Fatores Abióticos
É o conjunto de todos os fatores físicos que podem incidir sobre as comunidades de uma certa região.
Estes influenciam o crescimento, atividade e as características que os seres apresentam, assim como a
sua distribuição por diferentes locais. Estes fatores variam de valor de local para local, determinando uma
grande diversidade de ambientes.
- os fatores climáticos, como a luz, a temperatura e a umidade, que caracterizam o clima de uma região
- e os fatores edáficos, dos quais se destacam a composição química e a estrutura do solo.
Luz
A luz é uma manifestação de energia, cuja principal fonte é o Sol. É indispensável ao desenvolvimento
das plantas. De fato, os vegetais produzem a matéria de que o seu organismo é formado através de um
processo - a fotossíntese - realizado a partir da captação da energia luminosa. Praticamente todos os
animais necessitam de luz para sobreviver. São exceção algumas espécies que vivem em cavernas -
espécies cavernícolos - e as espécies que vivem no meio aquático a grande profundidade - espécies
abissais.
Certos animais como, por exemplo, as borboletas necessitam de elevada intensidade luminosa, pelo que
são designadas por espécies lucífilas. Por oposição, seres como o caracol e a minhoca não necessitam
de muita luz, evitando-a, pelo que são denominadas espécies lucífugas.
A luz influencia o comportamento e a distribuição dos seres vivos e, também, as suas características
morfológicas.
Os animais apresentam fototatismo, ou seja, sensibilidade em relação à luz, pelo que se orientam para
ela ou se afastam dela. Tal como os animais, as plantas também se orientam em relação à luz, ou seja,
apresentam fototropismo. Os animais e as plantas apresentam fotoperiodismo, isto é, capacidade de
reagir à duração da luminosidade diária a que estão submetidos - fotoperíodo. Muitas plantas com flor
reagem de diferentes modos ao fotoperíodo, tendo, por isso, diferentes épocas de floração. Também os
animais reagem de diversos modos ao fotoperíodo, pelo que apresentam o seu período de atividade em
diferentes momentos do dia.
Temperatura
Cada espécie só consegue sobreviver entre certos limites de temperatura, o que confere a este fator uma
grande importância. Cada ser sobrevive entre certos limites de temperatura - amplitude térmica - não
existindo nem acima nem abaixo de um determinado valor. Cada espécie possui uma temperatura ótima
para a realização das suas atividades vitais. Alguns seres têm grande amplitude térmica de existência
- seres euritérmicos - enquanto outros só sobrevivem entre limites estreitos de temperatura - seres
estenotérmicos.
Alguns animais, nas épocas do ano em que as temperaturas se afastam do valor ótimo para o
desenvolvimento das suas atividades, adquirem comportamentos que lhes permitem sobreviver durante
esse período:
animais que não têm facilidade em realizar grandes deslocações como, por exemplo, lagartixas,
reduzem as suas atividades vitais para valores mínimos, ficando num estado de vida latente;
animais que podem deslocar com facilidade como, por exemplo, as andorinhas, migram, ou seja,
partem em determinada época do ano para outras regiões com temperaturas favoráveis.
Ao longo do ano, certas plantas sofrem alterações no seu aspecto, provocados pelas variações de
temperatura. Os animais também apresentam características próprias de adaptação aos diferentes
valores de temperatura. Por exemplo, os que vivem em regiões muito frias apresentam, geralmente,
pelagem longa e uma camada de gordura sob a pele.
Água
É fator limitante de extrema importância para a sobrevivência de uma comunidade. Além de seu
envolvimento nas atividades celulares, não podemos nos esquecer da sua importância na fisiologia
vegetal (transpiração e condução das seivas). É dos solos que as raízes retiram a água necessária para a
sobrevivência dos vegetais.
Disponibilidade de nutrientes
É outro fator limitante que merece ser considerado, notadamente em ambientes marinhos
A Biogeografia é o campo da ciência que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos no planeta. A
união entre os conhecimentos da Biologia e da Geografia possibilita o entendimento sobre o que leva
determinada espécie a viver em um local específico. Isso é feito por meio da observação, análise dos
padrões e comparação.
O estudo da biogeografia responde a questões como: o que é biodiversidade? Quantas espécies existem
atualmente? Quantas já foram extintas? A diversidade se mantem constante no tempo? Qual o grupo de
espécies mais diverso? O que determina sua distribuição?
Por meio dessa pesquisa foi possível concluir, por exemplo, que a maneira como os seres vivos são
distribuídos nos espaços geográficos tem relação também com uma série de fatores ambientais, como as
variações do nível do mar, a extinção, a glaciação, entre outros.
História
Em suas muitas viagens, Wallace estudou centenas de plantas e animais, e estabeleceu a relação entre
as espécies existentes no arquipélago malaio com os organismos vivos encontrados no continente
asiático. Outra relação foi entre os seres vivos identificados nas ilhas localizadas mais ao sul e os
encontrados no continente australiano.
As pesquisas realizadas nessas regiões (oriental e australiana) levaram à delimitação e mapeamento do
que foi chamado posteriormente de “Linhas de Wallace”. Ao longo do tempo, outros grandes nomes
contribuíram para o desenvolvimento da biogeografia, como Alphonse de Candolle, Alexander Von
Humboldt, Hewett Cottrel Watson e Philip Lutley Sclater.
A biogeografia une conhecimentos da Biologia e da Geografia para explicar a distribuição das espécies no
planeta. (Foto: Pixabay)
Ela aborda questões como: o que leva uma espécie a ficar confinada à região em que vive? O que a
habilita a viver ali e não em outras áreas? O que controla a diversidade de espécies encontradas em uma
determinada região?
Biogeografia Histórica: como o próprio nome diz, estuda os processos ecológicos que ocorrem ao longo
da história e como isso influencia na distribuição dos seres vivos.
Essa área responde a perguntas como: quando um determinado padrão de distribuição começou a ter
seus limites atuais e como os fatores ecológicos formaram essa distribuição? Quais são as espécies com
parentesco mais próximo e onde são encontradas? Qual a história de um grupo e onde viviam os seus
membros ancestrais?
A interação de dois processos espaço-temporais são os responsáveis pelo padrão de distribuição das
espécies na Terra. Ambos ocorrem diversamente no espaço ao longo do tempo. São eles: processo
espaço-temporal dos organismos vivos (biótico) e processo espaço-temporal do planeta (abiótico).
Os processos espaço-temporais bióticos podem ser divididos em dispersão (quando indivíduos de uma
população de distribuição limitada por barreiras biogeográficas conseguem transpô-las e estabelecer
novas colônias), extinção (desaparecimento de uma espécie) e vicariância (quando surge uma barreira
biogeográfica que separa a área de distribuição de uma população em duas ou mais, fazendo com que as
populações resultantes tenham destinos evolutivos separados).
Já o processo abiótico tem relação com os fenômenos da natureza, como o movimento das placas
tectônicas, os ciclos glaciais, fisionomias vegetacionais, variações climáticas, entre outros.
Para compreender a distribuição de uma espécie, é necessário conhecer a história, os fatores climáticos
atuais, a composição química do solo, investigar se há registros fósseis e estudar o tipo de região.
Algumas espécies são chamadas de cosmopolitas. Elas possuem largas áreas de ocupação, com ampla
distribuição, presentes em quase todas as partes do mundo. Alguns exemplos são as algas, protozoários
e fungos.
Outras são chamadas de endêmicas por viverem exclusivamente em uma determinada região geográfica.
Algumas doenças e pragas próprias de regiões específicas são exemplos, pois decorrem de fatores
ecológicos próprios desse espaço geográfico.
Divisões biogeográficas
Ao longo dos anos, as regiões do planeta passaram a ser estudadas, mapeadas e catalogadas, sendo
divididas em:
Região Paleártica: engloba todo o continente europeu, norte da África até o deserto do Saara, norte da
Península Arábica e toda Ásia ao norte.
Região Neoártica: abrange toda a América do Norte, incluindo a Groelândia, até o centro do México.
Região Neotropical: compreende o centro do México ao sul da América do Sul.
Região Afro-tropical ou Etiópica: vai da África sub-saariana ao sul da Península Arábica.
Região Indo-malaia: engloba o subcontinente indiano, sul da China, Indochina, Filipinas e a metade
ocidental da Indonésia.
Região Australiana: abrange a Indonésia Oriental, Nova Guiné, Austrália e Nova Zelândia.
Região Oceânica: demais ilhas do Oceano Pacífico.
Região Antártica: continente e o oceano Antártico.
Além dessa divisão, existem ainda as regiões biogeográficas marinhas, que referem-se aos seres vivos
que vivem nos oceanos e sua zona costeira, atualmente chamado de ecossistema marinho. Alguns
exemplos são: mangue, recife, floresta de algas, planícies de ervas marinhas, entre outros.