângulo da parte cônica (α). A câmara
ciclônica foi fabricada pela empresa Osmec Ltda. Ela está ilustrada na figura 5.13 e suas
dimensões são apresentadas na tabela 5.3.

Figura 5.13 Sistema experimental acoplado à câmara ciclônica sem isolamento térmico

5.3.7 Ciclone

O equipamento reportado como ciclone neste trabalho é o mesmo que a câmara ciclônica
(figura 5.14), porém com parte cônica de mesma altura e com diâmetro de saída, B igual a 10 cm
(α conseqüentemente igual a 49o). As demais dimensões estão listadas na tabela 5.3. A troca da

65
parte cônica do ciclone ocorreu após a realização de experimentos e de simulações, conforme
relatado no Capítulo 8. Suas partes superior e inferior com o coletor de sólidos são mostradas
detalhadamente nas fotografias 5.15 e 5.16, respectivamente, e um esquema do mesmo é
apresentado na figura 5.14.

Figura 5.14 Características geométricas da câmara ciclônica e do ciclone.

66
Figura 5.15 Detalhe da parte superior do ciclone

67
Tabela 5.3 Dimensões da câmara ciclônica e do ciclone
Dimensão [m] Câmara ciclônica Ciclone
a 0,250 0,250
b 0,056 0,056
Li 0,150 0,150
h1 0,730 0,730
h2 1,168 -
H1 1,000 1,000
H2 1,438 -
D 0,730 0,730
De 0,160 0,160
B1 0,650 0,100
B2 0,710 -
S 0,500 0,500
α 1 [°] 2 49
α 2 [°] 8 -

68
Figura 5.16 Detalhe da parte inferior do ciclone, duto de tecido e coletor de sólidos

5.3.8 Coletor de Sólidos


Após a permanência no ciclone, os sólidos são recebidos em um coletor de sólidos situado
na parte inferior do ciclone. Este coletor, de formato cilíndrico e aberto na parte superior
apresentava 0,34 m de altura e 0,30 m de diâmetro interno. Para que não houvesse perda de calor
pelos sólidos para o ambiente neste coletor, o mesmo foi isolado termicamente com lã de vidro e
alumínio corrugado. Uma fotografia do coletor pode ser observada na figura 5.16.

69
5.3.9 Instrumentação

Medidor de vazão de placa-orifício:

O orifício da placa apresenta diâmetro, D2, de 3 pol e está instalada na tubulação de PVC
com diâmetro, D1, 4 pol com tomadas de pressão a 1 D1 à montante e 0,5 D1 à jusante com uma
única tomada em cada ponto.

Na medição da diferença de pressões foi utilizado um manômetro de poço de tubo inclinado


da marca Meriam Instrument tipo 35 HE 40 com capacidade de 2 pol de c.a. e menor divisão de
0,01 pol de c.a.

Antes da placa de orifício foi acoplado um temômetro comum marca Incoterm com menor
divisão de 1°C, para a determinação da temperatura de entrada de ar no sistema.

Psicrômetro, termômetros e termopares

Nos experimentos de secagem de bagaço de cana foram realizadas as seguintes medidas de


temperatura:

1. Temperaturas de bulbo seco e bulbo úmido do ar ambiente com um psicrômetro com


ventoinha da marca Hidrologia com termômetros com menor divisão de 0,2°C;
2. Temperatura do ar anteriormente à placa de orifício com um termômetro fixado na linha
com menor divisão de 1°C;
3. Temperatura do ar na saída do aquecedor e nas saídas superior e inferior da câmara
ciclônica ou do ciclone; e
4. Temperatura de entrada de sólidos diretamente no saco plástico onde estava armazenado
o produto e temperatura de saída de sólidos medida no coletor de sólidos (isolado) quando
o termopar utilizado para esta medida estivesse coberto por sólidos.

70
As medidas dos itens 2 a 4 foram feitas com termopares tipo T com proteção de aço
inoxidável, da marca Iope, previamente calibrados.

5.3.10 Sonda para determinação de velocidade

O campo de velocidades do gás no interior da câmara ciclônica deve ser medido com o
auxílio de uma sonda cilíndrica do mesmo tipo daquela utilizada por Yuu et al. (1978), Silva
(1991) e Cremasco (1994). Este instrumento, através da medida de pressão estática, permite a
medida das componentes tangencial e vertical da velocidade do gás. Maiores detalhes sobre a
sonda, sua calibração, e sua possível interferência no escoamento encontram-se no anexo C.

5.4 Métodos utilizados

Seguem abaixo os métodos utilizados nos experimentos de medidas de velocidades do


escoamento de gás, medidas de transferência de calor e de secagem na câmara ciclônica e no
ciclone. Estes métodos também foram utilizados por Silva (1991).

5.4.1 Medidas de velocidade no escoamento de gás

Para o estudo do escoamento de gás, foram feitas medidas de perfil de velocidade da


corrente gasosa através de uma sonda cilíndrica previamente calibrada (Anexo C). Através desta
sonda obtêm-se medidas de velocidade do escoamento em módulo e ângulo de inclinação
(equação 5.10) e através destes, medidas de velocidade tangencial e axial (equações 5.11 e 5.12,
respectivamente). A componente radial da velocidade é desprezada, uma vez que é insignificante
frente às outras componentes (ter Linden, 1949).

0,5
 2∆Pdin 
u =   (5.10)
 ρa 

v = u cos θ (5.11)

71
w = u sen θ (5.12)

onde θ corresponde ao ângulo entre a direção do escoamento e o eixo horizontal perpendicular à


sonda cilíndrica

Estas medidas foram feitas desde a parede do equipamento até o centro do mesmo (0,50;
1,00; 2,00; 5,00; 10,00; 15,00; 20,00; 25,00; 30,00; 36,50 cm a partir da parede) em pontos
situados nas partes cilíndrica e cônica do ciclone e da câmara, em lados simetricamente opostos,
para que se verificasse a simetria dos perfis de velocidade. Para a parte cônica, foram tomadas
medidas a partir da parede e em intervalos iguais aos da parte cilíndrica até o centro do
equipamento.

5.4.2 Tempo de residência

A determinação de tempo de residência foi realizada segundo o método de sólidos


remanescentes ou hold up, apresentada em Lede et al. (1987), já mencionado no capítulo 3. Neste
método, o tempo de residência é dado pela razão entre a massa de sólidos remanescentes e a
vazão mássica de sólidos utilizada. A massa de sólidos remanescentes é medida ao se interromper
simultaneamente a alimentação das correntes de sólido e de gás (equação 5.13).

m rem
t res = (5.13)
Wp

Com relação ao método utilizado para o cálculo do tempo de residência do bagaço de cana,
pode-se observar que, necessita-se de um certo tempo de resposta para que o corte simultâneo de
alimentação das fases gasosa e sólida realizado pelo operador realmente ocorra no sistema.
Entretanto, pode-se afirmar que o desligamento do ventilador faz com que cesse quase
instantaneamente o escoamento de gás, cessando portanto o arrasto de material sólido para dentro
do ciclone. O efeito da inércia das pás do ventilador pode ser compensado pela perda de carga ao
ocorrer a passagem pelo aquecedor.

72
Embora o método escolhido para se calcular o tempo de residência não seja livre de
questionamentos, suas vantagens em relação aos demais são sua praticidade e baixo custo e
principalmente por ter suas medidas efetuadas durante o processo sendo que as mesmas não o
alteram. Os demais métodos para medida de tempo de residência são relativos ao
acompanhamento de uma partícula diferenciada ou a filmagem de uma partícula isolada. Estes
métodos não são adequados para o processo em questão, pois a presença de partículas altera o
escoamento de gás, tanto mais quanto maior a concentração destas (Silva et al. 1989). Desta
forma, o mais adequado é a medida de um tempo de residência médio correspondente à
concentração real de partículas no processo em questão.

5.4.3 Vazão de sólidos

Esta variável foi determinada em cada teste através da medida da massa de sólidos coletada
em uma balança com precisão 0,01g em um determinado intervalo de tempo. Considerou-se que
a massa de sólidos coletada fosse igual à massa de sólidos alimentada, pois não foi observada
perda de sólidos através da parte superior da câmara ou do ciclone.

5.4.4 Massa de sólidos remanescentes

Obtida através de pesagem da massa de sólidos coletada na saída inferior do ciclone em


uma balança com precisão de 0,0001g. Esta massa é obtida quando as alimentações de sólidos e
de gás são simultaneamente interrompidas e corresponde ao inventário de sólido no interior do
equipamento. Esta medida faz parte da determinação de tempo de residência segundo o método
de hold-up, descrito em Lede et al., (1987).

5.4.5 Secagem em equipamento ciclônico

Os experimentos de secagem realizados na câmara ciclônica e no ciclone, foram realizados


seguindo o seguinte procedimento:

73
a. Medir de temperatura de bulbo seco e de bulbo úmido para determinação da umidade
absoluta do ar;
b. Ligar o soprador e o aquecedor;
c. Verificar a temperatura do termopar localizado entre a parede do ciclone e o isolamento
térmico do mesmo. Deve-se esperar que esta temperatura não apresente variação para
que o sistema seja considerado em regime permanente e seja iniciada a alimentação de
sólidos;
d. Ajustar a alimentação de sólidos através da velocidade da esteira e da altura da parede
colocada exatamente no final da esteira para que se obtenha uma espessura constante de
material;
e. Verificar novamente a temperatura do termopar localizado entre a parede do ciclone e o
isolamento térmico do mesmo. Deve-se esperar novamente que esta temperatura não
apresente variação para que o sistema, agora com alimentação de sólidos, seja
considerado em regime permanente;
f. Medidas de temperatura da corrente gasosa no ponto próximo à placa de orifício, antes
da alimentação de sólidos, antes da entrada da câmara ciclônica e nas saídas superior e
inferior da câmara (ou do ciclone);
g. Medidas de massa de sólido coletado em um determinado tempo para determinação da
vazão de sólidos;
h. Medidas de massa remanescente de sólidos ao se cortar simultaneamente as
alimentações de sólido e de gás. Estas medidas juntamente com as do item g são
utilizadas para determinação do tempo de residência das partículas no equipamento; e
i. Medida de umidade de uma amostra de bagaço antes da secagem na câmara ciclônica e
de outra amostra depois da secagem. Estas amostras eram acondicionadas em sacos
plásticos imediatamente após sua coleta para que não haja variações de umidade. Estas
medidas foram efetuadas conforme o item 5.1.9.

O cálculo da umidade absoluta da corrente gasosa na saída do ciclone foi feito através do
balanço de massa apresentado pela equação 5.14.

Wpd (X i − X o ) = Wgd (Yo − Yi ) (5.14)

74
Capítulo 6

Estudo de um sistema de alimentação para o bagaço de cana

O sistema de alimentação utilizado no presente trabalho é composto por uma esteira


elétrica, alimentada manualmente e um alimentador Venturi, que succiona as partículas de
bagaço. Em estudos de tempo de residência, transfência de calor e secagem no sistema
anteriormente utilizado neste grupo de pesquisa (Godoy, 1989, Silva, 1991, Cremasco, 1994,
Gonçalves, 1996 e Benta, 1997) era utilizado um sistema de alimentação constituído por um silo,
uma calha vibratória e um alimentador Venturi. Benta (1997), em seu estudo de secagem de
sabugo de milho, relatou que observava a formação de arco no silo e entupimento no alimentador
Venturi em seus experimentos. Desta forma, no presente trabalho, optou-se pelo projeto de um
sistema de alimentação mais eficiente. Inicialmente, foi feito um estudo de um silo para
alimentação do bagaço. Neste estudo (Corrêa et al., 2000b) concluiu-se que o bagaço de cana
apresenta uma grande tendência à formação de arco coesivo e a melhor opção seria a utilização
de uma esteira elétrica. Posteriormente, foi feito um estudo teórico e experimental do alimentador
Venturi (Corrêa et al., 2002b) no qual foram definidos as dimensões do Venturi e o perfil de
velocidades à jusante do mesmo.

6.1 Estudo de um silo para bagaço de cana

Devido à diversidade de tamanhos e formas de partículas presentes no bagaço de cana, há


uma grande dificuldade em se utilizar silos para a alimentação deste material (Neiva, 1998a e b).

75
Gaha et al. (1998) e Neiva (1998a e b) estudaram o escoamento do bagaço de cana em
silos. Nestes trabalhos foram relatados problemas com a formação de arco coesivo.

Para o presente trabalho, foi feito um estudo experimental em que se utilizou um protótipo
de silo, confeccionado em papelão e revestido internamente com filme vinílico. Este filme foi
adaptado para que houvesse um menor atrito entre as paredes do silo e o bagaço. As dimensões
deste silo foram determinadas pelo uso de ábacos de Jenike (Arnold et al., 1987). Porém, para
que houvesse escoamento sem a formação de arco coesivo, a tremonha utilizada teve de
apresentar um ângulo bastante pequeno com relação à vertical. Como conseqüência, todo o
material contido no silo escoava de uma só vez, o que não era interessante para os experimentos
desenvolvidos, pois dificultava a obtenção de uma vazão constante do material. O detalhamento
do estudo do silo foi apresentado em Corrêa et al. (2000b).Optou-se, então, por alimentar o
secador ciclônico com uma esteira elétrica alimentada manualmente. Os experimentos
conduzidos demonstram que a esteira utilizada obteve o sucesso desejado, pois permitia a
alimentação de uma vazão praticamente constante de bagaço. A única deficiência do uso desta
esteira no processo estudado é a necessidade da alimentação manual, o que limita a vazão às
capacidades humanas.

6.2 Estudo de um alimentador Venturi

A constrição de linha do tipo Venturi apresenta-se como uma alternativa para a alimentação
de sólidos em um escoamento sólido-gás. Esta constrição é composta de um canal convergente,
seguido de um canal divergente. Na junção entre os dois canais, encontra-se uma abertura para
admissão de sólidos.

Para que haja sucção de sólidos, o valor máximo da área de secção transversal ao final do
canal convergente e, através do mesmo, o ângulo de convergência deste canal, podem ser
inicialmente estimados através da equação de Bernoulli modificada (Equação 6.1), definindo que
a pressão máxima deste ponto deva ser igual à pressão atmosférica.

76
Pi u i 2 P u 2
+ + gz i = o + o + gz o + gz l (6.1)
ρ 2 ρ 2

onde Pi e Po, ui e uo, zi e zo correspondem às pressões, velocidades e alturas na entrada e na saída


do canal convergente, respectivamente, ρ, a massa específica do fluido, g, a aceleração da
gravidade e gzl, a perda de carga na seção de estudo.

Normalmente, a área de secção transversal da tubulação à jusante do canal convergente


deve ser maior que a do final do mesmo. Desta forma, costuma seguir ao canal convergente, um
canal divergente. Ao se confeccionar este último, deve-se atentar ao seu ângulo de divergência,
pois as condições de escoamento a partir deste canal são determinadas por este ângulo e pelo
número de Reynolds do escoamento em questão (Schlichting, 1972). Hamel (1916) apud
Schlichting (1972) e Millsaps e Pohlhausen (1953) apud Schlichting (1972) estudaram esta
relação teórica e experimentalmente para canais convergentes e divergentes. Em ambos os
trabalhos, foram observados perfis de velocidades bastante diferentes entre os dois casos, sendo
que o canal divergente apresentou um perfil de velocidades com escoamento em contracorrente
na proximidade das paredes. Este comportamento, que reflete a fase inicial do desprendimento da
camada limite, é observado teoricamente de maneira simétrica em relação às paredes, mas, em
condições reais, ele só se apresenta em relação a uma das paredes. Segundo estudos de Blasius
(1910) apud Schlichting (1972), a partir das equações de Navier-Stokes para escoamento viscoso
laminar, para que não haja a ocorrência de fluxo reverso em um tubo divergente, deve-se ter o
raio do mesmo (R) dado pela Equação 6.2. Porém, ao se utilizar esta equação, verifica-se um
comprimento de tubo divergente extremamente grande, o que é normalmente impraticável.

dR ( x ) 12
= (6.2)
dx Re
onde x corresponde à coordenada horizontal na direção do escoamento.

uD
Re = (6.3)
ν

77
onde Re corresponde ao Número de Reynolds, v, velocidade do fluido, D, diâmetro do duto, e
ν, viscosidade cinemática do fluido.

A influência de um duto divergente na entrada de um ciclone foi também estudada por


Fudihara et al. (1999). Esses autores alertaram para a diferença observada ao se simular o bocal
divergente em conjunto com o ciclone, porém não apresentaram perfis experimentais. Em Corrêa
et al. (2002) e em Rios et al. (2000) são apresentados maiores detalhes do estudo do alimentador
Venturi aqui desenvolvido.

6.2.1 Metodologia experimental

O alimentador Venturi estudado neste trabalho é apresentado na figura 5.11. Um esquema


mais detalhado com suas dimensões é apresentado na figura 6.1. As condições experimentais
utilizadas são apresentadas na Tabela 6.1.

Fluxo de partículas

120

Fluxo de ar
71
102
250

56
20
103
56

293
600

520
Figura 6.1 Alimentador Venturi com as dimensões dadas em milímetros.

78
Tabela 6.1 Condições experimentais
uar Pamb
[m/s] [mbar]
6,9 950

Para a confecção do alimentador, partiu-se, também, de um protótipo em papelão com a


abertura final do duto convergente determinado pela Equação 6.1 calculando o atrito segundo a
metodologia indicada por Fox e McDonald (1988), e diminuiu-se, experimentalmente, esta
abertura, até a obtenção de uma diferença de pressão suficiente para a sucção de particulados.
Optou-se ainda por colocar um duto vertical acima do orifício do Venturi, pois foi observado,
experimentalmente, que, sem a presença deste duto havia repentinos períodos de expulsão de
sólidos. Com a presença deste duto, os vórtices responsáveis por esta expulsão ficaram
localizados no interior do mesmo e não ocorreram mais expulsões de material particulado para o
ambiente.

As medidas de velocidade do ar relativas ao alimentador foram feitas com uma sonda


cilíndrica com um único orifício próximo à sua extremidade. Esta sonda também foi utilizada
para medidas de velocidade no interior dos equipamentos ciclônicos aqui estudados e é
apresentada na figura 5.15. Ela permite a medida de duas componentes do vetor velocidade e tem
seu funcionamento e calibração estão detalhados no anexo C. Cremasco (1994), Silva (1991) e
Yuu et al. (1978) utilizaram este tipo de sonda em suas medidas de velocidade no interior de um
ciclone.

As medidas de velocidade do ar no alimentador estudado foram obtidas ora com o orifício


de admissão de sólidos aberto e ora com este orifício fechado para que se estudasse a influência
no escoamento desta abertura para o ambiente.

6.2.2 Modelagem matemática

O modelo matemático do escoamento é composto pelas Equações de Navier Stokes


(Equação 4.1) e da Continuidade (Equação 4.2). Foram testados os modelos de turbulência k-ε
(Equações 4.3 a 4.8) e o modelo das tensões diferenciais de Reynolds (Equações 4.9 a 4.14).

79
6.2.3 Método numérico e condições de contorno

O método numérico usado na solução das equações diferenciais parciais é o método de


volume finito co-localizado, acoplamento pressão velocidade SIMPLEC (SIMPLE Consistent),
com esquemas de interpolação: upwind e higher upwind, de primeira e segunda ordem,
respectivamente, com uso de fatores de relaxação. As equações algébricas são resolvidas pelo
algoritmo AMG (Algebraic Multi-Grid) e a geração da malha é feita por intermédio da técnica
dos multi-blocos (CFX 4.4, Documentation, 2000).

As condições de contorno adotadas neste trabalho são as que seguem:


1. Perfil de velocidades uniforme e unidirecional na entrada do alimentador, ou seja: u = u 0

para z correspondente a componente horizontal (x) da entrada do alimentador, qualquer x


e qualquer y;
2. Condição de não-deslizamento nas paredes internas do equipamento definidas por funções
de parede. O tratamento da velocidade na proximidade da parede é logarítmico;
3. Condições de saída definidas por balanço de massa; e
4. Nos casos em que o orifício para alimentação era considerado aberto, definiu-se a pressão
ambiente para que o fluxo mássico de ar fosse calculado com base na diferença entre as
pressões interna e externa.

6.2.4 Resultados

Resultados experimentais

Por intermédio do uso da equação de Bernoulli para a faixa de vazão volumétrica do ar a


ser utilizada no sistema, determinou-se a abertura final do bocal convergente como sendo de 3
cm. Porém, verificou-se experimentalmente que este valor deveria ser diminuído para 2 cm, para
garantir a sucção dos sólidos.

Os valores experimentais e simulados do perfil de velocidade do gás no duto de seção reta,


após o canal divergente, mostraram que na metade inferior do mesmo o sentido do fluxo mantém-
80
se o mesmo daquele anterior ao alimentador Venturi. Observou-se, ainda, que na metade superior
do mesmo ocorria a formação de fluxo reverso. Na proximidade do centro do duto houve a
presença de vórtices que impediram a realização de medidas experimentais de velocidade
precisas.

O uso de uma sonda cilíndrica permitiu observar que, embora houvesse a presença de fluxo
reverso, o escoamento mostrou-se orientado basicamente em uma única direção, nos dois
sentidos.

A figura 6.2 apresenta perfis de velocidade obtidos na extremidade esquerda do


alimentador Venturi (figura 6.1). As medidas foram realizadas a partir da parede inferior do duto.
Observa-se, a partir desta figura, que a presença do orifício para alimentação de sólidos leva a um
aumento no valor absoluto da velocidade do gás. Este aumento é devido à sucção de ar externo
que ocorre neste orifício. O estudo dos perfis de velocidade aqui desenvolvido também foi
apresentado em Graminho et al. (2001).

25
Alimentação de Sólidos
20 Fechada
Alimentação de Sólidos
15 Aberta
Velocidade [m/s]

10

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
-5

-10

-15
Distância Vertical [m]

Figura 6.2 Perfis de velocidade experimentais obtidos no alimentador Venturi.

81
Resultados das simulações

Os perfis de velocidade foram obtidos numa área de secção transversal após a seção
divergente, correspondente à entrada da câmara ciclônica ou do ciclone. Foi estudado
inicialmente o caso em que o alimentador estava com a abertura para entrada de sólidos fechada
(figura 6.3). Na figura 6.3 pode-se observar que não houve uma diferença significativa entre os
esquemas de interpolação ou modelos de turbulência para o presente estudo. Embora os perfis
simulados para o alimentador fechado não apresentem o mesmo formato do perfil experimental,
os valores simulados apresentaram-se próximos aos experimentais, ainda mais levando em conta
que os perfis experimentais foram medidos com o alimentador instalado num sistema em que se
seguia um ciclone à jusante e os teóricos foram obtidos através de simulações do alimentador
isolado.

A Figura 6.4 apresenta o estudo do comportamento do fluido para o caso em que o orifício
para alimentação de sólidos estava aberto. Nesta figura, são comparados os perfis simulados e
experimental, utilizando-se os modelos de turbulência e esquemas de interpolação anteriormente
discutidos. Pela observação desta figura, vê-se que, novamente, não houve diferença significativa
entre os valores obtidos com os dois modelos de turbulência e com os dois esquemas de
interpolação estudados. Vê-se ainda que a consideração de fluxo mássico calculado com base na
diferença entre as pressões interna e externa para o orifício, utilizado como condição de contorno
para a entrada de sólidos, conduz a uma aproximação bastante boa, uma vez que houve uma
grande proximidade entre os dados simulados e experimentais. A qualidade do ajuste obtido
capacita o uso deste modelo para o projeto deste tipo de alimentador.

Vale lembrar que a ausência de dados experimentais na região central nas figuras 6.3 e 6.4
é devida à instabilidade do escoamento nesta região.

82
35 k-ε upwind
k-ε higher upwind
30
Tensões diferenciais upwind
25 Tensões dif. higher upwind
Experimental
20
Velocidade [m/s]

15

10

-5
-10

-15

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25


Distância Vertical [m]

Figura 6.3 Perfis de velocidade para o alimentador Venturi fechado.

35 k-ε upwind
k-ε higher up-wind
30
tensões diferenciais up-wind
tensões diferenciais higher-wind
25
Experimental
20
Velocidade [m/s]

15

10

-5

-10

-15

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25


Distância Vertical [m]

Figura 6.4 Perfis de velocidade para o alimentador Venturi aberto.

83
Capítulo 7

Câmara Ciclônica

Neste capítulo são apresentados resultados experimentais e teóricos relativos ao estudo


da câmara ciclônica. Este equipamento foi confeccionado com base no trabalho de Dibb
(1997) que, através do uso do software desenvolvido por Silva (1991), procurou determinar a
dependência do tempo de residência em relação às dimensões características de um ciclone.
Este equipamento, anteriormente apresentado no item 5.3.6 e ilustrado nas figuras 5.11 e
5.12 tem seu dimensionamento apresentado no anexo B e suas dimensões são apresentadas na
tabela 5.2.

7.1 Estudo do escoamento na câmara ciclônica

7.1.1 Experimentos de perfis de velocidade na câmara ciclônica

Com o auxílio de uma sonda cilíndrica previamente calibrada (Anexo C), foram obtidos
dados de velocidade no interior da câmara ciclônica. Faz-se importante notar que esta sonda
não apresenta interferência apreciável no escoamento. No anexo C é apresentada uma
discussão detalhada deste instrumento. Procurou-se realizar estas medidas em lados opostos
da câmara para que fosse verificada a simetria do escoamento no interior da mesma. As
medidas de velocidade foram tomadas nas posições verticais dadas pelos pontos 1 e 4 e nas
posições horizontais dadas por a e a’ (figura 7.1). Estes pontos foram tomados a distâncias
verticais correspondentes a 7,5 e 63,0 cm do topo da câmara ciclônica.

84
As medidas de velocidade foram tomadas com a câmara ciclônica com ângulo da
parte cônica, α = 8° e altura da parte cilíndrica = 0,73m, conforme melhor geometria
determinada no estudo experimental de tempo de residência apresentado no item 7.2.1.
Deve-se observar que os perfis de velocidades obtidos no ponto 4 apresentam maior
número de dados por não existir o duto de saída de gás neste ponto. As figuras 7.2 e 7.3
apresentam os perfis experimentais de velocidade tangencial obtidos nestes pontos. Através
destas figuras pode-se observar que, na câmara ciclônica, há a presença de gás escoando em
forma rotacional na proximidade da parede e uma região central compreendida por gás com
velocidade aproximadamente nula. Vê-se ainda que há uma simetria apenas aproximada do
escoamento neste equipamento.

1
Ponto Distância vertical do topo [m]
2
1 0,075
2 0,198
3
3 0,450 a a’
4 4 0,630
5 0,762

Figura 7.1 Localização dos pontos de medidas de perfis de velocidade na câmara


ciclônica

85
7,0

6,0 Ponto 1
Ponto 4
Velocidade tangencial [m/s]

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
Distância da parede [m]

Figura 7.2 Perfis de velocidade tangencial medidos em pontos localizados conforme


figura 7.1 tomada a, escoamento sem partículas.

86
8,0
Ponto 1
7,0
Ponto 4
Velocidade tangencial [m/s]

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
Distância da parede [m]
Figura 7.3 Perfis de velocidade tangencial medidos em pontos localizados conforme
figura 7.1 tomada a’, escoamento sem partículas.

Sabe-se, da literatura (Jackson, 1963) que deve haver formação de dois vórtices no
interior de um ciclone, sendo um primeiro descendente localizado entre a região da parede e a
região do duto interno e outro ascendente, localizado na região central do aparato e na
direção do duto de saída do mesmo. Além disto, Jackson (1963) afirma que a formação destes
dois vórtices independe da configuração da parte cônica do equipamento e que o gás sempre
deixa o equipamento através do duto central. Porém, isto não foi observado aqui. Acredita-se
que, devido à baixa velocidade utilizada neste experimento, aliado a uma geometria muito
diferente da usual, houve a formação de uma área central contendo fluido com velocidade
próxima de zero e os dois vórtices surgiram na proximidade da parede, conforme pode ser
observado na figura 7.4. Esta figura apresenta um perfil de velocidade vertical a 63 cm do
topo do ciclone (ponto 4, figura 7.1). Observou-se que quase a totalidade do ar que ingressa
na câmara ciclônica, deixou o equipamento pela abertura inferior do mesmo, apresentando
um forte decréscimo de velocidade. A existência dos dois vórtices na região da parede leva a
formação de uma zona de recirculação nesta região.

87
2

1,5

1
Velocidade axial [m/s]

0,5

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4
-0,5

-1

-1,5

-2
Distância da parede [m]

Figura 7.4 Perfil experimental de velocidade axial a 63 cm do topo da câmara ciclônica,


escoamento sem partículas

7.1.2 Estudo teórico-numérico utilizando CFD para predição de perfis de velocidade na


câmara ciclônica

O estudo teórico de perfis de velocidade teve, além do objetivo de predizer o


comportamento experimentalmente observado, a finalidade de servir como base para o
dimensionamento de um equipamento que se comportasse como um ciclone tradicional e
apresentasse um alto valor de tempo de residência.

Este estudo constou de duas etapas.

Inicialmente, foram feitas simulações baseadas no escoamento desenvolvido somente


na câmara ciclônica e considerando um perfil uniforme de velocidade na boca de entrada da
mesma; foram utilizados dois tamanhos de malha, para testar a influência deste item. A
malha 1 tinha 11487 elementos e a malha 2 tinha 30983 elementos. Porém, um estudo teórico
e experimental do alimentador Venturi, apresentado em Corrêa et al., (2002 b) e no capítulo 6
88
mostrou que a consideração de perfil de velocidades constante na entrada não era adequada,
pois após o alimentador é observada uma região de refluxo na parte superior do duto (Figura
7.6), o que implica num perfil de velocidades bastante singular na boca de entrada do
equipamento.

7,0
Experimental
6,0
Malha 2
Velocidade [ms -1]

5,0 Malha 1
4,0
3,0
2,0
1,0
0,0
0,00 0,10 0,20 0,30
Distância [m]
Figura 7.5 Perfis de velocidade tangenciais considerando velocidade uniforme de 5,2 ms-
1
na entrada da câmara, escoamento sem partículas

89
35
k-epsilon upwind
30 Experimental
k-epsilon higher upwind
25
DSM upwind
20 DSM higher upwind
Velocidade [m/s]

15

10

0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
-5

-10

-15
Distância vertical [m]

Figura 7.6 Perfil de velocidade na boca de entrada da câmara ciclônica (após o


alimentador Venturi) Velocidade uniforme na entrada do alimentador 6,9 m/s,
escoamento sem partículas

Numa segunda etapa, passou-se a simular o escoamento no conjunto composto pelo


alimentador Venturi, linha horizontal e câmara ciclônica, considerando perfil de velocidade
constante na entrada do alimentador Venturi (Figura 7.7). Pela comparação entre as figuras
7.5 e 7.7, comprova-se a superioridade do segundo caso pois os dados simulados
apresentados na figura 7.7 apresentam melhor ajuste aos experimentais que os da figura 7.5.
Semelhante comparação foi apresentada em Corrêa et al. (2001b). A figura 7.8 apresenta a
malha com o alimentador venturi, contendo 27688 elementos.

90
Figura 7.7 Malha utilizada nas simulações que envolveram o alimentador Venturi

91
9,0
Experimental
8,0
k-epsilon higher upwind
7,0 k-epsilon upwind
DSM CCCT
6,0 DSM upwind
Velocidade [m/s]

DSM higher upwind


5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Distância da parede [m]
Figura 7.8 Perfis de velocidade tangencial na câmara ciclônica (ponto1, tomada a’
figura 7.1) considerando velocidade uniforme de 6,9 ms-1 na entrada do alimentador
venturi, escoamento sem partículas.

As demais condições de contorno utilizadas neste caso foram:

• Saída superior da câmara ciclônica fechada. Esta condição partiu de observações


experimentais de ausência de fluxo gasoso nesta saída.
• Condições de saída definidas por condições de pressão. A pressão ambiente foi
definida e o fluxo mássico calculado com base em diferenças de pressão interna e
externa. Tal condição é aconselhada em casos em que a velocidade na saída não é
conhecida. Há uma saída inferior na câmara ciclônica e um orifício no alimentador
Venturi. Desta forma, não é correto que se fixem valores de velocidade do ar em
nenhuma delas.

92
Além disso, a figura 7.8 apresenta um estudo de modelos de turbulência e esquemas
de interpolação. Os modelos de turbulência testados foram o modelo k-ε e o modelo dos
tensores diferenciais de Reynolds, conhecido como diferencial stress model (DSM) e os
esquemas de interpolação foram upwind, higher upwind e CCCT, de primeira, segunda e
terceira ordem, respectivamente. Pela observação desta figura, vê-se que os perfis
apresentaram resultados bastante semelhantes. Os valores de velocidade tangencial simulados
mostraram-se inferiores aos experimentais na proximidade da parede e apresentaram um
melhor ajuste ao se aproximar do centro da câmara ciclônica, o que indica a necessidade de
um refino de malha na região próxima à parede. O esquema de interpolação CCCT aliado ao
modelo k-e também foi testado. Porém, seus dados mostraram-se bastante distanciados dos
demais e não são apresentados na figura 7.8.

7.2 Estudo do tempo de residência na câmara ciclônica

7.2.1 Estudo experimental

Utilizou-se neste estudo esferas de vidro devido à maior uniformidade de tamanho e


formato deste tipo de partículas em relação ao material de estudo deste trabalho, o bagaço de
cana. Nesta etapa, além de variações de vazão mássica de partículas e de gás e de diâmetro
das partículas, também foram estudadas as variações da altura da parte cilíndrica da câmara
ciclônica e do ângulo da parte cônica da mesma. Deve-se observar que em cada ensaio foram
utilizadas esferas de vidro com valor único e constante de diâmetro e que durante os ensaios
não houve geração de finos por atrito. Os resultados experimentais se encontram na tabela
7.1. Após a definição da geometria que conduzisse a um maior tempo de residência para as
partículas de vidro, também foram realizados experimentos de tempo de residência de bagaço
de cana (tabela 7.3).

Para a obtenção dos dados das tabelas 7.1 a 7.3, foram utilizadas técnicas de
planejamento experimental. Estas técnicas são utilizadas para o esclarecimento de como uma
variável dependente (de resposta) é afetada por um conjunto de fatores ou variáveis
independentes. A utilização desta metodologia permite verificar a influência de diversas

93
variáveis de entrada com a realização de um número reduzido de ensaios, possibilitando uma
análise estatística consistente da influência das variáveis independentes e suas interações.
Maiores informações sobre a metodologia podem ser obtidas em Box et al. (1978) e Barros
Neto et al. (1995).

Os dados da tabela 7.1 foram obtidos através de um planejamento fatorial 25 (testes 1 a


32) e 3 pontos centrais (testes 33 a 36) e os dados da tabela 7.3 através de um planejamento
fatorial 23 (testes 1 a 8). Os experimentos 9 a 12 desta tabela correspondem a duplicatas dos
experimentos 3, 6, 4 e 8, respectivamente.

Tabela 7.1 Resultados experimentais de tempo de residência de esferas de vidro na


câmara ciclônica

h α dp x103 Wsx103 Wax102 Cvx104 tres


Teste [m] [°] [m] [kg/s] [kg/s] [-] [s]
1 0,730 2 0,840 38,2 7,96 1,951 0,94
2 1,168 2 0,840 38,2 7,96 1,951 0,72
3 0,730 8 0,840 38,2 7,96 1,951 0,67
4 1,168 8 0,840 38,2 7,96 1,951 0,68
5 0,730 2 4,000 38,2 7,96 1,951 0,33
6 1,168 2 4,000 38,2 7,96 1,951 0,31
7 0,730 8 4,000 38,2 7,96 1,951 0,67
8 1,168 8 4,000 38,2 7,96 1,951 0,31
9 0,730 2 0,840 116,0 7,96 5,924 0,49
10 1,168 2 0,840 116,0 7,96 5,924 0,55
11 0,730 8 0,840 116,0 7,96 5,924 1,06
12 1,168 8 0,840 116,0 7,96 5,924 0,55
13 0,730 2 4,000 116,0 7,96 5,924 0,41
14 1,168 2 4,000 116,0 7,96 5,924 0,21
15 0,730 8 4,000 116,0 7,96 5,924 0,46
94
16 1,168 8 4,000 116,0 7,96 5,924 0,26
17 0,730 2 0,840 38,2 8,75 1,775 0,99
18 1,168 2 0,840 38,2 8,75 1,775 0,96
19 0,730 8 0,840 38,2 8,75 1,775 1,27
20 1,168 8 0,840 38,2 8,75 1,775 0,92
21 0,730 2 4,000 38,2 8,75 1,775 1,61
22 1,168 2 4,000 38,2 8,75 1,775 0,30
23 0,730 8 4,000 38,2 8,75 1,775 0,57
24 1,168 8 4,000 38,2 8,75 1,775 0,63
25 0,730 2 0,840 116,0 8,75 5,389 0,77
26 1,168 2 0,840 116,0 8,75 5,389 0,59
27 0,730 8 0,840 116,0 8,75 5,389 1,06
28 1,168 8 0,840 116,0 8,75 5,389 0,68
29 0,730 2 4,000 116,0 8,75 5,389 0,24
30 1,168 2 4,000 116,0 8,75 5,389 0,18
31 0,730 8 4,000 116,0 8,75 5,389 0,13
32 1,168 8 4,000 116,0 8,75 5,389 0,57
33 1,168 8 0,840 78,5 8,44 3,781 0,79
34 1,168 8 0,840 78,5 8,44 3,781 0,80
35 1,168 8 0,840 78,5 8,44 3,781 0,82
36 1,168 8 0,840 78,5 8,44 3,781 0,86

A tabela 7.2 apresenta os efeitos principais e os efeitos de interação entre as variáveis


estudadas no tempo de residência das partículas seguindo procedimento recomendado por
Barros Neto (1995).

Pela observação desta tabela, vê-se que, nas condições estudadas, considerando sua
influência no tempo de residência das esferas de vidro, o ângulo da parte cônica do ciclone
apresenta uma pequena influência diretamente proporcional; a vazão volumétrica do gás
apresenta uma influência diretamente proporcional e a vazão mássica de sólidos, influência

95
inversamente proporcional; o diâmetro médio das partículas foi a variável que apresentou
maior influência, sendo esta inversamente proporcional, corroborando os trabalhos de Godoy
et al. (1992) e Kang et al. (1989).

A altura da parte cilíndrica apresentou influência inversamente proporcional ao tempo


de residência das partículas. Este último resultado não correspondeu às simulações de Dibb e
Silva (1997) e deve ser conseqüência do tipo de escoamento desenvolvido neste equipamento
que não foi devidamente representado no trabalho daqueles autores. Pode-se ainda observar
que, como o coletor de sólidos estava sempre localizado na mesma altura, com a variação de
h, havia aumento da altura do tecido de algodão localizado entre a câmara ciclônica e o
coletor de sólidos (ver figuras 5.2 e 5.14). A variação de altura do tecido poderia estar
mascarando a influência de h. Ao se verificar a influência da altura do tecido, observou-se
que com o aumento desta, havia aumento do tempo de residência, porém esta influência se
encontrava na faixa de erro desta medida. Desta forma, tornou-se difícil estimar a influência
de h neste equipamento e nestas condições.

Embora o dimensionamento utilizado para a construção da câmara ciclônica (Anexo B)


tenha conduzido a baixos valores de tempo de residência, a maior parte das variáveis
estudadas apresentou influência semelhante àquelas obtidas na literatura para um ciclone.

A partir dos experimentos de tempo de residência de esferas de vidro, definiu-se


experimentalmente a melhor geometria para a câmara ciclônica, composta pela parte
cilíndrica com altura de 0,73m e parte cônica com ângulo de 8° em relação à vertical. Esta
geometria foi utilizada em experimentos de determinação de secagem e tempo de residência
de bagaço de cana e de perfis de velocidade.

Os experimentos de tempo de residência de bagaço de cana na câmara ciclônica se


encontram na tabela 7.4 adiante, juntamente com os dados de secagem de bagaço, devido ao
fato de terem sido obtidos conjuntamente. Os dados relativos a estes experimentos são
discutidos no próximo item.

96
Tabela 7.2 Efeitos principais e de interação das variáveis estudadas no tempo de
residência de esferas de vidro na câmara ciclônica
Efeito Erro puro p
Efeitos médios/Interação 0,63 5x10-3 1,19x10-6
(1)h -0,20 0,01 0,000304
(2)α 0,06 0,01 0,009877
(3)dp -0,36 0,01 5,09E-05
(4)Wp -0,23 0,01 0,000219
(5)Wg 0,18 0,01 0,000470
1e2 0,05 0,01 0,020649
1 e 3* -0,01 0,01 0,579670
1e4 0,07 0,01 0,006372
1e5 -0,02 0,01 0,105721
2e3 -0,06 0,01 0,010614
2e4 0,11 0,01 0,001878
2 e 5* -0,03 0,01 0,058377
3e4 -0,05 0,01 0,014701
3 e 5* -0,02 0,01 0,151773
4e5 -0,15 0,01 0,000796
Onde* significa sem influência no tempo de residência das esferas de vidro nas condições estudadas; p
indica o grau de significância do efeito, devendo ser aceitos valores menores ou iguais a 0,05. O erro
puro está associado às incertezas na determinação das variáveis independentes em questão

7.2.2 - Estudo Teórico

Alguns dos experimentos realizados na câmara ciclônica foram simulados com o uso do
CFX 4.4, com a utilização do modelo descrito no Capítulo 4.

Considerando os resultados obtidos com os diversos modelos antes testados, nestas


simulações, optou-se por utilizar o modelo de turbulência k-ε e o esquema da interpolação
upwind. As condições de contorno utilizadas foram:

97
1. Perfil de velocidade uniforme na entrada do alimentador Venturi;
2. Condições de não deslizamento na parede para a fase gasosa e interação entre a fase
particulada e a parede a partir de coeficiente de restituição igual à unidade,
conforme utilizado anteriormente por Griffiths e Boysan (1996);
3. Velocidade nula das partículas na boca de entrada de partículas do alimentador
Venturi;
4. Condições de saída definidas por condições de pressão. A pressão ambiente foi
definida e o fluxo mássico de ar calculado com base em diferenças de pressão
interna e externa; e
5. A saída superior da câmara ciclônica foi considerada fechada.

A tabela 7.3 apresenta os resultados numéricos obtidos para o tempo de residência das
partículas, confrontados a dados experimentais (alguns dos casos reportados na tabela 7.2).
Pela observação desta tabela, vê-se que, com exceção do teste 15, os resultados de simulação
ajustaram os dados experimentais somente em ordem de grandeza, embora apresentem a
mesma tendência dos mesmos em relação ao diâmetro da partícula: maior tempo de
residência para menor diâmetro e, sendo por outro lado, insensíveis a mudanças na
concentração, devido ao modelo adotado.

Embora o modelo utilizado na simulação não seja adequado para predizer com certeza
o tempo de permanência das partículas no equipamento, devido a que ele se mostrou
adequado na predição do escoamento do gás e prediz adequadamente o comportamento da
fase particulada, estima-se que pode ser útil na análise comparativa de diferentes geometrias
do ciclone, na busca de uma otimização da mesma para a utilização deste equipamento como
secador, que é um dos objetivos deste trabalho.

98
Tabela 7.3 Resultados simulados e experimentais de tempo de residência das
partículas (tres) obtidos na câmara ciclônica, para h=0,730m, α=8o, Ws=0,116kg/s

Teste Dados Experimentais tres simulado [s]


dp [mm] Wa [kg/s] Cv x104[-] tres [s]
11 0,840 7,96 5,924 1,06 0,68
15 4,000 7,96 5,924 0,46 0,54
27 0,840 8,75 5,389 1,06 0,60
31 4,000 8,75 5,389 0,13 0,54

7.3 Experimentos de secagem de bagaço de cana na câmara ciclônica

A tabela 7.4 apresenta os resultados de secagem de bagaço de cana obtidos na câmara


ciclônica. As colunas desta tabela se referem aos dados de: concentração mássica de sólidos,
vazão de ar, temperatura de entrada do ar, umidade do ar na entrada e na saída, vazão de
sólidos, temperatura de sólidos na entrada e na saída, teor de umidade de sólidos na entrada e
na saída e redução de umidade (dada pela equação 7.1).

Xi − X o
RU = (7.1)
Xi

onde Xi representa o teor de umidade do bagaço de cana antes de entrar no sistema pelo
alimentador venturi e Xo o teor de umidade do bagaço após ser recolhido no coletor de
sólidos colocado abaixo da câmara ciclônica (b.s.).

Para proceder à análise dos dados apresentados na tabela 7.4, é necessário levar em
conta as condições de funcionamento do equipamento e algumas características de
montagem. As condições do escoamento de gás na câmara ciclônica foram tais que tanto as
partículas quanto o gás saiam pela parte inferior da mesma, além disto, na saída inferior,
entre a câmara e o coletor foi colocado um duto, ou manga, de tecido, através do qual
escapava o gás, agindo assim, como um filtro. Esta forma de separação das fases, por sua vez,
99
determina algumas características muito incomuns, por exemplo, é possível que as partículas
de menor tamanho ficassem aderidas às paredes da manga, aumentando seu tempo de
residência total e sendo assim objeto de uma secagem em mais alto grau que a que teriam se
este dispositivo não existisse. Assim sendo, o tempo de residência das partículas, pela forma
em que foi medido, refere-se a um tempo médio, que inclui a etapa do escoamento na câmara
ciclônica e a de separação na manga.

Feitas estas considerações, podem-se analiar agora os daos apresentados na tabela 7.4.
Se observa que eles se referem a dois níveis de aquecimento do ar, um nível muito baixo,
81oC, e outro semelhante às condições industriais, com temperatura em torno de 250oC. Os
níveis de secagem obtidos com temperaturas baixas são modestos, como esperado, mas para
as temperaturas altas, a redução de umidade obtidas neste equipamento são similares às
obtidas por Nebra (1985), Viotto e Menegalli (1989) e Silva (1991).

A vazão de ar não foi variada devido a que se considerou que o parâmetro mais
importante era a vazão de sólidos e conseqüentemente a concentração.

Pelas suas características, este tipo de câmara pode ser utilizado quando se deseje
incluir o secador no início de uma linha de transporte pneumático de bagaço, sendo que neste
caso, as duas fases não seriam separadas no fim da operação. Recentemente, Korn (2001)
publicou trabalho com um secador pneumático com entrada tangencial, que se assemelha à
câmara em questão.

Observa-se novamente na tabela 7.4 a forte relação inversamente proporcional entre a


razão vazão de sólidos por vazão de gás e tempo de residência. O aumento da razão vazão de
sólidos por vazão de gás leva a diminuição da componente tangencial da velocidade,
resultando em menor tempo de residência.

100
Tabela 7.4 Resultados dos experimentos de secagem na câmara ciclônica

Teste Wpw/Wa Wax 102 Tai Yix 102 Yox 102 Wpwx 103 Tpi Tpo Xi (b.s.) Xo (b.s.) RU [-] tres [s]
2
x10 [-] [kg/s] [°C] [kg/ [kg/ kg] [kg/s] [°C] [°C] [kg/kg] [kg/kg]
kg]
1 2,57 7,04 81 2,4 2,8 1,81 29,0 30,0 1,8457 1,4575 0,2103 1,59
2 7,19 7,04 81 2,4 4,7 5,06 30,0 30,5 1,6314 0,9832 0,3973 0,73
3 2,36 7,68 81 2,4 2,8 1,81 29,0 29,5 1,8457 1,3851 0,2496 1,39
4 6,59 7,68 81 2,3 3,0 5,06 28,5 29,0 1,5256 1,2481 0,1819 1,12
5 2,57 7,04 251 2,2 2,9 1,81 28,0 42,0 2,1906 0,7611 0,6526 1,92
6 7,19 7,04 251 2,3 4,0 5,06 27,5 42,0 1,5256 0,7205 0,5277 0,82
7 2,36 7,68 251 2,2 2,8 1,81 28,5 42,0 2,1906 0,1816 0,9171 1,95
8 6,59 7,68 251 2,3 4,4 5,06 28,5 40,0 1,5256 0,3259 0,7864 0,99
9 2,36 7,68 81 2,4 2,7 1,81 29,0 30,0 1,8457 1,6274 0,1183 1,25
10 7,19 7,04 251 2,3 3,9 5,06 27,5 41,0 1,5256 0,7857 0,4850 0,84
11 6,59 7,68 81 2,3 3,3 5,06 30,0 30,5 1,6314 1,1820 0,2755 1,06
12 6,59 7,68 251 2,2 4,8 5,06 28,5 41,5 2,1906 0,7710 0,6480 0,55

101
Capítulo 8

Ciclone como Secador

Neste capítulo são apresentados resultados experimentais e teóricos de simulação


numérica, utilizando CFD, relativos ao estudo do ciclone. Este equipamento foi desenvolvido
a partir de simulações com base na câmara ciclônica (Capítulo 7), pela modificação de sua
parte cônica. O desenvolvimento destas simulações é apresentado no próximo item.

8.1 Projeto de um ciclone secador a partir da câmara ciclônica

Após um estudo da influência de modelos de turbulência usado para predição do perfil


teórico de velocidade na câmara ciclônica (item 7.1.2), seguiu-se um estudo teórico de
variação das dimensões da mesma para o dimensionamento de um equipamento com
escoamento característico de ciclone (ou seja, que a fase gasosa deixasse o equipamento pela
saída superior do mesmo) e que conduzisse a maiores tempos de residência de partículas.
Para que não houvesse uma mudança muito grande do sistema, foram somente estudadas
variações das dimensões da parte cônica e do tubo de saída da câmara.

Para este estudo, foi utilizado o modelo de turbulência k- e o esquema de


interpolação upwind porque não se obteve diferenças significativas entre este e outros
modelos nos casos estudados no item 7.1.2. O tratamento das partículas foi feito utilizando o
modelo Lagrangeano para o tratamento das partículas

102
As condições de contorno foram as mesmas utilizadas no tratamento da câmara
ciclônica, porém, considerando a saída superior do equipamento aberta ao meio exterior.

A tabela 8.1 apresenta o estudo da influência das dimensões do equipamento no tempo


de residência das partículas para todas as geometrias testadas. A trajetória da partícula para
os testes 1 e 2, correspondentes à câmara ciclônica e ao ciclone, são mostradas nas figuras 8.1
e 8.2, respectivamente. A Tabela 8.1 mostra que a modificação da parte cônica conduz a
maiores valores de tempo de residência das partículas. Os resultados de tempo de residência
obtidos nas modificações (testes 2 a 5, Tabela 8.1) são bastante similares. A geometria do
teste 2, tabela 8.1 foi escolhida como a nova opção para o secador ciclônico porque
representava uma pequena modificação no equipamento anterior. Tal modificação foi
facilmente implementada. As geometrias simuladas foram modificações da câmara ciclônica
e, embora muitas outras modificações pudessem ser testadas com a finalidade de obter um
desempenho ótimo, foi colocado como meta de manter a maior parte da câmara ciclônica
atual, sendo assim, o modo mais simples de melhorar o perfil de velocidade e o tempo de
residência das partículas foi o de efetuar modificações na parte cônica.

103
Tabela 8.1 Resultados de tempo de residência das partículas (tres) simulado para
algumas dimensões modificadas
Simulação B [m] De [m] S [m] hc [m] tres [s]
1* 0,69 0,16 0,50 0,27 0,61
2 0,10 0,16 0,50 0,27 9,60
3 0,10 0,16 0,50 0,54 9,46
4 0,16 0,16 0,60 0,27 9,11
5 0,16 0,40 0,50 0,27 10,80
*
Corresponde às dimensões da câmara ciclônica

Figura 8.1 Trajetória das partículas na câmara ciclônica (simulação 1, tabela 8.1)

104
Figura 8.2 Trajetória das partículas no ciclone (simulação 2, tabela 8.1)

A geometria escolhida foi utilizada em novos estudos experimentais e teóricos relatados


nos próximos itens.

8.2 Estudo do escoamento no ciclone

8.2.1 Experimentos de perfis de velocidade no ciclone

Com o auxílio de uma sonda cilíndrica previamente calibrada (Anexo C), foram obtidos
dados de velocidade no interior do ciclone. Procurou-se realizar estas medidas em lados
opostos para que fosse verificada a simetria do escoamento. As medidas de velocidade foram
tomadas no ponto 3 da figura 8.3, em lados opostos (localização a e a’). Estes pontos foram
tomados a distâncias verticais correspondentes a 45,0 cm do topo.

105
1
Ponto Distância vertical do topo [m]
2
1 0,075
2 0,198
3
3 0,450
4 4 0,630 a a’
5 0,762

Figura 8.3 Localização dos pontos de medidas de perfis de velocidade no ciclone

A figura 8.4 apresenta os perfis experimentais de velocidade tangencial obtidos nestes


pontos e a figura 8.5 os de velocidade axial nos mesmos pontos. Na legenda destas figuras,
onde lê-se lado direito, corresponde à localização horizontal a e lado esquerdo à localização
horizontal a’ da figura 8.3. Estas medidas foram obtidas em pontos localizados abaixo da
entrada do ciclone e em uma região em que havia o duto de saída do gás e, pela observação
da figura 8.4, verificou-se nesta altura do ciclone, uma certa simetria em relação ao perfil da
velocidade tangencial. O mesmo não foi observado para a velocidade axial (figura 8.5), onde
a distribuição irregular das velocidades do lado esquerdo podem ser devidas ao efeito da boca
de entrada do ciclone (o ponto 3a’ se encontra logo abaixo desta, do mesmo lado).

Acredita-se que a brusca alteração de área causada pelo angulo da parte cônica leve à
formação de uma região de escoamento bastante aleatório, com recirculação de fluido, como
pode observado na figura 8.2, pela forma da trajetória das partículas no ciclone. Esta região
deve estar compreendida entre os pontos 3 e 5, o que tornou bastante difícil a leitura de dados
nos pontos 4 e 5.

106
9,0

8,0

7,0

6,0
Velocidade [m/s]

5,0

4,0

3,0

2,0 Lado direito

1,0 Lado esquerdo

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
Distância da parede [m]
Figura 8.4 Perfis experimentais de velocidade tangencial medidos no ponto 3,
conforme figura 8.3, escoamento sem partículas

2,0
Lado esquerdo
1,5 Lado direito

1,0

0,5
Velocidade [m/s]

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25
-0,5

-1,0

-1,5

-2,0

-2,5
Distância da parede [m]

Figura 8.5 Perfis experimentais de velocidade axial medidos no ponto 3, conforme figura
8.3, escoamento sem partículas

107
8.2.2 Estudo teórico de perfis de velocidade no ciclone

Neste estudo buscou-se obter um modelo adequado ao escoamento desenvolvido no


ciclone. Foram testados modelos de turbulência e esquemas de interpolação diferentes.

Os modelos de turbulência testados foram k-ε, k-ε RNG, k-ε modificado e tensores
diferenciais de Reynolds, conhecido por diferencial stress model (DSM). Os esquemas de
interpolação foram upwind, higher upwind e CCCT, de primeira, segunda e terceira ordem,
respectivamente. A malha adotada constava de 31016 elementos e é apresentada na figura
8.6.

As condições de contorno adotadas foram as mesmas apresentadas no item 8.1.

As figuras 8.7 e 8.8 apresentam os perfis de velocidade tangencial obtidos no ponto


correspondente ao 3 da figura 8.2. Pode-se observar nestas figuras que, dentre os modelos de
turbulência e esquemas de interpolação estudados, o caso em que se utilizou modelo k-ε e
esquema de interpolação upwind foi o que melhor se ajustou aos dados experimentais,
principalmente na tomada correspondente à posição horizantal a (figura 8.5). Dentre os
trabalhos da literatura, há uma certa divergência em relação ao modelo de turbulência que
melhor ajuste escoamentos rotacionais. Duggins e Frith (1987) propuzeram o uso do modelo
k-ε para o cálculo do termo do tensor de tensões das componentes axial e radial da equação
de momentum e uma componente tangencial dada em função da teoria de comprimento de
mistura. Hoekstra et al. (1999), Gorton-Hülgerth e Staudinger, (1999) e Meier et al. (2000)
defendem a utilização do modelo de turbulência DSM em relação ao modelo k-ε pois o
primeiro apresentou em seus trabalhos melhor ajuste para escoamentos rotacionais.
Mostram-se necessários estudos mais aprofundados que fundamentem a escolha de um
modelo de turbulência para os escoamentos rotacionais.

108
Figura 8.6 Malha numérica utilizada nas simulações do ciclone

109
16
Experimental
14 k-epsilon upwind
k-epsilon higher upwind
12 k-epsilon CCCT
DSM upwind
Velocidade [m/s]

10 DSM higher upwind


DSM CCCT
8
6
4
2
0
-2
-4
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Distância da parede [m]

Figura 8.7 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3,


localização horizontal a, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas

110
14,0
Experimental
k-epsilon upwind
12,0
k-epsilon higher upwind
k-epsilon CCCT
10,0 DSM upwind
DSM higher upwind
Velocidade [m/s]

8,0 DSM CCCT

6,0

4,0

2,0

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Distância da parede [m]
Figura 8.8 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3,
localização horizontal a’, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas

Após a observação que o modelo k-ε e o esquema upwind melhor ajustava os dados
experimentais, foram realizadas novas simulações nas quais foram confrontados o modelo k-
ε tradicional com alterações do mesmo, a saber: o modelo k-ε RNG e o modelo k-ε
modificado segundo Abujelala e Lilley (1984). Nestas simulações foi mantido o esquema de
interpolação upwind. As figuras 8.9 e 8.10 apresentam esta comparação. Vê-se na figura 8.9
que o modelo k-ε ainda é o mais indicado para este estudo. Na figura 8.10 se observa que
nenhum dos modelos estudados proporcionou um bom ajuste no perfil correspondente à
localização horizontal a’, podendo observar que a teoria prediz um perfil de velocidades
ainda menos simétrico que o escoamento real. Desta forma, na simulação de tempo de
residência e de secagem decidiu-se utilizar o modelo de turbulência k-ε aliado ao esquema de
interpolação upwind.

111
9,0
Experimental
8,0
k-epsilon
7,0
k-epsilon RNG
Velocidade tangencial [m/s]

6,0
k-epsilon modificado
5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Distância da parede [m]

Figura 8.9 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3,


localização horizontal a, conforme figura 8.2, escoamento sem partículas

9,0
experimental
8,0
k-epsilon
7,0 k-epsilon RNG
Velocidade tangencial [m/s]

k-epsilon modificado
6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0

0,0
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
Distância da Parede [m]

Figura 8.10 Perfis de velocidade tangencial em função do raio medidos no ponto 3,


localização horizontal a’, conforme figura 8.3, escoamento sem partículas

112
8.3 Estudo do tempo de residência no ciclone

8.3.1 Estudo Experimental

Como no caso da câmara ciclônica, utilizou-se, esferas de vidro devido à maior


uniformidade de tamanho e formato deste tipo de partículas em relação ao bagaço de cana.
Neste estudo foram variadas a vazão mássica de partículas e de gás e o diâmetro das
partículas. As condições e os resultados experimentais se encontram na tabela 8.2. Também
foram medidos valores de tempo de residência de bagaço de cana (tabela 8.4), porém estes
são apresentados juntamente com os resultados de secagem de bagaço.

Deve-se observar que a tabela 8.2 também apresenta resultados obtidos na câmara
ciclônica, correspondentes aos testes em que a saída inferior, B, corresponde a 0,65 m. Estes
valores estão presentes nesta tabela para facilitar a comparação entre os resultados obtidos
nos dois equipamentos em condições semelhantes. Pela simples observação desta tabela, vê-
se que a alteração da parte cônica resultou em um aumento do tempo de residência das
partículas de 2,40 até 53,61 vezes, dependendo das condições experimentais.

113
Tabela 8.2 Resultados experimentais de tempo de residência de esferas de vidro no
ciclone e na câmara ciclônica

Teste Wpx102 [kg/s] Wax102 [kg/s] dpx103 [m] B [m] tres[s]


1 4,18 8,60 0,84 0,65 0,67
2 4,35 8,60 0,84 0,10 5,84
3 4,18 8,61 4,00 0,65 0,67
4 4,44 8,61 4,00 0,10 10,96
5 11,61 8,61 0,84 0,65 1,06
6 11,11 8,61 0,84 0,10 3,33
7 11,57 8,60 4,00 0,65 0,46
8 11,33 8,61 4,00 0,10 6,18
9 4,18 9,25 0,84 0,65 1,27
10 4,35 9,25 0,84 0,10 6,62
11 4,20 9,42 4,00 0,65 0,57
12 4,44 9,42 4,00 0,10 12,15
13 11,61 9,42 0,84 0,65 1,06
14 11,10 9,42 0,84 0,10 3,61
15 11,57 9,25 4,00 0,65 0,13
16 11,33 9,25 4,00 0,10 6,97
17 11,08 7,77 0,84 0,10 3,39
18 11,33 7,77 4,00 0,10 5,85

8.3.2 - Estudo Teórico

Alguns dos experimentos realizados no ciclone foram simulados com o uso do CFX
4.4 e a utilização do modelo descrito no Capítulo 4.

A tabela 8.3 apresenta os resultados numéricos obtidos. Vê-se que os resultados


teóricos outra vez, refletem apenas a mesma ordem de grandeza dos experimentais.

114
Tabela 8.3 Resultados simulados e experimentais de tempo de residência de
partículas (tres) obtidos no ciclone

Teste tres [s]


Experimental Simulado
2 5,84 10,12
17 3,39 9,60

8.4 Estudo da secagem de bagaço de cana no ciclone

8.4.1 - Experimentos de secagem de bagaço de cana no ciclone

A tabela 8.4 apresenta os resultados de secagem de bagaço de cana e de tempo de


residência médio de partículas (tres) obtidos no ciclone. Xi representa o teor de umidade inicial
(b.s.) e Xo o teor de umidade final (b.s.) e RU é dado pela equação 7.4. Deve-se frisar que os
primeiros 6 experimentos desta tabela foram conduzidos com bagaço colhido no pátio da
Usina Ester e estava com teor de umidade superior àquele em que é obtido na moenda. Os
demais experimentos foram conduzidos com bagaço obtido à saída da moenda. Os testes 4,5
e 6 foram realizados com temperatura de ar pouco acima da ambiente. Pode-se observar que
houve uma redução significativa de umidade nos experimentos realizados e, ao se comparar
as tabelas 8.4 e 7.4, observa-se que, em condições semelhantes, pôde-se obter um aumento
bastante grande de tempo de residência das partículas de bagaço de cana ao se modificar a
parte cônica do equipamento.

Assim como no caso da câmara ciclônica (tabela 7.4), observou-se uma grande
redução de umidade para os casos em que se trabalhou com alto teor de umidade inicial
(testes 1 a 3). RU mostrou-se bastante superior para os casos em que se trabalhou com Xi na
faixa de 3,2000 a 3,4471 em relação aos casos em que se trabalhou com Xi a 0,9144. Porém,
além da diferença na umidade inicial, também houve uma diferença da concentração de
sólidos na corrente de gás e no tempo de residência, o que certamente responde pela
diferença em RU.

115
Tabela 8.4 Resultados experimentais de secagem de bagaço de cana obtidos no ciclone

Te Wpw/Wa Wax102 Tai Tao Yix102 Yox102 Tpi Tpo Xi (b.s.) Xo (b.s.) RU tres [s]
s te x102 [-] [kg/s] [°C] [°C] [kg/kg] [kg/kg] [°C] [°C] [kg/kg] [kg/kg] [kg/kg]
1 2,56 7,93 211 113 2,0 3,4 27,9 44,0 3,4471 0,9086 0,7364 20,08
2 2,30 7,78 209 105 2,1 3,3 25,1 41,0 3,4471 0,9373 0,7281 23,44
3 6,87 9,53 216 98 2,2 4,8 30,6 43,8 3,2000 1,5569 0,5135 7,57
4 7,24 9,56 35 31 2,2 2,6 27,3 27,3 2,0474 1,8393 0,1016 7,04
5 7,65 9,54 35 28 2,2 2,6 27,3 27,3 2,0474 1,8809 0,0813 9,51
6 3,13 9,57 36 30 2,2 2,3 27,3 27,3 2,0474 1,8929 0,0755 15,20
7 16,9 7,11 210 92 2,7 4,8 32,0 44,8 0,9144 0,6895 0,2460 5,61
8 16,7 7,81 208 92 1,5 5,4 31,0 45,0 0,9144 0,4635 0,4931 4,85
9 9,77 7,81 211 103 1,5 4,5 31,0 47,2 0,9144 0,3460 0,6216 8,70
10 13,4 7,49 239 112 1,6 4,0 28,0 43,5 0,9144 0,5622 0,3852 9,11

8.4.2 Estudo teórico da secagem de bagaço de cana no ciclone

Com base nos experimentos apresentados no item 8.4.1, foram realizadas simulações de
secagem no ciclone. As simulações foram realizadas considerando-se, além do ciclone, o
alimentador Venturi e o duto horizontal que antecede o ciclone, devido às vantagens expostas
no item 7.1.2.

As condições de contorno utilizadas foram as mesmas apresentadas no item 8.1.

Como o bagaço de cana é composto por uma ampla faixa granulométrica (Corrêa et al.,
2000b, Nebra e Macedo, 1988), a fase particulada foi considerada como sendo composta por
frações mássicas correspondentes cada uma a um tamanho médio de partículas, sendo as
mesmas de forma cilíndrica. O teor de umidade final simulado de cada fração apresenta-se,
naturalmente, diferente (tabela 8.5, teste 3). A partir destes valores e das frações mássicas
correspondentes, foi calculado o teor de umidade médio, reportado na tabela 8.6 para os três
testes nos quais foi feito este tratamento.

116
Como o modelo utilizado é baseado em partículas esféricas, foram utilizadas correções
para o formato cilíndrico para a área superficial e área transversal da partícula (equações 4.16
e 4.17).

A tabela 8.5 apresenta valores obtidos para cada faixa granulométrica estudada para o
teste 3 da tabela 8.4 e a tabela 8.6 apresenta os valores médios obtidos para os testes 3,4 e 6
da tabela 8.4. As demais condições utilizadas nesta simulação são as mesmas apresentadas no
teste 3, tabela 8.4.

Os resultados simulados de Tpo apresentados na tabela 8.5 são relativos a cada faixa
granulométrica e os resultados apresentados na tabela 8.6, tanto para Tpo quanto para tres são
valores médios obtidos com base na distribuição granulométrica. Faz-se importante notar que
embora os valores simulados de tempo de residência das partículas não tenham ajustado os
dados experimentais, os valores obtidos de umidade final mostraram-se bastante satisfatórios
e podem ser usados para predizer resultados finais neste tipo de equipamento. Com base na
figura 8.2, pode-se arriscar concluir que, embora o tempo de residência real seja maior que o
simulado, haja, durante o processo, uma grande concentração de partículas na região cônica
do equipamento. Devido a esta concentração, o contato entre as fases gasosa e sólida torna-se
deficiente e dificulta a secagem em tal região. Este fato pode aproximar os valores de
secagem obtidos em um tratamento Lagrangeano dos valores reais.

Tabela 8.5 Resultados de simulações de secagem do teste 3, tabela 8.4

dpx10-3 Fração mássica Tpo tres [s] Xo


[m] [kg/kg] [°C] [kg/kg]
6,35 0,091 62 25,60 2,3670
2,75 0,022 62 9,84 1,9940
0,84 0,872 62 1,88 1,6596
0,42 0,014 209 3,05 0,0009

Tabela 8.6 Resultados médios de simulações de secagem

117
Tes Resultados de simulação
te Resultados
experimentais
Duto horizontal anterior ao Em todo o sistema estudado
ciclone (sistema de
alimentação)
Xi Xo Tpo [°C] Xo [kgkg-1] Tpo Xo tres *[s] tres **[s]
[kgkg ] [kgkg-1]
-1 -1
[°C] [kgkg ]
3 3,2000 1,5569 56 3,0684 64 1,7081 4,24 -
4 2,0474 1,8393 31 2,0428 30 2,0125 4,08 4,36
6 2,0474 1,8929 31 2,0428 30 1,9952 4,64 5,79
*
Valor médio baseado na fração mássica de partículas na entrada. ** Valor médio baseado na fração
mássica da massa remanescente de sólidos

Verificou-se (tabela 8.6) que os valores de umidade final (Xo) obtidos no duto
horizontal anterior ao ciclone apresentaram-se bastante próximos ao valor de entrada, o que
denota que não houve secagem significativa no sistema de alimentação. Vê-se, nesta tabela,
que há uma diferença de 10% entre os valores experimentais e teóricos de Xo, o que capacita
o modelo adotado.

118
Capítulo 9

Conclusões e Sugestões para Próximos Trabalhos

Em relação ao trabalho teórico e experimental aqui apresentado, pode-se listar as seguintes


conclusões:

• O estabelecimento de condições de contorno mais próximas da realidade traz um


melhor ajuste aos dados numéricos. Isto pode ser visto neste trabalho pela inclusão
do alimentador Venturi nas simulações dos equipamentos ciclônicos estudados;

• Embora o ciclone já tenha geometrias consagradas para a separação de sólidos,


objetivando menor queda de pressão e maior eficiência de coleta, o presente
trabalho mostrou que modificações na geometria do equipamento que levem a
aumentar o tempo de residência das partículas trazem como conseqüência uma
maior eficiência do mesmo em operações de secagem;

• A modificação da parte cônica da câmara ciclônica, definida com base nas


simulações, alterou completamente o escoamento das fases no interior do
equipamento e o tempo de residência das partículas;

119
• Ainda com relação ao tempo de residência das partículas, verificou-se uma
influência bastante grande da concentração volumétrica, apontada como a variável
de processo mais influente. Dentre as demais variáveis de processo, deve-se notar
que o diâmetro das partículas apresentou influências contrárias ao se trabalhar com
a câmara ciclônica e com o ciclone. Isto também foi observado no trabalho de
Corrêa et al. (2001), em que se tentou obter uma correlação geral para o tempo de
residência, utilizando-se dados de diversos materiais e tipos de ciclone. Concluiu-se
naquele trabalho que, com exceção da concentração volumétrica que apresenta
sempre influência inversa no tempo de residência, as demais variáveis apresentaram
diferentes comportamentos para os ciclones estudados, sendo dependentes das
particularidades do escoamento desenvolvido em cada ciclone;

• Embora a câmara ciclônica tenha apresentado um escoamento diferenciado daquele


apresentado em um ciclone comum e não tenha contribuído com altos valores de
tempo de residência de partículas, seu estudo foi bastante útil para ressaltar a
importância da parte cônica de um ciclone no escoamento desenvolvido no interior
deste aparato. Apesar das singularidades acima citadas, ela pode ser vista como um
equipamento que pode ser instalado no início de um sistema de transporte
pneumático;

• O alimentador Venturi aqui apresentado mostrou-se como uma ótima alternativa


para a injeção de partículas em uma corrente gasosa. Sua geometria proporcionou
sempre uma alimentação constante de sólidos, sendo mais apropriado que um silo
transportador (Neiva, 1998) por não levar a problemas de entupimento por
formação de arco coesivo. A deficiência deste alimentador é a admissão de ar frio
do ambiente. Porém, esta admissão é aliviada com o aumento da vazão de sólidos.
As simulações realizadas com o alimentador mostraram um ótimo ajuste do modelo
utilizado;

120
• Assim como em trabalhos da literatura, mostrou-se aqui uma grande dificuldade em
se alimentar bagaço de cana com o auxílio de silos, devido à formação de arco
coesivo por este material ser formado por partículas de diversos tamanhos e
formatos;

• Observou-se uma redução do teor de umidade bastante significativa nos


experimentos de secagem de bagaço de cana no ciclone. Porém, foram
desenvolvidos dois grupos de experimentos distintos: um com teor inicial de
umidade mais alto e baixa concentração volumétrica e outro com teor de umidade
mais baixo e alta concentração volumétrica. Isto dificultou uma análise mais
detalhada desta redução de umidade em relação ao teor de umidade inicial e a
concentração volumétrica;.

• Embora muitos trabalhos teóricos tenham mostrado que o modelo de turbulência


DSM seja mais adequado para escoamentos rotacionais que o modelo k-ε, este
último mostrou-se superior ao primeiro no presente trabalho; e

• Os dados do teor de umidade final obtidos nas simulações mostraram-se bastante


próximos daqueles obtidos experimentalmente.

Sugestões para Trabalhos Futuros:

Embora este trabalho tenha contribuído com as conclusões acima citadas no estudo da
secagem em um ciclone, ele pode ser visto como um estímulo para um estudo mais detalhado
deste equipamento de forma a torna-lo operacional em uma unidade industrial. Desta forma,
seguem abaixo algumas sugestões para trabalhos futuros.

121
• Estudo de outras modificações na geometria do ciclone com base em
simulações numéricas, a fim de se obter uma geometria ótima para um secador
ciclônico, de dimensões industriais;

• Utilizar um modelo Euleriano- Euleriano para o tratamento das fases no interior


do ciclone, pois este tratamento, por levar em consideração a concentração
volumétrica da fase particulada, retrata com mais realidade física o escoamento
no interior do ciclone;

• Introduzir considerações no escoamento de partículas como peso das partículas,


atrito partícula-parede e reação normal da parede;

• Obtenção de um maior número de dados experimentais de perfis de velocidade


no interior do ciclone para melhor validação do modelo de escoamento;

• Estudar a influência do teor de umidade inicial e da concentração volumétrica


no teor final de umidade em experimentos de secagem; e

• Instalar um protótipo em uma unidade industrial e procurar adequar o


equipamento às condições industriais.

122
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148
Anexo A

Equações Auxiliares e Cálculos de Incerteza das Medições.

Neste anexo, são apresentadas equações auxiliares utilizadas nesta tese e cálculos de
incerteza das medições.

A.1 Cálculo de vazão de ar no ciclone

Os valores de vazão da corrente gasosa foram calculados a partir da medida de um


diferencial de pressão obtido em um manômetro de tubo inclinado, medidas de temperatura e
pressão ambiente e temperatura da corrente gasosa, além de medidas de bulbo seco e bulbo
úmido. Desta forma, a velocidade é calculada através das equações A.1 a A.11, segundo Delmée
(1983) e Benedict (1984).

Q = CEβ 2 A1 (2∆P / ρ a , u ) 0,5 (A.1)

onde β corresponde a relação D2/D1, senco D1 correspondente ao diâmetro da tubulação em


questão e D2 o diâmetro da placa de orifício. A constante CE foi calculada a partir da relação
dada por A.2.

CE = C′E + Br (10 6 Re D1 ) 0,5 (A.2)

149
onde

C ′E = 0,6014 − 0,030352D1− 0,25 +


 0,16129  (A.3)
(0,3760 + 0,1629D1− 0,25 ) + β 4 + 1,5β16 C ′E + Br (10 6 Re D ) 0,5
 2 2  1
 D1 β + 0,0635D1 

0,02794  0,01016  2
Br = 0,0002 + +  0,0038 +  β + (16,5 + 0,19695D1 )β16 (A.4)
D1  D1  

onde D1 deve ser expresso em mm e ReD1 corresponde ao número de Reynolds com relação a D1.

A.1.1 Cálculo da Umidade do Ar

Para o cálculo da vazão de ar, calculou-se a umidade do mesmo, que é útil no cálculo da
densidade do ar e posteriormente é utilizada nos cálculos de balanço de massa. O ar e o vapor
d’água foram tratados como gases ideais, considerando calor específico constante. As variáveis
medidas neste caso são temperatura de bulbo seco e temperatura de bulbo úmido. Desta forma a
umidade absoluta do ar é dada pela equação A.5.

Mv  Pv 
Cp ar (Tbu − Tbs ) +  hl v (Tbu )
Y=
M ar Patm − Pv  (A.5)
hv(Tbs ) − hl(Tbu )

onde
Mv=18,016g/mol
Mar=28,97g/mol
Cpar=0,996J/g°C
Pv=pressão de saturação do valor à temperatura Tbu calculada segundo a equação de Antoine,
dada pela equação A.6.

150
B
ln(Pv) = A − (A.6)
T+C

onde
Pv (mmHg); T (K); A=18,3036; B=3816,44; C=-46,13

hlv = hv(Tbu ) − hl(Tbu ) (A.7)

hv = 2505,3 + 1,892T (A.8)

hl = 4,186T (A.9)

Nas equações A.8 e A.9, hv e hl são dados em J/g e T é dada em °C.

Intervalo de incerteza de 2x10-4 kg/kg (valor absoluto calculado com o método de propagação de
erro)

Desta forma, o peso molecular médio do ar é dado por:

1+ Y
M a, u = (A.10)
1 Y
+
M ar M v

Intervalo de incerteza de 8x10-3 kg/ kgmol (valor absoluto calculado com o método de
propagação de erro)

E a densidade da corrente gasosa é dada por

PM a , u
ρa, u = (A.11)
RT

151
Intervalo de incerteza de 8x10-3 kg/m3 (valor absoluto calculado com o método de propagação de
erro)

Desta forma, o erro associado ao valor de vazão volumétrica de ar, Q, é de


aproximadamente 4x10-4 m3/s (valor absoluto) para a faixa de operação utilizada neste trabalho
(7,00x10-2 m3/s).

A.2 Cálculo de velocidade do gás e de componentes da velocidade do gás e erro associado

0,5
 2g∆P(ρm − ρa ) 
u =   (A.12)
 ρ a 
onde ∆P é dado em altura de coluna de líquido.
Intervalo de incerteza de 1x10-1 (valor absoluto calculado com o método de propagação de erro)

u θ = u cos θ (A.13)

u z = u sen θ (A.14)

onde θ corresponde ao ângulo do escoamento com a horizontal perpendicular à sonda cilíndrica,


conforme Anexo C.

Considerando-se u = 5,0 ms-1, tem-se uθ = 5,0 ±0,9 ms-1 e uz = 0,34±0,09 ms-1, o que
corresponde a um erro de 18% para o componente tangencial da velocidade e 26% para o
componente axial da velocidade.

A.3 Cálculo de tempo de residência de partículas e erro associado

O tempo de residência médio das partículas é tomado como a razão entre a vazão mássica
de sólidos e a massa remanescente recolhida quando as alimentações de sólidos e de gás são
simultaneamente cortadas. Ele é dado pela equação

152
mr
t res = (A.15)
Ws

As variáveis medidas neste caso são as relativas à vazão mássica de sólidos, ou seja massa
de sólidos, medida em uma balança com precisão de 0,1 g e tempo em que esta mesma massa é
recolhida na saída inferior do ciclone (considerando regime permanente) em cronômetro com
precisão de centésimos de segundos e massa de sólidos remanescentes em uma balança com
precisão de 0,001g. Deve-se observar que, embora o cronômetro tenha precisão de centésimos de
segundos, considera-se para cálculos a precisão de 0,2 s que corresponde ao tempo de resposta de
reação média de uma pessoa.

Desta forma, o erro de tres é dado por:

2 2 2
 ∂t res   ∂t res   ∂t 
Er ( t res ) =  Er (m r )  + Er (m Ws )  +  res Er ( t )  (A.16)
 ∂ m r    ∂m Ws   ∂t 
  

2 2 2
 t   m t  
 m 
Er ( t res ) =  0,001 +  r 0,1 +  r 0,2  (A.17)
 mW   m 2   m W 
 s   Ws   s 

Er(tres) ficou nas faixas de 0,001 a 0,004 s e de 0,02 a 0,03 s nas condições desenvolvidas
na câmara ciclônica e no ciclone, utilizando-se bagaço de cana.

Deve ser levado em conta que este intervalo de incerteza reflete apenas desvios aleatórios
nas medições. Ele não reflete a possível ocorrência de erros sistemáticos de procedimento.

153
Anexo B

Dimensionamento da Câmara Ciclônica

As geometrias clássicas de ciclones determinadas por Stairmand, Swift e por Lapple


citadas em Cooper e Alley (1994), e apresentadas na tabela 3.1, foram estabelecidas objetivando-
se a separação de partículas de uma corrente gasosa, principal uso do ciclone. Como o interesse
deste trabalho é a secagem, traduzida pela transferência de calor e massa entre o gás de secagem
e o material particulado, a busca de uma geometria que conduza a um maior tempo de residência
das partículas no equipamento e a um maior contato entre as fases sólida e gasosa torna-se de
suma importância.

O dimensionamento do ciclone utilizado neste estudo foi baseado nos trabalhos de Dibb
(1997), ter Linden (1949) e Zhou et al., (1988). Dibb (1997) utilizou o simulador desenvolvido
por Silva (1991), e testou teoricamente, utilizando um modelo bidimensional, a influência das
várias dimensões do ciclone no tempo de residência. Como as partículas continuam com um
movimento helicoidal mesmo na parte cônica, ele concluiu que o tempo de residência é
diretamente proporcional ao diâmetro da parte cilíndrica, sendo sua variável mais influente.
Observou também que a segunda variável a influenciar proporcionalmente o tempo de residência
é a altura do equipamento.

A figura B.1 apresenta as características geométricas do ciclone.

154
Figura B.1- Características geométricas da câmara ciclônica.

Devido às limitações experimentais de uma montagem em nível de planta piloto, para o


presente trabalho, foi, inicialmente, fixada a altura H do ciclone em 1,00 m e, a partir disto, foi
feito todo o dimensionamento.

Em relação à h, Dibb (1997) concluiu que seu aumento é significativo até o valor de
1,00m quando H = 1,376m. Neste trabalho, calculamos proporcionalmente um valor de h =
0,730m.

155
Pretendendo-se maximizar o tempo de permanência, o que requer um valor significativo
de D, utilizou-se aqui D = h. Em relação ao ângulo da parte cônica com a vertical, α, Dibb (1997)
obteve valores iguais de τ para 2 e 8°, utilizando h = 1,00m e H = 1,376m.

Após a definição destas dimensões, com a intenção de se testar experimentalmente a


influência das dimensões do ciclone, optou-se pela confecção de um ciclone com flanges e de
uma peça cilíndrica adicional com altura de 438 mm. Este valor também foi baseado no trabalho
de Dibb (1997) que, ao testar os dados de Karpukhovich (1987), obteve para h = 1,6D, que no
trabalho de Karpukhovich (1987) representava h = H/2, um aumento de 2,8% no τ em relação à h
= 1,0 D. Testou-se ainda dois valores de ângulo da parte cônica do ciclone, 2 e 8°. Foram
confeccionadas duas partes cônicas de altura 0,270 m com os ângulos citados.

A distância da entrada ao topo do ciclone, Li, é de 0,2 D como sugerido por Jackson
(1963) para ciclones cilíndricos.

Como, em suas simulações, Dibb (1997) considerou que 99% das partículas escoam
próximo à parede e 1% no resto do ciclone, a altura, S, e o diâmetro, De, do “Draft-Tube” não
exerceram influência em tres , em suas simulações. ter Linden (1949) observa que a relação
S/(Li+a) = 1 resulta em maior eficiência, porém, Zhou et al.(1988) alertam que esta relação deva
ser maior que 1 para evitar curto-circuito do material de entrada. Este autor fixou este valor em
1,25. O valor de S foi então arbitrado em 500 mm e De foi mantido igual ao do ciclone
Bernauer utilizado por Silva (1991)

Para que se trabalhasse com a mesma faixa de velocidades anteriormente utilizada por
Silva (1991) e, assim, pudessem ser comparados os dados deste trabalho com os obtidos por
aquela autora, as dimensões da entrada tangencial do ciclone, a e b, foram mantidos iguais aos
utilizados por Silva (1991).

Finalmente, as dimensões do ciclone utilizado neste trabalho foram as constantes da


tabela B.1. Como foi verificado experimentalmente (capítulo 7), o escoamento no interior deste

156
equipamento não correspondia ao descrito para um ciclone (ter Linden, 1949) e optou-se por
denominá-lo de câmara ciclônica.

Tabela B.1- Dimensões da Câmara Ciclônica


Dimensão [m]
a 0,250
b 0,056
h1 0,730
h2 1,168
H1 1,000
H2 1,438
D 0,730
De 0,160
B1 0,650
B2 0,710
S 0,500
α 1 [°] 2
α 2 [°] 8

157
Anexo C

Calibração da Sonda (Pitot cilíndrico) em túnel de vento

C.1 Introdução

Neste anexo é apresentada a calibração da sonda cilíndrica utilizada para medidas de


velocidade em duas componentes nos equipamentos ciclônicos (capítulos 7 e 8) e após o
alimentador Venturi (capítulo 6).

C.2 Sonda Cilíndrica tipo Pitot

Trata-se de uma haste cilíndrica fechada em uma extremidade com uma ponta Roma e
com um orifício a uma certa distância da ponta. A sonda é colocada transversalmente ao
escoamento e funciona girando-se a haste em torno do seu eixo longitudinal. Ao realizar este giro
é registrado o sinal da pressão estática que atua no orifício. A outra extremidade é acoplada a um
ramo de um manômetro (ver figuras C.1 e C.2). Esta tipo de equipamento também foi utilizado
por Yuu (1978), Silva (1991) e Cremasco (1994).

158
Figura C.2 Sonda Cilíndrica utilizada para medidas de componentes de velocidade

159
C.3 Discussão acerca do uso da sonda cilíndrica

A sonda cilíndrica apresenta-se como um instrumento adequado para as medidas de


componentes de velocidade no interior do ciclone. Embora haja muitos trabalhos na literatura que
utilizem instrumentos mais modernos como o Laser Dopler Anemometer (LDA) (Hoekstra et al.,
1999, Gorton-Hülgerth e Staudinger, 1999), optou-se aqui pelo uso da sonda cilíndrica por, entre
outras razões, sua praticidade e baixo custo.

Sabe-se (Yuu et al., 1978, Silva et al., 1989) que mesmo a baixas concentrações
volumétricas, a presença de partículas altera o campo de velocidades e pressão no interior do
ciclone. Deste fato, advem outra vantagem da sonda em relação ao LDA: ela realiza medidas
relativas à velocidade da corrente gasosa diretamente e não indiretamente, por meio de medidas
de velocidade de partículas imersas na corrente. Outro fator que pode ser apontado a favor da
sonda cilíndrica é que esta pode ser utilizada nos equipamentos aqui estudados enquanto que o
LDA deve ser utilizado em equipamentos transparentes.

Abaixo são discutidas outras questões em relação ao uso da sonda cilíndrica. Estas
discussões foram baseadas em trabalhos sobre tubos Pitot devido à semelhança entre os dois
instrumentos e por não haver trabalhos semelhantes para a sonda em questão.

Ismail et al. (1998) apresenta uma relação mínima de 26 entre o diâmetro do equipamento e
o diâmetro do instrumento para que não haja interferência de tubos tipo Pitot em escoamentos.
No presente trabalho, esta relação é de 146.

Outra questão que pode ser levantada com relação ao uso desta sonda é a confiabilidade de
suas medidas na proximidade da parede. Segundo Ower e Pankhurst (1977), a leitura efetuada
por um Pitot é sujeita a erros devido a efeitos viscosos apenas em casos em que Re (baseado no
diâmetro do orifício do Pitot) seja menor que 250. Neste trabalho, Re está na faixa de 38000.

Bradley (1965) menciona que para hidrociclones, uma sonda deste tipo, quando introduzida
no equipamento, produz uma pequena diminuição na perda de carga do mesmo, da ordem de

160
10%, para uma sonda de 0,036 pol de diâmetro e 0,8 pol de comprimento, num hidrociclone de 3
pol de diâmetro (relação d/D ~ 0,01).

No caso aqui estudado, a relação diâmetro da sonda a diâmetro do ciclone é de 0,0067, bem
menor. Além do mais, um dos termos importantes no cálculo da perda de carga em ciclones é
proporcional ao produto da densidade do fluido vezes o quadrado da máxima variação da
velocidade tangencial no escoamento. Dado que neste caso trabalhou-se com ar, e velocidades de
escoamento baixas, estima-se uma influência desprezível da sonda no campo de velocidades do
escoamento.

C.4 Distribuição teórica da pressão em torno da sonda cilíndrica

Para um escoamento encontrando um cilindro colocado transversalmente, considerando


fluido inviscido tem-se a função corrente como segue:

 R2  δψ δψ
ψ = V∞  r −  sen θ Vr = Vt = (C.1)
 r  r.δθ δr

onde ψ corresponde à função corrente, V∞ à velocidade do escoamento não perturbado, R


ao raio do cilindro e (r, θ ) indicam um ponto genérico do escoamento, Vr e Vt são as
componentes da velocidade de escoamento.

De C.1, obtem-se:

 R2   R2 
Vr = V∞ 1 − 2  cos θ e Vt = −V∞ 1 + 2  sen θ (C.2)
 r   r 

Calculando para r=R, escoamento em torno do cilindro, obtem-se as relações dadas por C.3.

Vr = 0 e Vt = −2V∞ sen θ (C.3)

161
Aplicando-se a equação de Bernoulli numa linha de corrente entre um ponto distante das
perturbações causadas pelo cilindro (ponto 1) e um ponto na superfície do cilindro (ponto2),
obtem-se:

2 2
P1 V1 P V
+ + gz 1 = 2 + 2 + gz 2 = cte (C.4)
ρ 2 ρ 2

De (C.3):

1
V2 = (Vr2 + Vt2 ) 2
⇒ V2 = 2V∞ sen θ (C.5)

P∞ V∞2 P (2V∞ sen θ)


2

+ = + (C.6)
ρ 2 ρ 2

Assim, para a distribuição de pressão em torno do cilindro, obtem-se:

1
P − P∞ = ρV∞2 (1 − 4 sen 2 θ) (C.7)
2

onde P corresponde à pressão estática na superfície do cilindro (posição θ ), P∞ à pressão


estática do escoamento não perturbado, ρ, densidade do fluido, V∞ , velocidade de escoamento
não perturbado e θ coordenada polar de um ponto na superfície do cilindro

Na equação C.7, para θ = 0 o (ponto de estagnação), registra-se no manômetro a maior


diferença de pressão positiva, enquanto para θ = 30 o , a pressão P será igual à pressão estática do
escoamento.

162
Medindo-se então as pressões para θ = 0 o (pressão de estagnação) e θ teórico = 30 o (pressão

estática) e fazendo a diferença, pode ser calculada a velocidade do escoamento pela equação C.8.

 2g∆p(ρ m − ρ )
1
2
V∞ =   (C.8)
 ρ 

Mas o ângulo experimental em que a sonda registra a pressão estática do escoamento não é
necessariamente 30 o (Benedict, 1984). Dentre os fatores que contribuem para esta discrepância
está a manifestação de efeitos da viscosidade do fluido que se tornam mais marcantes em torno
do corpo em questão. Outro fator é que o orifício da sonda não é pontual e, dependendo de sua
configuração, pode influir no valor deste ângulo. Além disto, o escoamento em que a sonda é
utilizada é turbulento e viscoso, muito diferente daquele laminar e invíscido que assume a teoria.
Devido a estas questões, deve-se calibrar a sonda em um túnel de vento com velocidades de ar na
mesma faixa de velocidades que será utilizada.

Usou-se um tubo de Prandtl para comparação entre as duas velocidades. Daí define-se o
coeficiente de relação entre as duas velocidade (CV):

V∞ ( sonda )
CV = (C.9)
V∞ (Pr andtl)

Para uma calibração adequada, CV deve ter valor unitário.

Desta forma, a equação final para o uso da sonda cilíndrica torna-se:

1
 2g∆p(ρm − ρ)  2
V∞ =   (C.10)
 ρ 

163
C.5 Material Utilizado:

Túnel de Vento PLINT e PARTNERS de secção quadrada 18’’


Manômetro de poço de coluna inclinada de precisão de 0,01 pol
Tubo de Prandtl
Sonda Cilíndrica tipo Pitot com transferidor para escala (precisão 1 o ) com comprimento
de 63 cm, diâmetro externo de 4,9 mm e orifício lateral com 1 mm de diâmetro e a 1 cm
da ponta Roma da sonda
Mangueiras de silicone para ligar o manômetro ao tubo de Prandtl e à sonda.
Termômetro
Barômetro eletrônico de precisão de 1 mbar

C.6 Procedimento Experimental:

• Leitura de pressão atmosférica com o barômetro eletrônico;


• Leitura da temperatura ambiente;
• Instalar a sonda cilíndrica tipo Pitot no túnel de vento, verificando se a ponta do “nariz”
(medição da pressão de estagnação) está na mesma secção transversal da sonda cilíndrica.
A posição do tubo de Prandtl não pode ser próxima da parede do túnel, devido à camada
limite do escoamento. Deve-se posicionar o tubo no meio, entre a parede e a sonda
cilíndrica. Esse tubo é o que vai permitir determinar a diferença entre a pressão de
estagnação e a pressão estática.
• Primeiramente instala-se o manômetro na saída da pressão de estagnação do tubo de
Prandtl e como referência adota-se a pressão estática do tubo de Prandtl. Mede-se
(P0 − P∞ ) nele;
• Instala-se o manômetro na saída da pressão da sonda cilíndrica tipo Pitot e como
referência (pressão estática) usa-se a tomada de pressão estática do tubo de Prandtl;
• Detecta-se previamente o ponto de estagnação (θ = 0 o ) e encontra-se ∆Pmax = P0 − P∞ ;

• Para prosseguir a calibração da sonda cilíndrica, medem-se outros valores de ∆P ,


girando-se a sonda X graus no sentido horário e X graus no sentido anti-horário. Nas

164
proximidades de θ = 0°, θ = 45° e θ = -45° é necessário refinar. Nesses casos, a variação
no transferidor é de apenas 1 o , enquanto que no restante a variação é de 5°;
• Repete-se para outra vazão.

C.7 Resultados experimentais:

A tabela C.1 apresenta as condições ambiente, a tabela C.2 dados de pressão dinâmica no
tubo de Prandtl, a tabela C.3 os valores de velocidade livre de escoamento testados e a tabela C.4
os coeficientes CV obtidos em cada caso.

Tabela C.1. Condições ambiente

T ar ( o C) P atm (mbar)

27 953

Tabela C.2. Pressão dinâmica no tubo de Prandtl


P din (pol c álcool )

Baixa Velocidade 0,05


Alta Velocidade 0,15

Tabela C.3 Velocidade de escoamento livre


V∞ [m / s]
Tubo Prandtl Sonda Pitot
Baixa velocidade 4,20 4,60
Alta velocidade 7,28 7,75

165
Tabela C.4 Coeficiente de relação de velocidades
CV
Baixa Velocidade 1,09
Alta Velocidade 1,06

Determinação do ponto de estagnação real

Através da curva (∆P x θ) obtem-se ∆Pmax, correspondente ao ponto de estagnação real. Em


teoria, o valor dessa máxima diferença de pressão deveria ocorrer quando θ fosse zero, mas na
prática o valor desse ângulo costuma ser outro (devido à falta de alinhamento do transferidor
utilizado e da própria sonda). A tabela C.5 apresenta os valores obtidos nos casos testados.

A equação da curva obtida foi:


Para baixa velocidade ( V∞ =4,2 m/s)

∆P = −2,10 − 8 θ3 − 4,10 − 5 θ 2 − 0,0003θ + 0,0525 (C.11)

coeficiente de correlação r 2 = 0,9635

Para alta velocidade ( V∞ =7,28 m/s)

∆P = −3,10 − 7 θ3 − 9,10 − 5 θ 2 + 0,0002θ + 0,1637 (C.12)

coeficiente de correlação r 2 = 0,9777

Tabela C.5. Ponto de estagnação θreal


θreal
Baixa Velocidade -4,0°
Alta Velocidade 1,1°

166
Determinação do ângulo real de pressão estática (θest real)

Para a determinação do ângulo real de pressão estática foram calculados os zeros da


equação da curva, ou seja, os pontos no qual ∆P era nulo. A tabela C.6 apresenta os ângulos em
que se obteve a pressão estática em cada caso.

Tabela C.6. Ponto de pressão estática real (θest real)


θest real
Baixa Velocidade -40,6° 32,4°
Alta Velocidade -44,9° 41,0°

Analisando-se os valores da tabela C.6, percebe-se que eles não são simétricos, o que pode
ser explicado por haver certa curvatura, embora mínima, no eixo da sonda cilíndrica e também
devido a que o ponto de estagnação não coincide com o ângulo nulo. A tabela C.7 apresenta a
diferença entre os ângulos para os dois casos estudados.

Tabela C.7 Diferença entre os ângulos


θest real(anti horário) - θest real(horário)
Baixa Velocidade 73,04°
Alta Velocidade 85,9°

Pela análise da tabela C.7, verificamos que a diferença entre os ângulos de medida de
pressão estática é de aproximadamente 86° para velocidades próximas de 7 ms-1 e 73° para
velocidades próximas de 4,2ms-1. Desta forma, nos experimentos realizados nesta tese, foi feito
um varrido de medidas de pressão em quase 360°. Os dados foram plotados em um gráfico e
ajustados por um polinômio de 3o grau. A derivada deste polinômio fornece uma equação de 2o
grau, cuja raiz fornece o máximo daquele primeiro polinômio. A partir deste dado, obtê-se

167
valores de pressão estática a, por exemplo, -43o e 43o a partir deste ângulo para o caso de
velocidade próxima de 7 ms-1, os valores repostados correspondem ao valor médio de ∆P.

As figuras C.2 e C.3 apresentam as curvas obtidas a baixa e alta velocidade,


respectivamente.

0,08

0,06

0,04
Pressão dinâmica (pcálcool)

0,02

0,00
-60 -40 -20 0 20 40 60

-0,02

-0,04

-0,06

-0,08
Graus Transferidor

Figura C.2 Variação da pressão com o ângulo da sonda pitot à 4,2 m/s

168
0,20

0,15

0,10

0,05
Pressão dinâmica (pcálcool)

0,00
-60 -40 -20 0 20 40 60

-0,05

-0,10

-0,15

-0,20

-0,25
Graus do trasferidor

Figura C.3 Variação da pressão com o ângulo da sonda pitot à 7,28 m/s

Vale observar que as curvas são aproximadamente lineares na proximidade de θ = 0, o que


corrige pequenas diferenças na determinação de θest.

169

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