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Peter Cabral

Meus olhos dormem o sono do mundo.


Meu coração chora a perda de um Deus.
As luzes se transformam em escuridão,
Quando você sai das trevas
E me transforma de ontem para hoje.
Do nada para o tudo, e é só então...
Que do céu azul desce o homem de branco,
E me leva em seus braços, para um lugar entre,
O tudo e o nada, entre o meu coração e o seu,
Entre a vida e a morte.

A partir de um elogio sobre este primeiro


rascunho de poesia foi que descobri que a simples
combinação de algumas palavras
poderia ter diversos
efeitos sobre mim e as pessoas ao redor.
Este poema foi
escrito aos quinze anos, e
m uma aula de datilografia
em 1993
Introdução

Seja bem vindo ao meu mundo secreto, não procure por


caminhos cronológicos ou lógica alguma, além da ordem
alfabética, não procure por nada. Deixe o encontro acontecer
por sua vontade. Não existe sentido nenhum, e todos os
caminhos levam ao mesmo lugar. A confusão é assim
mesma, e a ordem do caos é o mistério do universo. Você
poderá se deparar com a dúvida logo após ter encontrado a
certeza, e a alegria seguindo a tristeza. Você poderá se
perder, mas não se preocupe. É esse o caminho! Espero que
você em primeiro lugar se divirta, porque se for fazer uma
coisa que não te alegra, por favor, não faça! Em segundo
lugar, espero que entenda, algo em você mesmo, não espero
que meentenda, mas se entender, me liga, manda um oi,
você deve ser louco(a)! E provavelmente vou gostar de você!
Boa viagem!

A morte é a curva da estrada,


Morrer é só não ser visto,
Se te escuto, te oiço a passada.
Existir como eu existo.
A Terra é feita de Céu,
E a mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu,
Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa

Agradecimentos
Glória, primeiramente a Deus, por tudo, sempre!
Agradeço, in memorian,
a minha mãe,
Maria do Socorro Santos Cabral,
Pela veia poética e pelo seu imenso amor.
Agradeço ao meu pai,
Juarez Alves Cabral,
por ser meu exemplo do Pai.
Obrigado minhas musas, amores, paixões...
Obrigado ao tempo.
Obrigado ao espaço.
Obrigado ao instante,
E aos momentos mágicos!
Obrigado a todos e a tudo!
Dedico esta obra às minhas princesas,
Alanis Pietra e Sofia Beatriz,
E brindemos o verdadeiro amor.

A Deus

O universo está exposto,


Enquanto a realidade vadia no rosto.
O verso está em pranto,
Chorando seu sonho suposto.
Deus! Como é belo seu corpo!
Como é claro seu rastro!
Sem as marcas do passo,
De quem vive a ser morto.
Como são belos seus pastos!
De onde tiras o azul do céu?
Que loucura mágica pões neste véu?
De azuis
inocentes e azuis clássicos.
E a manhã antes do anoitecer?
Como fazes aquilo?
Vejo uma estrela estremecer,
E um buraco negro amigo.
Chorando pela estrela sofrer,
Consigo seu negro castigo.
Vejo uma nuvem ensolarada,
E toda aquela passarada,
Sendo feliz sem saber.
A madrugada azul marinho,
Vejo da janela da nave
E ela sussurra um carinho,
Sua carinhosa verdade:
- Nada é impossível, nada é anormal.
É tão bonito o infinito, quanto o mar medieval!
Imagens de Deus.
Perfeição de Deus.
Tudo é de Deus.
Tudo é Deus.
Tudo é vivo.
Deus é vivo.
Imagem e perfeição de Deus.
Todos se criam ao nascer.
Todos um dia dizem adeus.
Deus se criou ao universo nascer.
Se Ele é universo,
Poderá um verso morrer?
Deus!
Também um dia dirá adeus?
E a manhã antes do anoitecer?
Como fazes aquilo?

A poesia do Sol

A poesia do Sol é Luz.


E a da Lua é reflexo.
A morte é com ou sem cruz
E a idéia com ou sem nexo.
A Maratona
Por trás de um olhar intrépido,
Um pequeno enamorado se refugia.
E seus sonhos se sufocam pela vida.
Se esconde quando antes, prometia.
Não quer mais achar saída,
Se cansou de ser vigia,
De sua própria corrida.
O percurso se alonga
E objetos não cessam,
Se sucedem.
Ele se vê avançando e obstáculos,
Não olha sobre os ombros,
Os atalhos vai perdendo,
Não agüenta mais cair.
Seus passos envelhecem,
Seus desejam descompassam,
Lá está a linha, a chegada!
Onde está o troféu?
Não ganhou nada!
Somente a memória,
Do que poderia ter sido.
Percebe os erros que cometeu,
Os amores que viveria, porém, correu.
No final não tem um mérito,
Seu trajeto se resume,
Em futuro do pretérito.
A Porta
A nicotina e a cevada me consomem,
Estou perdido entre vícios
E o principal me torna mais e mais dependente,
Me mantendo sempre distante.
A solidão é o meu ópio.
Minha alucinação é única
E a porta continua fechada.
A ausência me queima,
O calor, você, a porta. Continua fechada.
Quantas vezes já te vi abrindo.
Quantas vezes vi seus olhos querendo entrar.
Talvez você esteja vindo.
Talvez já esteja aqui.
Mas o ópio está atrás da porta.
Que você só abre miragem.
Quero esta droga, morta.
Quero você de paisagem.
E não de passagem, por esta porta torta.
Hábitos, incertezas, falsidades,
Medos, obstáculos, confusão,
São todas palavras estas drogas,
Personificadas por pequenos monstros,
Causadores da minha solidão.
E a porta, esta, até que você abra,
Permanecerá fechada.

A Procura de mim
Procuro um sol,
Que não se apague com o tempo.
E uma fonte de água eterna,
Que realmente mate a sede.
Busco um sonho,
De que não precise acordar.
E uma mágica sem truques.
Corro atrás de uma direção sem curvas,
Ou pontes quebradas,
Uma janela com vista para estrelas,
E uma casa que não caia.
Pretendo encontrar o caminho,
Que me leve a me encontrar.

A Solidão e o
Silêncio
Um surdo infinito e um relógio parado:
- Onde está o Sol? – Pergunta a Solidão.
- Onde estão os risos? – Pergunta o Silêncio.
- Onde está o tempo? – Pergunta o Infinito.
Nessa paisagem de nada,
O Silêncio faz um gesto.
Perguntando a Solidão: - O que vê?
Sem olhos tristes responde: - Só vejo a mim.
Passam-se eternos tempos...
A tinta das Palavras
Lembro das histórias que nunca te contei e rio,
Das risadas que nunca demos e choro.
Sinto o meu silêncio quando ouço o teu olhar,
Gosto de pensar que sempre sei o que é preciso
E que sempre sei a coisa certa a falar,
Mas sua beleza tudo cala e
só entendo o seu sorriso.
Queria poder voar contigo
pelo espaço
e pelo tempo.
Sobre a vida e de cima ver os instantes,
Eternos e fixos no solo,
da história dos nossos sentimentos.
Éticos e sinceros, fatos dos pós e dos antes,
Lembro das histórias que eu não guardei e rezo.
Para que tudo deixe de ser
só fotos amarelas de memória.
Para que morra toda dor da falta que desprezo,
Para que o amor seja a tinta das palavras,
De nossa história de amor.

A visão cansada do inexistente


O vento dentro traz o fim,
Da vazia realidade da morte.
E a inspiração é a vida e a vida é sonho.
As paredes não existem porque foram construídas.
As verdades não existem porque foram concluídas.
E as cores não são nada porque existem cegos.
Toda explosão é um fim e um início.
E todo início é o principio do fim.
Meus olhos de criança já estão velhos
E já sorriram demais com a beleza do absurdo.
Vivemos um pouco e vemos um pouco.
Sentimos algumas coisas e sofremos
Pelo que não sentimos.
O vento no peito me enche de mim,
Somos feito de vento,
E voamos no sonho,
Onde o céu é o pensamento,
Onde a terra é o sentimento
E a água é lágrima
Que trás a vida lamentando a morte.
As famílias não existem porque se morre sozinho.
As estradas não existem porque perdemos caminho.
E os caminhos não existem, pois levam ao mesmo lugar.
As estrelas perderam a noção do tempo,
E as fadas sonham com casamento.
Um átomo solitário perdeu sua órbita,
E agora vaga ao redor do nada.
E os surdos não ouvem o pedido dos mudos.
Somos somente carta no baralho.
Não existimos até provem o contrário.
Um anjo que não existe,
Me disse que eu posso saber isso.
E esse mesmo anjo triste me disse também:
-Se souber mais que isso, não conte a ninguém!
Abstrato
Procurei você em você,
Estranho, não encontrei.
A luz de seus olhos apagou.
A força fui eu quem cortei.
Voltei ao passado e gostei.
Lá me encontrei com você,
Que então me tratou como rei,
E lá só queria viver.
Sei que corro o risco,
Se alguém der falta de mim,
Mas ao voltar, o perigo,
De sem você ficar assim:
Meio que sem tudo,
Um completo vazio mais nada,
Ou corpo abstrato mudo,
Ou múmia viva calada.

Água fria
O paladar amargo da ausência.
A ausência amarga do paladar.
A necessidade instante do completo.
E a completa certeza do absurdo.
A água fria escorrendo por entre seus cabelos,
Durante o seu devaneio mais real.
A procura procura.
Quem não procura?
O encontro.
Você sempre esteve cara a cara.
Com a invisível verdade exposta.
Viu, disfarçou, deve existir outra.
A dúvida.
A incerteza.
O imprevisível inesperado, surpresa!
Somente o que se pode esperar.
Não se pode esperar...
Esperar...

Alanis Pietra

Escrevi anjos na vida


Poemas de amor, sonhos e estrelas...
Compus versos brancos
E palavras de todas as cores.
Proclamei aos quatro ventos a paz.
Sentimentos borbulharam
E houve erupções em mim.
Cantei a vida, a morte...
Orei em versos a Deus.
Orei, orei e esperei...
Por você!
Que na verdade sempre foram os meus anjos
E que era a estrela distante
Que a luz eu esperava enxergar.
Era você a razão dos meus sonhos de Ícaro.
E o Sol que eu ansiava encontrar.
A razão dos meus Amores, a razão do meu Amar,
A lógica da minha loucura
E as asas do meu voar...

Aliteração alfabética
Antes andava aos amanheceres.
Bastou brincar bobo no barro.
Caiu como cai uma cadente no céu.
De dúvidas doidas dividido do nada.
Eu e meus egos egoístas estávamos.
Falando e fazendo façanhas sem fim.
Guiado a galope e a gongos gozando.
Homem, heróico, Hércules, hermético.
Indizível, um índio inocente invejava.
Jovens juras jogadas à jaula.
Loucas lágrimas lavaram o lodo.
Maldoso o menino manchou um muro.
Nadava nuzinho naquele navio ninho.
Ondas ondulavam nos olhos dos outros.
Pequenas partículas de paz paradas no peito.
Quando o queijo qualquer da Lua qualhava.
Roíam os ratos os restos roubados da rua.
Soavam os sinos soltos sobre suas sombras.
Taças tristes e tontas tombavam turvas.
Uma úmida unha urgia unis sônica.
Virgem vivia a vida violentamente visível.
Xérox de êxtase em extático exílio.
Zombando o zôo a zona de Zeus.
Amada Loucura

Minha amada loucura,


Como espero você.
Que virá galopando o Sol,
Com um copo de mar na mão
E uma estrela a ser engolida.
Me pegará no colo,
E me explicará,
O verdadeiro insentido de tudo.
E me livrará da amargura da lógica.
Então passearei pelos campos confusos
De cores trocadas e infinitas mentiras.

Antes da chegada

O que eu vejo e não desejo, guerra.


O que eu ouço e fico louco é mentira.
O que eu sinto é frio e calor,
Se amando numa mentirosa guerra de amor.
O que existe, o que existe é tudo.
O que é morte, o que é a morte?
É só mais uma chegada,
Entre as infinitas que teremos que chegar.
O que preciso, sorriso.
O que desejo, beijos.
E beijo nos sorrisos
E os sorrisos nos beijos.
O que eu quero não é o fim da dor.
O que eu quero é o fim do sofrimento.
O que é preciso é sempre ter amor.
A dor existirá mas sofrer só no momento.
E quando chegarmos mais uma vez,
Não haverá mais guerras e mentiras,
Partiremos para a vida de verdade
E o frio será paz e o calor amor.
Carta á toa

Meu anjo o quanto já te escrevi e sonhei eprecisei de


você. Como é estranho esse friozinho e esse comichão e
toda essa confusão e solidão que é o mundo sem você.
Mesmo perto estamos longe e em grande parte das
vezes só nos tocamos em olhares e ai meu coraçãoque
precisa bater mesmo sem ter você. Ele não me deixa
dormir, comer, me faz andar quando estou quieto e me
deixa quieto quando quer chorar. Eu sinto um bate bate
triste meio querendo parar e cada nova batida é um
suspiro preso no peito. Que não sou como você que vive
para ser feliz e chora logo se a tristeza vem para mandar
pra longe, para sofrer pouquinho, eu choro sozinho
quando to sozinho, perguntando por quê. Que tudo
começou errado e era para ser tão simples, era somente
pra gente ser feliz. Mas enquanto isso eu te escrevo esta
carta á toa, que eu sei que você não vai ler, mas se não
escrevo, dói porque eu penso você, vejo você e esse
friozinho no estômago me diz que eu posso perguntar
qualquer coisa, mas minha resposta é você!

Como o Senhor me amou


Já chorei tanto sozinho,
Já me vi tão sem caminho
Sofri tanto sem você.
Quando deixei de ser criança,
Me vi já sem esperança,
Sem saber como viver.
Bati por todas as portas,
Entrei em todos os buracos,
Usei todas as drogas,
Para não ver que era fraco.
Me escondi atrás do medo,
Atrás dos sonhos e desejos,
Procurando proteção que não encontrei,
Até encontrar você.
Não sabia o quanto te amava,
O que precisava de ti.
Preciso de você,
Como as aves do ar.
Preciso de você,
Como os peixes do mar.
Preciso de você,
Como as sementes da terra para brotar.
Preciso de você,
Como as flores precisam desabrochar.
Preciso de você,
Como a lua precisa do sol para brilhar.
Preciso da sua luz, preciso do seu amor.
Preciso do Senhor, Jesus.
Quero amar como o senhor me amou.
Perdoar como o senhor me perdoou.
Quero curar pelo poder do seu amor.
Ressuscitar como Jesus ressuscitou.
Depois do infinito

Será que uma célula,


É capaz de viver tanto,
Quanto um organismo?
Esse é o meu desafio!
Terei o lirismo,
De preencher o vazio.
Eliminar o frio.
E deliciar a divina arte,
De poder ver seu corpo,
E o qual se via parte.
Distinguir um do outro,
E se sentir a parte.
Observar o infinito.
Delimitar o sem fim.
E então ver se é bonito,
Ou igual a você ou a mim.
Irei fazendo um rito,
Que depois direi em verso,
Que eu saí do universo,
Que ele existe e tem fim.
Niilismo? Cinismo? Ismo?
Será que uma célula,
É capaz de viver tanto,
Fora do organismo?
Esse é meu desafio!
E meu método empirismo!
Destino

Todo dia me pergunto o que vai acontecer.


Às vezes lembro do futuro e não consigo esquecer.
Passo o tempo perguntando a mi mesmo:
O que fazer?
E a resposta do meu eu só vem
Quando já aconteceu.
Será que eu vou pra faculdade?
Será que eu vou ter liberdade?
Será que um dia eu vou crescer?
E aquela mina linda, será que vai ser minha?
E será que a vida eu vou vencer?
Às vezes vejo Deus no espelho sorrindo,
Dizendo: Meu menino, invente seu destino.
Todo dia me preocupo com o que é que eu vou ser.
Todo dia vou nascendo e não paro de morrer...
Ele nos trás uma nuvem de chuva para dizer
Que não existe beleza só no Sol.
E que é preciso sentir os pingos da chuva,
Para depois secar a tristeza de sentir solidão.
E eu sou tudo e tudo sou eu.
E não há nada que não seja eu,
E que não seja meu.
Eu tenho tudo desde que nasci.
Quando nasci na vida ela nasceu pra mim.
E ela é uma flor que um dia vai morrer.
Mas que entregará a vida pra alegrar a vida...
De alguém.

Distâncias

Em cada canto do mundo,


Um mundo de encantos.
Nas lágrimas de um pranto,
A dor da saudade de alguém.
Se a proximidade é falsa.
A verdadeira distância realça,
O tom cinza fosco,
Ofuscando tristemente,
O quadro de uma paixão.
E quão negro se tornaria,
Se soubesse que o reencontro,
Que pintou alegria,
Fosse um borrado confronto,
De pincéis feitos cílios,
Fechados ao reconcilio.
Triste e fosca tela,
Onde antes a cabível moldura,
Seria um sorriso dela,
Hoje, é uma lágrima escura,
E não mais tão bela.

Dois

Sou como Deus que é frente e verso.


Sou como o tempo que é noite e dia.
Vou como a árvore que sofre e sorri
Com as carícias do vento.
Vou como o peito ente dor e alegria.
Como a água quente e fria.
Como a panela cheia e vazia.
Como a carne dura e macia.
Como o gosto doce e amargo.
Sou dois, eu e você.
Sou dois, corpo e alma.
Sou dois, Deus e eu.
Sou dois, ira e calma.
Sou dois, você eu.
Mente coração.
Fala pensamento.
Ato intenção.
Inércia movimento.

Ecos
Busco em vão,
O toque suave,
De tua mão,
Perdida em neve.
Diante de espelhos,
Te olho em mim,
Me vejo em seus olhos,
De sombras sem fim.
Mas há um brilho que cativa,
Que abre um novo mundo.
Uma realidade alternativa,
Que com a minha confundo.
Invisíveis frente a frente.
Almas intocáveis se buscam.
Pelo mesmo universo,
Em realidades diferentes,
Cara a cara,
Entre a fronteira dos egos.
Luz e escuridão.
Morro em tua aurora,
Vives em meu crepúsculo.
Embriagado de mim

Me perdoe senhor,
Me bebi demais,
Estou embriagado de mim
Ao ponto de me deixar tonto existir.
Se me forçarem existir mais,
Representar mais do que já faço,
Posso acabar por me vomitar.
Sou um pássaro num aquário de espelhos.

Escrevi!

Penso em escrever...
Penso constantemente.
E escrevo o tempo todo.
Escrevo em tudo o que faço,
É história!
Tudo é invenção.
Tudo composição.
É toda uma orquestra eterna,
Em perfeita harmonia.
Uma obra literária mágica,
Sem começo e sem fim.
E o espaço é a eternidade,
Onde todos os campos
Semânticos são possíveis.
Estamos todos sujeitos,
E estamos entre nós.
Somos substantivos compostos,
E protagonistas invisíveis,
Do livro dos verbos,
Da luz foz.
E estamos todos na oração.
Penso em escrever,
Mas na verdade escrevo.
Escrevo que eu estou pensando
Em escrever.
Escrevo que eu estou vivo,
E que estou pensando em escrever,
Que eu estou pensando em escrever.
Escrevo atos faço cenas e romances,
Escrevo em tudo! Em cada respirar...
Escrevo que estou respirando
Vivo escrevendo.
Escrevendo que vou vivendo,
Escrevendo que escrevi...
Escrevi!

Premiado Sesc 2004


Esperando chover

Restos de sol acariciam os vales de Deus,


Num anoitecer sem tristeza e adeus.
O ritual apenas, a maestria serena,
Uma melodia palpável e plena.
Todas as formas estão nas nuvens,
Brancas, outras cinzas, algumas grandes,
Outras como pássaros perdidos,
Cantando em silêncio para aliviar a tensão.
Nas nuvens escuras há uma que brilha,
E se insinua como a porta do céu.
Os azuis são vários e necessários,
Panos de fundo, contemplando o balé das nuvens,
Que encantam os pastos, vales e montanhas,
E ás vezes os banha.
Existem naves escondidas e rostos no céu.
Máscaras perdidas na ausência do fel.
Como é simples o desejo das nuvens.
Homens e mulheres vivem para morrer,
Enquanto vagam felizes as nuvens,
Encantando o solo, esperando chover.

Esperando uma estrela cair


Olho para as estrelas,


Buscando em uma delas,
Um reflexo seu.
Inventei uma constelação,
Quando seu rosto apareceu.
Mas no fundo,
Uma noite escura e fria.
Devoradora de sonhos.
De uma cor vazia.
Um, dois, três, quatro...
Conto o tempo,
Mas as estrelas não passam.
Se ao menos,
Uma caísse em minha direção.
Por quanto tempo?
A lua estaria no alto?
A grama verde e
A champanhe gelada?
As flores terão perfume
Se você demorar a chegar?
Mas não vou partir,
Se não vier, eu fico ...
Esperando uma estrela cair.

Esquecido
Sempre me lembro de te esquecer,
E mais uma vez estou pensando em você.
Quando me esqueço... me esqueço de mim.
E vou assim...
Levando, empurrando
Correndo, sofrendo...
Procurando algum lugar onde não haja você.
E não encontro!
E se não te encontro, me perco.
E vou assim...
Lembrando, procurando,
Correndo, esquecendo,
Levando, sofrendo,
Sozinho, esperando...
O dia não se fez.
Talvez um dia o talvez não exista,
E talvez eu não, resista.
E até lá...
Vou me lembrando de esquecer,
De me esquecer de me lembrar,
De que eu amo você.
Eu sei o que você quer

Tudo não passa de ilusão,


Para quem acredita só na razão.
Tudo não passa de ilusão,
Para quem não ouve o coração.
O mundo é uma festa a fantasia
Onde cada um é o personagem que quiser.
A vida é um curso, onde a matéria é o amor,
E todos são professores e alunos.
Existe mágica nas palavras,
E o poder de destruir e criar,
Está a disposição de todos.
Todos podem viver nos sonhos,
E sonhar na vida, e a morte é a
irmã mais velha do sono.
A natureza é a única verdade,
E todos os segredos se encontram nela,
Todas as chaves e todas as portas.
A violência é um vírus da alma,
Que contamina a essência,
E neutraliza a capacidade criativa
E comunicativa do ser humano.
Deus é a presença constante em tudo,
Nos átomos e nas ondas,
E a vibração primeira que deu origem,
A todas as outras velocidades de vibração.
Todos correm pela vida a procura de algo.
Que ao encontrarem descobrem
que sempre possuíram,
Sua própria alma. Eu sei o que você quer, você quer
amor, você quer Deus. E você quer saber quem você
realmente é.Se você quiser isso,
pode se considerar feliz,
Pois você é amor, e Deus é o Amor maior.

Existe um

ser

Existe um ser, um existente,


Que não é Deus, que não é um anjo,
Ou um demônio...
Uma criatura que não nasceu,
Não morreu, um paria que vive
E, no entanto não tem sua própria vida,
Um ser parasita, um amaldiçoado,
Que existe em partes,
E se alimenta da vida alheia.
Seus sentimentos, sua energia vital.
Contradiz sua eterna sina,
Nascendo e morrendo em instantes,
Contínuos num circulo etéreo
E infinito de toques.
Caminhando suavemente através da vida.
De todas as vidas.
Um ser ileso, apátrida, indiferente.
Um subproduto da Divina criação.
Seu nome são todos e sua velocidade indizível.
Desliza como um pensamento leve
E em instantes vive simultaneamente
em todos oslugares.
Nos inexistentes espaços entre as obras de Deus.

Faz um tempo e meio


Faz um tempo e meio...
E mais dois tempos...
Que não tenho tempo de pensar no tempo.
Tempo é dinheiro...
E sou pobre.
Não tenho tempo pra nada
Nem a eternidade da infância...
Já foi o tempo...
E há tempo pra tudo,
Até pra se pensar no tempo.
O tempo tudo suaviza
Ou tudo põe em relevo.
O tempo tudo escraviza.
Tudo está preso no tempo
Até o espaço é filho do tempo.
Falando em tempo,
Estou sem tempo para continuar
Falando em tempo...
O tempo não está bom.
Acho que chove... temporal.
História de uma
surpresa feliz

Era um dia uma confusão.


A beleza e sua tristeza.
O amor procurando, emoção.
Na dúvida de sua certeza.
No vácuo do seu coração.
Uma alma aflita perdida no espaço.
Entre estrelas e buracos negros.
Sofre um susto ao bater no sol.
Se queimando no seu sorriso
E sumindo no seu olhar.
Era um sol fora de lugar,
Que correra fora de órbita pelo tempo.
Procurando uma estrela só, para amar.
Da explosão desse momento,
Quantas galáxias deixarão de brilhar
E se banharão na luz, dessa nova esfera solar.
Essa história não fui eu quem fiz.
É a história de uma surpresa... feliz.

Jogo palavras ao vento


Jogo palavras ao vento


E o vento faz parte do jogo.
Guio uma orquestra,
de cordas vocais de todos os sons.
Articulo notas mágicas,
Que são letras de ouvido.
Lanço olhares ao acaso
E se caso aos olhares me lanço.
No mar do olhar de todos,
Me sinto dissolvido.
De ver o eterno e o sentir,
Eu jamais me canso.
Porque vivo e sei...
Que sempre tenho vivido.
E para sempre viverei...

Labirinto
de egos

Palavras navegam através de uma realidade,


Que une a todos no vácuo da compreensão.
Pessoas se transmitem em linguagem,
Para si mesmas em seu monólogo vão.
E o que são ecos, nesse labirinto de egos?

Lágrima Cadente
Tuas lágrimas evocam em mim,
Um desejo prático de ser louco e feliz.
Seu olhar clemente envolto de um sorriso cálido,
Me leva ao limiar...
À necessidade de refutar as crenças,
Que moveram corpos por milênio de luxúria.
Renasce o sentimento límpido,
Em um débil e culpado coração.
De meus lábios não mais escarro,
Palavras doces e notas primaveris.
Sem mais ânsia, ganância... distância.
Tua lágrima cadente,
Passou por minha constelação fria,
De vícios e melancolia,
E me trouxe ao perigo do calor,
De nos queimarmos tentando.
E se esfriarem as coisas,
A abstinência seria mortal.
Agora que me tiraste do escuro,
Me ensine as cores, os gostos...seu rosto.
Provaria...
Tu já és minha vida e provaria!
Atiraria em meu peito seco,
Se em meu último instante oco,
Meu último olhar estático,
E o último suspiro que sofreu...
Meus lábios,
Tocassem os seus.
Lembre-se
do amor

Esqueça tudo o que lhe ensinaram


E tudo o que te disseram,
Sobre tudo o que você não queria ouvir.
Esqueça toda lei,
Mas não esqueça da graça.
Deixe tudo o que te entristecia,
E tudo o que te pressionava.
Esqueça todos os seus medos.
Esqueça toda raiva.
Esqueça toda inveja.
E todo desejo e todo pecado.
Esqueça o que não tem sentido,
E esqueça do sentido errado.
Esqueça a morte e a vida.
Esqueça o dia e a noite,
Esqueça as ruas largas e as estrelas,
Esqueça as mãos e as pedras,
Esqueça os anjos e demônios,
Esqueça as verdades e as mentiras
As dores e alegrias...
O sol e a Lua... E o nada,
Esqueça tudo!
Lembre-se do Amor!

Loucos Eus

Sou Eu louco e quero alguém que entenda!


Há a minha loucura!
E que saia à caça e a procura de si mesmo por aí.
Sou louco porque me vejo existindo,
Me divido em mim e sou cada pensamento,
Sou todas as minhas virtudes e meus defeitos,
Mas todos têm os seus anjos e demônios
Sou louco... e não dá pra fazer ideia de em quantos
lugares, eu existo ao mesmo tempo.
Sou como o anfitrião da festa que está acontecendo,
No salão nobre da minha alma.
Sou o mais requisitado, pois possuo as chaves da casa,
Vou servindo curiosidade a cada novo pensamento.
Gosto da fala dos anjos nas missas celestes
E desligo na hora das propagandas do Diabo.
Sou louco por viverem milhares de eus comigo:
Eu Infante, é o que mais chora e mais ri, é sempre novo.
Eu Rebelde, o que não se conforma e se orgulha.
Eu sultão, o que quer que eu lhe
arrume toda as mulheres do mundo.
Eu Amigo, tão simpático com todos que também é amigo meu.
Eu Poeta, gosto quando suspira ou sente o perfume da vida.
Eu Cantor, com ele aprendi que quando se canta, se reza.
Eu Sou, a essência da Mente Eterna que eu sou...
E às vezes no palco de mim acontece assim:
Eu Canto em silêncio uma coisa do nada
E Eu Poeta invento uma letra qualquer,
Eu Rebelde não me conformo e reclamo
Que Eu Sultão só pensa em mulher
E eu Infante não para de chorar...
Eu Amigo defendo o Eu Infante frente ao Eu Rebelde
E no meio da confusão Eu Sou, que sabe tudo,
Gargalha amorosamente de seus euzinhos...
Eu Infante ri.
Ouve-se um eco de Eus: Quem riu?

Medo do medo Eu tenho medo,


Tenho medo do medo.


Pois o medo é o segredo do mal.
O medo da morte não permite viver.
O medo da vida só nos leva ao morrer.
O medo da dor é o que faz doer.
O medo do amor não o deixa nascer.
O medo do fogo é o que queima.
O medo do frio é o que congela.
O medo da queda é o que abre o abismo.
O medo do escuro é quem sopra a vela.
O medo da verdade é quem ouve a mentira.
O medo do perdido é quem não acha caminho.
O medo da coragem é que corre assustado...
E por tudo isso que o medo faz,
é que eu tenho medo.
Eu tenho medo do medo.
E é só o medo do medo, que me faz lutar.
E quando eu temo a morte me proponho a morrer.
E quando eu temo a dor eu deixo o sangue correr.
E quando eu temo o fogo eu pulo na fogueira
E quando eu temo o frio deixo o queixo bater.
Se eu sinto medo do amor
Tudo o que eu faço é amar.
Se eu sinto medo do escuro,
Deixo meu olho fechar.
E se a verdade doer,
E se o fogo queimar,
E se o sangue escorrer,
E se o caminho se achar,
E se a coragem chorar
E o frio aquecer
E se a vida te amar
Ou se a morte jurar,
Que te espera viver...
Tudo o que quero dizer,
É que apenas o medo,
É o que devemos temer.

Menino

Era uma vez um menino,


Que gostava de uma menina,
Que não gostava de ninguém.
O menino vivia pela menina,
Ela por ele não dava vintém.
A menina brincava, iludia a valer,
E o pobre menino esforçava-se a crer,
Que ela menina pudesse dele gostar,
Então para o sempre iriam brincar.
Mas um dia a tristeza tomou o menino,
Quando viu a menina a outro gostar,
Deprimido menino ficou comprimido,
Ao ver outro escolhido.
Sentou-se o menino, desatou a chorar,
Suas lágrimas jorraram um rio poluído,
E coitado menino não sabia nadar
Minha Floresta
Meu coração imerso,
Há uma floresta de sombras,
E de vida, há restos.
Não há passos,
Onde caminha o silêncio.
Um emaranhado de dúvidas,
Em um bosque de gestos.
A distância é só dor.
O horizonte, vapor.
Percorro um atalho efêmero,
E na noite, sedento,
A um lírico lago me embrenho.
Suas pequenas ondas me envolvem,
Meu desejo e meu medo,
Me impedem de pronto,
A saciar minha sede
E me vejo de encontro,
A ser fisgado em rede,
Pela beleza do lago.
E me encontro ali,
Ali no seco e ali molhado,
E sou reflexo, a lua ao lado.
E sou meu medo, apaixonado.
Preciso nadar,
Mas se a água for fria,
Perco meu ar.
Se mergulho, profundo,
Encontro uma pedra e adeus, meu mundo.
Mas só tenho esse lago,
Minha carência é tão grande,
Que mergulho assustado,
Para o abraço do lago.
E me perco em mim mesmo,
E a floresta,
Sou eu.
Minha Amada

Procuro minha namorada


Não sei por onde anda
Ela é bonita e engraçada
Tem menos de um e setenta
Quase sempre bem humorada
É quente feito pimenta
Seus olhos tem luz de alvorada
É pouco ciumenta
Nem um pouco encanada
Seu sorriso de estrela alimenta
E seu coração é porto, é chegada.
Se alguém a vir cumprimenta
E traz pra mim minha amada!

O pão da alma

Num dia desses da vida, você vai parar.


Vai pensar no sentido das coisas
E nas coisas sem sentido que disse um dia.
E em tudo aquilo que te fez rir ou chorar.
Parada a pessoa no tempo,
seu corpo sereno,
Seu olhar para dentro, um sublime momento,
De lento respirar...
Sua vida inteira passará pelos
olhos dos teus sonhos,
Seus desejos, seus planos, seus medos,
Voarão por você a caminho dos anjos.
Nesse dia da vida você se verá e
ouvirá o seu nome,
E você saberá que o brilho nos olhos
é o sorriso de Deus,
Que na alma é o pão que
alimenta da fome de amor.

O que valeria tudo


sem você?

Palavras agora não são nada


para dizer o que eu sinto,
Por você eu engano o mundo!
Eu juro que vou tentar me esquecer de te esquecer
E vou cruzar distâncias por você.
Só pra poder ver esses seus olhos lindos
E passear meus dedos em seu rosto de anjo,
Dar um beijo em seu sorriso perfeito,
Poder secar suas lágrimas tristes
E brindar as felizes.
Numa nota do nada ouvir a beleza de tudo,
Uma paisagem sem fim me ensinando a ver,
O que valeria tudo, sem você?

O toque
E lá está ela,
Coberta de asco,
Em um semblante apático.
Reluz mármore o seu olhar pedante.
Envolta por sombras,
Redoma de sua sentença.
Seus dedos longos e secos procuram.
Esperam alcançar a vida
E saciar sua inveja.
Requer almas
E paixões ensangüentadas.
Precisa vingar seu ódio,
Entornar seu tinto licor.
A esperança é seu brinquedo
E seu desfile o holocausto.
E a vida procura...
O seu toque lhe tira
E no fim não sacia.
Seu tato áspero e frio,
Perpassa o limite entre os opostos.
Tenta inutilmente alcançar,
O que logo não existirá.
A rotina se segue...
E por amor,
O sangue se esvai.
Ouço o silêncio

Ouço o silêncio me dizendo,


Que você talvez não volte.
Vejo sua ausência me matando,
Me devorando a cada hora.
O mesmo tempo que te trouxe,
Te esconde nos dias que passam distantes.
Nos instante em que você não vem.
Sinto no ar teu perfume sozinho,
Tão sem você quanto eu.
Você me disse para esperar
E eu que esperei a vida inteira...
Nada do que eu digo é novo,
Não sou o primeiro a amar,
Mas talvez ame pela primeira vez.
Toco em vão tua imagem no espaço.
Ouvindo o silêncio me dizendo,
Que talvez você não volte.

Palavras?

Qual será o segredo da verdade?


Será que somente os fracos se abrem?
Você me deixou imerso,
Verdades me cercam os lados.
Eu tento fugir,
Mas seus espinhos só ferem.
As feridas se abrem,
E revelam mais verdades.
E a prisão aumenta,
E meu desejo dói.
Promessas.
Palavras?
Se pudesse vetar seus lábios,
A pronúncia de seus olhos,
Não me iludiria tanto.
Mas não consigo fugir,
Meu fugir não quer,
Fugir.
E o tempo não cura,
E a cura não passa,
O passado não chega,
E o futuro desgasta,
A ilusão se esconde,
A certeza me afoga,
Nem o tempo anda,
Nem você me vem.

Paz e amor

Eu adoro os seus olhos dourados e de me cegar,


Na luz do seu sorriso estelar.
Quero sentir minhas mãos perdidas,
Entre os milhares dos seus fios de mel.
Paz e amor é você o meu sonho de paz,
E amor sem amor não há paz.
Eu preciso ouvir o meu nome na sua boca.
Eu preciso escutar os seus passos chegando
E sentir minha pele tua pele beijar.
Eu quero me mudar para dentro de você.
E quero que se mude para dentro de mim.
De segundo em segundo eu penso em você,
E em tudo aquilo que nem sei por que mas acontece.
Minha alma sente um carinho,
Toda vez que meus olhos percebem você.
Sinto frio e calor e sorrio sozinho,
Minha calma se apressa em te ter.
Você sabe o que procura e sabe quando acha?
O que você encontra?
Onde está você quando não está aqui?
Qual anjo que te guia?
Que sonhos você tem?
Tantas perguntas ansiosas por respostas.
Paz e amor é você o meu sonho de paz,
E amor sem amor não há paz!

Penso no porquê do que sinto


Penso no porque do que sinto,
E sinto que sentir não tem por que.
Porque não penso quando sinto e
sinto que não penso.
Não sei... porque quão mais sinto
menos penso,
e quanto mais penso mais ou menos sinto.
É e assim mesmo essa confusão,
Que é o que sinto e penso,
Que não deveria sentir.
Esse sentimento que me faz pensar...
No que é sentir.
Sinto...
Muito.
Sinto muitas coisas contraditórias,
Uma dualidade constante como,
Uma espiral de DNA
Duas coisas eternas
caminhando paralelamente juntas
E se encontrando de tempo em tempo...
Procuro palavras

Procuro palavras que ainda não conheço


Para explicar o que ainda não vi.
Por universos onde moram os anjos
Pelas estrelas que não nasceram.
Procuro gestos que me abram portas
E olhares que me façam ver
Vou por caminhos que caminhando se fazem,
Vivendo a procura do verdadeiro viver.
Quando te vejo
Vou te dizer meu desejo,
O que vejo quando te vejo.
Eu vejo o sol nascendo,
Sempre que sorri pra mim.
Ondas nos seus olhos batendo,
Na minha praia sem fim.
Uma cachoeira de luz caindo,
Pelo seu pescoço,
Acariciando suas costas.
Vejo uma obra de arte perfeita.
Uma escultura celeste,
Feita de carne e alma.
Vejo uma estrela dançando,

Com gesto luminoso


E uma criança brincando
E pulando nos seus olhos.
Vejo uma deusa grega
Um anjo de asas ocultas
Que voa baixo...
De coração em coração.

Querida

Quero que saiba, que realmente saiba:


Que anoiteço em mim sem você.
Que as palavras não dizem nada,
E que eu só vivo ao te ver.
Quero que entenda, que realmente entenda:
Esse meu coração triste,
Dilacerado e arrependido,
Te pedindo pra esquecer.
Que não vivo sem você.
Que anoiteço sem você.
E querida,
Quero que entenda,
Quero viver sua vida,
Quero que viva a minha.
Que não vivo sem você.
Que anoiteço em mim sem você.

Rir ou sofrer

Faz de conta que o passado,


É uma dor que se esqueceu de doer.
E eu posso dizer que amo você.
Eu posso fingir que não te vi.
Eu posso sofrer.
Eu posso sorrir ao te beijar.
Eu posso chorar ao ter que partir.
Eu posso ouvir o que a Lua diz.
Porque te procuro e não acho você?
Porque me pergunto sempre por quê?
Porque me divido entre quem e o quê?
Meu coração corre a sorrir ao te ver.
Minhas lágrimas se alegram ao ouvir você.
Eu posso sorrir se o mundo sofrer.
Eu posso chorar se o mundo sorrir.
É tudo questão de sentir e ver,
Com os olhos de dentro cada acontecer.
Todos podem sentir o sangue correr.
Todos podem escolher
Entre viver ou morrer,
Rir ou sofrer.
Não é fácil, mas está tudo certo.
Porque ver torto o que é reto?

Se for...
Elegia à Dona

I
das Cores.
Tudo é cinza sem você.
Nem preto nem branco.
Cinza caem sem te ver.
Eu vejo meninos e meninas aos cantos,
Enquanto eu canto pra não te esquecer.
Existe uma alma em pranto,
Enquanto eu santo sofro sem por que.
Há um suicida bêbado esperando por alguém...
A esperança da vida ante a navalha do tem.
II
Tudo é cinza sem você.
É que você é minha aquarela,
Meu prisma, minha prima-bela.
E a íris do meu arco-íris.
Vê? Sou a ponte cinzada,
Por onde desliza a risada,
Por onde passam felizes,
Suas cores felizes!
III
Me quebraria os ombros,
O peso de um mundo enganado,
E tudo não passaria de escombros,
E o mundo estaria acabado.
Não valeriam seus restos,
Não fossem seus gestos,
Suas fadinhas safadas,
Que encantam encantadas,
A colorir meus protestos.

IV
Mas nada é como antes!
Andas tão distante...
Como quando a vi hoje a tarde,
Era nuvem à tarde.
Mas era estrela antes,
Como as estrelas ficam distantes!
E de todos os sóis os pores,
Na ausência de teus amores,
Na falta de suas cores,
Ficam apenas essas cinzas dores...
V
É cinza o bêbado chorando.
É cinza o menino perdido.
É cinza um cachorro que passa procurando.
É cinza o dono morto por bandido.
É cinza um menino carvoeiro.
É cinza uma menininha de vermelho.
É cinza um pai sem emprego.
É cinza meu lado do espelho...
VI
Tudo é cinza sem você!
Nem branco, nem preto.
E eu sou um dia e noite em cinzas.
E uma ponte com defeito,
Por onde a risada desliza.
Por onde passeiam amores,
Por onde derrama suas cores.
Por onde correm felizes.
Suas sinas de Íris!

Seu poder

Você tem o poder,


De não fazer sentido.
De me corromper.
De me fazer bandido.
De me deixar feliz.
Você tem o sorriso,
E esse olhar que ri,
Aquilo que preciso,
É o que você diz.
Você tem o poder,
De me deixar perdido,
De me envolver,
De bagunçar comigo,
De eu pedir bis.

Seven boys
Que saudades da infância,
Velhos tempos de criança,
Em que o Papai Noel,
Trazia meu superman.
E o quintal era meu mundo,
A minha família era um povão,
E eu não comia tudo
E armava de montão.
Mamãe me dá meu seven boys,
Eu to aqui vendo TV,
Depois vou sair pro mundo,
Brincando de crescer.
Sinto falta da ausência,
Sinto falta da inocência
E mais falta das minhas bolhas de sabão.
Ah... as lutas de espada,
De vassouras armadas,
De imaginação.
Meus heróis de quadrinhos,
Não voam mais e não soltam mais raios.
E os carrinhos agora matam.
Os bonequinhos são gente de bem.
As bolinhas de gude já não são mais.
E pipa, é um caminhão de água.
E águas passadas me movem
E águas passadas não ouvem,
Quando são chamadas.
Sinto falta dos anjinhos,
Que não posso ver.
Silenciosas

canções

Tu és uma princesa louca na terra do amor.


Tu és o amor louco de uma princesa na Terra.
Do coração a cura da dor.
Das plantas a flor.
O diamante das pedras.
Um anjo entre animais.
Tuas pétalas ao me tocarem
Se fazem calmos carinhos,
E o brilho de seus olhos me causa visões.
Suas palavras são doces alegrias
E intangíveis pedaços de vida,
Colho de suas silenciosas canções.
Tu és uma estrela que brinca de brilhar,
E um sol sorridente num eterno amanhecer

E...
Sou só!
Mas quem não é,
Só?
Sonho só.
Acordo só.
Estou um pólo só.
Preciso de colo,
Estou sem solo.
Cadê o Sol?
A Lua é só.
Estou num pó
E num cansaço só.
Sou somente eu sozinho.
Perdido a caminho do Sol.

Sofia Beatriz
Bia Biou!
Você nem imagina,
O quanto papai te amou!
Te amou e te ama sempre,
E eternamente te amará.
Por todos os caminhos,
Por todo o caminhar.
Você é minha piquininha,
Minha caçulinha, só minha.
Bia Bebê,
Você nem sonha,
O quanto papai ama você!
Ama de dia, ama de noite,
Quando fala “ti”
Quando fala “ai”
E principalmente quando chego
E você corre “papai”!
Sofia Beatriz
Se agora já for mulher
Saiba que tudo o que fiz
Foi por um sentimento... amor.!
Eu te amo!
Sóis azuis

Quando duas pessoas se atraem,


São dois corpos que se unirão e se confrontarão.
Intensamente até o cúmulo.
E lutarão pelo mesmo lugar no espaço.
Quando duas almas se atraem,
São dois corpos celestes se amando,
Dois corpos se completando...
Ensinando e aprendendo,
Percebendo e atuando,
Num dos simples milagres de Deus.
Uma nova vida, uma nova partícula do infinito.
Quando dois sóis azuis
Sabem que são destinados a amar,
São lindos astros de luz percorrendo...
Eternamente a órbita do ser amado.
Quando então o milagre acontece.
Do fim de dois mundos,
Surge uma pequena estrela,
que será o núcleo perfeito,
De uma nova constelação.

Sonhos Caídos

Como anjos tortos alguns sonhos caem,


De seus pedestais de idealização perfeita.
Como mentiras que se pensavam serem verdades,
Desmoronam como castelos de areia
ou casas de neve no verão.
Despencam do mundo das ideias perfeitas
E dão de cara no barro seco e árido da realidade.
Imperfeita, cinza, triste e cruel.
Sem asas, sem naves, paraquedas, nada!
Uma queda livre de tristeza na cara.
Decepção, desilusão, decapitação da ilusão.
Vaga o sonho perdido por uma terra desconhecida,
Cheia de neblina e monstros escondidos,
Ouve-se gritos, gemidos e pedidos de socorro,
Que ninguém escuta!
Lágrimas secas como puro sal,
Rolam pelo rosto pálido e duro.
O olhar vazio procura ao longe,
Algo que não sabe e que nunca encontrará.
Seguem assim os sonhos caídos,
Feitos de gelo, dor e corações partidos
Ter você,
Ser seu

Preciso ter você,


Preciso ser seu.
Como os loucos têm a lua.
Como os pássaros têm o céu.
Os bêbados possuem as ruas,
Os ursos possuem o mel.
Preciso ser seu.
Preciso ter você.
Como é o mundo visto em seu peito?
Como é esse mundo que não posso ver?
Os loucos possuem as ruas,
Os bêbados degustam seu mel,
Os pássaros rumam à lua,
Os ursos possuem o céu...

Toda vez que respiro

Você é a última coisa em que eu penso


antes de dormir,
E você é a mulher dos meus sonhos.
Então você é a primeira coisa
em que eu penso ao acordar,
E durante o dia penso em você sempre que respiro.
E sempre que fecho os olhos vejo você,
Te digo o dia inteiro que te amo,
E a noite sozinho te vejo e espero, não sei por quê.
Talvez seja aquele seu olhar que me iniba
Ou talvez seja aquele sorriso
Talvez seja só eu, e meu medo,
De você não me entender, não me querer,
O medo de te dizer a verdade e você não acreditar.
O medo de me entregar por inteiro e
você me jogar fora.
O medo de estar em suas mãos e você me esmagar;
Ou talvez seja só essa confusão.
Essa coisa sem sentido de ter medo
E ter amor ao mesmo tempo,
Ou essa guerra entre razão e coração.
Mas nada importa agora, o que importa,
É que você é a última coisa
em que eu penso antes de dormir,
E a primeira, quando acordo, e durante o dia
Toda vez que respiro, você!

Todos menos você


Olhos todos ao redor,
Não sei por quê.
Olho todos ao redor,
Procurando você
E te encontro sem esforço
E te vejo em cada rosto
E a ausência faz doer.
E olho para todos,
E todos não são você.
Vejo todos que me cercam,
Mas preferia não ver.
Mundo dos Sonhos

Estavam um dia os sonhos sem fim.


Sonhando com asas em naves douradas
E com realidades jamais sonhadas,
E de tanto sonhar... os sonhos enfim...
O sonho mais verdadeiro brilhou como um Sol,
Iluminando o caminho dos sonhos à realidade sonhada.
O sonho das estrelas como sempre foi brilhar...
E a noite eterna ri como se visse estrelas.
Seres sonhos de luz cruzam a escuridão de luz em luz.
E aos sonhos mais leves foi dado o peso de uma vida.
Muitos sonhos se sentem felizes,
Enquanto outros rejeitam a vida sonhada.
Milhares de infinitos sonhos se viciaram em vida.
Os menos criativos vivem átomos ou outras moléculas.
Os mais ousados vivem estrelas ou planetas...
E os gênios vivem buracos negros e constelações.
E os sonhos brincam de existir...
Do mundo dos sonhos é vivida a vida,
Como um sonho.
Do mundo dos sonhos eu vim para viver com você.

Um ser do único

amor
Temos amado tanto sem saber amar.
Vamos amando aos poucos os nossos pecados.
Vamos amando os poucos e aos pedaços.
E amamos mais a praia que o mar.
Amamos tão errado e todos podem ver,
O que sentimos pelos lucros infinitos,
E como nos é querido aquilo que pudermos obter.
Ter a casinha que desenhávamos
na infância não é bonito?
Ter também quando adultos seus carrinhos de bater.
E por fim do horror amamos
mais o sexo que o amor,
Mais a tensão que a calma, mais o corpo que a alma.
E amamos coisas que não fazem nenhum sentido.
Tudo que tenha matéria e possamos pegar e usar,
E amamos coisas que nos destroem
como tomamos comprimidos.
Será que um dia amaremos o outro como a nós mesmos?
E todos como o tudo e a tudo como a todos?
E será que seremos um dia um ser do único amor?

Vazio

Já me senti um Sol,
E nem gigante fui.
Vermelha, somente a sensação,
Antecessora ao fim.
E frio, tão frio...
Vazio.
Morreu com frio,
O meu eu Sol.
Minha luz caiu
E me tornei pó.
Um pedacinho,
De poeira estelar.
Meio sem caminho.
Meio sem lugar.
Meio sem carinho.
Meio sem amar.

Poema da Montanha

Oba! Tem trilha esse final de semana!


E assim começa a próxima aventura.
Arruma mochila, não esquece a lanterna.
Leva lanche pro café, pão, bolacha banana.
Tal horas no local de sempre,
Todo mundo combinado.
Alguém quer carona gente?
A emoção tem horário marcado!
Bora começar a subida,
O sangue esquenta, tira a jaqueta
A perna cansa, tu faz careta
Que eu fui fazer da vida!?
Tá chegando, mais dez minutos!
Tá nem no meio do caminho.
Sente o quadril, a panturrilha
Da onde inventei de fazer trilha?
Tá quase chegando tu quase morrendo,
A vista do cume te da esperança!
A paisagem se abre e tu mesmo sofrendo,
Abre um sorriso feito criança!
Chegamos no cume o sol vai nascer
Relaxa, descansa, faz pose pras fotos.
Por um pouco se esquece que tem que descer!
Então lá vem o sol lindo nascendo,
Trazendo outro dia uma nova manhã.
E tu todo bobo pra ele sorrindo,
Se lembra porque gosta tanto de montanha!

Peter Cabral

Poeta e escritor amador,


autor do livro Não Existe Plano B,
natural de São Paulo-SP,
residente em Camboriú – SC.
Sou Professor de Inglês
Licenciado em Letras
Anglo-Saxônicas pela UENP –
Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Premiado pelo Concurso de Poesia do Sesc em
2004 com o poema “Escrevi!”. Contatos:
E-mail: petercabral17@outlook.com.
Cel:47 999601065.
Instagram: @peter_cabral

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