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Copyright © 2020 Caroline Nonato

Capa: Layce Design


Revisão e Diagramação: Carla Santos

Esta obra segue as regras do Novo Acordo Ortográfico.

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qualquer forma, meio eletrônico ou mecânico sem a permissão da autora.
Capa
Folha de Rosto
Ficha Catalográfica
Dedicatória
Epígrafe
Prefácio
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Bônus
Agradecimentos
Biografia
Obras
Quer ser embalado pelas músicas enquanto se emociona lendo essa
história?

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do seu celular no código da imagem abaixo, que te levará para a playlist
de RAMARO:
Dedico essa história a todas as minhas leitoras e amigas. Não desistam
do amor.
“Às vezes começamos a amar pelo motivo certo, por encontrarmos em
outra pessoa nossa alma gêmea, mas às vezes o amor chega da maneira
mais inesperada possível.”
(Minha Melodia – Camila Moreira)
Este romance me trouxe o mesmo fascínio de quando li, pela primeira
vez, Sem clima para o amor, da Rachel Gibson, que me emocionou de
forma indescritível e também me garantiu muitas risadas. O que foi um
bálsamo para esse momento tão conturbado em que estamos vivendo
por conta da pandemia mundial da COVID-19.
Com maestria e sensibilidade, a autora nos mostra Érica, uma
advogada determinada e guerreira, linda e atrevida, que abriu mão da
sua felicidade para cuidar dos irmãos – que são sua fortaleza e força – e
não se deixou esmorecer pelos percalços da vida por sua ousadia e
coragem.
Por outro lado, vemos um CEO implacável que foge do comum, por
não ser egocêntrico. Alexander é um ser humano além do que aparenta.
Íntegro, cativante, dono de um coração imenso, possui um altruísmo que
emociona, porque sempre pensa no bem-estar do próximo, independente
da sua classe social.
Ambos batalham pelos mesmos princípios por um bem maior –
devido a alguns segredos guardados a sete chaves. Como se não bastasse
tudo isso, a teimosia e o jeito explosivo à la gato e rato (quem não gosta?)
vão garantir boas gargalhadas em diversos momentos regados de drama,
intensidade, sarcasmo e, claro, química e romance que saltam aos nossos
olhos.
Um romance extrovertido que nos mostra que nunca sabemos o que
o destino nos reserva. E, se houver o amor – o verdadeiro, aquele que nos
transforma em várias vertentes de nossa trajetória – não podemos
perder a chance de agarrá-lo antes que seja tarde demais.
Só o tempo para nos dar todas as respostas e, no fim, chegarmos ao
cerne daquilo que tanto ansiamos ao longo da nossa vida, das nossas
escolhas e decisões.
Convido-os a virarem as próximas páginas para se divertirem com
essa dupla cativante que gera emoções desenfreadas.
Carla Santos
“Fogo no fogo
Normalmente nos mataria
Mas esse desejo intenso
Juntos, somos vencedores
Eles dizem que estamos fora de controle
E alguns dizem que somos pecadores”
Fire on Fire | Sam Smith

— Droga! — resmungo morrendo de raiva por estar atrasado para a


reunião mais importante.
Desço do carro e adentro o prédio luxuoso onde reside as Indústrias
Ramaro. Oh, sim! Comando uma das maiores empresas do país, herança
da minha família. Na verdade, meu pai se aposentou e só queria saber de
viajar com minha mãe, apesar de sempre gostar de opinar em
importantes decisões da empresa. Só que eu lido com tudo da melhor
forma. Entro no elevador tirando meus óculos escuros. Passo a mão pelo
meu cabelo em uma tentativa de me acalmar. O que não resolve em nada.
Assim que o elevador chega ao meu andar saio em disparada. Passo
como um furacão dando um bom-dia rápido a todos que encontro pelo
caminho. Sigo para a minha sala e a Srta. Robbins vem atrás. Escuto seus
passos estridentes feitos pelo seu sapato de salto altíssimo. Coloco minha
pasta sob a mesa e me viro.
— Bom dia, Sr. Ramaro. Todos já o aguardam na sala de reuniões.
Devo lembrá-lo de que o novo advogado ainda não chegou.
Reviro os olhos, ainda terei que verificar essa situação. Não podemos
ficar sem um advogado na empresa.
— Tudo bem, Srta. Robbins. Preciso ir para essa reunião, é uma das
mais importantes. Conseguimos um contrato sólido com os Stuarts.
— Sim, claro! Tudo está devidamente no lugar na mesa da sala.
— Ok, obrigado — agradeço saindo da sala acelerando o passo. Entro
na sala e vejo todos os representantes comerciais. Preciso que eles
conheçam a nova aquisição junto a Stuarts.
— Bom dia, senhores! Desculpe-me a demora. O trânsito estava
intenso, tivemos um contratempo, mas consegui chegar. Primeiramente,
quero apresentar a vocês tudo que as Indústrias Ramaro vão ganhar com
esse contrato. Depois haverá a votação de forma anônima e logo após o
resultado. Temos também um representante da Stuarts presente, o
advogado Robert Collins.
Todos concordam e começo a apresentação, eles ficam atentos a
todos os detalhes. Alguns chegam a questionar sobre alguns pontos.
Gosto disso, é essencial que entendam como tudo funcionará. Vamos nos
unir a Stuarts para salvar as suas ações na indústria hoteleira. Logo após
apresento as propostas da Ramaro junto com os lucros que teremos no
investimento. Sinto-me orgulhoso por mais essa conquista. Estamos
prestes a finalizar a votação e vejo o empate. Percebo que alguns ainda
não concordam. Bufo insatisfeito. Tanto trabalho para isso.
— Preciso do voto de vocês, mas sabem o quanto isso é importante
para a nossa expansão na hotelaria.
— Entendemos isso, senhor Alexander, mas ainda temos que sentar e
destrinchar esse contrato, estamos sem... — Não deixo Paul terminar de
falar na frente do advogado da Stuarts.
— Ok. Só quero ver quem vai me impedir de seguir em frente com
essa negociação — digo de um jeito autoritário, para que todos saibam
que não vai haver discussão. E, assim que termino, entra uma mulher na
sala e fico atônito sem saber que raios está acontecendo.
— Eu vou te impedir, Sr. Ramaro. — Encaro seus olhos negros, ela
sorri pretensiosamente. De onde saiu essa mulher linda e atrevida? Como
invadiu minha reunião? Fecho os olhos e passo as mãos pelo cabelo
nervosamente.
— Quem é você? O que pensa que está fazendo entrando em minha
sala de reuniões? — Aproximo-me dela encarando-a com o semblante
sério. Ela parece não se afetar pela minha altura. Seus olhos sustentam os
meus e buscam a resposta.
— Sou a nova advogada das Indústrias Ramaro, muito prazer, me
chamo Érica González e, de hoje em diante, não farão nenhuma
negociação sem a minha leitura e revisão de contratos — diz impassível e
com atrevimento. Pisco ainda sem acreditar. Os representantes começam
a cumprimentá-la. Reviro os olhos.
— Peço a todos que me deixem a sós com a Srta. González, por favor.
— Eles saem da sala e fecho a porta, faço um pedido aos céus por
paciência, coisa que normalmente não tenho. — Bom, senhorita. Gostaria
de saber quem a contratou para o início da nossa conversa.
— O seu pai, o Sr. Dominic Ramaro, ele mesmo me entrevistou antes
de viajar com sua querida mãe. — Mais uma vez, ele tomou decisões sem
me consultar. Dessa vez, ele passou de todos os limites.
— Ah sim, claro — digo sorrindo sarcasticamente.
— Veja bem, ele me entregou o contrato e fiz a leitura detalhada dele.
É melhor que saiba que teremos que refazê-lo ou não terá negociação.
Não com aquelas cláusulas sobre o lucro. — Sua língua afiada me tortura
por seu atrevimento em me dizer o que vou fazer.
— Olha aqui, Srta. González, quero que preste bem atenção no que
vou te dizer agora, porque não quero ter que repetir mais. — Respiro
fundo e fito seus olhos atentos em mim. — Não há possibilidade alguma
de você chegar e dar ordens a mim, sou o CEO dessa empresa, dou a
palavra final sempre — digo entredentes.
— Bom, então teremos grandes problemas, porque eu sou a nova
advogada da sua empresa e digo onde você deve pisar para começo de
conversa — diz firme em suas palavras.
— Como pode pensar que, em seu primeiro dia de trabalho, vai
influenciar em minha decisão?
Ela sorri e não sei se admiro sua boca ou fico com raiva da sua
ousadia.
— Sr. Ramaro, como pode fazer uma negociação sem ao menos
consultar um advogado? Me desculpe a sinceridade, mas com todo
respeito, o senhor é formado em administração, tem MBA e tudo, porém
não tem nenhuma formação em Direito, muito menos empresarial. Nesse
quesito, quem vai mandar sou eu e cabe a você se sentar e escutar tudo.
— Ela consegue ultrapassar todos os limites. Meu sangue ferve e começo
a sentir a raiva se espalhar pelo meu corpo.
— Ninguém nunca falou comigo assim, nem nosso antigo advogado,
Srta. González! Sabia que pode ser demitida? — ameaço-a, encarando-a
com raiva. Ela rola os olhos. Mulher abusada.
— O contrato que assinei com o seu pai diz que somente ele pode me
demitir, então boa sorte com isso. Aguardo-o hoje nessa sala, às duas da
tarde, para uma reunião onde vou explicá-lo como será o contrato,
reescrevi-o e vamos propor ao advogado da Stuarts. A propósito, aqui
está meu currículo, e o contrato que assinei com seu pai, caso duvide de
algo.
— O quê? Meu pai não fez isso!
Agora sim estou com raiva e a Srta. González se levanta, pega sua
bolsa e, encarando-me de um jeito atrevido, sai da sala me deixando
louco.
Por que acompanhei cada movimento do seu corpo? Além de ser
atrevida é dona de uma beleza incrível e um corpo escultural. O que foi
isso? Estou confuso. Recolho minhas coisas e volto para minha sala. Peço
a Sra. Robbins para não passar nenhuma ligação, não estou para ninguém
hoje. Depois dessa advogada atrevida, petulante e metida a autoritária,
preciso de tempo para pensar.
Ligo para o meu pai, que não me atende. Irritado, jogo o celular na
mesa e sigo para o canto da sala. Do vidro observo o movimento da
cidade. Tento me acalmar, pego um pouco de bebida para me ajudar a
engolir tudo que aconteceu naquela reunião. Volto para a mesa e pego
seu currículo e contrato. Vejo seu nome, idade e estado civil. Por que isso
me importa? Trinta e um anos, solteira? Me pego pensando, pois uma
mulher tão linda como ela está solteira. Bom, não tenho nada a ver com
isso.
Hoje iria precisar de uma noite relaxante. Pego de volta meu celular e
ligo para a Sheron.
A manhã passou rápido, analisei alguns dados, preenchi planilhas e
respondi vários e-mails. Nem metade do que ainda tinha em minha caixa
de entrada, na verdade. Saio para almoçar ao meio-dia com o Jonas, o
diretor de marketing da empresa e meu amigo.
— E a reunião? — pergunta curioso.
— Argh! Foi horrível e, ainda por cima, conheci a nova advogada.
Onde meu pai estava com a cabeça de contratar alguém sem ao menos
me consultar?
— É, dessa vez ele foi longe, não é, Alex?
— Nem me fale, ela é atrevida, petulante, mandona, linda e... — paro
me lembrando de que ele vai me encher de perguntas.
— O quê? — Jonas me cutuca louco para saber mais e fico sem graça
de imediato.
— Olha, o jeito dela é irritante, parece que sabe mais que todo
mundo.
— Parece muito com alguém que conheço — meu amigo diz sorrindo.
— Ah, pára, cara! Ela é uma advogada e chegou achando que manda
na empresa que administro, sou o dono, porra!
— Opa, calminha aí, amigo.
Saímos do prédio e seguimos para dentro do carro. Resolvo mudar de
assunto porque ainda estou muito irritado com aquela mulher.
Quando retornamos à empresa, entro no elevador com Jonas sorrindo
dizendo que vai comemorar com Louise, sua namorada, os quatro anos
de namoro. Parabenizo-o por aguentar todos os esses anos. Ele me
pergunta se ainda estou com Sheron e digo que estamos só no sexo
casual. É mais fácil que se envolver, não tenho paciência para namoros e
gosto de liberdade.
Entramos no escritório e sigo para minha sala. A Srta. Robbins tenta
me impedir de entrar e não a deixo explicar. Então dou de cara com a
Srta. González sentada no sofá com as pernas cruzadas e um monte de
papéis ao seu redor. Só que meus olhos não conseguem desviar da sua
pose. Essa mulher ainda me matará de raiva e desejo, porque minha
vontade é de pegá-la de um jeito insano naquele sofá. Sorrio mascarando
meu desejo e raiva. Preparo-me para a guerra que será enfrentar essa
mulher de agora em diante.
— O que está fazendo em minha sala? — pergunto, fitando seus olhos
que percorrem meu corpo, sinto um calor tomar conta do ambiente.
— Temos uma reunião, lembra-se? — ironiza sorrindo.
— Havia me esquecido, tenho coisas mais importantes a fazer — digo
seriamente.
— É melhor se sentar, Sr. Ramaro, temos muito o que conversar
sobre esse contrato cheio de segundas intenções da Stuarts.
— Você não desiste mesmo, não é? — pergunto já sabendo a
resposta, afinal de contas ela é determinada.
— Nunca, pode apostar.
Dou um sorriso amarelo e me sento de frente para ela, dois podem
muito bem jogar esse joguinho.
“Você pode acender o fogo?
Preciso de alguém que assuma o controle
Sei exatamente o que preciso fazer.”
Dancing With A Stranger | Sam Smith with Normani

Quando entrei no escritório do Sr. Ramaro, já sabia o que enfrentaria,


mas não estava preparada para aquela beleza toda de homem.
Ele chegou do almoço alguns minutos atrasado. Alexander tinha um
sorriso presunçoso, como se pudesse ter o mundo a seus pés. O que é um
fato.
Dono de um corpo alto, esguio, atlético e musculoso. Uma tentação
ambulante. Seus olhos azuis piscinas são lindos e intensos. O cabelo é
aquele estilo pós-foda, castanho bem claro e ele passa a mão nele
constantemente. Barba bem aparada, que dá um charme ao seu rosto. Só
que, por trás dessa maravilha de homem, há muito mais. Sei que ele pode
me deixar louca, porém consigo ser bem imune ao charme de um homem
como ele.
Alexander se senta à minha frente e me perscruta com seus olhos
azuis intensos todos os documentos que estão comigo e na mesa de
centro. Ele solta o ar e até isso é sexy. Jesus coroado, dai-me forças!
─ E então, Srta. González? O que tem para mim? ─ pergunta me
encarando.
─ Vamos começar lendo o contrato todo, vou pontuar tudo para que
entenda onde quero chegar. Preciso que abra sua mente. Trata-se de um
negócio grande onde a Ramaro vai investir muito. Então é necessário que
analise cada palavra e o significado dela no contrato, isso para que não
aconteça nenhuma confusão no futuro — respondo para ver se ele fica
atento a isso, ao que realmente é importante para a empresa, que é da
sua família.
— Entendo perfeitamente, Srta. González. Só quero que saiba que não
tem nenhuma possibilidade dessa negociação não acontecer. É algo que
venho almejando e trabalhando faz alguns anos. As Indústrias Ramaro
precisam se inserir no ramo hoteleiro.
— Tudo bem, não disse que não será possível. Só que com esse
contrato escrito por eles não, entende? — Não é possível que esse
homem, um dos CEO mais implacáveis, esteja entrando no escuro assim
com esse negócio.
— Ok, vamos começar então — ele diz me fitando seriamente.
Alexander fica ainda mais lindo e sexy quando assume sua expressão
de CEO. Posso me acostumar com isso. Irrito-me comigo mesma por
estar distraída dessa forma. Respiro fundo, entrego-lhe uma cópia para
que acompanhe. Começo a ler e explicar tudo a ele, nos mínimos
detalhes. Ele concorda finalmente com o que coloco em questão,
principalmente nas discrepâncias dos lucros.
— É isso, Sr. Ramaro — finalizo e ele me encara curioso.
— O que vai fazer quanto a todas essas colocações?
— Vou reescrever o contrato, faremos uma reunião com nossos
representantes e só depois de apresentá-los o novo formato que
continuaremos com a negociação. Estarei presente em todas as reuniões.
— Parece que tem o plano perfeito, Srta. González.
Sorrio bem convencida de que tenho sim a solução.
— É o que eu disse, nada será feito sem minha análise, senhor.
Ele sorri de um jeito charmoso.
— Mas precisava daquela exibição toda na minha sala de reuniões? —
indaga com a voz bem mais grossa. Oh, minha nossa! Ele se aproxima
bem do meu rosto. Seu perfume é amadeirado e delicioso. Deixa-o ainda
mais sexy, se é que me entendem. De repente, sinto o ar mudar na sala,
torna-se bem palpável. Meu corpo reage a sua proximidade. — Precisava
passar em minha frente? Entenda, Srta. González, eu dou a palavra final,
porque sou a porra do dono e nunca mais faça isso. É a primeira e última
vez.
— Deixe-me corrigi-lo, Sr. Ramaro. É a primeira de muitas. Pois ainda
vou salvá-lo de várias burradas nessa empresa. Não fui contratada por
você e sim pelo seu pai — digo segurando seu olhar, não sei onde
arrumei tanta coragem, mas também esse homem é muito petulante. Se
acha muito mesmo! Que ego! Argh!
— Como você ousa falar comigo assim? — Ele se aproxima mais,
levanto-me do sofá rapidamente. Quando vejo, ele está em minha frente
em pé também. Minha respiração se altera e tento me manter impassível.
— Eu sou Érica González, sua advogada e essa é minha função na sua
empresa — busco forças e digo com confiança.
— Saiba que vai me deixar louco, Érica González. Quando fico assim,
perco o controle das minhas ações. — Sinto suas mãos em meu ombro,
meu olhar segue-as. Minha nossa! Como fugir dessa situação? Meu corpo
inteiro entra em combustão. Que calor esse homem me provoca! Ele
morde seus lábios. Parece faminto. Seu olhar é feroz, o azul se
intensificou.
— Senhor... — digo baixinho afetada pelo toque de suas mãos
descendo pelo meu corpo. Passando por cada curva, gravo cada ação
dele. Minha pele se arrepia. Fecho meus olhos, quando suas mãos
enlaçam meu corpo ao seu. Oh! O que é isso? Um feitiço? Estou entregue
à nuvem de luxúria que ele carrega em si.
— Diga, quero ouvi-la. Sabe o que faz comigo quando me enfrenta
dessa forma, Srta. González? — Balanço a cabeça negativamente.
— Deixa o sangue quente em minhas veias. Imagine um homem como
eu sentindo toda essa excitação. Não consigo me controlar.
— Por favor — imploro. Minha nossa! Que desejo avassalador é esse?
— O que deseja? — Ele me puxa para mais perto, pega em meu
cabelo. Seus dedos se enfiam neles com força. Sinto sua respiração em
meu pescoço. — Que perfume delicioso, esquentadinha — fala
sarcasticamente e, então, volto à realidade.
Não posso me envolver com esse homem. Rapidamente me afasto
dele.
Pego tudo e saio da sala sem dizer nada, com meus batimentos
acelerados e um calor intenso. Passo pela secretária do Alexander sem ao
menos agradecê-la. Sigo diretamente para a minha sala. Chegando lá,
jogo os papéis na mesa. Entro no banheiro e fecho a porta. Abro a
torneira e pego um pouco de água e passo em meu pescoço e na testa.
Tento mascarar meu desejo. A verdade é que estou pulsando de luxúria.
Encaro-me no espelho pensando em como as coisas chegaram a
aquilo. Ele foi tão rápido. Estou tão fodida. Preciso que ele me respeite
como advogada. Droga! Alexander Ramaro precisa confiar em mim.
Encosto-me à parede azulejada procurando equilíbrio. Minhas pernas
estão bambas. Fora que sinto o meio delas pulsar. Estou vermelha e com
vergonha de ter me deixado levar.
Passados alguns minutos volto a minha sala, sento-me na cadeira e
destravo a tela do computador. Preciso trabalhar e assim me concentro
na escrita de um novo contrato.
Troco algumas ideias com minha amiga Cintia, no Skype. Escondo
dela o momento que tive com o Sr. Ramaro e ela me aconselha a manter a
distância do meu chefe. Ela comenta sobre um jantar que vai fazer no
sábado e me convida. Aceito porque não tenho nada para fazer. A
verdade é que minha vida está meia parada. Depois de tudo que passei,
mereço uma trégua mesmo.
Depois de conversar com minha amiga volto ao trabalho e levanto-me
só para fazer um café na cafeteira chique que há naquela sala. Engulo a
bebida forte e quente. Aproveito e encaro o movimento da cidade pelo
vidro.
Começo a pensar que sempre sonhei estar em uma grande empresa.
Então aqui estou, estar desse lado é tão incrível. Tenho a sensação de que
posso fazer qualquer coisa. Distraio-me e me lembro de que hoje terei
que ligar para minha mãe para lhe contar sobre o primeiro dia. Então
percebo sua presença. Tomo coragem, coloco minha xícara na mesa de
vidro e viro-me para ele.
— Algum problema, Sr. Ramaro? Algo que posso ajudá-lo? —
pergunto de forma profissional.
— Érica, quer dizer Srta. González. Pensei em vir me explicar, perdi o
controle àquela hora. — No mesmo instante que ele se cala, penso que
deve ter se arrependido.
— Foi um erro, você é meu chefe e devemos permanecer somente
nessa relação de chefe e funcionária. Peço que isso não se repita mais —
digo firmemente, pois preciso que ele se mantenha afastado do meu
corpo. Mas ele se aproxima. O que esse homem pensa? — Por favor,
mantenha distância — peço que fique onde está.
— Tudo bem, qual é a melhor data para a reunião com os
representantes? Eles estão ansiosos por essa negociação também.
— Bom, amanhã termino de escrever tudo, temos que nos sentar
novamente para que eu possa expor todas as mudanças.
— Muito bem, então pode ser depois de amanhã, na quarta-feira.
— Excelente, Sr. Ramaro. Agora, preciso voltar ao trabalho.
— Sim, preciso lembrá-la de que teremos uma reunião com o pessoal
da Fort Car. Eles vão apresentar os lucros que tiveram na indústria
automobilística deles. Vou enviar em seu e-mail o contrato e os relatórios
para que fique por dentro de tudo.
— Ok, vou analisar tudo. Assim como todas as outras empresas que
temos contrato.
— Muito bem, posso te enviar todos, no mais é isso — ele diz
parecendo que quer ficar mais tempo em minha sala. Me encara. — Bom,
vou estar em minha sala se precisar de algo. — Assim que sai solto o ar
que estou prendendo. Fecho os olhos e volto para minha mesa. Deito e
rolo em cima do trabalho, finalizo o contrato e em seguida abro os
arquivos que Alexander me enviou. Faço a leitura e releitura com
atenção. Anoto todas minhas dúvidas. Amo muito meu trabalho e me
sinto ainda mais viva quando estou fazendo-o.
Saio do escritório, já passa das oito da noite, estou bem cansada.
Chego no estacionamento e vejo Alexander beijar uma mulher loira e
peituda antes de entrarem no carro. Ele sorri naquele seu jeito
convencido, o que me irrita e deixa-me louca de desejo, porque é um
charme dele. Destravo meu carro, o barulho chama a atenção dele, que
me encara antes de entrar no carro.
Assim que o carro dele sai acelero portão afora. Ganho as ruas
naquela noite quente do verão da cidade. Por onde passo vejo as pessoas
relaxadas sentadas em bares, rindo e conversando.
Chego ao meu apartamento, tomo um banho e tento assistir a uma
das minhas séries favoritas, Scandal, porque em primeiro lugar está Suits.
Estou na sétima temporada e começo a ficar preocupada com a Olivia
Pope. Amo aquela personagem. Ela exala poder e confiança. Nunca
pestaneja. Só que, nessa temporada, a Olivia está sendo impiedosa,
implacável como Alexander Ramaro. Passando dos limites.
Assim que termino o episódio vou me deitar e fico pensando em
como meu chefe deve estar se divertindo muito com a loira siliconada.
Com esses pensamentos idiotas adormeço e sonho com aquelas mãos em
meu corpo e aquele olhar azul-escuro cheio de luxúria sob mim. Oh,
Deus! Estou tão lascada.
“Oh, amor, você me fez pensar em ti constantemente
Sim, gosto de como você não faz joguinhos, é sempre verdadeira comigo
Tão linda, você deve ser uma deusa.”
Necesita | PRETTYMUCH CNCO

O dia está longo, parece que não irá terminar nunca. Para completar,
a vejo no estacionamento do prédio do escritório. Fita-me com seus
olhos perspicazes. Entro no carro com Sheron, mas antes beijo sua boca,
para provocar aquela mulher petulante. Saio com meu carro e resolvo
esquecer o que aconteceu naquela tarde. Ainda posso sentir seu perfume
entorpecedor.
Sheron e eu fomos para o hotel de sempre, não costumo levar
mulheres para a minha casa. Pois não me envolvo emocionalmente com
ninguém, não depois de ter sofrido tanto. Uma coisa que não gosto é de
enganar as mulheres, odeio que prometam algo que não possam cumprir.
Sempre tive palavra e ação.
A noite não começa boa, quando Sheron se aproxima tento mesmo
focar nela e esquecer aquela morena. Só que meu corpo parece ter sido
enfeitiçado por ela. Pois não consigo me concentrar no beijo da mulher
que está comigo. Ao contrário, fico impaciente. Quando sua boca desce
pelo meu abdômen, fecho os olhos para relaxar e me sentir excitado. Mas
o que sinto é raiva por não ser a boca daquela atrevida a tocar a minha
pele. Eu a quero muito. Peço a Sheron para parar. Não estou conseguindo
mais. Pela primeira vez na minha vida, estou brochando com uma mulher
que sempre me deixa maluco. A Sheron é a única que me permito transar
de vez em quando. É algo que fazemos sempre que sentimos vontade.
Ela se despede me fitando com seus olhos verdes claros tristes. Odeio
isso, mas é melhor dizer a verdade do que mentir. É frustrante sua mente
dizer uma coisa e seu corpo outra. Não dá certo e é pior se insistir em
algo que você sabe que não dará certo. Tomo um banho frio e me deito
em minha cama. Assim que coloco a cabeça no travesseiro as lembranças
daquela tarde me tomam.

— Saiba que vai me deixar louco, Érica González. Quando fico assim,
perco o controle das minhas ações — disse enquanto passei minhas mãos
em seu ombro, seu olhar seguiu-as. Senti sua pele quente sob meu toque.
Era tão macia e cheirosa. Minha nossa! Mordi meus lábios sedento pelo
seus. Não conseguia deixar de encarar seus olhos. Estou tão fodido!
Completamente perdido por essa mulher petulante!
— Senhor... — ela disse baixinho afetada pelo toque de minhas mãos
descendo pelo seu corpo. Passando por cada curva, gravando cada uma
delas em minha memória. Sua pele se arrepiou. Ela fechou seus olhos,
quando minhas mãos enlaçaram seu corpo ao meu. O encaixe foi perfeito.
Parecia algo tão certo, mas queria muito mais.
— Diga, quero ouvi-la. Sabe o que faz comigo quando me enfrenta
dessa forma, Srta. González? — Ela balançou a cabeça negando saber.
— Deixa meu sangue quente em minhas veias. Imagine um homem
como eu sentindo toda essa excitação. Não consigo me controlar.
— Por favor — ela estava implorando. Sua voz me pedindo por favor,
era demais para mim.

Com essa lembrança, minhas mãos tomam vida e acaricio meu


membro já excitado por cima da cueca boxer. Lembro-me dela dizendo
“Senhor” e “Por favor” e é o bastante para aumentar a força com que
movimento minhas mãos. E em um instante gozo deliciosamente. Só que
eu a queria ali agora para tomar tudo em sua boca atrevida. Estou tão
ferrado!

Acordo num rompante, percebo que estou atrasado. Teria que chegar
mais cedo para a reunião com os representantes e a Srta. González. O dia
seria longo e nem havia começado. Tomo banho, arrumo-me
rapidamente. Preparo minha pasta, pego um sanduíche natural e meu
celular. Saio em disparada rumo ao elevador.
Diferente do meu pai, gosto de eu mesmo dirigir meu carro. Adoro ter
controle de tudo em minha vida. Sempre dispensei certos luxos. Meus
pais, na verdade me criaram assim, diz eles que era melhor estar
preparado para tudo na vida. Nunca sabemos o dia de amanhã.
Hoje sou um CEO bem-sucedido e amanhã posso não ser. Então me
viro sozinho e gosto de ser independente. Depois de fazer dezoito anos,
meus pais me enviavam uma quantia para me sustentar na faculdade.
Mas nunca me deram mais que o estabelecido entre nós. Aprendi a me
controlar e a comprar as coisas. Dar o devido valor a tudo que tenho é
prioridade deles.
Muitas pessoas pensam que sou o filhinho do papai, mal sabem como
meus pais me criaram e tudo que temos hoje é fruto de um trabalho
árduo deles. Minha mãe e ele juntos lutaram muito para chegar onde
estamos hoje. Por isso, esforço-me muito para manter isso, pois eles
confiaram a mim a empresa da família.
Estaciono e saio do carro travando-o no mesmo momento que Érica
González. Meus olhos quase saltam ao ver seu terninho elegante, nada
indecente. Só que minha mente suja a imagina de diversas formas bem
sensuais com aquela roupa. Oh, Deus!
─ Bom dia, Sr. Ramaro! ─ Sua voz firme e sorriso simpático me
desarmam.
─ Um ótimo dia! ─ digo sorrindo também e seguimos para o elevador
que há próximo daquela garagem.
─ Animada para a reunião, ontem consegui preparar tudo ─ ela diz
bem animada e gosto disso. Pode ser petulante e atrevida, só que é muito
competente e eficiente.
─ E a Fort Car? ─ pergunto curioso.
─ Já li tudo que me enviou, podemos discutir mais tarde sobre
algumas coisas que vi no contrato. Sei que não dá para voltar atrás,
pagaríamos uma multa a eles, mas tenho a solução certa para isso.
─ Viu algo errado nele? ─ pergunto enquanto o elevador sobe e não
acredito que estamos tendo uma conversa civilizada.
─ Sim, mas vamos acertar isso. Quem estava advogando antes? ─
pergunta curiosa.
─ Um advogado antigo em nossa empresa, ele se aposentou, pode ser
que não viu o erro.
─ Tudo bem, às vezes passa despercebido mesmo, não se preocupe.
Vou trabalhar duro para alterar isso da melhor forma possível ─ diz
confiante e confio em sua palavra de imediato. Chegamos ao nosso andar
e sigo para a minha sala, deixo minhas coisas em minha pasta; os
contratos. Sigo para a sala de reunião onde todos me aguardam.
Dou início a reunião e depois passo a palavra para Érica, que mostra o
novo contrato e todos elogiam suas mudanças. Tenho que dar o braço a
torcer para aquela mulher, ela é muito competente. Meu pai estava certo
em tê-la contratado.
Depois da aprovação de todos, a reunião termina, peço a Srta.
Robbins para agendar um horário com o advogado da Stuarts. Ligo para
o ramal da sala de Érica e peço que ela venha a minha sala.
Após dez minutos, alguém bate à porta e peço que entre. Érica entra
com sua agenda em mãos.
─ O que o senhor deseja? ─ Tento não fazer nenhuma gracinha diante
da sua pergunta. Sorrio de lado.
─ Gostaria de parabenizá-la pelo excelente trabalho com o contrato
da Stuarts. ─ Decido dar o braço a torcer e levantar a bandeira da paz,
pelo menos por enquanto.
─ Então admite que estava certa? ─ questiona querendo me provocar
e rolo os olhos.
─ Você é sempre assim? Petulante e convencida? ─ indago curioso.
─ Vai levar um tempo para saber como sou, pode ser que mude
alguns conceitos sobre minha pessoa. É só isso?
─ Sim, podemos ver sobre a Fort Car agora?
─ Claro, vou só pegar meus papéis com as anotações ─ avisa e sai da
sala rebolando, meus olhos seguem o balançar de seu quadril. Fecho-os e
tento me concentrar no que vamos realmente fazer. Leio alguns e-mails
enquanto ela não volta, meu celular toca e vejo que é meu pai. Ele
finalmente resolveu aparecer.
─ Pai, que milagre resolveu me ligar!
─ Filho, me desculpe, sua mãe e eu estivemos bem ocupados. Estamos
viajando aproveitando um pouco.
─ Isso é muito bom, pai, como ela está? ─ pergunto pela minha mãe,
sinto falta de sua alegria e vivacidade.
─ Está ótima. Mandou um abraço e disse que está com saudades. ─
Sorrio.
─ Diga o mesmo a ela.
─ Então, gostou da advogada?
─ É, te liguei muito para falar sobre isso, tomou a decisão sem me
consultar.
─ Olha, filho, ela é muito competente e sabia que daria conta de domar
seu gênio autoritário. Sabe que fica cego quando deseja algo.
─ Sei sim, pai, mas não precisava de fazer isso no anonimato, sabe
que odeio ficar de fora dessas decisões.
─ Tudo bem, filho. Só que sei o que é bom para a empresa, trabalhei há
anos com isso e, bem, tenho mais experiência apesar de já ser aposentado.
─ Não quis dizer isso, pode sempre tomar decisões na empresa, mas
junto comigo ─ digo para que ele entenda o meu ponto e, quando Érica
entra em minha sala, despeço-me dele. ─ Bom, depois nos falamos mais.
À noite ligo para vocês, pai. Aproveite a viagem. ─ Ele me deseja um bom
trabalho e desligo a ligação.
Encaro a mulher a minha frente e preciso de forças para não fechar a
porta e possui-la de todas as formas possíveis. Afasto esse pensamento
enquanto ela se senta e cruza suas pernas, observo o movimento
respirando fundo. Penso comigo: “Foco, Alexander, você consegue”. Ela
começa a falar e tento prestar a devida atenção.
“Como chegamos tão longe?
Eu já deveria saber, você já deveria saber
Nós já deveríamos saber.”
Something’s Gotta Give | Camila Cabello

Entro na sala de Alexander tentando não perder o controle. Ele


parece estar lutando consigo mesmo também. Sento-me, cruzo minhas
pernas sob seu olhar quente. Ah. Minha. Nossa Senhora. Dai-me forças
para aguentar isso. Começo a falar tudo que vi no contrato. Ele presta
atenção a tudo com a testa franzida, outro charme dele. Cada vez que o
encaro fico perdida naquelas piscinas azuis intensas.
─ Podemos mudar isso? ─ pergunta o que já previ.
─ Sim, vamos fazer uma alteração contratual consolidada, onde reuni
em um único documento todo o histórico das alterações que passei agora
para você, esse documento vai se tornar independente dos contratos
anteriores que a Ramaro tem com a Fort Car.
─ Muito bem, Srta. González, mais uma vez já sabe o que fazer. Vamos
seguir com o que propôs então ─ diz olhando para algo na tela do seu
notebook.
─ Vou voltar a minha sala para trabalhar nos outros contratos e
processos ─ digo tentando fugir dele. Quanto mais longe, melhor.
─ Tem certeza de que não tem mais nada a me dizer agora? ─ Ele se
levanta e dá a volta na mesa, encosta no vidro e coloca as mãos nos
bolsos. Ah, é só o que me faltava!
─ Não, preciso trabalhar nos próximos para dar um retorno.
Alexander assente. Sinto-me quente só de estar mais próxima dele
assim. Levanto-me e tento passar por ele, mas Ramaro pega em meu
braço impedindo-me.
─ Alexander ─ digo enquanto seus olhos me fitam intensamente.
─ Érica, estou tentando ser profissional. Mas você não ajuda! Porra!
Estou ficando louco, sabe o que já fiz pensando em você? Ah! Se
soubesse... ─ diz com a voz gutural. Vejo-o engolir com dificuldade.
─ Temos que nos manter assim, para o bem da empresa da sua
família ─ digo tentando acreditar em minhas próprias palavras.
─ Mais do que ninguém tenho conhecimento disso, mas não estou
conseguindo evitar o desejo em tê-la. Quero e preciso disso, nem que seja
uma vez. Consegue evitar esse clima louco? Como? Me ajude. Só preciso
que...
Não o deixo terminar e colo minha boca na sua. Algo impulsivo e
totalmente irresponsável da minha parte. Só não podia ficar ouvindo ele
dizer aquelas coisas e não fazer nada. O nosso beijo é selvagem, feroz e
avassalador. Logo o calor se espalha por todo meu corpo e se concentra
em um só lugar. Sinto-me pulsar. Suas mãos me apertam e colam meu
corpo mais ao seu. É perfeito o encaixe de nossos corpos. Suas mãos
ficam mais ousadas e ele geme meu nome.
─ Érica... ─ Sua voz grossa me desperta.
─ Desculpe-me, preciso sair daqui. ─ Saio como uma louca e, antes
que eu chegue na porta, ele a fecha e cola sua boca na minha. Não consigo
resistir e agarro sua cintura com minhas pernas. Não consigo sair da sala
e nem dos seus braços. Seu beijo, dessa vez, é lento. Sua língua deliciosa
devora-me com avidez e luxúria. Minha nossa! Ele é bom. Não, isso é
pouco. Ele é incrível. Como persistir em negar isso?
Suas mãos sobem mais minha saia e ele leva para um dos sofás,
coloca-me sentada e começa a beijar minhas coxas. Vai subindo até
encontrar minha calcinha.
─ Caralho, Érica! ─ grunhe com a voz rouca. ─ Você veste isso todos
os dias? ─ Quando sinto que ele a está rasgando, fico louca.
─ Alexander, por favor! ─ imploro sem vergonha alguma.
─ Seu desejo é uma ordem, Srta. González ─ diz e sinto sua língua em
meu clitóris, pulsante e quente. Desmancho-me todinha. Meus dedos
entrelaçam em seu cabelo castanho-claro e sinto dois de seus dedos me
invadirem. Gemo ensandecida e começo instintivamente a rebolar.
─ Você é deliciosa, minha nossa! ─ Ele para, deixando-me ainda mais
louca. Sei que estou prestes a gozar em sua boca. Até que ele para tudo.
Levanta-se e arruma seu terno. Imediatamente caio em mim, sinto meu
rosto queimar de raiva.
─ O que está fazendo?
─ Não podemos fazer isso, Srta. González ─ ele diz de um jeito
impassível. Sinto-me indignada e furiosa.
─ O quê? ─ pergunto não entendendo o que está fazendo. Desço
minha saia e me levanto do sofá. Sem pensar em mais nada saio batendo
a porta. Esqueço minha agenda com os papéis dos contratos e
documentos. Chego em minha sala e entro no banheiro. Preciso pensar
no que acaba de acontecer. Ele estava prestes a me dar um orgasmo
incrível e simplesmente parou? Como assim? Ele disse aquelas coisas.
Encaro meu rosto no espelho e vejo que estou toda vermelha e suada.
Inferno de homem! O que ele pensa que é para fazer isso comigo? Agora
ele não terá mais nada vindo de minha pessoa. Só o trabalho de advogada
dessa empresa. Passo uma água no rosto e arrumo minha roupa.
Praguejo de raiva por estar sem calcinha. Saio do banheiro e pego minha
bolsa, tiro meu nécessaire. Retoco minha maquiagem e batom. Coloco
tudo de novo na bolsa e volto para a minha mesa. Abro meus e-mails e
começo a trabalhar sem minha agenda mesmo. Tento esquecer aquele
episódio. Só que a cada minuto me lembro de tudo. Droga, droga e droga!
Aquele infeliz me pagará caro por isso. Passados alguns minutos, ligo
para a secretária dele, peço a ela para trazer minhas coisas. Ela o faz e a
agradeço por isso. Não quero voltar àquela sala tão cedo. Se ele precisar
de alguma coisa, que venha me procurar. Afundo-me no trabalho e envio
tudo para o seu e-mail com todas as minhas considerações de mudanças.
Entro em contato com alguns advogados e marcamos reuniões.
Não percebo que já passam das oito da noite. Resolvo ir embora.
Desligo meu computador e pego minha bolsa. Quando estou saindo,
Ramaro está indo para o elevador. Passo a sua frente e aperto o botão
para descer, a porta se fecha e não a seguro de propósito. Pode ser
bobagem, mas ele merece mais do que isso.
Chego ao estacionamento e entro rapidamente em meu carro, saio
acelerando com vontade. A verdade é que a raiva não passou. Fui tão
boba de me jogar em seus braços daquela forma. Onde estava meu
controle? Sempre fui tão certa em minhas ações, sou uma mulher de
palavra. A verdade é que o que sinto quando estou perto desse homem é
anormal. Totalmente fora do comum.
Chego ao meu apartamento e tomo um banho, nada é melhor que ter
a água lavando toda a sujeira do nosso corpo. Ou o peso de um dia ruim.
Estava tudo indo tão bem, para que ele foi dizer aquelas coisas? Escuto o
interfone tocar e penso quem será a essa hora da noite. Já são dez horas.
Visto meu roupão e saio para atender.
─ Olá, Sr. Gomez.
─ Srta. González, me desculpe, mas um homem alto e de olhos azuis
disse que é seu chefe, o deixei subir, ele deve estar chegando. ─ Escuto
alguém batendo a porta. Porra! O que ele está fazendo aqui? ─ Desligo o
interfone sem paciência alguma. Resolvo não atender e ignoro as batidas.
─ Érica, abra essa porta, por favor ou irei arrombá-la!
Que ridículo, quem ele pensa que é? Dentro da empresa é meu chefe,
mas fora dela, não, não.
─ Último aviso, Érica. ─ Escuto sua voz novamente atrás da porta de
entrada do meu apartamento.
─ Inferno, Sr. Ramaro. Ligo para a polícia e te denuncio por invasão.
─ Não faria isso.
─ Experimenta ficar na minha porta, que verá! ─ respondo atrevida.
─ Vou arrombar!
Bufo cansada disso e abro a porta. Então seus olhos varrem meu
corpo sob o roupão. Sei que meus seios estão quase saindo para fora
dele, devido à minha agitação. Não posso deixá-lo me fazer de boba.
─ Não vai me deixar entrar? ─ Seguro seu olhar e não respondo, só
nego balançando a cabeça. Que ódio, que calor! Inferno de excitação em
vê-lo aqui em minha porta.
─ O que veio fazer aqui?
─ Preciso me desculpar com você, fui tão idiota.
─ Não me diga! ─ falo trincando os dentes.
─ O que me diz? Pode me desculpar, foi algo realmente muito
horrível. ─ Ele parece arrependido, só que não consigo acreditar.
─ Olha, vai para a sua casa e me deixe em paz, já basta o que fez hoje.
Ele dá meia volta e sai, fecho a porta e sigo para meu quarto. Visto
minha camisola, ligo a televisão e coloco o episódio de Scandal. Presto
atenção na série e me mexo na cama quando Olivia e o ex-presidente
começam a se pegar. Meu celular apita na mesa de cabeceira. Pego-o e
vejo uma mensagem de um número desconhecido.

“Me desculpe, não mereço uma mulher como você. Por isso parei o
que estávamos fazendo. Sou um canalha. Tenha uma boa-noite.”

Leio e releio aquela mensagem, não respondo, desligo a televisão e


tento dormir, mas não consigo, viro-me de um lado para o outro na cama.
Que droga! Sei que foi a privação de um orgasmo que me deixou tão
inquieta. Meu celular apita de novo.

“Não consigo dormir, só sei pensar e me lembrar do seu gosto.”

Era só o que me faltava, se ele acha que vou cair nesse seu joguinho
de conquista, está muito enganado. Ignoro a mensagem, mas minha
mente gira até estar de volta àquela sala. Sua boca na minha e depois em
meu sexo. Oh, minha nossa! Minhas mãos descem e me acaricio até gozar
em meus dedos. Mas sinto que é pouco perto da intensidade que foi com
Alexander. Estou tão perdida com isso.
“Eu estou vivendo no limite com as trivialidades, não
Talvez haja um amor diferente
Os opostos se atraem, os opostos se atraem.”
Love Will Save The World | Jessie J

Tive uma noite difícil, com lembranças da minha sala. Aquela mulher
no meu sofá à minha mercê. Fui totalmente idiota em deixá-la na mão.
Mas eu sei bem o que iria acontecer quando chegássemos ao ponto de
não podermos mais nos controlar. Essa é a verdade. A atração que
sentimos é algo realmente muito forte.
Aquela noite, eu não poderia ir para casa sem antes pedir desculpas a
ela. Porque lembro bem de seu semblante raivoso quando não segurou
as portas do elevador para mim. Eu merecia isso e muito mais. Pedi ao
RH o endereço dela e segui direto para lá antes de ir embora. Disse ao
porteiro que era seu chefe e que tinha um assunto urgentíssimo para
tratar com a Srta. González. Ele me deixou subir, enquanto pegava o
telefone. Ela não quis abrir a porta, ameacei arrombar. Ela ameaçou
chamar a polícia. Bufei sem esperança até Érica abrir a porta. E,
realmente não estava preparado para vê-la de roupão de seda na cor
champanhe. Meus olhos beberam da visão deliciosa de seus seios. Prova
de que ela o vestiu correndo sem olhar direito para eles.
Então, eu abri minha boca para pedir desculpa pelo episódio erótico
que tivemos. Não sei mais se serei capaz de trabalhar naquele lugar,
ficarei pensando nela o dia todo.
É incrível como nunca tive esse descontrole com ninguém. É claro, só
uma vez e me custou o coração. Não quero mais isso. Me entregar a uma
mulher e amá-la. Porque era isso que aconteceria quando começássemos
aquele círculo vicioso de sexo e da dependência. E simplesmente, não
podia me deixar levar de novo. Não com ela, Érica González.
No mais tardar, mandei mensagens para ela, porque a verdade é dura
e cruel. Estava com vontade de sentir seu gosto de novo. Queria muito
mais. Ah, sim! Desejava seu corpo colado ao meu em uma dança erótica
só nossa. O perfume dela não saiu da minha memória. Mesmo tomando
banho, ele se impregnou em mim. Como pode alguém despertar tantas
coisas assim em uma pessoa? Não sei. É algo inesperado. Quando podia
imaginar que aquela mulher morena, de cabelos longos, ondulados e cheia
de coragem fosse me deixar louco por ela? Nunca, não é? Mas aconteceu.
Agora, estou em minha cama sozinho, pensando nela, em sua boca
atrevida e sexy. Na sua voz gemendo meu nome, me pedindo por favor.
Caralho! Só de lembrar, meu membro já fica alegre, se é que me entende.
E lá vou eu em mais um voo solitário só com as lembranças do que
fizemos.
Acordo com muito custo, como meu pré-treino e me arrumo
rapidamente. Pego minhas roupas e coloco no carro, saio acelerando
para a academia. Um pouco de exercício físico me fará bem. Liberará as
energias presas.
Encontro-me com Karen, uma ruiva que já saí somente uma vez. Ela
sorri para mim daquele jeito e sai rebolando na minha frente. Penso,
penso e penso enquanto a vejo começar a correr na esteira. Às vezes, eu
só preciso me distrair um pouco. E coloco esse pensamento em ação.
Aproximo-me das esteiras e fico ao seu lado. Ela sorri e tira os fones do
ouvido.
— Olá, Alexander! Quanto tempo, não é mesmo? — diz com a voz
melodiosa.
— Karen, muito tempo mesmo. Como você está? — pergunto como
quem não quer nada.
— Estou bem, tentando manter esse corpinho aqui — responde
aumentando a velocidade da esteira.
— Eu também além da mente um pouco mais sã, né?
Ela sorri travessa e passo a mão pelo meu cabelo.
— Nos vemos por aí, vou para o próximo aparelho, lindo. — Ela sai
para fazer agachamentos. Meus olhos não deixam de acompanhar seus
movimentos. Ela tem um belo quadril, não como os de uma morena que
conheço aí, o que estou pensando agora? Balanço a cabeça para esquecê-
la. Fito os seios grandes da Karen, uma ruiva de olhos verdes muito linda.
Melhor focar nela e esquecer certa mulher atrevida.
Quando termino o treino, sigo para a ducha e, então, sou
surpreendido com alguém me enlaçando. Sorrio e a pego de jeito,
encosto-a no azulejo e beijo sua boca desesperadamente. Começo a
reparar em seus lábios, não são tão macios quanto os de Érica.
Ah, minha nossa! O que estou pensando?
Então solto a ruiva e me viro fechando os olhos.
O que tem naquela mulher que não sai mais da minha mente?
Peço desculpa a Karen, ela sai decepcionada.
Onde está aquele Alexander Ramaro implacável não só nos negócios,
mas também com as mulheres?
Termino meu banho, visto minha roupa e saio para ir trabalhar. Só
mais um dia e estarei livre no final de semana. Quero sair para me
divertir um pouco. Preciso tirar aquela mulher da cabeça. Mando
mensagem para Jesse, meu amigo. Ele é o único que restou do nosso
círculo de amizade solteiro. Sempre que dá saímos juntos para colocar o
papo em dia e conhecer algumas mulheres.
Chego ao escritório e a Srta. Robbins está em sua mesa tranquila, dou
um bom-dia a ela e entro em minha sala. Então me surpreendo com
minha mesa. Está recheada de pastas. Ligo para a minha secretária, que
vem correndo me atender.
— O que é isso em minha mesa, Srta. Robbins? — pergunto surpreso
e ela me encara e balança os ombros se desculpando.
— A Srta. González deixou aqui antes de o senhor chegar, ela disse
que são todos os contratos analisados. Falou também que qualquer
dúvida é para enviar um e-mail e não se dirigir à sala dela em nenhum
momento. — Vejo que uma daquelas pastas tem um papel anexado com a
mensagem CANCELADO em caixa alta. Pego-o e vejo que se trata do
contrato da Lives e fico possesso.
— Como assim? Não estou entendendo, ela cancelou um contrato sem
ao menos me pedir autorização? Ela passou de todos os limites.
Saio da sala com o sangue queimando em minhas veias e sigo para
sala dela. Entro sem bater na porta ou pedir licença. Ela não está sozinha.
Um de nossos funcionários, do marketing, está sentado sorrindo para ela,
que está toda cheia de charme para ele. Bufo e passo a mão pelo meu
cabelo em uma tentativa de me acalmar.
— Preciso falar com a Srta. González a sós — digo impassível. A
criatura se levanta com cara de paisagem e sai da sala fechando a porta.
— Não recebeu meu recado, Sr. Ramaro? — Ela começa com sua
língua afiada pronta para me desafiar.
— Recebi, mas precisava saber por que cancelou o contrato com a
Lives?
— Pelo simples fato de estar todo errado. Se eles quiserem faremos
outro; se não é rua mesmo, Sr. Ramaro. Mais alguma objeção? Disse que,
se tivesse alguma dúvida, era só enviar no e-mail.
— Que palhaçada é essa?
Ela continua sentada na cadeira, parecendo estar bem tranquila com
sua decisão.
— Não pode cancelar nada sem minha autorização, sou o CEO dessa
empresa.
Ela gargalha cheia de ironia e fico com ainda mais raiva e... Oh, minha
nossa!
— Sei que liguei para o seu pai e passei a situação a ele, que me disse
que era para fazer o melhor para a empresa. Foi o que fiz. Simplesmente
analisei todos os contratos e todos que encontrei algo errado. Estou
cancelando e reagendando reuniões com as empresas para fazermos
outra parceria.
— Você... ah... Érica... me deixa louco de raiva! Como pode passar na
minha frente assim?
— Sr. Ramaro, não gostaria que tivéssemos uma relação tão
conturbada, só que isso é culpa do senhor mesmo. Pense bem.
— Como ousa jogar isso na minha cara? — Aproximo-me dela e
ficamos com os rostos bem rentes um do outro. Sinto seu perfume
hipnotizante e me perco mais. Sua boca hoje adorna um batom vermelho
escuro e sinto uma vontade imensa de me lambuzar nele. Oh, céus! Estou
completamente perdido.
— É melhor voltar para a sua sala, Sr. Ramaro. Tenho muito trabalho
pela frente com esses contratos. Ainda preciso fazer uma revisão no
setor de recursos humanos — diz exalando plenitude, parece não estar
afetada pela minha proximidade. Só se estiver fingindo, o que na verdade
não sei. Porque seus olhos demonstram quão focada está em sua missão
de me enxotar da sua sala a pontapés.
Dou meia volta e percebo que preciso de outro banho gelado. As
discussões com essa mulher me deixam completamente louco de tesão.
Passo a mão no cabelo novamente em uma tentativa de me acalmar, o
que é em vão. A Srta. Robbins está na sua mesa quando passo.
— Não estou para ninguém hoje, diga que estou extremamente
ocupado — digo entredentes e bato a porta com força. Entro no banheiro
e passo uma água em meu rosto. Se continuarmos assim, receio que
perderei a minha sanidade. Se é que ainda tenho alguma. Volto a minha
mesa e pego meu celular, ligo para Jesse e marco para hoje mesmo, ele
diz que podemos ir a um bar e depois em um lugar para dançar. Sorrio e
me animo um pouco. Resolvo pegar firme no trabalho e só paro para
almoçar com Jonas, que me encara com a testa franzida.
— O que aconteceu na sua mesa?
— Ah! Nem me lembre que fico possesso. Preciso almoçar, minha
cabeça parece que vai explodir.
Saímos para almoçar juntos como sempre. Só não fazíamos quando
ele levava Louise. Conversamos sobre nossa família e conto que meus
pais estão se divertindo em alguma praia. Distraio-me e esqueço um
pouco da manhã agitada que tive com aquela mulher. Só de me lembrar,
meu corpo inteiro se acende. Então decido afastar as lembranças daquela
ousadia em pessoa.
“Mãos em seu corpo, eu não quero perder tempo
Parece uma eternidade
Mesmo se a eternidade for só por essa noite
Apenas deite comigo, gaste esta noite comigo
Você é minha, não consigo deixar de te olhar
Eu só quero dizer.”
Mine | Bazzi

O dia passa rápido e logo chego em meu apartamento, tomo um


banho e vou ajeitar algumas coisas na cozinha. Distraio-me quando
lembro do quão bravo Alexander ficou pela minha atitude. Eu sei que não
posso misturar as coisas no trabalho. Só que ele dificultou bastante
quando me fez de idiota em sua sala. Se ele pensa que vou facilitar está
enganado. Meu celular toca me dispersando desses pensamentos. Vejo
que é minha amiga Jaqueline, ela havia me dito que ligaria.
— Érica! Como você está, minha amiga? — pergunta muito animada
para o meu gosto.
— Jaque, estou bem, trabalhando muito e arrumando algumas coisas
no apartamento.
— Aff! Você precisa sair um pouco para se distrair, estava aqui
pensando que faz tempo que não nos encontramos, preciso saber das
novidades do seu novo trabalho.
— Ah, sim, bem que você poderia vir aqui, já que também anda
sumida. — Jogo outra ideia para ver se dá certo, estou desanimada
demais para sair.
— Érica González! Você já foi muito mais animada que isso! Cadê a
animação? É uma mulher linda e maravilhosa. Precisa sair para
espairecer. Só trabalhar não faz bem.
— Onde você quer ir? — bufo, rendendo-me a sua voz chata pedinte.
— Tem um bar novo bem perto do seu prédio, é bem frequentado, tem
música boa e muitos drinques bons. O que acha?
— Bom, preciso tomar um banho e me arrumar — digo já pensando
na roupa que iria vestir.
— Tudo bem, quarenta minutos dá para você? — ela me pergunta e
penso que esse tempo é suficiente.
— Ótimo, dá tempo de me arrumar, vai passar aqui?
— Claro, pode me esperar na recepção do seu prédio.
— Ok, combinado. Até mais então.
— Até e, Érica, animação, hein?
— Está bem. Tchau, sua chata! — Sorrio e desligo.
Ela é uma de minhas amigas mais animadas. Falei parecendo até que
tenho muitas. As pessoas em quem realmente confio são poucas. Aprendi
a me virar sozinha por muitos anos, minha mãe só voltou para a minha
vida quando eu já estava quase na faculdade. Ela fez de tudo para
resgatar o tempo perdido, mas não foi totalmente possível.
Jogo meu celular na cama, vou jogando minhas roupas também.
Quando estou nua entro no banheiro e ligo a ducha. A água cai em meu
corpo trazendo frescor, sinto-me relaxada. Arrependo por um minuto de
ter aceitado sair. Lembro que poderia vestir minha camisola e ligar a TV
para assistir minhas séries favoritas. Só que tenho plena consciência de
que preciso sair um pouco. Preciso conversar com alguém que não seja
do trabalho. Sei que será difícil fugir do assunto com a Jaque, mas
tentarei. Resolvo passar um óleo de banho em meu corpo, que o deixa
sempre macio e perfumado. Enxugo meu cabelo assim que saio do boxe.
Abro as portas de correr do guarda-roupa, pego meu vestido preto
básico tubinho. Mas lembro-me do meu vermelho parecido com aquele.
Troco-os e visto, fecho a porta para me ver no espelho. Ele fica muito
bonito em meu corpo. Acentua bem o quadril, tem um decote
arredondado que deixa meus seios no lugar. Sorrio. Sento-me na
penteadeira que chegou esses dias. Eu amei o modelo, combinava com os
móveis do meu apartamento e era muito útil. Penteio o cabelo, ligo meu
secador e seco-o escovando a franja. Divido o cabelo em duas partes e
faço um coque em cada lado. Bato o secador e depois de alguns minutos o
solto. Ele cai em ondas, passo um finalizador e jogo-o para o lado. Está
lindo assim. Gosto do cabelo mais ondulado. Às vezes, meu cabelo fica
mais liso e me dá gastura.
Sigo para a maquiagem, passo um hidratante, base, corretivo, blush e
iluminador. Passo uma sombra marrom, rímel e batom. Olho-me de novo
no espelho e acho que está ótimo. Coloco um brinco simples com uma
pedra brilhante, um bracelete e pronto. Borrifo um pouco de perfume no
pescoço e calço uma sandália de saltos no tamanho médio. Nada alto
demais, apesar de estar acostumada a usá-los.
Pego minha clutch, coloco meus documentos, dinheiro e um cartão.
Busco meu batom também e celular. Vejo que Jaque mandou mensagem
naquele instante.

“Estou saindo de casa, amiga, espero que esteja pronta.”

Fecho tudo e saio trancando a porta. Entro no elevador e aguardo-o


descer. Algumas pessoas entram e ficam me observando pelo espelho.
Sorrio para aquelas duas senhoras e, quando chegamos no térreo, saio de
cabeça empinada. As pessoas adoram julgar as outras. Sou uma mulher
que estudou muito e trabalhou para estar onde estou no momento. Então
pouco me importa o que pensam. Vejo o carro da Jaque do lado de fora,
ela buzina e saio pelas portas giratórias da recepção depois de desejar ao
porteiro uma boa-noite.
Entro no carro e o som está bem alto, ela o abaixa e me abraça. Me
sinto bem quando a vejo, é uma amiga querida.
— Até que enfim, Érica! — diz toda saudosa e sorrio.
— Quanto tempo, desde que me mudei para o apartamento — digo e
ela dá a seta para sair.
— Sim, faz tempo. Como você está? Sabe que odeio conversar no
telefone, só se for através de vídeo chamada — comenta e vejo que seu
gosto musical não mudou, continua amando ouvir Rihanna. Disturbia
está tocando intensamente enquanto tamborila os dedos no volante
quando paramos em um sinal.
— Eu estou bem, trabalhando muito e me sinto realizada — respondo
e ela sorri de lado.
— Sei disso, você é viciada em trabalho. Se deixar só sai para ir ao
escritório e nada mais.
— Ah, que isso! Os primeiros dias que são cansativos mesmo. Estou
tentando pegar tudo ainda, só que consegui analisar muitos contratos. É
difícil tratar algumas coisas com o chefe, mas vamos levando como dá,
não é mesmo?
— O seu chefe, como ele se chama?
— Alexander Ramaro — digo com medo de que ela saiba quem é ele.
Quando contei a ela sobre a entrevista disse que era uma empresa muito
boa. Só que não dei muitos detalhes.
— O quê? — Ela parece não acreditar, estaciona em alguns minutos e
desliga o carro. Gostaria de fugir daquele carro naquele momento.
— Foi o que eu disse, sem muitos escândalos, por favor — imploro,
mas ela ignora completamente.
— Porra, amiga! Por que não me disse antes? Alexander Ramaro é um
dos solteiros mais cobiçados. É um homem lindo e implacável,
considerado o melhor CEO com apenas vinte e oito anos. Bom, pelo
menos é o que dizem. Mas me conta tudo.
Descemos do carro, ela trava-o e seguimos andando na calçada até
chegar ao bar. Está uma fila enorme para entrar. Ela me puxa pelo braço
e sai na frente. Tira da bolsa duas pulseiras, os seguranças fazem a
leitura delas e colocam em nosso pulso. Entramos e fico impressionada
com o lugar. Tão perto do meu apartamento, e nunca reparei.
O espaço é todo bem organizado e há muitos ambientes: primeiro, o
de bar mesmo, com vários balcões iluminados e banquetas modernas. Os
bartenders não param de fazer drinques. São lindos. Com um chapéu
preto de lado, camisas brancas com mangas dobradas até o meio do
braço. A batida da música invade meus ouvidos e aprecio a voz de
Jennifer Lopez. Sorrio me lembrando do quanto amo essa cantora.
— Vamos pegar nossos drinques.
Vemos as opções que são bem apresentadas por aqueles homens
lindos. Escolhemos algo com limão e um pouco de álcool. Em alguns
minutos está pronto e saímos com nossas bebidas. Entramos em um
corredor cheio de luzes. Quanto mais andamos, mais a música fica
intensa. Dinero é tocada em alto e bom som. Aprecio e começo a balançar
a cabeça. Chegamos onde é a pista de dança. Estou encantada com o
lugar.
— Que lugar é esse, Jaque? — pergunto achando o bar bem diferente
dos que conheço.
— Abriu tem pouco tempo, é novo na cidade — responde sorrindo
tomando um pouco mais do seu drinque. Olho ao redor e vejo muita
gente bonita e com estilo.
— Então, seu chefe é aquele pedaço de mau caminho do Ramaro.
Como convive com aquela tentação ambulante?
— Ah, ele é um ignorante e arrogante. Então fica fácil ignorá-lo.
— O quê? Você é louca? Aquele homem tem uns olhos, amiga. Eu me
perderia. — Como se o DJ ouvisse meus pensamentos começa a tocar El
Anillo, da mesma cantora ainda. Dou de ombros para Jaque e a puxo para
a pista. Me jogo dançando na batida alucinante. Tomo mais um pouco do
meu drinque, que está bem refrescante. O álcool desce queimando e
aprecio o sabor de limão. Fecho os olhos e me entrego balançando os
quadris.
— Jaque, ele não é aquilo tudo que você pensa — digo encarando-a e
ela faz algumas mímicas que não consigo entender. Então sinto duas
grandes mãos em minha cintura. Não pode ser! Ela sorri e me encara.
Estou muito ferrada! Amor, amor, amor começa a tocar e não me viro
para encarar quem eu sei que me agarrou. Sei sua identidade. Suas mãos
são inconfundíveis. Sinto sua respiração em meu pescoço. Fecho os olhos
e sinto meu corpo inteiro se esquentar.
— Érica... — Ele mordisca o lóbulo da minha orelha e solto o ar que
estou prendendo, meus batimentos se aceleram. Viro-me e encontro seus
olhos azuis encarando-me intensamente.
— Alexander — digo sem tirar meus olhos dos seus e ele sorri, aquilo
só pode ser brincadeira.
— Quer dizer que não sou tudo aquilo que dizem por aí?
— Sr. Ramaro, é... é... não é sobre o senhor que estava falando —
gaguejo. Quando foi que já fiz isso?
— Querida, sou muito melhor do que dizem e vou provar a você,
custe o que me custar. — Sua boca toma a minha em um beijo
avassalador, quente e cheio de promessas. Sua língua toma posse de um
jeito delicioso da minha boca. Suas mãos cravam em meu quadril e me
derreto. Aperto minhas coxas uma na outra e me sinto perdida em sua
boca e suas mãos me pressionando mais forte. O que vou fazer para fugir
disso? Minha nossa!
“Deixe a música te levar
Como se você nunca tivesse estado tão livre
Até sentir o pôr do sol
Deixe a música aquecer o seu corpo
Como o calor de mil incêndios.”
Crying in the Club | Camila Cabello

O destino só pode estar brincando comigo, quando saio naquela noite


para me divertir e tentar esquecer a mulher que não sai mais da minha
cabeça. E o que encontro quando chego na pista do Bar Lounge? Érica
González. E em sua melhor versão. Nunca imaginei que ela poderia estar
em um lugar como aquele, dançando com um drinque na mão. Parecia
ser outra mulher, só que eu conhecia bem aquele corpo, o cabelo
ondulado e preto.
A atmosfera ao meu redor muda, meu corpo se acende feito brasa,
meu sangue corre em alta velocidade pelo meu corpo. Meu coração
começa a bater de um jeito acelerado e sigo a emoção daquele momento.
Sem pensar em mais nada, caminho a passos rápido em sua direção e
colo minhas mãos em sua cintura fina. Escuto-a falando alto para sua
amiga, que está a sua frente.
— Jaque, ele não é aquilo tudo que você pensa — Não sei por que,
mas sinto que ela está falando de mim. Só que ignoro isso, a vontade de
tocá-la é muito maior. A sensação é de ter encontrado meu lugar e é disso
que tenho medo. Mas, nesse momento, sentir seu perfume doce é a
melhor coisa do mundo. Me faz esquecer tudo ao meu redor. Inspiro
sentindo o perfume exalar do seu corpo. Parece que ela se perfuma
inteira.
— Érica — digo e mordisco de leve o lóbulo da sua orelha, então ela
se vira e seus olhos seguram meu olhar no seu com uma intensidade
enorme. A minha vontade é de levá-la daquele lugar. Gostaria de ver seu
corpo esparramado em minha cama. Nunca desejei tanto algo assim. Mas
me contenho.
— Alexander — meu nome soa de seus lábios baixinho, mas o
suficiente para eu ouvir. Sorrio e não deixo seu olhar.
— Quer dizer que não sou tudo aquilo que dizem por aí? — pergunto
curioso para ouvir sua resposta.
— Sr. Ramaro, é... é... não é sobre o senhor que estava falando —
começa a gaguejar, parece nervosa.
— Querida, sou muito melhor do que dizem e vou provar a você,
custe o que me custar — digo encarando sua boca e beijo seus lábios de
um jeito avassalador, quente e cheio de promessas. Minha língua explora
toda sua boca, tomando posse mesmo. É quente, delicioso e estou cheio
de desejo de me fundir a seu corpo. Minhas mãos cravam em seu quadril
e a sinto derreter em meus braços. Ela se entrega e aprofundamos ainda
mais nosso beijo. Esquecemos completamente onde estamos. Essa
mulher nasceu para ser beijada por mim. Nada se compara a isso que
estamos sentindo nesse momento.
Com a necessidade de levá-la embora para a minha casa, termino
nosso beijo determinado a convencê-la disso. Mordo seu lábio inferior e
ela geme baixinho. Essa mulher ainda vai acabar com o pouco de
sanidade que me resta. Seus olhos se abrem e vejo claramente o que ela
deseja.
— Érica, por favor me deixa falar, só me escute — digo com medo
dela começar a negar o que estamos sentindo.
— Alexander, não podemos continuar com isso.
Fecho os olhos e nego com a cabeça.
— Não podemos? — questiono encarando seus olhos não
acreditando nisso.
— Sim, nós sempre batemos um de frente com o outro, Alexander —
responde a contragosto.
— Não posso e nem vou mais me privar de um minuto sequer longe
de você, Érica González — digo sem deixar seus olhos, para que ela veja
que não consigo mais. Porra! Eu não tenho condições de negar algo que é
tão forte. Como ela pode querer negar e nos privar disso?
— É complicado — ela começa a falar, mas interrompo-a
aproximando-me mais.
— É sim, eu sei disso, mas não podemos negar isso. Você sente, essa
energia? O calor que emana de nossos corpos quando estamos juntos.
Até mesmo quando estou longe de você. Faz ideia do quanto isso é forte?
— Eu sei, também sinto. Minha nossa, como eu sinto, Alexander! —
ela diz sem deixar de me encarar e vejo a verdade em seus olhos.
— Então por que diz e faz ao contrário? Do que tem medo? —
questiono curioso.
— E você do que tem medo, Alexander Ramaro? — Ela devolve a
minha pergunta e sei o que me deixa em negação. Mas meu desejo por ela
é maior que isso.
— Nesse momento, só penso em ter você e depois vamos pensar nas
outras coisas.
— Disso que tenho medo — ela diz e sei disso porque também sinto o
mesmo.
— Eu também, mas preciso de você agora — digo beijando
suavemente seus lábios, seus olhos se fecham e seu corpo relaxa junto do
meu. Pressiono meu corpo junto ao dela para que perceba que não tem
dúvidas.
— Ah, minha nossa, Alexander — ela diz baixinho com a respiração
entrecortada.
— Eu sei, vou cuidar disso muito bem — digo em seu ouvido e mordo
de leve o lóbulo de sua orelha. Sua pele se arrepia e fico louco.
— Oh, Deus!
Sorrio, a quero mais que tudo e não me importa o que vai custar. Não
sei mais como consegui evitar. É algo impossível de aplacar. Bem familiar
isso. Sorrio mais.
— Por que está sorrindo tanto? — pergunta.
— Devido a não ter mais como aplacar esse nosso desejo. Eu tentei,
só que como resistir quando nossos beijos dizem tudo, nossa pele?
— É verdade. — Olha ao redor e sei que deve estar procurando a sua
amiga.
— Ela deve ter saído para outro ambiente — digo olhando também.
— Preciso encontrá-la, viemos juntas e não posso sair daqui sem falar
com ela, é minha melhor amiga.
— Trouxe o celular?
— Sim, vou ligar para ela. — Pega o celular na bolsa de mão, a amiga
atende rapidamente. Elas marcam de se encontrarem na porta do
banheiro feminino. Quando finaliza, guarda o aparelho, pego em sua mão
encarando-a.
— Deixa que vou na frente — digo e saio andando na frente, conheço
esses lugares, então sei que muitos se aproveitam da situação para
passar a mão pelo corpo das garotas. Nunca fui assim, odeio isso na
verdade. Seguimos no corredor e viramos à esquerda. Sua amiga já está
aguardando nossa chegada. Deixo-as sozinhas e fico de longe
observando. Érica exala poder. Meus olhos varrem seu corpo e rosto. Seu
olhar sagaz, sua boca linda e pronta para me deixar louco. Me sinto
emaranhado em seu feitiço. Ela parece estar explicando algo a amiga, que
não para de sorrir. Elas se abraçam e me aproximo.
— Esse é o Alexander Ramaro, Jaque — ela me apresenta a sua amiga.
— Alexander, essa é minha amiga, Jaqueline Evans. — Aperto a mão dela,
que sorri parecendo nervosa e um pouco encantada.
— É um prazer conhecê-lo — ela me diz encarando meus olhos.
— O prazer é todo meu — digo sorrindo.
— Vamos indo, Jaque, te ligo amanhã para conversarmos. Obrigada
pela noite de hoje — ela diz e depois disso nos despedimos da amiga dela
e saímos seguindo pelo corredor. Passamos pelo bar com os balcões
iluminados e, quando chegamos na porta do bar, ela nos para. Fico com
medo de que Érica tenha se arrependido da decisão. Então, encaro seus
olhos cheios de desejo e tomo sua boca em um beijo desesperado,
faminto, quente. Quando selo nossos lábios e mordo o seu lábio inferior
vejo fogo puro em seus olhos.
— Restou alguma dúvida? — pergunto e ela sorri, deixando-a ainda
mais linda.
— Nenhuma, mas Alexander isso pode ser um erro — responde e não
quero pensar nisso ainda.
— Veremos se é mesmo, Érica, eu quero você e sei que me quer
também. Não vamos adiar mais. A tensão só aumenta e assim pode ser
um erro.
— Verdade, então vamos? — Ela pega em minha mão e a levo para o
meu carro. Abro a porta para ela, que me encara com ironia.
— Você sempre me surpreende, Sr. Ramaro. — Seguro seu olhar.
— É mesmo? De um jeito bom?
— De um jeito bom, por incrível que pareça e olha que nunca pensei
que diria isso sobre você.
— Gosto disso, Srta. González. — Dou partida no carro seguindo o
caminho da minha casa. Faço isso sem me importar; pela primeira vez
vou levar alguém na minha casa. O meu lugar, onde me refúgio de tudo.
Nunca pensei em convidar alguma mulher para ir lá, até hoje. Chegamos
depois de alguns minutos, ela parece se surpreender enquanto o portão
elétrico abre.
— O que foi? — pergunto querendo muito saber o que se passa em
seus pensamentos agora.
— Você mora em uma casa e não em um apartamento, Alexander? —
Sorrio, ela precisa saber mais a meu respeito.
— Sim, sou uma pessoa normal que vive em uma casa. — Entro com o
carro e ela balança a cabeça, sorrindo.
— Você sempre me surpreende, Alexander. — Saímos do carro e a
levo para a porta onde vamos entrar. Não sei bem o porquê, mas sinto
um receio, um friozinho no estômago.
Quando entramos, Érica observa tudo e meus olhos varrem a visão de
tê-la em minha casa. Sinto como se estivesse completo e não mais
sozinho. É diferente. Então pego-a em meus braços e subo as escadas. Ela
não para de sorrir.
— Alexander, seu louco! — Quando passamos pelo corredor, ela fica
me chamando de louco. Chegamos em meu quarto e desço-a. Prendo seu
olhar no meu, com o coração e corpo pulsando, beijo sua boca
deliciosamente. Em instantes, suas pernas se prendem ao meu corpo e
caímos sentados na cama. Ela em meu colo rebolando enquanto nossas
bocas não se desgrudam. Seu beijo é quente, viciante e gostoso. É
simplesmente perfeito e fico sem controlar meu desejo de beijar cada
pedacinho do seu corpo lindo. Só que Érica tem vontades diferentes e
não menos prazerosas. Ela rebola deliciosamente sobre meu membro já
duro e pronto para ela. Bebemos dos gemidos um do outro e a viro na
cama de repente.
— Érica, eu sonhei em ter você aqui em minha cama, nua, linda e toda
minha — digo abrindo seu vestido e deixando-a com aquele sapato de
salto.
— É mesmo? — Oh, minha nossa! Ela está sem calcinha e sutiã, essa
mulher com toda certeza acabará com minha sanidade.
“Veja, eu quero ficar à noite toda
Quero deitar com você até o sol nascer
Quero te deixar dentro de mim
Oh, os céus sabem que eu tentei.”
Let You Love Me | Rita Ora

— Érica, eu sonhei em ter você aqui em minha cama, nua, linda e toda
minha — Alexander diz abrindo meu vestido, deixando-me somente com
o sapato de salto.
— É mesmo? — indago sorrindo e seus olhos encaram minha nudez e
vejo fogo crepitar entre nós. Aquele não é um vestido que se veste
usando calcinha e sutiã.
— Sabe o quanto está me deixando louco? Claro que não sabe, mas
pode deixar que vou provar a você.
É isso que ele faz, sua boca se fecha em minha coxa, ele beija, chupa e
morde. Sinto-me estremecer de tesão. Alexander sobe e beija meu
abdômen e desce sem deixar meu olhar. Estamos presos em uma névoa
de luxúria. Ele encontra meu clitóris e passa sua língua chupando
delicadamente. Arqueio meu corpo e seguro seu cabelo com força. Ele
não para de chupar, enfia três dedos e começa a estocar enquanto sua
língua não para. Não resistindo começo a gemer seu nome, pois podia
sentir algo poderoso e avassalador começar a tomar conta do meu corpo.
— Alexander... — grito seu nome e estremeço toda, gozando em sua
boca; ele toma tudo. Encara-me, seus olhos nos meus me dizem mais que
quaisquer palavras.
— Que delícia, Érica, que boceta gostosa, poderia passar a vida te
chupando. Mas agora quero penetrá-la o mais fundo possível, unirmos e
sermos um só em busca do nosso prazer.
— Oh sim, Alexander! — digo com a voz arrastada completamente
afetada e rouca depois do orgasmo incrível que ele me deu.
Alexander é realmente incrível. Beijo-o e começamos seguindo uma
linha tênue de sensações nunca vividas. Algo intenso perpassa meu
corpo. Ele toma meu corpo para si. Coloca-me mais para cima da cama e
continuamos nos beijando. Agarro novamente seu cabelo, puxando-os
forte a cada vez que nosso beijo fica mais intenso. Desgrudamos nossas
bocas e o vejo pegando a camisinha e colocando em seu membro enorme
e rosa. Constato que não sei quando foi que ele tirou a roupa, deve ter
sido depois do orgasmo sensacional que tive. Alexander me penetra e
sinto-me preenchida conforme ele vai entrando.
— Ah que delícia, Érica! Que boceta apertadinha e quente. Poderia
viver aqui para sempre.
Ele não desvia seu olhar do meu e, quando está todo dentro de mim,
suspiro alto. Então continua me beijando; sua língua devora a minha
boca em um beijo faminto. Retribuo e ele começa a entrar e sair. Mexo-
me também, tornando o contato ainda mais gostoso. Alexander chupa
meus seios, me fazendo rebolar mais em seu membro. Nunca senti isso,
esse sentimento esplêndido.
— Linda, deliciosa e minha! — diz enquanto aperta minha bunda e
depois dá um tapa, sinto-me mais louca.
— Alexander... você é meu! — Sem pensar digo aquelas palavras só
sentindo aquele momento delicioso.
— Porra, todinho seu! — ele diz com a voz gutural, que me deixa
ainda mais louca.
Alexander estoca cada vez mais rápido. Não descolamos nossas
bocas, nossas respirações estão muito ofegantes. Rebolo por baixo e
sinto meu corpo todo se contrair e estremecer em um orgasmo intenso.
Ainda sentindo os espasmos, continuo rebolando em seu pênis, até o talo
enterrado em minha boceta. Contraio e aperto-o e ele parece não resistir
mais, seu corpo estremece; grita meu nome, gozando intensamente. Não
deixo seu olhar, ele se levanta e o puxo para mim; passo minhas unhas
pelo seu abdômen marcado por gomos musculosos e duros. Oh, minha
nossa!
— Tem noção de como estou duro novamente com o que acabou de
fazer?
— Quero-o em minha boca.
— Assim você me mata, Srta. González.
Ele me carrega para o banheiro e, enquanto a banheira enche, beija-
me enlouquecidamente. Minhas mãos espertas acariciam seu membro já
duro e pronto para mim. Acaricio-o enquanto não descolo minha boca da
sua. Ele acaricia meu seio e sem me conter gemo deliciosamente em sua
boca, ele morde meu lábio inferior. Um desejo avassalador e diferente
nos toma.
Quando intensifico o movimento com a mão em seu pênis, ele enfia
três dedos em minha boceta, que está molhadinha só dele estar me
masturbando.
— A banheira está cheia, Alexander — aviso enquanto ele beija meu
pescoço.
— Então venha, linda. — Ele me puxa sem descolar nossos corpos um
do outro.
Entramos na banheira, a água estava morna; sinto meu corpo se
arrepiar e não perco tempo, levo minhas mãos novamente ao seu pênis,
percorro toda sua extensão, e ele solta o ar. Pega meu cabelo, coloco-o
em minha boca; chupo com maestria, passo a língua em suas bolas
deixando-o louco.
Depois, abocanho-o com vontade e o levo até o fundo, meus olhos o
encaram com desejo. Chupo sentindo-me poderosa por tê-lo à minha
mercê. Seu prazer depende de mim. Isso me excita em um nível altíssimo.
Sinto-o perto e chupo com mais avidez, minhas mãos massageiam suas
bolas novamente. Vou até o fundo e ele goza em minha boca. Tomo tudo,
e ele me encara intensamente e admirado.
— Érica, minha linda! — suspira, parecendo um pouco aliviado. Então
puxa-me rapidamente para seus braços e me penetra novamente. Sem
preliminares, ele consegue me enlouquecer com isso. Beija minha boca,
sinto seu sabor em nossas bocas, percebo que ele fica louco querendo
mais. Desce pelo meu pescoço e depois os seios e chupa de um jeito
delicioso.
— Você é linda! — Beija-me mais suavemente. — A mulher que tira
toda minha sanidade, deixa-me louco, embevecido de tesão — diz com
seus olhos azuis-escuros tomados pela luxúria que não nos deixa.
— Também o desejo, quero mais e mais... — digo sem me conter e
depois disso, começo a rebolar em seu membro delicioso, ele me diz
palavras enlouquecedoras até gozarmos juntos. Nunca tive um sexo
como esse, intenso e quente. Seus olhos azuis me fitam intensos e então
ele começa a passar sabonete por todo meu corpo. O silêncio paira e
somente nossos olhos dizem as palavras que não saem de nossas bocas.
Admiro seu corpo, é uma visão ainda mais deliciosa olhando assim. Ele
sorri percebendo meu olhar.
— Alexander, seu convencido!
— Ah, Érica, você, isso, minha nossa, foi demais! Como vamos fazer
no escritório amanhã?
— Preciso ir embora. — Como se tivesse acordado de um daqueles
meus sonhos eróticos, levanto-me da banheira apressada. O que eu
estava pensando em vir para a casa do meu chefe? Como não raciocinei?
— Calma aí, Érica, nada de fugir. Não, não...
— Olha o que você acabou de me perguntar? Não posso viver com
isso, essa nossa explosão de eletricidade. Essa atração louca. — Passo a
mão pelo meu cabelo e encaro-me no espelho daquele banheiro enorme.
Quando consigo pegar a toalha, ela cai no chão e sou puxada pelos seus
braços fortes. Uma parede de músculos toma minha visão.
— Não, você será minha a noite inteira, Érica. Eu quero mais, muito
mais. Isso aqui foi só o início — diz convicto.
— Alexander, não podemos com isso — ele parece não se importar
com o digo, pois entramos no boxe, liga o chuveiro e começa a me beijar.
Pressiona-me na parede azulejada de mármore gelado. Aquele contato
me arrepia e faz-me estremecer.
— Caralho, esse desejo não passa nunca? — Gosto da sua boca suja,
quem poderia imaginar que esse homem fala algo assim? Eu imaginei.
— Oh, minha nossa! — Contorço-me quando ele começa a chupar o
lóbulo da minha orelha, descer para meu pescoço e seios. Alterna entre
um e outro. Suas mãos descem também e segue para minha boceta.
Acaricia-a selvagemente.
— Olhe em meus olhos, Érica. Quero vê-la se perder em mim, como
desejei ver isso, tê-la em meus braços.
— Você é louco?
— Por você, estou ficando maluco para te fazer gozar. Sabe o quão
delicioso é ver você gozando em meus braços, em minha boca. Deliciosa.
— Sua voz está rouca e grossa ao me dizer tudo aquilo.
— Então toma tudo, Alexander. — Rendo-me, entregando-me de
forma intensa àquele homem que me acende como nenhum outro já fez.
Pouco me importa o que vai acontecer amanhã. Quero viver o hoje e
agora com esse homem, que não se cansa de me dar orgasmos. A noite
toda foi isso que ele fez; paramos por algumas horas, comemos um
sanduíche e nos perdemos no tapete felpudo da sua sala. Esqueci-me
completamente de tudo, só deixando existir eu e ele em sua casa e o
emaranhado de luxúria que não nos deixava, não mais. Estava perdida
em sua boca, seu corpo e olhos azuis profundos.
“Sempre que você vai embora, sempre tenta lutar contra
O quanto eu te quero, te quero muito
Poderia tentar ocupar o espaço com outra pessoa esta noite
Mas eu não quero, eu não quero
Agora mesmo, você sabe que sinto falta do seu corpo.”
Right Now | Nick Jonas with Robin Schulz

Érica é viciante, depois que provei seu gosto só queria mais e mais
dela. O muito tornou-se pouco perto do quanto ainda a desejo. Pensei
que isso passaria, mas acordamos emaranhados um no outro. Seus olhos
me encararam cheios de questionamentos. A única coisa que eu poderia
responder a ela era que não queria que se afastasse.
— Bom dia, linda — digo de bom humor, tivemos uma noite e tanto.
Eu gosto de ser implacável nos negócios e com as mulheres. Inesquecível.
Sem querer ser convencido. Mas isso é porque aprecio a beleza feminina
assim como amo meu trabalho, o que faço. Eu aprecio cada momento
com uma mulher, venero seu corpo e dou a elas prazer, amo ver como se
entregam. No entanto, Érica me fez sentir diferente. Pode ser porque essa
vontade de tê-la não passa. Beijo sua nuca e vejo sua pele se arrepiar.
Sorrio e mordo o lóbulo da sua orelha e depois beijo suavemente.
— Alexander — diz com a voz baixinha afetada. — Bom dia, você... —
Não a deixo terminar e viro seu corpo de frente para o meu, seus olhos
me analisam. Neles vejo o que realmente deseja.
— Não diga nada, por favor. Deixe-me beijá-la.
— Claro que não, preciso me levantar e escovar os dentes antes, mas
me lembrei de que estou em sua casa. Meu Deus, Alexander, preciso ir ao
meu apartamento. Hoje temos uma reunião importante.
— Eu sei, fique à vontade! Se não quiser usar a minha escova na
gaveta do armário tem escovas novinhas — digo sorrindo.
Ela se levanta e sai andando nua pelo meu quarto. Meus olhos varrem
sua bunda maravilhosa. Oh, minha nossa! Já estou pronto para a próxima.
Só que me levanto da cama e espreguiço. Ela volta e para na porta do
banheiro enrolada em minha toalha. Porra! Agora me dei conta de que
não estava sonhando que era realmente verdade.
— Então, não vem tomar banho? Temos horário hoje? — Ela vai fingir
que nada aconteceu ou o quê? Agarro-a, arranco a toalha de seu corpo e
levo ela para o boxe, ligo a ducha e deixo o vapor subir enquanto tomo
seus lábios nos meus em um beijo delicioso e cheio de desejo. Suas mãos
agarram meu cabelo selvagemente e faço o mesmo com o seu. Entramos
debaixo da água e sua pele na minha molhada me faz lembrar do que
fizemos ali mesmo ontem.
— Não tenho respostas para todas as perguntas que deve estar se
fazendo nessa sua cabecinha. Só quero que viva esses momentos comigo.
Porque achei que ontem seria o suficiente para sanar nossa atração. Mas
percebi que quero mais e mais, Érica — digo sem deixar seu olhar e
através dele vejo que ela concorda comigo.
— Sinto o mesmo, porém temos que tomar cuidado quando
estivermos no trabalho. Não quero e posso aceitar que me prejudique.
Seremos profissionais.
— Claro, respeito seu trabalho acima de tudo. Você é uma mulher
incrível. Forte, destemida e corajosa, além de ser linda. A verdade é que
desde que entrou na minha sala de reuniões mostrando a que veio que
não consigo deixar de pensar você.
— Alexander. Obrigada. Temos uma atração muito forte mesmo, algo
que não passa. Vamos só viver isso, o que for para ser será — ela diz e
nos beijamos sem poder resistir à vontade insana que nos toma.
Depois de uma rapidinha, tomamos o banho, comemos uma omelete
que preparo e um café forte. Saímos alguns minutos adiantados.
Passamos no apartamento de Érica, ela troca de roupa e seguimos para o
escritório. Não consigo parar de fitá-la sempre que tenho oportunidade.
Reparo em seu rebolado elegante e gostoso enquanto entramos no
elevador. Aproveito que não tem ninguém e acaricio seu quadril, ela se
vira de frente repreendendo-me.
— Alexander! Será que dá para você sossegar? O que eu disse, hein?
Sorrio porque sei bem que, quando eu quero, não penso com a cabeça
de cima e sim com a de baixo. Que no momento está louco para entrar no
meio das pernas dela. Estou fodido, deliciosamente.
— Tenho que dizer a você sinceramente. Vou tentar me segurar,
resistir. Só que sou péssimo com isso e a senhorita não ajuda. Esse
rebolado elegante é delicioso e me excita muito. Se quiser que eu fique
sossegado, pare de andar requebrando desse jeito.
— Ah, Alexander, não tem nada disso. Comporte-se! — diz tentando
se afastar, as portas do elevador se abrem entrando mais pessoas. Sorrio
e seguimos até nosso andar. Aproximo-me mais de seu corpo e me
esfrego nela, pressiono o volume que ela provocou no meio das minhas
pernas. Ninguém percebe e ela solta o ar quando chegamos ao nosso
andar e saímos. Ela segue para sua sala.
— Tenha um ótimo dia, Srta. González. Qualquer coisa é só me
procurar.
Sorrio para provocá-la. Adoro isso, começo a entender porque
crepitamos como brasa juntos. Cumprimento a minha secretária, que
responde sorrindo. Entro em minha sala, faço um café e sento-me na
cadeira para começar a adiantar tudo para a reunião. Atendo algumas
ligações e vejo Jonas entrar em minha sala junto com Douglas, o diretor
do setor de compras.
— Bom dia para vocês também, que chegam invadindo minha sala!
— Que isso, Alex, bom dia! Precisamos conversar sobre a festa que
havíamos falado, caso fechássemos com a Stuarts.
— Tudo bem, podem ficar à vontade e começar com as propostas.
— Temos um plano de marketing e de festa incrível, que marcará
bem as Indústrias Ramaro.
— Sou todo ouvidos, lembrando que tenho uma reunião às dez —
digo conferindo o relógio, ainda são oito e quarenta e cinco, dá tempo
suficiente. Eles começam a falar e fico bem entretido e interessado em
fazer a festa acontecer. Só precisamos fechar o novo contrato que a Srta.
González fez, um excelente trabalho devo ressaltar.
— Gostei de tudo, principalmente da ideia das parcerias de
marketing. É sensacional. Parabéns pela ideia e excelente trabalho. Se
tudo der certo hoje vamos começar a trabalhar nessa festa. Todos
merecem.
— Fico feliz que gostou, as Indústrias Ramaro merecem esse
momento pela grande conquista do ramo hoteleiro — Douglas diz e
assinto.
— Tudo graças ao trabalho que sempre fazemos em equipe.
— Parabéns a nós! Vamos brindar a mais uma vitória no dia da
comemoração — Jonas diz sorrindo.
— Bom, vou indo, tenho muito trabalho me esperando na minha sala
— Douglas se despede e Jonas me fita, com seus olhos ferozes e curiosos
como os de um falcão.
— O que foi, primo?
— Você está diferente, Alexander Ramaro. O que andou aprontando?
— Nada, estou o mesmo de ontem! De onde tirou isso?
— Esteve com a Sheron ontem à noite? — Ele já me conhece muito
bem, mas está enganado quanto a mulher que estive a noite inteira.
— Nada disso. Bom, Jonas, parece que deu a hora da reunião. Preciso
organizar tudo com a Srta. González.
— Entendi, não pensa que fugiu dessa conversa, quero saber por que
está tão sorridente. Aceitou muito fácil a ideia da festa e parcerias.
— Sabe que esse é um momento de conquista para nossa empresa, só
quero comemorar junto com toda a equipe que trabalhou tanto comigo.
— Sei, vai para a sua reunião, na hora do almoço conversamos com
mais tempo. — Ele sai e respiro aliviado, pego minha pasta com os papéis
da reunião. Saio da sala respondendo a algumas mensagens no celular.
Vejo algumas da Sheron e resolvo ignorar por enquanto. Tenho que
conversar com ela sobre minha situação atual. Entro na sala de reuniões
e vejo Érica andar de um lado para o outro, ansiosa.
— Sr. Ramaro, que bom que chegou, quero mostrar tudo a você antes
de começar. É bom que veja a minha apresentação, as propostas e
detalhes.
— Claro, será um prazer assistir antes. Excelente ideia — digo
incentivando-a, ela é uma mulher de muita coragem, mas todos nós
ficamos ansiosos com algo principalmente quando trabalhamos duro por
aquilo. Sento-me e fico atento a suas palavras muito bem colocadas.
Passo a mão no cabelo quando começo a reparar em seu quadril todo
momento que ela se vira para explicar algo na tela. Os possíveis lucros e
ganhos da fusão.
— Está prestando atenção, Alexander? — ela me pergunta e pisco os
olhos rapidamente.
— Claro que sim, está indo muito bem, continue. Vamos fechar esse
contrato, minha linda — digo e ela me encara confusa.
— Aqui não sou sua linda, por favor, tente ser profissional ou não
teremos um pingo de controle.
— Ah, Srta. González, já não consigo mais resistir, ter controle
estando ao seu lado assim é difícil. Meus olhos têm vida própria quando
se trata de você. — Seus olhos castanho-escuros ficam negros, afetados
pelo que acabo de falar. — Saiba que estou tentando firmemente, não
posso te prometer que serei sempre comportado, isso é demais para mim
e tenho certeza de que para você também. — Ela ruboriza e sorrio de
lado analisando seu rosto lindo.
— Tudo bem, vamos voltar ao trabalho, estou tentando também
bravamente contra o desejo que tenho de fazer certas coisas indevidas.
— Deixa essa reunião acabar, podemos ver se essa mesa é mesmo
forte, de boa qualidade. Imagino você deitada bem aqui de pernas
abertas com minha boca em sua boceta deliciosa.
— Alexander, quer dizer, Sr. Ramaro. Eles estão entrando, por favor.
— Assinto e me levanto ficando ao seu lado para receber a equipe da
Stuarts. Algo novo está começando na empresa e em minha vida. Eu não
quero desperdiçar nem um minuto disso. Érica e eu não vamos saber nos
controlar no escritório, essa é a verdade.
“Agora eu desejo não ter te conhecido
Porque você é muito difícil de esquecer
Enquanto eu estou limpando sua bagunça.”
Lie To Me | 5 Seconds Of Summer

Estou tentando seguir minha vida sem me preocupar com o fato de


que Alexander não sai mais da minha cabeça. O tanto de sexo que já
fizemos é um pouco anormal para mim. Nunca tive alguém que
despertasse essa vontade avassaladora. Meus ex-namorados
despertavam em mim aquele interesse normal, no início era muito bom,
descobrir a cada toque as sensações e depois se tornava uma rotina. Algo
monótono. As experiências que tive mais intensas foram com Parker, é
claro, ele me levou a um clube privado. Me mostrou um mundo cheio de
prazer. Vivemos libidinosamente.
Só que descobri com Alexander algo diferente que não sei explicar.
Sei que o desejo não passa. A vontade de tocá-lo, de sentir suas mãos em
mim é constante. Ele é um homem e tanto. Não digo só pelo seus um
metro e oitenta e oito de altura, mas pelo seu corpo marcado por
músculos. Ele passava muito tempo na academia, tinha certeza. Apesar
de que atualmente temos passado tempo demais juntos. Saímos do
trabalho juntos. Um dia na sua casa e um dia em meu apartamento.
Ontem foi no restaurante, ele me pegou no banheiro e posso apostar que
nos escutaram. Rimos feito loucos depois que fomos embora.
Fico muito feliz por conseguir fechar contrato com a Stuarts,
trabalhamos muito para que acontecesse e Alexander está louco para
comemorar. Ele, a equipe de marketing e compra da empresa planejam
uma festa de comemoração. Ao que tudo indica será um momento
incrível. Ramaro não quis me dar muitos detalhes, diz que é surpresa
para todos. Chego na minha sala e há muitos contratos para avaliar,
depois de fecharmos com a primeira indústria hoteleira várias outras
concorrentes nos procuraram. Todas com muito potencial de
crescimento.
A festa acontecerá nesse sábado e hoje vou sair antes do horário para
conseguir comprar um vestido. Quero estar à altura do homem que irei
acompanhar. Alexander já se veste bem no dia a dia, imagino o quão
lindo ele fica com um terno Armani elegante. Faço uma nota mental para
preparar meu psicológico. Aquele homem acaba com minha sanidade.
Como se sentisse que estava pensando nele, Alexander entra em minha
sala num rompante.
— Um doce pelos seus pensamentos, minha linda — diz com a voz
sedutora, sorrindo de lado. Adoro aquele seu sorrisinho.
— Estou pensando que hoje não posso ficar trabalhando até mais
tarde, tenho que comprar um vestido para a festa de amanhã. — Ele dá a
volta na mesa e encosta na beirada dela, encaro suas pernas longas sendo
cruzadas.
— Tudo bem, como quiser, ma chérie! — Ah! Ele agora me chama de
“minha querida” em francês. Me acende todinha.
— Cuidado com o que fala! — advirto-o sorrindo e me inclinando um
pouco para que veja meu decote.
— Digo o mesmo para a sua atitude. C’est chaud! — fala de novo em
francês e me derreto, porque realmente “está quente” demais aqui. Fito
seus olhos que estão azuis-escuros por causa da luxúria que nos cerca
nesse momento.
— Não desça seus olhos, ma chérie. Vou enlouquecer se fizer isso e
não responderei por mim, não mesmo — diz com a voz gutural fazendo-
me arrepiar.
— É muito difícil segurar, eles olham instintivamente para o meio de
suas pernas. Podemos arrumar uma posição confortável aqui para
resolvermos isso.
— O que está querendo dizer? Pense bem, não terá volta — diz
enquanto pego o telefone.
— Alícia, estou em uma reunião importantíssima com o Sr. Ramaro,
não queremos ser incomodados em hipótese alguma — aviso minha
secretária usando um tom firme para ela ver que não é brincadeira. Em
um instante, ele gira minha cadeira e sobe minha saia.
— Abra bem as pernas, ma chérie. — Faço o que pede e ele solta um
grunhido animalesco. Coloco o dedo em sua boca, que ele morde sem
deixar meu olhar.
Alexander começa massageando meu clítoris, arqueio o corpo sob seu
toque delicioso. Sinto seus dedos longos entrar e sair rapidamente. E
então sua boca cuida de onde ele estava massageando. Mordo os lábios
com força para não gemer alto. De um jeito enlouquecedor, ele não para
até que eu esteja estremecendo sentada na cadeira gozando fortemente.
Ele toma tudo. Implacável.
— Ah, Alexander! Isso foi... — Estou sem fôlego e seus olhos azuis
escuros. Levanto-o pela gravata e encosto na mesa, mordo seu lábio.
— Eu sei, foi incrível, seu gosto é uma delícia — ele diz sorrindo.
— Agora fique quieto! — ordeno e ele me obedece, coloco a mão em
seu cinto, desafivelo-o e minhas mãos ansiosas descem sua calça o
suficiente para que eu possa abocanhá-lo. Abaixo-me sabendo que ele
terá uma visão e tanto dos meus seios de cima. Sorrio diabólica. Pego seu
membro, que já está mais que pronto. Ah, como adoro isso! Tomo-o até
atingir o céu da minha boca. Ele geme várias palavras sujas que gosto de
ouvir sua voz dizê-las. Ainda mais naquele timbre rouco. Ele estoca
rápido enquanto segura meu cabelo fortemente. Sinto-o estremecer e seu
corpo contrair em um orgasmo louco.
— Érica... — geme alto e tomo tudo até a última gota. Alexander me
puxa rápido para cima beijando minha boca, sentindo seu gosto que se
mistura ao meu na sua boca. Então ele me leva para o banheiro, fecha a
porta e arranca minha roupa. Senta-me na pedra da pia. Desce mais sua
calça e pega uma camisinha no bolso dela. Ele abre a embalagem e coloca
no seu pau.
— Que loucura nós dois aqui — digo pensando no quanto somos
malucos por fazer isso assim.
— Quero foder você, deseja isso? Um beijo seu já é capaz de me
acender em alto nível, ma chérie.
— Alexander! — Ele sorri convencido enquanto começa a entrar pela
minha boceta, que está bem molhada e quente. Ver que tenho poder
absoluto sobre o prazer daquele homem me deixa muito excitada.
— Olhe em meus olhos, não os feche, adoro ver como ficam
enevoados de prazer.
— Tudo bem. — Sorrio e tomo sua boca na minha, mordo seu lábio e
ele geme. Começa a entrar e sair em uma velocidade que nos excita cada
vez mais. Gememos um na boca do outro, escuto o som dos nossos
corpos se encontrando. Ele entra com tudo e contraio minha boceta ao
redor do seu pau.
— Érica, minha delícia! — geme e nossos olhos se fitam enquanto
chegamos ao orgasmo juntos. Meu ventre se contrai e os espasmos
tomam corpo de todo meu corpo.
— Ah, Alexander! — Escoro-me em seu corpo grande e forte. Ouço só
as nossas respirações afetadas pelo orgasmo delicioso que tivemos. Ele
me beija cheio de paixão e fico extasiada. Isso está indo longe demais.
Quando nossas bocas se afastam, sinto-o relaxar.
— Foi implacável, ma chérie — ele fala de novo em francês, não
aguento e beijo a ponta do seu nariz.
— Precisamos voltar ao trabalho, tenho que sair mais cedo hoje —
aviso enquanto o vejo descartando a camisinha. Então ele se vira
ajudando-me a vestir e arrumar minha roupa. Enquanto se ajeita, passo
uma água e a toalha no rosto. Abro a porta e pego minha nécessaire.
— Érica, não sei você, mas isso está ficando fora de nosso controle.
Não sei como se sente, porque quase não falamos sobre esse assunto.
— Eu sei, mas prefiro deixar rolar para ver o que vai acontecer.
Vamos aproveitando o que temos agora.
— Estou tentando, quero que saiba que estou aberto a conversar
sobre isso quando você quiser. Não desejo pressioná-la a nada.
— Tudo bem, Alexander! Agora me deixe trabalhar. — Ele sai depois
de selar nossos lábios.
Começo a pensar em tudo que estamos vivendo e quando poderia
pensar que estaríamos assim. Desde que nos conhecemos já brigamos,
mas há algo crepitando em nós como brasa. Ou seja, há fogo. Mas paixão
hoje foi a primeira vez que senti isso no seu olhar. Sei que ele está
preocupado. Não tenho conhecimento do seu passado. Só que sinto que
Alexander sofreu de alguma forma. Ele é muito durão para dizer, então
terei que ir com calma para descobrir.
Resolvo pegar de vez no trabalho, a tarde passa voando. Entre
responder e-mails e ligações, nem vejo a hora passando. Desligo meu
computador e pego minha bolsa. Passo pela recepção me despedindo de
Alícia. Fico receosa pensando no que ela pode ter ouvido.
Amanhã na festa não sei se Ramaro realmente vai chegar ao meu
lado. Não conversamos sobre isso e fico ansiosa para saber como
estaremos, já que não temos nada ainda, pois estamos vivendo o agora.
Palavras minhas mesmo.
Saio do escritório indo direto para a rua que sei que tem várias lojas
de grife com roupas incríveis. As atendentes são supersimpáticas comigo
e estranho. Não são todas as lojas que recebem todas as clientes bem.
Meu celular começa a tocar na bolsa. Vejo que é Alexander e atendo
rapidamente revirando os olhos.
— Não role os olhos, minha linda. Estou do lado de fora da loja e posso
entrar aí e castigá-la por tamanho atrevimento — ele diz impassível e
penso: “Como consegue ser assim o tempo todo?”.
— Você é um chato, isso sim. Agora vai ficar me perseguindo,
Alexander Ramaro?
— Não, só cuidando do que é meu, nunca deixaria uma mulher como
você andando por aí sozinha.
— Sei me cuidar muito bem, Ramaro. Não preciso de um guarda-
costas ao meu lado vinte e quatro horas por dia. Preciso desligar, se
quiser entre na loja.
— Vou esperar aqui na calçada, escorado no carro.
— Tudo bem, me aguarde, baby — digo e ouço sua risada gostosa que
me enche de prazer. Desligo a ligação e viro-me para a atendente, que já
arrumou tudo nas araras que separou.
Atento-me a comprar um vestido bem lindo. Preciso me sentir
poderosa. Afinal de contas, trabalhei bem nos últimos dias para esse
contrato ser feito. Alexander ficou nas nuvens e me beijou no dia até me
deixar com as pernas bambas. Sorrio.
“Para onde o amor vai?
Você faz a fuga acontecer
Você está me pedindo para ficar
Mas eu nunca conheci um homem em que pudesse confiar.”
Thunderclound | LDS (Labrinth, Sai & Diplo)

Poderia dizer que não estava ansioso, mas seria uma baita mentira.
Estou muito feliz e orgulhoso da minha equipe. Todos, sem exceção,
merecem isso e muito mais. Além de estar fazendo esta festa na próxima
semana, comunicaremos um aumento para nossos colaboradores, como
também promoveremos folga nos aniversários para o próximo ano.
Fizemos uma reunião intensa com o setor de Recursos Humanos e
Financeiro. É algo que já queria ter feito antes, só que devido ao trabalho
intenso das Indústrias Ramaro foi impossível.
Saí da loja com meu terno, encomendei há uns dias e já estava pronto.
Érica comprou um vestido e não me deixou ver em hipótese alguma. Ela
disse que era para eu ver só no dia da festa. Sorriu e jogou o cabelo para
o lado. Havia passado em seu apartamento para deixar a sacola, Érica é
demais.
Aquele dia fomos jantar em uns dos restaurantes de um amigo. Dessa
vez, nos comportamos. Pedimos um filé ao molho, salada variada e de
sobremesa tiramisù, que estava divinamente delicioso.
Chegamos em minha casa, tomamos um banho de banheira delicioso.
Fizemos um sexo sensacional. Conversamos por horas a fio até
dormirmos exaustos.
Acordamos tarde no dia seguinte. Érica deu um pulo da cama
alegando que estava atrasada para ir ao salão de beleza. Tomou um suco
que havia na geladeira e uma fatia de pão integral com queijo branco e
me pediu para levá-la.
— Não vai almoçar hoje, minha linda? — pergunto beijando seu
pescoço e passando minhas mãos pela frente de seu corpo.
— Alexander, sossega, por favor. Preciso ir para o salão me arrumar
— responde sem vontade.
— Você sabe que fica linda de qualquer jeito, não é? Prometa para
mim que não vai ficar irreconhecível. Aquelas maquiagens todas, você
nem precisa disso. É linda! — Pego seu cabelo e puxo-o. — Cheirosa. —
Aproximo-me do lóbulo de sua orelha e aspiro seu cheiro doce e sensual.
— Deliciosa — digo e por fim viro-a de frente para mim no mesmo
instante. Beijo sua boca linda, Érica possui lábios bem desenhados, que a
deixam parecendo uma boneca. Enganadora.
— Você tem que me levar. — Ela me afasta aos risos e pego a chave
do carro e saímos depois de trancar a casa.
Com o tempo que temos passado juntos, já nos acostumamos com a
casa um do outro. Érica, às vezes, me esquecia, quando Max voltava da
casa dos meus pais. Ele é meu cachorro. Mas, como tenho dias intensos
na empresa, quase não tenho tempo para cuidar devidamente dele.
Infelizmente. Meu cão é meu grande amor. Sempre esteve comigo. Meu
companheiro. Sinto muito em ter que deixá-lo as vezes. É um golden
retriever lindo.
Sorrio e acelero em direção ao salão da mulher ao meu lado, que está
curtindo Thunderclounds, da Sia, Diplo & Labrinth. Ela canta a plenos
pulmões o refrão e, quando paramos no sinal, encaro-o e fico
impressionado com sua voz forte.

“You're sayin' those words


Você está dizendo essas palavras
Like you hate me now
Como se me odiasse agora
Our house is burning
Nossa casa queima
When you're raised in hell
Quando você está furiosa

Here in the ashes your soul cries out


Aqui nas cinzas, sua alma clama
But don't be afraid of these thunderclouds
Mas não tenha medo desses trovões”

— Minha nossa, Érica, que show!


— Amo essa cantora e suas canções, sei todas e canto sempre.
— Não sabia disso, mais alguma coisa para anotar em meu bloco de
notas sobre você.
Ela sorri e rola os olhos. O sinal abre e dou partida. Chegamos em
alguns minutos no salão.
— Bom, vou indo, obrigada e esteja preparado para quando for me
buscar em meu apartamento, Sr. Ramaro. — Ela sela nossos lábios e me
deixa atônito. Mal posso esperar para chegar a noite logo. Dou partida
para a casa dos meus pais.

Quando a vejo naquele vestido penso: “que mulher incrível!”. Só que


seu cabelo liso e sua boca desenhada com um batom vermelho vivo me
traz uma lembrança de um tempo que tento esquecer. No entanto, sorrio
para Érica e a elogio. Ela merece. Ela veste um vestido preto longo, no
busto e toda parte de cima ele é bordado com pedras lindíssimas e da
cintura para baixo ele cai em uma fenda que será minha tentação a noite
toda. De um ombro só, o recorte preenche seu corpo perfeitamente.
Ressaltando suas curvas sem deixar de ser elegante e sofisticado, porém
moderno.
Coloco um sorriso no rosto e assumo o fato de que estou começando
a vê-la com outros olhos. Sei o que esses sentimentos provocam em mim.
Quero afastá-los, mas, às vezes, é impossível não sentir. Quando
chegamos ao tapete vermelho flashes pipocam em nossa direção. Dou o
braço a mulher ao meu lado e sorrio. Selo nossos lábios com um sorriso e
até pouso minha mão em seu rosto. Um gesto suave e cheio de carinho.
Então eu o vejo atrás de nós. Quando olho com mais atenção percebo sua
sombra. Aproxima-se e sorri. Meu maxilar trinca pela raiva que toma
conta de todo meu ser. Eu o odeio. O que ele está fazendo na festa da
minha empresa?
— O que foi, Alexander? Viu algum fantasma? — Penso que realmente
foi isso que vi, mas nego com a cabeça.
— Não é nada, minha linda. Venha, vamos entrar. Chega de flashes.
Assim que entramos no local fico impressionado, o setor de compras
caprichou na decoração. Admiro o local e logo Jonas vem em minha
direção. Ainda estou atordoado com o que vi no tapete vermelho. Pode
ser uma alucinação? Podia.
— Boa noite, donos da festa — ele diz e, pelo seu olhar, sei que quer
falar comigo a sós.
— Boa noite, Jonas! Parabéns a vocês pela festa, está tudo
maravilhoso — Érica diz sorrindo e trocando um abraço educado com
meu primo. Sorrio de lado.
— Obrigado, Érica! Preciso falar com o Alexander alguns minutos, se
importa?
Ela nega e me beija antes de sair, fico observando-a. Não posso
perder um passo dela sequer.
— Eu o vi, Jonas. Porra, como pode isso?! — Travo os punhos me
segurando para não socar a parede mais próxima.
— Ele está aqui, foi algo que me pegou de surpresa. Juro para você
que não foi algo que fizemos... — corto-o porque sei bem do que aquele
verme é capaz. Se ele pensa que vai fazer algo com Érica está muito
enganado.
— Eu sei mais que tudo. Tenho conhecimento do que aquele monstro
é capaz. Ele acabou com minha vida. Se lembra disso?
— Como poderia esquecer, nunca te vi em uma merda e sofrimento
tão grande. O quer que eu faça? Ele veio como convidado, por incrível
que pareça. Descobri que ele é dono de uma das empresas de publicidade
mais famosas do país.
— O quê? — pergunto incrédulo.
— Isso é verdade. — Não consigo acreditar que terei que engolir seu
cinismo na festa da minha empresa.
— Cadê a Érica? — Olho para todos os lados preocupado com a
mulher que agora terei que ter cuidado redobrado. Já que aquele homem
doente destruiu tudo de bom da minha vida. Passo a mão pelo cabelo e
bagunço-o não me importando mais.
— Por favor, mantenha os seguranças em alerta. Não sabemos o que
ele pode fazer. Sei que tirá-lo daqui é pior, ele age sempre muito bem. É
inteligente e muito esperto.
— Tente aproveitar a festa. Está tão bonita.
— Vou tentar, farei o possível, desejei tanto esse momento. É uma
pena que meus pais não estejam aqui para ver isso.
— Ah, mas depois comemoramos todos juntos. Vá ficar com a Érica.
Vocês dois já estão dando o que falar nas rodinhas de amigos.
— Eu imaginei, mas não me importo e ela também parece não ligar
para isso. — Então a vejo sorrindo andando pelo salão, cumprimentando
a todos do seu jeito simpático. Ela sabia quando ser assim e quando não
ser. Na verdade, Érica é bem parecida comigo em alguns aspectos e
adoro esse fato inegável.
Saio caminhando em sua direção, morrendo de medo de que ela
chegue perto do homem que só quero distância. Principalmente dela.
Sorrio para todos e acabo tendo que parar para abraçar ou dar um aperto
de mão em meus colaboradores. Quando olho na direção de Érica, vejo-a
jogando a cabeça para trás, rindo. Ah, não! Não mesmo. Peço licença as
pessoas e saio voando em sua direção. Quando me aproximo deles, vejo
que o verme está falando de mim com ela.
— Olha ele aí, Alexander Ramaro! Boa noite. Quanto tempo — ele diz
me oferecendo sua mão. Trinco os dentes de ódio. Respiro fundo, minhas
mãos estão suando. Não correspondo ao seu jeito e sei que agora estou
com uma carranca horrível. Mas é inevitável. Não consigo sorrir e ser
simpático com esse homem sem coração e alma.
— Alex, por favor, que feio não apertar a mão dele — Érica diz
sorrindo tentando amenizar o clima pesado. Só que é impossível.
— É, Alex, não vai me apresentar sua amiga ou seria namorada? —
ele pergunta com a voz cheia de escárnio.
— Com licença. — Consigo dizer e sair puxando Érica comigo pelo
braço. Odeio fazer isso, mas é necessário. Aquele homem é um psicopata
maníaco por destruir a vida das pessoas. Não posso deixar que ele
encoste nem em um fio de cabelo da minha linda. Só se for por cima do
meu cadáver.
“Não fale, não, não tente
Tem sido um segredo por um bom tempo
Não fuja, não, não se esconda
Estive fugindo disso por um bom tempo.”
Shameless | Camila Cabello

— É, Alex, não vai me apresentar sua amiga ou seria namorada? — o


homem pergunta com um tom esquisito, reparo nisso e na postura de
Alexander.
— Com licença — Alexander diz e sai me puxando pelo braço. Nunca
o vi assim, fora do controle e ali na frente de todos na festa de sua
empresa. É muito estranho. Cansada e irritada pela sua atitude, paro no
meio do caminho. Com força me livro de suas mãos em mim. Ninguém
pode me tocar daquele jeito. Não permito.
— Alexander! Pare com isso! — Ele se assusta e me abraça cheio de
preocupação e cuidado. Estranho aquele sentimento e fico atônita com o
que escuto a seguir.
— Não posso parar. Não enquanto aquele homem estiver no mesmo
ambiente que nós dois. Porra! Não permitirei que ele encoste em sequer
um fio de seu cabelo — diz protetor. Sinto sua respiração em meu
pescoço. Deixo o silêncio tomar conta de nós dois. Pouco a pouco, ele me
beija. Seus lábios me tomam com exigência e paixão. Consigo me afastar
dele para que eu possa entender o que está acontecendo.
— O que está acontecendo, Alexander? — pergunto curiosa, não me
aguentando mais, na verdade.
— Érica, eu só preciso que você fique o mais longe possível daquele
homem e o mais perto de mim. Não se afaste. Preciso que fique ao meu
lado.
— Não entendi o porquê disso. Não vem me dizer que acha agora que
você é um daqueles homens possesivos e loucos. Ah, pelo amor de Deus!
— Não sou desse jeito, mas a situação de hoje me obriga a ser assim.
Por favor, não me contrarie agora. Já estou em tempo de explodir de ódio
em ver aquele homem em minha festa. Como ele ousa?
— Não entendo, claro que nem o conheço. Só que gostaria que me
explicasse o que está acontecendo — enfatizo, encarando seus olhos
azuis, que estão escuros e tempestuosos.
— No momento certo, você vai saber, minha linda. Te prometo isso.
Só colabore. — Alexander me dá sua mão e entrelaço nossos dedos. O
encaixe é perfeito e o flagro encarando nossas mãos unidas. Sorrio e
resolvo confiar nele. Bem que não senti nada de bom na presença
daquele homem. E Deus sabe o quanto minha percepção extra-sensorial
funciona.
Seguimos de volta para o salão onde a festa realmente acontece.
Sorrio de forma simpática para todos que encontramos. Até mesmo
aqueles que não conheço, pois há filiais da Indústria Ramaro espalhadas
pelo país. Claro que ainda há algumas expansões a serem feitas. Acredito
que esse é o próximo passo do meu boyzão. O que é isso? Estou
apelidando-o? A verdade é que ele é um homem e tanto. Hoje então, nem
se fala. O homem está exalando testosterona.
Enquanto a festa segue, fico observando os olhos atentos de
Alexander. Ele está prestando atenção em tudo. Minha mente começa a
fervilhar de possibilidades. O que será que aquele homem pode ter feito
ao poderoso e implacável Ramaro? Algo me diz que não é nada de bom.
“O seu coração contra meu peito
Seus lábios pressionados em meu pescoço
Eu estou me apaixonando por seus olhos
Mas eles ainda não me conhecem
Com um sentimento que vou esquecer
Estou apaixonado agora.”
Kiss Me | Ed Sheeran

Não deixarei que nada nos afete nesse dia. Mesmo sabendo do risco
que estamos correndo. Meus olhos varrem cada canto do salão luxuoso
de festas. Jonas também e todos os seguranças estão atentos a cada passo
daquele monstro. Logo no dia mais importante esse homem tem que
aparecer. Como posso viver sem poder me envolver com ninguém? Por
mais que corroa minha alma lembrar o que perdi, depois que conheci
Érica senti tudo de uma vez. Depois dela não havia encontrado mulher
alguma que me fizesse sentir daquele jeito.
— Dá para você curtir a festa um pouco? — ela me pergunta se
virando, seu perfume doce me atinge mexendo com todos os meus
sentidos. Seu sorriso ousado me atinge. Fico louco com o desejo de
possui-la.
Depois de conversar com todos penso que merecemos um momento a
sós. A música que toca no ambiente é perfeita para o que tenho em
mente. Kiss Me, de Ed Sheeran. Ela me encara com um olhar intenso.
Nossos corpos se encaixam perfeitamente e de forma deliciosa. Nada
poderia ser mais perfeito. Seu corpo colado ao meu me deixa louco.
Aquela mulher é minha perdição. E estou gostando muito de me perder
nela inteira. Planto um beijo em seu pescoço e fecho meus olhos me
esquecendo de onde estou e posso apostar que Érica também se sente
desse jeito.
Não há nada no mundo que me faz tão bem quanto ter essa mulher
em meus braços. Posso adorar não me amarrar a ninguém devido ao meu
passado. Só que, às vezes, me pergunto se sou capaz de viver assim por
muito tempo.

“And your heart's against my chest


O seu coração contra meu peito
Your lips pressed in my neck
Seus lábios pressionados em meu pescoço
I'm falling for your eyes
Eu estou me apaixonando por seus olhos
But they don't know me yet
Mas eles ainda não me conhecem
And with a feeling I'll forget
Com um sentimento que vou esquecer
I'm in love now
Estou apaixonado agora”

Arrepio-me todo quando sinto sua respiração alterada no lóbulo da


minha orelha. O que está acontecendo? De repente, tudo muda. A canção
fez sentido e quando acaba só quero que não tenha que me afastar de
seus braços. Eles me acalmam e ao mesmo tempo me incendiam. A
música muda e logo a vejo se jogar a minha frente esfregando seu quadril
no meu com vontade. Muito quente. Deliciosa.
Tudo muda, pois tenho que pegá-la de volta para meus braços. A
canção que agora domina é muito sensual e Érica dança colada em mim
de costas, só posso enlaçar meus baços na frente de seu abdômen e colar
meu rosto em seu pescoço embriagado pela aura sensual que nos toma
agora. Ela se balança elegante e muito provocante ao som de Only Love
Can Hurt Like This, da Paloma Faith. Uma deusa. Porra! Isso está me
deixando faminto. Estamos protagonizando um show a todos. Mas pouco
me importa o que estão pensando. Não poderia estar melhor do que com
ela, a morena que chegou levando todo meu autocontrole para longe.
Deixando somente um forte desejo de tê-la todos os dias comigo. Cada
maldito minuto deles. Pressiono meu pau em seu quadril e posso jurar
que ela está fechando os olhos com aquele meu ato impensado. Sorrio e
confidencio em seu ouvido.
— Não posso mais resistir, preciso estar dentro de você, minha linda.
Ela só assente e me deixa conduzi-la. Levo-a para um lugar mais
afastado, um beco que há na parte de trás do salão. Quando chegamos lá,
agarro-a por trás e pressiono-a mostrando o quanto estou excitado com
sua dancinha provocadora. Ela joga a cabeça para trás e beijo seu
pescoço, sinto sua pele arrepiar.
— Sinta como estou duro desde o momento que coloquei os olhos em
você.
Ousada, ela rebola e não há ninguém onde estamos. Agarro e aperto
forte seu quadril e ela geme como uma gatinha. Adoro isso. Me deixa
ainda mais louco.
— Ah, Alexander, eu quero você! — Sua voz sensual é como se fosse a
porra de um hino delicioso em meus ouvidos. Pressiono-a na parede. Seu
olhar é de puro desejo. Escuto ao longe a música pulsante que começa a
tocar no salão. Encaro seus lindos olhos, seu perfume doce invadindo
minhas narinas, entorpecendo-me de paixão.
Está difícil respirar. Encaro-a e invado sua boca. Nos beijamos
deliciosamente, sua boca macia e gostosa. Por um tempo ficamos só
apreciando aquele amasso, ela se esfrega em mim sem vergonha alguma.
Meu pau dói de tanto que está duro de vontade de a possuir ali mesmo e
isso parece enlouquecer a nós dois.
Ela parece não resistir e passeia suas mãos pelo meu corpo. E os
meus sobem seu vestido um pouco pelo lado. A fenda ajuda muito e
deslizo minhas mãos pelo seu quadril, procurando sua calcinha.
Descubro que ela veio sem uma e fico maluco. Passo minhas mãos pela
sua bunda gostosa e, entre suas pernas, enfio três dedos e ela começa a
arquear seu corpo para trás, na direção da minha mão. Parece perdida
neles. Está tão molhada, porra!
— Gosta da ideia do que vamos fazer aqui?
Ela não me responde, só concorda com a cabeça e enfio mais um dedo
dentro da sua boceta suculenta. Assisto o momento em que ela joga a
cabeça para trás novamente. Caralho! Nada pode me parar agora. Beijo
seu pescoço e, com a ponta do meu dedo, circulo seu clitóris,
provocando-a lentamente. Começo a explorá-la, chupo seu queixo, sua
orelha, seu pescoço, encontro o ponto onde sua pulsação bate
freneticamente.
Levanto sua perna, deixando-a exposta ao frio do ar-condicionado
que sopra acima de nós. Prendo seu joelho ao redor da minha cintura. Ela
coloca seu braço entre nós e desabotoa minha calça, puxa minha cueca
para baixo apenas o bastante para deixar meu pau livre. Envolve minha
ereção com suas mãos quentes e esfrega por toda a minha pele molhada.
Caralho! Quero fodê-la forte.
— Deixe que eu coloque isso, minha linda! — digo sem deixar seu
olhar.
Minha calça está aberta, mas caída um pouco abaixo da cintura. Se
alguém nos vir por trás, pode até pensar que estamos dançando, talvez
apenas nos beijando. Meu pau pulsa na sua mão. Érica olha-o admirada
com a realidade da situação. Passa a ponta do meu pau na sua entrada e
estremeço; eu estou duro como uma rocha.
— Caralho, vou gozar na sua mão inteira se você não parar com isso!
— alerto-a tremendo um pouco com a sua urgência enquanto afasta sua
mão para vestir a camisinha. Quando termino, começo a entrar
demoradamente.
Quando estou profundamente dentro dela, ali no meio daquela festa,
com a música pulsante ao nosso redor, as pessoas a poucos metros de
nós sem saber de nada, penetro, esfrego com firmeza em seu clitóris em
cada estocada, onde a pele quente da minha cintura pressiona suas
coxas.
Não houve mais conversa, apenas estocadas em que fui aumentando
a velocidade e intensidade. O espaço entre nós preenche com sons
abafados de desejo e súplica. Mordo forte seu pescoço e ela agarra meus
ombros. Levanto sua outra perna, passando as duas ao redor da minha
cintura e, então, na escuridão, começo a me mexer de verdade, rápido e
urgente. Érica geme deliciosamente. A possibilidade de alguém passar
por ali e nos pegar é mais evidente agora. Sua cabeça rola para trás,
contra a parede; começo a sentir que ela deve estar perto. Não demora
muito, quando estoco com mais força, minha linda goza sem parar.
— Oh, droga! — Meus quadris perdem o ritmo e então solto um
gemido suave, com meus dedos enterrados na sua cintura. Paro,
apoiando-nela e encosto meus lábios gentilmente em seu pescoço.
— Minha linda, você acabou comigo. — Pulso dentro dela e sei que
pode sentir meus tremores secundários do orgasmo. Acaricio sua perna,
do calcanhar até a cintura, e, com um pequeno gemido, retiro-me.
Colocando seus pés no chão, dou um passo para trás e tiro a camisinha.
Ela me oferece um sorriso, enquanto eu fecho o zíper da minha calça.
Ajeito seu vestido e logo após beijo seus lábios.
— Isso foi inacreditável, Alexander! — diz entre meus beijos, que são
só um recado de que isso ainda não acabou por aqui e estou faminto por
mais dela. Ainda mais depois de tudo que senti nessa noite, ela seria
minha a noite toda.
“Se você quer ficar comigo
Baby há um preço a pagar
Eu sou um gênio em uma garrafa
Você tem que esfregar do jeito certo
Se você quer ficar comigo
Eu posso fazer seu desejo se tornar realidade.”
Genie in a Bottle | Christina Aguilera

Alexander passou o domingo todo adiando me contar o que


aconteceu com aquele homem, que o deixava tão nervoso. Minha cabeça
começou a esquentar de tanto pensar no que poderia ter acontecido. Sei
que não era nada de bom, só que sentia no ar que era bem pior do que
imagino. Enfim, ficamos o dia quase todo na cama, saímos dela só para
comer algo que ele pediu que entregassem. Senti que Ramaro estava
evitando sair de casa.
Pego minha xícara na cafeteira, que apita com meu café pronto. Sinto
o cheiro de cafeína tomar conta do ambiente e um enorme prazer. Amo
café, mas gosto dele sem açúcar mesmo, forte. Para me acordar e alertar.
Pelo vidro observo a agitação da cidade de um dia como a segunda-feira.
Tomo meu café pensando nas reuniões e contratos que tenho que
elaborar.
Então me lembro daquele homem. Ele é dono de uma das mais
famosas e influenciadas empresa de publicidade. Sigo de volta para
minha mesa. Sento-me e começo a analisar aqueles papéis. Encontro o
que quero quando leio Publianger. Vou pesquisar tudo a respeito do
homem que tirou a paz do meu boyzão. Gostaria que ele me contasse
tudo, mas estava irredutível a esse assunto. Ligo para a pessoa certa para
buscar mais sobre minha pesquisa. Quando estou para discar Alexander
entra em minha sala como um furacão.
— Érica, preciso do contrato da PubliAnger agora, está com ele aí? —
pergunta e respiro fundo.
— Devo estar, só um minuto — finjo procurar e não achar.
— Procure direito, Srta. González — pede com a voz rouca, mas sei
que é de raiva e não por outra coisa.
— Alexander, ontem passamos o dia evitando que você me contasse
sobre o tal homem misterioso. Estou te dando a chance de ser
verdadeiro, porque se não me contar vou atrás de tudo que puder saber
sobre aquele homem e sua empresa.
Ele passa a mão pelo cabelo como sempre faz quando fica nervoso.
— Tudo bem, Érica. Já que insiste, mas vou te contar somente parte
da história, porque ela toda não consigo. — Seu olhar triste me deixa
preocupada.
— O que conseguir, Alexander. — Levanto-me da minha cadeira e
dando a volta na mesa para ficar mais próxima a ele.
— Há alguns anos, esse homem destruiu a minha vida. Ele é poderoso
e não consegui provar o que ele fez a pessoa que mais amei na vida. É um
doente maníaco por controle e gosta de bater em mulheres além de
humilhá-las e depois dizer amá-las. Ele nos perseguiu. — Alexander me
conta com os olhos vidrados cheios de dor, nunca o vi assim. Atordoado
demais, ele respira fundo, tomando ar.
— Ah, meu lindo! — Abraço-o porque sinto que ele não vai conseguir
me contar tudo e então decido colocar um fim nisso. Mas quero saber de
tudo. Ainda vou pesquisar tudo a respeito desse homem.
— Érica, por favor, podemos conversar sobre isso em um outro
momento?
— Claro, estou vendo que é difícil para você. Só que quero que conte
comigo. Vou fazer o que puder para te ajudar.
— De jeito nenhum, quero você longe disso.
— Por quê? Gostaria muito de lhe ajudar; e outra coisa, não quero
ficar no escuro. Sou daquelas que vai atrás de tudo e você sabe muito
bem disso!
— Sei sim, mas, minha linda, realmente a quero o mais distante
possível desse homem, porque ele destruiu minha vida e temo por você,
seu bem-estar e segurança.
— Como sabe que não posso me cuidar sozinha? — indago nervosa
porque ele não conhece a mulher que fui obrigada a me tornar.
— O que você quer dizer com isso?
— Alexander, não me responda fazendo outra pergunta. Desde muito
nova fui sozinha, minha mãe foi embora me deixando para cuidar dos
irmãos. Então, fui obrigada a amadurecer. Tive que aprender a me
proteger e a todos que estavam sob minha responsabilidade.
— Desculpe-me, não sabia disso, pois você nunca me contou sobre
sua família, seu passado.
— O que temos feito é só sexo, não é? Casual?
— Érica, no início pensei que seria só uma atração, mas estou
percebendo que pode ter muito mais entre nós, digamos que quando
estamos juntos tudo parece tão certo. Além de que, desde que
começamos com isso, não nos separamos mais. Gostaria de saber mais
sobre você, conhecê-la melhor.
— Por incrível que pareça, quero saber mais sobre você, seu passado
para até mesmo entendê-lo melhor.
— Sei disso, mas te peço um tempo para me preparar para o que vou
te contar. É uma parte da minha vida que enterrei literalmente.
— Tudo bem, vou ficar na minha, só que preciso fazer algo, não
consigo sossegar sabendo que estamos correndo algum risco.
— Pode pesquisar tudo sobre a empresa dele, não quero e nem
podemos nos prender em um contrato com ele por mais que a proposta
seja tentadora. Conheço-o suficiente para não confiar nesse homem.
— Entendo, não se preocupe, vou procurar tudo sobre ele para que
tenhamos embasamento para não aceitar esse contrato.
— Érica, muito obrigado por compreender e me ajudar com isso, mas
essa é a única ajuda que quero de você, entendeu? — diz de um jeito bem
controlador e autoritário, que me deixa com raiva, mas entendo que há
algo mais ali. Sei que ele, como mesmo disse, quer que eu fique segura.
Alexander cola nossas testas e tomamos o mesmo ar, depois que ele
me beija desesperadamente sai da sala prometendo voltar no horário do
almoço. Assim que fecha a porta atrás de si pego meu celular. Ligo para a
pessoa que fará a pesquisa completa para mim.
— Oi, Renan. Por favor, preciso que faça uma busca apurada sobre o
publicitário Nathan Anger, sim dono da PubliAnger. O mais completo que
puder e rápido também.
Ele responde e depois me pergunta se está tudo bem, nos falamos
rapidinho e desligo voltando a me entreter em meu trabalho. Pensando
que tenho que ligar para o meu irmão. Sei que não posso ignorar o fato
de que estamos brigados por causa da nossa querida mãe.
Alexander e eu saímos para almoçar no meio do dia, ele evita
conversar sobre o misterioso homem que apareceu na festa da Ramaro.
Pedimos o mesmo prato, o preferido de Alexander: carne ao molho com
saladas.
— Hoje quero que você me acompanhe à academia, Alexander —
peço a ele encarando-o fazendo seus olhos brilharem.
— Não basta na empresa, nos restaurantes, becos de salões de festas
e você ainda quer que eu a tome em uma academia? — questiona com o
olhar excitante, sorrio pensando no quão pervertido ele é.
— Alexander, você só pensa maldade, meu boyzão!
— Boyzão? De onde saiu isso, Érica? Pode me explicar?
— É claro, é o apelido certo para você.
— Mesmo? — indaga sorrindo daquele seu jeito convencido que eu
gosto cada vez mais. — Então, brincadeiras à parte, o que tem nessa ida à
academia?
— Chegando lá, você vai saber, meu amor. — As palavras finais saem
com uma naturalidade que estranho. Alexander sorri e me deixa louca
pelo seu toque.
Voltamos antes do horário para a Ramaro e seguimos para a sua sala,
onde ele tranca sua porta e abre minhas pernas e me toma com avidez e
não sou capaz de conter a onda de prazer que me atinge. Não há mais
como evitar que aconteça isso mais na empresa. Tentamos, mas não deu
certo. Lutamos com algo que é muito maior: nossa atração e eletricidade.
Então decidimos apenas nos permitir um pouco.
“Direi todas as coisas que você precisa saber
Então, amor, pegue minha mão e salve sua alma
Podemos fazer isso durar, vá com calma, humm
E posso ver que você sabe que eu sei como quero.”
God is a Woman | Ariana Grande

Quando aquela mulher me falou que iria me levar à academia nunca


imaginaria que fosse para ver o show de Muay Thai. Não entendo muito
desse tipo de esporte. Costumo fazer só musculação e corrida. Então
assistir Érica naquelas roupas coladas de ginástica, uma calça preta e só
um top roxo, que cobre seus seios, faz meus olhos quase saltarem. Então
percebo o que ela está tentando me mostrar.
Observo silenciosamente, admirado demais, ao perceber que aquela
mulher, na verdade, é forte demais, ela quer que confie quando diz que
posso contar com ela. Fico envergonhado pelo fato de ela ter que fazer
isso para chamar minha atenção. Droga! Quando ela termina de socar
aquele saco e olha para o lado, seus olhos me fitam intensamente. Me
aproximo dela diminuindo o espaço que nos separa.
— Você é incrível, minha linda! — elogio-a e o sorriso que se desenha
é perfeito, com o suor escorrendo pelo rosto.
— Ah, obrigada. Foi aqui que aprendi a ter controle, a sempre me
defender quando alguém viesse levantar a mão para mim com mais
força. Aprendi a ser forte e a lutar. Por muitas vezes, soquei esse saco
para aplacar a raiva ou a dor que sentia em meu peito. — Quero pegá-la
no colo e acariciar seu rosto até que tudo passe. Não sei do seu passado
todo, mas há algo que a machuca. Sei que ela teve uma vida muito dura.
Chegar onde chegou é louvável. Mostra quanta garra e competência tem.
— Érica, saiba o quanto você é forte, meu amor, admiro-a por isso.
Não precisava me trazer aqui para provar a mulher lutadora que é, viu?
— Selo nossos lábios e ela sorri.
— Alexander, não foi por isso que o trouxe aqui, mas serviu para ver
que sou diferente das mulheres que já passou por sua vida. Combinamos
que tentaríamos conhecer mais um ao outro, foi por isso que o trouxe.
Pois essa é uma das coisas que mais gosto de fazer.
— Maravilhosa! — Giro-a depois de levantá-la em meus braços, ela
sorri e depois disso seguimos para o vestuário que, àquele horário, já não
há ninguém.
Trabalhamos muito durante a tarde, compareci a duas reuniões e
fiquei exausto pela energia que gastei em cada uma delas.
Entro no boxe com minha linda, pressiono-a na parede azulejada de
cinza e a tomo para mim até explodirmos em um orgasmo juntos.
Mais tarde chegamos em seu apartamento e pedimos uma pizza
depois de assistirmos a mais um episódio de Scandal. A minha linda
adora a Olivia Polpe. Depois vimos um filme daqueles de ação com Henry
Cavill, tive que ver Érica suspirando pelo ator. Revirei os olhos meio
enciumado também. Em algum momento, nossas carícias começaram a
ficar mais ousadas e ela ignorou a televisão e montou em mim. Sua boca
me tomou em um beijo faminto, lascivo e cheio de promessas.
— Quero você, meu boyzão — pede com a voz arrastada afetada pelo
desejo que a toma naquele momento.
— Seu desejo é uma ordem. — Arranco sua camisola e a tenho nua
em um instante, não sei o que fazer primeiro. Então começo a chupar e
venerar todo seu corpo. Estar com Érica faz-me sentir bem e livre de
pensamentos tristes e dolorosos. Ela desce minha calça e pega em meu
pau duro e pronto para sua boceta gulosa. Então minha linda me suga
aos poucos, nosso olhar se mantém ligado e ali sinto que há algo
diferente pairando ao nosso redor assim também como no meu coração.
Ele está agitado e fica ainda mais frenético quando ela começa a gemer
meu nome e cavalgar no meu pau. O som de seu corpo batendo contra o
meu me excita de uma forma que não tenho como controlar meus
instintos selvagens.
— Oh, Alexander! — Amo ouvi-la gemer meu nome. É a porra da
coisa mais perfeita do meu mundo.
— Não pare, meu amor!
E ela não para, rebola e faz movimentos de vai e vem me deixando a
beira da insanidade. Cavalga mais algumas vezes e leva meus dedos em
seu clitóris inchado e molhado.
— Porra, que gostosa você, meu amor!
Massageio-o e sinto seu corpo começar a estremecer e sua boceta se
apertar ao redor do meu pau. Em segundos, os espasmos tomaram conta
e meu corpo não aguenta também quando gozo seguindo-a.
— Ah, minha nossa, Alexander!
Tomo sua boca em um beijo selvagem, puxo seu cabelo e depois
chupo seus seios deliciosos que estão me dando a visão de tê-la nessa
posição. Viro-a de lado sem me retirar de dentro dela e começo a estocar
com vontade enquanto meus dedos não a deixam na frente.
— Perco o controle com você. Caralho! — gemo guturalmente ciente
de que minha voz está rouca e que teremos que tomar outro banho
porque estamos suados.
Estoco uma, duas, três e quatro vezes até não conseguir parar até que
estejamos gozando novamente. Mordo seu ombro enquanto me derramo
dentro dela e ainda sinto meu orgasmo. Ela também está tentando se
recuperar. Dou um tempo a nós e depois me levanto subindo a calça. Ela
não se dá ao trabalho de vestir sua camisola sexy. Quero limpá-la. Só que
estou me sentindo o homem mais bobo do mundo ao ver como ela está
marcada com minha porra. Porém, antes, para desestabilizá-la, chupo
meus dedos que estavam em seu clitóris pulsante e seu olhar é fatal.
Depois que tomamos banho juntos e fizemos mais um sexo delicioso
no chuveiro nos deitamos exaustos na cama. Aninho seu corpo junto do
meu e palavras não precisam ser ditas porque naquele momento basta
tê-la junto de mim assim. Aperto minhas mãos em sua cintura e acaricio
seu abdômen liso.
— Gosto de você cada dia mais, minha linda.
— E eu de você, meu boyzão. — Sorri e caímos em um sono delicioso
juntos. Ainda não havia sido assim. Antes tínhamos uma necessidade de
nos atracarmos, agora sinto vontade de não a largar mais. Isso pode ser
perigoso, ainda mais com aquele homem por perto. Ele havia sumido,
mas voltou para tentar arruinar minha vida de novo. Só que eu não
deixaria, não quando a mulher com a qual estava era minha.
No meio da madrugada, pensei estar naquele lugar de novo, no
hospital aguardando notícias.

As paredes brancas e aquele clima gelado que odiava de hospital me


atingiu assim que adentrei na sala de emergência. Então a vi totalmente
alheia ao que estava acontecendo. Peguei-o batendo nela mais uma vez e
aquilo me deixou horrorizado. O pior foi ver o olhar dela quando a tomei
dos braços dele, que me fuzilou prometendo me bater também.
— Me tire daqui, por favor. — Peguei-a no colo e saí daquela casa
correndo para o hospital. Aqueles olhos negros tristes e sem vida não saíam
da minha mente perturbada pelo que presenciei. Chorei como um menino
no corredor. A enfermeira se aproximou e disse que ela iria ficar bem. Fez
uma série de perguntas e o médico também. Eles achavam que eu havia
feito aquilo com ela. Mas não. Nunca seria capaz disso. Peguei um pouco de
água e tentava abafar tudo que senti ao ver aquele homem, Nathan Anger,
bater em sua namorada.

Acordei agitado e sobressaltando-me da cama, espero que não tenha


acordado Érica, que permanece com o sono intacto. Saio do quarto e vou
a cozinha beber um copo de água. Escoro-me no balcão e fico olhando
para o nada sem saber o que fazer, já que meu sono me foi tirado por
aquele pesadelo.
“Mas você está me puxando no fogo
Como gelo no fogo
Mas estamos queimando brilhante
Oh, nós encontramos nosso lugar.”
Soro Eyer | Calum Scott

Quando acordo percebo que estou sozinha na cama, levanto coçando


os olhos e me espreguiçando. Saio do quarto à procura do homem que
povoou meus sonhos essa noite. Estou cada vez mais envolvida com ele,
emaranhada em seu olhar e coração. Porque essa noite tudo mudou.
Senti que havíamos feito amor e não só transado como nas primeiras
vezes. Chego na sala e o encontro dormindo deitado no sofá e fico
intrigada com aquilo.
Aproximo-me devagar, agacho em sua frente e, por alguns minutos,
fico o observando. Seu semblante não está tranquilo e sim preocupado,
tenso. Meus dedos instintivamente emaranham-se em seu cabelo
bagunçado. Imagino o quanto ele passou a mão em seus fios castanho-
claros. Aquele homem faz-me sentir o coração agitado dentro do meu
peito. Meus olhos observam cada detalhe dele, sua boca deliciosa.
Expando minha visão mais para baixo e então fico com a boca seca ao ver
seu abdômen trincado. Quatro gomos levam até aquele V perfeitamente
desenhado onde há alguns pelos. Suspiro alto demais e percebo que o
acordo. Seus olhos azuis me fitam com intensidade.
— Gostando da vista? — pergunta sorrindo. Como pode ser tão lindo
assim?
— Amando — decido ser sincera, não querendo joguinhos.
— Gostei, direta como sempre, Sra. González — diz com a voz rouca e
aquilo arrepia-me dos pés até o último fio do meu cabelo.
— Por que dormiu aqui? — Sou direta de novo e espero que ele seja
sincero comigo.
— Tive um pesadelo, que me deixou inquieto, levantei e vim beber
um pouco de água. Só que não consegui voltar para a cama. Velei seu
sono e depois decidir ficar por aqui mesmo. Desculpe-me, minha linda!
— Compreendo, meu boyzão! — Ele sorri ao escutar seu o apelido
que lhe dei. Sorrio também e Alexander desfaz o coque que adorna meu
cabelo preto. Ele cai de um jeito selvagem.
— Sabia que amo o jeito que você acorda? É tão natural e sexy, sem
nenhuma maquiagem, joia, saltos ou vestido elegante.
— É mesmo, ama? — questiono-o preocupada ao ouvi-lo declarar
algo que ama em mim. Estou chocada com sua sinceridade.
— O que foi, te assustei ao dizer isso?
— Bom, não imaginei que amaria algo em mim assim tão rápido.
— Érica, olhe bem em meus olhos. — Encaro-o e vejo a verdade ali,
clara como água cristalina. — Sou um homem observador e cada dia que
passamos juntos me encanto com suas qualidades e até mesmo com seus
defeitos. Me sinto inteiro com você, mesmo quando me vejo num espelho
quebrado. Somos imperfeitos, mas nos completamos. Havia muito tempo
que alguém não me fazia sentir assim.
Fico sem palavras, porque sinto como se o conhecesse há mais tempo
do que na verdade nos conhecemos mesmo. Loucura? Pode ser, uma
loucura que se encaixa. Então aproximo-me dele e colo nossas bocas uma
na outra e tudo que sinto é meu coração bater freneticamente. Sua língua
toma conta de cada canto da minha boca. É como se ainda não fosse
suficiente. Nos beijamos demoradamente até eu estar em seu colo
enquanto suas mãos apertam meu quadril. Então me lembro de que
sempre esquecemos da camisinha. Afasto nossas bocas.
— Alex, não estamos nos cuidando.
— Sei disso, pode confiar em mim, estou limpo e sei que você se
previne, notei que toma sua medicação todos os dias às duas e meia da
tarde, sempre que voltamos do almoço.
— Sim, mas medicação não é cem por cento de garantia, já que posso
esquecer de tomar ou sei lá — respondo me preocupando de repente
com isso.
— Eu sei, meu amor — diz com naturalidade, estamos mesmo muito
envolvidos.
— Você me chamou de meu amor? — Seus olhos me desnudam.
— Sim, minha linda. Depois de tudo que te disse quase agora, você
ainda tem dúvidas do que está acontecendo aqui? — Faz um gesto com o
dedo se referindo a nós dois.
— Alexander, tenho medo. Não sei desse homem que arrasou com
alguém do seu passado. Posso imaginar que seja alguém que amou muito.
— Também tenho medo, no entanto temo mais ficar sem você do que
de tudo que possa acontecer. Por mais que a ideia de que algo possa dar
errado deixa-me maluco.
— Ai, meu Deus!
— Preciso de você, Érica González. Aceita ser minha namorada?
Tento não surtar na frente dele, porque a última vez que me permiti
me envolver assim com alguém, foi uma decepção.
— Eu aceito, se me aceitar com tudo que tenho nas costas.
— Aceito, mas o que tem nas costas?
— Tenho minha família, que passo muito tempo sem ver. O que quer
dizer que está tudo bem, mas quando tudo lá começa a desandar preciso
estar inteiramente presente. Isso não é brincadeira, assumi a
responsabilidade de cuidar deles.
— Não me importo, aliás, agora saiba que tem alguém que vai estar
ao seu lado te ajudando com tudo. Tem meu total apoio.
Fico surpresa, Alexander Ramaro é um homem com um coração
muito grande.
— Ok, somos namorados agora. — Sorrio e ele também e nos
beijamos intensamente. Quando nossas bocas se desgrudam, nos
encaramos por não sei quanto tempo, seu olhar no meu faz-me sentir
única e admirada.
— Te prometo uma coisa: vou protegê-la de tudo, nem que isso seja a
última coisa que faça em minha vida. — Um arrepio perpassa meu corpo
e abraço-o fortemente, meus olhos se enchem de lágrimas. Há muito
entre nós, mas não permitirei que nada aconteça a ele também.
— Prometo-lhe o mesmo, meu boyzão.
Depois disso, saímos do sofá e tomamos um banho juntos. Tudo o que
fazemos naquele banheiro nunca mais será apagado da minha memória.
Há muitas promessas em meio ao silêncio dos nossos olhares, que dizem
mais que quaisquer palavras. Nos vestimos e tomamos um café que
Alexander prepara enquanto eu guardo algumas roupas. Organizo o
quarto e arrumo minha bolsa. Depois de tudo estar em seu devido lugar
saímos do meu prédio seguindo para a Indústria Ramaro.

Chegando à empresa nos beijamos no elevador e selamos nossos


lábios no corredor não nos importando com os olhares que nos
direcionam. Vou para a minha sala suspirando e muito disposta a montar
um dossiê perfeito para acabar com aquele Nathan. Ele não perde por
esperar a dinamite que explodirá em seu mundinho perfeito e todo
planejado.
Aquele homem nojento e doente não conhece a força de vontade de
uma mulher. Alexander pode achar que eu não saberei lidar com alguém
como o Nathan. Só que a verdade é que já enfrentei muitos como aquele
no tribunal. Aliás, já recebi várias ameaças deles mesmos. Atualmente,
estão todos onde deviam estar: atrás das grades.
Todos que pesquisam sobre minha carreira encontram minhas
vitórias contra alguns abutres envolvidos em violência doméstica, abuso
infantil e políticos corruptos, sociopatas. Quando me dediquei a essa área
do Direito fui extremamente focada. Nada me atingia e eu cavava até o
fim, justamente para encontrar o pior.
O melhor das pessoas todos nós sabemos, é a primeira coisa que
alguém nos revela sobre elas mesmas. O que não temos conhecimento é
do pior, do que tem por detrás do que vemos. Sempre há algo. Somos
imperfeitos, seres errantes. Alguns possuem arrependimentos, se
redimem. Aprendem com seus erros. Outros não. Esses são os psicopatas.
Que agem como se tudo que fizessem é o certo, somente na cabeça
doente deles.
Por isso, não temo ir atrás de podres, o pior está em algum lugar e
mais tarde descobrirei. Tenho paciência e toda calma do mundo. Pode
demorar, mas valerá a pena. Se o pouco que Ramaro me contou for o que
estou pensando com Nathan será bem rápido. Ele pode querer dificultar,
mas estarei firme em minha decisão. Esse homem não vai destruir mais
nada da vida do meu boyzão. Não quando ele me tem ao seu lado.
Sento-me em minha mesa e ligo meu computador, leio alguns e-mails
e então percebo algo em minha caixa de entrada com os dizeres
SECRETS. Abro-o e, então, vejo um documento e uma pasta zipada
contendo imagens da câmera de segurança. Sorrio, vitoriosa. Abro o
documento e vejo o dossiê completo. Leio tudo atentamente, até chegar
em uma reportagem dizendo sobre a ex-noiva de Nathan Anger ter
morrido de um ataque cardíaco. Mais abaixo vejo uma foto de Alexander
chorando inconsolável no velório da mulher e é quando vejo seu nome.

“Amy Hughes foi encontrada morta em seu apartamento pelo seu noivo
Alexander Ramaro.”

Abaixo dessa frase há ainda algo dizendo que ela não havia sido
assassinada, porque seu apartamento não havia sido arrombado, seu
corpo também não foi encontrado com provas de alguma agressão física.
A biópsia comprovou que foi um ataque cardíaco fatal e, como ela estava
sozinha, não teve socorro. Estranho demais.
Paro e olho para o nada em minha sala, não seria certo eu descobrir
assim, mas ele sabia que corria o risco de descobrir, já que pediu que
pesquisasse. Fico preocupada e pensando se Alexander ficará chateado
comigo por ter cavado tão fundo. Mas não havia como não descobrir
tudo. Fico mexida com aquilo, abro a pasta zipada e encontro várias
imagens com a data da morte da mulher. Nelas só tem um homem
entrando e saindo do apartamento dela e ele é Nathan encapuzado e com
a aparência totalmente diferente. Mas o zoom que meu querido amigo
me enviou é perfeito. Temos aqui prova suficiente para colocá-lo na
cadeia. Só que antes preciso mostrar tudo ao meu namorado. Como será
que ele reagirá?
“Essa garota é selvagem
Três vez, e eu fiz com ela do jeito mais cruel
Ela ama esse estilo e ama esse perfil (Uh)
Quarta vez, fiz com ela aquele amasso
Ela fica louca, perde a cabeça.”
Contra La Pared | Sean Paul with J Balvin

Quando entro em minha casa depois de um dia cheio de trabalho,


coloco minha pasta no escritório, deixo nosso jantar na cozinha e vou
procurar a minha linda. Subo as escadas e, quando chego ao corredor,
escuto uma música alta com uma batida gostosa. A voz é doce e percebo
que se trata de Anitta, uma cantora brasileira cantando Veneno em
espanhol.
Entro no quarto e não consigo encontrar Érica, então procuro-a na
sacada e resta o closet e o banheiro. Vou ao closet e nada. Por fim, entro
no banheiro e encontro minha linda dançando de biquíni dentro da
banheira. Ela está de costas e dança rebolando seu quadril de um jeito
alucinante seguindo a batida da música. Minha vontade é de espalmar
minhas mãos naquele traseiro delicioso.
Ela não percebe, porque resolvo ficar calado observando seu corpo
balançando deliciosamente no ritmo da música. No entanto, não consigo
me conter quando ela começa a descer e subir rebolando. Fascinado e
sem poder mais me controlar chego por trás dela. Aperto sua bunda e
Érica geme, pego seu cabelo ondulado e o jogo de lado para frente.
Inspiro seu perfume doce que exala por onde ela passa. Mordo o lóbulo
de sua orelha, ela geme meu nome.
— Alexander! — A voz sensual mostra o quanto a afeto. Aquilo me
deixa a ponto de cometer uma loucura por ela.
— O que pensa que está fazendo? — questiono-a com a voz rouca,
dura.
— Estava só pensando em relaxar um pouco enquanto você não
chegava. Pensei que demoraria mais na reunião.
— Sabe por que não demorei? — Ela balança a cabeça, negando. —
Porque estava pensando em como iria encontrar você aqui, minha cabeça
não parava de pensar em nisso. Não conseguia me concentrar em nada
que aqueles homens diziam.
— Está bravo pela bagunça que estou fazendo?
— Você é louca? Encontrar minha mulher na banheira dançando
desse jeito é a porra da coisa mais perfeita desse mundo.
— É mesmo?
— E esse biquíni, minha linda?! Consegue sentir o quão duro estou
por você agora? — Pressiono-a colando ainda mais nossos corpos. Beijo
seu pescoço até chegar no ombro e mordo-a com vontade.
— Alexander, por favor! — Ah, eu adoro ouvi-la implorando com a
voz manhosa meu nome, sinto-me ainda mais alucinado por ela.
— O que deseja? Quer que eu chupe essa sua boceta gostosa primeiro
ou que eu a possua com meu pau duro e faminto?
— Só quero você, por favor. — Entendendo seu recado, solto-a
somente para tirar minha roupa rapidamente. Jogo tudo no chão
enquanto ela tira a parte de cima do biquíni, olhando de lado. Érica me
dá a cena mais sexy que já tive na vida. Pego o celular rapidamente na
calça e tiro uma foto sua. Ficou espetacular. Sorrio de lado e tiro minha
cueca preta. Arranco as meias e entro na banheira, viro-a de frente para
mim e seu olhar cheio de luxúria encara o meu.
— Ah, Érica! Você acaba comigo, meu amor.
Não dou tempo a ela de responder, pois minha boca toma a sua em
um beijo lascivo. Minha mão agarra sua bunda novamente enquanto
mordo seu lábio inferior.
Afasto-me dela só para que possamos nos sentar na banheira. Sento e
desfaço os laços de seu biquíni e ela o joga longe. Sorrio guloso e louco
demais por minha linda.
Érica vem em cima de mim, já estou pronto para ter sua boceta em
volta do meu pau. Ela abre bem suas pernas e aquela visão quase me faz
puxá-la. Mas sei que minha linda quer ter o controle e a deixo comandar
seu show. Érica me oferece seus seios enquanto guia meu pau para
dentro dela. Arfamos juntos, sinto o calor da sua boceta e o quanto ela já
está molhadinha para mim é o que me faz gemer um som gutural.
— Caralho, meu amor! — Seus olhos fitam os meus intensamente, e
beijo sua boca de modo selvagem.
Tudo ao meu redor desaparece e só o que consigo sentir é nós dois
nos consumindo. Ela começa a subir e descer em uma velocidade gostosa
demais. Deixo sua boca e mordo seu ombro enquanto ela rebola e quica
no meu pau. Puxo um de seus seios e chupo-os enquanto ela geme o som
mais lindo do mundo. Não tem mais volta, só penso nela e no quanto a
desejo cada dia mais. O que temos é algo fora do normal, pensei que já
havia vivido algo tão intenso com alguém. Mas Érica é demais, somos
loucos um pelo outro. Ela sabia que eu chegaria mais cedo e por isso
bolou um show para me enlouquecer. É uma mulher que sabe muito bem
o que faz, segura demais e adoro isso nela.
— Alexander! — Sinto seu corpo inteiro convulsionando em um
orgasmo, ela fica divinamente mais linda gozando assim comigo bem
fundo. Seguro-a e estoco rápido e forte enquanto meus dedos
massageiam seu clitóris melado, prolongando ainda mais seu orgasmo e
só paro de estocar quando meu corpo inteiro estremece me levando para
além do céu.
— Porra, Érica, meu amor! Eu te amo. — As palavras saem
naturalmente, porque não posso negar mais. Segurei muito essas três
palavras antes para não a assustar. Seus olhos me fitam e posso ver que
ela também sente o mesmo.
— Eu te amo, meu boyzão. — Sinto algo crescer dentro do meu peito,
ficamos quietos, esgotados, por tudo que nos atinge. Beijo sua testa e ela
levanta sua cabeça para me encarar. Como ela pode ser ainda mais linda
a cada segundo?
— Por favor, não diga que foi um erro revelar nosso sentimento,
Érica, não aguentava mais segurar isso aqui dentro.
— Eu sei, meu lindo. Estava esperando você dizer primeiro. — Ela
sorri diabolicamente e sorrio também.
— Você é demais, sabia? — Estamos emaranhados na água, então
decido ensaboá-la. Ela aceita e beijo cada parte de seu corpo com amor.
Quando terminamos, enrolo-a na toalha e seco-a cuidadosamente. Érica
me olha fascinada.
— E você é um lorde quando quer, hein?
— Sou sempre assim, minha linda.
— Temos que conversar sobre algo que descobri do Nathan Anger. —
Só de ouvir o nome dele, já sinto o ódio tomar conta.
— Érica, não quero estragar a nossa noite. Passei o dia todo pensando
em como posso protegê-la porque, se você correr risco, é tudo culpa
minha.
— Nunca foi e nunca será, meu boyzão. Sou bem grandinha e sei bem
me cuidar. Aprecio sua vontade em me proteger. Só que não sou igual as
mulheres que estava acostumado.
— Sei muito bem disso e nunca disse que pensava o contrário. —
Pego-a no colo deixando-a sem alternativas para negar. Jogo-a na cama.
— Fique bem aí, vou pegar sua camisola.
— E a calcinha, Alex?
— Nada de calcinha, quero passar a noite toda dentro de você, meu
amor. Veja bem, amanhã falamos sobre isso no escritório, só que agora
não consigo pensar em mais nada a não ser ter você comigo de todas as
formas possíveis.
— Alexander Ramaro, você é inacreditável além de muito safado.
— Sou apaixonado por você, isso sim. — Selo nossos lábios e depois
deixo-a sozinha enquanto vou ao closet pegar uma camisola. A música já
havia parado de tocar e nem percebi quando isso aconteceu. Visto uma
calça de moletom preta. Quando volto, ela está deitada nua em minha
cama. Perfeição pura. Quando percebe que já voltei, ela sorri sem graça e
se levanta.
— Por incrível que pareça me sinto sem graça quando você para e
fica me encarando desse jeito. — Vejo seu rosto ruborizado e acho lindo
e incrível. Por que ela parecia tão desinibida na banheira dançando e
agora está com vergonha de eu vê-la nua?
— Inacreditável, você é uma mulher interessante, Srta. González —
digo enquanto ela levanta os braços para mim. Coloco a camisola de seda
e renda em seu corpo e admiro-a. Tão naturalmente linda e minha.
— Meu Deus! — Pego-a, de repente, em meus braços. — O que fiz de
tão bom para merecer uma mulher tão maravilhosa dessas?
— Ah, Sr. Ramaro, deve ter sido algo bem bondoso, não é mesmo?
Rimos juntos e capturo sua boca na minha e nos beijamos como se
não houvesse amanhã. Quando estamos sem fôlego escuto ela ronronar.
Acho que minha fera está com fome.
— Com fome, senhorita devassa?
— De onde tirou isso?
— Ou seria melhor senhorita gulosa? — Seu olhar é de incredulidade
e jogo a cabeça para trás, rindo como não fazia a tempos na presença de
uma mulher.
— Está me provocando, Sr. Ramaro?
— Que isso, longe de mim provocar uma mulher que sabe lutar.
— Ah, estou com fome sim e posso te golpear bonito se continuar
com essas gracinhas.
— Sabia que fico louco quando fala assim nesse tom atrevido?
— Alex, vamos comer logo. O que você trouxe? — Ela me dá as costas
e sai andando pelo quarto indo em direção a porta. Corro atrás dela como
um cachorrinho.
Quando foi que me tornei seu seguidor nato? Já sei, desde quando
coloquei meus olhos nela. A verdade é que aquela mulher me tinha na
palma de sua mão, porque quando a vi entrar na minha sala de reunião
tão segura de si e de suas ações, aquilo me deixou louco e apaixonado,
essa é a verdade.
Érica corre assim que percebe que apresso meus passos, desce a
escada correndo e, quando a pego na cozinha, não resisto a seus lábios.
Aquela noite transamos mais algumas vezes e nem percebi quando
adormeci com seu corpo grudado no meu de conchinha. Gostaria que
estivéssemos longe de tudo que está nos atormentando no momento. Só
que tenho certeza de que superaremos o que for para ficarmos juntos.
“Você me faz sentir um sentimento
que eu nunca senti antes
Eu não sei se eles vão gostar
Mas isso só me faz querer mais
Porque eu não sou de ninguém a não ser seu.”
If Our Love Is Wrong | Calum Scott

Chegamos à empresa, como sempre, juntos, Alexander e eu. Estamos


cheios de reuniões agendadas para o dia que será corrido. Penso em
como começar a perguntar para ele sobre tudo que tenho em mãos.
Gostaria que Ramaro me contasse tudo o que aconteceu para entender
melhor a situação.
Nossa relação mudou muito. Nunca me imaginei tão apaixonada por
algum homem em minha vida. Na verdade, sempre fui a responsável pela
família, então tive que amadurecer rápido. Aprendi a não me iludir
facilmente por qualquer conversinha de homem. Mas Alexander me
trouxe algo que nunca havia sentido: uma atração forte que não é só
química, é algo que a gente só sente.
Entro na minha sala, ligo meu computador e resolvo imprimir todos
os documentos enviados sobre Nathan Anger. Coloco em um envelope e
tranco a gaveta. Abro alguns e-mails para ler antes da reunião que temos
com a Stuarts. Tenho alguns detalhes a resolver com eles e Alexander faz
questão da minha presença para seguirmos fielmente o contrato. Meu
celular toca e, quando verifico o visor, surpreendo-me: meu irmão. Sei
que pode ser chumbo grosso vindo, ou seja, problemas.
— Alô, Roger! Como vai?
— Irmãzinha, quanto tempo! Você sumiu!
— Digo o mesmo a você, sentiu minha falta?
— Estamos bem, não se preocupe. Michelle que anda falando muito
sobre você, sabe como ela é, sente sua falta.
— Em breve vou visitá-los, Roger. Pode ficar tranquilo e avise a
minha irmã. Ela precisa de algo?
— Não. Está tudo bem, o dinheiro cai todo mês e mantenho tudo sob
controle por aqui, não precisa se preocupar. Só gostaria de saber se está
tudo bem com você.
— Tudo ótimo, em breve poderei visitá-los e levar uma pessoa para
conhecerem.
— É mesmo, não me diga que a Srta. González agora tem um
namorado?
— Roger! — chamo sua atenção e ele ri achando graça do tom que
uso.
— Inacreditável, esse emprego parece ter feito maravilhas na sua vida.
— Vamos dizer que um pouco, tenho que desligar, te ligo depois para
combinarmos algo. Tenho uma reunião agora.
— É claro que tem, mas tudo bem, compreendo você, irmãzinha. Bom
trabalho. Te amo.
— Amo você também, qualquer coisa me liga! Tchau — despeço-me
dele com o coração saudoso.
Sinto falta de estar com eles, morávamos no interior, Roger e minha
duas irmãs continuam lá ainda. Saí para trabalhar e sustentá-los, já que
sou a irmã mais velha. Tive que aprender a me virar sozinha e não tive
muito tempo para me envolver emocionalmente com ninguém. E sempre
me senti responsável pela minha família. Nossos pais eram pessoas
desequilibradas. Meu pai morreu de tanto beber e minha mãe fugiu nos
deixando somente com minha tia, que trabalhava muito. Quando percebi
que as coisas estavam difíceis comecei a trabalhar à noite, consegui um
serviço como garçonete e daí em diante não parei mais.
A nossa vida nunca foi fácil e não pensei nem um minuto em desistir
dos meus sonhos. Desde quando era adolescente, que fui a uma mostra
de profissões, que me apaixonei pelo curso de Direito. Quando me formei
no ensino médio comecei a procurar um trabalho melhor para que
pudesse ganhar mais. Minha tia tinha sua família também para sustentar
e não podia mais contar com ela. Roger arrumou um trabalho de auxiliar
de mecânico e começou a ajudar. Michelle, nossa irmã mais nova, era a
que dava mais trabalho, chegou na adolescência e começou a beber
muito. Tentamos de tudo para que ela parasse, mas minha irmã se
descontrolou devido a vários problemas emocionais. Dentre eles, de
nossa mãe ter nos deixado.
Enfim, ela saiu com alguns de seus amigos inconsequentes em uma
noite e eles sofreram um grave acidente. Michelle ficou paraplégica,
perdeu a função muscular na metade inferior do corpo, incluindo as
pernas. Tivemos um gasto enorme com ela no hospital e atualmente vivo
trabalhando para sustentá-la, já que meus irmãos ainda não podem
devido aos seus estudos. Não bastasse tudo isso, minha irmã enfrenta o
peso da depressão. Por muito tempo, ela não conversou com ninguém
depois do acidente e isso nos preocupou. Ela só existia, quase enlouqueci
em vê-la daquele jeito. Não percebi que Alexander entrou em minha sala,
só quando se sentou na cadeira à frente da minha mesa.
— Érica! — Escuto sua voz grave, em um tom preocupado.
— Desculpe, Alexander.
— O que aconteceu? Está tudo bem?
— Está sim, me distraí aqui depois de atender uma ligação.
— Posso saber o que tanto te tirou do eixo?
— Meu irmão me ligou.
— Ah, sim, está tudo bem com ele?
— Está sim, só comecei a me lembrar de tudo que já passamos para
chegar onde estamos hoje.
— Érica, um dia quero que me conte tudo.
— Claro, ficarei feliz em compartilhar com você quando puder me
contar tudo que aconteceu no seu passado também.
— Quando estiver pronto para falar sobre isso te contarei tudo.
Agora, precisamos ir para a reunião.
— É claro, me desculpe. — Levanto-me, pego minha agenda e caneta
e paro ao lado de Alexander, que sorri se aproximando do meu rosto.
Sela nossos lábios e me encara intensamente.
— Já disse que está linda hoje?
— Não — respondo sorrindo, ele tem esse efeito sobre mim, é só me
dizer algumas palavras que eu sorrio feito boba.
— Está maravilhosa, fica tão sexy vestida assim, ainda mais com esse
jeito que tem, meu amor — confidencia em meu ouvido, arrepiando-me
toda. Ah, meu boyzão!
— Pare de me provocar, porque temos uma reunião agora. — Ele me
deixa ir na frente só para dar um tapa em minha bunda. Dou um gritinho
e saímos da minha sala rumo à reunião em que Alexander apresenta seus
planos para o pessoal da Stuarts. Nem percebemos a hora passando e,
quando terminamos, já passa do horário de almoço. Despeço-me da
equipe e saio seguindo de volta para minha sala. Pego a bolsa e destravo
o celular. Vejo uma mensagem do meu detetive particular e abro-a
curiosa.

“Fique esperta. Tem alguém seguindo você e Alexander Ramaro.”

Meus olhos piscam em alerta e sinto um calafrio. Alexander entra em


minha sala e o encaro intensamente.
— Precisamos conversar e não podemos mais adiar esse assunto.
— É claro. Como você fica pilhada com isso, meu amor! Não se
preocupe.
— Você me pediu para pesquisar e bem. A pessoa que fez o serviço
para mim foi fundo e qual não foi minha surpresa quando li todas
aquelas reportagens?
— O quê? — Ele fica em silêncio parecendo não acreditar no que
acabo de falar.
— Olha, Alexander, vamos enfrentar isso juntos, mas precisamos
estar realmente unidos. Preciso saber o que aconteceu, o que tenho em
mãos é suficiente para provar tudo que Nathan Anger fez.
— Não tem como, Érica. — Seus olhos estão cheios de lágrimas.
Porra! Isso parte meu coração em mil pedaços. Ver o homem que me tira
do eixo assim.
— Se estou dizendo que tem como, acredite.
— Você é tão teimosa, meu amor.
— Igualmente. Só que você não sabe o que tenho e tem alguém nos
seguindo.
— Como sabe disso?
— A mesma pessoa que pesquisou tudo está de olho em nós dois e
nele.
— Meu Deus, Érica! — exclama desesperado e penso que hoje
poderemos pedir nosso almoço. Porque temos muito o que conversar e
resolver.
— É melhor pedirmos o almoço.
— Isso, me desculpe, minha linda, por colocá-la nessa confusão. Não
imaginava que ele seria tão rápido.
— É, infelizmente conheço a mente de monstros como ele, então
também penso na velocidade luz quando se trata de sociopatas. Vamos
encarar isso juntos.
— Você é incrível, sabia?
— Claro que sabia, meu boyzão.
Pedimos o almoço e seguimos em minha sala, espero-o ficar mais à
vontade para me contar sobre seu passado. Preciso prender algumas
pontas que estão soltas em minha cabeça. Espero que possamos resolver
a situação da melhor forma possível.
Esperamos nosso pedido chegar, Alexander me senta em seu colo no
sofá que tem em minha sala. Logo seus lábios tomam os meus com
paixão, desespero como se estivesse com medo de me perder. O que não
aconteceria de forma alguma. Estamos apaixonados e posso ver o quanto
já somos dependentes um do outro. Nos abraçamos e ficamos só
sentindo o corpo um do outro enlaçado. Sinto-me em paz com ele ali tão
perto. Tudo perde o sentido quando estamos assim. Não me importo com
seu passado, pois todos temos um e quem somos nós para julgar?
Ninguém. Isso só cabe ao nosso grande Deus.
Desde muito nova aprendi a não julgar, poderia ficar com raiva da
minha mãe, ela nos abandonou afinal de contas. Foi embora deixando-
nos sozinhos. Mas quem poderia culpá-la? O meu pai a fez sofrer muito e
ela se perdeu. Via em seu olhar sem vida, brilho e vontade de viver. Por
muitas vezes pensei que ela se mataria na nossa frente. No entanto, ela
decidiu nos deixar e me confessou que estaríamos melhor sem ela. Triste.
Mas foi a nossa realidade por muitos anos. Sei que ela poderia ter nos
procurado depois de tudo, mas não nos encontramos mais.
Estar ali com Alexander tão próximo me faz pensar em como a vida é
imprevisível. Não podemos perder um minuto sequer sem realmente
viver, sentir e nos permitir. E eu estou me permitindo apaixonar e cuidar
desse grande homem cheio de qualidades, mas machucado por um
passado triste.
“Para onde mais eu posso ir?
Para onde mais eu posso ir?
Perseguindo você, perseguindo você
Memórias se transformam em poeira
Por favor, não nos enterre
Eu tenho você, eu tenho você.”
Runnin (Lose It All) | Beyoncé

Não importa quanto tempo passe desde o pior dia da minha vida.
Aquele que me deixou literalmente sem ar, mas não foi por algo bom e
sim por ter perdido a mulher que se tornaria a mãe de meus filhos. Sabia
que esse momento chegaria, aquele em que teria de contar a Érica toda a
verdade. Reuni forças para colocá-la a par de tudo, ela além de ser linda e
competente é uma mulher forte. Sei que a vida não foi fácil para ela
também.
— Alexander, quando se sentir realmente pronto, ok? — Ela afaga
meu cabelo em que já passei a mão nervosamente muitas vezes hoje.
— Tudo bem, meu amor. Esse momento ia chegar e já sabia disso.
Ela beija meu rosto e fecho os olhos começando a me lembrar de
como tudo começou.
— Quando estava começando a comandar as Indústrias Ramaro, meu
pai me deu carta branca para mudar o que quisesse na empresa, digo na
questão do layout. Então procurei uma arquiteta famosa da época. Minha
mãe me indicou a Amy Hugles, procurei informações sobre o trabalho
dela e me encantei com tudo que já havia feito. Marquei um horário para
que pudesse conhecê-la e falar sobre o que queria para o ambiente da
empresa. — Respiro fundo para o que vem a seguir. Tomo um pouco da
água que Érica traz.
— Pode parar quando quiser, meu amor.
— Cheguei ao prédio da empresa de arquitetura dela e aguardei, a
recepcionista me recebeu muito bem, disse que em alguns minutos a
Srta. Hugles me atenderia. Lembro-me de ter observado todo o ambiente,
que era elegante e confortável. Um local muito bonito e sofisticado.
Levantei-me para ir ao banheiro e passei por um corredor, escutei gritos
e instintivamente apertei o passo, cheguei próximo de onde estava o
barulho e abri a porta quando um homem, no caso Nathan Anger, estava
dando um tapa forte na mulher, que era sua noiva, Amy Hugles. Aquilo
me deixou louco. Fui dominado pela raiva. Entrei correndo e o soquei
forte, ele caiu no chão e corri para ajudar a mulher. O que me deixou
mais triste foi ver o olhar dela vazio, sem brilho. Uma mulher tão linda,
mas com tanto sofrimento por trás de seus olhos.
— Meu Deus, Alexander! Nathan não pode estar solto por aí, ele deve
estar fazendo isso com outras mulheres.
— Eu tenho medo que faça algo com você, e a tire da minha vida. —
Começo a chorar descontroladamente. — Não suportaria, Érica — digo
abraçando-a e depois volto a contar tudo a ela. — Ele a tirou de mim,
porque eu o denunciei quando o peguei batendo nela outra vez, mas ele
conseguiu se livrar, não sei como. Me apaixonei por Amy, cuidei e amei
aquela mulher como ela merecia. Quando a encontrei morta, fazia uma
semana que havíamos dado a nossa festa de noivado. Cheguei tarde em
seu apartamento, ele a envenenou e comprou todo mundo. Não consegui
provas para incriminá-lo. Fiz de tudo, Érica!
Encarei seus olhos e eles estavam tomados por lágrimas.
— Chore, meu lindo. Sei que dói muito tudo isso, desculpe fazê-lo
reviver esses momentos.
— Fui um fraco por não conseguir fazer nada, entende meu medo
agora?
— Nunca mais diga que é um fraco, Alexander Ramaro. Você fez tudo
que podia por ela e isso provocou a ira e o sentimento de vingança no
Nathan — ela me diz aquilo encarando-me seriamente.
— Meu amor — digo desnorteado. Ela é a única mulher que amei
depois de Amy, não posso nunca permitir que Nathan Anger a pegue.
— O problema não é com você, aquele homem é um monstro e farei
de tudo para colocá-lo, onde ele já devia estar, atrás das grades.
— Não quero que se meta nisso, Érica, não quero perdê-la. Não viu
como ele se aproximou de você naquela noite da festa?
— Ah, meu boyzão! Você ainda não me conhece totalmente, ele que
não perde por esperar, porque, acredite ou não, eu tenho provas de que
ele esteve naquele apartamento.
— Como assim? — pergunto querendo saber como ela descobriu algo
assim.
— Estou te dizendo, já enfrentei homens como ele, sei que Nathan é
milionário, mas conheço algumas pessoas e farei um barulho enorme se
elas não me ouvirem.
— Meu Deus, Érica, isso é perigoso! E se ele souber que temos algo?
— Ele não vai saber, está preocupado em atingir você, não vê que está
nos seguindo, foi na festa. Conheço o modo de agir de homens assim,
sociopatas que vivem para ver o sofrimento dos outros e sentem prazer
com isso.
— Érica, temos que pensar bem, não suportaria se algo acontecesse a
você.
— Vamos agir naturalmente, como se não estivéssemos preocupados,
enquanto eu estarei movendo os céus e a terra para começar uma guerra
se preciso for.
— Minha nossa, você é muito mais forte que pensava! — Abraço-a
admirado demais com a coragem que ela demonstrou ter consigo. Não
poderia esperar menos de uma mulher como Érica.
— Te avisei que você não me conhecia totalmente ainda, mas vai
conhecer aos poucos e vai perceber que não sou mulher como as outras,
Alexander. A vida me ensinou de um jeito muito duro sobre as pessoas e
de como lidar com elas.
— O que eu fiz para merecer você?
— Ah, Alexander, você é um homem maravilhoso e que respeita uma
mulher.
— Eu te amo demais, sabia? — digo sentindo meu coração pulsar
como louco em meu peito.
— Não sabia, dá para repetir? — Ainda consegue ser engraçadinha
em meio a tudo isso.
— Te amo, minha linda e guerreira — repito e tomo seus lábios nos
meus de um jeito desesperador. Puxo seu cabelo com vontade
acreditando que aquela mulher forte, corajosa e destemida estará ao meu
lado, seja como for. Ela estará comigo, é uma certeza que sinto em cada
célula do meu corpo. Quando finalizo o beijo puxando seu lábio inferior,
seus olhos me encaram cheios de emoção e amor. Ela está chorando.
— Não importa nada que esteja no seu passado, para mim você é e
sempre será o meu Alexander Ramaro, meu boyzão lindo, forte e
corajoso. Sei que fez tudo o que pôde na época para proteger a Amy. Não
duvidei de você nem um segundo. Te amo ainda mais por saber do
homem que é, meu amor. Estaremos juntos para enfrentar o que for
preciso. Não me afaste disso, porque não desisto fácil e será pior se fizer
algo pelas minhas costas ou se ficar no meu caminho, ok?
— Tudo bem, meu amor. — Beijo sua testa e ela sorri.
— Muito bem, Sr. Ramaro.
Voltamos ao trabalho depois de conversar sobre tudo que ela
descobriu sobre Nathan. Qual não foi minha surpresa quando descobri
que ele faz muitas coisas erradas e ilegais. Realmente o dossiê que Érica
conseguiu é completo. O amigo dela é realmente o melhor em
investigação. Depois de muito conversarmos questiono:
— Érica, quem é esse seu amigo investigador?
— Alexander, está com ciúmes? — retruca em tom de brincadeira.
— Não, só curioso já que o cara é tão bom.
— Bom, é um segredo, ele está na cidade a trabalho e não nos
encontramos por causa disso. Só nos falamos por telefone e e-mail.
— Minha boca é um túmulo — sigo sorrindo para ela.
— Alexander! — Ela me dá um tapinha de leve chamando minha
atenção. — Ele trabalha com disfarces, está em um caso secreto, então
não podemos falar mesmo nada.
— Nossa, nunca conheci um investigador com disfarce.
— Argh, Alexander! Ele se chama John Walker, trabalha com uma
agência importantíssima de investigação mantida pelo governo.
— Então ele é muito confiável, isso é excelente. Gostei de saber, não
se preocupe, que será nosso segredinho, meu amor.
— Não brinque com isso, Alexander! — Érica fica brava e adoro isso,
fico mais apaixonado quando a vejo assim.
— Sabia que, quando está brava assim, fica ainda mais linda e
irresistível?
— Oh, não sabia! — Ela coloca a mão na boca fingindo estar passada
com o que eu disse. Ah, essa mulher é demais! Aproximo-me dela
devagar.
— Não sabia, meu amor?
— Claro que não, meu boyzão.
Tomo-a em meus braços pressionando-a na parede mais próxima. Em
segundos estamos sedentos um pelo outro e só sei desejar ter seu corpo
junto do meu mais e mais. Abro seu vestido e bebo da visão de seus seios
naquele sutiã preto de renda, é a visão mais linda do mundo. Beijo-os e
meu olhar segue mais para baixo quando deixo seu vestido cair no chão.
— Você é uma tentação ambulante, Srta. González. — Fito seus olhos,
que são pura luxúria. Pego sua mão e levanto-a. — Dê uma voltinha,
senhorita. — Ela faz o que peço e fico maluco, sua calcinha de renda
transparente forma um coração em sua bunda deliciosa. — Porra! —
digo sem controle enquanto espalmo minhas mãos em sua nádega. —
Você pede por isso, sabia? Vestindo uma lingerie sexy assim!
Ela geme e fico ainda mais louco para possui-la e é isso que faço, abro
minha calça e desço-a junto com a cueca boxer. Rasgo sua calcinha e
jogo-a no chão. Pego a camisinha no bolso da calça e me aproximo dela.
Giro-a de frente para mim novamente. Nossos olhares se cruzam e vejo
fogo e amor. O desejo intenso de nos entregar um ao outro.
Em uma promessa silenciosa possuo cada centímetro seu, arrancando
gemidos deliciosos de sua boca até ouvi-la chamar meu nome alto. Beijo
sua boca para abafar o som, mas é demais, estoco com vontade em sua
bocetinha molhada e apertada. Estar dentro dela é um paraíso, meu
lugar, onde sempre quis estar.
“Estive correndo pela selva
Estive correndo com os lobos
Para chegar até você, para chegar até você
Passei pelos becos mais sombrios
Vi o lado negro da lua.”
Wolves | Selena Gomes feat Marshmello

Não sei ainda como dizer a Alexander sobre esse encontro de hoje, na
verdade estou me arriscando. Mas, teimosa como sou, não posso deixar
de ter a oportunidade de jogar com aquele homem doente. Ele pensa que
sabe tudo e, principalmente, que pode tudo. Conheço bem o modo de agir
de psicopatas como Nathan Anger.
Depois da noite de amor que Ramaro e eu tivemos, fiquei ainda mais
certa de que precisava agir. Pensando nisso o resto da madrugada,
mandei uma mensagem para meu amigo John Walker. Ele criou um
disfarce para mim, peruca loira, corte curto, roupas ousadas e lentes
verdes. Chamamos um maquiador que disfarçou todas as pintinhas e
características do meu rosto verdadeiro. Criamos uma personagem que
faria o papel da verdadeira mulher que carrega aquele nome. Sentada
naquele restaurante estava eu repassando tudo que combinamos.
— Boa tarde, Srta. Rockless. — Sua voz grossa toma o ambiente, viro-
me com cuidado. Estou com medo dele me reconhecer, apesar de termos
nos visto muito rapidinho na festa da Ramaro,
— Olá, Sr. Anger, é um prazer poder encontrar com o senhor — digo
sem titubear.
— Oh, por favor, não me chame de senhor, desse jeito me ofende. —
Percebo que ele não reconhece minha voz, ponto para nós. John havia me
dado algumas dicas de como mudar um pouco a voz. Coisas de um dos
melhores agentes de disfarces da vida.
— Ah claro, me desculpe.
— Tudo bem, não esperava que fosse tão linda, Srta. Rockless.
— Vamos deixar as formalidades de lado um pouco, pode me chamar
pelo primeiro nome que é Sara.
— Um nome muito bonito e você pode me chamar de Nathan.
— Sim, vamos ao que interessa então. Sei que o senhor tem uma
empresa de Marketing, tenho conhecimento de que é a melhor do
mercado.
— Isso, em que podemos lhe ajudar? — questiona fazendo um
charme, que consigo enxergar como bem simulado. Algo que faz sempre
com as mulheres, gosta de dar em cima e ver onde que vai dar.
— Bom, não preciso dos seus serviços de marketing.
Vejo seus olhos ficarem bem escuros e tomados por algo sombrio.
— O que precisa então?
— Preciso de algumas meninas, se é que me entende, na verdade é
urgente.
— Como soube disso? — pergunta meio desconfiado.
— Soube através do Billy, ele é um grande amigo meu, pode
confirmar se quiser. — Entrego a ele o celular com o número que John
havia conseguido.
— Sim, claro. — Ele disca e o tal homem atende rápido, graças a Deus.
— Billy, meu amigo, como vai? Sim, sim. Poderia me dizer se posso
confiar na sua amiga Sara Rockless? — Ele só concorda escutando o que
está dizendo. Seu olhar não deixa de me encarar. Estou sendo examinada
descaradamente. Sorrio para tentar amenizar seja o que for que o tal
Billy está dizendo. — Muito bem, vou fechar negócios com ela, obrigado.
Até mais. — Ele me entrega o celular que John havia me arrumado, não
sei como aquele homem conseguia fazer tudo aquilo. É um excelente
profissional.
— Então, Sara, Billy me falou muito bem de você. Vamos fechar
negócio? De quantas meninas precisa?
— Preciso de três, sabe como é, algumas deram com a língua nos
dentes e tive muitos problemas — digo tentando parecer bem enfática e
sem piedade.
— É claro, algumas gostam de mostrar esperteza, mas é só eliminar
que fica tudo bem. — Engulo em seco e resolvo tomar um pouco do suco
que estou tomando.
— Podemos marcar um local para entregá-las a você. Eu mesmo farei
os testes, faço questão. Já que é uma amiga queridíssima do Billy. Ele
falou muito bem de você.
— Oh sim, nos conhecemos há muitos anos e sempre que podemos
nos ajudamos. Aprecio a amizade dele e principalmente a confiança.
— Sim, claro, aprecio isso com meus negociadores também.
— Qual o valor das meninas? — pergunto me sentindo enojada em
saber que negociam pessoas como mercadorias. Esse é um dos crimes
que Nathan comete de forma anônima.
— Darei um desconto para você, me envie o que precisa
especificamente.
— Sim, quero receber antes um portfólio completo — digo com base
nas informações que coletamos da verdadeira Sara Rockless, que está
detida com o pessoal do John.
— Então manteremos contato. — Ele se levanta e me oferece sua
mão. Aperto-a firmando nosso combinado. O Sr. Anger não perde por
esperar. Saímos seguindo direções diferentes. Olho para todos os lados
tentando ver se alguém está me espionando. Sigo andando pelas ruas,
viro à esquerda e entro no carro preto parado que me aguarda.
— Deu certo? — John me pergunta e sorrio vitoriosa.
— Claro que deu certo, sou uma excelente atriz.
— O que combinaram?
— Ele ficou de me enviar um portfólio com opções de meninas e
depois veremos os valores. Fiquei enojada com essa situação. Vamos
embora logo, preciso respirar.
— Ah sim, claro! Motorista, por favor, acelere esse carro.
Ele faz o que meu amigo pede e depois disso conversamos sobre
todos os detalhes da tal negociação. Conto a ele da ligação que fizemos ao
Billy, ele disse que com isso pegaremos todos eles. Tiro a peruca assim
que chegamos na rua do meu prédio. Despeço-me dele e agradeço-o
muito. Desço correndo e entro rapidamente, passo direto na recepção.
Não gostaria que alguém me visse daquele jeito. Pego o elevador e
aguardo impacientemente. Alguns segundos e chego ao meu andar. Fico
pilhada até com a porta, que parece ter demorado muito para abrir. Rolo
os olhos e passo pelo corredor andando depressa. Já com a chave na mão,
destranco a porta e entro em meu apartamento. Fecho e tranco a porta.
Enfim posso respirar tranquilamente. Estava preocupadíssima de que
alguém estivesse nos seguindo ou algo assim.
Sigo direto para o meu quarto que está vazio, mas tomado pelo
perfume delicioso do meu namorado. Ah, Alexander Ramaro!
Penso no quão longe estou indo por esse homem. Nunca fiz isso
antes. Só que não quero mais abrir mão de viver minha vida para cuidar
somente da minha família. Amo-os muito e faço de tudo para que não
falte nada a eles. No entanto, essa é a primeira vez que me permito sentir
algo por alguém e poder viver esse sentimento em plenitude. E não é
agora que estou amando, que irei permitir que alguém fique em nosso
caminho ou nos atrapalhe.
Tiro aquela roupa muito colada, algo que não usaria. Claro que não
sou contra aquele tipo de roupa, mas mesclaria com uma blusa mais leve,
algo com um caimento bonito. Depois de tirar aquela roupa, limpo o
rosto tirando a maquiagem com um removedor. Escuto meu celular
tocando, havia esquecido dele na bolsa. Corro para pegá-lo e vejo o nome
do homem que faz minhas pernas bambearem e meu coração acelerar.
Sorrio e respiro fundo.
— Oi, meu amor! — Digo toda amorosa para disfarçar um pouco o
nervosismo.
— Minha linda, por onde você andou a tarde inteira?
— Estive resolvendo algumas coisas de família, sabe como é, né?!
Ele bufa aliviado e sinto-me mal por ter que esconder dele sobre o
episódio da tarde.
— Está tudo bem? Precisa de alguma coisa?
— Claro que está, meu boyzão. Não se preocupe. Só quero que venha
logo para o meu apartamento. Estou esperando-o ansiosamente, vou
tomar um banho agora e ficar cheirosinha para você.
— Em menos de trinta minutos, chegarei. Pode me esperar, minha gata
cheirosa. — Sua voz grossa me acende inteirinha.
— Venha logo, meu boyzão.
— Já chego aí, minha linda, para te amar do jeito que merece. Tive um
dia difícil e você não sabe como esperei para que ele acabasse.
— Somos dois. Beijos, meu lindo.
Ele me manda beijos e nos despedimos. Odeio ter que esconder algo.
Porém, nesse caso, é necessário. Alexander armaria um escândalo
daqueles se soubesse de nossos planos. Entro no banheiro e tomo um
banho quentinho, lavo meu cabelo e hidrato minha pele com um óleo.
Adoro o cheirinho doce e suave que exala no ar dentro do banheiro. Seco
o cabelo um pouco na toalha. Depois visto um roupão felpudo. Volto para
o quarto e resolvo colocar aquelas roupas dentro de uma mala, que deixo
bem escondida no closet.
Penteio o cabelo e depois sigo para a sala, ligo o sistema de som do
meu apartamento. Coloco para tocar minha playlist preferida. Let’s Get
Loud, da Jennifer Lopez, uma das cantoras que mais admiro. A música me
relaxa e faz esquecer das coisas ruins pelas quais passei no meu dia.
A única parte realmente boa do meu dia, quer dizer a mais perfeita é
estar com meu boyzão. Meu homem lindo, charmoso e muito
competente. Ele dá um duro para manter a empresa de sua família e
todos seus funcionários trabalhando. Com o tempo aprendi muito sobre
ele, aliás, que sempre cumprimenta a todos por onde passa. É educado,
gentil e compreensivo. Sei que tem seus momentos de estresse também,
na mesma proporção que é maravilhoso é um teimoso ignorante.
Resolvo fazer uma massa ao molho de tomate. Corro para a cozinha
dançando e bem animada. Nem sempre tenho vontade de cozinhar, mas
hoje meu boyzão merece, já que teve um dia difícil. Nem todos os dias são
de glória na presidência de uma empresa. Muitas pessoas pensam que é
às mil maravilhas. Coloco a água para ferver, espero ela estar quente e
não fervendo para colocar o macarrão. Enquanto isso pego um tomate e
cebolas para ralar. Faço isso dançando e nem percebo que meu
namorado chegou, só quando ele me agarra por trás bem forte com seus
braços musculosos, que posso sentir mesmo através da camisa de manga
longa. Sorrio e paro o que estou fazendo.
— Mas vejam só, Érica González, está cozinhando para seu
namorado?
— Que novidade, não é mesmo?
— Muito deliciosa, aliás, principalmente quando fica dançando desse
jeito. Sua bunda me fez salivar. Meu amor, que visão!
Sorrio feliz por tê-lo surpreendido, viro-me e ele me pressiona no
balcão. Em um segundo sua boca toma a minha com fervor e vontade.
Sua língua devora cada canto da minha boca como se dependesse disso
mais que tudo. É exatamente assim que me sinto em relação a ele.
Alexander mudou minha vida e não me arrependo de nada que fizemos
até agora. Só espero que ele entenda o que estou fazendo para nos salvar.
“Espere, se eu estou pegando fogo
Como posso estar tão apaixonado?
Quando sonho que estou morrendo
Eu nunca me senti tão amado.”
Trampoline | SHAED

Aquela noite percebi algo diferente em Érica, ela sempre foi


verdadeira comigo. Só que, quando a questionei sobre o problema que foi
resolver com sua família, ela simplesmente desviou seus olhos dos meus.
Algo totalmente incomum à minha namorada. Ela sempre conversava
olhando nos olhos, característica de sua personalidade forte e altruísta,
só se ela estivesse ocupada com algo. Sei que não tenho motivos para
desconfiar da mulher que estou entregando meu coração.
Saímos de seu apartamento naquela manhã bem cedo. Teríamos uma
série de reuniões com o pessoal da Pulse. Estamos expandindo nossos
investimentos para o ramo social. Vamos oferecer serviços de hotelaria
para famosos que participam de importantes eventos da alta sociedade.
Os contratos já foram elaborados por Érica e vamos apresentar tudo hoje
para eles. Trabalhamos muito nisso e esperamos que seja mais um
sucesso.
Mantenho as empresas que meu pai conseguiu com o passar de seus
anos na presidência. Além disso, quero colocar minha identidade
também, conquistar mais e fazer da minha presidência um sucesso.
Poder somar é sempre muito bom. É diferente de querer ser melhor,
muitos acham que quero só aparecer e desfazer de tudo que meu pai
conquistou na Ramaro. Só que não é isso e meu pai sabe muito bem a
respeito e não é à toa que me deu a presidência. Ele sabia que eu daria
conta.
A verdade é que não me importo com o que dizem sobre a minha
pessoa. Só me preocupo em fazer meu trabalho da melhor forma
possível. Amo o que faço e só quero o melhor para a empresa e meus
funcionários.
Entro na sala de reuniões depois de deixar minha advogada entrar.
Érica está vestida com uma saia de secretária colada, que me deixa louco.
Tento não prestar atenção no balançar de seus quadris. Só que é
impossível. Sorrio de lado ao me lembrar que ela é todinha minha.
— Um bom dia a todos — cumprimento, muito animado para aquela
reunião.
Érica me olha de rabo de olho pensando no que tomei de café da
manhã. Então ela se lembra do despertador que usei para acordá-la. Seu
rosto ruboriza e ela tenta disfarçar e fica linda aquele jeito. Tenho que
me controlar.
Nem escuto o pessoal responder ao bom dia que dei, pois estou
fitando a mulher que se senta à minha frente. Meu Deus! Ela vai acabar
comigo na frente dos novos clientes.
— Alexander Ramaro, é um prazer conhecê-lo de fato. — Um dos
empresários da Pulse se levanta e aproxima me oferecendo sua mão.
Aperto-a e sorrio tentando esconder minha vontade de pegar Érica no
colo e sumir daquela sala.
— O prazer é todo meu, pois estamos reunidos para fecharmos um
negócio que será uma via de mão dupla para ambos.
— Sim, me chamo Cristian Doltz e serei a ponte de vocês até a Pulse
— diz de forma profissional e aponta para os colegas ao seu lado. —
Permita-me apresentar meus parceiros, Elliot Alvim, nosso advogado, e
Andrew Evans, nosso relações públicas. — Aperto a mão deles em um
cumprimento formal.
— Então, permita-me também apresentar-lhes minha advogada,
Érica González.
Ela se levanta e estende a mão para um deles e depois os outros,
sempre sorrindo de um jeito profissional. Mas eles reparam nela, os
olhos atentos deles varrem seu corpo de um jeito que me incomoda um
pouco. Só que não sinto insegurança quanto a isso. Primeiro, porque
confio na minha namorada; e segundo, porque ela é uma mulher para se
admirar.
— Prazer conhecê-los — ela responde em um tom profissional.
Passado as apresentações nos sentamos e inicio a reunião colocando as
vantagens da nossa parceria para depois passar a palavra para Érica
detalhar o contrato. Logo após a assinatura do contrato, nossa equipe de
marketing começará os trabalhos com o relações públicas da Pulse.
Após duas horas de reunião, finalizamos com o contrato fechado.
Érica e eu saímos da sala sorrindo e batendo nossas mãos. Ela foi tão
incrível na explicação, sucinta e segura de tudo que descrevia para eles.
Fico sempre muito orgulhoso de vê-la atuando assim nas reuniões. Érica
não fala nada que não saiba, diz sempre com propriedade, sei que os
advogados devem saber, mas ela não titubeia com nada. É muito
impressionante e excitante vê-la em seu modo profissional.
Entramos em minha sala e, assim que fecho a porta, prendo-a nela
com meu corpo. Aproximo-me de seu pescoço, meus lábios percorrem-no
faminto para sentir seu perfume inebriante.
— Sabia que fica muito sexy falando daquele jeito, Srta. González?
— Não — sussurra, deixando-me ainda mais louco para possui-la.
Minha nossa, será que não podemos mais trabalhar juntos? Porque, a
cada reunião, damos uma rapidinha. Nunca fui assim antes. Só que Érica
me deixa fora de mim.
— Amo o tom autoritário e seguro que usa para explicar aos clientes.
Parece uma gladiadora sexy.
— Ah, Ramaro! — geme baixinho, o que me deixa a ponto de bala.
Estou duro só de ouvi-la me chamar assim. Sem aguentar mais um
minuto, chupo o lóbulo de sua orelha, seus pés vacilam e a seguro
firmemente.
— Gostaria muito de penetrá-la aqui mesmo, mas todos ouvirão e não
gosto disso. Vamos agora para aquele vidro ali na frente. Quero você de
quatro, meu amor.
Érica balança a cabeça concordando e me segue. Antes de chegarmos
ao nosso destino, colo meus lábios nos seus em um beijo selvagem. Puxo
seu cabelo bagunçando-o e o beijo se aprofunda, minha língua chupando
a sua deliciosamente. É uma perfeição do caralho!
Não suporto mais adiar, pego a camisinha no bolso da minha calça.
Agora ando sempre preparado. Abro a embalagem e desafivelo o cinto,
abaixo a calça e cueca enquanto assisto Érica tirar sua blusa e levantar a
saia. Porra, amo cada pedacinho daquela renda, só que amo mais ainda
ver sua pele exposta para mim.
Seu olhar, uma perdição total, cheio de volúpia, pelo que nosso corpo
deseja incansavelmente. Pertencemos um ao outro e não há mais volta.
Estamos perdidamente apaixonados. Só quero amá-la e dar o melhor
para a mulher que me tirou da vida vazia que levava antes de conhecê-la.
Aproximo-me e puxo seu lábio inferior, ela fecha os olhos inebriada
enquanto minha mão segue para a sua boceta. Gemo em seus lábios
quando sinto o quão molhada ela está, prontinha para me receber.
— Meu amor, tão pronta!
Ela ronrona um sim e, enquanto enfio três dedos dentro dela, no vai e
vem dos meus dedos, ela rebola descaradamente e amo sua entrega.
Aprofundo o beijo, mas estou no meu limite. Selo nossos lábios.
— Vire-se, vou tomá-la, não aguento mais.
Ela se vira e dou um tapa em seu traseiro gostoso. Entro devagar e
pergunto se está tudo bem, ela concorda ronronando. Então vou até o
fundo, levanto sua perna e a seguro com uma mão e a outra levo aos seus
seios, com a boca colada em sua nuca e pescoço. Depois começo a estocar
freneticamente.
— Ah, minha nossa, Alex...
Amo ouvi-la gemer assim e se perder no meio do meu nome. Porque
sei que ela está sentindo muito prazer, amo saber que estou dando-lhe
isso. É algo que adoro ver: minha namorada chegando no ápice. Sinto-a
estremecer de prazer enquanto estoco fundo. Coloco minha mão em sua
boca para abafar seu gemido alto. Ela morde-a forte e não me importo.
Não paro de estocar, enquanto encaro seu olhar pelo reflexo do vidro.
Aquele fogo que vejo me faria ajoelhar diante dela se fosse preciso. Faria
tudo por minha linda. Sinto seu corpo amolecer, mais um pouco e meus
olhos vibram pela força que o orgasmo toma meu corpo.
— Eu te amo, meu amor — digo a ela com a voz rouca afetada pelo
prazer que sinto nesse momento.
— Te amo muito, meu boyzão — diz enquanto saio e então nossos
olhos se cruzam.
— Não fala assim que fico querendo mais, sabe disso, minha linda!
— Sei disso, mas temos trabalho a fazer.
— Então, não repita esse apelido, por favor.
Ela gargalha alto e pega sua blusa jogada no chão, sigo para o
banheiro. Me limpo e depois faço o mesmo nela.
— Tudo bem, Sr. Ramaro, de volta à formalidade.
— Hoje à noite vamos sair para comemorar, sabe aquele bar que
fomos pela primeira vez?
— Sei sim, podemos ir lá então, gostei muito. Fora que foi onde
realmente tudo começou.
— Claro, foi onde percebemos que não teria como evitar o que
sentimos tão intensamente, meu amor.
Depois de nos arrumarmos, selo meus lábios com os dela e Érica vai
para a sua sala.
O dia passa rápido, pedimos o almoço e comemos na empresa
mesmo. O telefone não para de tocar. Toda hora um setor liga; sempre
quando fechamos um contrato temos muito que trabalhar para dar
andamento na papelada.
Quando finalizo a última ligação do dia, respiro aliviado e cansado,
lembro-me de que vou sair à noite com a minha namorada linda. Sorrio e
consigo me animar só por saber que estarei junto com ela.
Desde que começamos a namorar que não nos desgrudamos mais,
nesse final de semana ela irá conhecer meus pais, que chegarão de
viagem na sexta. Ainda tenho que me programar para poder buscá-los no
aeroporto. Anoto na agenda virtual e ligo para a minha recepcionista
para solicitar a ela um remanejo de horários. Saio da minha sala e passo
na da Érica, que está desligando tudo quando entro.
— Já estou de saída, boyzão! Não crie pânico! — ela me alerta, pois
sabe que sempre chego apressando-a para irmos embora rápido.
O tempo voa quando estamos juntos à noite. Ainda mais que ficamos
grudados um no outro. Daqui uns dias também conhecerei a família dela.
Estou ansioso e nervoso por isso. Será um almoço com seus irmãos e
espero que dê tudo certo.
“Talvez eu só queira ser
Ser a pessoa que simplesmente não pode perder
Se você vai embora, então vá
Se precisar de mim, me avise
Me ame ou apenas me deixe ir, mas não.”
This Love | Camila Cabello

Alexander e eu sairemos a noite para comemorarmos o sucesso do


contrato de mais um dia de muito trabalho. Admiro o homem e o
empresário maravilhoso que ele é, um CEO fora do comum. Já conheci
muitos como advogada e todos têm uma característica em comum:
possuem um ego enorme e são muito egoístas. Só conseguem pensar
neles, se acham o centro do universo.
Ramaro pensa além dele, sempre se preocupa com os funcionários.
Durante o tempo que estamos juntos, fui notando que aquele homem
teimoso possui um coração enorme, muito além daquele CEO que pinta.
Entendo que há ocasiões para se impor e aquelas em que tem que baixar
a bola. E meu namorado e chefe sabe bem como fazer isso. Além de ser
honesto e justo. Algo que é essencial para mim e é tão difícil de encontrar
nesse ramo.
Decido colocar um vestido de paetê colado, ele realça minhas curvas e
como é midi não fica vulgar. Gosto do sensual, tipo não mostrar muito e
aguçar a curiosidade. Naquela noite gostaria de deixar meu namorado
fervendo para saber o que estava vestindo por baixo daquele vestido
coladíssimo. Estava ansiosa também para o que aconteceria no dia
seguinte, que seria o envio do portfólio das mulheres. Não poder contar a
Alexander é uma tortura e, às vezes, sinto que isso é muito errado. Mas
sei que é para nosso bem, principalmente para o dele. Gostaria que ele
pudesse viver mais tranquilo sem se preocupar com o que aquele
monstro poderia fazer.
Por ora, resolvo esquecer isso e aproveitar a noite com meu
namorado lindo. Quando saio do banheiro, ele está em pé de costas,
observando pelo vidro o movimento da cidade. Com uma das mãos
dentro da calça, aprecio sua bunda naquela calça. Muito sexy. Aproximo-
me dele e passo meus braços ao redor de seu corpo. Aqueles músculos
marcados e durinhos são uma perdição. Amo passar meus lábios no
corpo do meu homem.
— Fica tão lindo assim, meu boyzão — digo a ele passando meus
lábios por sua nuca. Os saltos ajudam a alcançar, mas não totalmente,
inclino o corpo mais para cima e puxo o lóbulo de sua orelha com os
dentes. Ele estremece. — Todinho meu, Sr. Ramaro.
— Se continuar com isso, não vamos sair mais, porque não consigo
parar se começarmos. — Sua voz rouca me deixa arrepiada e sorrio
sabendo que precisamos fazer algo de diferente a não ser ficar nesse
quarto.
— Tudo bem, estou pronta.
Ele se vira e seus olhos percorrem todo meu corpo. O brilho no seu
olhar é intenso e cheio de luxúria. A tão presente eletricidade que nos
cerca está no ar carregado de volúpia. Então ele sorri. Aquele homem foi
feito para sorrir. É lindo demais.
— Você é perversa, Sra. González.
— Por que esse adjetivo tão encantador, meu amor? — pergunto
sendo irônica o fazendo sorrir.
— Essa roupa, hum... Está vestindo o que por baixo disso? — Ele se
aproxima, virando-me de costas para ele, seu corpo gruda-se ao meu e
suas mãos passam pelo meu corpo. Suspiro alto sem me conter. —
Aposto que não há nada aí, Érica. Isso me deixa maluco e você sabe bem.
Deve ser por isso que a chamei de perversa. Vai me torturar a noite toda.
— Temos que fazer algo que não seja ficar na cama colados um ao
outro. Estaremos juntos lá e aumentaremos o nível de desejo dançando e
nos divertindo um pouco. Não acha isso maravilhoso?
— Seja onde for é sempre incrível estar com você, meu amor!
— Ah, boyzão!
Ele vira-me de frente e selamos nossos lábios. Pego minha clutch e
saímos do meu apartamento.
Chegamos na mesma boate em que nos rendemos ao que
desejávamos tanto. A entrada está lotada, tomada por uma fila enorme
cheia de pessoas loucas para se divertir. Depois de um dia de trabalho
todos merecem se distrair um pouco, relaxar ao som de uma música boa.
Como Ramaro conhece um dos donos do lugar entramos pela área VIP.
Logo estamos com nossos drinques nas mãos. Ele pede uma cerveja e eu
uma margarita. Mas sei que não posso exagerar, pois no dia seguinte
terei que trabalhar.
— Então, esse lugar é nostálgico! — digo a ele, que sorri concordando
comigo.
— Verdade, logo quando entrei me lembrei de quando a vi dançando
e o quanto aquilo me hipnotizou. Vai dançar hoje para mim?
— Claro e com você! — Alargo o sorriso e encaro-o enquanto bebo
um pouco da margarita.
Em seguida, Alexander e eu estamos na pista curtindo a batida da
música animada, claro que a música eletrônica prevalece nesses locais.
Só que ficamos sabendo que essa noite é dedicada ao ritmo latino. Algo
que meu namorado tem conhecimento. Ele sabe meus gostos para
música. Às vezes passamos o final de semana apreciando boas músicas.
Depois de dançar ao som de Favela, do DJ famoso brasileiro Alok começo
a balançar mais os quadris no ritmo latino. J. Balvin, um dos meus
cantores favoritos desse gênero, domina a pista com Reggaeton.
Com o corpo colado ao de Alexander, eu rebolo, provocando-o na
medida certa. Estou sentindo o quanto estou afetando-o dançando
daquele jeito. Viro-me de frente e jogo os ombros fazendo charme para
ele. Seus olhos são duas brasas queimando-me. Meu boyzão sabe bem
como dançar. Tente imaginar um homem alto como ele na pista de dança.
Se pensa que ele fica desengonçado dançando, está muito enganado. Pois
o homem sabe muito bem dançar no ritmo e seguindo uma dama.
Aproveitamos muito enquanto tomamos os drinques. Depois de
estarmos exaustos e cheios de desejo fomos embora.

Chegamos ao meu apartamento e caímos na cama. Entramos tirando


as roupas. No outro dia, teremos que recolher todas as peças que
deixamos para trás.
Alexander me beija com uma necessidade incrível. Como se não
pudesse viver sem meus lábios nos dele. Chegamos a um nível do nosso
relacionamento, que é sério demais, sinto que posso estar arriscando
tudo isso. Por isso, depois que ele dorme, ligeiramente vou ao banheiro
do quarto de hóspedes com o celular na mão. Tranco a porta e ligo para
John, ele terá que me ajudar. Não posso mais mentir para o meu
namorado.
Ele atende rápido demais, o homem parece um zumbi, não dorme.
Está sempre em alerta. Então falo com ele que não posso mais mentir
para Alexander, ele merece a verdade. Minhas mãos suam, assim como
todo meu rosto. De repente, uma onda de mal-estar toma conta do meu
corpo. Tiro o telefone do ouvido e abro a tampa do vaso a tempo de
vomitar tudo que havia comido e bebido naquela noite. Sinto-me
completamente enjoada.
— John, me desculpe!
— Está tudo bem com você?
— Sim, só uma ressaca.
— Nossa, sério? — ele bufa sabendo que não sou disso.
— Bom, voltando ao assunto — corto-o logo, aquele homem entende
tudo e pode tirar conclusões precipitadas sobre o mal-estar que me
assola agora. — Preciso contar ao Alexander, ele não pode mais ficar sem
saber.
— Entendo, mas vamos para a segunda fase do plano amanhã, então
faremos o seguinte: prosseguimos o que já estava planejado e depois
contamos tudo a ele.
— Sim, faremos desse jeito. Não posso mais mentir para ele,
confiamos um no outro e não quero perder isso.
— Está certa, agora vá se cuidar, mulher! Qualquer coisa pode me
ligar, estou sempre à disposição para ajudar.
— Claro, agradeço a você por isso. Até amanhã. — Ele se despede e
desligo a ligação. Saio do banheiro e encontro Alexander sentado no chão
ao lado da porta. Seus olhos sonolentos me fitam curiosos e fico nervosa
como nunca me senti antes.
— Está se sentindo mal, Érica?
— Estou, vim para esse banheiro para não o incomodar. Desculpe.
— O que está sentindo? Poderia ter me chamado! — Seus olhos estão
azuis bem escuros e fico apreensiva.
— Enjoo, deve ter sido a bebida ou algo que comemos. Não achei
necessário chamar você. Estava dormindo tão tranquilamente.
— Sei, e com quem estava falando no celular? — Ah, ele escutou, bufo
e teria que contar a verdade a ele.
— Com John Walker, o detetive da agência secreta.
— Por que diabos estava falando com o detetive, Érica? — Ele parece
confuso com a revelação. Estou criando coragem para explicar a ele tudo
que estamos fazendo.
— Procurei-o para me ajudar a tirar Nathan do nosso caminho, do
seu na verdade. Não me senti bem esperando pelo que ele vai fazer
conosco. Não poderia deixar nada ruim lhe acontecer — digo com as
lágrimas caindo, os olhos ardendo e uma onda de enjoo toma-me
novamente.
— Érica, você é louca?
— Não! Sou uma mulher apaixonada e não poderia ficar sentada
esperando que coisas ruins acontecessem. — Ele está confuso e sabe que
não estou contando tudo.
— Por que escondeu isso de mim? Achei que confiava no seu
namorado. — Ele está chateado e com razão.
— Achei que você não permitiria que eu participasse de algo assim,
sabia que ficaria nervoso.
— Claro que sim! — Ele levanta possesso por eu ter escondido algo
tão importante dele e o medo de perdê-lo me toma como uma facada no
peito.
— Olha, não sei o que estão planejando, mas amanhã mesmo quero
me encontrar com esse detetive. Preciso ir embora agora.
— Alexander, por favor, não vá! — peço chorando e correndo atrás
dele.
Entramos no quarto e vejo-o juntar suas coisas. Pega sua maleta e sai
em disparada depois de lembrar que estava sem camisa. Para na sala e
troca de roupa ali mesmo.
Fico atordoada, o enjoo não passa e só piora. Não consigo contê-lo,
então me sento no sofá e assisto-o deixar meu apartamento aos prantos.
Como fui idiota em esconder isso dele, claro que Alexander poderia abrir
mais sua mente e ver que fiz tudo aquilo por ele, por nós. Só fiz do jeito
errado, mas aquilo era novo para mim e senti que precisava fazer algo ou
enlouqueceria.
“Você me atinge com palavras
Que nunca ouvi sair de sua boca
Para ser sincero
Eu não quero isso, não.”
Youth | Shawn Mendes feat Khalid

Saio do apartamento de Érica atordoado, sentindo-me enganado e


machucado por causa disso. Sem pensar direito fico dando voltas de
carro pela cidade, sem destino. Na verdade, não sei o que fazer e preciso
pensar em tudo que aconteceu. Como tudo pode mudar em um minuto?
Estávamos bem, saímos para comemorar o sucesso de um contrato
fechado.
Quando conheci aquela mulher pensei que não poderíamos dar certo.
Ela é atrevida, ousada e não se cala para nada, principalmente quando
sabe que está certa. O que, na maioria das vezes, está e cai em cima de
quem for até conseguir provar isso.
Paro o carro, quando olho para o lado, percebo que estacionei de
frente a minha própria casa. Coloco os braços no volante e deito minha
cabeça neles. Meus olhos estão como bolas de fogo, queimando. Penso,
penso e penso. Quando entro em casa, pego uma garrafa de uísque e
bebo. O líquido desce queimando por minha garganta; não alivia nada,
mas anestesia tudo que estou sentindo.
Caio no sofá sentado de qualquer jeito e nunca doeu tanto ficar longe
de alguém. Érica González é a mulher da minha vida. Não posso deixar
tudo isso para lá. Apesar de tudo que andou fazendo escondendo, preciso
dela assim como ela necessita de mim. Sem perceber acabo adormecendo
depois de ver as suas chamadas e mensagens. Leio todas, mas não
consigo responder, precisamos conversar olhando nos olhos.

Acordo no outro dia no sofá com a cabeça pesada, abro um olho e vejo
que nem troquei de roupa. A garrafa de uísque está no chão ao lado do
sofá. Levanto-me devagar e esfrego os olhos. Pego o celular e vejo que já
passam das dez horas da manhã. Meu Deus! Que loucura, quanto tempo
fiquei dormindo! Sigo para o meu quarto, preciso de um banho e ligar
para o meu amigo Jonas urgente. Antes, é claro, preciso falar com a Érica.
Não posso mais adiar nossa conversa.
Tomo um banho gelado, pego um remédio para ressaca e bebo junto
com um suco de laranja que havia na geladeira. Depois disso, termino de
me arrumar e pego o celular. Ligo para Érica e cai direto na caixa postal,
acho estranho isso. Apesar de saber que ela deve estar com raiva por eu
ter ido embora. Quão burro e idiota eu fui? Deixei-a preocupada e
passando mal, lembro-me de que ela estava enjoada quando fui àquele
banheiro.
— Porra, Srta. González! — esbravejo e fechando os punhos me
segurando para não bater na próxima parede. Que tamanha idiotice, fui
tão horrível. Oh, minha nossa! Pego a chave do carro e resolvo ligar para
o meu amigo enquanto vou para a empresa. Entro o conecto o celular ao
sistema de som do carro, procuro seu contato e disco. Aguardo-o
atender, o que não demora mais que três chamadas.
— Alexander, cadê você? — indaga com escárnio, meu celular estava
no vibratório, não vi nenhuma ligação e estava morto no sofá. Havia
chamadas perdidas dele também.
— Jonas, estava em casa. Érica e eu discutimos ontem e preciso que
me diga onde ela está porque o celular dela só cai na caixa postal — digo
sentindo um peso enorme em meu peito. Uma agonia anormal.
— Ela não veio à empresa hoje, pensei que vocês dois estivessem
juntos, estava te ligando só para saber se estava tudo bem.
— Brigamos ontem, ela me escondeu algo. Preciso que ligue para a
família dela, no cadastro dela tem os contatos. Já chego na empresa. —
Desligo nervoso, acelero o carro e, em alguns minutos, chego.
Coloco todos atrás de Érica, ligo incansavelmente para seu celular,
que só vai direto para caixa postal. Deixo várias mensagens. Por fim,
estou descabelado e preocupadíssimo com ela. Jonas ligou em todos os
contatos e seus irmãos disseram que não a veem tem alguns dias.
— Se chegar à noite e não a encontrarmos, teremos que acionar a
polícia Alex.
— Ela tem que estar em algum lugar, pelo amor de Deus! Isso foi um
castigo dela, aquela mulher é ousada que só, Jonas! Só pode ser
brincadeira. Cada vez que penso, minha cabeça ferve de tudo de ruim que
ela pode estar passando.
— Por que você a deixou sozinha também?
— Idiota, inconsequente que sou! — digo tremendo de raiva,
passando a mão pela milésima vez no meu cabelo. Posso ficar careca,
tamanha a força que uso para isso. Viro-me de costas. — Ela estava
passando mal, cara! Que homem faz isso?
Aquilo me machuca em alto nível, soco a parede sem parar até meus
dedos ficarem roxos.
— Meu Deus, me ajude! Que nada tenha acontecido a ela — falo
repetidamente depois que Jonas sai da minha sala. Ninguém sabe para
onde ela foi, o porteiro do prédio disse que ela saiu cedo e não retornou.
Um carro preto a pegou. Não tivemos nem como ver nada nas câmeras de
segurança. Bufo e coloco as mãos na testa. Choro feito um menino, sem
vergonha de alguém me pegar ali naquele estado. O Sr. Alexander
Ramaro, CEO implacável. É assim que me chamam nas colunas sociais.
Odeio isso. Ter que ser considerado inalcançável. Algo que nunca fui,
olha só agora meu estado. Algo me atingiu, melhor dizendo, o amor me
alcançou e enlaçou.
— Alex, ligaram agora do hospital. Ela está internada e em cirurgia.
— Meu Deus do céu, o que aconteceu com minha linda? — Saio
desesperado pegando a chave do carro, Jonas a toma da minha mão e o
encaro incrédulo.
— O que foi? Não vai me deixar ir vê-la. Não tem nada e nem ninguém
capaz de me impedir de ir até ela.
— Não vai sozinho, irei dirigindo. Você não está em condições de
dirigir, olha só seu estado nervoso.
— A minha namorada está no hospital, passando por uma cirurgia e a
culpa é minha.
— Grande parte da culpa é sua mesmo, pois a deixou sozinha
passando mal e não deu tempo a ela de se explicar.
— Não faça me sentir pior do que já estou, vamos logo!
Saímos do prédio e estou impaciente até com o elevador que parece
estar parado no tempo.
— Meu Deus, que coisa mais engonçada.
— Acalme-se, Alexander Ramaro. Iremos vê-la em alguns instantes.
Segure essa onda aí, senão pode ser expulso do hospital.
— Estou tentando, Jonas, mas é difícil. Imagine se fosse sua
namorada. Eu não sei onde ela esteve e o que aconteceu. Pelo visto foi
algo sério, pois estão em uma sala de cirurgia.
Depois disso, entramos no carro e saímos do estacionamento no
térreo, logo Jonas ganha as ruas e acelera o tanto que pode, porque sabe
do meu desespero para ver Érica. Preciso tocá-la para saber que está
tudo bem. Não sairei de seu lado para nada.
Assim que chegamos ao hospital, Jonas me deixa na porta, já que não
pode estacionar em frente, por ser proibido.
Entro já procurando na recepção alguma informação. A recepcionista
me encaminha para a sala de espera para familiares de pacientes que
estão em cirurgia. Não me dá nenhuma informação. Fico puto e sigo para
o local tentando me conter, pois estou em um hospital. Sento-me em um
dos bancos e espero por alguma notícia.
Passados alguns minutos, Jonas entra na sala e só consigo balançar a
cabeça para ele, estou tão preocupado. Foi tudo culpa minha, não estava
ao lado dela para ajudá-la. Que tipo de homem sou? Não me cansarei de
martirizar sobre isso e gostaria de saber o que aconteceu. Passados uma
hora no completo silêncio da sala, quer dizer na verdade há uma família
aguardando também, a mulher chora copiosamente enquanto um jovem
rapaz e uma moça tentam acalmá-la. Sei que isso não é suficiente para
alguém que aguarda ansiosamente por notícias de seu familiar que está
em uma sala de cirurgia.
Depois de mais dez minutos, uma médica sai com a roupa rosa. Ela
parece cansada e me preocupo em ver sua expressão.
— Familiares da Srta. Érica González.
— Sou eu, doutora.
— Podemos conversar a sós? — pergunta e meu coração dispara. Nos
afastamos e ela me leva para uma sala privada.
— O que aconteceu com a Érica? Pode falar, doutora.
— Sim, sou a Dra. Emily Sloan e sou cirurgiã obstetra. A sua esposa
chegou aqui sangrando muito. Ela sofreu um acidente de carro e fizemos
de tudo para que não perdesse o bebê — quando ela diz isso fico
atordoado e ligo os pontos, ela estava enjoada na noite passada, não
sabíamos.
— O bebê, foi isso que você disse?
— Sim, não sabia que ela estava grávida?
— Não sabíamos, Dra. Sloan. Ela estava passando mal ontem à noite,
mas tenho certeza de que ela não sabia disso ainda.
— Desculpe-me, sinto muito. A senhorita Érica González passa bem,
mas precisa permanecer no hospital para se recuperar da cirurgia.
Recomendamos que vocês falem com um psicólogo sobre tudo isso.
Quando ela acordar e souber de tudo será um baque enorme. Érica
chegou inconsciente. Estava sangrando muito e fizemos de tudo para que
ela sobrevivesse. Infelizmente, não deu para salvar o feto a tempo.
Sentimos muito a sua perda.
— Quantos meses ela estava?
— Cinco semanas, ela estava iniciando o segundo mês de gestação.
— Obrigado. — Ela sai depois de dizer que poderia ver minha esposa
depois de uma hora. Não tive coragem de desmentir e dizer que Érica e
eu somos somente namorados. Estou tão transtornado que deixo as
lágrimas e o peso daquele dia nebuloso cair.
Não sei por quanto tempo fico naquela salinha até outro médico pedir
licença para usar. Saio e Jonas está sentado no banco me esperando.
Encaro-o com os olhos nublados pelas lágrimas e o coração doendo.
— O que aconteceu, cara? Como está a Érica? — pergunta me
sacudindo, preocupado também.
— Ela perdeu o nosso bebê em um acidente de carro. Nosso bebê,
Jonas! Eu não estive lá para protegê-los. Como pode isso? — pergunto a
ele tomado pela tristeza, porque a verdade era que mesmo que não
estivéssemos prontos para sermos pais, eu faria de tudo para ser o
melhor para ele e minha linda.
A enfermeira nos avisa em qual quarto Érica está e, assim que
chegamos lá, Jonas me deixa entrar sozinho. Vejo que há algumas
pessoas chegando. Penso que deve ser seus irmãos. Só que entro no
quarto antes de poder vê-los. Preciso ver como ela está antes de tudo.
Então a vejo deitada naquela cama de hospital, ligada a tantos aparelhos.
Vejo alguns ferimentos em seu rosto e braços. Ela respira com os
aparelhos. Aquilo me dói muito, ver seu rosto sem cor nenhuma, sem o
desenho de seu sorriso.
Transtornado é a palavra que melhor descreve como me sinto ao vê-
la daquela forma. Então o vejo na janela do quarto nos observando. Dá
um sorrisinho e sai como um fantasma. Aquele monstro, sabia que era
ele e não me cansaria até colocá-lo em seu lugar. Não posso mais ficar
parado assistindo-o acabar com a minha felicidade e de minha mulher.
Ele pagará cada lágrima que derramamos e cada sofrimento que está nos
fazendo passar ou não me chamo Alexander Ramaro. Estou passando da
hora de ser implacável.
“Onde quer que vá
O que quer que faça
Estarei bem aqui esperando por você
O que quer que aconteça
Ainda que machuque meu coração
Estarei bem aqui esperando por você.”
Right Here Waiting | Richard Max

Aquela noite não havia conseguido dormir, estou passando muito mal
de enjoo e minha cabeça está longe, na verdade dando voltas. Alexander
me deixou sozinha passando mal. Por mais que tenha feito algo errado,
que foi esconder dele tudo que estou tramando contra o Nathan, eu
merecia uma chance de me explicar. O que não tive. Começo a me
questionar se realmente vale a pena ficar com um homem que corre
quando as coisas ficam difíceis. Porque, enquanto estamos bem, é só
amor. Agora ele correu e me deixa sozinha passando mal.
Pior ainda é acordar e ver que todas as minhas mensagens e ligações
não foram retornadas. Cochilo em algum momento de madrugada e
acordo com o celular tocando. É John, ele já recebeu o portfólio e temos
que enviar a resposta. Tomo um chá e não como nada, estou sem fome.
Entro na ducha morna e relaxo, minha cabeça está a mil pensando em
como farei tudo aquilo.
Depois do banho, me arrumo, pego a bolsa e sigo para o hotel onde
John estava me aguardando. Subo ao décimo andar e assim que entro ele
me pergunta se está tudo bem.
— Você notou se estava sendo seguida? — Como assim? Minha mente
está fraca demais e nem prestei atenção a isso.
— Não, vim sem olhar para atrás, minha cabeça está uma confusão,
fora que o mal-estar não passou. Nem café tomei pela manhã — digo
pensando no que teria me feito mal.
— Tem que prestar atenção, Érica, esse Nathan é controlador e
alguma coisa me diz que ficou desconfiado de algo. O e-mail dele foi vago
demais e disse que precisava entregar as meninas hoje à tarde.
— Como assim? — Entro em desespero, logo hoje que não estou me
sentindo bem.
— Teremos que fazer isso, sei que não é o momento certo, mas se
negarmos ele pode desconfiar de algo.
— Claro, me arrume um remédio para enjoo, chame o maquiador e
vamos concluir essa missão logo. Você precisa prendê-lo e eu preciso
dele longe do meu caminho.
— Tudo bem. Nossa, você está péssima Érica! Não dormiu bem à
noite?
— Alexander descobriu tudo, brigamos feio e ele foi embora, não
atendeu minhas ligações e nem mensagens.
— Minha amiga, se esse Ramaro não é capaz de entender tudo que
está fazendo por vocês dois e, principalmente por ele, pense bem se vale
a pena ter alguém que sempre corre quando fica difícil.
— Pensei nisso também, pois sei que errei em esconder isso dele, mas
tenho perfeita consciência do que fiz. Só que ele poderia ver pelo lado
bom e ter pelo menos me escutado.
— É isso aí, você merece ser feliz com alguém que compreenda a
mulher que és, forte, destemida e corajosa.
— Sim, nem todos entendem, por isso não gostava de me envolver,
mas Alexander e eu sentimos algo poderoso. Nunca senti isso por
ninguém, sei que é verdadeiro. Mas, vou deixá-lo me procurar agora,
porque não vou ficar atrás mesmo. Assumi que estava errada, só que,
como ele é muito cabeça-dura, saiu e me deixou sozinha.
— É, mas pense bem. E, quando ele vier te procurar arrependido, não
se esqueça de falar que, se ele não mudar isso, não tem como se
relacionarem. Você deve procurar ser sincera também.
— Sim, e ele precisa saber lidar com minha audácia e coragem. A vida
me obrigou a ser assim, você sabe.
— Claro, agora vamos trabalhar para colocar aquele sociopata no
lugar que ele já deveria estar há muito tempo.
Nas próximas horas analisamos o portfólio e fico realmente
impactada em como aquele arquivo parece mais um catálogo de
produtos. Como seres humanos são vistos e tratados dessa forma? Fico
triste e enojada. As fotos são de bom gosto, mas como as meninas são
descritas e custeadas é o que mais me incomoda. Onde vamos parar com
isso? Depois de escolher e enviar a resposta para ele, chega o momento
de me caracterizar de Sara Rockless. Marcamos um encontro em um local
afastado da cidade para não levantar suspeitas.
Quando estou pronta me dou conta de que mesmo Alexander me
ignorando e agindo daquela forma ignorante, eu o amo e farei de tudo
para que Nathan suma de nossas vidas. Espero que ele entenda o que
estou fazendo.
Já no carro seguindo para o local combinado rezo aos céus pedindo
proteção e forças. Ainda não estou me sentindo bem. Quando chegamos
percebo o quanto o lugar é deserto e perigoso. Desço do carro e aguardo.
Sei que John está próximo, mas escondido para não levantar suspeitas.
Um carro preto chega e Nathan desce e pede que eu entre no carro,
sem saber se isso é o certo, entro. Quando me sento no banco, ele entra
do meu lado e o carro acelera. Sai cantando pneus. Esse não era o
combinado. Fico nervosa e sem saber como agir. Ele me encara.
— Sua vagabunda! Achou mesmo que me enganaria?
— Como assim? — pergunto sem realmente saber o que fazer.
— Não venha se fazer de boba, meu pessoal a viu hoje de manhã e
vimos você entrar no hotel em que aquele investigador está hospedado.
Estamos sempre de olho quando um deles chega na cidade e qual não foi
minha surpresa quando soube sobre eles terem visto você entrando
como Érica González e saindo como Sara Rockless.
— Gostou do disfarce? Te enganei direitinho, se não fosse isso...
Ele não me deixa concluir. Me amordaça e amarra minhas mãos e pés.
Sinto-me cada vez mais enjoada, começo a suar e meu estômago fica
pesado. A ânsia começa a tomar conta e, sem conseguir me conter, coloco
tudo para fora. Nem me importo se sujou o carro desse homem nojento.
Depois disso, ele coloca um lenço no meu nariz e caio em uma escuridão.
No silêncio da minha mente, eu me jogo, pois já não há mais volta.
Havia escolhido fazer aquilo. É bem verdade o que dizem por aí sobre as
escolhas que fazemos. Todas têm consequências. Para toda ação há uma
reação. Só espero que John venha ao meu socorro, se é que ainda existo
no mundo lá fora. Mas me deixo ser levada naquele silêncio, uma paz
estranha, mas boa ao mesmo tempo.

Meus olhos se abrem devagar e a claridade me incomoda, então vejo


seus olhos azuis negros e a testa franzida. Não queria vê-lo assim. Meu
corpo está doendo e me sinto um pouco tonta. Abro os olhos
completamente e ouço ele chamando a enfermeira.
— Enfermeira, ela está acordando. — Escuto sua voz grossa
embargada.
— O que aconteceu? Alexander, onde estou? — pergunto e ele se
aproxima, sinto uma sede imediata.
— Meu amor, graças a Deus que acordou! A doutora havia me dito
que demoraria, mas estava preocupado já. Como você está? — pergunta
em meio às lágrimas.
— Estou bem, só com sede e a cabeça um pouco dolorida. O que
aconteceu? — pergunto confusa, só me lembro de quando Nathan me
dopou.
— Você está no hospital, sofreu um acidente de carro e a doutora já
vem vê-la. Fique tranquila. Vou pegar a água. — Ele se afasta e escuto-o
colocando a água para mim. Volta depois com o copo na mão. Me ajuda a
levantar, assim que a enfermeira entra.
— Vá com calma, ela deve estar com um pouco de tontura e dor, o
que é normal. A Dra. Emily já vem para vê-la — a enfermeira avisa
ajudando Alexander a me levantar.
— Estou bem, só preciso beber um pouco de água.
— Claro, beba devagar, ok? — A mulher me fita enquanto pego o copo
com a água. Tomo parando um pouco. Não tem como tomar rápido
mesmo. Depois disso, ela confere os aparelhos e o soro. Logo após, deixa
eu e Alexander sozinhos.
Ele me encara com os olhos inchados e vermelhos, porque está
sofrendo.
— Meu amor, preciso pedir perdão a você por ter sido tão idiota e
egoísta. Saí deixando você passando mal e me arrependo demais por ter
feito isso. Estava nervoso e fora de mim, deixei me levar pela raiva. Não
devia.
Silencio-o colocando a minha mão em sua boca. A verdade é que
ainda não estou preparada para falar sobre isso. Nesse momento, a
doutora entra no quarto sorrindo.
— Estamos felizes que acordou, Srta. González — diz educada e
assinto. — Sou a Dra. Emily Sloan, cirurgiã obstetra e fiz a sua cirurgia. —
Fico atônita pensando ter ouvido errado.
— Como assim, obstetra? — pergunto confusa.
— Sim, quero que fique calma para que não sinta mais dor, está bom?
— Ela olha para o Alexander e ele se aproxima pegando em minha mão.
Aperta-a forte e vejo lágrimas em seus olhos. Sinto algo ruim e engulo em
seco. — Érica, quando chegou ao hospital você estava sangrando muito,
fizemos exames rápidos e constatamos que estava grávida. Como o seu
quadro era grave corremos para a sala de cirurgia, mas não conseguimos
salvar o bebê. Sinto lhe dizer que o perdeu. Fizemos todo o possível, mas
não foi suficiente ainda para salvar ele. Você demorou para ser
resgatada, por isso, quando chegou, já era tarde para fazer algo pelo
bebê.
— Eu estava de quantos meses? — pergunto atordoada e sentindo
uma dor dilacerante em meu peito. Não sabia da existência de um
pequeno ser em meu ventre. Mas isso foi fundo na minha alma.
— Cinco semanas, você estava iniciando o segundo mês de gestação.
— Sinto muito. No mais, você ficará mais um dia no hospital para que
possa ir para casa, mas deverá ficar de repouso por alguns dias. Alguma
dúvida?
— Não, obrigada, preciso ficar sozinha um pouco, por favor? — digo
com a voz embargada.
Alexander fita meus olhos e balanço a cabeça negando. Permito-me
derramar as lágrimas que estão queimando meus olhos. Como não sabia
que estava grávida? Não fui capaz de proteger meu bebê. Ah, isso está
doendo demais. Choro alto e não sou capaz de parar por uns bons
minutos. Não consigo acreditar que estou nesse quarto de hospital e que
acabo de receber essa notícia. É demais. Será que conseguirei seguir em
frente depois de tudo isso?
“Costumava haver uma torre cinzenta solitária no mar
Você se tornou a luz no meu lado sombrio
O amor permaneceu, uma droga que é a pedra e não a pílula
Mas você sabia que quando neva
Meus olhos tornam-se enormes
E a luz com que você brilha pode ser vista?”
Kiss from a Rose | Seal

Érica precisa de um tempo sozinha para pensar, já que é muita


informação e todas ruins. Só eu sei o quanto estou arrependido por tê-la
deixado daquele jeito em seu apartamento. Saio no corredor e estou
sozinho, Jonas foi a Ramaro. Não tenho condições de trabalhar. Minha
cabeça está fervilhando de pensamentos. Pedi ao meu amigo para entrar
em contato com o tal John Walker. Quero ver o que podemos fazer para
prender o Nathan. Não tem condições de um homem como aquele
continuar vivendo desse jeito no meio social e fazer tanta atrocidade. Ele
não tem consideração com o ser humano. É um homem seco por dentro,
sem humanidade.
Depois de alguns minutos entro abro a porta do quarto devagar. Ela
está de olhos fechados. Entro com cuidado para não fazer barulho. Chego
perto de sua cama e encaro seu rosto vermelho. Ela havia chorado e
muito sozinha. Meu coração parte por saber que parte da culpa é minha.
Se eu estivesse com ela, quem sabe nada disso teria acontecido. Então,
Érica abre os olhos e eles me fitam.
— Alexander!
— Ah, Érica, meu amor. Me perdoe, fui tão idiota em deixá-la sozinha,
em não ter lhe dado a chance de se explicar. Sei que você só queria
ajudar.
— Eu sei, mas ter perdido o bebê foi culpa minha, nunca estive tão
desatenta comigo mesma. Como não notei que estava atrasada?
Transamos várias vezes sem camisinha.
— Sim, não me arrependo de nada, só de não ter tido mais
responsabilidade e cuidado com a gente. — Sou sincero. — Sabe que não
iria negar a sua gravidez, pelo contrário eu iria procurar ser o melhor pai
e marido para você.
— Você me deixou sozinha lá no apartamento e aquilo me
decepcionou um pouco — admite. — Apesar do erro que foi esconder
aquilo tudo de você, minhas intenções eram boas.
— Como já te disse — ressalto —, fui um tremendo idiota e egoísta.
Não pensei em você, estava de cabeça quente. Confiar é algo difícil para
mim, depois de tudo que vivi, sei que não é desculpa. Mas, quando somos
colocados de frente com a situação, nunca sabemos como realmente
vamos agir. Só espero que possa me perdoar, porque eu amo você com
todas as minhas forças e não desistirei de nós dois.
— Bom, quero um tempo para que você pense se realmente pode
confiar em mim. Tenho total conhecimento da minha vontade insana de
ajudar — pede. — Devido a vida que tive fui obrigada a ser responsável
pelos meus irmãos, minha casa. Com o tempo me tornei a pessoa que
estava à frente das decisões e sempre resolvia tudo. — Respira fundo. —
Sei que, se quero ficar com você, devo dividir tudo e não esconder nada.
Desejo mudar isso porque será bom para mim mesma em primeiro lugar
e para os meus relacionamentos.
— Entendo, não a culpo por isso, Érica.
— Sei que não, mas você precisa confiar e não correr sempre que as
coisas ficam difíceis, porque sempre teremos problemas. — me
aconselha. — Temos sentimentos um pelo outro, mas precisamos
aprender a contar um com o outro. É disso que são feitos os
relacionamentos. Não vivemos só de amor e atração. Mas de confiança e
cumplicidade.
— Entendo, preciso mudar isso e vou por nós dois — afirmo —, mas
não me deixe ficar longe de você nesse momento. Nós perdemos um bebê
e não quero que passe por isso sozinha.
— Também não quero que fique longe, só preciso de um tempo para
tentar superar o fato de ter perdido um bebê.
— Tudo bem, respeito você, meu amor, e farei como quiser. — Beijo o
topo de sua cabeça e saio do quarto. Meu celular vibra e o pego para ver,
Jonas está enviando o contato do John. Respondo agradecendo e logo
disco o número. Chama cinco vezes, até que ele me atende.
— Alô! Com quem falo?
— Olá, aqui é Alexander Ramaro.
Ouço-o bufar.
— Ah sim, tinha esperança de que me ligasse.
— Bom, preciso saber o que fazer já que Érica está hospitalizada e
preciso mantê-la segura e colocar Nathan Anger na cadeia.
— Bom, vamos por partes: enviarei seguranças para ficarem de
plantão no hospital e minha equipe está chegando na cidade para darmos
andamento à caça e prisão de Nathan.
— O que posso fazer para ajudar?
— Bem, tem algo que preciso que faça mesmo e não aceito que negue.
— Claro, o que pedir irei fazer, desde que tire esse homem de
circulação.
— Certo, temos o mesmo objetivo. Preciso que você seja a isca — ele diz
com convicção.
— Sim, serei, pode me especificar tudo.
— Então, você ligará para ele e dirá que precisa encontrá-lo em um
local menos movimentado da cidade. Vou te enviar por mensagem o
endereço e você tem até cinco minutos até que ela apague, você vai anotar,
ligar para ele e depois vai queimar o papel. Um Nissan Altima preto irá te
buscar no Hotel Wolf próximo ao prédio da Ramaro. No carro irei te
instruir e isso será uma emboscada, principalmente se ele for fazer o que
estou pensando. Não podemos falhar. Vidas dependem disso, ok?
— Claro, não se preocupe, estarei pronto e preparado para o
colocarmos na cadeia. Mas vocês têm algo a mais além do que estão
planejando?
— Hoje chegou algo em minhas mãos, era o que faltava, vamos pegá-lo
de jeito. Não se preocupe, meu trabalho está sendo muito bem feito. Dessa
vez, ele não escapará.
— Ótimo, então até mais. Obrigado por ajudar a Érica. Apesar de tudo
ter dado errado, ela tinha boas intenções e sei disso.
— Estou sempre disposto a ajudá-la. Ela é uma mulher incrível e muito
forte, nunca se esqueça de que pode contar com Érica para qualquer coisa,
pois criou seus irmãos e sobreviveu a tudo, além de conseguir ser a
advogada que é hoje. Então, antes de julgá-la por suas ações, pense bem e
escute-a e procure compreendê-la. — Não gosto de ouvir conselho de
alguém que sequer conheço direito. Só que, se ele está me dizendo
aquilo, é porque conhece bem minha namorada.
— Agradeço a você pelo conselho, nunca havia me envolvido com
uma mulher como Érica. Às vezes, penso que ela é demais para mim, mas
a amo muito e não consigo mais viver sem ela. Quero que tudo fique bem
entre nós.
— Tenho certeza de que sim, só de ter me ligado já é um grande sinal
de que está agindo em favor de vocês dois. Tirar Nathan das suas vidas é
importante, não teriam paz se ele continuasse em liberdade.
— Sim, ele já aprontou muito comigo e não entendo mais o porquê
disso.
— Você entenderá no momento certo, sei que não justifica o que ele fez
e faz, mas explicará bem o motivo.
— O que quer dizer com isso? — Parece que ele sabe de algo que
ninguém sabe. Aquilo arrepia todos os meus pelos de um jeito muito
ruim.
— Não é apropriado que saiba através de minha pessoa e nem agora.
No momento certo, como eu disse. Preciso desligar. Até mais.
Ele não me dá tempo de interrogá-lo mais sobre o que acaba de dizer.
O que será que ele quis dizer com entender o motivo? Guardo o celular e
me sento no banco do corredor, estico meu corpo apoiando minha
cabeça na parede. Passo a mão pelo meu cabelo, fecho os olhos e só
consigo pensar no que pode ser o motivo e o que tem a ver comigo além
do que já sei sobre o porquê de Nathan me perseguir.
Depois de pensar muito e buscar respostas que não vem em minha
mente entro no quarto de Érica sorrateiramente. Ela está de olhos
fechados e sua fisionomia é de cansaço e tristeza. Vê-la daquele jeito
parte meu coração profundamente. Com o coração acelerado e aflorado
pelos sentimentos que sinto por aquela mulher me aproximo mais dela e
começo a acariciar seu cabelo e rosto. Admiro-a até que ela acorda, seus
olhos castanho-escuros me fitam e correspondo com todo amor que sinto
por ela.
— Eu farei de tudo para me perdoar, porque não sei conviver com o
fato de não a ter em meus braços. Não sentir seu perfume doce e sensual.
Não a ver em ação no escritório e, principalmente, não poder ter seu
sorriso lindo, meu amor. Eu te amo e não preciso de mais nada na minha
vida, só de você. Por favor, não me peça para afastar.
— Alexander... — Suas mãos se juntam as minhas, que não deixam as
maçãs de seu rosto. Sua pele macia perfeita é meu fascínio. Ela fecha os
olhos e, tomado pelo sentimento poderoso que se apossa do meu coração
sempre que estamos juntos, aproximo minha boca da sua e suavemente
beijo seus lábios; eles são meu lar, onde me sinto em paz, com amor e
pleno de tudo que ela me faz sentir.
Não posso deixar que fique longe. Depois de tudo, temos que ficar
juntos e superar tudo isso que passamos. Farei o que puder para que ela
não saia da minha vida. Érica nasceu para ser minha mulher, pois me
completa de um jeito tão poderoso. Temos nossas diferenças, mas
precisamos vencer nossos medos e inseguranças juntos. Precisamos
restabelecer a confiança um no outro e permitir que esse sentimento não
morra. Se acabar, será meu fim.
“Porque quando você ama alguém
Você abre seu coração
Quando você ama alguém
Você arranja espaço
Se você ama alguém
E não tem medo de perdê-la.”
Love Someone | Lukas Graham

— Alexander... — digo procurando palavras para respondê-lo, mas


minhas mãos se juntam as suas, que não deixam as maçãs do meu rosto.
Ele me encara fascinado.
Fecho meus olhos e me deixo levar pelo que meu coração quer nesse
momento. Não há nada tão poderoso como o que sinto por Alexander.
Então, ele aproxima da minha boca e suavemente une nossos lábios. Ah,
nossa! Senti falta do meu amor. O homem que faz meu coração acelerar e
meu corpo esquentar desde o primeiro dia que nos confrontamos
naquela sala de reunião.
De um jeito carinhoso, ele finaliza o beijo selando nossos lábios e
quando abro meus lábios, seus olhos azuis estão intensos e lindos. Meu
Ramaro. Teimoso. Lindo. Gostoso. Meu. Quero muito ficar afastada dele,
mas não será possível. Depois de tudo que aconteceu precisamos ficar
juntos, se realmente queremos que dê certo entre nós dois. Pensei muito
e resolvi ver com ele sobre o Nathan. Irei pedir a ele para entrar em
contato com o John Walker.
— Desculpe por meu jeito louco. Não aguentava mais não poder
beijá-la. Entende? — ele diz e o entendo perfeitamente, não dá para ficar
longe.
— Alexander, quero que saiba do meu desejo de estar com você.
Mesmo depois de tudo, ainda quero fazer dar certo entre nós dois. Pois
nunca senti um sentimento tão poderoso como esse em minha vida. Você
me faz sentir amada e é tão verdadeiro e recíproco. Só precisamos
confiar um no outro. Nada de esconder mais nada, por favor.
— Minha linda moreninha. — Ele afaga meu cabelo e coloca-os atrás
da minha orelha com carinho. — Quero fazer isso por nós dois, não
consigo mais ficar sem você em minha vida. É impossível, não sei como
seria. Ficaria perdido sem minha mandona, autoritária linda e sexy.
Sorrio e ele acaricia meu lábio inferior e depois me dá um beijo
rápido.
— Também não sei como seria não tê-lo em minha vida.
— Precisamos ter confiança e diálogo em nosso relacionamento,
ainda mais que meus pais me ligaram e estão vindo visitá-la. Meu pai
ficou muito preocupado com você. Me fez mil perguntas, principalmente
sobre o Nathan. Até estranhei algumas de suas perguntas.
— Meu Deus, coitado! Ele não estava viajando com sua mãe?
— Sim, mas estão voltando, pegaram o jatinho da família e devem
estar chegando em algumas horas.
— Não queria que incomodasse eles, meu lindo — digo preocupada.
— Eles sabem do bebê, contei tudo a eles. Inclusive da idiotice que fiz
com você, minha mãe vai puxar minha orelha quando chegar, aliás.
— Acho bom, você bem que merece. Agora, falando sério, você
deveria entrar em contato com o John Walker.
— Já entrei e combinamos como faremos para pegar o monstro. Está
tudo certo, quero que saiba de tudo quando terminar. Confie em mim,
dessa vez vamos pagá-lo e ele vai pagar por tudo que fez a você, meu
amor.
— Compreendo, quanto menos eu souber melhor e John é muito bom
no que faz, ele trabalha em uma das agências de investigação criminal
mais competentes do mundo. Já ouviu falar de Adrian O’Connor?
— Ah, sim, sei que ele prendeu o ex-governador da Itália, que era um
sociopata. Saiu em todos os jornais tudo que aquele homem fez a sua
família. Loucura, não é?
— Demais, viu? Infelizmente, às vezes, não podemos confiar na
própria família. Aprendi bem nova que não podia confiar em meus pais
para nos criarem. Por isso, sou assim para frente. Quero sempre cuidar
de tudo e todos. Se acostume com isso, quero abraçar o mundo com
minhas mãos. Cuidei dos meus irmãos e eduquei-os, todos os problemas
eram resolvidos por mim. O meu erro foi não contar a você dos meus
planos. Fui errada nisso, em esconder algo assim. Mas quero fazer
diferente de agora em diante.
— Compreendo, meu amor, e te admiro demais por ser uma mulher
incrível. Só que poderia ter me contado. Faríamos tudo juntos.
— Ou não, né? Conheço você, Alexander. É um teimoso nato, lembra-
se de como nos conhecemos naquela sala de reunião?
— Claro que não, foi um dos momentos mais marcantes da minha
vida. Nunca me senti tão confuso e certo com o que sentia. Tem ideia do
que fez comigo, Srta. González? Acho que não.
— Digo o mesmo sobre o que sinto por você.
— É algo tão recíproco. Olha, prometo que farei de tudo para que
fiquemos bem juntos. Bom, você tem visitas. Liguei para o seu irmão
Roger. É uma pena que nos conhecemos assim no hospital. Espero que
não fique chateada.
— Ah, meu Deus! Michelle veio também?
— Sim, veio ela e mais uma também. Elas ficaram só me olhando,
parecendo que sou de outro mundo.
Solto uma risada e Alexander me encara satisfeito. Parece se sentir
animado ao me ver rindo.
— Elas devem estar te achando lindo, meu amor! — digo a ele, já que
elas devem ter se derretido e ficado sem ação.
— Nossa, sou normal, minha linda! Suas irmãs lembram de você e seu
irmão tem os seus olhos. — Alexander dá uma de modesto, mas a
verdade é que ele é lindo demais. Um homem que a gente sabe só de
olhar o quanto pode ser intenso.
— Normal, sei não viu?! Olha, você falou parecendo que eles são meus
filhos, o que na verdade é como se fossem — digo porque foi isso que
senti quando ele disse sobre meus irmãos se parecerem comigo.
— Eles vieram assim que liguei, sabe, o Roger parecia preocupado e
me perguntou de onde conhecia você. Disse que sou seu namorado e
futuro noivo.
— Você é louco, ele vai falar horrores no meu ouvido — digo
lembrando-me do dia que Roger me ligou e eu disse que estava tudo
bem.
— Não quero saber, só disse verdades. Lembra-se do nosso trato de
não esconder nada mais? Então já começamos, estou levando a sério.
— Sei não, viu, Sr. Ramaro? Deixe que eles entrem e depois quero
saber tudo sobre o que você e John vão aprontar com o tal do Nathan.
— Esqueceu-se de que eu disse que é melhor você não saber de nada
por enquanto?
— Não, senhor, porque não vou ficar em uma cama de hospital
torcendo e esperando tudo dar certo com o plano de vocês.
— Meu amor.
— Meu lindo, nem pensar. Cadê nosso trato sobre a confiança? Ele já
começou.
— Jogou duro.
— Sempre, agora chame meus irmãos. Quero vê-los.
Ele fica sem palavras e sai para deixá-los entrar. Quando os vejo,
meus olhos se enchem de lágrimas. Não sabia que estava com tantas
saudades deles. Não importa o que aconteça, pois sua família sempre
estará presente. Isso faz valer a pena tudo que fiz por eles, não me
arrependo em nenhum momento da minha vida de ter me dedicado aos
meus irmãos. Eles são a única família que tenho, apesar de Alexander
agora fazer parte também.
— Minha irmã! — Roger vem correndo me abraçar e ficamos um
tempo que não faço ideia juntos. Não sei por que, mas chorei muito em
seu ombro e ele ficou acariciando meu cabelo. — Como você está? —
indaga com a voz embargada.
— Estou bem na medida do possível — respondo enquanto ele se
afasta depois de beijar minha testa como sempre fazia. Roger sempre foi
carinhoso comigo. Acho que ele sentia quando eu ficava desesperada ou
preocupada com alguns de nossos grandes problemas. Sempre tivemos
muitos. Tentei me manter forte em todos eles, mas nem sempre
consegui. Meu irmão via como me sentia e vinha conversar e cuidar de
mim.
— Vai ficar, irmãzinha. — Ele beija minha mão e se afasta, deixando
Michelle e Luna me abraçar e... meu Deus! Que sensação maravilhosa
poder abraçá-los. Minhas meninas que sempre cuidei e protegi.
— Minhas queridas, como vão vocês? Estão cada dia mais lindas.
— Estamos bem, mas morremos de saudades de você!
— Sei disso, vou dar um jeito nessa situação, hein? — digo a elas
enquanto me mimam. Michelle parece estar mais séria e gostaria de
conversar com ela mais para a frente. Terei que dar um jeito de trazê-los
para cá. Estamos longe e isso é ruim nessas situações.
Alexander entra, pedindo licença e vejo minhas irmãs acompanharem
seus movimentos encantadas. Sorrio. É impossível não se sentir assim
em sua presença.
— Meu amor, terei que ir resolver algumas coisas, volto assim que
puder. Fique com seus irmãos o tempo que desejar. Já providenciei a
hospedagem deles e o motorista que ficará à disposição deles. — Ele
pisca para mim, beija meus lábios e o topo da minha cabeça.
Fecho os olhos pedindo aos céus que o abençoe. Queria saber de tudo
que ele combinou com John. Só que entendo, é melhor assim. Ele sai e
sinto a garganta dar um nó. Estou ficando nervosa e meus irmãos
percebem. Tento disfarçar e aproveitar um pouco o momento com eles.
Faço uma oração silenciosa. Que Deus proteja Alexander e John Walker.
“Eu tentei tanto e cheguei tão longe
Mas no fim, isso não tem mais importância
Eu tive que cair, que perder tudo
Mas no fim isso não tem mais importância.”
In the End | Link Park

Já havia ligado para Nathan, como John me instruíra. Estou no Hotel


Wolf esperando pelo carro que falou que me buscaria. Também recebi
colete à prova de balas e uma arma. O Nissan Altima preto dos vidros
escuros para no horário certo. Entro olhando para os lados. O movimento
naquela rua é constante e não para nunca. Como John havia me dito ele
está lá dentro. Quando entro, ele começa a falar tudo que eu posso dizer
para enrolar o Nathan.
— Ele é esperto, pode perceber que armei para cima dele. Se isso
acontecer, o que eu faço?
— Você vai manter a calma, porque estará em nossas mãos.
Cercaremos ele e seus homens, não daremos brechas para que ele fuja.
Não se preocupe, ele não vai encostar em um fio de cabelo seu,
estaremos lá para garantir isso — diz muito convicto e seguro. Era isso
que precisava ouvir.
— Quem está à frente da organização que você trabalha?
— Bom, estou aqui comandando essa missão de prender o Nathan
Anger. Mas recebo ordens e sou da Criminal Investigation Organization. É
uma organização de investigação criminal altamente treinada para os
mais diversos tipos de crimes existentes. Fazemos nosso trabalho como
queremos e trabalhamos duro para chegar onde estamos.
— Isso é realmente admirável. Tenho muito respeito pelo trabalho de
vocês. Sempre sabem onde estão pisando e como devem agir. Cada passo
calculado. Sem vocês, não saberia o que seria de nós.
— Agradeço o elogio, mas não se esqueça de nada do que falei. Fique
em alerta, desconfiado dele o tempo todo.
— Nunca confiei naquele homem, na verdade.
Ele só concorda com a cabeça e chegamos ao local combinado. Não há
ninguém. Desço e o carro some de volta na estrada. Meu coração acelera
tomado pela adrenalina do que estamos fazendo. Não posso negar que
sinto medo também. Porque é perigoso. Mas quero arriscar tudo para
prender Nathan Anger. Nada será melhor que o ver algemado. Passam-se
alguns minutos que não conto e o carro dele para e o deixa lá sozinho.
— O que você quer, Ramaro? Nunca se arriscaria tanto assim? — Seus
olhos me fitam desconfiados e depois olha para os lados.
— Queria mesmo olhar em seus olhos e te avisar que o quero longe
da minha noiva. Ela ainda está no hospital. — Ele me encara e gargalha,
aquilo talha meu sangue.
— Claro, vocês estão noivos. Sabem de toda a verdade?
— Que verdade?
— Vocês não sabem de nada mesmo. Não consigo entender isso. Bom,
vou contar a você. Seu papai poderoso é irmão do pai de Érica González,
sua noiva. Vocês são primos. — Suas palavras entram em minha mente e
ficam dançando. Tudo começa a fazer um pouco de sentido. Meu pai que
arrumou Érica para ser a advogada da empresa. Meu Deus! Mas como eu
tinha um tio, que não conhecia? Não consigo raciocinar e, então, John
entra na rua com todos os carros e cercam Nathan. Fico um pouco
perdido enquanto vejo um homem alto de olhos azuis descer de um dos
carros com uma algema na mão. Uma mulher alta e morena o segue e
eles se aproximam. John desce de um dos carros pretos e vem em minha
direção.
Não consigo controlar o suor que escorre pelo meu rosto, como
também a expressão de incredulidade.
— Está tudo bem, Alexander?
— É que ele disse algo que duvido que seja verdade.
— O que ele falou?
— Que Érica e eu somos primos. Como pode isso?
— Ah, minha nossa, ele jogou isso em você agora?
— Sim. É mentira, não é? — Vejo em sua expressão que não é mentira
e saio em disparada.
Entro em um dos carros e peço para andarem depressa. Preciso de
um tempo sozinho para pensar. Fora que ligarei para o meu pai, ele terá
que me explicar toda essa história. Então escuto uma agitação. Desço do
carro antes do motorista partir e é o tempo suficiente para uma bala
atingir meu braço. Caio no chão enquanto vejo todos correndo. A minha
visão fica turva e sinto meu corpo amolecer. Isso pode ser bom, ainda
mais nesse momento. Gostaria de fugir para o mais longe possível. Minha
vida é uma bagunça. Por que meu pai escondeu algo assim de mim a vida
toda? A escuridão me toma e não consigo pensar em mais nada.

Sinto uma dor no braço e abro meus olhos devagar. Vejo as paredes
brancas e uma cama ao meu lado. Então vejo Érica deitada nela. Só posso
estar vendo coisas. Então um bombardeio de lembranças toma conta do
meu cérebro. Ah não, aquilo era mentira. Era um pesadelo do qual eu já
deveria ter acordado. Fico confuso e então Érica me chama:
— Alexander! Você está acordando, meu amor?
— Hã? — Consegui responder baixinho.
— Você está no hospital, foi baleado e precisa descansar um pouco.
Vou chamar as enfermeiras. — Ela aperta um botão e, em seguida, uma
enfermeira entra no quarto.
— Quem me trouxe para o hospital?
A enfermeira checa os aparelhos, pergunta se quero água e digo que
sim, pois sinto uma sede insuportável.
— John, Adrian e uma tal de Sara. — Pego o copo de água e bebo
devagar enquanto escuto Érica me contar o pouco que sabe.
— Ah, vi eles lá no local que encontramos Nathan. O importante é que
pegaram ele.
— Sim, mas ele fugiu. Estamos com seguranças na porta do quarto,
nos corredores, entradas e saídas do hospital.
— Não acredito nisso, estava muito fácil também. Ele deve ter
armado isso e muito mais.
— Claro que armou, é um psicopata, pensa em cada passo que vai dar.
Conheço homens como ele.
— Érica, ele me contou algo que John confirmou para mim.
— O que ele te contou exatamente?
— Érica, ele me contou que seu pai é irmão do meu e somos primos.
Ela fica sem palavras e de boca aberta. Sua expressão muda
totalmente e me vejo preocupado com a mulher que escolhi para ser a
mãe dos meus filhos. E que é minha prima.
— Minha linda, respire fundo.
Ela parece estar se lembrando de algo e fico preocupado. Seu rosto
não esboça nenhuma emoção.
— Érica! — grito novamente e ela fecha os olhos e lágrimas caem
pelo seu rosto. — O que foi?
— O meu pai, quando eu era pequena, fazia alguns negócios obscuros
e que acabaram com nossa vida. Ficamos pobres do dia para noite. Foi
algo surreal. Por causa disso que minha mãe começou a ficar
desequilibrada. Nada fazia sentido em minha cabeça de criança. Porque
eu havia acordado naquele dia e estava tudo normal em nossa vida e, de
repente, quando cheguei da escola tudo mudou. Minha mãe não parava
de chorar e dizer que estávamos perdidos.
— Ah, meu amor, gostaria de poder abraçá-la agora.
— Desculpe, Alexander estou desabafando porque, quando disse isso,
me lembrei de tudo que passamos. Meu pai tinha um nome e depois já
não o tinha mais. Algo totalmente louco e rápido. A vida é assim: uma
hora estamos bem e na outra não mais. Altos e baixos. O que vamos
fazer?
— Quero conversar com meu pai e você tem que estar presente.
— Claro, precisa saber toda a verdade. Por isso, ele me deu o
emprego tão rápido, não fiz entrevista para o cargo na Ramaro. Ele me
ligou, fez algumas perguntas e no outro dia me ligou dizendo que eu
estava contratada.
— Coisas do meu pai, mas ele sabia e ficou calado esse tempo todo.
Ele sabe que estamos juntos. Ainda estamos, não é?
— Claro que sim, mas não quero me separar de você. Fomos feitos
para ficarmos juntos. E logo agora que estamos mais comprometidos um
com o outro.
— Não permito que nada nos afaste ou nos obrigue. — Não poderia
deixar isso acontecer. Não agora que tomei a decisão certa de pedi-la em
casamento. Não desistiria por causa disso. Pelo contrário, quero que esse
casamento seja lindo e que sejamos felizes, mesmo com todas as nossas
diferenças. É isso que faz a vida valer a pena ser vivida.
“Me deixa ir pra casa
Ficará tudo bem
Estarei em casa hoje à noite
Estou voltando pra casa.”
Home | Michael Bublé

Alguns dias depois...

Alexander e eu saímos do hospital juntos, depois da visita de meus


irmãos, que cuidaram de tudo. Eles nos apoiaram muito nos dias que
ficamos no hospital nos recuperando. No dia em que saímos, John nos
ligou avisando que pegaram Nathan em um aeroporto fugindo do país.
Mas conseguiram pegar ele a tempo e agora está preso, principalmente
por tráfico de pessoas e diversos crimes. Abriram novamente o caso da
ex-noiva do Alexander e ele teria que depor novamente.
O classificaram como sociopata e, como eu já sabia disso, não foi
nenhuma surpresa para mim. John falou que encontraram em sua
residência e empresa tudo sobre a vida de Alexander desde que ele
entrou em sua vida. Em seus depoimentos, ele confessou ter ódio dele
por causa que Amy o deixou para ficar com Alexander e ela o amava.
Então, ele perseguiu e pesquisou tudo sobre a vida de Alexander,
incluindo sobre a família. Isso é o que um sociopata faz, ele não age sem
pensar e pesquisar muito antes. É astuto e muito inteligente. Gosta
sempre de saber como e onde atingir as pessoas. Por isso, ele soube
verdade por trás das nossas famílias.
Só que não nos importa mais, pois agora estamos sentados na sala da
casa do meu namorado de frente para o meu tio e minha tia.
— Pai, precisa nos dizer a verdade por trás de tudo isso — Alexander
diz ansioso para saber e eu também me sentia da mesma forma.
— Meu filho gostaria de lhe pedir perdão por tudo que escondemos
de você e da Érica também. Na verdade, descobrimos que eu tinha um
irmão quando deixei a presidência da Ramaro. Fui atrás de tudo e foi aí
que chegamos na Érica.
— Como descobriram? — pergunto pensando em como ele pode ter
descoberto.
— A sua mãe, ela me procurou. — Não imaginava que minha mãe
saberia disso, pois ela parecia atordoada demais naquela época.
— Ah, sim, mas para quê?
— Ela queria dinheiro, dei a ela o valor que pediu em troca do
segredo sobre meu irmão desaparecido. O meu pai, avô do Alexander, era
um homem muito mulherengo e teve muitos casos. Descobri isso depois
que decidi organizar os papéis da família e me aposentar. Não foi fácil
para mim, sua mãe foi dura comigo, culpou-me pela vida que você e seus
irmãos levaram.
— Como se ela fizesse alguma questão de seus filhos! Ela nunca nos
procurou para saber se estávamos bem, não precisava de mais nada —
digo com raiva ao saber disso.
— Pai, a Érica criou seus irmãos praticamente sozinha, os pais
perderam tudo e se descontrolaram.
— Sei disso e me incomoda muito saber que teve que passar por tudo
sozinha, nem consigo imaginar as dificuldades que enfrentou. Como seu
pai foi acabou assim?
— Ele fez muitas coisas erradas, como contrabando e tráfico de
drogas, era muito rico e ainda assim ambicioso, queria mais. Só que
escolheu a forma errada de obter mais dinheiro. Eles não conseguiram
pegá-lo, tivemos que nos mudar em tempo recorde e nos esconder.
— Ah, meu Deus! O meu avô era assim, bebia muito e quase acabou
com a empresa da família, pois gostava de fazer as coisas de forma ilícita.
Meu pai que a reergueu — o Sr. Ramaro explica.
— Imagino, sei que depois que tudo veio à tona e ele perdeu tudo,
começou a beber e fumar muito. Ele maltratava nossa mãe na nossa
frente. Foi triste demais. Até que ela nos deixou. Infelizmente, ele ficou
muito doente, foi diagnosticado com doença hepática alcoólica devido ao
excesso de bebida e não tínhamos mais plano de saúde. Ficou internado
em um hospital municipal; apesar dos esforços dos médicos, infelizmente
acabou falecendo. — Respiro fundo me lembrando, mesmo sendo criança
não consigo me esquecer disso. — Não foi fácil, mas estamos aqui e por
isso trabalho duro para que meus irmãos possam ser alguém e ainda
assim me terem com eles. Mas ainda tem vários outros problemas.
— Entendo e estou a par de tudo, por isso quero que saiba que não
está mais sozinha. Agora, estaremos juntos para resolver qualquer
problema. Somos uma família. Você e meu filho têm um relacionamento.
— Não o deixo terminar, pois não aceitarei me separar de Alexander.
— Mas isso não irá nos separar, quero que saiba que esse
relacionamento irá continuar — enfatizo.
— Isso mesmo, pai, Érica e eu vamos nos casar, somos primos e
ficamos sabendo disso recentemente — Alexander diz me apoiando,
como combinamos, antes deles chegarem.
— Filho, não queremos separar vocês dois, pelo contrário, estamos
felizes com esse relacionamento — a mãe de Alexander diz sorrindo e
dando a mão a seu filho e a mim.
— Fico feliz com isso e mais aliviado, pois estava nervoso e pensando
que poderiam não gostar da nossa relação.
— Claro que não faríamos isso, Alexander! — o Sr. Ramaro, pai do
meu namorado e meu tio, diz. Respiro mais aliviada, apesar de estar
confusa com tudo que foi jogado em cima da gente assim. — Érica, quero
conhecer melhor seus irmãos, meus sobrinhos no caso.
— Claro — assinto —, eles estão na cidade e já estou providenciando
a moradia deles aqui, não tem como ficar mais no interior. Precisamos
estar juntos para vencer os problemas que enfrentamos.
— Lógico, concordamos com você, se quiser hoje mesmo já acerto
tudo isso, podemos escolher juntos uma casa ou apartamento. O que for
melhor para eles — o Sr. Ramaro sugere.
— Agradeço, mas já estamos providenciando. — Explico. —
Alexander e eu estamos procurando com eles, quero que escolham
sozinhos, sabe? Dou a eles essa liberdade, pois não moro com eles há um
tempo e meu irmão sabe bem das necessidades especiais da minha irmã
Michelle. Ela perdeu a função muscular na metade inferior do corpo,
incluindo as pernas em um acidente de carro. Infelizmente, ela foi a que
mais sofreu quando nossa mãe nos abandonou.
— Ah sim, se precisar de qualquer coisa me ligue ou peça ao
Alexander para entrar em contato. — reafirma. — Quero realmente
ajudar vocês em tudo que precisarem. Não estão mais sozinhos.
— Não se preocupe, pai, Érica já não está sozinha faz meses, estamos
juntos e ela sabe que agora não temos mais segredos. Isso quase destruiu
nossa relação e queremos ajudar um ao outro como pudermos.
— Muito bem, filho, fico orgulhosa de vocês dois e torço muito para
que haja um casamento logo — a mãe de Alexander diz de um jeito
carinhoso. Parece que está feliz e orgulhosa da nossa relação.
— Obrigado, mãe — Alexander agradece sorrindo e beijando a mão
da mãe.
— Agradeço a vocês por virem aqui e pela ajuda em tudo — digo
emocionada sabendo que agora tenho uma família, que se preocupa
comigo e com meus irmãos.
Será difícil me acostumar com toda essa atenção, não sabia que
precisava tanto de uma família. Pessoas com quem eu posso contar. Meus
irmãos sempre tiveram só a mim, a irmã mais velha. Peguei a
responsabilidade e cuidei deles como pude. Fiz com amor e dedicação,
aos trancos e barrancos. O importante é que temos caráter.
Naquela noite, depois da conversa mais esclarecedora que tive na
minha vida jantamos juntos. Os pais do Alexander são pessoas
maravilhosas, fora que são um casal incrível. Percebi o quanto que meu
namorado fica admirado com eles. É algo que percebemos nos gestos.
Depois daquela noite, minha sogra e tia ligava todos os dias para saber
sobre nós e meus irmãos. Conheci a casa deles e levei meus irmãos para
que conhecessem também os tios. Foi uma noite maravilhosa, eles nos
deixaram à vontade.
Só que aquela noite foi ainda mais especial, porque Alexander
chamou todos depois do jantar na sala. Se ajoelhou em minha frente e
abriu uma caixinha de veludo preta. Meus olhos se encheram de lágrimas
e ele me pediu em casamento.
— Érica González, não consigo mais viver sem você em minha vida.
Não tem como negar o que sentimos um pelo outro. É um sentimento
verdadeiro, poderoso e incontrolável. Desde que entrou naquela sala de
reuniões com seu jeito atrevido e ousado, não fui mais o mesmo homem.
Depois de tudo que passei, bloqueei minhas emoções e não deixei
ninguém mais entrar. Me tornei implacável em tudo na minha vida. Só
que me tornei vazio também e aí você chegou tudo se iluminou, acendeu
todas as luzes que estavam apagadas dentro de mim. Eu estava na
escuridão e não sabia disso, pois nada tinha sentido antes de conhecer
você.
— Ah, meu Deus, Alexander! — exclamei em meio às lágrimas com as
mãos tremendo.
Ele segurou firmemente nelas, beijou-as e fitando meus olhos disse:
— Aceita ser a minha companheira, a mulher dos meus filhos, dona
da minha vida e do meu coração para sempre?
Ah, minha Nossa Senhora da Emoção, segura meu coração!
— Claro que sim, meu amor — com a minha resposta, ele pegou o
anel de pedras de brilhante e um enorme cristal no meio e colocou no
meu dedo junto com uma aliança de ouro com o sinal do infinito gravado
com as iniciais do nosso nome: A&E.
Ele se levantou e me carregou. Beijou minha boca enquanto todos da
nossa família bateram palmas e gritaram nossos nomes. Desejaram-nos
felicidades e foi uma festa só. Naquele momento senti o amor se
multiplicar, pois Alexander escolheu a data certa para fazer seu pedido.
Mais tarde, quando chegamos em sua casa, ele me amou de um jeito
intenso. Nada mais nos impediria de viver nosso amor. Ele me deu um
mês para organizar o casamento junto com sua mãe. Liguei para minha
amiga, que estava sumida, ela havia conseguido outro emprego e se
mudou para fora do país. Estava orgulhosa dela, mas precisava da minha
única amiga comigo em meu casamento. Ela prometeu que voltaria uma
semana antes para o dia mais importante da minha vida.
Trabalhamos a semana toda na Ramaro e na casa de meus irmãos.
Roger havia escolhido uma casa maior por ser melhor para Michelle se
locomover com a cadeira de rodas. Pedimos a uma arquiteta para
adaptar a casa, o que não foi difícil já que escolhemos o lugar pensando
nisso. Alexander e seu pai ajudaram nessa parte e a mãe dele auxiliou
com os móveis e a decoração. Juntos colocamos tudo do jeito que meus
irmãos queriam.
Nunca imaginamos estar vivendo tão bem daquele jeito. Sei que
teríamos um caminho enorme a se percorrer. Só que já me sentia feliz
por ter uma família. Pessoas que me darão apoio, carinho e amor. Tudo
que sempre sonhei. Lá no fundo, eu imaginava isso, com o tempo essa
vontade foi se apagando. Mas ao saber que havia alguém além de mim
para cuidar dos meus irmãos, senti-me mais segura e feliz. Pois sei que
agora estamos todos juntos.
Uma semana antes do meu casamento, minha amiga chega toda feliz e
animada. Vamos ao estilista que está fazendo os vestidos das madrinhas
e ele ajusta-o em seu corpo. Depois passamos um dia em um spa
aproveitando para relaxarmos juntas. Vamos ao salão de beleza,
cuidamos de tudo na área estética. Minha sogra e tia insiste nisso e acabo
cedendo. Não sou uma mulher preocupada com essas regalias, pois não
fui acostumada com isso. Gosto de dar duro, trabalhar e conquistar meus
ideais.

Os dias voam e chega o dia do meu casamento, a agitação é demais.


Alugamos um hotel na beirada da praia em uma cidade que fica perto
de onde moramos. Alexander e eu queremos que seja despojado e
sofisticado ao mesmo tempo.
Depois de ficar pronta, sinto aquela ansiedade brotar em meu
estômago. Aquele friozinho típico de quando estamos nervosos, no meu
caso me sinto assim porque algo muito bom e especial está acontecendo.
Escolhemos o anoitecer para nossa cerimônia, será uma grande noite
e meu coração está ansioso para ver Alexander Ramaro em seu smoking.
Aquele homem que trouxe emoção para minha vida com seus olhos azuis
sexys e profundos. Hoje ele se tornará inteiramente meu. Isso é demais
para o meu coração.
“Juntos, nunca estaremos perto o bastante para mim
Sinto que estou bem perto de você
Você usa branco e vou usar as palavras eu te amo
E você é linda
Agora que a espera acabou
E finalmente o amor mostrou-lhe o meu jeito
Casar comigo.”
Marry Me | Train

Quando a música toca e vejo as daminhas de honra, meu coração dá


um salto tamanha emoção. Então a vejo no final do corredor, Érica está
linda demais. Ela sempre foi na verdade, os cabelos em ondas perfeitas
caem pelo seu ombro com o véu. O vestido adorna seu corpo
perfeitamente. Ele segue o desenho do corpo da minha bela mulher.
Meus olhos se enchem de lágrimas tamanha emoção em vê-la tão
perfeita. Hoje será o dia mais importante de nossas vidas. Começaremos
a construir nossa família com muito amor.
Tudo que passamos para chegar até aqui não foi nada fácil. Erros e
muitos segredos envolvendo nossa família. Percebo que nosso amor se
mostrou forte e confiante diante de todos os acontecimentos aos quais
fomos submetidos. Em nenhum momento, quis me afastar e a deixar.
Desde que conheci Érica sabia que minha vida iria mudar.
Perfect, de Ed Sheeran, começa e acompanho minha linda entrando
com o irmão ao seu lado.
Nunca mais me esquecerei da emoção e do quão certo estou de tê-la
em minha vida. Estou me entregando de corpo, coração e alma àquela
mulher. Ela está dando o mesmo a mim.
Quando eles se aproximam desço do altar que foi colocado ali só para
a cerimônia. Sorrio em meio às lágrimas e Roger me entrega a mão dela.
Pego e a beijo com todo meu amor e carinho. Érica fecha os olhos e,
quando os abre, vejo suas lágrimas, mas também seu sorriso iluminando
tudo ao nosso redor.
Demos as mãos e subimos no altar recheado de flores brancas e lilás.
A escolha da minha linda. Está difícil me concentrar no que o celebrante
está falando, pois não paro de olhar para Érica. Como ela está linda
vestida de noiva! Conseguiu me deixar ainda mais apaixonado. Nunca me
esquecerei dessa imagem e momento.
— Alexander Ramaro, aceita Érica González como sua esposa, para
amá-la, respeitá-la e honrá-la para o resto de suas vidas?
— Sim, aceito — respondo encarando minha mulher linda, a qual
meu coração acolheu de livre e espontânea vontade.
— Érica González, aceita Alexander Ramaro como seu esposo, para
amá-lo, respeitá-lo e honrá-lo para o resto de sua vida?
— Aceito sim — ela responde e vejo as lágrimas escorrendo por seu
rosto.
Fito mais seus olhos castanho-escuros e, em pensamento, afago seu
cabelo e a maçã de seu rosto. Como pode existir algo tão poderoso assim?
Deus foi muito perfeito em sua criação. O mundo precisa enxergar isso e
parar um instante para amar.
— Vamos receber as alianças — o celebrante diz e ouvimos o toque
do violino quando vemos nossa daminha entrando. Sua irmã na verdade,
Michelle está linda em sua cadeira de rodas. Ela anda mais feliz em ter a
irmã por perto. Está conversando mais, até mesmo comigo. Érica
derrama lágrimas de emoção ao ver sua irmã entrando. A música Marry
Me, de Train, toca e o rapaz canta com uma moça fazendo o solo. Ela
entrega à madrinha, a amiga de Érica.
— Muito bem, vamos para o momento mais importante dessa
celebração de união e amor. — O celebrante pede para darmos as mãos e
ficarmos de frente um para o outro.
Pego em sua mão e fito seus olhos, sinto o amor exalando entre nós
dois, sentimos a emoção à flor da pele, e repito o que o celebrante me diz:
— Eu, Alexander, recebo-te por minha mulher, a ti, Érica, e prometo
ser-te fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, todos os dias da nossa vida.
Ela me encara com amor e lágrimas nos olhos. Passo o dorso da
minha mão em seu rosto limpando-as com cuidado. Recebo um lindo
sorriso e sinto sua felicidade.
— Eu, Érica, recebo-te por meu marido, a ti, Alexander, e prometo
ser-te fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na
doença, todos os dias da nossa vida.
O padre dá continuidade e agora vamos colocar as alianças. Como sou
primeiro, posiciono a aliança em seu dedo e repito as palavras do
sacerdote:
— Érica, receba esta aliança, como sinal do meu amor e da minha
fidelidade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Olho para sua mão no final e fico orgulhoso e feliz de ver aquela
aliança, sinal de nosso amor intenso e iluminado. Ela posiciona a aliança
em meu dedo e repete as mesmas palavras:
— Alexander, recebe esta aliança, como sinal do meu amor e da
minha fidelidade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Logo após, o padre faz pedidos a nós, com todos que estão presentes,
pela nossa vida, nossa felicidade, pela Igreja Católica e por todos. Depois
recebemos a eucaristia, e vem a bênção final, e ele diz:
— Pode beijar a noiva.
Meus olhos brilham de felicidade porque sou o marido dessa mulher,
que só me enche de alegria e amor. Selo nossos lábios em um beijo suave
e logo sua língua me domina e sinto-me completo como nunca, cheio de
nosso amor. Viramo-nos e, de mãos dadas, saímos pelo corredor sorrindo
ao som de Just The Way You Are, de Bruno Mars. O sentimento de
felicidade me domina e sorrio para todos que jogam pétalas de rosas
brancas em nós.
Como a festa é no mesmo local, nos deslocamos para o outro lado
onde já está tudo preparado para nossa chegada. Tudo está lindo demais.
Entramos no estande de fotos e recebemos todos os convidados com
muito prazer e alegria. Tiramos fotos com todos nossos amigos e
familiares. A festa segue um ritmo delicioso e aconchegante. Mesas
redondas detalhadamente bem preparadas com flores, lustres
espalhados por todo espaço. Um pouco à frente há uma placa com os
dizeres: “Enfim, bem casados”.
Os quadros com as marcas de batom estão do outro lado juntamente
com o livro em que todos carimbam o dedo, com tinta colorida, na árvore
que representa nossa vida.
Chega a nossa vez e todos se dirigem para o local, eu e minha esposa
marcamos também nesse momento nossos dedos completando a árvore
e a base que é a família.
A festa segue e todos estão se divertindo. Foi montada uma pista de
dança onde o DJ toca as músicas que escolhemos. No momento de
dançarmos juntos, fizemos a valsa dos noivos e logo após convidamos
todos para dançarmos juntos.
Brindamos juntos champanhe e logo após o jantar foi servido, a festa
continuava animada quando a deixamos, nos despedimos de todos os
nossos amigos. Agradecemos aqueles que, de uma maneira muito
especial, colaboraram tanto para a realização daquele dia.
Depois de dançarmos mais na nossa festa de casamento despedimo-
nos de todos, eles jogaram mais rosas em nós e saímos rumo à casa que
alugamos perto do hotel. Na verdade, faz parte dele. Eles tinham tudo
preparado para festas de casamento assim a beira mar.
Quando chegamos na casa, desligo o carro e olho para a minha
esposa. Érica definitivamente é minha. Todinha e inteiramente. Ela se
vira para mim com um sorriso lindo.
— Ops! — Colo minha boca na sua antes que ela diga algo. Estava
louco para ficar a sós com minha esposa. Minha língua devora cada canto
de sua boca deliciosa. Como é gostoso. Amo beijá-la.
— Alexander.
— Oi, esposa — digo cheio de graça, tomado pela emoção e
intensidade de tê-la assim inteiramente.
— Você sabe não pode ir muito rápido assim, pois vai estragar tudo
que preparei para nós dois em nossa lua de mel.
— Estou ansioso, meu amor.
— Ah, agora só o chamarei de marido.
— Isso me deixa bem orgulhoso e excitado. A maneira que diz, você
sempre me deixou assim, na verdade. Vamos entrar e aproveitar esse
momento que é nosso.
Ela sorri e saio do carro pedindo a ela que espere. Dou a volta e abro
a porta para minha esposa, que sorri sedutora para mim. Pego-a no colo
e ela solta um gritinho:
— Alexander, seu louco!
— Só se for por você, esposinha — digo e fico louco ao ver parte de
seus seios naquele vestido.
— Gostou do que viu? — Encaro sua expressão e sorrio de lado. —
Me leve logo para dentro, Alexander, preciso me despir para você.
— Ah, minha nossa! — Nossa noite ainda estava começando e eu não
deixaria minha esposa dormir.
Depois dela fazer um striptease toda provocante para mim enquanto
rebolava seu quadril de um jeito alucinante. Nos amamos loucamente
sem nos preocupar com nada. Só existia nossa atração e o amor. Nada
poderia ser mais perfeito que isso.
Érica González Ramaro é minha esposa e vamos construir nossa
família linda. Algo pelo qual eu achava que nunca poderia viver. Uma
ilusão. Graças a Deus!
“Todos os dias
Todos os dias, mal posso esperar
Você tira meu fôlego
Eis meu coração
Você tem a chave
Coloque-a na eternidade
Te amarei até o infinito.”
It Won ‘t Stop | Sevyn Streeter feat Chris Brown

A nossa lua de mel começou do melhor jeito. Alexander e eu sempre


fomos intensos e vivemos loucamente e não seria diferente nesse
momento. Queria que fosse épico e muito sensual. Preparei as lingeries e
andei pensando em realizarmos algumas de nossas fantasias. Uma delas
era a de que eu fosse a dominadora de Alexander. Depois de algumas
noites bem românticas nas Ilhas Afrodisíacas, resolvi avançar para um
nível mais alto de prazer.
— Meu amor, o que acha de brincarmos um pouco hoje?
Ele sorri perversamente e eu também.
— Você está ficando sem limites, baby! — Ele passa a mão pelas
minhas coxas deixando um rastro quente de tesão em todo meu corpo. —
Estamos sentados aqui na mesa de café da manhã e você pensando nisso,
amor! — diz com a voz rouca e me arrepio só de pensar no que vamos
fazer.
— Quero você em nosso quarto realizando uma fantasia minha. O que
me diz?
— Digo que estamos perdendo tempo aqui — amo como ele topa
tudo comigo sem nem mesmo perguntar.
Rimos e saímos da mesa andando depressa para o elevador. Assim
que entramos, Alexander ataca minha boca com urgência. Quando
chegamos em nossa suíte, pego uma das cadeiras e coloco no meio do
quarto. Pego a nécessaire que havia preparado para a nossa lua de mel.
Seleciono as algemas e lenços de seda preto e vermelho.
— Quero que fique só de cueca e sente-se na cadeira. — Meu olhar
diz tudo a ele, que entende o que vou fazer.
— Você nunca deixa de me surpreender, Érica!
Ele faz tudo como pedi, pego suas mãos e coloco as algemas, seu olhar
já vale a pena tudo que vou fazer. Vendo seus olhos com o lenço preto.
Ligo o sistema de som conectado com meu celular e logo It Won’t Stop, de
Sevny Street feat Chris Brow, começa a tocar. A batida é provocante e
instigante. Bem certo para aquele momento.
— Alexander, está me vendo?
— Não, meu amor, infelizmente. — Sorrio adorando todo aquele
poder.
— Quero que me imagine agora e acompanhe a batida da música. Vou
dançar bem próxima de você.
— Ah, Érica, você vai me deixar beirando a insanidade.
— Que nada, meu lindo marido. Agora, me ouça, porque eu que estou
no comando.
— Sim, Senhora! — Sua voz gutural e seu descontrole me deixam
mais excitada para começar esse jogo.
— Então imagine meu corpo, o quadril requebrando a cada batida e
minhas mãos passando pelos meus seios. É tão gostoso, imagino suas
mãos grandes fazendo isso.
Ele geme e grunhe um pouco. A música muda e me aproximo mais
dele, sento-me em seu colo e começo a rebolar, mordo o lóbulo de sua
orelha e beijo seu pescoço e não paro. Alexander está pronto para entrar
em mim, mas ainda o provocarei um pouco.
— Você está tão duro, meu amor. — Pressiono-me mais em cima dele
e rebolo devagar para realmente enlouquecê-lo.
— Ah, minha nossa! — diz de um jeito que me arrepia inteira. Não sei
se darei conta de segurar mais tempo.
— Preciso ter você dentro de mim agora — peço não tendo como
resistir mais àquele homem, meu marido.
— Como quiser — responde.
Sorrio, saindo de seu colo e tirando sua cueca. Alexander me ajuda no
processo. Pego a camisinha e coloco nele. E assim que o vejo pronto para
mim, sento-me devagar em seu membro, gememos juntos. Então resolvo
tirar a venda de seus olhos porque preciso vê-lo nesse momento.
— Érica — ele diz entredentes, tomado pelo tesão e sem conseguir
me conter beijo sua boca de forma selvagem. Minha língua percorre sua
boca com avidez. Começo a me mexer e nos afastamos. Alexander perde
o controle e fica inquieto.
— Preciso das minhas mãos, meu amor. — Tiro as algemas e, em um
segundo, suas mãos estão por todo meu corpo, apertando e trazendo-me
para mais perto dele.
Rebolo ensandecida, tomada pelo fogo que somos juntos. É demais
para mim, sinto-me tão poderosa e amada por esse homem que me
perco. Puxo seu cabelo selvagemente enquanto ele chupa um de meus
seios.
— Como vivi sem você antes? Me diga, você é tão perfeita,
maravilhosa, gostosa demais e minha. Todinha minha, de corpo, alma e
coração. Eu amo você, Érica. Quero que goze comigo, minha linda. —
Seus olhos azuis-escuros me fitam e juntos começando a ranger o piso do
quarto tamanha força com que ele me possui.
Alexander estoca fundo e jogo minha cabeça para trás ao sentir
aquele prazer tão delicioso tomar conta de mim. Sinto os espasmos
tomando conta de todo meu corpo e o prazer é máximo quando sei que
Alexander também está chegando lá. Então gememos juntos o nome um
do outro e caímos no chão. Sorrimos ofegantes e suados.
— Você é louca, tem ideia de que a deixei me vendar e algemar?
— Tenho sim, você amou cada segundo disso. — Viro minha cabeça
para encará-lo.
— Eu amo você e tudo que me pedir vou fazer. Você é minha esposa
agora, sempre a atenderei e estarei aqui por você.
— Ah, meu lindo! Amo, amo e amo você demais, como também estou
aqui para você.
Depois de começarmos o dia tão bem, passeamos para conhecer mais
algumas praias, andamos de lancha e barco admirando aquela água azul
tão clara.
Nunca poderei me esquecer desses dias tão especiais e intensos.
Alexander e eu somos imperfeitos, só que ainda assim perfeitos um para
o outro. Nosso olhar já diz tudo que queremos um do outro e sei que não
perderemos isso tão cedo.

Quando voltamos ao nosso país e a rotina louca de trabalho, ainda


assim é perfeito. Porque não importa quando e onde, enquanto
estivermos juntos viveremos intensamente. Assim como foi quando
conheci aquele homem que me deixou louca de raiva, mas também sem
controle com o que me fez sentir. Algo tão insano, mas tão nosso.
Procuro entendê-lo acima de tudo. Alexander é um homem teimoso e
difícil de lidar muitas vezes. Então me lembro da promessa que fizemos
um ao outro em uma de nossas noites quentes e cheia de amor nas Ilhas
Maldivas.
— Eu prometo amar você mesmo quando te odiar!
Ouvimos essa frase em um dos episódios de Grey’s Anatomy, no qual
Meredith Grey e Derek Shepherd se casam com um post-it e esse é um
dos juramentos deles.
Nunca fez tanto sentido para mim e Alexander, meu eterno boyzão
teimoso e cabeça-dura que amo demais.
“Amar pode curar
Amar pode remendar sua alma
E é a única coisa que eu sei
Eu juro que fica mais fácil
Lembre-se disso em cada pedaço seu
E é a única coisa que levamos conosco quando morremos.”
Photograph | Ed Sheeran

Cinco anos depois...

Algum dia já se imaginou sendo tão feliz? Pois é, eu não imaginava


que me sentiria assim cinco anos atrás. Antes de conhecer Érica, eu
somente existia. Um homem que não nutria sentimentos por nenhuma
mulher. Não depois de tudo que passou da última vez que amou. Mas o
destino tem maneiras bem únicas de te surpreender e quem manda é ele.
Porque, quando Érica entrou naquela sala de reuniões, meu mundo
inteiro girou. Tudo, absolutamente tudo mudou e foi para muito melhor.
Resolvi desacelerar nas Indústrias Ramaro e coloquei meu primo e
irmão de Érica, Roger, para comandar, já que ele tem muito potencial e se
formou para isso, está dando certo como CEO.
Érica ficou grávida e me contou do seu jeitinho especial. Ela fazia uma
festa com tudo. Com o tempo aprendi mais sobre minha esposa. É
exagerada e adora fazer uma surpresa, como na nossa lua de mel. Fico
louco só de lembrar de tudo que fizemos naqueles dias. Ela preparou
uma festa no dia do meu aniversário e, inesperadamente, depois dos
parabéns, Érica me deu um palito para que estourasse um balão e assim
que ele estourou caiu um sapatinho azul em mim. Peguei-o e fiquei
realmente sem palavras.
Não imaginava que teríamos um filho tão cedo. Depois de tudo que
aconteceu à minha esposa, anos atrás, não tocávamos no assunto. Até
que, um dia, ela parou com as pílulas e eu não havia notado. Andava
cheio de compromissos na Ramaro. Ela aproveitou a deixa e fez todo o
mistério e, claro, conseguiu me surpreender. Como quando nos
conhecemos.
— Papai, olha esse calinho!
Olho para o lado e vejo meu filho sorrindo para mim, idêntico a sua
mãe. Somente seus olhos são azuis-claros como os meus.
— Henry, quem te deu isso, meu herói?
— Foi o titio. Ele chegou com plesentes!
— Presentes? Alguém está fazendo aniversário? — Pego meu filho e
sento-o em meu colo. Ele fecha os olhos e balança a cabeça para um lado
e para o outro.
— Clalo que não, papai. A mamãe disse que o senhol é o plóximo
anivelsaliante.
— Sua mamãe, hein? Agora, vá brincar e aguarde que o papai volta. —
Beijo a testa do meu filho e sigo de volta para a entrada da casa onde
Érica está com Roger e eles não param de sorrir.
— Você está acostumando o Henry mal. Toda vez que vem aqui é um
carrinho.
— Ele gosta assim como sempre gostei, então trago para ele. —
Sorrio e apertamos nossas mãos quando me aproximo. Depois abraço
minha esposa e beijo sua testa.
— Sobre o que estavam rindo tanto?
— Bom, vou deixar você com sua mulher. Boa sorte, maninha — ele
diz e sai indo na direção do sobrinho, que o aguarda histérico.
— Amor, tenho que lhe contar algo e quero que fique calmo, hein?
— Está certo, mas diga logo, está me assustando.
— É algo muito bom, quero te contar sem fazer muitas surpresas.
— Tenho certeza de que, ainda assim, vai me surpreender. Você
sempre foi assim, meu amor. Agora, me diga o que está deixando minha
esposa gata e gostosa tão sorridente?
— Alexander Ramaro, você será pai de dois agora.
Meu coração falha, minhas pernas ficam bambas e minhas mãos
tremem. Mas não é de medo e sim de emoção. Essa mulher só traz
felicidade para a minha vida. Sorrio e choro e, ao mesmo tempo, a pego
em meus braços e giro-a. Érica dá gritinhos de alegria, porque é uma
notícia tão maravilhosa.
— Meu amor!
— O quê?
— Há quanto tempo está escondendo isso de mim?
— Alguns dias, descobri quando comecei a passar mal e percebi que
estava muito atrasada. Sabe que tirei o DIU porque ele estava me
incomodando muito e foi rápido. Na verdade, esperei por isso; mas
depois resolvi não alimentar essa esperança em mim. Só que não tem
jeito. Quando a gente quer muito e está no momento certo, simplesmente
acontece. E você, como sempre um fogoso, não me deixa em paz.
— O que está dizendo? Eu? Alexander. Tem certeza de que sou só eu,
meu amor? — Encaro seus olhos brincalhões e rimos juntos.
— Obrigado, minha vida.
— Eu que agradeço, o nosso anjinho e herói Henry é a prova de que o
nosso amor se multiplicou e essa pequenina aqui. — Ela coloca a mão na
barriga e a acaricia.
Uno a minha mão a sua e pergunto:
— Pequenina? Já sabe o sexo?
— Sim, fiz o exame e estou grávida há dois meses.
— Minha nossa, amor, que demais! Pena que não pude ir com você.
— Mas irá em todos os outros até termos nossa menininha em nossos
braços.
— Meu Deus, eu te amo, meu amor. — Ajoelho-me e beijo sua
barriguinha ainda que esteja pequena. — Meu anjinho, já amamos muito
você — digo e vejo Henry se aproximar todo agitado.
— Que isso, papai?
Sorrio e ele se aproxima.
— Venha aqui, meu herói. Sabia que a mamãe está carregando uma
irmãzinha bem aqui?
Ele arregala os olhos e eles se enchem de lágrimas. Ah, meu Deus,
será que ele não vai gostar de dividir a atenção?
— O que foi, filho?
— Papai, que lindo, eu sonhei que a mamãe havia tlago uma
bebezinha, minha irmãzinha para eu conhecê. Quelia muito uma pala eu
cuidá.
Quando fito os olhos de minha esposa, ela está se debulhando em
lágrimas.
Chega um momento em nossas vidas que é marcante. Quando me
casei, achei que aquele dia havia sido o mais importante. Só que os anos
foram passando e, a cada acontecimento de nossas vidas, percebi que vai
ficando cada vez melhor, mais intenso, especial e inesquecível.
E assim vamos vivendo um dia de cada vez, entre um problema e
outro; mas felizes demais para nos importarmos com coisas tão
pequenas.
Focamos em nossa família, em multiplicar nosso amor e povoar o
mundo com ele. Estava amando me tornar pai; se eu pudesse teria muito
mais filhos. Só que Érica, minha esposa, sempre vinha com seu discurso
pé no chão. Ela é meu equilíbrio, minha rocha; onde encontro minha paz
e todo o amor do mundo.
Essa é a melhor dádiva da vida. Só basta erguer as mãos aos céus e
agradecer.
“O momento em que minhas mãos encontram sua cintura
E então eu vejo seu rosto
Coloco meu dedo em sua língua
Porque você ama o gosto
Esses corações adoráveis
Todas as outras batidas
Aqui dentro é quente.”
Sweater Weather | The Neighbourhood

Depois de tanto dançar com minha mulher, fomos para o quarto, eu


queria dominá-la. Iria algemá-la e me deliciar ouvindo-a me pedir por
favor. Foi o primeiro Dia dos Namorados em que realmente vivemos a
essência daquela data, fiz tudo de forma romântica, mas já estava me
controlando para não a levar logo para aquele quarto.
Durante a nossa ida até o quarto não toquei nela, só estávamos com
os dedos entrelaçados. Não ousei olhar em sua direção, só queria que
chegasse logo em nosso quarto. Assim que o elevador parou e apitou, as
portas se abriram. Fomos em direção ao nosso quarto, o silêncio estava
excitante. Sorri de lado quando levei o cartão para destravar a porta.
Assim que entramos, a fechei e Érica me olhou, percebi sua agitação.
— Alexander... — Calei-a com meu dedo em sua boca.
— Espere aí. — Pego o lenço que havia separado para aquele
momento, ligo o som e dou play.
Ela me encara com o lenço na mão e o olhar negro tomado pelo tesão.
Acompanho sua mão abrir o zíper daquele vestido vermelho lindo e sexy.
Aproximo assim que ele cai aos seus pés e vejo minha linda de lingerie
branca. Minha boca saliva e fico sedento por ela. Nesse momento,
Sweater Weather, de The Neighbourhood, começa a tocar.
Toco a maçã do seu rosto e sua nuca e vejo sua pele se arrepiar sob
meu toque.
— Essa noite, quero que me obedeça — não contenho a voz dura de
pura excitação.
Ela concorda e me dá suas mãos, seus olhos estão vidrados nos meus.
— Cada vez que for gozar vai ter que dizer que me ama, ou não vou
deixá-la gozar, sempre sei o momento que minha mulher goza. — Minha
voz sai novamente grave e dura.
Amarro seus pulsos e pego os grampos que comprei para colocar em
seus seios. Ela só observa tudo que faço com muita calma. Pego um
chicote com várias tiras de couro fino preto. Coloco-a de quatro.
— Amor, quando não suportar mais, é só dizer meu nome, tudo bem?
— Sim, Senhor! — responde com a voz baixa e rouca, está excitada e
meu pau mal se controla dentro da minha calça. Tiro o cinto e a camisa.
Em seguida, aproveitando a música, coloco os grampos em seus seios
arrebitados, estão loucos por minha boca. Ela me encara com os olhos
suplicantes.
— Diga. — Ela sorri manhosamente.
— Por favor, Senhor! — Sua súplica me deixa ainda mais excitado.
— Por favor, o quê? Diga para seu dono.
Ela respira fundo.
— Chupe meus seios, por favor!
Puta que pariu, essa mulher perfeita, é minha esposa! Ela sempre
gostou de fazer isso. Um joguinho só nosso para nos deixar ainda mais
loucos um pelo outro. Chupo seus seios perfeitos e mordisco-os, depois
coloco os grampos e pergunto se está tudo bem, ela diz que sim e beijo
suavemente sua boca.
— Está pronta? — pergunto e ela assente, mas sabe que quero ouvir
sua resposta.
— Sim, Senhor! — responde e sorrio satisfeito.
Pego o chicote e lanço a primeira chicotada devagar, depois vou
intensificando. Vejo seu quadril se avermelhar, então a viro e peço para
ela abrir as pernas. Quando ela faz isso, vejo o quanto sua boceta está
molhada. Chicoteio de leve o centro de seu prazer; em seguida, não
resistindo mais, me aproximo e enfio três dedos nela. Tiro os dedos e
massageio seu clitóris,
Érica arqueia seu corpo e geme alto. Ela sabe o que dizer, faço um
jogo de movimentar os dedos e enfiá-los. Ela rebola em meus dedos, está
tão molhada, fico fascinado e chupo seu clitóris enquanto meus dedos
continuam com tudo. Sinto sua boceta se apertar neles e então retiro-os
depressa, ela entende o porquê daquilo.
— Eu te amo muito.
Volto a penetrá-la com meu pau, que já lateja. Estoco uma, duas e três
vezes. Dou a ela tudo e ela grita:
— Eu te amo, meu Senhor!
Vejo tudo girar, é a porra da perfeição gozar dentro da sua boceta
molhada, quente, apertada. Ela se contrai ainda mais ao redor do meu
pau e fazemos nosso voo ao paraíso juntos.
Depois disso caímos mortos na cama e logo beijo sua boca de um jeito
enlouquecedor. Digo que a amo e desamarro o lenço, fazemos amor a
noite toda. Quando saímos do banho vejo o sol nascendo e nada pode ser
mais perfeito. Ela se deita e se aconchega ao meu lado, puxo-a para mim
e digo em seu ouvido as três palavras que nunca cansei de dizê-la:
— Eu te amo, meu amor, minha vida!

FIM
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom de escrever. A minha
família por me apoiar e compreender.
As minhas amigas literárias, que sempre estão comigo; vocês são
demais e me dão muito apoio. Obrigada por estarem sempre presentes:
Ana Deliane, Wilka Maria, Jaqueline Gonchoroski, Mary Dias, Thalissa
Betinelli, Kathriny Bruce e Erica Macedo.
A minha revisora Carla Santos, por ser tão maravilhosa comigo e
minhas histórias.
A capista Layce Design, que ilustrou tão perfeitamente Érica e
Alexander. Obrigada pelo seu trabalho lindo e incrível.
Por fim, agradeço a vocês leitoras que dão chance a minhas histórias.
Muito obrigada por ter chegado até aqui comigo com mais um casal
intenso e cheio de lições.
Caroline Nonato, 29 anos, geminiana, mineira e estudante de
Nutrição, sempre foi apaixonada por livros.
Completamente viciada pela leitura, acabou se encantando pelas
novas sensações que a levaram a começar a escrever.
Em suas folgas da faculdade e do trabalho, tomou gosto e amor pela
escrita e se aventurou na história de seus personagens.
Começou a publicar suas histórias no Wattpad e amou o feedback dos
leitores.
Tomada por emoções intensas e uma inspiração incrível saiu de sua
zona de conforto escrevendo um drama romântico.
Atualmente, possui três obras publicadas na Amazon: Foster, Intense,
The Player e Ramaro. Está postando Marcados por um toque no Wattpad.

Site:
www.carolinenonato.com.br

Facebook: Caroline Nonato


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