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UF-PB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

GRAMÁTICA
QUE, SE E CRASE

Livro Eletrônico
ELIAS SANTANA
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva
Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui mestrado
pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática
– Teoria e Análise”, com enfoque em ensino de gramática.
Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de pro­
fessor em vários colégios e cursos preparatórios. Ministra
aulas de gramá­ tica, redação discursiva e interpretação
de textos. Ademais, é escritor, com uma obra literária já
publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da
Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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GRAMÁTICA
QUE, SE e Crase
Prof. Elias Santana

SUMÁRIO
Pronomes oblíquos, vozes verbais, funções do SE, crase e estudo do QUE...........4
Bloco I: Pronomes Oblíquos e Colocação Pronominal........................................5
Pronomes Pessoais......................................................................................6
Colocação Pronominal................................................................................ 12
Regras..................................................................................................... 14
Colocação Pronominal em Locuções Verbais.................................................. 19
Bloco II – Vozes Verbais e Funções do SE..................................................... 23
Vozes Verbais e Funções do SE.................................................................... 23
1. As Vozes Verbais.................................................................................... 24
2. A Transposição da Voz Ativa para a Passiva............................................... 26
3. A Voz Reflexiva...................................................................................... 35
4. Outras Funções do SE............................................................................ 38
4.1. Parte Integrante do Verbo.................................................................... 39
4.2. Pronome Expletivo.............................................................................. 40
Bloco III – Crase....................................................................................... 42
1. Preposição (por Regência) + Artigo.......................................................... 45
2. Preposição (por Regência) + Pronome...................................................... 53
3. Locuções Femininas............................................................................... 56
4. Mais Alguns Casos Especiais.................................................................... 59
5. Algo Muito Especial: o Paralelismo Sintático............................................... 60
Questões de Concurso................................................................................ 64
Gabarito................................................................................................. 109
Gabarito Comentado................................................................................ 110

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PRONOMES OBLÍQUOS, VOZES VERBAIS, FUNÇÕES DO SE,


CRASE E ESTUDO DO QUE

Olá, querido(a) amigo(a)! Como andam os seus estudos de língua portuguesa?

Estamos, a cada dia, avançando mais em nosso idioma, de uma forma lógica e

objetiva. Agora, quero abordar com você alguns assuntos que possuem íntima co­

nexão com o que já vimos nos PDFs anteriores: pronomes oblíquos, vozes verbais

e funções do SE, crase e funções do QUE.

Vamos fazer a nossa engenharia reversa. As 30 questões que se encontram

no final deste PDF estão assim divididas:

• Pronomes oblíquos: 7 questões;

• Vozes e SE: 5 questões;

• Crase: 8 questões;

• QUE: 10 questões.

Podemos observar que o último assunto tem maior peso, mas a média de ques­

tões entre os conteúdos está bastante equilibrada.

Sobre os pronomes oblíquos, a AOCP só explora os átonos (tanto em verbos quan­

to em locuções verbais). Há questões de coesão, sintaxe e colocação pronominal.

Acerca de vozes verbais, a banca gosta de pedir a transposição da ativa para a

passiva e vice-versa. Há uma nítida prioridade para a passiva analítica. Em relação

às funções do SE, ela se mostra interessada por todas!

Em crase, as questões são muito fáceis! Acredito que a banca se valha apenas

do trauma que as pessoas já carregam sobre o assunto. Quase todas as questões

só querem saber o motivo pelo qual o acento foi empregado.

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Já no estudo do QUE, há uma predominância absurda do pronome relativo e

da conjunção integrante (vistos no PDF anterior). Também gostam de comparar as

funções anteriormente citadas com aquelas desempenhadas pelo QUE na tabela

de conectivos (que você também viu no PDF anterior). Por esse motivo, para não

gastar seu tempo precioso, falaremos do QUE apenas nos exercícios. Não há razão

para repetir tudo o que foi dito no PDF 2. Eu só deixei os exercícios para o 3 porque

muitos alunos gostam de ver QUE e SE juntos.

Vamos juntos?

Bloco I: Pronomes Oblíquos e Colocação Pronominal

Analise comigo o seguinte exemplo:

(1) O professor está feliz! O professor tem alunos dedicados!

A sentença acima é perfeitamente compreensível para qualquer pessoa (até

demais)! Note que o professor que está feliz é o mesmo que tem alunos dedicados.

Todavia, você há de convir comigo que é uma construção linguisticamente pobre,

uma vez que apresenta um mesmo vocábulo duas vezes. Esse é um mecanismo

chamado de coesão por repetição. Consiste em repetir uma mesma palavra para

formar a malha textual. Vale aqui um aviso importante: repetir palavras não é

um erro gramatical, mas é um recurso que, quando adotado desnecessária

ou abusivamente, torna o texto paupérrimo.

Sei que você já está pensando em inúmeras formas de escrever o texto acima.

Quero te apresentar uma possibilidade:

(2) O professor está feliz! Ele tem alunos dedicados!

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Em vez de repetir uma mesma palavra, optei por usar um pronome substan-
tivo. A coesão foi estabelecida, mas com vocábulos diferentes. Preciso que você
relembre o que é um pronome, assunto visto no PDF 1.
Agora, veja comigo outra construção:

(3) O professor estava em reunião. A diretora chamou o professor.

Mais uma vez, fiz uso da repetição de palavras na construção do texto. Como
você já sabe, o pronome é uma possibilidade que pode resolver essa questão. Mas
o que você acha desta?

(4) O professor estava em uma reunião. A diretora chamou ele. *

Sei que essa é uma forma comumente falada em nosso cotidiano. Não é, en­
tretanto, aceita pela norma culta. Meu objetivo não é (e nunca será) mudar o jeito
como você fala, mas te ensinar os padrões previstos para a língua escrita, a fim de
que você seja mais assertivo(a) em provas e redija melhor. Conforme a tradição
gramatical, o correto seria

(5) O professor estava em uma reunião. A diretora chamou-o.

Agora, você me questiona: “professor, mas como saberei qual pronome usar? E
esse pronome pode ficar antes do verbo também?” Fique tranquilo(a)! É isso que
estudaremos neste PDF!

Pronomes Pessoais

Você se lembra de que, no PDF 2, eu apresentei as pessoas do discurso? Exis­


tem, na nossa gramática, pronomes responsáveis por designar cada uma delas.

Esses são os chamados pronomes pessoais. Eles são assim divididos:

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Pronomes pessoais

Pessoas do dis- Do caso oblíquo


Do caso reto
curso átonos (P.O.A.) tônicos (P.O.T.)
1ª p. do singular Eu me a mim, comigo
2ª p. do singular Tu te a ti, contigo
a ele, a ela, a si,
3ª p. do singular Ele o, a, lhe, se
consigo
1ª p. do plural Nós nos a nós, conosco
2ª p. do plural Vós vos a vós, convosco
a eles, a elas, a
3ª p. do plural Eles os, as, lhes, se
sim, consigo

Para você entender bem o que esses pronomes fazem, precisamos voltar um

pouco no tempo e falar sobre o latim. Nessa língua, as funções sintáticas eram cha­

madas de casos. Como o português é uma língua derivada do latim, alguns resquí­

cios ficaram na gramática. Em outras palavras, os pronomes que são classificados

em casos já possuem funções sintáticas pré-definidas! Os pronomes pessoais do

caso reto, por exemplo, são usados em posição de sujeito. Já os pronomes pesso­

ais do caso oblíquo, em geral, ocupam a posição de complementos! Isso explica o

que ocorre nos exemplos que já foram aqui apresentados. Em 2, o pronome “ele”

ficou adequado porque desempenhava a função de sujeito, mas não ficou bom em

4 porque estava em função de objeto direto. Por isso, em 5, fiz uso de um pronome

oblíquo átono de 3ª pessoa do singular (“o”) para corrigir o texto. Aqui, algumas

perguntas surgem:

Aluno: professor, mas pronomes como ele, ela, nós, vós, eles e elas apa­

recem tanto nos pessoais do caso reto como nos pessoais do caso oblíquo tônico.

Como vou diferenciá-los?

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Elias: não sei se você percebeu, mas os pronomes oblíquos tônicos são sempre

dotados de preposição! Essa é a diferença! Nem sempre será a preposição “a”,

mas sempre haverá uma preposição!

Aluno: professor, os pronomes oblíquos só desempenham a função de comple­

mento verbal?

Elias: não. Eles podem também desempenhar outras funções sintáticas, mas

isso é pouco cobrado em provas.

Aluno: Elias, então o que cai muito em provas?

Elias: os pronomes oblíquos átonos, principalmente os de 3ª pessoa, desempe­

nhando a função de complementos verbais (OD ou OI). Eu vou te apresentar outras

funções dos pronomes, mas só ao final do PDF – e de maneira breve! Lembre-se: o

seu objetivo, aqui, é aprender a resolver questões de gramática! Logo, atacaremos

aquilo que é mais frequente em provas!

Como funcionam os pronomes oblíquos átonos?

Amigo(a), vou, em um quadro simples, apresentar a você como se distribuem

os P.O.A. nas funções de complemento verbal:

Funções sintáticas dos P.O.A.


me, te, nos, vos (1ª e 2ª p.v.) OD ou OI
o, a, os, as (3ª p.v.) OD
lhe, lhes (3ª p.v.) OI
se (3ª p.v.) Estudaremos, no PDF, “vozes verbais e
funções do SE”.

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Os pronomes de primeira e segunda pessoas verbais desempenham tanto a fun­

ção de objeto direto quanto a de objeto indireto. Isso, claro, vai depender do verbo

a que se ligam. Veja os exemplos:

(6) Ela te encontrou na reunião.

(7) Ela te disse a verdade.

Em 6, o pronome “te” desempenha a função de OD porque quem encontra,

encontra alguém. Em 7, o mesmo pronome é OI, uma vez que quem diz, diz

algo (a verdade=OD) a alguém (te=OI). Vamos garantir o entendimento por meio

de mais um par de orações:

(8) Ela nos viu durante o evento.

(9) Ela nos deu aquele lindo presente.

A situação é semelhante, mas agora com um pronome de primeira pessoa do

plural. Em 8, quem vê, vê alguém (por isso o pronome é OD). Já em 9, quem dá,

dá algo a alguém (por isso o pronome é OI).

Agora, eu vou ser muito sincero com você: são raras as questões de prova que

abordam pronomes oblíquos átonos de primeira ou de segunda pessoas. O grande

foco dos examinadores são os pronomes de terceira pessoa. Isso ocorre por dois mo­

tivos: (a) são mais trabalhosos; (b) aparecem mais nos textos adotados nas provas.

Vamos ver como funcionam os pronomes de terceira pessoa:

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(10) Ela comunicou o ocorrido aos familiares.

Com a classificação sintática dos termos da oração, podemos determinar quais

pronomes usaremos. “O ocorrido” e “aos familiares” são pessoas de que se fala –

por isso, terceira pessoa verbal. Como “o ocorrido” é um OD, devemos substituí-lo

por “o” (“ocorrido” é masculino e singular). Por sua vez, “aos familiares” é um OI

e pode ser substituído por “lhes” (“familiares” é singular). Claro que não emprega­

remos os dois pronomes ao mesmo tempo (essa era uma possibilidade comum no

português arcaico). No português contemporâneo, as construções possíveis seriam:

(11) Ela comunicou-o aos familiares. (“o”= o ocorrido)

(12) Ela comunicou-lhes o ocorrido. (“lhes” = aos familiares)

1. (IADES/2014) Em “deu-lhe uma bronca” (linha 6), no lugar do pronome desta­

cado, poderia ser empregado o pronome o.

Errado.

Note que, na construção, quem dá, dá algo (“uma bronca” = OD) a alguém (lhe

= OI). A substituição sugerida é entre pronomes de funções sintáticas distintas.

2. (CESPE/2013) Em busca de mais recursos, Marconi escreveu ao governo italia­

no, mas um funcionário descartou a ideia, dizendo que era melhor apresentá-la em

um manicômio.

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No fragmento II, estaria mantida a correção gramatical do texto caso fosse inse­

rido, logo após a forma verbal “dizendo”, o pronome lhe ― dizendo-lhe ―, ele­

mento que exerceria a função de complemento indireto do verbo, retomando, por

coesão, “Marconi”.

Certo.

Pela semântica textual, é possível entender que o funcionário disse algo a Marco-

ni. Colocar o pronome lhe diante de “dizendo” significa tornar explícito o objeto

indireto do verbo.

3. (IBFC/2011) Assinale a alternativa que indica corretamente a substituição do

nome destacado pelo pronome.

Não contei a Paulo a verdade.

a) Não contei-lhe a verdade.

b) Não lhe contei a verdade.

c) Não o contei a verdade.

d) Não contei-o a verdade.

Primeiramente, preciso que você tenha certeza de algo: “a Paulo” é o OI do ver­

bo “contei”. Por isso, o pronome adequado é lhe. Isso nos permite dispensar as

alternativas “c” e “d”. Mas surge uma nova dúvida: qual é a posição correta do

pronome? Antes ou depois do verbo “contei”? Por enquanto, eu vou te deixar

nessa expectativa!

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Colocação Pronominal

Em linhas gerais, existem três posições para se colocar um P.O.A.: depois do

verbo (ênclise), antes do verbo (próclise) ou no meio do verbo (mesóclise).

Existem princípios e regras para o uso de cada uma delas. Vamos conhecê-los.

Princípios (estão acima das regras):

• 1. Não se usa um pronome oblíquo átono em início de frase ou após pontuação;1

• 2. Casos facultativos de colocação pronominal (os pronomes podem ser colo­

cados em duas das três posições previstas):

• 2.1. Verbos no infinitivo;

• 2.2. Sujeito explícito anteposto ao verbo2.

4. (IADES/2014)

Mande notícias do mundo de lá

Diz quem fica

Me dê um abraço, venha me apertar

Tô chegando

A colocação do pronome em “Me dê um abraço” (linha 3) está correta.

1
É possível ver P.O.A. após pontuação quando esta representa uma intercalação na oração. Ex.: O professor
chegou atrasado; ele, todavia, nos dará aula.
2
Quando há um caso de sujeito explícito anteposto ao verbo interno a uma oração subordinada, só se pode
usar a próclise, deixando, portanto, de ser um caso facultativo. Falaremos sobre isso quando chegarmos ao
período composto (em outro PDF).

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Errado.

Conforme reza o princípio 1, não se inicia uma frase com um P.O.A..

5. (CESPE/2013) O filósofo francês Jacques Rancière critica a ideia de democracia

que tem estruturado nossa vida social — regida por uma ordem policial, segundo

ele —, devido ao fato de ela se distanciar do que seria sua razão de ser.

A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em vez de anteceder, pas­

sasse a ocupar a posição imediatamente posterior ao verbo: devido ao fato de ela

distanciar-se.

Certo.

Questão simples: você notou que o verbo “distanciar” está no infinitivo? Conforme

está em 2.1, trata-se de um caso facultativo de colocação pronominal. Logo, o pro­

nome pode ser colocado em próclise ou em ênclise.

6. (CESPE/2013) O cenário se repete neste início de 2013, com a redução no nível

de água dos reservatórios.

Em “se repete”, o deslocamento do elemento “se” para depois da forma verbal —

repete-se — preservaria a correção gramatical do trecho.

Certo.

Essa questão enquadra-se no princípio 2.2. Pergunte ao verbo: quem se repete?

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“O cenário”, que é o sujeito da oração. Novamente, estamos diante de mais um

caso facultativo!

Regras

1) A ênclise é a regra geral! É a colocação em que primeiro devemos pensar! Só

que existem casos em que ela não é aplicável. São eles:

• Quando há fator de atração antes do verbo;

• Quando o verbo estiver no futuro;

• Quando o verbo estiver no particípio.

Para resolver o primeiro caso, usamos a próclise. Para o segundo, a mesó­

clise. O último veremos melhor quando estudarmos a colocação pronominal em

locuções verbais.

2) A próclise é usada prioritariamente quando há um fator de atração antes do

verbo (também conhecido como fator de próclise). São algumas palavras que

atraem o pronome para perto delas, o que faz com que este fique antes do

verbo. Eis a lista de fatores de atração:

• Palavras negativas (Ex.: Ele não se perdoa pelo ocorrido.);

• Advérbios (Ex.: Ontem me falaram a verdade.);

• Pronomes:

− indefinidos (Ex.: Alguém te dará atenção.);

− interrogativos (Ex.: Quem lhe doou os cobertores?);

− relativos (Ex.: O homem que nos abordou era policial.);

• Conjunções subordinativas (Ex.: Ele disse que a ouviu atentamente.);

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• Orações exclamativas ou optativas3 (Ex.: Que Jesus te acompanhe!);

• Em + gerúndio (Ex.: Em se tratando de gramática, não tenho dificuldades.).

Algumas dicas importantes sobre os fatores de atração:

• Nenhum fator de atração é tão cobrado quando o NÃO. Sabemos que ele é

um advérbio de negação, mas prefiro separá-lo dos advérbios, uma vez que

é muito mais fácil reconhecê-lo como palavra negativa;

• Todo QUE é um fator de atração. Mais tarde, você aprenderá comigo a dife­

renciar as classificações dessa palavra. Por enquanto, quero que você saiba

apenas que o QUE atrai os P.O.A.;

• Os advérbios também são muito cobrados em provas, mas tome um certo cui­

dado! Se o advérbio estiver isolado por pontuação, ele perde o valor atrativo!

7. (CESPE/2013) Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca apenas na

esfera de temas polêmicos que atraem os holofotes da mídia.

Devido à presença do advérbio “apenas” (R.18), o pronome “se” poderia ser desloca­

do para imediatamente após a forma verbal “coloca”, da seguinte forma: coloca-se.

Errado.

Uma palavra só é fator de atração se estiver anteposta ao verbo. Logo, “apenas”

não influencia na colocação pronominal. Além disso, veja que, antes do verbo, há

uma palavra negativa.

3
Orações optativas são as que exprimem desejo (quando se deseja algo a alguém).

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8. (CESPE/2013) Diversidade é a semente inesgotável da autenticidade e da indivi­

dualidade humana, que se expressam na subjetividade da liberdade pessoal.

No trecho “que se expressam na subjetividade da liberdade pessoal”, o emprego do

pronome átono “se” após a forma verbal — expressam-se — prejudicaria a correção

gramatical do texto, dada a presença de fator de próclise na estrutura apresentada.

Certo.

Conforme eu disse, o QUE é sempre fator de atração. Não quero, agora, que você

se preocupe em identificar a função dele. Agora, preocupe-se apenas com a colo­

cação do pronome.

3) Há casos em que nem próclise nem ênclise são aplicáveis. É aí que entra a

mesóclise. Veja:

(13) Contarei uma história aos meus alunos.

Vou fazer uso do OI – que será substituído por lhes nas minhas construções

seguintes. Veja o resultado:

– Contarei-lhes uma história. (errado, pois o verbo está no futuro – que não admite

ênclise)

– Lhes contarei uma história. (errado, pois fere o primeiro princípio)

– Contar-lhes-ei uma história. (certo)

A mesóclise só é aplicável a verbos no futuro! Vamos testar outras duas possi­

bilidades:

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(14) Eu contarei uma história aos meus alunos.

– Eu contarei-lhes uma história. (errado, pois o verbo está no futuro – que não

admite ênclise)

– Eu lhes contarei uma história. (certo, conforme o segundo princípio – sujeito ex­

plícito)

– Eu contar-lhes-ei uma história. (certo, conforme o segundo princípio – sujeito

explícito)

(15) Eu não contarei uma história aos meus alunos.

– Eu não contarei-lhes uma história. (errado, pois o verbo está no futuro – que não

admite ênclise)

– Eu não lhes contarei uma história. (certo, pois há respeito ao fator de atração)

– Eu não contar-lhes-ei uma história. (errado, pois desrespeita a presença do fator

de atração)

9. (CESPE/2013) O Ministério Público Federal impetrou mandado de segurança con­

tra a decisão do juízo singular que, em sessão plenária do tribunal do júri, indeferiu

pedido do impetrante para que às testemunhas indígenas fosse feita a pergunta

sobre em qual idioma elas se expressariam melhor, restando incólume a decisão do

mesmo juízo de perguntar a cada testemunha se ela se expressaria em português

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e, caso positiva a resposta, colher-se-ia o depoimento nesse idioma, sem prejuízo

do auxílio do intérprete.

A posposição do pronome “se” ao verbo em “colher-se-ia” – colheria-se – compro­

meteria a correção gramatical do trecho.

Certo.

Primeiramente, note que o verbo colheria está no futuro do pretérito, o que já

inviabiliza a ênclise. No trecho apresentado, a próclise também não é possível, na

medida em que há um sinal de pontuação anteposto ao verbo. A mesóclise é a úni­

ca opção válida.

Viu como é simples? Não há mistério na colocação dos P.O.A.!

Adendo: adaptação fonética dos pronomes o, a, os, as.

Por uma questão de eufonia – garantir a composição de uma sonoridade harmo­

niosa –, os pronomes o, a, os, as podem sofrer alterações. Veja o quadro abaixo:

Adaptação fonética (o, a, os, as)


Diante de verbos terminados em Usa-se
R, S ou Z lo, la, los, las
Sons nasais (M ou algo com ~) no, na, nos, nas
Demais verbos o, a, os, as

Vejamos alguns exemplos:

– É hora de deixar o apartamento. = É hora de deixá-lo.

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– Fiz as tarefas. = Fi-las.

– Ele quis alguns conselhos. = Ele qui-lo.

– Fecharei minha casa com cadeado. = Fechá-la-ei com cadeado.

– Declamaram minha poesia favorita. = Declamaram-na.

– Ele propõe novas regras. = Ele propõe-nas.

– Encontrei meu filho aos prantos. = Encontrei-o aos prantos.

Colocação Pronominal em Locuções Verbais

A colocação pronominal em locuções verbais é ainda mais simples do que em

um único verbo! Preciso, primeiramente, que você se lembre de que uma locução

verbal é formada por verbo auxiliar + verbo principal. Vejamos as possibilidades no

esquema abaixo:

1) Sem fator de atração antes da locução verbal:

V. aux. + Infinitivo
V. aux. + Gerúndio
Permitido

V. aux. + Particípio ø

Permitido Permitido

Neste caso, pode-se usar o pronome antes do auxiliar, entre o auxiliar e o prin­

cipal e após o principal (exceto quando este estiver no particípio). Atenção: cuidado

para não ferir o princípio 1. Veja exemplos:

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(16) Eu vou encontrar novos caminhos.

– Eu os vou encontrar.

– Eu vou(-)os encontrar.

– Eu vou encontrá-los.

(17) Estou construindo uma nova casa.

– A estou construindo. (Errado. Princípio 1.)

– Estou(-)a construindo.

– Estou construindo-a.

(18) Ele tinha imprimido o documento.

– Ele o tinha imprimido.

– Ele tinha(-)o imprimido.

– Ele tinha imprimido-o. (Errado. Verbos nos particípio não aceitam ênclise.)

 Obs.: segundo muitos gramáticos, o emprego do hífen quando o pronome está

entre o auxiliar e o principal é facultativo.

2) Com fator de atração antes da locução verbal:

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V. aux. + Infinitivo
V. aux. + Gerúndio
Permitido

V. aux. + Particípio ø

Permitido Permitido

Neste caso, o pronome deve ser empregado antes do auxiliar ou depois do prin­

cipal. Atenção: cuidado para não ferir o princípio 1. Veja exemplos:

(19) Eu não vou encontrar novos caminhos.

– Eu não os vou encontrar.

– Eu não vou encontrá-los.

(20) Já estou construindo uma nova casa.

– Já a estou construindo.

– Já estou construindo-a.

(21) Ele nunca tinha imprimido o documento.

– Ele nunca o imprimiu.

Adendo: apossínclise.

Sempre há um aluno para me perguntar sobre essa quarta forma de colocação

pronominal. Ela é encontrada em registros literários antigos – e, ainda assim, rara­

mente. Ocorre quando há dois fatores de atração antepostos a um verbo.

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– O homem que se não respeita pode padecer.

Também seria gramaticalmente correto escrever

– O homem que não se respeita pode padecer.

De coração: acrescentei isso por curiosidade de alguns! Não é uma preocupação

para provas.

Adendo: outras funções sintáticas dos pronomes oblíquos átonos.

Conforme prometi, ao fim da unidade, apresento a você outras funções sintáticas

que os pronomes oblíquos átonos podem desempenhar. São elas: adjunto adnomi­

nal, complemento nominal e sujeito.

Adjunto adnominal (sempre haverá a semântica de posse):

– Levaram-me a mala. (= Levaram a minha mala.)

– Cheirei-te os cabelos. (= Cheirei os seus cabelos.)

– A fila do banco nos tirou a paciência. (= A fila do banco tirou a nossa paciência.)

– Aquela garota lhe veio ao pensamento. (= Aquela garota veio ao seu pensamento.)

Complemento nominal:

– Suas ideias sempre me foram agradáveis. (= Suas ideias sempre foram agradá­

veis a mim.)

– Eu sempre te serei fiel. (= Eu sempre serei fiel a ti.)

– Eles sempre nos foram próximos. (= Eles sempre foram próximos a nós.)

– A falta de fé não lhe é favorável. (= A falta de fé não é favorável a ele.)

Sujeito (quando há um verbo causativo ou sensitivo + infinitivo ou gerúndio). Os

P.O.A. só se tornam sujeitos na configuração que acima apresentei. Os verbos causa­

tivos são mandar, deixar, fazer e os sensitivos são ver, ouvir, sentir, olhar (verbos sinô­

nimos desses também recebem a mesma classificação). Veja, agora, os exemplos:

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– Deixe-me falar de amor! (me é o sujeito do verbo “falar”)


– Mandaram-te comprar um novo par de tênis. (te é o sujeito de “comprar”)
– Ele se deixou levar pela opinião alheia. (se é sujeito de “levar”)
– Sinto-nos levitando pela sala. (nos é sujeito de “levitando”)
– Fizeram-lhes falar a verdade. (lhes é sujeito de “falar”)
– Eu os vi namorando na praça. (os é sujeito de “namorando”)

Obs: esse tipo de sujeito também é conhecido como sujeito acusativo.

Repito: isso pouco aparece em provas.

Coesão - referências do pronome no texto (observe a concordância nomi­


nal do P.O.A. com o substantivo a que se refere.

Me, te, nos, vos = OD ou OI


P.O.A
Transitividade o, a, os, as, = OD
Lhe, lhes = OI

Colocação - 1o Princípios Início de frase


Verbo no infinitivo
Sujeito explícito
2o Regra

Próclise Verbo Ênclise Regra Geral

Fatores Fator de atração


Mesóclise Exceto
de atração Futuro
Verbos no futuro Particípio

Bloco II – Vozes Verbais e Funções do SE

Vozes Verbais e Funções do SE

Nesta seção, quero tratar de um assunto muito importante mesmo em provas

de concursos públicos! Primeiramente, falaremos acerca das vozes verbais. Ao falar

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desse assunto, inevitavelmente, passaremos pelas funções do pronome oblíquo SE.


Você se lembra de que, na seção anterior, eu destaquei que, mais a diante, discu­
tiríamos só o SE? Chegou o momento! Prepare seu material! É hora de aprender!

1. As Vozes Verbais

As vozes verbais dizem respeito à forma como o verbo estabelece sua relação
com o sujeito. A tradição gramatical estabelece que ocorre voz ativa quando o su­
jeito pratica a ação verbal (sujeito agente); a voz passiva, quando o sujeito sofre
a ação verbal (sujeito paciente); a voz reflexiva, quando o sujeito pratica e sofre a
ação verbal.
Todavia, grande parte dos estudantes de língua portuguesa dão um tratamento
errado a esse conteúdo, por pensar que é uma descrição meramente semântica.
Na verdade, o sentido é fruto de uma estrutura morfossintática. Entenda: para
dominar as vozes verbais, você deve conhecer as estruturas gramaticais que as
caracterizam. O sentido é uma mera consequência dessa estrutura.
Para facilitar a nossa vida, criei um quadro-resumo, que será detalhado ao longo
deste PDF:

Voz verbal Estrutura gramatical Semântica


Locução verbal
SER+PARTICÍPIO
(analítica1)

Passiva Paciente
OU

Verbo-SE (pronome
apassivador) (sintética)
Reflexiva Pronome reflexivo Agente + paciente
Ativa O resto Agente2

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A partir dessas informações, vamos analisar as orações abaixo:

(1) O carro foi levado pelos ladrões durante a madrugada.

(2) Encontrou-se uma nova evidência no local do crime.

(3) Aquele rapaz se olhava no espelho.

(4) O professor chegou atrasado.

(5) As crianças sofreram com a perda do avô.

Em 1, note a presença da locução “foi levado”. Ela indica que a frase está na

voz passiva (analítica). Em 2, além do pronome “se”, veja também que, na oração,

ninguém praticou a ação de encontrar – por isso, voz passiva (sintética). Em 3,

também há o pronome “se”, todavia podemos identificar que alguém pratica a ação

verbal de olhar: “aquele rapaz”. O pronome, aliás, tem a função de revelar que a

ação verbal foi praticada e sofrida pelo sujeito, uma vez que “aquele rapaz” olhava

a si mesmo – portanto, voz reflexiva. Agora, olhe com carinho para as frases 4 e 5.

Você está vendo alguma locução verbal? Você está vendo algum pronome para ser

classificado como apassivador ou reflexivo? Não, para as duas perguntas. Isso é o

suficiente para afirmar que 4 e 5 são orações na voz ativa.

Tenho certeza de que você não tem dúvidas acerca da classificação da oração 4,

mas deve estar se remoendo com a 5. “Elias, mas as crianças sofreram! Ninguém

pratica a ação de sofrer!” Eu concordo com você, mas preciso que você tenha ob­

jetividade: as orações 4 e 5 não possuem estrutura gramatical de voz pas-

siva ou reflexiva, e isso deve bastar a você. O que ocorre em 5 foi explicado na

Moderna Gramática da Língua Portuguesa, de Evanildo Bechara. A oração 5 possui

semântica de passividade, mas estrutura de voz ativa! Isso porque a voz passiva,

depende, primeiramente, de uma estrutura morfossintática.

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Detalhe: não vá pensando que, com essa explicação, você já sabe tudo sobre

o assunto! Eu te garanto que, na frase 2, o “se” é um pronome apassivador, assim

como, a frase 3, o “se” é reflexivo. Mas esse pronome não seria tão famoso se pos­

suísse apenas duas funções, não é mesmo? Depois das vozes verbais, falaremos

das funções do SE!

2. A Transposição da Voz Ativa para a Passiva

Agora que você já sabe superficialmente reconhecer as vozes verbais, podemos

falar acerca de um assunto muito cobrado em qualquer prova de concurso público:

a transposição da voz ativa para a passiva. Primeiramente, preciso que você saiba

que nem toda oração da nossa língua admite isso! Veja as construções abaixo:

(6) As mulheres dominaram a sociedade.

(7) O delegado comunicou as medidas à população.

(8) As crianças gostam de palhaços.

(9) Renato Russo vivia em Brasília.

(10) Os palestrantes permaneceram calados.

Tente, em sua mente, colocar essas cinco construções na voz passiva. Acredito

que você só tenha obtido êxito nos exemplos 6 e 7. Sabe por quê? Colocar uma
oração na voz passiva (ou apassivar uma oração) significa transformar o
objeto direto em sujeito paciente.
Querido(a), a condição para que uma frase possa ir à voz passiva é que ela
apresente, inicialmente, um objeto direto, e só funciona com esse tipo de comple­
mento, uma vez que ele, via de regra, não é preposicionado. Em 6 e 7, existem
objetos diretos (“a sociedade” e “a situação”). Em 8, o verbo é transitivo indireto;

em 9, intransitivo; em 10, de ligação.

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Agora, analise comigo como é a transposição da voz ativa (VA) para a voz pas­

siva analítica (VPA):

As mulheres dominaram a sociedade.


Suj. VTD OD

A sociedade foi dominada pelas mulheres.


Suj. paciente VTD Agente da passiva

Note que a única parte que se preservou foi “a sociedade”. “Dominaram” pas­

sou a ser “foi dominada” e “as mulheres” passou a ser “pelas mulheres” (agente

da passiva, que é quem pratica a ação verbal na voz passiva). O verbo que, na voz

ativa, concordava com “as mulheres” passou a ser uma locução verbal que concor­

da com “a sociedade”.

O delegado comunicou as medidas à população.


Suj. VTDI OD OI

As medidas foram comunicadas pelo delegado à população.


Suj. paciente Agente da passiva OI

Primeiramente, perceba que “as medidas” deixou de ser objeto direto e passou

a ser sujeito paciente. “Comunicou” passou a ser “foram comunicadas”, e “o dele­

gado” passou a ser “pelo delegado”. Nada ocorreu com “à população”, uma vez que

o objeto indireto não participa da formação da voz passiva.

E se colocarmos os trechos acima na voz passiva sintética (VPS)? Qual será o

resultado?

As mulheres dominaram a sociedade. (VA)

A sociedade foi dominada pelas mulheres. (VPA)

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Dominou-se a sociedade. (VPS) (Partícula apassivadora) (Sujeito paciente)

VTD

O delegado comunicou as medidas à população. (VA)

As medidas foram comunicadas pelo delegado à população. (VPA)

Comunicaram-se as medidas à população. (VPS) (Partícula apassivadora)

VTD OI

Inicialmente, note o aparecimento da partícula “se”. Ela é responsável por trans­

formar o objeto direto em sujeito paciente. Por esse motivo, é conhecida como

pronome apassivador, ou partícula apassivadora (PA). Na VPS, não é permi­

tida a presença do agente da passiva.

Vou listar aqui alguns cuidados que você deve ter acerca desse assunto:

• Em qualquer voz passiva, o que seria o objeto direto é transformado em su­

jeito paciente, sempre;

• Em qualquer transposição de vozes, esteja atento(a) ao tempo e ao modo

verbal. Eles precisam ser preservados. Se, na voz ativa, o verbo estiver no

presente do indicativo, ele deve permanecer no presente do indicativo, tanto

na VPA quanto na VPS;

• Na voz passiva analítica, tome muito cuidado com a concordância verbal. O

verbo auxiliar (verbo “ser”) concorda em número com o sujeito; o verbo

principal (verbo no particípio) concorda em gênero e número com o sujeito.

Na VPA, pode aparecer o agente da passiva;

• Na voz passiva sintética, é preciso ter muito cuidado com a concordância

(apenas em número) entre o sujeito paciente e o verbo. Na VPS, não há

agente da passiva.

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Adendo: como diferenciar o pronome apassivador do índice de indeterminação do

sujeito?

Vamos fazer um retorno aos exemplos de 6 a 10:

Orações na voz ativa Orações com a partícula SE


As mulheres dominaram a sociedade. Dominou-se a sociedade.
O delegado comunicou as medidas à população. Comunicaram-se as medidas à população.
As crianças gostam de palhaços. Gosta-se de palhaços.
Renato Russo vivia em Brasília. Vive-se em Brasília.
Os palestrantes permaneceram calados. Permanece-se calado.

O que quero que você entenda: nem todas as cinco orações admitem a voz passiva,

mas todas admitem uma reescritura com o pronome “se”! As duas primeiras, por

aceitarem a voz passiva, possuem pronome apassivador. As três últimas, que não

podem ser apassivadas, apresentam índice de indeterminação do sujeito (IIS).

Vamos sistematizar a análise das cinco construções com o pronome “se”:

• As cinco orações possuem algo em comum: em nenhuma delas, é possível

identificar quem pratica a ação verbal4;

• A partícula apassivadora serve para transformar objetos diretos (não prepo­

sicionados5) em sujeitos pacientes (que também não são preposicionados).

Nesses casos, como há sujeito, o verbo deve concordar com ele. A PA só

ocorre com VTD ou VTDI;

4
Existe uma diferença entre identificar quem pratica a ação verbal e identificar o sujeito da oração. Identificar
quem pratica a ação verbal é completamente semântico (e nem sempre será o sujeito); identificar o sujeito
da oração é sintático (e nem sempre será quem pratica a ação verbal), pois sujeito é o termo com quem o
verbo estabelece concordância.
5
Na língua portuguesa, existem os chamados “objetos diretos preposicionados”. Nesses casos, o verbo não é
responsável pela presença da preposição. Ela aparece para garantir algum efeito semântico ou para conferir
ênfase. Veja:
Ex.: O aniversariante comeu do bolo. (A preposição só aparece para dar a ideia de que o aniversariante
comeu apenas uma parte do bolo.)

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• O índice de indeterminação só aparece quando não é possível apassivar. Isso

ocorre com o VTI, VI e VL. Nesses casos, como não há sujeito, o verbo deve

ficar sempre no singular.

10. (2003/CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS) Na Carta de Pero Vaz de Caminha,

escrita a el-rei D. Manuel, observam-se melhor as obsessões dos portugueses.

No texto, a estrutura da voz passiva em “observam-se” equivale a foram ob-

servados.

Errado.

Primeiramente, nome que, no texto, não há quem pratica a ação de observar. Como

o verbo está no plural, sabemos que o pronome “se” é uma partícula apassivadora.

O sujeito paciente é a expressão “as obsessões dos portugueses”. Como o núcleo

do sujeito é feminino e plural, e o verbo está no presente do indicativo, a correta

transposição para a voz passiva analítica seria “são observadas as obsessões

dos portugueses”. “Foram observados” está no pretérito perfeito do indicativo, e

o verbo no particípio está no masculino.

Ex.: Eu não vejo a ele desde o Natal. (Os pronomes oblíquos tônicos são sempre preposicionados.)
Ex.: O pai ama ao filho. (A preposição aparece para conferir ênfase, para garantir o entendimento de quem
pratica e quem recebe a ação de amar.)
Aí vem um detalhe: essas construções não podem ser apassivadas. Portanto, uma oração como “comeu-se
do bolo” possui um índice de indeterminação do sujeito, e não uma partícula apassivadora. Veja, novamente,
como a voz passiva está completamente ligada à estrutura morfossintática. A ausência de um objeto direto
sem preposição impede a possibilidade de formação da voz passiva.
Observação importante: esse assunto praticamente não aparece em provas!

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11. (2013/CESPE/ANS) A avaliação das operadoras de planos de saúde em relação

às garantias de atendimento, previstas na RN 259, é realizada de acordo com dois

critérios.

Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “é realizada” por

realiza-se.

Errado.

No texto, a forma “é realizada” está na voz passiva analítica, e o sujeito paciente

tem como núcleo o vocábulo “avaliação”. Para transpor para a voz passiva sintética,

além da presença do pronome apassivador, é necessário observar a concordância, o

tempo e o modo verbal. Ambas as construções estão no singular e no presente do

indicativo. Portanto, não haveria prejuízo à correção gramatical.

12. (2013/CESPE/PCDF) Em agosto deste ano, foram registrados 39 casos de se­

questro-relâmpago em todo o DF, o que representa redução de 32% do número de

ocorrências dessa natureza criminal em relação ao mesmo mês de 2012.

A correção gramatical e o sentido da oração “Em agosto deste ano, foram registra­

dos 39 casos de sequestro-relâmpago em todo o DF” seriam preservados caso se

substituísse a locução verbal “foram registrados” por registrou-se.

Errado.

A locução verbal “foram registrados” está no plural para concordar com o núcleo

do sujeito “casos”. Coloque uma ideia em sua cabeça: o que é sujeito para a voz

passiva analítica também é sujeito para a voz passiva sintética! Portanto, não há

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motivos para que o verbo “registrou-se” seja empregado, uma vez que está no sin­
gular. O correto seria registraram-se.

13. (2013/CESPE/MI) Os efeitos da seca espalham-se no campo e são visíveis nos


incontáveis animais mortos por onde passam as rodovias sertanejas.
Em “espalham-se”, o termo “se” indica que o sujeito da oração é indeterminado.

Errado.
Primeiramente, lembre-se de que o “se” só será índice de indeterminação do sujei­
to com verbos no singular (o que já é suficiente para julgar o item). O verbo possui
um sujeito paciente, que é “os efeitos da seca”. O pronome é PA.

14. (2013/IBFC/EBSERH) Considere as orações abaixo.


I – Prescreveu-se vários medicamentos.
II – Trata-se de doenças graves.
A concordância está correta em
a) somente I
b) somente II
c) I e II
d) nenhuma

Letra b.

Em I, a expressão “vários medicamentos” é sujeito paciente (uma vez que o “se” é

PA). Portanto, o correto seria prescreveram-se. Em contrapartida, a II está corre­

ta, pois “de doenças graves” é um objeto indireto. O pronome é um IIS, e o verbo

deve permanecer no singular.

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15. (2013/IBFC/IDECI) Considere a oração e as afirmativas a seguir.

Precisa-se de funcionário com experiência.

I – A oração encontra-se na voz passiva.

II – O sujeito é indeterminado.

Está correto o que se afirma em

a) I

b) II

c) I e II

d) nenhuma

Letra b.

A forma verbal “precisa” é transitiva indireta, a expressão “de funcionário com

experiência” é o OI, e o pronome é IIS. Nesse caso, a frase está na voz ativa (só

seria voz passiva se o “se” fosse PA).

16. (2013/IBFC/PGE-SP) Assinale a alternativa em que a oração não está na voz

passiva.

a) Necessita-se de funcionários capacitados.

b) Comentou-se o caso do sequestro.

c) O aluno foi reprovado no exame.

d) As ruas foram cercadas pela polícia.

e) Alugam-se salas.

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Letra a.

Na letra “a”, a forma verbal “necessita” é transitiva indireta e a expressão “de fun­

cionários capacitados” é o objeto indireto. O pronome funciona como um índice de

indeterminação do sujeito. Detalhe importantíssimo: quando o “se” é IIS, a oração

está na voz ativa! Nas alternativas “b” e “e”, há a voz passiva sintética. Nas alter­

nativas “c” e “d”, voz passiva analítica.

17. (2013/IBFC/ILSL) Considere as orações abaixo.

I – Devem-se pensar em todos os aspectos do problema.

II – Devem-se analisar todos os aspectos do problema.

A concordância está correta em

a) somente I.

b) somente II.

c) I e II.

d) nenhuma.

Letra d.
Agora, estamos falando de casos em que o pronome “se” está associado a locuções
verbais. O procedimento será:
• Buscar a transitividade no verbo principal;
• Verificar a concordância no verbo auxiliar.

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Em I, o verbo “pensar” é transitivo indireto, a expressão “em todos os aspectos do


problema” é o OI. Portanto, o “se” é IIS, e o verbo auxiliar deveria estar no singular.
Em II, o verbo “analisar” é transitivo direto, e a expressão “todos os aspectos do
problema” é o sujeito paciente, uma vez que o “se” é PA (e o verbo auxiliar está em
concordância com o sujeito). Detalhe: as locuções verbais apresentadas na ques­
tão são formadas pelo verbo auxiliar DEVER e pelo verbo principal no INFINITIVO.
Nada de pensar em voz passiva analítica, ok?

3. A Voz Reflexiva

Antes de iniciarmos a terceira seção, quero fazer um comentário importante:


até aqui, vimos a parte da matéria que cai em 90% das questões sobre funções
do SE (e esse percentual ainda pode ser maior)! A verdade é que PA e IIS dominam
as provas de concursos!
Compare comigo as seguintes orações:
(11) Vendem-se casas de praia.
(12) Não se depende de novas políticas públicas.
(13) Maria olhou-se no espelho.

(14) João se deu um carro novo.

Há algo em comum entre 11 e 12: não é possível identificar quem pratica

a ação verbal. Há algo em comum entre 13 e 14: é possível identificar quem

pratica a ação verbal. Esse é o primeiro passo que você deve dar sempre que for

analisar as funções do “se”! Veja este quadro e grave-o na sua memória:

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SITUAÇÃO RESULTADO
Quando não é possível identificar quem O pronome “se” ou é PA ou é IIS.
pratica a ação verbal.
Quando é possível identificar quem pratica O pronome “se” possui qualquer outra
a ação verbal. função diferente de PA ou IIS.

Isso vai mudar a sua vida para sempre! Você precisa ter essa consciência antes

de tentar identificar a função do pronome! Sabemos agora que 11 e 12 possuem

ou PA ou IIS, assim como sabemos que 13 e 14 não podem apresentar PA ou IIS.

Em 11, temos PA, pois “casas de praia” é sujeito paciente. Em 12, temos IIS,

pois “de novas políticas públicas” é objeto indireto.

Já em 13 e 14, note que a ação verbal que é praticada pelo sujeito recai sobre

o próprio sujeito! Maria poderia olhar outra pessoa, mas olhou a si mesma. João

poderia dar algo a outra pessoa, mas deu a si mesmo. Estamos diante da cha­

mada voz reflexiva6, também conhecida como voz medial. Nesses casos, o “se”

é classificado como pronome reflexivo, e pode assumir a função de objeto direto

(como ocorre em 13) ou de objeto indireto (como ocorre em 14).

18. (2011/CESPE/CFO-BM) Acorriam todos os aguadeiros com suas pipas, e tam­

bém os populares, que faziam longas filas até o chafariz mais próximo, transpor­

tando de mão em mão os baldes de água, ao mesmo tempo em que se improvi­

6
A voz reflexiva também pode ser praticada com outros pronomes oblíquos. Tudo depende da pessoa verbal.
Ex.: Nós nos olhamos no espelho.
Ex.: Eu me dei um carro novo.
Todavia, em provas, esse assunto sempre aparece vinculado ao pronome “se”.

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savam escadas de madeira para efetuar salvamentos, retirando-se os moradores,

antes que eles se atirassem das janelas dos sobrados.

As partículas “se” destacadas exercem a mesma função sintática em ambas as

ocorrências.

Errado.

Note: pela estrutura textual, não é possível identificar quem praticou a ação de

retirar, mas é possível identificar quem praticou a ação de atirar (eles = os mora­

dores). O primeiro “se” é uma partícula apassivadora, ao passo que o segundo é

um pronome reflexivo.

19. (2011/CESPE/CORREIOS) Nos primeiros anos como seminarista, em Bois le

Due, na Holanda, Erasmo dedicou-se mais à pintura e à música do que à filosofia

e à religião.

Na Universidade de Oxford, terminou os estudos da língua grega — idioma domina­

do apenas por eruditos. A partir de então, conheceu o filósofo Juan Colet, que lhe

apresentou a primeira versão da Bíblia. O acesso ao livro foi decisivo para Erasmo

se afastar da filosofia escolástica.

As formas verbais “dedicou-se” e “se afastar” estão na voz reflexiva.

Certo.
Primeiramente, é possível identificar quem pratica a ação verbal, nos dois casos.
Erasmo dedicou a si mesmo. Erasmo afastou a si mesmo.

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20. (2013/CESPE/MPU) Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edição


de biografias à autorização do biografado ou descendentes. As consequências da
norma são negativas. Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar para a
posteridade a vida de personagens importantes na formação do país, em qualquer
ramo de atividade.
O termo se, em “se registrar”, é utilizado para indicar reflexividade.

Errado.
É fácil dizer que o “se” não é reflexivo, pois, no texto, não é possível identificar

quem pratica a ação de registrar. O pronome é PA.

Adendo: pronome recíproco?

Compare as seguintes construções:

– O garoto se machucou na cozinha.

– As amigas se abraçaram com carinho.

Há uma pequena diferença de sentido entre as duas construções. Na primeira, o

garoto abraçou a si mesmo, ao passo que, na segunda, as amigas abraçaram

umas às outras. A pronome “se” pode ser chamado de reflexivo nos dois casos,

mas, no segundo, é possível também atribuir uma outra nomenclatura: pronome

recíproco ou pronome reflexivo recíproco!

4. Outras Funções do SE

Agora que você já conhece a partícula apassivadora, o índice de indeterminação


do sujeito e o pronome reflexivo, posso afirmar que você já sabe 99% da matéria!
O pronome “se” possui, na língua portuguesa, outras funções, mas são pouco ex­

ploradas em provas. Mas não podemos deixar de falar sobre elas, não é mesmo?

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4.1. Parte Integrante do Verbo

Compare comigo as seguintes construções:

(15) Kurt se matou.

(16) Kurt se suicidou.

Semanticamente, as duas construções são semelhantes, pois ambas indicam

que alguém tirou a própria vida. Todavia, gramaticalmente, as duas construções

são diferentes, pois os verbos apresentam entendimentos diferentes. O verbo “ma­

tar” significa “tirar a vida”, que pode ser a vida de alguém ou a do próprio sujeito

que pratica ação. Portanto, podemos afirmar que a reflexividade da oração 15 é de

inteira responsabilidade do pronome, pois é ele quem faz com que a ação recaia

sobre o sujeito.

Já o verbo “suicidar-se” significa “tirar a própria vida”. É inconcebível a ideia de

que “alguém suicida outra pessoa”. Isso mostra que a reflexividade não está no

pronome, mas no próprio verbo. Vou ser ainda mais explícito: na língua portugue­

sa, não existe o verbo “suicidar”, mas apenas “suicidar-se”. Ele só existe com o

pronome! Por isso, o “se” é conhecido como parte integrante do verbo, e o verbo

que possui esse tipo de estrutura é conhecido como verbo pronominal.

A parte integrante do verbo acompanha apenas verbos intransitivos ou transi­

tivos indiretos. Eles podem indicar sentimentos (arrepender-se, queixar-se, lem­

brar-se, esquecer-se, orgulhar-se, alegrar-se, admirar-se) ou ações do ser que são

praticadas em relação a si próprio (suicidar-se, concentrar-se, precaver-se).

Ex.: A samaritana se arrependeu dos pecados cometidos.

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Ex.: A aluna se concentrou antes da prova.

Detalhe: os verbos pronominais se conjugam sempre com o pronome.

4.2. Pronome Expletivo

Também conhecido como partícula expletiva ou partícula de realce. É um

elemento completamente dispensável na estrutura oracional. Sua presença (ou au­

sência) não altera o sentido ou a morfossintaxe da sentença. Ocorre, geralmente,

com verbos intransitivos.

Ex.: Ela se riu da situação.  Ele riu da situação.

Ex.: Ele se tremeu durante o assalto.  Ele tremeu durante o assalto.

Ex.: O show se acabou.  O show acabou.

Ex: Ele se foi sem dizer nada.  Ele foi sem dizer nada.

Adendo: lembrar X lembrar-se / esquecer X esquecer-se.

Inicialmente, ao ver que as formas verbais acima apresentadas podem existir com

ou sem o pronome, pensamos que o pronome “se” se classifica como partícula

expletiva. No entanto, esse pensamento é incorreto. Veja o porquê:

Ela lembrou o seu nome. (lembrar = VTD)

Ela se lembrou do seu nome. (lembrar-se = VTI)

Ele esqueceu o seu aniversário. (esquecer = VTD)

Ele se esqueceu do seu aniversário. (esquecer-se = VTI)

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Em resumo: as formas verbais lembrar e esquecer (sem o pronome) são tran-

sitivas diretas, ao passo que lembrar-se e esquecer-se (com o pronome) são

transitivas indiretas. Uma partícula expletiva pode ser colocada ou retirada sem

causar qualquer alteração na sentença. E, para a nossa gramática, construções como

Ela lembrou do seu nome.

Ela se lembrou o seu nome.

Ele esqueceu do seu aniversário.

Ele se esqueceu o seu aniversário.

São consideradas agramaticais.

Verbos como lembrar-se e esquecer-se são classificados como acidentalmente

pronominais, e a função do “se”, nesses casos, é parte integrante do verbo.

Fiz questão de fazer este adendo porque esses verbos são muito cobrados em

prova. Os examinadores não costumam perguntar sobre a função do “se” nesses

casos, mas sobre a regência desses verbos!

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Bloco III – Crase

Falaremos agora sobre um dos assuntos mais aguardados – e temidos – de todo

o curso: o emprego do acento grave, também conhecido como o sinal indicativo de

crase! Se fizermos uma pesquisa entre os brasileiros sobre qual tópico da língua

portuguesa oferece maior dificuldade, a crase ganhará com sobras! No entanto,

preciso preparar o terreno um pouco antes de aprofundarmos nossos estudos.

Primeiramente, quero te fazer entender o que significa crase. Para isso, preci­

saremos voltar ao estudo de literatura. Você se lembra de quando aprendeu a fazer

a contagem de sílabas poéticas? Veja o verso abaixo:

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“Tente entender a minha ironia.”

O trecho acima foi retirado da música Tent’entender, composta por Duca Lein­

decker e Humberto Gessinger. Ele servirá para que eu explique a origem da crase.

Fazer a contagem de sílabas poéticas (também conhecida como escansão po­

ética) é diferente de separar as sílabas de uma palavra. Em poesia, o critério de

divisão é fonético. Por isso, quando uma palavra termina em vogal, e a próxima

começa com vogal, conta-se uma única sílaba poética. Além disso, a contagem ter­

mina na sílaba tônica da última palavra. Veja como seria:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 ---

Ten te en ten der a mi nha i ro ni a

O verso em questão apresenta nove sílabas poéticas (chamado também de ver­

so eneassílabo). Quero que você olhe com carinho para as sílabas 2 e 7. Veja que,

nelas, a vogal que termina uma palavra e a que inicia a próxima se encontram.

Isso ocorre porque, foneticamente, os sons vocálicos se unem! Faça um teste: leia

o verso em velocidade normal, como se você estivesse fazendo uma declamação!

Perceberá que os sons vocálicos destacados se fundem. Quando as vogais que se

encontram são diferentes (como na sílaba 7), chamamos de elisão. Quando as vo­

gais que se encontram são iguais (como na sílaba 2), chamamos de crase.

O fenômeno da crase é, portanto, originário dos estudos poéticos. Sempre que

quaisquer duas vogais iguais se encontram, chamamos, em literatura, de crase.

“Importamos” essa noção para os estudos gramaticais, uma vez que algumas fusões

também ocorrem fora da poesia. Aliás, em gramática, só consideramos a fusão do

som do a. Para sinalizar essa mistura, usamos (`), conhecido como acento grave.

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Para a gramática, essa fusão é ainda mais delimitada. Só ocorre entre preposi-

ção e artigos OU preposição e pronome, da seguinte forma:

Mas, agora, precisamos discutir um outro ponto: você sabe diferenciar as ocor­

rências do a? Isso é mais que fundamental! Eu até digo mais: muitas pessoas não

sabem o assunto crase por não saberem morfologia! Isso mesmo! O PDF 1 é pré­

-requisito para este PDF!

Veja os seguintes exemplos:

(1) A Criança esperta sempre fala a verdade.

(2) Eu comprei uma casa parecida com a que você possui.

(3) Ela doou brinquedos a meninos carentes.

Venha comigo: em 1, os vocábulos destacados são artigos (femininos e singu­

lares), uma vez que acompanham os substantivos “criança” e “verdade”, respec­

tivamente. Em 2, a palavra destacada não pode ser artigo (por não acompanhar

um substantivo), mas foi usada para retomar e substituir o substantivo “casa”

e, por isso, é classificada como pronome demonstrativo, que poderia, inclusive,

ser substituído por aquela. Em 3, o vocábulo destacado não é artigo (pois não

acompanha um substantivo feminino e singular) e nem pronome (pois não se refe­

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re a nenhum substantivo). Neste caso, o “a” é uma exigência do verbo “doar” para

introduzir o complemento indireto (doou algo a alguém); estamos, portanto, diante

de uma preposição.

Sem esse conhecimento – que é simples – você jamais será capaz de entender

crase! Temos um defeito: quando estamos diante de uma questão sobre crase, o

nosso hábito nos faz olhar para o acento grave, o que é um erro! O acento é uma

mera consequência! O que precisamos saber é investigar as causas que proporcio­

nam (ou não) a ocorrência do acento! Você está preparado(a) para isso?

Para facilitar nosso aprendizado, dividi o estudo da crase em três casos:

1) Preposição (por regência7) + artigo;

2) Preposição (por regência) + pronome;

3) Locuções femininas.

Chegou a hora! Sei que, ao fim deste PDF, você estará pronto para acertar mui­

tas questões sobre esse assunto!

1. Preposição (por Regência) + Artigo

Eu já te adianto: este é o caso mais cobrado em provas! Então, foco total!

Para saber analisar esse caso, você precisa seguir os seguintes passos:

1º) Saber se algum vocábulo na oração exige a presença de uma preposição a.

Esse vocábulo é conhecido como termo regente ou subordinante.

7
A preposição por regência ocorre quando um vocábulo (que pode ser um verbo, um substantivo, um adjetivo
ou um advérbio) exige a presença de uma preposição para introduzir o seu complemento. É importante que
você tenha duas informações claras:
• Nem toda preposição é exigida (nas locuções, por exemplo);
• Não só o verbo exige preposição.

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2º) Saber se o vocábulo ou expressão que receberá a preposição obriga, re-

jeita ou faculta a presença de um artigo a ou as. Quem recebe a preposição é

conhecido como termo regido ou subordinado.

Veja comigo o esquema abaixo:

O que precisamos analisar:

1º) A forma verbal “se referiu” exige a presença da preposição a para introduzir

o seu complemento.

2º) Os termos pospostos ao verbo devem ser avaliados acerca do artigo. Em

outras palavras, precisamos saber se eles obrigam, rejeitam ou facultam a pre­

sença do artigo.

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Adendo: como saber se um termo obriga, rejeita ou faculta a presença de artigo?

Existem algumas formas para saber se um termo obriga, rejeita ou faculta o artigo.

Eu, Elias, prefiro uma: o teste do sujeito.

Como funciona: para saber se um termo obriga, rejeita ou faculta um artigo, você

deve colocá-lo na posição de sujeito de uma outra oração. Um sujeito não pode ser

preposicionado, mas pode ser iniciado com um artigo. Basta testar:

Atitude é fundamental. (oração aceitável)

A atitude é fundamental. (oração aceitável)

No primeiro teste, percebemos que, gramaticalmente, o artigo é facultativo. A

depender do texto, o sentido entre essas orações pode ser diferente (sem o artigo,

“atitude” apresenta sentido genérico; com o artigo, sentido específico). Todavia, o

importante é perceber que as duas construções são aceitáveis.

Atitude do político foi incorreta. (oração não aceitável)

A atitude do político foi incorreta. (oração aceitável)

No segundo teste, percebemos que o artigo é obrigatório. Como o texto não fala

de uma atitude qualquer, mas da atitude do político, a presença do artigo passa a

ser necessária.

Essa atitude é maravilhosa! (oração aceitável)

A essa atitude é maravilhosa! (oração não aceitável)

No terceiro teste, notamos que o artigo é proibido. A presença do pronome demons­

trativo “essa” repele a existência do artigo.

Entendeu como funciona? Agora, basta testar todas as possibilidades! Com o passar

do tempo (e de muito treino), você começará a memorizar as formas mais recorren­

tes, e esse teste ficará praticamente automático! Mas é preciso praticar bastante!

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Você realizou os testes? Com base neles, a conclusão é a seguinte:

O resultado disso para o emprego do sinal indicativo de crase é:

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Algumas considerações importantes:

• Em 5, 6, 8 e 12, o artigo é proibido; portanto, emprega-se só a preposição.

Em 4, o artigo feminino é proibido (por isso, a primeira opção é apenas a pre­

posição); no entanto, pode-se empregar um artigo masculino e plural, pois o

substantivo “comportamentos” apresenta essas flexões;

• Tenha muito cuidados com os casos em que o artigo é facultativo. Em 1, 9 e

10, o artigo possui exatamente a mesma grafia da preposição; logo, além de

dizer que o artigo é facultativo, podemos afirmar que o acento grave também

é facultativo! Entretanto, em 3 e 11, o artigo não é escrito da mesma forma

que a preposição! Por conseguinte, podemos afirmar que o artigo é facultati­

vo nestes dois casos, mas o emprego do acento grave ou é proibido (quando

se emprega só a preposição) ou é obrigatório (quando se emprega a prepo­

sição “a” e o artigo “as”);

• Cuidado com as generalizações! Você vai ouvir dizer que os pronomes de­

monstrativos e os indefinidos rejeitam o artigo, mas, em 7, há um pronome

demonstrativo (“mesma”), que obriga a presença do artigo, e, em 9, há um

pronome indefinido (“outra”) que faculta a presença do artigo! Por isso, antes

de produzir generalizações, faça testes e use o raciocínio!

21. (2013/CESPE/MPU) Inalterado desde a redemocratização, o sistema político

brasileiro está finalmente diante de uma oportunidade concreta de mudanças, prin­

cipalmente em relação a aspectos que dão margem a uma série de deformações

e estimulam a corrupção já a partir do período de campanha eleitoral. Se as res­

trições históricas às transformações não prevalecerem, a Câmara dos Deputados

deverá dar início ao debate sobre uma série de inovações com chance de valerem

já para as próximas eleições.

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Mantém-se a correção gramatical do texto ao se substituir o trecho “a uma série”

(R.4) por à uma série, dado o caráter facultativo do emprego do sinal indicativo

de crase nesse caso.

Errado.

A expressão “uma série de deformações” rejeita a presença de um artigo definido

feminino e singular, uma vez que “uma” já é um artigo, só que indefinido.

22. Na linha 6, o emprego do sinal indicativo de crase em “às transformações” jus­

tifica-se porque o termo “restrições” exige complemento regido pela preposição a

e a palavra “transformações” está precedida de artigo definido feminino no plural.

Certo.

No trecho, o substantivo “restrições” exige a presença da preposição “a” para in­

troduzir o seu complemento, e o substantivo “transformações”, por ser feminino e

plural, admite a ocorrência do artigo “as”.

23. (2013/IADES/EBSERH) Em “serviços prestados às gestantes assistidas pelo

SUS”, o emprego da crase é facultativo; já, em “qualidade da assistência à saúde”,

é obrigatório.

Errado.

O vocábulo “prestados” exige a presença da preposição “a” para introduzir o seu

complemento. Por isso, retirar o acento grave significa abrir mão da preposição e

manter apenas o artigo “as”, o que é um equívoco gramatical. Portanto, entende­

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mos que a crase, no primeiro caso, é obrigatória. No segundo caso, o substantivo

“saúde” faculta a ocorrência do artigo “a”. Como o artigo e a preposição apresentam

a mesma grafia, é possível afirmar que o emprego do acento grave é facultativo.

24. (201/IADES/CFA) Antes de pronome possessivo feminino a crase é facultativa,

entretanto em “Devido as suas limitações físicas” o acento grave não foi emprega­

do, pois há apenas a preposição.

Errado.

Primeiramente, a construção “devido as suas limitações físicas” está gramatical­

mente incorreta. “Devido” exige a presença da preposição “a”, e “suas limitações

físicas” faculta a ocorrência do artigo definido, feminino e plural. As possíveis cons­

truções seriam devido a suas limitações físicas (só com a preposição) ou de-

vido às suas limitações físicas (com a preposição e o artigo). Empregar apenas

“as” significa abrir mão da preposição e manter apenas o artigo, o que é incorreto.

De maneira semelhante, é incorreto redigir devido à suas limitações físicas,

uma vez que o emprego do acento grave indica a ocorrência de artigo a, feminino

e singular, que não concorda com o substantivo “limitações”.

25. (2011/CESPE/TCDF) fim da Idade Média, no século XV, e o ressurgimento das

cidades, no período renascentista, representaram profundas mudanças para a so­

ciedade da época, mas, do ponto de vista político, assistiu-se a uma concentração

ainda maior do poder nas mãos dos soberanos, reis absolutos, que, sob o peso de

sua autoridade, unificaram os diversos feudos e formaram vários dos Estados mo­

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dernos que hoje conhecemos. Exceção a essa regra foi a Inglaterra, onde, já em

1215, o poder do rei passou a ser um tanto limitado pelos nobres, que o obrigaram

a pedir autorização a um conselho constituído por vinte e cinco barões para aumen­

tar os impostos.

No trecho “Exceção a essa regra”, é opcional o emprego do sinal indicativo de crase

no “a”.

Errado.

O vocábulo “exceção” exige a presença da preposição “a”, mas a expressão “essa

regra” rejeita a ocorrência de artigo.

26. (2012/CESPE/MME) As hidrelétricas garantem ao Brasil o título de maior gera­

dor de energia limpa do mundo, mas esse modelo, que começou a ser desenhado

há mais de quarenta anos, tem-se mostrado cada vez mais vulnerável às mudanças

climáticas.

No trecho “tem-se mostrado cada vez mais vulnerável às mudanças”, a substituição

de “às” por a provocaria erro gramatical.

Errado.

No texto original, perceba que foi empregada a preposição “a” (exigência de “vul­

nerável”) e o artigo “as” (porque “mudanças” é um substantivo feminino e plural).

O que a questão quer saber é se o artigo é facultativo. Veja comigo o teste do sujeito:

Mudanças climáticas ocorreram. (oração aceitável)

As mudanças climáticas ocorreram. (oração aceitável)

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Notamos, portanto, que o emprego do artigo antes de “mudanças climáticas” é

gramaticalmente facultativo. Portanto, é correto usar tem-se mostrado cada

vez mais vulnerável às mudanças climáticas (preposição + artigo) ou tem-se

mostrado cada vez mais vulnerável a mudanças climáticas (só preposição).

2. Preposição (por Regência) + Pronome

Vamos voltar a um exemplo já apresentado neste PDF:

(2) Eu comprei uma casa parecida com a que você possui.

A estrutura morfológica dessa oração apresenta a seguinte característica:

Como você pode constatar, há uma preposição “com”, exigida pelo adjetivo “pa­

recida” e um pronome demonstrativo substantivo “a”, usado para retomar “casa”.

Agora, o que aconteceria se trocássemos o adjetivo “parecida” por diferente?

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Perceba que houve a alteração da preposição, em função da regência do adje­

tivo. Como a preposição de consegue se fundir com o pronome a, formou-se “da”.

Último teste: vamos trocar “diferente” por igual!

A regência do adjetivo “igual” exige a presença da preposição a; esta, unida ao

pronome, forma “à”. Você acaba de entender o caso 2!

Por ser um pronome demonstrativo, podemos trocar o pronome por aquela. O

resultado será:

– Eu comprei uma casa igual àquela que você possui.

E se trocarmos “casa” por carro?

– Eu comprei um carro igual àquele que você possui.

Esta última construção sempre gera uma dúvida: “Elias, mas pode haver crase

com palavra masculina?”

Cuidado para não confundir os casos! No caso 1, o fenômeno da crase ocorre em

função da preposição com o artigo feminino e, por isso, não há a possibilidade de se

empregar o acento grave antes de palavra masculina. No caso 2, a fusão ocorre entre

a preposição a e aquele (esta palavra se inicia com o mesmo som da preposição).

Agora você entende por que é importante entender o que é o fenômeno da crase?

Você domina a lógica do processo, e não uma mera memorização de formas.

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Há ainda também o caso de fusão da preposição a com os pronomes relativos a

qual e as quais. Mas falaremos melhor sobre isso no próximo PDF, que é quando

vou te explicar detalhadamente o que é um pronome relativo!

27. (2013/CESPE/MI) É interessante notar que, em 1750, com a assinatura do Tra­

tado de Madri, o Brasil já tinha uma configuração territorial bastante semelhante à

de hoje.

Imediatamente antes do trecho “de hoje”, está implícita a ideia de “configuração

territorial”, pelo que se justifica o emprego do sinal indicativo de crase.

Certo.

Pela construção textual, percebemos que a crase ocorre em função da fusão en­

tre preposição (exigida por “semelhante”) e pronome demonstrativo (que retoma

“configuração territorial).

28. (2013/CESPE/MME) Suas turbinas produzem entre 90 e 94-95 milhões de MWh,

anualmente, uma oferta de energia superior à que vem conseguindo a hidrelétrica

chinesa de Três Gargantas.

Em “superior à que vem conseguindo”, o elemento “à” está acentuado em razão de

sua subordinação sintática à forma verbal “vem conseguindo”.

Errado.

Quando a questão cita que o sinal indicativo de crase foi empregado em razão da

“subordinação sintática à forma verbal “vem conseguindo”, ela quer dizer que “vem

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conseguindo” é responsável por exigir a preposição! Todavia, a crase foi emprega­

da porque “superior” exige a preposição a e o pronome demonstrativo a retoma o

termo “oferta”.

3. Locuções Femininas

Compare comigo as seguintes construções:

(4) Ele vendeu o prazo.

(5) Ele vendeu a prazo.

Você reconhece a diferença de sentido entre elas, certo? Em 4, entende-se que

o prazo foi vendido (o objeto da venda); em 5, “a prazo” é o modo como a venda foi

feita. Em 4, o verbo “vendeu” é transitivo direto; em 5, é intransitivo. Se levarmos

em consideração a análise morfossintática, sabemos que “o prazo” é objeto direto,

formado por artigo + substantivo, ao passo que “a prazo” é um adjunto adverbial

de modo (sintaxe), uma locução adverbial (morfologia) formada por preposição

+ substantivo.

Agora, veja a próxima oração:

(6) Ele vendeu a vista.

Eu te pergunto: a vista foi vendida ou diz respeito à modalidade de venda? Me­

lhor dizendo: O vocábulo “a” é uma preposição ou artigo? Temos uma certeza: a

oração 6 está ambígua! Mas há uma forma de resolver o problema:

Ele vendeu a vista. (“a vista” foi vendida = OD)

Ele vendeu à vista. (“à vista” é o modo de venda = locução adverbial de modo).

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A inserção do acento grave é necessária para desfazer o duplo sentido – que

pode ocorrer quando o núcleo da locução for feminino. Mas concorda comigo que

seria muito mais complicado ter de ler a oração, analisar se há ambiguidade para

decidir sobre o emprego do acento grave? Por isso, a gramática definiu que, em

casos de locuções (adjetivas, adverbiais, prepositivas ou conjuntivas) com núcleo

feminino, o emprego da crase é obrigatório!

Vamos ver casos em que isso ocorre:

(7) À noite, Maria ainda trabalhava.

(8) O marido preparou um jantar à luz de velas.

(9) Bolt estava à frente dos demais corredores.

(10) À medida que estudamos, aprendemos mais.

Em todos os exemplos, há locuções com núcleos femininos. Em 7, a locução

adverbial “à noite” indica quando Maria trabalhava; em 8, a locução adjetiva “à luz

de velas” caracteriza o substantivo “jantar”; em 9, a locução prepositiva “à frente

dos” serve para introduzir a locução adverbial “à frente dos demais corredores”; em

10, a locução conjuntiva “à medida que” foi usada para indicar proporção (quanto

mais se estuda, mais se aprende).

Algo merece ser destacado em todas essas construções: em nenhuma delas,

há um termo que peça a presença da preposição a. Ela simplesmente aparece

para formar a locução, sem que um termo regente a exija!

29. (2014/IADES/SEAP-DF) Nas passagens “Eu era ligado à MPB de Caetano”, “De­

pois que Renato Russo veio à redação do Correio” e “À época, a Plebe era a mais

falada.”, o emprego da crase é

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a) obrigatório nas três situações.

b) facultativo nas três situações.

c) obrigatório nas duas primeiras situações e facultativo na terceira.

d) obrigatório apenas na segunda situação e facultativo nas demais.

e) proibido apenas na primeira situação.

Letra a.

As duas primeiras orações estão ligadas ao caso 1 de crase: “ligado” exige a pre­

posição a e “MPB de Caetano” obriga a presença do artigo a; “veio” exige a prepo­

sição a e “redação do correio” obriga a presença do artigo a. Na última, temos um

caso de locução com núcleo feminino (por isso, o emprego da crase é obrigatório)!

“À época” indica quando a Plebe era a mais falada!

Cuidado! O emprego do sinal indicativo de crase também é obrigatório em lo­

cuções que tenham “à moda de” ou “à maneira de” implícitas! Veja comigo um

exemplo:

(11) Comi um camarão à Rio de Janeiro.

A expressão “à Rio de Janeiro” é uma locução adjetiva que caracteriza o subs­

tantivo “camarão”. Sei que “Rio de Janeiro” é masculino, mas temos implícita a

expressão à moda do. Por isso, a crase passa a ser obrigatória!

Veja mais um:

(12) Ele só se veste à Clodovil!

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“À Clodovil” é uma locução adverbial que indica modo. “Clodovil” é um substan­

tivo masculino, mas temos implícita a expressão a maneira de. A crase é, nova­

mente, obrigatória!

Uma dica importante: só se tem as expressões a moda de ou a maneira de implícitas

quando, na locução, há nomes de pessoas ou lugares, pois, a ideia é transmitir que algo

é feito conforme o estilo de alguém ou de alguma região. Por isso, em “comi um frango

a passarinho”, não há crase, pois passarinho não é pessoa ou lugar. “A passarinho”

é uma locução adjetiva com núcleo masculino e dispensa o uso do artigo.

4. Mais Alguns Casos Especiais

4.1. Quando se usa a locução “a distância”, sem qualquer especificação, a crase

é rejeitada. Situação semelhante ocorre antes da palavra “casa” e “terra” (com o

sentido de terra firme).

Ele só estuda a distância.

Agora, nós vamos a casa.

Os botes chegaram a terra.

4.2. Também não se usa crase antes de pronomes de tratamento.

Ele disse a Vossa Excelência que não chegará atrasado.

4.3. O emprego do acento grave é facultativo na locução “até a”.

Ele vai até a(à) sala buscar o irmão.

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5. Algo Muito Especial: o Paralelismo Sintático

Eu digo que esta seção é muito especial por alguns motivos:

• vai além da crase;

• cai em provas;

• pode passar despercebido ao olhar de quem lê;

• há poucos materiais sobre o assunto.

30. (2014/IADES/SESDF) Assinale a alternativa que, em conformidade com a nor­

ma-padrão, preenche adequadamente as lacunas do período “Nas próximas sema­

nas, o plantão da enfermeira será, de quarta-feira__ domingo, das 8h___ 14h”.

a) a e às.

b) à e às.

c) a e as.

d) à e as.

e) a e a.

Letra a.

Essa questão envolve paralelismo sintático. Veja que a expressão “de quarta-feira

a domingo” é única, não divisível (não há sentido usar só “de quarta-feira”, por

exemplo). O paralelismo significa dar tratamento igualitário a formas coordenadas

ou correlatas. Na prática, é muito mais fácil! Se “quarta-feira” recebeu apenas pre­

posição, “domingo” só pode receber apenas preposição; se “8h” recebeu preposi­

ção + artigo, “14h” deve receber preposição mais artigo!

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Compare algumas frases:

– A loja está aberta de 8h a 18h. (certo)

– A loja está aberta das 8h às 18h. (certo)

– A loja está aberta de 8h às 18h. (errado)

– A loja está aberta das 8h a 18h. (errado)

– Ele verificou o documento de ponta a ponta. (certo)

– Ele verificou o documento de ponta à ponta. (errado)

– Ela se perfumou dos pés à cabeça. (certo)

– Ela se perfumou dos pés a cabeça. (errado)

Há ainda os casos de enumeração. Se o primeiro termo vier só com preposição,

os demais podem apresentar apenas preposição:

– Ele tem acesso a cultura, educação e dignidade.

– Ele tem acesso a cultura, a educação e a dignidade.

Se o primeiro vier com preposição + artigo, os depois podem apresentar pre­

posição + artigo.

– Ele tem acesso à cultura, educação e dignidade.

– Ele tem acesso à cultura, à educação e à dignidade.

Exemplos do que não pode ser feito:

– Ele tem acesso a cultura, à educação e à dignidade.

– Ele tem acesso à cultura, a educação e a dignidade.

Detalhe: isso vale para qualquer preposição.

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Outro caso famoso em provas envolve a enumeração de substantivos e verbos.


Se o primeiro termo da enumeração tiver como núcleo um substantivo, os demais
deverão ter como núcleo um substantivo. Se o primeiro termo da enumeração tiver
como núcleo um verbo, os demais deverão ter como núcleo um verbo.
– A doação de roupas e a entrega de alimentos são atitudes que enobrecem o ho­
mem. (certo)
– Doar roupas e entregar alimentos são atitudes que enobrecem o homem. (certo)
– Doar roupas e a entrega de alimentos são atitudes que enobrecem o homem.
(errado)

– A doação de roupas e entregar alimentos são atitudes que enobrecem o homem.

(errado)

O que cai, Elias?

Sobre o bloco I: os pronomes oblíquos são frequentes em provas, principalmen­

te os átonos, pois eles são pouco usados na fala cotidiana dos brasileiros. Acerca

deles, saiba identificar quando são complementos verbais (principalmente os de

terceira pessoa verbal), substituir complementos verbais por pronomes e colocar

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corretamente o P.O.A. antes, depois ou no meio do verbo. Mais uma dica impor­

tante: jamais tente resolver uma questão de P.O.A. “com os ouvidos”. O nosso

português falado atual rejeita muitas formas gramaticalmente corretas – ou você

vai ter a coragem de me dizer que fi-los com amor ou comunicar-lhes-ia o incidente

são formas naturais para você? Você pode até achá-las bonitas, mas naturais, não!

Sobre o bloco II: ao longo da minha exposição, fiz questão de apresentar o que

é mais importante. De todo modo, reitero:

• Saiba reconhecer as vozes verbais pela estrutura da oração, e não apenas

pelo sentido;

Saiba transpor uma oração:

− Da voz ativa para a voz passiva analítica (e vice-versa);

− Da voz ativa para a voz passiva analítica (e vice-versa);

− Da voz passiva analítica para a voz passiva sintética (e vice-versa);

• Saiba reconhecer, principalmente, a partícula apassivadora, o índice de inde­

terminação do sujeito e o pronome reflexivo.

Se você souber isso, nenhuma questão será desafio! E eu tenho certeza de que

você passará a acertar muitas questões sobre esse assunto!

Sobre o bloco III: se você me perguntar “Elias, existe um macete para aprender

crase?”, eu te respondo: existe sim! TREINE MUITO! Um estudante só se torna

bom mesmo em crase praticar muitas questões! Com o passar do tempo, você co­

meçará a acertar quase inconscientemente. Mas é preciso que você tenha paciência

e dedicação. Dos casos apresentados, o mais cobrado em provas é o primeiro. Você

deve dominá-lo bem!

Lembre-se ainda de que, abaixo, você também encontrará questões sobre as

funções do QUE. Se você tiver dúvidas nelas, visite o PDF anterior!

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QUESTÕES DE CONCURSO

1. (2017/AOCP/CODEM-PA/ADVOGADO)

O Lado Negro do Facebook

Por Alexandre de Santi

O Facebook é, de longe, a maior rede da história da humanidade. Nunca existiu,

antes, um lugar onde 1,4 bilhão de pessoas se reunissem. Metade de todas as

pessoas com acesso à internet, no mundo, entra no Facebook pelo menos uma vez

por mês. Em suma: é o meio de comunicação mais poderoso do nosso tempo, e

tem mais alcance do que qualquer coisa que já tenha existido. A maior parte das

pessoas o adora, não consegue conceber a vida sem ele. Também pudera: o Fa­

cebook é ótimo. Nos aproxima dos nossos amigos, ajuda a conhecer gente nova e

acompanhar o que está acontecendo nos nossos grupos sociais. Mas essa história

também tem um lado ruim. Novos estudos estão mostrando que o uso frequente

do Facebook nos torna mais impulsivos, mais narcisistas, mais desatentos e menos

preocupados com os sentimentos dos outros. E, de quebra, mais infelizes.

No ano passado, pesquisadores das universidades de Michigan e de Leuven (Bélgica)

recrutaram 82 usuários do Facebook. O estudo mostrou uma relação direta: quanto

mais tempo a pessoa passava na rede social, mais infeliz ficava. Os cientistas não

sabem explicar o porquê, mas uma de suas hipóteses é a chamada inveja sublimi­

nar, que surge sem que a gente perceba conscientemente. Já deve ter acontecido

com você. Sabe quando você está no trabalho, e dois ou três amigos postam fotos

de viagem? Você tem a sensação de que todo mundo está de férias, ou que seus

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amigos viajam muito mais do que você. E fica se sentindo um fracassado. “Como as

pessoas tendem a mostrar só as coisas boas no Facebook, achamos que aquilo re­

flete a totalidade da vida delas”, diz o psiquiatra Daniel Spritzer, mestre pela UFRGS

e coordenador do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas. “A pessoa não vê o

quanto aquele amigo trabalhou para conseguir tirar as férias”, diz Spritzer.

E a vida em rede pode ter um efeito psicológico ainda mais assustador. Durante 30

anos, pesquisadores da Universidade de Michigan aplicaram testes de personalida­

de a 14 mil universitários. O resultado: os jovens da geração atual, que cresceram

usando a internet, têm 40% menos empatia que os jovens de três décadas atrás. A

explicação disso, segundo o estudo, é que na vida online fica fácil ignorar as pesso­

as quando não queremos ouvir seus problemas ou críticas – e, com o tempo, esse

comportamento indiferente acaba sendo adotado também na vida offline. Num

meio competitivo, onde precisamos mostrar como estamos felizes o tempo todo, há

pouco incentivo para diminuir o ritmo e prestar atenção em alguém que precisa de

ajuda. Há muito espaço, por outro lado, para o egocentrismo. Em 2012, um estudo

da Universidade de Illinois com 292 voluntários concluiu que, quanto mais amigos

no Facebook uma pessoa tem, e maior a frequência com que ela posta, mais narci­

sista tende a ser – e maior a chance de fazer comentários agressivos.

Esse último resultado é bem surpreendente, porque é contraintuitivo. Ora, uma

pessoa que tem muitos amigos supostamente os conquistou adotando comporta­

mentos positivos, como modéstia e empatia. O estudo mostra que, no Facebook,

tende a ser justamente o contrário.

(Adaptado de Superinteressante. Disponível em:


http://super.abril. com.br/tecnologia/o-lado-negro-do-facebook/)

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O termo destacado em “uma de suas hipóteses é a chamada inveja subliminar, que

surge sem que a gente perceba conscientemente”, no contexto, é

a) partícula expletiva.

b) conjunção integrante.

c) conjunção subordinativa causal.

d) conjunção subordinativa consecutiva.

e) pronome relativo.

2. (2017AOCP/CODEM-PA/ADVOGADO) Em “Metade de todas as pessoas com

acesso à internet, no mundo, entra no Facebook pelo menos uma vez por mês”, a

crase ocorreu

a) para atender à regência do verbo “entra”.

b) para introduzir expressão adverbial feminina.

c) para indicar que houve junção de dois artigos definidos, no feminino e no singular.

d) para atender a regência de “acesso” e pela presença de artigo definido, femini­

no, singular que antecede “internet”.

e) inadequadamente, pois a palavra internet não admite artigo.

3. (2017/AOCP/CODEM-PA/ADVOGADO) Assinale a alternativa em que o termo

destacado é um pronome relativo.

a) “Novos estudos estão mostrando que o uso frequente do Facebook nos torna

mais impulsivos”.

b) “Metade de todas as pessoas com acesso à internet, no mundo, entra no Face­

book pelo menos uma vez por mês”.

c) “A maior parte das pessoas o adora”.

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d) “Uma pessoa que tem muitos amigos supostamente os conquistou adotando

comportamentos positivos”.

e) “Na vida online fica fácil ignorar as pessoas quando não queremos ouvir seus

problemas”.

4. (2016/AOCP/PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG/CONTADOR)

O difícil, mas possível, diálogo entre a arte e a ciência

Daniel Martins de Barros

Estabelecer pontes entre a ciência e a arte não é tarefa fácil. Se a revolução cientí­

fica, com sua valorização da metodologia experimental e sua necessidade de rigor,

trouxe avanços inegáveis para a humanidade, por outro lado também tornou o

trabalho científico distante do homem comum. Com isso, distanciou-o também da

arte, que talhada para captar a essência humana, o faz de maneira basicamente

intuitiva. Tentativas de reaproximação até existem, mas a inconstância e variabi­

lidade no seu sucesso atestam a dificuldade da empreitada. Um dos diálogos mais

interessantes entre ciência e arte se deu nas primeiras décadas do século 20, na

relação entre o surrealismo e a psicanálise.

Os sonhos eram considerados proféticos e reveladores, até que, em 1899, Sigmund

Freud apresentou uma das primeiras tentativas de interpretá-los cientificamente no

livro A Interpretação dos Sonhos. Simplificando bastante, sonhos seriam um mo­

mento em que conteúdos inconscientes surgiriam para nós, ainda que disfarçados,

e caberia à psicanálise desmascarar seu real significado.

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O movimento artístico do surrealismo imediatamente se apropriou dessas teorias.

Os surrealistas já nutriam um interesse especial pelo inconsciente, tentando retra­

tar esses conteúdos em suas obras, mas após a tradução do livro de Freud para o

espanhol, o pintor catalão Salvador Dalí tornou-se um dos maiores entusiastas da

obra freudiana. Segundo ele mesmo, o objetivo de sua pintura era materializar as

imagens de sua “irracionalidade concreta”.

Desde que se tornou fã declarado do médico austríaco, Dalí tentou se encontrar com

ele. Tanto insistiu que conseguiu, quando Freud já estava idoso e bastante doente.

A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conversar:

Dalí não falava alemão nem inglês, e Freud, além do câncer de mandíbula, não

estava ouvindo bem. A interação ficou limitada: Freud analisou um quadro recente

de Dalí, enquanto esse passava o tempo desenhando o psicanalista e o observava

a conversar com o amigo e escritor Stephan Zweig.

O resultado tímido do encontro poderia bem ser emblemático da complicada en­

genharia que é construir pontes entre tão distantes universos. As conversas nem

sempre são frutíferas, as trocas muitas vezes são frustrantes. Mas a retomada

desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson, mostra que não

desistimos, e que novas maneiras podem ser tentadas. Usando a liberdade que

só se encontra na arte, Johnson expande o diálogo que não aconteceu, mostran­

do – ainda que numa realidade alternativa e em chave cômica – que os caminhos

que ligam arte e ciência podem ser acidentados, mas não deixam de ser possíveis.

Embora a psicanálise não seja mais considerada científica pelos critérios atuais e

o surrealismo já não exista como movimento organizado, o encontro dessas duas

formas de saber, no alvorecer do século 20, persiste como emblema de um diálogo

que, mesmo que cheio de ruídos, não pode ser abandonado.

(Adaptado de: http://m.cultura.estadao.com.br/noticias/teatro-e-danca,analise-o-dificil--mas-


possivel--dialogo-entre-a-arte-e-a-ciencia,10000048930 Acesso em 17 de maio de 2016)

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Assinale a alternativa em que o “que” destacado possui a mesma função exercida

pelo “que” presente em: “[...] distanciou-o também da arte, que talhada para cap­

tar a essência humana, o faz de maneira basicamente intuitiva.”.

a) “Os sonhos eram considerados proféticos e reveladores, até que, em 1899,

Sigmund Freud apresentou uma das primeiras tentativas de interpretá-los cientifi­

camente [...]”.

b) “Tanto insistiu que conseguiu [...]”.

c) “A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conver­

sar [...]”.

d) “[...] a retomada desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson,

mostra que não desistimos [...]”.

e) “[...] Johnson expande o diálogo que não aconteceu [...]”.

5. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA)

Perdoar e esquecer

Quando a vida se transforma num tango, é difícil não dançar ao ritmo do rancor

Ivan Martins

Hoje tomei café da manhã num lugar em que Carlos Gardel costumava encontrar

seus parceiros musicais por volta de 1912. É um bar simples, na esquina da rua

Moreno com a avenida Entre Rios, chamado apropriadamente El Encuentro.

Nunca fui fã aplicado de tango, mas cresci ouvindo aqueles que a minha mãe can­

tava enquanto se movia pela casa. Os versos incandescentes flutuam na memória

e ainda me emocionam. Soprado pelo fantasma de Gardel, um deles me veio aos

lábios enquanto eu tomava café no El Encuentro: “Rechiflado en mi tristeza, te evo­

co y veo que has sido...”

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Vocês conhecem Mano a mano, não?

Essencialmente, é um homem falando com a mulher que ele ama e que parece tê­

-lo trocado por uma vida melhor. Lembra, em espírito, o samba Quem te viu, quem

te vê, do Chico Buarque, mas o poema de Gardel é mais ácido e rancoroso. Parado­

xalmente, mais sutil. Não se sabe se o sujeito está fazendo ironia ou se em meio a

tantas pragas ele tem algum sentimento generoso em relação à ex-amante. Nisso

reside o apelo eterno e universal de Mano a mano – não é assim, partido por senti­

mentos contraditórios, que a gente se sente em relação a quem não nos quer mais?

Num dia em que estamos solitários, temos raiva e despeito de quem nos deixou. No

outro dia, contentes e acompanhados, quase torcemos para que seja feliz. O pro­

blema não parece residir no que sentimos pelo outro, mas como nos sentimos em

relação a nós mesmos. Por importante que tenha sido, por importante que ainda

seja, a outra pessoa é só um espelho no qual projetamos nossos sentimentos – e

eles variam como os sete passos do tango. Às vezes avançam, em outras retroce­

dem. Quando a gente acha que encontrou o equilíbrio, há um giro inesperado.

Por isso as ambiguidades de Mano a mano nos pegam pelas entranhas. É difícil dei­

xar para trás o sentimento de abandono e suas volúpias. É impossível não dançar

ao ritmo do rancor. Há uma força enorme na generosidade, mas para muitos ela é

inalcançável. Apenas as pessoas que gostam muito de si mesmas são capazes de

desejar o bem do outro em circunstâncias difíceis. A maioria de nós precisa ser ama­

da novamente antes de conceder a quem nos deixou o direito de ser feliz. Por isso

procuramos com tanto afinco um novo amor. É um jeito de dar e de encontrar paz.

No último ano, tenho ouvido repetidamente uma frase que vocês já devem ter es­

cutado: Não se procura um novo amor, a gente simplesmente o encontra. O para­

doxo é bonito, mas me parece discutível. Supõe que o amor é tão acidental quanto

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um tropeção na calçada. Eu não acho que seja. Imagina que a vontade de achar

destrói a possibilidade de encontrar. Isso me parece superstição. Implica em dizer

que se você ficar parado ou parada as coisas virão bater na sua porta. Duvido. O

que está embutido na frase e me parece verdadeiro é que não adianta procurar se

você não está pronto – mas como saber sem procurar, achar e descobrir que não

estava pronto?

É inevitável que a gente cometa equívocos quando a vida vira um tango. Nossa ca­

rência nos empurra na direção dos outros, e não há nada de errado nisso. É assim

que descobrimos gente que será ou não parte da nossa vida. Às vezes quebramos a

cara e magoamos os outros. O tango prossegue. O importante é sentir que gostam

de nós, e que nós somos capazes de gostar de novo. Isso nos solta das garras do

rancor. Permite olhar para trás com generosidade e para o futuro com esperança. Não

significa que já fizemos a curva, mas sugere que não estamos apenas resmungando

contra a possibilidade de que o outro esteja amando. Quando a gente está tentando

ativamente ser feliz, não pensa muito no outro. Esse é o primeiro passo para superar.

Ou perdoar, como costuma ser o caso. Ou esquecer, como é ainda melhor.

No primeiro verso de Mano a mano, Gardel lança sobre a antiga amante a maldição

terrível de que ela nunca mais voltará a amar. Mas, ao final da música, rendido a

bons sentimentos, oferece ajuda e conselhos de amigo, quando chegar a ocasião.

Acho que isso é o melhor que podemos esperar de nós mesmos. Torcer mesquinha­

mente para jamais sermos substituídos - mas estarmos prontos para aceitar e am­

parar quando isso finalmente, inevitavelmente, dolorosamente, vier a acontecer.

(Disponível em:
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2016/01/perdoar-e-esquecer.html)

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No que se refere às regras de colocação pronominal, assinale a alternativa em que

NÃO é permitida a mudança do posicionamento do pronome oblíquo em destaque

para depois do verbo.

a) “um deles me veio aos lábios”.

b) “mas me parece discutível”.

c) “Nossa carência nos empurra na direção dos outros”.

d) “a gente se sente em relação”.

e) “Isso nos solta das garras do rancor”.

6. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) No trecho “e

que parece tê-lo trocado por uma vida melhor”, o pronome em destaque desempe­

nha a função sintática de

a) sujeito.

b) objeto direto.

c) complemento nominal.

d) objeto indireto.

e) vocativo.

7. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) No trecho “Hoje

tomei café da manhã num lugar em que Carlos Gardel costumava encontrar seus

parceiros musicais por volta de 1912.”, a expressão em destaque pode ser substi­

tuída, sem prejuízo semântico, pelo pronome relativo

a) cujo.

b) onde.

c) aonde.

d) na qual.

e) quando.

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8. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) Em “Não se

sabe se o sujeito está fazendo ironia”, os termos em destaque são classificados,

pela regra gramatical, respectivamente, como

a) índice de indeterminação do sujeito e conjunção condicional.

b) partícula apassivadora e conjunção integrante.

c) partícula apassivadora e conjunção condicional.

d) pronome reflexivo e conjunção temporal.

e) índice de indeterminação do sujeito e partícula de realce.

9. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) No trecho “ele

tem algum sentimento generoso em relação à ex-amante”, o uso da crase justifica-se

a) por a palavra “relação” sempre vir sucedida do acento grave.

b) por ser facultativo, ou seja, trata-se de uma escolha do escritor.

c) pelo prefixo “ex”, que começa com vogal.

d) por ser a junção da preposição “a” com o pronome oblíquo “a”.

e) pela regência do termo “relação”, que exige a preposição “a”, somada ao artigo

definido feminino “a” que acompanha o substantivo.

10. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/TÉCNICO EM ELETROME­

CÂNICA)

A arte perdida de ler um texto até o fim

A internet é um banquete de informações,

mas só aguentamos as primeiras garfadas

Danilo Venticinque

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Abandonar um texto logo nas primeiras linhas é um direito inalienável de qualquer

leitor. Talvez você nem esteja lendo esta linha: ao ver que a primeira frase deste

texto era uma obviedade, nada mais natural do que clicar em outra aba do nave­

gador e conferir a tabela da copa. Ou talvez você tenha perseverado e seguido até

aqui. Mesmo assim eu não comemoraria. É muito provável que você desista agora.

A passagem para o segundo parágrafo é o que separa os fortes dos fracos.

A internet é um enorme banquete de informações, mas estamos todos fartos. Não

aguentamos mais do que as duas ou três primeiras garfadas de cada prato. Ler

um texto até as últimas linhas é uma arte perdida. No passado, quem desejasse

esconder um segredo num texto precisava criar códigos sofisticados de linguagem

para que só os iniciados decifrassem o enigma. Hoje a vida ficou mais fácil. Quer

preservar um segredo? Esconda-o na última frase de um texto – esse território sel­

vagem, raramente explorado.

Lembro-me que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho do hino

de seu time favorito no meio da redação. Tirou a nota 500 (de 1000), foi descober­

to pela imprensa e virou motivo de chacota nacional. Era um mau aluno, claro. Se

fosse mais estudioso, teria aprendido que o fim da redação é o melhor lugar para

escrever impunemente uma frase de um hino de futebol. Se fizesse isso, provavel­

mente tiraria a nota máxima e jamais seria descoberto.

Agora que perdi a atenção da enorme maioria dos leitores à exceção de amigos

muito próximos e parentes de primeiro grau, posso ir direto ao que interessa. Quem

acompanhou as redes sociais na semana passada deve ter notado uma enorme con­

fusão causada pelo hábito de abandonar um texto antes do fim. Resumindo a história:

um jornalista publicou uma coluna em que narrava uma longa entrevista com Felipão

num avião. A notícia repercutiu e virou manchete em outros sites, até que alguém

notou que o entrevistado não era Felipão, mas sim um sósia dele. Os sites divulgaram

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erratas e a história virou piada. No meio de todo o barulho, porém, alguns abnegados

decidiram ler o texto com atenção até o fim. Encontraram lá um parágrafo enigmá­

tico. Ao final da entrevista, o suposto Felipão entregava ao jornalista um cartão de

visitas. No cartão estavam os dizeres “Vladimir Palomo – Sósia de Felipão – Eventos”.

A multidão que ria do engano do jornalista o fazia sem ler esse trecho.

Teria sido tudo uma sacada genial do jornalista, que conseguiu pregar uma peça

em seus colegas e em milhares de leitores que não leram seu texto até o fim? Esta­

ria ele rindo sozinho, em silêncio, de todos aqueles que não entenderam sua piada?

A explicação, infelizmente, era mais simples. Numa entrevista, o jornalista confir­

mou que acreditava mesmo ter entrevistado o verdadeiro Felipão, e que o cartão

de visitas do sósia tinha sido apenas uma brincadeira do original.

A polêmica estava resolvida. Mas, se eu pudesse escolher, preferiria não ler essa

história até o fim. Inventaria outro desenlace para ela. Trocaria o inexplicável mal­

-entendido da realidade por uma ficção em que um autor maquiavélico consegue

enganar uma multidão de leitores desatentos. Ou por outra ficção, ainda mais in­

sólita, em que o texto revelava que o entrevistado era um sósia, mas o autor não

saberia disso porque não teria lido a própria obra até o final. Seria um obituário

perfeito para a leitura em tempos de déficit de atenção.

Se você chegou ao último parágrafo deste texto, você é uma aberração estatística.

Estudos sobre hábitos de leitura demonstram claramente que até meus pais teriam

desistido de ler há pelo menos dois parágrafos. Estamos sozinhos agora, eu e você.

Talvez você se considere um ser fora de moda. Na era de distração generalizada,

é preciso ser um pouco antiquado para perseverar na leitura. Imagino que você já

tenha pensado em desistir desse estranho hábito e começar a ler apenas as pri­

meiras linhas, como fazem as pessoas ao seu redor. O tempo economizado seria

devidamente investido em atividades mais saudáveis, como o Facebook ou games

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para celular. Aproveito estas últimas linhas, que só você está lendo, para tentar te

convencer do contrário. Esqueça a modernidade. Quando o assunto é leitura, não

há nada melhor do que estar fora de moda. A história está repleta de textos cheios

de sabedoria, que merecem ser lidos do começo ao fim. Este, evidentemente, não

é um deles. Mas seu esforço um dia será recompensado. Não desanime, leitor. As

tuas glórias vêm do passado.

(http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/06/arte-perdida-de-
-bler-um-texto-ateo-fimb.html)

No trecho “um jornalista publicou uma coluna em que narrava uma longa entrevista

com Felipão num avião.”, o termo em destaque pode ser substituído, sem mudança

do sentido, por

a) da qual.

b) na qual.

c) onde.

d) de quem.

e) pela qual.

11. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/TÉCNICO EM ELETROME­

CÂNICA) No período “...para que só os iniciados decifrassem o enigma.”, caso o

autor tivesse optado por utilizar a voz passiva, a forma resultante seria

a) fosse decifrado.

b) tem sido decifrado.

c) é decifrado.

d) tinha sido decifrado.

e) era decifrado.

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12. (2016/AOCP/PREFEITURA DE VALENÇA-BA/TÉCNICO AMBIENTAL/BIOLOGIA)

A felicidade é deprimente

Contardo Calligaris

É possível que a depressão seja o mal da nossa época.

Ela já foi imensamente popular no passado. Por exemplo, os românticos (sobretudo

os artistas) achavam que ser langoroso e triste talvez fosse o único jeito autêntico

de ser fascinante e profundo.

Em 1859, Baudelaire escrevia à sua mãe: “O que sinto é um imenso desânimo,

uma sensação de isolamento insuportável, o medo constante de um vago infortú­

nio, uma desconfiança completa de minhas próprias forças, uma ausência total de

desejos, uma impossibilidade de encontrar uma diversão qualquer”.

Agora, Baudelaire poderia procurar alívio nas drogas, mas ele e seus contemporâ­

neos não teriam trocado sua infelicidade pelo sorriso estereotipado das nossas fo­

tos das férias. Para um romântico, a felicidade contente era quase sempre a marca

de um espírito simplório e desinteressante.

Enfim, diferente dos românticos, o deprimido contemporâneo não curte sua fossa: ao

contrário, ele quer se desfazer desse afeto, que não lhe parece ter um grande charme.

Alguns suspeitam que a depressão contemporânea seja uma invenção. Uma vez

achado um remédio possível, sempre é preciso propagandear o transtorno que o

tal remédio poderia curar. Nessa ótica, a depressão é um mercado maravilhoso,

pois o transtorno é fácil de ser confundido com estados de espírito muito comuns:

a simples tristeza, o sentimento de inadequação, um luto que dura um pouco mais

do que desejaríamos etc.

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De qualquer forma, o extraordinário sucesso da depressão e dos antidepressivos

não existiria se nossa cultura não atribuísse um valor especial à felicidade (da qual

a depressão nos privaria). Ou seja, ficamos tristes de estarmos tristes porque gos­

taríamos muito de sermos felizes.

Coexistem, na nossa época, dois fenômenos aparentemente contraditórios: a de­

pressão e a valorização da felicidade. Será que nossa tristeza, então, não poderia

ser um efeito do valor excessivo que atribuímos à felicidade? Quem sabe a tristeza

contemporânea seja uma espécie de decepção.

Em agosto de 2011, I. B. Mauss e outros publicaram em “Emotion” uma pesqui­

sa com o título: “Será que a procura da felicidade faz as pessoas infelizes?”. Eles

recorreram a uma medida da valorização da felicidade pelos indivíduos e, em pes­

quisas com duas amostras de mulheres (uma que valorizava mais a felicidade e

a outra, menos), comprovaram o óbvio: sobretudo em situações positivas (por

exemplo, diante de boas notícias), as pessoas que perseguem a felicidade ficam

sempre particularmente decepcionadas.

Numa das pesquisas, eles induziram a valorização da felicidade: manipularam uma

das amostras propondo a leitura de um falso artigo de jornal anunciando que a feli­

cidade cura o câncer, faz viver mais tempo, aumenta a potência sexual – em suma,

todas as trivialidades nunca comprovadas, mas que povoam as páginas da grande

imprensa.

Depois disso, diante de boas notícias, as mulheres que tinham lido o artigo ficaram

bem menos felizes do que as que não tinham sido induzidas a valorizar especial­

mente a felicidade.

Conclusão: na população em geral, a valorização cultural da felicidade pode ser

contraprodutiva.

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Mais recentemente, duas pesquisas foram muito além e mostraram que a valori­

zação da felicidade pode ser causa de verdadeiros transtornos. A primeira, de B.

Q. Ford e outros, no “Journal of Social and Clinical Psychology”, descobriu que a

procura desesperada da felicidade constitui um fator de risco para sintomas e diag­

nósticos de depressão.

A pesquisa conclui que o valor cultural atribuído à felicidade leva a consequências

sérias em saúde mental. Uma grande valorização da felicidade, no contexto do Oci­

dente, é um componente da depressão. E uma intervenção cognitiva que diminua

o valor atribuído à felicidade poderia melhorar o desfecho de uma depressão. Ou

seja, o que escrevo regularmente contra o ideal de felicidade talvez melhore o hu­

mor de alguém. Fico feliz.

Enfim, em 2015, uma pesquisa de Ford, Mauss e Gruber, em “Emotion”, mostra que

a valorização da felicidade é relacionada ao risco e ao diagnóstico de transtorno

bipolar. Conclusão: cuidado, nossos ideais emocionais (tipo: o ideal de sermos feli­

zes) têm uma função crítica na nossa saúde mental.

Como escreveu o grande John Stuart Mill, em 1873: Só são felizes os que perse­

guem outra coisa do que sua própria felicidade.

(Adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2015/10/1699663-a-fe-


licidade-edeprimente.shtml Acesso em 10 de março de 2016.)

Considerando o período “as pessoas que perseguem a felicidade ficam sempre par­

ticularmente decepcionadas”, em qual das sentenças a seguir identifica-se subli­

nhado um termo que apresenta a mesma função do termo destacado?

a) “Alguns suspeitam que a depressão contemporânea seja uma invenção.”

b) “[...] as mulheres que tinham lido o artigo ficaram bem menos felizes [...]”

c) “[...] duas pesquisas foram muito além e mostraram que a valorização da feli­

cidade pode ser causa de verdadeiros transtornos.”

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d) “A pesquisa conclui que o valor cultural atribuído à felicidade leva a consequên­

cias sérias em saúde mental.”

e) “[...] em 2015, uma pesquisa de Ford, Mauss e Gruber, em ‘Emotion’, mostra

que a valorização da felicidade é relacionada ao risco e ao diagnóstico de transtorno

bipolar.”

13. (2015/AOCP/FUNDASUS/AUXILIAR DE BIBLIOTECA)

Mulheres cuidam mais da saúde do que homens

Segundo pesquisa, 71,2% dos entrevistados pelo IBGE haviam se consultado com

um médico pelo menos uma vez no último ano. Entre elas, o índice foi de 78%

- contra 63,9% deles. As mulheres brasileiras vão mais ao médico do que os ho­

mens. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, realizada em con­

junto entre o Ministério da Saúde e o IBGE. A publicação revelou que 71,2% dos

entrevistados haviam se consultado pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores

à entrevista. Entre as mulheres, o índice foi de 78%, contra 63,9% dos homens.

Elas também são mais aplicadas nos cuidados com os dentes: 47,3% das brasilei­

ras disseram terem ido ao dentista uma vez nos 12 meses anteriores, ante 41,3%

dos homens. A diferença também aparece na questão da higiene bucal: 91,5% do

público feminino pesquisado respondeu que escova os dentes duas vezes ao dia, ao

passo que a taxa foi de 86,5% no masculino.

A pesquisa também investigou o atendimento nos serviços de saúde, público e

privado. De acordo com os resultados, 71% da população brasileira procura esta­

belecimentos públicos de saúde para atendimento. Destes, 47,9% afirmaram que

utilizam as Unidades Básicas de Saúde como principal porta de entrada para aten­

dimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

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Além disso, o levantamento mostrou ainda que os serviços públicos mais procura­

dos depois das Unidades Básicas de Saúde são os de emergência, como as Unida­

des de Pronto Atendimento Público - com 11,3% da população - e hospitais e servi­

ços especializados como ambulatórios, com 10,1% da população. Já os consultórios

e clínicas particulares atraem 20,6% dos brasileiros e as emergências privadas são

procuradas por 4,9% deles.

A Pesquisa Nacional de Saúde coletou informações em 64 000 residências brasilei­

ras em 1 600 municípios entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014.

(Com Estadão Conteúdo/Adaptado de: < http://veja.abril.com.br/noticia/ saude/mulheres-cui-


dam-mais-da-saude-do-que-homens> Acesso em 06 jun. 2015.)

No excerto “[...] 71,2% dos entrevistados haviam se consultado pelo menos uma

vez nos 12 meses anteriores à entrevista [...]”, o acento grave foi utilizado

a) inadequadamente, pois a palavra “anteriores” está no plural.

b) para indicar a contração da preposição “a” com o artigo “a”.

c) para mostrar que o “a” é uma palavra tônica.

d) inadequadamente, pois o correto seria “ao”.

e) para indicar que a palavra tem timbre aberto.

14. (2015AOCP/FUNDASUS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)

Os seis alimentos anticâncer que não podem faltar no seu cardápio

Novo livro ensina a transformar a alimentação em

uma grande aliada na prevenção ao câncer

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Nos últimos anos, diversas pesquisas mostraram que uma alimentação equilibra­

da influencia na qualidade de vida. Alguns desses estudos focam, sobretudo, nos

benefícios de determinados alimentos para a prevenção contra o câncer, uma das

doenças que mais matam no Brasil e no mundo, principalmente o câncer de mama,

próstata e pulmão. Diz o médico Paulo Hoff, chefe da oncologia do Hospital Sírio­

-Libanês, em São Paulo. “Sabemos por análises retrospectivas que determinados

alimentos, sobretudo as frutas e verduras, quando consumidos regularmente, po­

dem ter um efeito protetor”.

O recém-lançado livro A Dieta Anticâncer – Prevenir é o melhor Remédio (tradução

Téo Lorent; Escrituras Médicas, 200 páginas, 34,90 reais), escrito pela farmacêuti­

ca espanhola María Tránsito López, funciona como um guia de saúde, apresentando

dezenas de alimentos que podem ser grandes aliados na prevenção contra o cân­

cer. Todos os alimentos podem ser facilmente introduzidos ao cardápio diário.

O livro também orienta sobre o preparo dos alimentos e a quantidade consumida.

Estima-se, por exemplo, que pessoas com 13 quilos a mais passam a ter mais pre­

disposição ao câncer, principalmente o de mama e de útero. Isso porque o excesso

de tecido adiposo pode alterar os níveis de hormônios sexuais, desencadeando,

portanto, o surgimento das doenças.

Mas atenção: frente a qualquer suspeita da doença, é fundamental ter a orientação

médica. Algumas substâncias anticâncer podem fazer mal em determinadas situ­

ações. Tome-se como exemplo, o chá verde. A bebida é um potente antioxidante,

mecanismo associado ao câncer. No entanto, ela é contraindicada para grávidas e

pessoas com problemas de epilepsia, úlcera gastroduodenal, insônia e alterações

cardiovasculares graves.

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1. Tomate

Rico em licopeno, a substância responsável pela sua cor avermelhada, o tomate

tem intenso efeito contra o câncer, inibindo a proliferação das células cancerígenas.

Estudos mostraram que o consumo frequente de tomate – fresco ou cozido – é um

grande aliado, sobretudo, contra o câncer de próstata. Isso ocorre porque o licope­

no protege as células da próstata contra oxidação e o crescimento anormal – duas

características dos tumores malignos.

2. Alho

Estudos científicos mostraram que o consumo de alho pode reduzir o risco de de­

senvolver alguns tipos de câncer, como o de mama e o gástrico. Seus compostos

fitoquímicos são capazes de induzir a morte das células cancerígenas por meio de

um processo de apoptose – elas se suicidam – e, dessa forma, evitam a formação

de um tumor.

3. Couve

A família das crucíferas (couve-flor, couve-manteiga, brócolis, repolho...) é uma

das mais conhecidas pelo seu potencial quimiopreventivo. Diversas pesquisas mos­

tram que esses vegetais podem prevenir contra vários tipos de tumores, como de

pulmão, de mama, de bexiga, de próstata e do aparelho digestivo. O fato é que

a família das crucíferas tem alta concentração de glucosinalatos, compostos que,

ao se romperem, dão lugar a isotiocianatos e indóis – nutrientes com propriedade

protetora contra tumores.

4. Vitamina C

Presente em frutas, como laranja e limão, a vitamina c pode ser usada entre as

pessoas que já sofreram da doença e estão seguindo algum tipo de tratamento

contra ela. Além disso, estudos indicam que a vitamina c também ajuda na hora da

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prevenção. Seu efeito antioxidante bloqueia a ação dos radicais livres, além de inibir

a formação de nitrosaminas – substâncias cancerígenas. “Esses alimentos podem

proteger o organismo contra substâncias potencialmente tóxicas”, diz Paulo Hoff.

5. Chá verde

A grande quantidade de catequina, um fitonutriente do chá, proporciona grande

atividade antioxidante e ativadora do metabolismo. A catequina também apresenta

atividade anti-inflamatória e induz a morte de células cancerígenas. O ideal é que

seja consumida uma xícara por dia na forma de infusão. Mas atenção: o chá verde

é contraindicado para grávidas e pessoas com problemas de epilepsia, úlcera gas­

troduodenal, insônia e alterações cardiovasculares graves.

6. Uva

Para se proteger das agressões externas, as uvas produzem uma substância cha­

mada resveratrol, encontrada em suas sementes e pele. Pesquisas mostram que

esse composto tem propriedade antinutagênica, por isso previne contra o início

do processo canceroso. É por esse motivo que o vinho tinto também se torna um

aliado. O consumo, porém, dever ser moderado. A Organização Mundial da Saúde

recomenda não mais do que uma taça para as mulheres e duas para os homens,

diariamente.

(Adaptado de:<http://veja.abril.com.br/noticia/saudades/os-seis-alimentos-anticancer-que-não-
-podem-faltar-noseu-cardapio> Acesso em 06 jun. 2015)

No excerto “Estima-se, por exemplo, que pessoas com 13 quilos a mais passam a ter

mais predisposição ao câncer, principalmente o de mama e de útero.”, se a palavra

câncer fosse substituída por uma palavra feminina, o termo em destaque deveria

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a) ser grafado também no feminino, recebendo o acento grave: “à”.

b) ser grafado também no feminino, no entanto, sem receber o acento grave: “a”.

c) continuar sendo grafado no masculino: “ao”.

d) ser substituído pela preposição “em”.

e) ser substituído pela preposição “com”.

15. (2015/AOCP/FUNDASUS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)

No trecho “[...] elas se suicidam [...]”, a palavra em destaque é

a) uma partícula apassivadora.

b) uma parte integrante do verbo.

c) um pronome pessoal recíproco.

d) um índice de indeterminação do sujeito.

e) um pronome de realce.

16. (2015/AOCP/FUNDASUS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) No trecho “[...]

apresentando dezenas de alimentos que podem ser grandes aliados na prevenção

contra o câncer [...]”, o termo em destaque é

a) uma conjunção integrante.

b) um pronome demonstrativo.

c) um pronome interrogativo.

d) uma conjunção explicativa.

e) pronome relativo.

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17. (2015/AOCP/FUNDASUS/JORNALISTA) Observe o excerto: “Entre os fatores

ligados à relação do aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à escola

(...)” e assinale a alternativa correta com relação ao emprego do acento utilizado

nos termos destacados.

a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a supressão do advérbio “a”

com o pronome feminino “a” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a nasalidade da vogal “a”

que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assinalar a vogal aberta “a” que

acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a supressão da preposição

“a” com o artigo feminino “a” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a junção da preposição “a”

com o artigo feminino “a” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

18. (2015/AOCP/TRE-ACP/ANALISTA JUDICIÁRIO) Leia o texto e responda a questão

DIREITO DO IDOSO

Hoje, o envelhecimento se encontra na ordem do dia. Os mais importantes veícu­

los de comunicação dão destaque a esse fenômeno, abordando as suas causas e

consequências. O envelhecimento populacional, portanto, transformou-se em uma

questão social relevante, uma vez que impacta marcantemente nos destinos da

própria sociedade. Isso tanto é verdade que há estudiosos falando em uma revo­

lução dos idosos. E não é para menos. Mais de dois bilhões de pessoas terão mais

de sessenta anos até 2050, o que representará um contingente expressivo, consi­

derando a população total do planeta.

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Ora, se um contingente tão grande de pessoas passa a ter uma idade a partir da

qual é caracterizada como idosa, isso significa que direitos específicos desse con­

tingente populacional precisam ser garantidos.

É preciso destacar que o Estado brasileiro não se preparou para o impacto que o

envelhecimento populacional acarretou nos sistemas previdenciário e de saúde, por

exemplo. Não houve planejamento, de modo que o sistema previdenciário, uma

espécie de seguro para garantir dignidade ao ser humano na velhice, corre riscos

de continuidade, mantidos os parâmetros atuais. Da mesma forma, o sistema de

saúde apresenta uma dinâmica incapaz de atender às demandas dos idosos, os

quais são os principais clientes desse sistema, porquanto mais vulneráveis a do­

enças, inclusive algumas próprias dessa fase da vida, como câncer, hipertensão,

osteoporose, demência, para só citar algumas.

Portanto, o impacto que as pessoas que acumulam muitos anos provocam na socie­

dade, considerando apenas esses dois sistemas, e a necessidade de que os direitos

fundamentais desse segmento populacional sejam efetivamente garantidos, já se

revela suficiente para que se perceba a importância da disciplina Direito do Idoso.

Vale destacar que o envelhecimento não é um fenômeno estático. Na medida em

que as condições sociais e econômicas melhoram, as pessoas têm oportunidade de

viver mais. Caso se associem a esses elementos os avanços da tecnologia médica

em todas as suas dimensões, a expectativa de vida pode realmente surpreender.

É a vitória da vida.

Sendo, portanto, o envelhecimento a oportunidade de uma vida mais longa, pode

ser traduzido como o próprio direito de existir, na medida em que viver é ter opor­

tunidade de envelhecer. Ora, se é assim, o envelhecimento é um direito e, mais do

que isso, é um direito fundamental, na medida em que se traduz no direito à vida

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com dignidade, o que quer dizer que as pessoas não perdem direitos na medida em

que envelhecem. Pelo contrário, demandam mais direitos para que possam usufruir

plenamente o direito à liberdade em todos os aspectos, patrimônio do qual nenhum

ser humano pode abdicar.

Apesar de a expectativa de vida no Brasil vir aumentando ano após ano, ainda não

estão sendo oferecidas condições de vida adequadas para os velhos. O processo de

envelhecimento no país apresenta nuances artificiais, na medida em que as pesso­

as têm suas vidas alongadas mais pela universalização da tecnologia médica {no­

tadamente do sistema de vacinação, que abortou mortes prematuras causadas por

doenças endêmicas) do que propriamente pela experimentação de padrões sociais

e econômicos de excelência, a exemplo dos países desenvolvidos.

Portanto, a ausência de serviços e ações específicas e necessárias para a garantia

dos direitos das pessoas idosas contribui para o descrédito da efetividade dos seus

direitos, os quais estão declarados de forma direta ou indireta, em convenções,

acordos e tratados internacionais, além das previsões constitucionais e legais em

relação a esse segmento, destacando-se o Estatuto do Idoso {Lei n. 10.741/03)

[...].

Sendo assim, a garantia dos direitos dos idosos no Brasil depende de uma profunda

compreensão das causas e consequências do processo de envelhecimento popu­

lacional, do papel que deve ser reservado aos velhos em uma sociedade tecnoló­

gica, da necessidade de garantir-lhes todos os direitos fundamentais inerentes à

condição humana, destacando-se a necessidade de desenvolver esforços para que

tenham autonomia o máximo de tempo possível, do enfrentamento de todas as

formas de violência, por meio da construção de uma rede de proteção e defesa dos

direitos desse contingente populacional. REFERÊNCIA: Adaptado de RAMOS, Paulo

Roberto Barbosa. Direito do idoso. Jornal Estado do Direito. 42a. ed. Porto Alegre, 3

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set. 2014. Disponível em: www.estadodedireito.com.br. Acessado em: 27/06/2015.

Em “O envelhecimento populacional, portanto, transformou-se em uma questão

social relevante, uma vez que impacta marcantemente nos destinos da própria so­

ciedade”, o “se” em destaque

a) poderia ser substituído pelo pronome “lhe”.

b) poderia ser retirado, sem que houvesse qualquer prejuízo sintático-semântico

ao período.

c) encontra-se em posição enclítica com relação à colocação pronominal.

d) exerce função sintática de sujeito por ser pronome reflexivo.

e) funciona como índice de indeterminação do sujeito.

19. (2015/AOCP/TRE-AC/ANALISTA JUDICIÁRIO) Em “Portanto, o impacto que as

pessoas que acumulam muitos anos provocam na sociedade, considerando apenas

esses dois sistemas[...]”, o “que” em destaque exerce a mesma função do “que” em

a) “[...] o envelhecimento é um direito e, mais do que isso, é um direito funda­

mental.”.

b) “[...] isso significa que direitos específicos desse contingente populacional pre­

cisam ser garantidos.”.

c) “ É preciso destacar que o Estado brasileiro não se preparou para o impacto

[..]”.

d) “[...] depende de uma profunda compreensão das causas e consequências do

processo de envelhecimento populacional, do papel que deve ser reservado aos

velhos.”.

e) “[...] já se revela suficiente para que se perceba a importância da disciplina Di­

reito do idoso.”.

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20. (2015/AOCP/TRE-AC/TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO) Leia o texto e responda

a questão que se segue.

Exemplo de cidadania: eleitores acima de 70 anos fazem questão de votar Eleitores

com mais de 70 anos foram, espontaneamente, às urnas para ajudar a escolher

seus representantes
Luh Coelho

Exemplo de cidadania é o caso de pessoas como o aposentado Irineu Montanaro,

de 75 anos. Ele diz que vota desde os 18, quando ainda era jovem e morava em

Minas Gerais, sua terra natal, e que, mesmo sem a obrigatoriedade do voto, vai até

as urnas em todas as eleições. “É uma maneira de expressar a vontade que a gente

tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”, diz.

Eles questionam a falta de propostas específicas de todos os candidatos para pes­

soas da terceira idade e acreditam que um voto consciente agora pode influenciar

futuramente na vida de seus filhos e netos.

O idoso afirma que sempre incentivou sua família a votar. E o maior exemplo vinha

de dentro da própria casa. Mesmo que nenhum de seus familiares tenha se aventu­

rado na vida política, todos de sua prole veem na vida pública uma forma de mudar

os rumos do país.

(Fonte: http://www.vilhenanoticias.com.br/materias/news popljp. php?id”16273. Texto adaptado.)

Assinale a alternativa cujo “que’’ em destaque funciona como pronome relativo.

a) “É uma maneira de expressar a vontade que a gente tem. Acho que um voto

pode fazer a diferença”.

b) “Ele diz que vota desde os 18...”.

c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.

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d) “...e acreditam que um voto consciente agora pode influenciar futuramente na

vida de seus filhos e netos”.

e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a votar”.

21. (2015/AOCP/TRE-AC/TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO) Em “Eleitores com mais

de 70 anos foram, espontaneamente, às urnas para ajudar a escolher seus repre­

sentantes”, a crase

a) foi empregada para atender à regência do verbo “ir”, o qual tem como comple­

mento uma palavra pertencente ao gênero feminino.

b) foi empregada para atender à regência de “espontaneamente”, que tem como

complemento nominal uma palavra do gênero feminino.

c) foi empregada para atender à regência do verbo posposto “ajudar”.

d) foi empregada inadequadamente.

e) é facultativa.

22. (2014/AOCP/EBSERH/MÉDICO NUTROLOGISTA)

A ciência e o vazio espiritual

Marcelo Gleiser

Alguns anos atrás, fui convidado para dar uma entrevista ao vivo para uma rádio AM

de Brasília. A entrevista foi marcada na estação rodoviária, bem na hora do rush,

quando trabalhadores mais humildes estão voltando para suas casas na periferia. A

ideia era que as pessoas dessem uma parada e ouvissem o que eu dizia, possivel­

mente fazendo perguntas. O entrevistador queria que falasse sobre a ciência do fim

do mundo, dado que havia apenas publicado meu livro “O Fim da Terra e do Céu”.

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O fim do mundo visto pela ciência pode ser abordado de várias formas, desde as

mais locais, como no furacão que causou verdadeira devastação nas Filipinas, até

as mais abstratas, como na especulação do futuro do universo como um todo.

O foco da entrevista eram cataclismos celestes e como inspiraram (e inspiram)

tanto narrativas religiosas quanto científicas. Por exemplo, no antigo testamento,

no Livro de Daniel ou na história de Sodoma e Gomorra, e no novo, no Apocalip­

se de João, em que estrelas caem dos céus (chuva de meteoros), o Sol fica preto

(eclipse total), rochas incandescentes caem sobre o solo (explosão de meteoro ou

de cometa na atmosfera) etc.

Mencionei como a queda de um asteroide de 10 quilômetros de diâmetro na penín­

sula de Yucatan, no México, iniciou o processo que culminou na extinção dos dinos­

sauros 65 milhões de anos atrás. Enfatizei que o evento mudou a história da vida

na Terra, liberando os mamíferos que então existiam – de porte bem pequeno – da

pressão de seus predadores reptilianos, e que estamos aqui por isso. O ponto é que

a ciência moderna explica essas transformações na Terra e na história da vida sem

qualquer necessidade de intervenção divina. Os cataclismos que definiram nossa

história são, simplesmente, fenômenos naturais.

Foi então que um homem, ainda cheio de graxa no rosto, de uniforme rasgado, le­

vantou a mão e disse: “Então o doutor quer tirar até Deus da gente?”

Congelei. O desespero na voz do homem era óbvio. Sentiu-se traído pelo conhecimen­

to. Sua fé era a única coisa a que se apegava, que o levava a retornar todos os dias

àquela estação e trabalhar por um mísero salário mínimo. Como que a ciência poderia

ajudá-lo a lidar com uma vida desprovida da mágica que fé no sobrenatural inspira?

Percebi a enorme distância entre o discurso da ciência e as necessidades da maioria

das pessoas; percebi que para tratar desse vão espiritual, temos que começar bem

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cedo, trazendo o encantamento das descobertas científicas para as crianças, transfe­

rindo a paixão que as pessoas devotam à sua fé para um encantamento com o mundo

natural. Temos que ensinar a dimensão espiritual da ciência – não como algo sobre­

natural, mas como uma conexão com algo maior do que somos. Temos que fazer da

educação científica um processo de transformação, e não meramente informativo.

Respondi ao homem, explicando que a ciência não quer tirar Deus das pessoas,

mesmo que alguns cientistas queiram. Falei da paixão dos cientistas ao devotarem

suas vidas a explorar os mistérios do desconhecido. O homem sorriu; acho que

entendeu que existe algo em comum entre sua fé e a paixão dos cientistas pelo

mundo natural.

Após a entrevista, dei uma volta no Lago Sul pensando em Einstein, que dizia que

a ciência era a verdadeira religião, uma devoção à natureza alimentada pelo en­

cantamento com o mundo, que nos ensina uma profunda humildade perante sua

grandeza.

(Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/11/1372253-a-cien­
cia-e-o-vazio-espiritual.shtml. Acesso 22 nov. 2013.)

Em “...que o levava a retornar todos os dias àquela estação...”, o emprego do sinal

indicativo de crase ocorre porque se trata de uma expressão de base nominal que

funciona como

a) adjunto adverbial.

b) complemento nominal.

c) adjunto adnominal.

d) objeto indireto.

e) objeto direto.

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23. (2013/AOCP/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/NUTRICIONISTA)

Amores imperfeitos

A pessoa que você mais gosta é cheia de defeitos?

Existe uma explicação

Cristiane Segatto

1.§ Quantos dos seus amigos descrevem o parceiro (ou parceira) de uma forma

estranhamente dúbia? A pessoa é o amor da vida dele e, ao mesmo, o ser que mais

o incomoda. É uma reclamação tão corriqueira que começo a achar que estranha é

a minoria que parece satisfeita com o que tem em casa.

2.§ Tolerar os defeitos do companheiro e entender que, ao firmar uma parceria,

compramos um pacote completo (com tudo o que há de agradável e desagradável)

parece, cada vez mais, uma esquisita característica de uma subespécie em extinção.

3.§ O grupo majoritário parece ser o dos apaixonados intolerantes.

4.§ Há quem se dedique a tentar entendê-los. Li nesta semana uma reportagem in­

teressante sobre isso. Foi publicada na revista Scientific American Mind. É baseada

no livro Annoying: The Science of What Bugs Us (algo como Irritante: a ciência do

que nos incomoda), dos jornalistas Joe Palca e Flora Lichtman.

5.§ Uma das pesquisadoras citadas é a socióloga Diane Felmlee, da Universidade

da Califórnia. Ela conta a história de uma amiga que vivia reclamando que o mari­

do trabalhava demais. Diane pediu que a mulher se lembrasse das qualidades que

enxergava nele quando o conheceu na universidade. A resposta foi sensacional: “A

primeira coisa que chamou minha atenção foi o fato de que ele era incrivelmente

trabalhador. Logo percebi que se tornaria um dos melhores alunos da classe”

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6.§ Não é curioso? Por alguma razão, uma característica que é vista como uma

qualidade no início do relacionamento se torna, com o passar do tempo, um defei­

to. Exemplos disso estão por toda parte. No início do namoro, o cara parece muito

atraente porque é desencanado, tranquilão. Não perde a chance de passar o dia

de bermuda e chinelo, ouvindo música e bebendo com a namorada e os amigos.

Quatro anos depois passa a ser visto pela amada como um sujeito preguiçoso, aco­

modado, que não tem objetivos claros na vida e veio ao mundo a passeio.

7.§ Em outra ocasião, a socióloga Diane perguntou a um garoto por que ele gostava

da última namorada. A resposta foi uma lista de várias partes do corpo da moça -

incluindo as mais íntimas. Quando a professora perguntou por que o relacionamen­

to havia acabado, a justificativa foi: “Era uma relação baseada somente no desejo.

Não havia amor suficiente.”

8.§ Uma aluna disse que se sentiu atraída pelo ex porque ele tinha um incrível sen­

so de humor. Algum tempo depois, passou a reclamar que “ele não levava nada a

sério”. Nesse caso, também, o que era qualidade virou defeito. Deve haver alguma

explicação para isso. Nas últimas décadas, Diane vem realizando estudos com ca­

sais para tentar entender o fenômeno que ela chama de atrações fatais.

9.§ Ela observou que quanto mais acentuada é a qualidade reconhecida pelo par­

ceiro no início da relação, mais incômoda ela se torna ao longo dos anos. Até virar

um traço insuportável.

10.§ Diane acredita que a explicação está relacionada à teoria da troca social. Essa

teoria parte do pressuposto de que as relações humanas são baseadas na escolha

racional e na análise de custo-benefício. Se os custos de um dos parceiros superam

seus benefícios, a outra parte pode vir a abandonar a relação, especialmente se

houver boas alternativas disponíveis. “Traços extremos trazem recompensas, mas

também têm custos associados a eles, principalmente numa relação”.

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11.§ Um exemplo é a independência. Ela pode ser muito valorizada numa relação.

Um marido independente é capaz de cuidar de si próprio. Mas se ele for indepen­

dente demais, pode significar que não precisa da mulher. Isso acarreta custos para

a relação.

12.§ A receita para evitar que as relações naufraguem é a boa e (cada vez mais)

escassa tolerância. É preciso aprender a relativizar os hábitos irritantes para conti­

nuar convivendo com uma pessoa que tem muitas outras qualidades.

13.§ Ninguém é totalmente desprovido de qualidades e defeitos. Temos os nossos,

aprendemos com eles e com os deles. Além de tolerância, precisamos exercitar a

capacidade de apoiar o parceiro quando as coisas vão mal e de celebrar quando

ele tem alguma razão para isso. Inventar programas novos e interessantes (zelar

para que isso aconteça com frequência) pode realçar as qualidades de quem você

gosta e amenizar as características e manias irritantes. Irritante por irritante somos

todos. Mas também podemos ser incrivelmente interessantes.

(Adaptado de http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/ cristiane- segatto/noti-


cia/2012/01/amores-imperfeitos.html em 01/12/2012)

Em “Há quem se dedique a tentar entendê-los.” (4.§), o termo destacado refere-se

a) a uma subespécie em extinção.

b) ao grupo majoritário dos apaixonados intolerantes.

c) à minoria que parece satisfeita.

d) aos defeitos do companheiro.

e) aos amigos.

24. (2013/AOCP/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/NUTRICIONISTA) Assinale a al­

ternativa em que o termo destacado é um pronome relativo

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a) “...pode significar que não precisa da mulher...”


b) “...entender que, ao firmar uma parceria, compramos um pacote completo...”
c) “...para tentar entender o fenômeno que ela chama de atrações fatais.”
d) “Diane pediu que a mulher se lembrasse das qualidades...”
e) “Ela observou que quanto mais acentuada é a qualidade...”

25. (2013/AOCP/INES/ASSISTENTE DE ALUNOS)

Monteiro Lobato?
Não com o nosso dinheiro
Leando Narloch

1.§ O movimento negro me odeia. Desde que mostrei, com o livro Guia do Politica­
mente Incorreto da História do Brasil, que Zumbi mantinha escravos no Quilombo
de Palmares, os ativistas das cotas não estão contentes comigo. Do lado de cá, eu
também me irrito com boa parte do que eles defendem. Mas, existe um ponto em
que eu preciso concordar com eles: a polêmica dos livros do Monteiro Lobato.
2.§ Se você acaba de despertar de um coma, o que aconteceu foi que, em 2010, o
Conselho Nacional de Educação decidiu impedir a distribuição do livro Caçadas de
Pedrinho em bibliotecas públicas. Disseram que esse clássico da literatura infantil era
racista por causa de frases como “Tia Anastácia trepou que nem uma macaca de car­
vão” ou “Não vai escapar ninguém, nem Tia Anastácia, que tem carne preta”. Muita
gente esperneou contra a decisão, afirmando que se tratava de um exagero, uma
patrulha ideológica e um ato de censura contra um dos maiores autores brasileiros.
3.§ É verdade que é preciso entender a época de Monteiro Lobato, quando o racis­

mo era regra não só entre brancos, mas mesmo entre africanos. Até Gandhi, o líder

mundial do bom-mocismo, escreveu e repetiu frases igualmente racistas nos 20 e

poucos anos que viveu na África do Sul.

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4.§ A questão, porém, é outra: o governo deve investir em obras que parecem

preconceituosas a parte da população? O Conselho Nacional de Educação não de­

fendeu a proibição dos livros de Monteiro Lobato: foi contra apenas a distribuição

bancada pelo governo. Pois bem: o Ministério da Educação deve gastar seu dispu­

tado dinheiro com esses livros? Eu acredito que não.

5.§ Os negros que pagam impostos e os outros contribuintes que consideram Mon­

teiro Lobato racista não devem ser obrigados a bancar edições do escritor. É mais

ou menos essa a posição do economista Walter Williams, um dos principais intelec­

tuais libertários dos EUA. Defensor da ideia de que o Estado deve se meter o míni­

mo possível na vida, nas escolhas e no bolso das pessoas, esse economista negro

prega a liberdade de se fazer o que quiser desde que isso não implique violência a

terceiros. Se um grupo quiser, por exemplo, criar um clube de tênis só para bran­

cos, ou só para negros, tudo bem – desde que não use verba pública e não tente

proibir manifestações de repúdio. Se tiver verba pública, não pode discriminar.

6.§ Para libertários como Williams, ninguém, nem o governo, tem o direito de

ameaçar ou praticar violência contra indivíduos pacíficos. Não é correto ameaçar

um indivíduo de prisão por sonegação fiscal se ele não topar contribuir com essa

ou aquela prática do governo. Um grupo de políticos que defende uma guerra com

o Iraque não deve obrigar os cidadãos a contribuir para essa guerra. Do mesmo

modo, se uma turma acredita ter uma boa ideia ao criar uma universidade, um

estádio de futebol ou um festival de curtas-metragens, essa ideia deixa de ser boa

quando implica a ameaça contra aqueles que não querem contribuir.

7.§ Nada impede, é claro, que os autores dessas ideias tentem convencer as pes­

soas de que seus projetos merecem contribuições. É o que fazem há séculos as

melhores universidades americanas, as instituições de caridade, alguns tipos de

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fundos de investimento e, há poucos anos, os sites de crowdfunding, o “financia­

mento coletivo”. Nada impede, também, que os admiradores de Monteiro Lobato

se organizem, reúnam doações e publiquem quantas edições quiserem das ótimas

histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

(Revista Superinteressante, edição 312, de dezembro de 2012.)

Leia os fragmentos abaixo, extraídos do texto e alterados quanto à colocação pro­

nominal. Em seguida, assinale a alternativa correta.

I – Defensor da ideia de que o Estado deve meter-se... (5.§)

II – O movimento negro odeia-me. (1.§)

III – Do lado de cá, eu também irrito-me... (1.§)

IV – os admiradores de Monteiro Lobato organizem-se... (7.§)

V – afirmando que tratava-se de um exagero... (2.§)

As colocações corretas são

a) Apenas I, II e IV.

b) Apenas I, IV e V.

c) Apenas II, III e IV.

d) Apenas II, III e V.

e) Apenas III, IV e V.

26. (2013/AOCP/INES/ENFERMEIRO)

Alarmismo ambiental e consumo

Maílson da Nóbrega

1.§ Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-

1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia

em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética,

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a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus de­

fendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e

asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola.

2.§ Hoje, o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do

aquecimento global causado basicamente pelo homem, via emissões de dióxido de

carbono. Em 2006, o governo britânico divulgou relatório de grande repercussão,

preparado por sir Nicholas Stern, assessor do primeiro-ministro Tony Blair. Stern

buscava alertar os que reconheciam tal aquecimento, mas julgavam que seria um

desperdício enfrentá-lo. O relatório mereceu dura resposta de Nigel Lawson, ex-mi­

nistro de Energia e da Fazenda de Margaret Thatcher, hoje no grupo dos “céticos”,

isto é, os que duvidam dos ambientalistas. No livro An Appeal to Reason (2008),

Lawson atribuiu objetivos políticos ao documento, que não teria mérito nas conclu­

sões nem nos argumentos.

3.§ Lawson afirma que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século

e que são comuns oscilações da temperatura mundial. Há 400 anos, o esfriamento

conhecido como “pequena era do gelo” fazia o Rio Tâmisa congelar no inverno. Mil

anos atrás, bem antes da industrialização — que se diz ser a origem da mudança

climática —, houve um “aquecimento medieval”, com temperaturas tão altas quan­

to as atuais. “Muito antes, no Império Romano, o mundo era provavelmente mais

quente”, assinala. De fato, sempre me chamou atenção o modo de vestir de gregos

e romanos, que aparecem em roupas leves em pinturas da Grécia e da Roma anti­

gas. Nunca vi um deles metido em pesados agasalhos como os de hoje.

4.§ Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, saiu

o livro The Population Bomb, do biologista americano Paul Ehrlich, no qual o autor

sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevi­

vência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o

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“crescimento zero” como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos natu­

rais. Ehrlich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a

paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo.

5.§ Em artigo na última edição da revista Foreign Affairs, Bjom Lomborg, destacado

“cético”, prova o enorme fracasso das previsões catastróficas do Clube de Roma.

Dizia-se que em uma geração se esgotariam as reservas de alumínio, cobre, ouro,

chumbo, mercúrio, molibdênio, gás natural, petróleo, estanho, tungstênio e zinco.

As de mercúrio, então sob forte demanda, durariam apenas treze anos. Acontece

que a inovação tecnológica permitiu substituir o mercúrio em baterias e outras

aplicações. Seu consumo caiu 98%; o preço, 90%. As reservas dos demais metais

aumentaram e outras inovações reduziram sua demanda. O colapso não ocorreu.

6.§ Como o Clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Lomborg, seus mem­

bros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e “sua capacidade

de descobrir e inovar”. Se as sugestões tivessem sido acatadas, meio bilhão de

chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. Lomborg poderia ter

afirmado que o Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C.

7.§ Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites físicos do planeta. Na linha do

Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de

bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado

atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar.

8.§ Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não

correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a

ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau

de coordenação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria,

ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

(Revista Veja, edição 2.285. p. 24.)

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Assinale a alternativa em que está adequada a passagem da voz passiva para a voz

ativa da construção “tivessem sido acatadas” (6.§)

a) tinham acatado.

b) estivesse acatado.

c) tinha sido acatado.

d) tivessem acatado.

e) estivesse sido acatado.

27. (2013/AOCP/INES/ENFERMEIRO) Assinale a alternativa em que a passagem da

voz ativa para a voz passiva está correta.

a) “Muitos previram o fim do mundo...” (1.§) / O fim do mundo tinha sido previsto.

b) “...o alarmismo vem de ambientalistas...” (2.§) / O alarmismo vem vindo de

ambientalistas.

c) “...defende-se o estancamento da expansão...” (7.§) / Tem sido defendido o

estancamento da expansão.

d) “...seus membros desprezaram o talento” (6.§) / O talento foi desprezado pelos

seus membros.

e) “...a fome se alastraria.” (1.§) / A fome seria alastrada.

28. (2012/AOCP/TCE-PA/TÉCNICO DE INFORMÁTICA)

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“O jornalista Lewis Dvorkin atribui o interesse crescente pelos textos de fôlego ao de­

clínio dos grandes portais, que aconteceu em paralelo à ascensão das redes sociais.”

O sinal indicativo de crase foi empregado para marcar a introdução de uma expres­

são que funciona como

a) objeto indireto.

b) adjunto adverbial.

c) agente da passiva.

d) complemento nominal.

e) adjunto adnominal.

29. (2012/AOCP/BRDE/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) Com base no texto, julgue

os itens a seguir.

I – O fragmento “minhas duas filhas estão se preparando” pode ser substituído por

“estão preparando-se”.

II – O fragmento “que se tratava de transposições” pode ser substituído por “se

tratavam”.

III – O fragmento “Não vou me deter” pode ser substituído por “Não deter-me-ei”.

IV – A próclise, em “Aí tudo se torna” e “Já me deparei”, ocorre devido à presença

de expressões indefinidas.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I.

b) apenas III.

c) apenas I e II.

d) apenas II e IV.

e) apenas II, III e IV.

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30. (2012/AOCP/BRDE/ANALISTA DE SISTEMAS/DESENVOLVIMENTO DE SISTE­

MAS)

Condenados à tradição

O que fizeram com a poesia brasileira

Iumna Maria Simon

Por um desses quiproquós da vida cultural, a tradicionalização, ou a referência à

tradição, tornou-se um tema dos mais presentes na poesia contemporânea brasi­

leira, quer dizer, a que vem sendo escrita desde meados dos anos 80.

Pode parecer um paradoxo que a poesia desse período, a mesma que tem conti­

nuidade com ciclos anteriores de vanguardismo, sobretudo a poesia concreta, e

se seguiu a manifestações antiformalistas de irreverência e espontaneísmo, como

a poesia marginal, tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrí­

tico, da tradição. Nesse momento de esgotamento do moderno e superação das

vanguardas, instaura-se o consenso de que é possível recolher as forças em de­

composição da modernidade numa espécie de apoteose pluralista. É uma noção

conciliatória de tradição que, em lugar da invenção de formas e das intervenções

radicais, valoriza a convencionalização a ponto de até incentivar a prática, mesmo

que metalinguística, de formas fixas e exercícios regrados.

Ainda assim, não se trata de um tradicionalismo conservador ou “passadista”, para

lembrar uma expressão do modernismo dos anos 20. O que se busca na tradição
não é nem o passado como experiência, nem a superação crítica do seu legado.

Afinal, não somos mais como T. S. Eliot, que acreditava no efeito do passado sobre

o presente e, por prazer de inventar, queria mudar o passado a partir da atualidade

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viva do sentimento moderno. Na sua conhecidíssima definição da tarefa do poeta

moderno, formulada no ensaio “Tradição e talento individual”, tradição não é heran­

ça. Ao contrário, é a conquista de um trabalho persistente e coletivo de autoconhe­

cimento, capaz de discernir a presença do passado na ordem do presente, o que,

segundo Eliot, define a autoconsciência do que é contemporâneo.

Nessa visada, o passado é continuamente refeito pelo novo, recriado pela contri­

buição do poeta moderno consciente de seus processos artísticos e de seu lugar no

tempo. Tal percepção de que passado e presente são simultâneos e inter-relaciona­

dos não ocorre na ideia inespecífica de tradição que tratarei aqui. O passado, para

o poeta contemporâneo, não é uma projeção de nossas expectativas, ou aquilo que

reconfigura o presente. Ficou reduzido, simplesmente, à condição de materiais dis­

poníveis, a um conjunto de técnicas, procedimentos, temas, ângulos, mitologias,

que podem ser repetidos, copiados e desdobrados, num presente indefinido, para

durar enquanto der, se der.

Na cena contemporânea, a tradição já não é o que permite ao passado vigorar e

permanecer ativo, confrontando-se com o presente e dando uma forma conflitante

e sempre inacabada ao que somos. Não implica, tampouco, autoconsciência crítica

ou consciência histórica, nem a necessidade de identificar se existe uma tendência

dominante ou, o que seria incontornável para uma sociedade como a brasileira, se

as circunstâncias da periferia pós-colonial alteram as práticas literárias, e como.

Não estou afirmando que os poetas atuais são tradicionalistas, ou que se voltaram

todos para o passado, pois não há no retorno deles à tradição traço de classicis­
mo ou revivalismo. Eles recombinam formas, amparados por modelos anteriores,

principalmente os modernos. A tradição se tornou um arquivo atemporal, ao qual

recorre a produção poética para continuar proliferando em estado de indiferença

em relação à atualidade e ao que fervilha dentro dela.

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Até onde vejo, as formas poéticas deixaram de ser valores que cobram adesão à

experiência histórica e ao significado que carregam. Os velhos conservadorismos

culturais apodreceram para dar lugar, quem sabe, a configurações novas e ainda

não identificáveis. Mesmo que não exista mais o “antigo”, o esgotado, o entulho

conservador, que sustentavam o tradicionalismo, tradição é o que se cultua por

todos os lados.

Na literatura brasileira, que sempre sofreu de extrema carência de renovação e varia­

dos complexos de inferioridade e provincianismo, em decorrência da vida longa e re­

cessiva, maior do que se esperaria, de modas, escolas e antiqualhas de todo tipo, essa

retradicionalização desculpabilizada e complacente tem inegável charme liberador.

(Revista Piauí, edição 61, 2011.)

Nos fragmentos abaixo, extraídos do texto, a colocação pronominal foi alterada.

Assinale a única alternativa correta.

a) Ou que voltaram-se todos para o passado (6.º parágrafo)

b) Maior do que esperaria-se (último parágrafo)

c) Tradição é o que cultua-se por todos os lados. (7.º parágrafo)

d) E seguiu-se a manifestações antiformalistas (2.º parágrafo)

e) Não trata-se de um tradicionalismo conservador (3.º parágrafo)

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GABARITO

1. e 24. c

2. d 25. a

3. d 26. d

4. e 27. d

5. e 28. d

6. b 29. a

7. b 30. d

8. b

9. e

10. b

11. a

12. b

13. b

14. a

15. b

16. e

17. e

18. c

19. d

20. a

21. a

22. a

23. b

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GABARITO COMENTADO

1. (2017/AOCP/CODEM-PA/ADVOGADO)

O Lado Negro do Facebook

Por Alexandre de Santi

O Facebook é, de longe, a maior rede da história da humanidade. Nunca existiu,

antes, um lugar onde 1,4 bilhão de pessoas se reunissem. Metade de todas as

pessoas com acesso à internet, no mundo, entra no Facebook pelo menos uma vez

por mês. Em suma: é o meio de comunicação mais poderoso do nosso tempo, e

tem mais alcance do que qualquer coisa que já tenha existido. A maior parte das

pessoas o adora, não consegue conceber a vida sem ele. Também pudera: o Fa­

cebook é ótimo. Nos aproxima dos nossos amigos, ajuda a conhecer gente nova e

acompanhar o que está acontecendo nos nossos grupos sociais. Mas essa história

também tem um lado ruim. Novos estudos estão mostrando que o uso frequente

do Facebook nos torna mais impulsivos, mais narcisistas, mais desatentos e menos

preocupados com os sentimentos dos outros. E, de quebra, mais infelizes.

No ano passado, pesquisadores das universidades de Michigan e de Leuven (Bél­

gica) recrutaram 82 usuários do Facebook. O estudo mostrou uma relação direta:

quanto mais tempo a pessoa passava na rede social, mais infeliz ficava. Os cientis­

tas não sabem explicar o porquê, mas uma de suas hipóteses é a chamada inveja

subliminar, que surge sem que a gente perceba conscientemente. Já deve ter acon­

tecido com você. Sabe quando você está no trabalho, e dois ou três amigos postam

fotos de viagem? Você tem a sensação de que todo mundo está de férias, ou que

seus amigos viajam muito mais do que você. E fica se sentindo um fracassado.

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“Como as pessoas tendem a mostrar só as coisas boas no Facebook, achamos que

aquilo reflete a totalidade da vida delas”, diz o psiquiatra Daniel Spritzer, mestre pela

UFRGS e coordenador do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas. “A pessoa

não vê o quanto aquele amigo trabalhou para conseguir tirar as férias”, diz Spritzer.

E a vida em rede pode ter um efeito psicológico ainda mais assustador. Durante 30

anos, pesquisadores da Universidade de Michigan aplicaram testes de personalida­

de a 14 mil universitários. O resultado: os jovens da geração atual, que cresceram

usando a internet, têm 40% menos empatia que os jovens de três décadas atrás. A

explicação disso, segundo o estudo, é que na vida online fica fácil ignorar as pesso­

as quando não queremos ouvir seus problemas ou críticas – e, com o tempo, esse

comportamento indiferente acaba sendo adotado também na vida offline. Num

meio competitivo, onde precisamos mostrar como estamos felizes o tempo todo, há

pouco incentivo para diminuir o ritmo e prestar atenção em alguém que precisa de

ajuda. Há muito espaço, por outro lado, para o egocentrismo. Em 2012, um estudo

da Universidade de Illinois com 292 voluntários concluiu que, quanto mais amigos

no Facebook uma pessoa tem, e maior a frequência com que ela posta, mais narci­

sista tende a ser – e maior a chance de fazer comentários agressivos.

Esse último resultado é bem surpreendente, porque é contraintuitivo. Ora, uma

pessoa que tem muitos amigos supostamente os conquistou adotando comporta­

mentos positivos, como modéstia e empatia. O estudo mostra que, no Facebook,

tende a ser justamente o contrário.

(Adaptado de Superinteressante.
Disponível em: http://super.abril. com.br/tecnologia/o-lado-negro-do-facebook/)

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O termo destacado em “uma de suas hipóteses é a chamada inveja subliminar, que

surge sem que a gente perceba conscientemente”, no contexto, é

a) partícula expletiva.

b) conjunção integrante.

c) conjunção subordinativa causal.

d) conjunção subordinativa consecutiva.

e) pronome relativo.

Letra e.

Troque o “que” por “a qual”. Você notará que a mudança é possível. O pronome

relativo em questão é responsável por retomar “inveja subliminar”.

2. (2017AOCP/CODEM-PA/ADVOGADO) Em “Metade de todas as pessoas com

acesso à internet, no mundo, entra no Facebook pelo menos uma vez por mês”, a

crase ocorreu

a) para atender à regência do verbo “entra”.

b) para introduzir expressão adverbial feminina.

c) para indicar que houve junção de dois artigos definidos, no feminino e no sin­

gular.

d) para atender a regência de “acesso” e pela presença de artigo definido, femini­

no, singular que antecede “internet”.

e) inadequadamente, pois a palavra internet não admite artigo.

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Letra d.

O vocábulo “acesso“ exige a presença da preposição “a” para introduzir o seu

complemento. O vocábulo “internet” exige a presença do artigo definido feminino

singular.

3. (2017/AOCP/CODEM-PA/ADVOGADO) Assinale a alternativa em que o termo

destacado é um pronome relativo.

a) “Novos estudos estão mostrando que o uso frequente do Facebook nos torna

mais impulsivos”.

b) “Metade de todas as pessoas com acesso à internet, no mundo, entra no Face­

book pelo menos uma vez por mês”.

c) “A maior parte das pessoas o adora”.

d) “Uma pessoa que tem muitos amigos supostamente os conquistou adotando

comportamentos positivos”.

e) “Na vida online fica fácil ignorar as pessoas quando não queremos ouvir seus

problemas”.

Letra d.

A banca quer saber qual é a classificação dos termos destacados. Na letra “a”,

trata-se de uma conjunção integrante. Na “b”, um pronome indefinido; na “c”, um

pronome oblíquo átono. Na “e”, uma conjunção subordinativa temporal. Na letra

“d”, basta trocar “que” por a qual.

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4. (2016/AOCP/PREFEITURA DE JUIZ DE FORA-MG/CONTADOR)

O difícil, mas possível, diálogo entre a arte e a ciência

Daniel Martins de Barros

Estabelecer pontes entre a ciência e a arte não é tarefa fácil. Se a revolução cientí­

fica, com sua valorização da metodologia experimental e sua necessidade de rigor,

trouxe avanços inegáveis para a humanidade, por outro lado também tornou o

trabalho científico distante do homem comum. Com isso, distanciou-o também da

arte, que talhada para captar a essência humana, o faz de maneira basicamente

intuitiva. Tentativas de reaproximação até existem, mas a inconstância e variabi­

lidade no seu sucesso atestam a dificuldade da empreitada. Um dos diálogos mais

interessantes entre ciência e arte se deu nas primeiras décadas do século 20, na

relação entre o surrealismo e a psicanálise.

Os sonhos eram considerados proféticos e reveladores, até que, em 1899, Sigmund

Freud apresentou uma das primeiras tentativas de interpretá-los cientificamente no

livro A Interpretação dos Sonhos. Simplificando bastante, sonhos seriam um mo­

mento em que conteúdos inconscientes surgiriam para nós, ainda que disfarçados,

e caberia à psicanálise desmascarar seu real significado.

O movimento artístico do surrealismo imediatamente se apropriou dessas teorias.

Os surrealistas já nutriam um interesse especial pelo inconsciente, tentando retra­

tar esses conteúdos em suas obras, mas após a tradução do livro de Freud para o

espanhol, o pintor catalão Salvador Dalí tornou-se um dos maiores entusiastas da

obra freudiana. Segundo ele mesmo, o objetivo de sua pintura era materializar as

imagens de sua “irracionalidade concreta”.

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Desde que se tornou fã declarado do médico austríaco, Dalí tentou se encontrar com

ele. Tanto insistiu que conseguiu, quando Freud já estava idoso e bastante doente.

A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conversar:

Dalí não falava alemão nem inglês, e Freud, além do câncer de mandíbula, não

estava ouvindo bem. A interação ficou limitada: Freud analisou um quadro recente

de Dalí, enquanto esse passava o tempo desenhando o psicanalista e o observava

a conversar com o amigo e escritor Stephan Zweig.

O resultado tímido do encontro poderia bem ser emblemático da complicada en­

genharia que é construir pontes entre tão distantes universos. As conversas nem

sempre são frutíferas, as trocas muitas vezes são frustrantes. Mas a retomada

desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson, mostra que não

desistimos, e que novas maneiras podem ser tentadas. Usando a liberdade que

só se encontra na arte, Johnson expande o diálogo que não aconteceu, mostran­

do – ainda que numa realidade alternativa e em chave cômica – que os caminhos

que ligam arte e ciência podem ser acidentados, mas não deixam de ser possíveis.

Embora a psicanálise não seja mais considerada científica pelos critérios atuais e

o surrealismo já não exista como movimento organizado, o encontro dessas duas

formas de saber, no alvorecer do século 20, persiste como emblema de um diálogo

que, mesmo que cheio de ruídos, não pode ser abandonado.

(Adaptado de: http://m.cultura.estadao.com.br/noticias/teatro-e-danca,analise-o-dificil--mas-


possivel--dialogo-entre-a-arte-e-a-ciencia,10000048930 Acesso em 17 de maio de 2016)

Assinale a alternativa em que o “que” destacado possui a mesma função exercida

pelo “que” presente em: “[...] distanciou-o também da arte, que talhada para cap­

tar a essência humana, o faz de maneira basicamente intuitiva.”.

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a) “Os sonhos eram considerados proféticos e reveladores, até que, em 1899,

Sigmund Freud apresentou uma das primeiras tentativas de interpretá-los cientifi­

camente [...]”.

b) “Tanto insistiu que conseguiu [...]”.

c) “A reunião não foi das mais frutíferas, já que os dois eram incapazes de conver­

sar [...]”.

d) “[...] a retomada desse episódio na peça Histeria, do dramaturgo Terry Johnson,

mostra que não desistimos [...]”.

e) “[...] Johnson expande o diálogo que não aconteceu [...]”.

Letra e.

Primeiramente, note que o “que” destacado no enunciado é um pronome relati­

vo. Na letra “a”, faz parte de uma locução conjuntiva temporal. Na “b”, uma con­

junção consecutiva. Na “c”, integra uma locução conjuntival causal. Na “d”, uma

conjunção integrante.

5. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA)

Perdoar e esquecer

Quando a vida se transforma num tango, é difícil não dançar ao ritmo do rancor

Ivan Martins

Hoje tomei café da manhã num lugar em que Carlos Gardel costumava encontrar

seus parceiros musicais por volta de 1912. É um bar simples, na esquina da rua

Moreno com a avenida Entre Rios, chamado apropriadamente El Encuentro.

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Nunca fui fã aplicado de tango, mas cresci ouvindo aqueles que a minha mãe can­
tava enquanto se movia pela casa. Os versos incandescentes flutuam na memória
e ainda me emocionam. Soprado pelo fantasma de Gardel, um deles me veio aos
lábios enquanto eu tomava café no El Encuentro: “Rechiflado en mi tristeza, te evo­
co y veo que has sido...”
Vocês conhecem Mano a mano, não?
Essencialmente, é um homem falando com a mulher que ele ama e que parece tê-lo
trocado por uma vida melhor. Lembra, em espírito, o samba Quem te viu, quem te
vê, do Chico Buarque, mas o poema de Gardel é mais ácido e rancoroso. Parado­
xalmente, mais sutil. Não se sabe se o sujeito está fazendo ironia ou se em meio a
tantas pragas ele tem algum sentimento generoso em relação à ex-amante. Nisso
reside o apelo eterno e universal de Mano a mano – não é assim, partido por senti­
mentos contraditórios, que a gente se sente em relação a quem não nos quer mais?
Num dia em que estamos solitários, temos raiva e despeito de quem nos deixou. No
outro dia, contentes e acompanhados, quase torcemos para que seja feliz. O pro­
blema não parece residir no que sentimos pelo outro, mas como nos sentimos em
relação a nós mesmos. Por importante que tenha sido, por importante que ainda
seja, a outra pessoa é só um espelho no qual projetamos nossos sentimentos – e
eles variam como os sete passos do tango. Às vezes avançam, em outras retroce­
dem. Quando a gente acha que encontrou o equilíbrio, há um giro inesperado.
Por isso as ambiguidades de Mano a mano nos pegam pelas entranhas. É difícil dei­
xar para trás o sentimento de abandono e suas volúpias. É impossível não dançar
ao ritmo do rancor. Há uma força enorme na generosidade, mas para muitos ela é
inalcançável. Apenas as pessoas que gostam muito de si mesmas são capazes de
desejar o bem do outro em circunstâncias difíceis. A maioria de nós precisa ser ama­
da novamente antes de conceder a quem nos deixou o direito de ser feliz. Por isso

procuramos com tanto afinco um novo amor. É um jeito de dar e de encontrar paz.

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No último ano, tenho ouvido repetidamente uma frase que vocês já devem ter escu­

tado: Não se procura um novo amor, a gente simplesmente o encontra. O paradoxo

é bonito, mas me parece discutível. Supõe que o amor é tão acidental quanto um

tropeção na calçada. Eu não acho que seja. Imagina que a vontade de achar destrói a

possibilidade de encontrar. Isso me parece superstição. Implica em dizer que se você

ficar parado ou parada as coisas virão bater na sua porta. Duvido. O que está em­

butido na frase e me parece verdadeiro é que não adianta procurar se você não está

pronto – mas como saber sem procurar, achar e descobrir que não estava pronto?

É inevitável que a gente cometa equívocos quando a vida vira um tango. Nossa ca­

rência nos empurra na direção dos outros, e não há nada de errado nisso. É assim

que descobrimos gente que será ou não parte da nossa vida. Às vezes quebramos a

cara e magoamos os outros. O tango prossegue. O importante é sentir que gostam

de nós, e que nós somos capazes de gostar de novo. Isso nos solta das garras do

rancor. Permite olhar para trás com generosidade e para o futuro com esperança.

Não significa que já fizemos a curva, mas sugere que não estamos apenas resmun­

gando contra a possibilidade de que o outro esteja amando. Quando a gente está

tentando ativamente ser feliz, não pensa muito no outro. Esse é o primeiro passo para

superar. Ou perdoar, como costuma ser o caso. Ou esquecer, como é ainda melhor.

No primeiro verso de Mano a mano, Gardel lança sobre a antiga amante a maldição

terrível de que ela nunca mais voltará a amar. Mas, ao final da música, rendido a

bons sentimentos, oferece ajuda e conselhos de amigo, quando chegar a ocasião.

Acho que isso é o melhor que podemos esperar de nós mesmos. Torcer mesquinha­

mente para jamais sermos substituídos - mas estarmos prontos para aceitar e am­

parar quando isso finalmente, inevitavelmente, dolorosamente, vier a acontecer.

(Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2016/01/perdoar-e-esquecer.html)

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No que se refere às regras de colocação pronominal, assinale a alternativa em que

NÃO é permitida a mudança do posicionamento do pronome oblíquo em destaque

para depois do verbo.

a) “um deles me veio aos lábios”.

b) “mas me parece discutível”.

c) “Nossa carência nos empurra na direção dos outros”.

d) “a gente se sente em relação”.

e) “Isso nos solta das garras do rancor”.

Letra e.

O gabarito é a letra “e”, mas a questão deveria ser anulada! É uma questão impor­

tante para conhecermos o perfil da AOCP. Nas letras “a”, “b”, “c” e “d”, garantida­

mente, o pronome oblíquo pode passar à posição enclítica. Na “e”, uma polêmica:

outrora, os gramáticos consideravam o pronome demonstrativo como fator de atra­

ção, mas hoje a regra dominante diz o contrário!

6. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) No trecho “e

que parece tê-lo trocado por uma vida melhor”, o pronome em destaque desempe­

nha a função sintática de

a) sujeito.

b) objeto direto.

c) complemento nominal.

d) objeto indireto.

e) vocativo.

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Letra b.

É uma questão acerca da sintaxe de pronomes oblíquos átonos. O pronome está

colocado em uma locução verbal (“ter trocado”). O verbo principal exige comple­

mento direto, exercido pelo pronome.

7. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) No trecho “Hoje

tomei café da manhã num lugar em que Carlos Gardel costumava encontrar seus

parceiros musicais por volta de 1912.”, a expressão em destaque pode ser substi­

tuída, sem prejuízo semântico, pelo pronome relativo

a) cujo.

b) onde.

c) aonde.

d) na qual.

e) quando.

Letra b.

A substituição por onde é adequada por duas razões: há a preposição “em” e uma

referência a “lugar”.

8. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) Em “Não se

sabe se o sujeito está fazendo ironia”, os termos em destaque são classificados,

pela regra gramatical, respectivamente, como

a) índice de indeterminação do sujeito e conjunção condicional.

b) partícula apassivadora e conjunção integrante.

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c) partícula apassivadora e conjunção condicional.

d) pronome reflexivo e conjunção temporal.

e) índice de indeterminação do sujeito e partícula de realce.

Letra b.

Primeiramente, note que, morfologicamente, o primeiro “se” é um pronome, ao

passo que o segundo é uma conjunção. O primeiro tem a função de apassivar a

sentença (partícula apassivadora). A segunda é uma conjunção integrante que in­

troduz a oração subordinada substantiva subjetiva (e não objetiva direta, ok?).

9. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/ANALISTA) No trecho “ele

tem algum sentimento generoso em relação à ex-amante”, o uso da crase justifica-se

a) por a palavra “relação” sempre vir sucedida do acento grave.

b) por ser facultativo, ou seja, trata-se de uma escolha do escritor.

c) pelo prefixo “ex”, que começa com vogal.

d) por ser a junção da preposição “a” com o pronome oblíquo “a”.

e) pela regência do termo “relação”, que exige a preposição “a”, somada ao artigo

definido feminino “a” que acompanha o substantivo.

Letra e.

O substantivo “relação” exige a presença da preposição “a” (é o termo regente).

“Ex-amante”, por seu turno, admite a ocorrência do artigo definido feminino singular.

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10. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/TÉCNICO EM ELETROME­

CÂNICA)

A arte perdida de ler um texto até o fim

A internet é um banquete de informações,

mas só aguentamos as primeiras garfadas

Danilo Venticinque

Abandonar um texto logo nas primeiras linhas é um direito inalienável de qualquer

leitor. Talvez você nem esteja lendo esta linha: ao ver que a primeira frase deste

texto era uma obviedade, nada mais natural do que clicar em outra aba do nave­

gador e conferir a tabela da copa. Ou talvez você tenha perseverado e seguido até

aqui. Mesmo assim eu não comemoraria. É muito provável que você desista agora.

A passagem para o segundo parágrafo é o que separa os fortes dos fracos.

A internet é um enorme banquete de informações, mas estamos todos fartos. Não

aguentamos mais do que as duas ou três primeiras garfadas de cada prato. Ler

um texto até as últimas linhas é uma arte perdida. No passado, quem desejasse

esconder um segredo num texto precisava criar códigos sofisticados de linguagem

para que só os iniciados decifrassem o enigma. Hoje a vida ficou mais fácil. Quer

preservar um segredo? Esconda-o na última frase de um texto – esse território sel­

vagem, raramente explorado.

Lembro-me que, no Enem do ano retrasado, um aluno escreveu um trecho do hino

de seu time favorito no meio da redação. Tirou a nota 500 (de 1000), foi descober­

to pela imprensa e virou motivo de chacota nacional. Era um mau aluno, claro. Se

fosse mais estudioso, teria aprendido que o fim da redação é o melhor lugar para

escrever impunemente uma frase de um hino de futebol. Se fizesse isso, provavel­

mente tiraria a nota máxima e jamais seria descoberto.

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Agora que perdi a atenção da enorme maioria dos leitores à exceção de amigos

muito próximos e parentes de primeiro grau, posso ir direto ao que interessa. Quem

acompanhou as redes sociais na semana passada deve ter notado uma enorme con­

fusão causada pelo hábito de abandonar um texto antes do fim. Resumindo a his­

tória: um jornalista publicou uma coluna em que narrava uma longa entrevista com

Felipão num avião. A notícia repercutiu e virou manchete em outros sites, até que

alguém notou que o entrevistado não era Felipão, mas sim um sósia dele. Os sites di­

vulgaram erratas e a história virou piada. No meio de todo o barulho, porém, alguns

abnegados decidiram ler o texto com atenção até o fim. Encontraram lá um parágra­

fo enigmático. Ao final da entrevista, o suposto Felipão entregava ao jornalista um

cartão de visitas. No cartão estavam os dizeres “Vladimir Palomo – Sósia de Felipão

– Eventos”. A multidão que ria do engano do jornalista o fazia sem ler esse trecho.

Teria sido tudo uma sacada genial do jornalista, que conseguiu pregar uma peça

em seus colegas e em milhares de leitores que não leram seu texto até o fim? Esta­

ria ele rindo sozinho, em silêncio, de todos aqueles que não entenderam sua piada?

A explicação, infelizmente, era mais simples. Numa entrevista, o jornalista confir­

mou que acreditava mesmo ter entrevistado o verdadeiro Felipão, e que o cartão

de visitas do sósia tinha sido apenas uma brincadeira do original.

A polêmica estava resolvida. Mas, se eu pudesse escolher, preferiria não ler essa

história até o fim. Inventaria outro desenlace para ela. Trocaria o inexplicável mal­

-entendido da realidade por uma ficção em que um autor maquiavélico consegue

enganar uma multidão de leitores desatentos. Ou por outra ficção, ainda mais in­

sólita, em que o texto revelava que o entrevistado era um sósia, mas o autor não

saberia disso porque não teria lido a própria obra até o final. Seria um obituário

perfeito para a leitura em tempos de déficit de atenção.

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Se você chegou ao último parágrafo deste texto, você é uma aberração estatística.

Estudos sobre hábitos de leitura demonstram claramente que até meus pais teriam

desistido de ler há pelo menos dois parágrafos. Estamos sozinhos agora, eu e você.

Talvez você se considere um ser fora de moda. Na era de distração generalizada,

é preciso ser um pouco antiquado para perseverar na leitura. Imagino que você já

tenha pensado em desistir desse estranho hábito e começar a ler apenas as pri­

meiras linhas, como fazem as pessoas ao seu redor. O tempo economizado seria

devidamente investido em atividades mais saudáveis, como o Facebook ou games

para celular. Aproveito estas últimas linhas, que só você está lendo, para tentar te

convencer do contrário. Esqueça a modernidade. Quando o assunto é leitura, não

há nada melhor do que estar fora de moda. A história está repleta de textos cheios

de sabedoria, que merecem ser lidos do começo ao fim. Este, evidentemente, não

é um deles. Mas seu esforço um dia será recompensado. Não desanime, leitor. As

tuas glórias vêm do passado.

(http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/06/arte-perdida-de-
-bler-um-texto-ateo-fimb.html)

No trecho “um jornalista publicou uma coluna em que narrava uma longa entrevista

com Felipão num avião.”, o termo em destaque pode ser substituído, sem mudança

do sentido, por

a) da qual.

b) na qual.

c) onde.

d) de quem.

e) pela qual.

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Letra b.

O pronome relativo “em que” foi usado para retomar “coluna”, que é feminino e

singular. Além disso, a substituição por “na qual” mantém a mesma preposição ori­

ginalmente empregada.

11. (2016/AOCP/SERCOMTEL S.A TELECOMUNICAÇÕES/TÉCNICO EM ELETROME­

CÂNICA) No período “...para que só os iniciados decifrassem o enigma.”, caso o

autor tivesse optado por utilizar a voz passiva, a forma resultante seria

a) fosse decifrado.

b) tem sido decifrado.

c) é decifrado.

d) tinha sido decifrado.

e) era decifrado.

Letra a.

Primeiramente, é preciso identificar o objeto direto da oração original, que é “o

enigma”. Ele será transformado em sujeito paciente. Na voz passiva sintética, é

necessário empregar a locução verbal SER + Particípio. Por fim, é preciso manter o

mesmo tempo e modo verbal.

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12. (2016/AOCP/PREFEITURA DE VALENÇA-BA/TÉCNICO AMBIENTAL/BIOLOGIA)

A felicidade é deprimente

Contardo Calligaris

É possível que a depressão seja o mal da nossa época.

Ela já foi imensamente popular no passado. Por exemplo, os românticos (sobretudo

os artistas) achavam que ser langoroso e triste talvez fosse o único jeito autêntico

de ser fascinante e profundo.

Em 1859, Baudelaire escrevia à sua mãe: “O que sinto é um imenso desânimo,

uma sensação de isolamento insuportável, o medo constante de um vago infortú­

nio, uma desconfiança completa de minhas próprias forças, uma ausência total de

desejos, uma impossibilidade de encontrar uma diversão qualquer”.

Agora, Baudelaire poderia procurar alívio nas drogas, mas ele e seus contemporâ­

neos não teriam trocado sua infelicidade pelo sorriso estereotipado das nossas fo­

tos das férias. Para um romântico, a felicidade contente era quase sempre a marca

de um espírito simplório e desinteressante.

Enfim, diferente dos românticos, o deprimido contemporâneo não curte sua fos­

sa: ao contrário, ele quer se desfazer desse afeto, que não lhe parece ter um

grande charme.

Alguns suspeitam que a depressão contemporânea seja uma invenção. Uma vez

achado um remédio possível, sempre é preciso propagandear o transtorno que o

tal remédio poderia curar. Nessa ótica, a depressão é um mercado maravilhoso,

pois o transtorno é fácil de ser confundido com estados de espírito muito comuns:

a simples tristeza, o sentimento de inadequação, um luto que dura um pouco mais

do que desejaríamos etc.

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De qualquer forma, o extraordinário sucesso da depressão e dos antidepressivos

não existiria se nossa cultura não atribuísse um valor especial à felicidade (da qual

a depressão nos privaria). Ou seja, ficamos tristes de estarmos tristes porque gos­

taríamos muito de sermos felizes.

Coexistem, na nossa época, dois fenômenos aparentemente contraditórios: a de­

pressão e a valorização da felicidade. Será que nossa tristeza, então, não poderia

ser um efeito do valor excessivo que atribuímos à felicidade? Quem sabe a tristeza

contemporânea seja uma espécie de decepção.

Em agosto de 2011, I. B. Mauss e outros publicaram em “Emotion” uma pesqui­

sa com o título: “Será que a procura da felicidade faz as pessoas infelizes?”. Eles

recorreram a uma medida da valorização da felicidade pelos indivíduos e, em pes­

quisas com duas amostras de mulheres (uma que valorizava mais a felicidade e

a outra, menos), comprovaram o óbvio: sobretudo em situações positivas (por

exemplo, diante de boas notícias), as pessoas que perseguem a felicidade ficam

sempre particularmente decepcionadas.

Numa das pesquisas, eles induziram a valorização da felicidade: manipularam uma

das amostras propondo a leitura de um falso artigo de jornal anunciando que a

felicidade cura o câncer, faz viver mais tempo, aumenta a potência sexual – em

suma, todas as trivialidades nunca comprovadas, mas que povoam as páginas da

grande imprensa.

Depois disso, diante de boas notícias, as mulheres que tinham lido o artigo ficaram

bem menos felizes do que as que não tinham sido induzidas a valorizar especial­

mente a felicidade.

Conclusão: na população em geral, a valorização cultural da felicidade pode ser

contraprodutiva.

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Mais recentemente, duas pesquisas foram muito além e mostraram que a valori­

zação da felicidade pode ser causa de verdadeiros transtornos. A primeira, de B.

Q. Ford e outros, no “Journal of Social and Clinical Psychology”, descobriu que a

procura desesperada da felicidade constitui um fator de risco para sintomas e diag­

nósticos de depressão.

A pesquisa conclui que o valor cultural atribuído à felicidade leva a consequências

sérias em saúde mental. Uma grande valorização da felicidade, no contexto do Oci­

dente, é um componente da depressão. E uma intervenção cognitiva que diminua

o valor atribuído à felicidade poderia melhorar o desfecho de uma depressão. Ou

seja, o que escrevo regularmente contra o ideal de felicidade talvez melhore o hu­

mor de alguém. Fico feliz.

Enfim, em 2015, uma pesquisa de Ford, Mauss e Gruber, em “Emotion”, mostra que

a valorização da felicidade é relacionada ao risco e ao diagnóstico de transtorno

bipolar. Conclusão: cuidado, nossos ideais emocionais (tipo: o ideal de sermos feli­

zes) têm uma função crítica na nossa saúde mental.

Como escreveu o grande John Stuart Mill, em 1873: Só são felizes os que perse­

guem outra coisa do que sua própria felicidade.

(Adaptado de: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2015/10/1699663-a-fe-


licidade-edeprimente.shtml. Acesso em 10 de março de 2016.)

Considerando o período “as pessoas que perseguem a felicidade ficam sempre par­

ticularmente decepcionadas”, em qual das sentenças a seguir identifica-se subli­

nhado um termo que apresenta a mesma função do termo destacado?

a) “Alguns suspeitam que a depressão contemporânea seja uma invenção.”

b) “[...] as mulheres que tinham lido o artigo ficaram bem menos felizes [...]”

c) “[...] duas pesquisas foram muito além e mostraram que a valorização da feli­

cidade pode ser causa de verdadeiros transtornos.”

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d) “A pesquisa conclui que o valor cultural atribuído à felicidade leva a consequên­

cias sérias em saúde mental.”

e) “[...] em 2015, uma pesquisa de Ford, Mauss e Gruber, em ‘Emotion’, mostra

que a valorização da felicidade é relacionada ao risco e ao diagnóstico de transtorno

bipolar.”

Letra b.

Tanto o “que” destacado no enunciado quanto o que está na letra “b” são pronomes

relativos. Nas demais opções, são conjunções integrantes.

13. (2015/AOCP/FUNDASUS/AUXILIAR DE BIBLIOTECA)

Mulheres cuidam mais da saúde do que homens

Segundo pesquisa, 71,2% dos entrevistados pelo IBGE haviam se consultado com

um médico pelo menos uma vez no último ano. Entre elas, o índice foi de 78%

- contra 63,9% deles. As mulheres brasileiras vão mais ao médico do que os ho­

mens. É o que mostra uma pesquisa divulgada nesta terça-feira, realizada em con­

junto entre o Ministério da Saúde e o IBGE. A publicação revelou que 71,2% dos

entrevistados haviam se consultado pelo menos uma vez nos 12 meses anteriores

à entrevista. Entre as mulheres, o índice foi de 78%, contra 63,9% dos homens.

Elas também são mais aplicadas nos cuidados com os dentes: 47,3% das brasilei­

ras disseram terem ido ao dentista uma vez nos 12 meses anteriores, ante 41,3%

dos homens. A diferença também aparece na questão da higiene bucal: 91,5% do

público feminino pesquisado respondeu que escova os dentes duas vezes ao dia, ao

passo que a taxa foi de 86,5% no masculino.

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A pesquisa também investigou o atendimento nos serviços de saúde, público e

privado. De acordo com os resultados, 71% da população brasileira procura esta­

belecimentos públicos de saúde para atendimento. Destes, 47,9% afirmaram que

utilizam as Unidades Básicas de Saúde como principal porta de entrada para aten­

dimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

Além disso, o levantamento mostrou ainda que os serviços públicos mais procura­

dos depois das Unidades Básicas de Saúde são os de emergência, como as Unida­

des de Pronto Atendimento Público - com 11,3% da população - e hospitais e servi­

ços especializados como ambulatórios, com 10,1% da população. Já os consultórios

e clínicas particulares atraem 20,6% dos brasileiros e as emergências privadas são

procuradas por 4,9% deles.

A Pesquisa Nacional de Saúde coletou informações em 64 000 residências brasilei­

ras em 1 600 municípios entre agosto de 2013 e fevereiro de 2014.

(Com Estadão Conteúdo/Adaptado de: <http://veja.abril.com.br/noticia/ saude/mulheres-cui-


dam-mais-da-saude-do-que-homens> Acesso em 06 jun. 2015.)

No excerto “[...] 71,2% dos entrevistados haviam se consultado pelo menos uma

vez nos 12 meses anteriores à entrevista [...]”, o acento grave foi utilizado

a) inadequadamente, pois a palavra “anteriores” está no plural.

b) para indicar a contração da preposição “a” com o artigo “a”.

c) para mostrar que o “a” é uma palavra tônica.

d) inadequadamente, pois o correto seria “ao”.

e) para indicar que a palavra tem timbre aberto.

Letra b.

O adjetivo “anteriores” exige a presença da preposição “a”, ao passo que “entrevis­

ta” aceita o artigo definido feminino singular.

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14. (2015AOCP/FUNDASUS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)

Os seis alimentos anticâncer que não podem faltar no seu cardápio

Novo livro ensina a transformar a alimentação em uma

grande aliada na prevenção ao câncer

Nos últimos anos, diversas pesquisas mostraram que uma alimentação equilibra­

da influencia na qualidade de vida. Alguns desses estudos focam, sobretudo, nos

benefícios de determinados alimentos para a prevenção contra o câncer, uma das

doenças que mais matam no Brasil e no mundo, principalmente o câncer de mama,

próstata e pulmão. Diz o médico Paulo Hoff, chefe da oncologia do Hospital Sírio­

-Libanês, em São Paulo. “Sabemos por análises retrospectivas que determinados

alimentos, sobretudo as frutas e verduras, quando consumidos regularmente, po­

dem ter um efeito protetor”.

O recém-lançado livro A Dieta Anticâncer – Prevenir é o melhor Remédio (tradução

Téo Lorent; Escrituras Médicas, 200 páginas, 34,90 reais), escrito pela farmacêuti­

ca espanhola María Tránsito López, funciona como um guia de saúde, apresentando

dezenas de alimentos que podem ser grandes aliados na prevenção contra o cân­

cer. Todos os alimentos podem ser facilmente introduzidos ao cardápio diário.

O livro também orienta sobre o preparo dos alimentos e a quantidade consumida.

Estima-se, por exemplo, que pessoas com 13 quilos a mais passam a ter mais pre­

disposição ao câncer, principalmente o de mama e de útero. Isso porque o excesso

de tecido adiposo pode alterar os níveis de hormônios sexuais, desencadeando,

portanto, o surgimento das doenças.

Mas atenção: frente a qualquer suspeita da doença, é fundamental ter a orientação

médica. Algumas substâncias anticâncer podem fazer mal em determinadas situ­

ações. Tome-se como exemplo, o chá verde. A bebida é um potente antioxidante,

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mecanismo associado ao câncer. No entanto, ela é contraindicada para grávidas e

pessoas com problemas de epilepsia, úlcera gastroduodenal, insônia e alterações

cardiovasculares graves.

1. Tomate

Rico em licopeno, a substância responsável pela sua cor avermelhada, o tomate

tem intenso efeito contra o câncer, inibindo a proliferação das células cancerígenas.

Estudos mostraram que o consumo frequente de tomate – fresco ou cozido – é um

grande aliado, sobretudo, contra o câncer de próstata. Isso ocorre porque o licope­

no protege as células da próstata contra oxidação e o crescimento anormal – duas

características dos tumores malignos.

2. Alho

Estudos científicos mostraram que o consumo de alho pode reduzir o risco de de­

senvolver alguns tipos de câncer, como o de mama e o gástrico. Seus compostos

fitoquímicos são capazes de induzir a morte das células cancerígenas por meio de

um processo de apoptose – elas se suicidam – e, dessa forma, evitam a formação

de um tumor.

3. Couve

A família das crucíferas (couve-flor, couve-manteiga, brócolis, repolho...) é uma

das mais conhecidas pelo seu potencial quimiopreventivo. Diversas pesquisas mos­

tram que esses vegetais podem prevenir contra vários tipos de tumores, como de

pulmão, de mama, de bexiga, de próstata e do aparelho digestivo. O fato é que

a família das crucíferas tem alta concentração de glucosinalatos, compostos que,

ao se romperem, dão lugar a isotiocianatos e indóis – nutrientes com propriedade

protetora contra tumores.

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4. Vitamina C

Presente em frutas, como laranja e limão, a vitamina c pode ser usada entre as

pessoas que já sofreram da doença e estão seguindo algum tipo de tratamento

contra ela. Além disso, estudos indicam que a vitamina c também ajuda na hora da

prevenção. Seu efeito antioxidante bloqueia a ação dos radicais livres, além de inibir

a formação de nitrosaminas – substâncias cancerígenas. “Esses alimentos podem

proteger o organismo contra substâncias potencialmente tóxicas”, diz Paulo Hoff.

5. Chá verde

A grande quantidade de catequina, um fitonutriente do chá, proporciona grande

atividade antioxidante e ativadora do metabolismo. A catequina também apresenta

atividade anti-inflamatória e induz a morte de células cancerígenas. O ideal é que

seja consumida uma xícara por dia na forma de infusão. Mas atenção: o chá verde

é contraindicado para grávidas e pessoas com problemas de epilepsia, úlcera gas­

troduodenal, insônia e alterações cardiovasculares graves.

6. Uva

Para se proteger das agressões externas, as uvas produzem uma substância cha­

mada resveratrol, encontrada em suas sementes e pele. Pesquisas mostram que

esse composto tem propriedade antinutagênica, por isso previne contra o início

do processo canceroso. É por esse motivo que o vinho tinto também se torna

um aliado. O consumo, porém, dever ser moderado. A Organização Mundial da

Saúde recomenda não mais do que uma taça para as mulheres e duas para os

homens, diariamente.

(Adaptado de:<http://veja.abril.com.br/noticia/saudades/os-seis-alimentos-anticancer-que-não-
-podem-faltar-noseu-cardapio> Acesso em 06 jun. 2015)

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No excerto “Estima-se, por exemplo, que pessoas com 13 quilos a mais passam a ter

mais predisposição ao câncer, principalmente o de mama e de útero.”, se a palavra

câncer fosse substituída por uma palavra feminina, o termo em destaque deveria

a) ser grafado também no feminino, recebendo o acento grave: “à”.

b) ser grafado também no feminino, no entanto, sem receber o acento grave: “a”.

c) continuar sendo grafado no masculino: “ao”.

d) ser substituído pela preposição “em”.

e) ser substituído pela preposição “com”.

Letra a.

A ocorrência de “ao” se deve ao fato de que “predisposição” exige a preposição “a”,

ao passo que “câncer” aceita artigo masculino definido singular. Com a troca por

uma palavra feminina, naturalmente haveria a mudança do artigo, o que resultaria

em emprego do acento grave.

15. (2015/AOCP/FUNDASUS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)

No trecho “[...] elas se suicidam [...]”, a palavra em destaque é

a) uma partícula apassivadora.

b) uma parte integrante do verbo

c) um pronome pessoal recíproco.

d) um índice de indeterminação do sujeito.

e) um pronome de realce.

Letra b.

Cuidado! Falamos acerca desse “se” ao longo do estudo teórico. O verbo suicidar-se

é essencialmente pronominal.

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16. (2015/AOCP/FUNDASUS/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) No trecho “[...]

apresentando dezenas de alimentos que podem ser grandes aliados na prevenção

contra o câncer [...]”, o termo em destaque é

a) uma conjunção integrante.

b) um pronome demonstrativo.

c) um pronome interrogativo.

d) uma conjunção explicativa.

e) um pronome relativo.

Letra e.

O vocábulo “que” é um pronome relativo responsável por retomar “alimentos” e por

introduzir uma oração subordinada adjetiva restritiva.

17. (2015/AOCP/FUNDASUS/JORNALISTA) Observe o excerto: “Entre os fatores

ligados à relação do aluno com a instituição e com os colegas, gostar de ir à escola

(...)” e assinale a alternativa correta com relação ao emprego do acento utilizado

nos termos destacados.

a) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a supressão do advérbio “a”

com o pronome feminino “a” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

b) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a nasalidade da vogal “a”

que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

c) Trata-se do acento circunflexo, empregado para assinalar a vogal aberta “a” que

acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

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d) Trata-se do acento agudo, empregado para indicar a supressão da preposição

“a” com o artigo feminino “a” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

e) Trata-se do acento grave, empregado para indicar a junção da preposição “a”

com o artigo feminino “a” que acompanha os substantivos “relação” e “escola”.

Letra e.

É impressionante que uma questão assim tenha aparecido em uma prova de nível

superior! Nos dois casos, há termos que exigem a presença da preposição “a” e

substantivos que admitem artigos.

18. (2015/AOCP/TRE-ACP/ANALISTA JUDICIÁRIO) Leia o texto e responda a questão

DIREITO DO IDOSO

Hoje, o envelhecimento se encontra na ordem do dia. Os mais importantes veícu­

los de comunicação dão destaque a esse fenômeno, abordando as suas causas e

consequências. O envelhecimento populacional, portanto, transformou-se em uma

questão social relevante, uma vez que impacta marcantemente nos destinos da

própria sociedade. Isso tanto é verdade que há estudiosos falando em uma revo­

lução dos idosos. E não é para menos. Mais de dois bilhões de pessoas terão mais

de sessenta anos até 2050, o que representará um contingente expressivo, consi­

derando a população total do planeta.

Ora, se um contingente tão grande de pessoas passa a ter uma idade a partir da

qual é caracterizada como idosa, isso significa que direitos específicos desse con­

tingente populacional precisam ser garantidos.

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É preciso destacar que o Estado brasileiro não se preparou para o impacto que o

envelhecimento populacional acarretou nos sistemas previdenciário e de saúde, por

exemplo. Não houve planejamento, de modo que o sistema previdenciário, uma

espécie de seguro para garantir dignidade ao ser humano na velhice, corre riscos

de continuidade, mantidos os parâmetros atuais. Da mesma forma, o sistema de

saúde apresenta uma dinâmica incapaz de atender às demandas dos idosos, os

quais são os principais clientes desse sistema, porquanto mais vulneráveis a do­

enças, inclusive algumas próprias dessa fase da vida, como câncer, hipertensão,

osteoporose, demência, para só citar algumas.

Portanto, o impacto que as pessoas que acumulam muitos anos provocam na socie­

dade, considerando apenas esses dois sistemas, e a necessidade de que os direitos

fundamentais desse segmento populacional sejam efetivamente garantidos, já se

revela suficiente para que se perceba a importância da disciplina Direito do Idoso.

Vale destacar que o envelhecimento não é um fenômeno estático. Na medida em

que as condições sociais e econômicas melhoram, as pessoas têm oportunidade de

viver mais. Caso se associem a esses elementos os avanços da tecnologia médica

em todas as suas dimensões, a expectativa de vida pode realmente surpreender.

É a vitória da vida.

Sendo, portanto, o envelhecimento a oportunidade de uma vida mais longa, pode

ser traduzido como o próprio direito de existir, na medida em que viver é ter opor­

tunidade de envelhecer. Ora, se é assim, o envelhecimento é um direito e, mais do

que isso, é um direito fundamental, na medida em que se traduz no direito à vida

com dignidade, o que quer dizer que as pessoas não perdem direitos na medida em

que envelhecem. Pelo contrário, demandam mais direitos para que possam usufruir

plenamente o direito à liberdade em todos os aspectos, patrimônio do qual nenhum

ser humano pode abdicar.

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Apesar de a expectativa de vida no Brasil vir aumentando ano após ano, ainda não

estão sendo oferecidas condições de vida adequadas para os velhos. O processo de

envelhecimento no país apresenta nuances artificiais, na medida em que as pesso­

as têm suas vidas alongadas mais pela universalização da tecnologia médica {no­

tadamente do sistema de vacinação, que abortou mortes prematuras causadas por

doenças endêmicas) do que propriamente pela experimentação de padrões sociais

e econômicos de excelência, a exemplo dos países desenvolvidos.

Portanto, a ausência de serviços e ações específicas e necessárias para a garantia

dos direitos das pessoas idosas contribui para o descrédito da efetividade dos seus

direitos, os quais estão declarados de forma direta ou indireta, em convenções,

acordos e tratados internacionais, além das previsões constitucionais e legais em

relação a esse segmento, destacando-se o Estatuto do Idoso {Lei n. 10.741/03)

[...].

Sendo assim, a garantia dos direitos dos idosos no Brasil depende de uma profunda

compreensão das causas e consequências do processo de envelhecimento popu­

lacional, do papel que deve ser reservado aos velhos em uma sociedade tecnoló­

gica, da necessidade de garantir-lhes todos os direitos fundamentais inerentes à

condição humana, destacando-se a necessidade de desenvolver esforços para que

tenham autonomia o máximo de tempo possível, do enfrentamento de todas as

formas de violência, por meio da construção de uma rede de proteção e defesa dos

direitos desse contingente populacional. REFERÊNCIA: Adaptado de RAMOS, Paulo

Roberto Barbosa. Direito do idoso. Jornal Estado do Direito. 42a. ed. Porto Alegre, 3

set. 2014. Disponível em: www.estadodedireito.com.br. Acessado em: 27/06/2015.

Em “O envelhecimento populacional, portanto, transformou-se em uma questão

social relevante, uma vez que impacta marcantemente nos destinos da própria so­

ciedade”, o “se” em destaque

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a) poderia ser substituído pelo pronome “lhe”.

b) poderia ser retirado, sem que houvesse qualquer prejuízo sintático-semântico

ao período.

c) encontra-se em posição enclítica com relação à colocação pronominal.

d) exerce função sintática de sujeito por ser pronome reflexivo.

e) funciona como índice de indeterminação do sujeito.

Letra c.

É claro que, se o pronome oblíquo está posposto ao verbo, ele se encontra em po­

sição de ênclise.

19. (2015/AOCP/TRE-AC/ANALISTA JUDICIÁRIO) Em “Portanto, o impacto que as

pessoas que acumulam muitos anos provocam na sociedade, considerando apenas

esses dois sistemas[...]”, o “que” em destaque exerce a mesma função do “que” em

a) “[...] o envelhecimento é um direito e, mais do que isso, é um direito funda­

mental.”.

b) “[...] isso significa que direitos específicos desse contingente populacional pre­

cisam ser garantidos.”.

c) “ É preciso destacar que o Estado brasileiro não se preparou para o impacto [..]”.

d) “[...] depende de uma profunda compreensão das causas e consequências do

processo de envelhecimento populacional, do papel que deve ser reservado aos

velhos.”.

e) “[...] já se revela suficiente para que se perceba a importância da disciplina Di­

reito do idoso.”.

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Letra d.

Trata-se de duas ocorrências de pronome relativo. Nas letras “b” e “c”, são con­

junções integrantes. Na “a”, conjunção comparativa. Na “e”, integra uma locução

conjuntiva final.

20. (2015/AOCP/TRE-AC/TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO) Leia o texto e responda

a questão que se segue.

Exemplo de cidadania: eleitores acima de 70 anos fazem questão de votar Elei­

tores com mais de 70 anos foram, espontaneamente, às urnas para ajudar a esco­

lher seus representantes

Luh Coelho

Exemplo de cidadania é o caso de pessoas como o aposentado Irineu Montanaro,

de 75 anos. Ele diz que vota desde os 18, quando ainda era jovem e morava em

Minas Gerais, sua terra natal, e que, mesmo sem a obrigatoriedade do voto, vai até

as urnas em todas as eleições. “É uma maneira de expressar a vontade que a gente

tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”, diz.

Eles questionam a falta de propostas específicas de todos os candidatos para pes­

soas da terceira idade e acreditam que um voto consciente agora pode influenciar

futuramente na vida de seus filhos e netos.

O idoso afirma que sempre incentivou sua família a votar. E o maior exemplo vinha

de dentro da própria casa. Mesmo que nenhum de seus familiares tenha se aventu­

rado na vida política, todos de sua prole veem na vida pública uma forma de mudar

os rumos do país.

(Fonte: http://www.vilhenanoticias.com.br/materias/news popljp. php?id”16273. Texto adaptado.)

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Assinale a alternativa cujo “que’’ em destaque funciona como pronome relativo.

a) “É uma maneira de expressar a vontade que a gente tem. Acho que um voto

pode fazer a diferença”.

b) “Ele diz que vota desde os 18...”.

c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.

d) “...e acreditam que um voto consciente agora pode influenciar futuramente na

vida de seus filhos e netos”.

e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a votar”.

Letra a.

Basta trocar “que” por a qual. Nas demais alternativas, são conjunções integrantes.

21. (2015/AOCP/TRE-AC/TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO) Em “Eleitores com mais

de 70 anos foram, espontaneamente, às urnas para ajudar a escolher seus repre­

sentantes”, a crase

a) foi empregada para atender à regência do verbo “ir”, o qual tem como comple­

mento uma palavra pertencente ao gênero feminino.

b) foi empregada para atender à regência de “espontaneamente”, que tem como

complemento nominal uma palavra do gênero feminino.

c) foi empregada para atender à regência do verbo posposto “ajudar”.

d) foi empregada inadequadamente.

e) é facultativa.

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Letra a.
O verbo “foram” (conjugação de ir) exige a presença da preposição “a”, ao passo
que “urnas” admite a existência de artigo definido feminino no plural.

22. (2014/AOCP/EBSERH/MÉDICO NUTROLOGISTA)

A ciência e o vazio espiritual


Marcelo Gleiser

Alguns anos atrás, fui convidado para dar uma entrevista ao vivo para uma rádio AM
de Brasília. A entrevista foi marcada na estação rodoviária, bem na hora do rush,
quando trabalhadores mais humildes estão voltando para suas casas na periferia. A
ideia era que as pessoas dessem uma parada e ouvissem o que eu dizia, possivel­
mente fazendo perguntas. O entrevistador queria que falasse sobre a ciência do fim
do mundo, dado que havia apenas publicado meu livro “O Fim da Terra e do Céu”.
O fim do mundo visto pela ciência pode ser abordado de várias formas, desde as
mais locais, como no furacão que causou verdadeira devastação nas Filipinas, até
as mais abstratas, como na especulação do futuro do universo como um todo.
O foco da entrevista eram cataclismos celestes e como inspiraram (e inspiram)
tanto narrativas religiosas quanto científicas. Por exemplo, no antigo testamento,
no Livro de Daniel ou na história de Sodoma e Gomorra, e no novo, no Apocalip­
se de João, em que estrelas caem dos céus (chuva de meteoros), o Sol fica preto
(eclipse total), rochas incandescentes caem sobre o solo (explosão de meteoro ou
de cometa na atmosfera) etc.
Mencionei como a queda de um asteroide de 10 quilômetros de diâmetro na penín­
sula de Yucatan, no México, iniciou o processo que culminou na extinção dos dinos­
sauros 65 milhões de anos atrás. Enfatizei que o evento mudou a história da vida
na Terra, liberando os mamíferos que então existiam – de porte bem pequeno – da

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pressão de seus predadores reptilianos, e que estamos aqui por isso. O ponto é que
a ciência moderna explica essas transformações na Terra e na história da vida sem
qualquer necessidade de intervenção divina. Os cataclismos que definiram nossa

história são, simplesmente, fenômenos naturais.

Foi então que um homem, ainda cheio de graxa no rosto, de uniforme rasgado, le­

vantou a mão e disse: “Então o doutor quer tirar até Deus da gente?”

Congelei. O desespero na voz do homem era óbvio. Sentiu-se traído pelo conhecimento.

Sua fé era a única coisa a que se apegava, que o levava a retornar todos os dias àquela

estação e trabalhar por um mísero salário mínimo. Como que a ciência poderia ajudá-lo

a lidar com uma vida desprovida da mágica que fé no sobrenatural inspira?

Percebi a enorme distância entre o discurso da ciência e as necessidades da maioria das

pessoas; percebi que para tratar desse vão espiritual, temos que começar bem cedo,

trazendo o encantamento das descobertas científicas para as crianças, transferindo a

paixão que as pessoas devotam à sua fé para um encantamento com o mundo natural.

Temos que ensinar a dimensão espiritual da ciência – não como algo sobrenatural –

mas como uma conexão com algo maior do que somos. Temos que fazer da educação

científica um processo de transformação, e não meramente informativo.

Respondi ao homem, explicando que a ciência não quer tirar Deus das pessoas, mes­

mo que alguns cientistas queiram. Falei da paixão dos cientistas ao devotarem suas

vidas a explorar os mistérios do desconhecido. O homem sorriu; acho que entendeu

que existe algo em comum entre sua fé e a paixão dos cientistas pelo mundo natural.

Após a entrevista, dei uma volta no lago Sul pensando em Einstein, que dizia que a

ciência era a verdadeira religião, uma devoção à natureza alimentada pelo encanta­

mento com o mundo, que nos ensina uma profunda humildade perante sua grandeza.

(Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/11/1372253-a-cien­
cia-e-o-vazio-espiritual.shtml. Acesso 22 nov. 2013.)

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Em “...que o levava a retornar todos os dias àquela estação...”, o emprego do sinal

indicativo de crase ocorre porque se trata de uma expressão de base nominal que

funciona como

a) adjunto adverbial.

b) complemento nominal.

c) adjunto adnominal.

d) objeto indireto.

e) objeto direto.

Letra a.

A formulação da questão poderia ser melhor, mas o trecho “àquela estação” funcio­

na morfologicamente como uma locução adverbial com núcleo feminino. E falamos

sobre as locuções femininas durante a explicação de crase, certo?

23. (2013/AOCP/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/NUTRICIONISTA)

Amores imperfeitos

A pessoa que você mais gosta é cheia de defeitos?

Existe uma explicação

Cristiane Segatto

1.§ Quantos dos seus amigos descrevem o parceiro (ou parceira) de uma forma

estranhamente dúbia? A pessoa é o amor da vida dele e, ao mesmo, o ser que mais

o incomoda. É uma reclamação tão corriqueira que começo a achar que estranha é

a minoria que parece satisfeita com o que tem em casa.

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2.§ Tolerar os defeitos do companheiro e entender que, ao firmar uma parceria,

compramos um pacote completo (com tudo o que há de agradável e desagradável)

parece, cada vez mais, uma esquisita característica de uma subespécie em extinção.

3.§ O grupo majoritário parece ser o dos apaixonados intolerantes.

4.§ Há quem se dedique a tentar entendê-los. Li nesta semana uma reportagem in­

teressante sobre isso. Foi publicada na revista Scientific American Mind. É baseada

no livro Annoying: The Science of What Bugs Us (algo como Irritante: a ciência do

que nos incomoda), dos jornalistas Joe Palca e Flora Lichtman.

5.§ Uma das pesquisadoras citadas é a socióloga Diane Felmlee, da Universidade

da Califórnia. Ela conta a história de uma amiga que vivia reclamando que o mari­

do trabalhava demais. Diane pediu que a mulher se lembrasse das qualidades que

enxergava nele quando o conheceu na universidade. A resposta foi sensacional: “A

primeira coisa que chamou minha atenção foi o fato de que ele era incrivelmente

trabalhador. Logo percebi que se tornaria um dos melhores alunos da classe”

6.§ Não é curioso? Por alguma razão, uma característica que é vista como uma

qualidade no início do relacionamento se torna, com o passar do tempo, um defei­

to. Exemplos disso estão por toda parte. No início do namoro, o cara parece muito

atraente porque é desencanado, tranquilão. Não perde a chance de passar o dia

de bermuda e chinelo, ouvindo música e bebendo com a namorada e os amigos.

Quatro anos depois passa a ser visto pela amada como um sujeito preguiçoso, aco­

modado, que não tem objetivos claros na vida e veio ao mundo a passeio.

7.§ Em outra ocasião, a socióloga Diane perguntou a um garoto por que ele gostava

da última namorada. A resposta foi uma lista de várias partes do corpo da moça -

incluindo as mais íntimas. Quando a professora perguntou por que o relacionamen­

to havia acabado, a justificativa foi: “Era uma relação baseada somente no desejo.

Não havia amor suficiente.”

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8.§ Uma aluna disse que se sentiu atraída pelo ex porque ele tinha um incrível sen­

so de humor. Algum tempo depois, passou a reclamar que “ele não levava nada a

sério”. Nesse caso, também, o que era qualidade virou defeito. Deve haver alguma

explicação para isso. Nas últimas décadas, Diane vem realizando estudos com ca­

sais para tentar entender o fenômeno que ela chama de atrações fatais.

9.§ Ela observou que quanto mais acentuada é a qualidade reconhecida pelo par­

ceiro no início da relação, mais incômoda ela se torna ao longo dos anos. Até virar

um traço insuportável.

10.§ Diane acredita que a explicação está relacionada à teoria da troca social. Essa

teoria parte do pressuposto de que as relações humanas são baseadas na escolha

racional e na análise de custo-benefício. Se os custos de um dos parceiros superam

seus benefícios, a outra parte pode vir a abandonar a relação, especialmente se

houver boas alternativas disponíveis. “Traços extremos trazem recompensas, mas

também têm custos associados a eles, principalmente numa relação”.

11.§ Um exemplo é a independência. Ela pode ser muito valorizada numa relação.

Um marido independente é capaz de cuidar de si próprio. Mas se ele for indepen­

dente demais, pode significar que não precisa da mulher. Isso acarreta custos para

a relação.

12.§ A receita para evitar que as relações naufraguem é a boa e (cada vez mais)

escassa tolerância. É preciso aprender a relativizar os hábitos irritantes para conti­

nuar convivendo com uma pessoa que tem muitas outras qualidades.

13.§ Ninguém é totalmente desprovido de qualidades e defeitos. Temos os nossos,

aprendemos com eles e com os deles. Além de tolerância, precisamos exercitar a

capacidade de apoiar o parceiro quando as coisas vão mal e de celebrar quando

ele tem alguma razão para isso. Inventar programas novos e interessantes (zelar

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para que isso aconteça com frequência) pode realçar as qualidades de quem você

gosta e amenizar as características e manias irritantes. Irritante por irritante somos

todos. Mas também podemos ser incrivelmente interessantes.

(Adaptado de http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/ cristiane- segatto/noti-


cia/2012/01/amores-imperfeitos.html em 01/12/2012)

Em “Há quem se dedique a tentar entendê-los.” (4.§), o termo destacado refere-se

a) a uma subespécie em extinção

b) ao grupo majoritário dos apaixonados intolerantes.

c) à minoria que parece satisfeita

d) aos defeitos do companheiro

e) aos amigos.

Letra b.

Para entender a referência correta do pronome, é preciso retornar ao parágrafo

anterior. Um detalhe: segundo o terceiro parágrafo, o “grupo majoritário” são os

“apaixonados intolerantes”.

24. (2013/AOCP/PREFEITURA DE PARANAVAÍ-PR/NUTRICIONISTA) Assinale a al­

ternativa em que o termo destacado é um pronome relativo

a) “...pode significar que não precisa da mulher...”

b) “...entender que, ao firmar uma parceria, compramos um pacote completo...”

c) “...para tentar entender o fenômeno que ela chama de atrações fatais.”

d) “Diane pediu que a mulher se lembrasse das qualidades...”

e) “Ela observou que quanto mais acentuada é a qualidade...”

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Letra c.

Troque, na letra C, “que” por os quais. Nas demais alternativas, os termos desta­

cados são pronomes relativos.

25. (2013/AOCP/INES/ASSISTENTE DE ALUNOS)

Monteiro Lobato?

Não com o nosso dinheiro

Leando Narloch

1.§ O movimento negro me odeia. Desde que mostrei, com o livro Guia do Politica­

mente Incorreto da História do Brasil, que Zumbi mantinha escravos no Quilombo

de Palmares, os ativistas das cotas não estão contentes comigo. Do lado de cá, eu

também me irrito com boa parte do que eles defendem. Mas, existe um ponto em

que eu preciso concordar com eles: a polêmica dos livros do Monteiro Lobato.

2.§ Se você acaba de despertar de um coma, o que aconteceu foi que, em 2010, o

Conselho Nacional de Educação decidiu impedir a distribuição do livro Caçadas de

Pedrinho em bibliotecas públicas. Disseram que esse clássico da literatura infantil era

racista por causa de frases como “Tia Anastácia trepou que nem uma macaca de car­

vão” ou “Não vai escapar ninguém, nem Tia Anastácia, que tem carne preta”. Muita

gente esperneou contra a decisão, afirmando que se tratava de um exagero, uma

patrulha ideológica e um ato de censura contra um dos maiores autores brasileiros.

3.§ É verdade que é preciso entender a época de Monteiro Lobato, quando o racis­

mo era regra não só entre brancos, mas mesmo entre africanos. Até Gandhi, o líder

mundial do bom-mocismo, escreveu e repetiu frases igualmente racistas nos 20 e

poucos anos que viveu na África do Sul.

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4.§ A questão, porém, é outra: o governo deve investir em obras que parecem

preconceituosas a parte da população? O Conselho Nacional de Educação não de­

fendeu a proibição dos livros de Monteiro Lobato: foi contra apenas a distribuição

bancada pelo governo. Pois bem: o Ministério da Educação deve gastar seu dispu­

tado dinheiro com esses livros? Eu acredito que não.

5.§ Os negros que pagam impostos e os outros contribuintes que consideram Mon­

teiro Lobato racista não devem ser obrigados a bancar edições do escritor. É mais

ou menos essa a posição do economista Walter Williams, um dos principais intelec­

tuais libertários dos EUA. Defensor da ideia de que o Estado deve se meter o míni­

mo possível na vida, nas escolhas e no bolso das pessoas, esse economista negro

prega a liberdade de se fazer o que quiser desde que isso não implique violência a

terceiros. Se um grupo quiser, por exemplo, criar um clube de tênis só para bran­

cos, ou só para negros, tudo bem – desde que não use verba pública e não tente

proibir manifestações de repúdio. Se tiver verba pública, não pode discriminar.

6.§ Para libertários como Williams, ninguém, nem o governo, tem o direito de

ameaçar ou praticar violência contra indivíduos pacíficos. Não é correto ameaçar

um indivíduo de prisão por sonegação fiscal se ele não topar contribuir com essa

ou aquela prática do governo. Um grupo de políticos que defende uma guerra com

o Iraque não deve obrigar os cidadãos a contribuir para essa guerra. Do mesmo

modo, se uma turma acredita ter uma boa ideia ao criar uma universidade, um

estádio de futebol ou um festival de curtas-metragens, essa ideia deixa de ser boa

quando implica a ameaça contra aqueles que não querem contribuir.

7.§ Nada impede, é claro, que os autores dessas ideias tentem convencer as pes­

soas de que seus projetos merecem contribuições. É o que fazem há séculos as

melhores universidades americanas, as instituições de caridade, alguns tipos de

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fundos de investimento e, há poucos anos, os sites de crowdfunding, o “financia­

mento coletivo”. Nada impede, também, que os admiradores de Monteiro Lobato

se organizem, reúnam doações e publiquem quantas edições quiserem das ótimas

histórias do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

(Revista Superinteressante, edição 312, de dezembro de 2012.)

Leia os fragmentos abaixo, extraídos do texto e alterados quanto à colocação pro­

nominal. Em seguida, assinale a alternativa correta.

I – Defensor da ideia de que o Estado deve meter-se... (5.§)

II – O movimento negro odeia-me. (1.§)

III – Do lado de cá, eu também irrito-me... (1.§)

IV – os admiradores de Monteiro Lobato organizem-se... (7.§)

V – afirmando que tratava-se de um exagero... (2.§)

As colocações corretas são

a) Apenas I, II e IV.

b) Apenas I, IV e V.

c) Apenas II, III e IV.

d) Apenas II, III e V.

e) Apenas III, IV e V.

Letra a.

A I está correta, pois, além de ser locução verbal, o VP está no infinitivo. A II está

correta, porque há um sujeito explícito. A III está errada, porque “também” é um

advérbio (fator de atração). A IV está correta pelo mesmo motivo da II. A V está

errada, pois há uma conjunção integrantes (fator de atração).

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26. (2013/AOCP/INES/ENFERMEIRO)

Alarmismo ambiental e consumo

Maílson da Nóbrega

1.§ Muitos previram o fim do mundo nos últimos 200 anos. Thomas Malthus (1766-

1834) falava em risco de catástrofe humana. Para ele, como a população crescia

em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética,

a fome se alastraria. Assim, para controlar a expansão demográfica, Malthus de­

fendia a abstinência sexual e a negação de assistência à população em hospitais e

asilos. O risco foi superado pela tecnologia, que aumentou a produtividade agrícola.

2.§ Hoje, o alarmismo vem de ambientalistas radicais. A catástrofe decorreria do

aquecimento global causado basicamente pelo homem, via emissões de dióxido de

carbono. Em 2006, o governo britânico divulgou relatório de grande repercussão,

preparado por sir Nicholas Stern, assessor do primeiro-ministro Tony Blair. Stern

buscava alertar os que reconheciam tal aquecimento, mas julgavam que seria um

desperdício enfrentá-lo. O relatório mereceu dura resposta de Nigel Lawson, ex-mi­

nistro de Energia e da Fazenda de Margaret Thatcher, hoje no grupo dos “céticos”,

isto é, os que duvidam dos ambientalistas. No livro An Appeal to Reason (2008),

Lawson atribuiu objetivos políticos ao documento, que não teria mérito nas conclu­

sões nem nos argumentos.

3.§ Lawson afirma que o aquecimento não tem aumentado desde a virada do século

e que são comuns oscilações da temperatura mundial. Há 400 anos, o esfriamento

conhecido como “pequena era do gelo” fazia o Rio Tâmisa congelar no inverno. Mil

anos atrás, bem antes da industrialização — que se diz ser a origem da mudança

climática —, houve um “aquecimento medieval”, com temperaturas tão altas quan­

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to as atuais. “Muito antes, no Império Romano, o mundo era provavelmente mais

quente”, assinala. De fato, sempre me chamou atenção o modo de vestir de gregos

e romanos, que aparecem em roupas leves em pinturas da Grécia e da Roma anti­

gas. Nunca vi um deles metido em pesados agasalhos como os de hoje.

4.§ Entre Malthus e os ambientalistas, surgiram outros alarmistas. Em 1968, saiu

o livro The Population Bomb, do biologista americano Paul Ehrlich, no qual o autor

sustentava que o tamanho excessivo da população constituiria ameaça à sobrevi­

vência da humanidade e do meio ambiente. Em 1972, o Clube de Roma propôs o

“crescimento zero” como forma de enfrentar a exaustão rápida de recursos natu­

rais. Ehrlich defendia a redução do crescimento populacional; o Clube de Roma, a

paralisia do crescimento econômico. Nenhum dos dois estava certo.

5.§ Em artigo na última edição da revista Foreign Affairs, Bjom Lomborg, destacado

“cético”, prova o enorme fracasso das previsões catastróficas do Clube de Roma.

Dizia-se que em uma geração se esgotariam as reservas de alumínio, cobre, ouro,

chumbo, mercúrio, molibdênio, gás natural, petróleo, estanho, tungstênio e zinco.

As de mercúrio, então sob forte demanda, durariam apenas treze anos. Acontece

que a inovação tecnológica permitiu substituir o mercúrio em baterias e outras

aplicações. Seu consumo caiu 98%; o preço, 90%. As reservas dos demais metais

aumentaram e outras inovações reduziram sua demanda. O colapso não ocorreu.

6.§ Como o Clube de Roma pode ter errado tanto? Segundo Lomborg, seus mem­

bros desprezaram o talento e a engenhosidade do ser humano e “sua capacidade

de descobrir e inovar”. Se as sugestões tivessem sido acatadas, meio bilhão de

chineses, indianos e outros teriam continuado muito pobres. Lomborg poderia ter

afirmado que o Brasil estaria mais desigual e não haveria a ascensão da classe C.

7.§ Apesar de tais lições, volta-se a falar em limites físicos do planeta. Na linha do

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Clube de Roma, defende-se o estancamento da expansão baseada no consumo de

bens materiais. Se fosse assim, inúmeros países seriam congelados em seu estado

atual, sem poder reduzir a pobreza nem promover o bem-estar.

8.§ Mesmo que o homem não seja a causa básica do aquecimento, é preciso não

correr riscos e apoiar medidas para conter as emissões. Mas também resistir a

ideias de frear o consumo. Além de injusta, a medida exigiria um impossível grau

de coordenação e renúncia ou um inconcebível comando autoritário. Desprezaria,

ademais, a capacidade do homem de se adaptar a novas e desafiantes situações.

(Revista Veja, edição 2.285. p. 24.)

Assinale a alternativa em que está adequada a passagem da voz passiva para a voz

ativa da construção “tivessem sido acatadas” (6.§)

a) tinham acatado.

b) estivesse acatado.

c) tinha sido acatado.

d) tivessem acatado.

e) estivesse sido acatado.

Letra d.

Concentre-se apenas na locução verbal. Ela sai do formato passivo analítico e passa

para a estrutura apenas de tempo composto.

27. (2013/AOCP/INES/ENFERMEIRO) Assinale a alternativa em que a passagem da

voz ativa para a voz passiva está correta.

a) “Muitos previram o fim do mundo...” (1.§) / O fim do mundo tinha sido previsto.

b) “...o alarmismo vem de ambientalistas...” (2.§) / O alarmismo vem vindo de

ambientalistas.

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c) “...defende-se o estancamento da expansão...” (7.§) / Tem sido defendido o

estancamento da expansão.
d) “...seus membros desprezaram o talento” (6.§) / O talento foi desprezado pelos
seus membros.
e) “...a fome se alastraria.” (1.§) / A fome seria alastrada.

Letra d.
Na letra “a”, o correto seria “o fim do mundo foi previsto”. Na “c” e “d”, já há voz
passiva. Na “b”, não é possível praticar a voz passiva.

28. (2012/AOCP/TCE-PA/TÉCNICO DE INFORMÁTICA)

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“O jornalista Lewis Dvorkin atribui o interesse crescente pelos textos de fôlego ao de­

clínio dos grandes portais, que aconteceu em paralelo à ascensão das redes sociais.”

O sinal indicativo de crase foi empregado para marcar a introdução de uma expres­

são que funciona como

a) objeto indireto.

b) adjunto adverbial.

c) agente da passiva.

d) complemento nominal.

e) adjunto adnominal.

Letra d.

Veja por que você estudou adjuntos adnominais e complementos nominais. Quem

exige a preposição é “em paralelo” e, por isso, o termo com crase é um comple­

mento nominal.

29. (2012/AOCP/BRDE/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO) Com base no texto, julgue

os itens a seguir.

I – O fragmento “minhas duas filhas estão se preparando” pode ser substituído por

“estão preparando-se”.

II – O fragmento “que se tratava de transposições” pode ser substituído por “se

tratavam”.

III – O fragmento “Não vou me deter” pode ser substituído por “Não deter-me-ei”.

IV – A próclise, em “Aí tudo se torna” e “Já me deparei”, ocorre devido à presença

de expressões indefinidas.

Está(ão) correta(s)

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a) apenas I.

b) apenas III.

c) apenas I e II.

d) apenas II e IV.

e) apenas II, III e IV.

Letra a.

Na I, como é uma locução verbal com o VP no gerúndio, o pronome pode ser deslo­

cado. Na II, a mudança do verbo para o plural não é permitida, pois o “se” é IIS. Na

III, o fator de atração impede a mesóclise. Na IV, “já” é advérbio, e não expressão

indefinida.

30. (2012/AOCP/BRDE/ANALISTA DE SISTEMAS/DESENVOLVIMENTO DE SISTE­

MAS)

Condenados à tradição

O que fizeram com a poesia brasileira

Iumna Maria Simon

Por um desses quiproquós da vida cultural, a tradicionalização, ou a referência à

tradição, tornou-se um tema dos mais presentes na poesia contemporânea brasi­

leira, quer dizer, a que vem sendo escrita desde meados dos anos 80.

Pode parecer um paradoxo que a poesia desse período, a mesma que tem conti­

nuidade com ciclos anteriores de vanguardismo, sobretudo a poesia concreta, e

se seguiu a manifestações antiformalistas de irreverência e espontaneísmo, como

a poesia marginal, tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrí­

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tico, da tradição. Nesse momento de esgotamento do moderno e superação das

vanguardas, instaura-se o consenso de que é possível recolher as forças em de­

composição da modernidade numa espécie de apoteose pluralista. É uma noção

conciliatória de tradição que, em lugar da invenção de formas e das intervenções

radicais, valoriza a convencionalização a ponto de até incentivar a prática, mesmo

que metalinguística, de formas fixas e exercícios regrados.

Ainda assim, não se trata de um tradicionalismo conservador ou “passadista”, para

lembrar uma expressão do modernismo dos anos 20. O que se busca na tradição

não é nem o passado como experiência, nem a superação crítica do seu legado.

Afinal, não somos mais como T. S. Eliot, que acreditava no efeito do passado sobre

o presente e, por prazer de inventar, queria mudar o passado a partir da atualidade

viva do sentimento moderno. Na sua conhecidíssima definição da tarefa do poeta

moderno, formulada no ensaio “Tradição e talento individual”, tradição não é heran­

ça. Ao contrário, é a conquista de um trabalho persistente e coletivo de autoconhe­

cimento, capaz de discernir a presença do passado na ordem do presente, o que,

segundo Eliot, define a autoconsciência do que é contemporâneo.

Nessa visada, o passado é continuamente refeito pelo novo, recriado pela contri­

buição do poeta moderno consciente de seus processos artísticos e de seu lugar no

tempo. Tal percepção de que passado e presente são simultâneos e inter-relaciona­

dos não ocorre na ideia inespecífica de tradição que tratarei aqui. O passado, para

o poeta contemporâneo, não é uma projeção de nossas expectativas, ou aquilo que

reconfigura o presente. Ficou reduzido, simplesmente, à condição de materiais dis­

poníveis, a um conjunto de técnicas, procedimentos, temas, ângulos, mitologias,

que podem ser repetidos, copiados e desdobrados, num presente indefinido, para

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durar enquanto der, se der.

Na cena contemporânea, a tradição já não é o que permite ao passado vigorar e

permanecer ativo, confrontando-se com o presente e dando uma forma conflitante

e sempre inacabada ao que somos. Não implica, tampouco, autoconsciência crítica

ou consciência histórica, nem a necessidade de identificar se existe uma tendência

dominante ou, o que seria incontornável para uma sociedade como a brasileira, se

as circunstâncias da periferia pós-colonial alteram as práticas literárias, e como.

Não estou afirmando que os poetas atuais são tradicionalistas, ou que se voltaram

todos para o passado, pois não há no retorno deles à tradição traço de classicis­

mo ou revivalismo. Eles recombinam formas, amparados por modelos anteriores,

principalmente os modernos. A tradição se tornou um arquivo atemporal, ao qual

recorre a produção poética para continuar proliferando em estado de indiferença

em relação à atualidade e ao que fervilha dentro dela.

Até onde vejo, as formas poéticas deixaram de ser valores que cobram adesão à

experiência histórica e ao significado que carregam. Os velhos conservadorismos

culturais apodreceram para dar lugar, quem sabe, a configurações novas e ainda

não identificáveis. Mesmo que não exista mais o “antigo”, o esgotado, o entulho

conservador, que sustentavam o tradicionalismo, tradição é o que se cultua por

todos os lados.

Na literatura brasileira, que sempre sofreu de extrema carência de renovação e

variados complexos de inferioridade e provincianismo, em decorrência da vida

longa e recessiva, maior do que se esperaria, de modas, escolas e antiqualhas de

todo tipo, essa retradicionalização desculpabilizada e complacente tem inegável

charme liberador.

(Revista Piauí, edição 61, 2011.)

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Nos fragmentos abaixo, extraídos do texto, a colocação pronominal foi alterada.

Assinale a única alternativa correta.

a) Ou que voltaram-se todos para o passado (6.º parágrafo)

b) Maior do que esperaria-se (último parágrafo)

c) Tradição é o que cultua-se por todos os lados. (7.º parágrafo)

d) E seguiu-se a manifestações antiformalistas (2.º parágrafo)

e) Não trata-se de um tradicionalismo conservador (3.º parágrafo)

Letra d.

Exceto na “d”, todas as outras construções apresentam desrespeito ao fator de

próclise.

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