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O dia está longo, parece que não irá terminar nunca. Para completar,
a vejo no estacionamento do prédio do escritório. Fita-me com seus
olhos perspicazes. Entro no carro com Sheron, mas antes beijo sua boca,
para provocar aquela mulher petulante. Saio com meu carro e resolvo
esquecer o que aconteceu naquela tarde. Ainda posso sentir seu perfume
entorpecedor.
Sheron e eu fomos para o hotel de sempre, não costumo levar
mulheres para a minha casa. Pois não me envolvo emocionalmente com
ninguém, não depois de ter sofrido tanto. Uma coisa que não gosto é de
enganar as mulheres, odeio que prometam algo que não possam cumprir.
Sempre tive palavra e ação.
A noite não começa boa, quando Sheron se aproxima tento mesmo
focar nela e esquecer aquela morena. Só que meu corpo parece ter sido
enfeitiçado por ela. Pois não consigo me concentrar no beijo da mulher
que está comigo. Ao contrário, fico impaciente. Quando sua boca desce
pelo meu abdômen, fecho os olhos para relaxar e me sentir excitado. Mas
o que sinto é raiva por não ser a boca daquela atrevida a tocar a minha
pele. Eu a quero muito. Peço a Sheron para parar. Não estou conseguindo
mais. Pela primeira vez na minha vida, estou brochando com uma mulher
que sempre me deixa maluco. A Sheron é a única que me permito transar
de vez em quando. É algo que fazemos sempre que sentimos vontade.
Ela se despede me fitando com seus olhos verdes claros tristes. Odeio
isso, mas é melhor dizer a verdade do que mentir. É frustrante sua mente
dizer uma coisa e seu corpo outra. Não dá certo e é pior se insistir em
algo que você sabe que não dará certo. Tomo um banho frio e me deito
em minha cama. Assim que coloco a cabeça no travesseiro as lembranças
daquela tarde me tomam.
— Saiba que vai me deixar louco, Érica González. Quando fico assim,
perco o controle das minhas ações — disse enquanto passei minhas mãos
em seu ombro, seu olhar seguiu-as. Senti sua pele quente sob meu toque.
Era tão macia e cheirosa. Minha nossa! Mordi meus lábios sedento pelo
seus. Não conseguia deixar de encarar seus olhos. Estou tão fodido!
Completamente perdido por essa mulher petulante!
— Senhor... — ela disse baixinho afetada pelo toque de minhas mãos
descendo pelo seu corpo. Passando por cada curva, gravando cada uma
delas em minha memória. Sua pele se arrepiou. Ela fechou seus olhos,
quando minhas mãos enlaçaram seu corpo ao meu. O encaixe foi perfeito.
Parecia algo tão certo, mas queria muito mais.
— Diga, quero ouvi-la. Sabe o que faz comigo quando me enfrenta
dessa forma, Srta. González? — Ela balançou a cabeça negando saber.
— Deixa meu sangue quente em minhas veias. Imagine um homem
como eu sentindo toda essa excitação. Não consigo me controlar.
— Por favor — ela estava implorando. Sua voz me pedindo por favor,
era demais para mim.
Acordo num rompante, percebo que estou atrasado. Teria que chegar
mais cedo para a reunião com os representantes e a Srta. González. O dia
seria longo e nem havia começado. Tomo banho, arrumo-me
rapidamente. Preparo minha pasta, pego um sanduíche natural e meu
celular. Saio em disparada rumo ao elevador.
Diferente do meu pai, gosto de eu mesmo dirigir meu carro. Adoro ter
controle de tudo em minha vida. Sempre dispensei certos luxos. Meus
pais, na verdade me criaram assim, diz eles que era melhor estar
preparado para tudo na vida. Nunca sabemos o dia de amanhã.
Hoje sou um CEO bem-sucedido e amanhã posso não ser. Então me
viro sozinho e gosto de ser independente. Depois de fazer dezoito anos,
meus pais me enviavam uma quantia para me sustentar na faculdade.
Mas nunca me deram mais que o estabelecido entre nós. Aprendi a me
controlar e a comprar as coisas. Dar o devido valor a tudo que tenho é
prioridade deles.
Muitas pessoas pensam que sou o filhinho do papai, mal sabem como
meus pais me criaram e tudo que temos hoje é fruto de um trabalho
árduo deles. Minha mãe e ele juntos lutaram muito para chegar onde
estamos hoje. Por isso, esforço-me muito para manter isso, pois eles
confiaram a mim a empresa da família.
Estaciono e saio do carro travando-o no mesmo momento que Érica
González. Meus olhos quase saltam ao ver seu terninho elegante, nada
indecente. Só que minha mente suja a imagina de diversas formas bem
sensuais com aquela roupa. Oh, Deus!
─ Bom dia, Sr. Ramaro! ─ Sua voz firme e sorriso simpático me
desarmam.
─ Um ótimo dia! ─ digo sorrindo também e seguimos para o elevador
que há próximo daquela garagem.
─ Animada para a reunião, ontem consegui preparar tudo ─ ela diz
bem animada e gosto disso. Pode ser petulante e atrevida, só que é muito
competente e eficiente.
─ E a Fort Car? ─ pergunto curioso.
─ Já li tudo que me enviou, podemos discutir mais tarde sobre
algumas coisas que vi no contrato. Sei que não dá para voltar atrás,
pagaríamos uma multa a eles, mas tenho a solução certa para isso.
─ Viu algo errado nele? ─ pergunto enquanto o elevador sobe e não
acredito que estamos tendo uma conversa civilizada.
─ Sim, mas vamos acertar isso. Quem estava advogando antes? ─
pergunta curiosa.
─ Um advogado antigo em nossa empresa, ele se aposentou, pode ser
que não viu o erro.
─ Tudo bem, às vezes passa despercebido mesmo, não se preocupe.
Vou trabalhar duro para alterar isso da melhor forma possível ─ diz
confiante e confio em sua palavra de imediato. Chegamos ao nosso andar
e sigo para a minha sala, deixo minhas coisas em minha pasta; os
contratos. Sigo para a sala de reunião onde todos me aguardam.
Dou início a reunião e depois passo a palavra para Érica, que mostra o
novo contrato e todos elogiam suas mudanças. Tenho que dar o braço a
torcer para aquela mulher, ela é muito competente. Meu pai estava certo
em tê-la contratado.
Depois da aprovação de todos, a reunião termina, peço a Srta.
Robbins para agendar um horário com o advogado da Stuarts. Ligo para
o ramal da sala de Érica e peço que ela venha a minha sala.
Após dez minutos, alguém bate à porta e peço que entre. Érica entra
com sua agenda em mãos.
─ O que o senhor deseja? ─ Tento não fazer nenhuma gracinha diante
da sua pergunta. Sorrio de lado.
─ Gostaria de parabenizá-la pelo excelente trabalho com o contrato
da Stuarts. ─ Decido dar o braço a torcer e levantar a bandeira da paz,
pelo menos por enquanto.
─ Então admite que estava certa? ─ questiona querendo me provocar
e rolo os olhos.
─ Você é sempre assim? Petulante e convencida? ─ indago curioso.
─ Vai levar um tempo para saber como sou, pode ser que mude
alguns conceitos sobre minha pessoa. É só isso?
─ Sim, podemos ver sobre a Fort Car agora?
─ Claro, vou só pegar meus papéis com as anotações ─ avisa e sai da
sala rebolando, meus olhos seguem o balançar de seu quadril. Fecho-os e
tento me concentrar no que vamos realmente fazer. Leio alguns e-mails
enquanto ela não volta, meu celular toca e vejo que é meu pai. Ele
finalmente resolveu aparecer.
─ Pai, que milagre resolveu me ligar!
─ Filho, me desculpe, sua mãe e eu estivemos bem ocupados. Estamos
viajando aproveitando um pouco.
─ Isso é muito bom, pai, como ela está? ─ pergunto pela minha mãe,
sinto falta de sua alegria e vivacidade.
─ Está ótima. Mandou um abraço e disse que está com saudades. ─
Sorrio.
─ Diga o mesmo a ela.
─ Então, gostou da advogada?
─ É, te liguei muito para falar sobre isso, tomou a decisão sem me
consultar.
─ Olha, filho, ela é muito competente e sabia que daria conta de domar
seu gênio autoritário. Sabe que fica cego quando deseja algo.
─ Sei sim, pai, mas não precisava de fazer isso no anonimato, sabe
que odeio ficar de fora dessas decisões.
─ Tudo bem, filho. Só que sei o que é bom para a empresa, trabalhei há
anos com isso e, bem, tenho mais experiência apesar de já ser aposentado.
─ Não quis dizer isso, pode sempre tomar decisões na empresa, mas
junto comigo ─ digo para que ele entenda o meu ponto e, quando Érica
entra em minha sala, despeço-me dele. ─ Bom, depois nos falamos mais.
À noite ligo para vocês, pai. Aproveite a viagem. ─ Ele me deseja um bom
trabalho e desligo a ligação.
Encaro a mulher a minha frente e preciso de forças para não fechar a
porta e possui-la de todas as formas possíveis. Afasto esse pensamento
enquanto ela se senta e cruza suas pernas, observo o movimento
respirando fundo. Penso comigo: “Foco, Alexander, você consegue”. Ela
começa a falar e tento prestar a devida atenção.
“Como chegamos tão longe?
Eu já deveria saber, você já deveria saber
Nós já deveríamos saber.”
Something’s Gotta Give | Camila Cabello
“Me desculpe, não mereço uma mulher como você. Por isso parei o
que estávamos fazendo. Sou um canalha. Tenha uma boa-noite.”
Era só o que me faltava, se ele acha que vou cair nesse seu joguinho
de conquista, está muito enganado. Ignoro a mensagem, mas minha
mente gira até estar de volta àquela sala. Sua boca na minha e depois em
meu sexo. Oh, minha nossa! Minhas mãos descem e me acaricio até gozar
em meus dedos. Mas sinto que é pouco perto da intensidade que foi com
Alexander. Estou tão perdida com isso.
“Eu estou vivendo no limite com as trivialidades, não
Talvez haja um amor diferente
Os opostos se atraem, os opostos se atraem.”
Love Will Save The World | Jessie J
Tive uma noite difícil, com lembranças da minha sala. Aquela mulher
no meu sofá à minha mercê. Fui totalmente idiota em deixá-la na mão.
Mas eu sei bem o que iria acontecer quando chegássemos ao ponto de
não podermos mais nos controlar. Essa é a verdade. A atração que
sentimos é algo realmente muito forte.
Aquela noite, eu não poderia ir para casa sem antes pedir desculpas a
ela. Porque lembro bem de seu semblante raivoso quando não segurou
as portas do elevador para mim. Eu merecia isso e muito mais. Pedi ao
RH o endereço dela e segui direto para lá antes de ir embora. Disse ao
porteiro que era seu chefe e que tinha um assunto urgentíssimo para
tratar com a Srta. González. Ele me deixou subir, enquanto pegava o
telefone. Ela não quis abrir a porta, ameacei arrombar. Ela ameaçou
chamar a polícia. Bufei sem esperança até Érica abrir a porta. E,
realmente não estava preparado para vê-la de roupão de seda na cor
champanhe. Meus olhos beberam da visão deliciosa de seus seios. Prova
de que ela o vestiu correndo sem olhar direito para eles.
Então, eu abri minha boca para pedir desculpa pelo episódio erótico
que tivemos. Não sei mais se serei capaz de trabalhar naquele lugar,
ficarei pensando nela o dia todo.
É incrível como nunca tive esse descontrole com ninguém. É claro, só
uma vez e me custou o coração. Não quero mais isso. Me entregar a uma
mulher e amá-la. Porque era isso que aconteceria quando começássemos
aquele círculo vicioso de sexo e da dependência. E simplesmente, não
podia me deixar levar de novo. Não com ela, Érica González.
No mais tardar, mandei mensagens para ela, porque a verdade é dura
e cruel. Estava com vontade de sentir seu gosto de novo. Queria muito
mais. Ah, sim! Desejava seu corpo colado ao meu em uma dança erótica
só nossa. O perfume dela não saiu da minha memória. Mesmo tomando
banho, ele se impregnou em mim. Como pode alguém despertar tantas
coisas assim em uma pessoa? Não sei. É algo inesperado. Quando podia
imaginar que aquela mulher morena, de cabelos longos, ondulados e cheia
de coragem fosse me deixar louco por ela? Nunca, não é? Mas aconteceu.
Agora, estou em minha cama sozinho, pensando nela, em sua boca
atrevida e sexy. Na sua voz gemendo meu nome, me pedindo por favor.
Caralho! Só de lembrar, meu membro já fica alegre, se é que me entende.
E lá vou eu em mais um voo solitário só com as lembranças do que
fizemos.
Acordo com muito custo, como meu pré-treino e me arrumo
rapidamente. Pego minhas roupas e coloco no carro, saio acelerando
para a academia. Um pouco de exercício físico me fará bem. Liberará as
energias presas.
Encontro-me com Karen, uma ruiva que já saí somente uma vez. Ela
sorri para mim daquele jeito e sai rebolando na minha frente. Penso,
penso e penso enquanto a vejo começar a correr na esteira. Às vezes, eu
só preciso me distrair um pouco. E coloco esse pensamento em ação.
Aproximo-me das esteiras e fico ao seu lado. Ela sorri e tira os fones do
ouvido.
— Olá, Alexander! Quanto tempo, não é mesmo? — diz com a voz
melodiosa.
— Karen, muito tempo mesmo. Como você está? — pergunto como
quem não quer nada.
— Estou bem, tentando manter esse corpinho aqui — responde
aumentando a velocidade da esteira.
— Eu também além da mente um pouco mais sã, né?
Ela sorri travessa e passo a mão pelo meu cabelo.
— Nos vemos por aí, vou para o próximo aparelho, lindo. — Ela sai
para fazer agachamentos. Meus olhos não deixam de acompanhar seus
movimentos. Ela tem um belo quadril, não como os de uma morena que
conheço aí, o que estou pensando agora? Balanço a cabeça para esquecê-
la. Fito os seios grandes da Karen, uma ruiva de olhos verdes muito linda.
Melhor focar nela e esquecer certa mulher atrevida.
Quando termino o treino, sigo para a ducha e, então, sou
surpreendido com alguém me enlaçando. Sorrio e a pego de jeito,
encosto-a no azulejo e beijo sua boca desesperadamente. Começo a
reparar em seus lábios, não são tão macios quanto os de Érica.
Ah, minha nossa! O que estou pensando?
Então solto a ruiva e me viro fechando os olhos.
O que tem naquela mulher que não sai mais da minha mente?
Peço desculpa a Karen, ela sai decepcionada.
Onde está aquele Alexander Ramaro implacável não só nos negócios,
mas também com as mulheres?
Termino meu banho, visto minha roupa e saio para ir trabalhar. Só
mais um dia e estarei livre no final de semana. Quero sair para me
divertir um pouco. Preciso tirar aquela mulher da cabeça. Mando
mensagem para Jesse, meu amigo. Ele é o único que restou do nosso
círculo de amizade solteiro. Sempre que dá saímos juntos para colocar o
papo em dia e conhecer algumas mulheres.
Chego ao escritório e a Srta. Robbins está em sua mesa tranquila, dou
um bom-dia a ela e entro em minha sala. Então me surpreendo com
minha mesa. Está recheada de pastas. Ligo para a minha secretária, que
vem correndo me atender.
— O que é isso em minha mesa, Srta. Robbins? — pergunto surpreso
e ela me encara e balança os ombros se desculpando.
— A Srta. González deixou aqui antes de o senhor chegar, ela disse
que são todos os contratos analisados. Falou também que qualquer
dúvida é para enviar um e-mail e não se dirigir à sala dela em nenhum
momento. — Vejo que uma daquelas pastas tem um papel anexado com a
mensagem CANCELADO em caixa alta. Pego-o e vejo que se trata do
contrato da Lives e fico possesso.
— Como assim? Não estou entendendo, ela cancelou um contrato sem
ao menos me pedir autorização? Ela passou de todos os limites.
Saio da sala com o sangue queimando em minhas veias e sigo para
sala dela. Entro sem bater na porta ou pedir licença. Ela não está sozinha.
Um de nossos funcionários, do marketing, está sentado sorrindo para ela,
que está toda cheia de charme para ele. Bufo e passo a mão pelo meu
cabelo em uma tentativa de me acalmar.
— Preciso falar com a Srta. González a sós — digo impassível. A
criatura se levanta com cara de paisagem e sai da sala fechando a porta.
— Não recebeu meu recado, Sr. Ramaro? — Ela começa com sua
língua afiada pronta para me desafiar.
— Recebi, mas precisava saber por que cancelou o contrato com a
Lives?
— Pelo simples fato de estar todo errado. Se eles quiserem faremos
outro; se não é rua mesmo, Sr. Ramaro. Mais alguma objeção? Disse que,
se tivesse alguma dúvida, era só enviar no e-mail.
— Que palhaçada é essa?
Ela continua sentada na cadeira, parecendo estar bem tranquila com
sua decisão.
— Não pode cancelar nada sem minha autorização, sou o CEO dessa
empresa.
Ela gargalha cheia de ironia e fico com ainda mais raiva e... Oh, minha
nossa!
— Sei que liguei para o seu pai e passei a situação a ele, que me disse
que era para fazer o melhor para a empresa. Foi o que fiz. Simplesmente
analisei todos os contratos e todos que encontrei algo errado. Estou
cancelando e reagendando reuniões com as empresas para fazermos
outra parceria.
— Você... ah... Érica... me deixa louco de raiva! Como pode passar na
minha frente assim?
— Sr. Ramaro, não gostaria que tivéssemos uma relação tão
conturbada, só que isso é culpa do senhor mesmo. Pense bem.
— Como ousa jogar isso na minha cara? — Aproximo-me dela e
ficamos com os rostos bem rentes um do outro. Sinto seu perfume
hipnotizante e me perco mais. Sua boca hoje adorna um batom vermelho
escuro e sinto uma vontade imensa de me lambuzar nele. Oh, céus! Estou
completamente perdido.
— É melhor voltar para a sua sala, Sr. Ramaro. Tenho muito trabalho
pela frente com esses contratos. Ainda preciso fazer uma revisão no
setor de recursos humanos — diz exalando plenitude, parece não estar
afetada pela minha proximidade. Só se estiver fingindo, o que na verdade
não sei. Porque seus olhos demonstram quão focada está em sua missão
de me enxotar da sua sala a pontapés.
Dou meia volta e percebo que preciso de outro banho gelado. As
discussões com essa mulher me deixam completamente louco de tesão.
Passo a mão no cabelo novamente em uma tentativa de me acalmar, o
que é em vão. A Srta. Robbins está na sua mesa quando passo.
— Não estou para ninguém hoje, diga que estou extremamente
ocupado — digo entredentes e bato a porta com força. Entro no banheiro
e passo uma água em meu rosto. Se continuarmos assim, receio que
perderei a minha sanidade. Se é que ainda tenho alguma. Volto a minha
mesa e pego meu celular, ligo para Jesse e marco para hoje mesmo, ele
diz que podemos ir a um bar e depois em um lugar para dançar. Sorrio e
me animo um pouco. Resolvo pegar firme no trabalho e só paro para
almoçar com Jonas, que me encara com a testa franzida.
— O que aconteceu na sua mesa?
— Ah! Nem me lembre que fico possesso. Preciso almoçar, minha
cabeça parece que vai explodir.
Saímos para almoçar juntos como sempre. Só não fazíamos quando
ele levava Louise. Conversamos sobre nossa família e conto que meus
pais estão se divertindo em alguma praia. Distraio-me e esqueço um
pouco da manhã agitada que tive com aquela mulher. Só de me lembrar,
meu corpo inteiro se acende. Então decido afastar as lembranças daquela
ousadia em pessoa.
“Mãos em seu corpo, eu não quero perder tempo
Parece uma eternidade
Mesmo se a eternidade for só por essa noite
Apenas deite comigo, gaste esta noite comigo
Você é minha, não consigo deixar de te olhar
Eu só quero dizer.”
Mine | Bazzi
— Érica, eu sonhei em ter você aqui em minha cama, nua, linda e toda
minha — Alexander diz abrindo meu vestido, deixando-me somente com
o sapato de salto.
— É mesmo? — indago sorrindo e seus olhos encaram minha nudez e
vejo fogo crepitar entre nós. Aquele não é um vestido que se veste
usando calcinha e sutiã.
— Sabe o quanto está me deixando louco? Claro que não sabe, mas
pode deixar que vou provar a você.
É isso que ele faz, sua boca se fecha em minha coxa, ele beija, chupa e
morde. Sinto-me estremecer de tesão. Alexander sobe e beija meu
abdômen e desce sem deixar meu olhar. Estamos presos em uma névoa
de luxúria. Ele encontra meu clitóris e passa sua língua chupando
delicadamente. Arqueio meu corpo e seguro seu cabelo com força. Ele
não para de chupar, enfia três dedos e começa a estocar enquanto sua
língua não para. Não resistindo começo a gemer seu nome, pois podia
sentir algo poderoso e avassalador começar a tomar conta do meu corpo.
— Alexander... — grito seu nome e estremeço toda, gozando em sua
boca; ele toma tudo. Encara-me, seus olhos nos meus me dizem mais que
quaisquer palavras.
— Que delícia, Érica, que boceta gostosa, poderia passar a vida te
chupando. Mas agora quero penetrá-la o mais fundo possível, unirmos e
sermos um só em busca do nosso prazer.
— Oh sim, Alexander! — digo com a voz arrastada completamente
afetada e rouca depois do orgasmo incrível que ele me deu.
Alexander é realmente incrível. Beijo-o e começamos seguindo uma
linha tênue de sensações nunca vividas. Algo intenso perpassa meu
corpo. Ele toma meu corpo para si. Coloca-me mais para cima da cama e
continuamos nos beijando. Agarro novamente seu cabelo, puxando-os
forte a cada vez que nosso beijo fica mais intenso. Desgrudamos nossas
bocas e o vejo pegando a camisinha e colocando em seu membro enorme
e rosa. Constato que não sei quando foi que ele tirou a roupa, deve ter
sido depois do orgasmo sensacional que tive. Alexander me penetra e
sinto-me preenchida conforme ele vai entrando.
— Ah que delícia, Érica! Que boceta apertadinha e quente. Poderia
viver aqui para sempre.
Ele não desvia seu olhar do meu e, quando está todo dentro de mim,
suspiro alto. Então continua me beijando; sua língua devora a minha
boca em um beijo faminto. Retribuo e ele começa a entrar e sair. Mexo-
me também, tornando o contato ainda mais gostoso. Alexander chupa
meus seios, me fazendo rebolar mais em seu membro. Nunca senti isso,
esse sentimento esplêndido.
— Linda, deliciosa e minha! — diz enquanto aperta minha bunda e
depois dá um tapa, sinto-me mais louca.
— Alexander... você é meu! — Sem pensar digo aquelas palavras só
sentindo aquele momento delicioso.
— Porra, todinho seu! — ele diz com a voz gutural, que me deixa
ainda mais louca.
Alexander estoca cada vez mais rápido. Não descolamos nossas
bocas, nossas respirações estão muito ofegantes. Rebolo por baixo e
sinto meu corpo todo se contrair e estremecer em um orgasmo intenso.
Ainda sentindo os espasmos, continuo rebolando em seu pênis, até o talo
enterrado em minha boceta. Contraio e aperto-o e ele parece não resistir
mais, seu corpo estremece; grita meu nome, gozando intensamente. Não
deixo seu olhar, ele se levanta e o puxo para mim; passo minhas unhas
pelo seu abdômen marcado por gomos musculosos e duros. Oh, minha
nossa!
— Tem noção de como estou duro novamente com o que acabou de
fazer?
— Quero-o em minha boca.
— Assim você me mata, Srta. González.
Ele me carrega para o banheiro e, enquanto a banheira enche, beija-
me enlouquecidamente. Minhas mãos espertas acariciam seu membro já
duro e pronto para mim. Acaricio-o enquanto não descolo minha boca da
sua. Ele acaricia meu seio e sem me conter gemo deliciosamente em sua
boca, ele morde meu lábio inferior. Um desejo avassalador e diferente
nos toma.
Quando intensifico o movimento com a mão em seu pênis, ele enfia
três dedos em minha boceta, que está molhadinha só dele estar me
masturbando.
— A banheira está cheia, Alexander — aviso enquanto ele beija meu
pescoço.
— Então venha, linda. — Ele me puxa sem descolar nossos corpos um
do outro.
Entramos na banheira, a água estava morna; sinto meu corpo se
arrepiar e não perco tempo, levo minhas mãos novamente ao seu pênis,
percorro toda sua extensão, e ele solta o ar. Pega meu cabelo, coloco-o
em minha boca; chupo com maestria, passo a língua em suas bolas
deixando-o louco.
Depois, abocanho-o com vontade e o levo até o fundo, meus olhos o
encaram com desejo. Chupo sentindo-me poderosa por tê-lo à minha
mercê. Seu prazer depende de mim. Isso me excita em um nível altíssimo.
Sinto-o perto e chupo com mais avidez, minhas mãos massageiam suas
bolas novamente. Vou até o fundo e ele goza em minha boca. Tomo tudo,
e ele me encara intensamente e admirado.
— Érica, minha linda! — suspira, parecendo um pouco aliviado. Então
puxa-me rapidamente para seus braços e me penetra novamente. Sem
preliminares, ele consegue me enlouquecer com isso. Beija minha boca,
sinto seu sabor em nossas bocas, percebo que ele fica louco querendo
mais. Desce pelo meu pescoço e depois os seios e chupa de um jeito
delicioso.
— Você é linda! — Beija-me mais suavemente. — A mulher que tira
toda minha sanidade, deixa-me louco, embevecido de tesão — diz com
seus olhos azuis-escuros tomados pela luxúria que não nos deixa.
— Também o desejo, quero mais e mais... — digo sem me conter e
depois disso, começo a rebolar em seu membro delicioso, ele me diz
palavras enlouquecedoras até gozarmos juntos. Nunca tive um sexo
como esse, intenso e quente. Seus olhos azuis me fitam intensos e então
ele começa a passar sabonete por todo meu corpo. O silêncio paira e
somente nossos olhos dizem as palavras que não saem de nossas bocas.
Admiro seu corpo, é uma visão ainda mais deliciosa olhando assim. Ele
sorri percebendo meu olhar.
— Alexander, seu convencido!
— Ah, Érica, você, isso, minha nossa, foi demais! Como vamos fazer
no escritório amanhã?
— Preciso ir embora. — Como se tivesse acordado de um daqueles
meus sonhos eróticos, levanto-me da banheira apressada. O que eu
estava pensando em vir para a casa do meu chefe? Como não raciocinei?
— Calma aí, Érica, nada de fugir. Não, não...
— Olha o que você acabou de me perguntar? Não posso viver com
isso, essa nossa explosão de eletricidade. Essa atração louca. — Passo a
mão pelo meu cabelo e encaro-me no espelho daquele banheiro enorme.
Quando consigo pegar a toalha, ela cai no chão e sou puxada pelos seus
braços fortes. Uma parede de músculos toma minha visão.
— Não, você será minha a noite inteira, Érica. Eu quero mais, muito
mais. Isso aqui foi só o início — diz convicto.
— Alexander, não podemos com isso — ele parece não se importar
com o digo, pois entramos no boxe, liga o chuveiro e começa a me beijar.
Pressiona-me na parede azulejada de mármore gelado. Aquele contato
me arrepia e faz-me estremecer.
— Caralho, esse desejo não passa nunca? — Gosto da sua boca suja,
quem poderia imaginar que esse homem fala algo assim? Eu imaginei.
— Oh, minha nossa! — Contorço-me quando ele começa a chupar o
lóbulo da minha orelha, descer para meu pescoço e seios. Alterna entre
um e outro. Suas mãos descem também e segue para minha boceta.
Acaricia-a selvagemente.
— Olhe em meus olhos, Érica. Quero vê-la se perder em mim, como
desejei ver isso, tê-la em meus braços.
— Você é louco?
— Por você, estou ficando maluco para te fazer gozar. Sabe o quão
delicioso é ver você gozando em meus braços, em minha boca. Deliciosa.
— Sua voz está rouca e grossa ao me dizer tudo aquilo.
— Então toma tudo, Alexander. — Rendo-me, entregando-me de
forma intensa àquele homem que me acende como nenhum outro já fez.
Pouco me importa o que vai acontecer amanhã. Quero viver o hoje e
agora com esse homem, que não se cansa de me dar orgasmos. A noite
toda foi isso que ele fez; paramos por algumas horas, comemos um
sanduíche e nos perdemos no tapete felpudo da sua sala. Esqueci-me
completamente de tudo, só deixando existir eu e ele em sua casa e o
emaranhado de luxúria que não nos deixava, não mais. Estava perdida
em sua boca, seu corpo e olhos azuis profundos.
“Sempre que você vai embora, sempre tenta lutar contra
O quanto eu te quero, te quero muito
Poderia tentar ocupar o espaço com outra pessoa esta noite
Mas eu não quero, eu não quero
Agora mesmo, você sabe que sinto falta do seu corpo.”
Right Now | Nick Jonas with Robin Schulz
Érica é viciante, depois que provei seu gosto só queria mais e mais
dela. O muito tornou-se pouco perto do quanto ainda a desejo. Pensei
que isso passaria, mas acordamos emaranhados um no outro. Seus olhos
me encararam cheios de questionamentos. A única coisa que eu poderia
responder a ela era que não queria que se afastasse.
— Bom dia, linda — digo de bom humor, tivemos uma noite e tanto.
Eu gosto de ser implacável nos negócios e com as mulheres. Inesquecível.
Sem querer ser convencido. Mas isso é porque aprecio a beleza feminina
assim como amo meu trabalho, o que faço. Eu aprecio cada momento
com uma mulher, venero seu corpo e dou a elas prazer, amo ver como se
entregam. No entanto, Érica me fez sentir diferente. Pode ser porque essa
vontade de tê-la não passa. Beijo sua nuca e vejo sua pele se arrepiar.
Sorrio e mordo o lóbulo da sua orelha e depois beijo suavemente.
— Alexander — diz com a voz baixinha afetada. — Bom dia, você... —
Não a deixo terminar e viro seu corpo de frente para o meu, seus olhos
me analisam. Neles vejo o que realmente deseja.
— Não diga nada, por favor. Deixe-me beijá-la.
— Claro que não, preciso me levantar e escovar os dentes antes, mas
me lembrei de que estou em sua casa. Meu Deus, Alexander, preciso ir ao
meu apartamento. Hoje temos uma reunião importante.
— Eu sei, fique à vontade! Se não quiser usar a minha escova na
gaveta do armário tem escovas novinhas — digo sorrindo.
Ela se levanta e sai andando nua pelo meu quarto. Meus olhos varrem
sua bunda maravilhosa. Oh, minha nossa! Já estou pronto para a próxima.
Só que me levanto da cama e espreguiço. Ela volta e para na porta do
banheiro enrolada em minha toalha. Porra! Agora me dei conta de que
não estava sonhando que era realmente verdade.
— Então, não vem tomar banho? Temos horário hoje? — Ela vai fingir
que nada aconteceu ou o quê? Agarro-a, arranco a toalha de seu corpo e
levo ela para o boxe, ligo a ducha e deixo o vapor subir enquanto tomo
seus lábios nos meus em um beijo delicioso e cheio de desejo. Suas mãos
agarram meu cabelo selvagemente e faço o mesmo com o seu. Entramos
debaixo da água e sua pele na minha molhada me faz lembrar do que
fizemos ali mesmo ontem.
— Não tenho respostas para todas as perguntas que deve estar se
fazendo nessa sua cabecinha. Só quero que viva esses momentos comigo.
Porque achei que ontem seria o suficiente para sanar nossa atração. Mas
percebi que quero mais e mais, Érica — digo sem deixar seu olhar e
através dele vejo que ela concorda comigo.
— Sinto o mesmo, porém temos que tomar cuidado quando
estivermos no trabalho. Não quero e posso aceitar que me prejudique.
Seremos profissionais.
— Claro, respeito seu trabalho acima de tudo. Você é uma mulher
incrível. Forte, destemida e corajosa, além de ser linda. A verdade é que
desde que entrou na minha sala de reuniões mostrando a que veio que
não consigo deixar de pensar você.
— Alexander. Obrigada. Temos uma atração muito forte mesmo, algo
que não passa. Vamos só viver isso, o que for para ser será — ela diz e
nos beijamos sem poder resistir à vontade insana que nos toma.
Depois de uma rapidinha, tomamos o banho, comemos uma omelete
que preparo e um café forte. Saímos alguns minutos adiantados.
Passamos no apartamento de Érica, ela troca de roupa e seguimos para o
escritório. Não consigo parar de fitá-la sempre que tenho oportunidade.
Reparo em seu rebolado elegante e gostoso enquanto entramos no
elevador. Aproveito que não tem ninguém e acaricio seu quadril, ela se
vira de frente repreendendo-me.
— Alexander! Será que dá para você sossegar? O que eu disse, hein?
Sorrio porque sei bem que, quando eu quero, não penso com a cabeça
de cima e sim com a de baixo. Que no momento está louco para entrar no
meio das pernas dela. Estou fodido, deliciosamente.
— Tenho que dizer a você sinceramente. Vou tentar me segurar,
resistir. Só que sou péssimo com isso e a senhorita não ajuda. Esse
rebolado elegante é delicioso e me excita muito. Se quiser que eu fique
sossegado, pare de andar requebrando desse jeito.
— Ah, Alexander, não tem nada disso. Comporte-se! — diz tentando
se afastar, as portas do elevador se abrem entrando mais pessoas. Sorrio
e seguimos até nosso andar. Aproximo-me mais de seu corpo e me
esfrego nela, pressiono o volume que ela provocou no meio das minhas
pernas. Ninguém percebe e ela solta o ar quando chegamos ao nosso
andar e saímos. Ela segue para sua sala.
— Tenha um ótimo dia, Srta. González. Qualquer coisa é só me
procurar.
Sorrio para provocá-la. Adoro isso, começo a entender porque
crepitamos como brasa juntos. Cumprimento a minha secretária, que
responde sorrindo. Entro em minha sala, faço um café e sento-me na
cadeira para começar a adiantar tudo para a reunião. Atendo algumas
ligações e vejo Jonas entrar em minha sala junto com Douglas, o diretor
do setor de compras.
— Bom dia para vocês também, que chegam invadindo minha sala!
— Que isso, Alex, bom dia! Precisamos conversar sobre a festa que
havíamos falado, caso fechássemos com a Stuarts.
— Tudo bem, podem ficar à vontade e começar com as propostas.
— Temos um plano de marketing e de festa incrível, que marcará
bem as Indústrias Ramaro.
— Sou todo ouvidos, lembrando que tenho uma reunião às dez —
digo conferindo o relógio, ainda são oito e quarenta e cinco, dá tempo
suficiente. Eles começam a falar e fico bem entretido e interessado em
fazer a festa acontecer. Só precisamos fechar o novo contrato que a Srta.
González fez, um excelente trabalho devo ressaltar.
— Gostei de tudo, principalmente da ideia das parcerias de
marketing. É sensacional. Parabéns pela ideia e excelente trabalho. Se
tudo der certo hoje vamos começar a trabalhar nessa festa. Todos
merecem.
— Fico feliz que gostou, as Indústrias Ramaro merecem esse
momento pela grande conquista do ramo hoteleiro — Douglas diz e
assinto.
— Tudo graças ao trabalho que sempre fazemos em equipe.
— Parabéns a nós! Vamos brindar a mais uma vitória no dia da
comemoração — Jonas diz sorrindo.
— Bom, vou indo, tenho muito trabalho me esperando na minha sala
— Douglas se despede e Jonas me fita, com seus olhos ferozes e curiosos
como os de um falcão.
— O que foi, primo?
— Você está diferente, Alexander Ramaro. O que andou aprontando?
— Nada, estou o mesmo de ontem! De onde tirou isso?
— Esteve com a Sheron ontem à noite? — Ele já me conhece muito
bem, mas está enganado quanto a mulher que estive a noite inteira.
— Nada disso. Bom, Jonas, parece que deu a hora da reunião. Preciso
organizar tudo com a Srta. González.
— Entendi, não pensa que fugiu dessa conversa, quero saber por que
está tão sorridente. Aceitou muito fácil a ideia da festa e parcerias.
— Sabe que esse é um momento de conquista para nossa empresa, só
quero comemorar junto com toda a equipe que trabalhou tanto comigo.
— Sei, vai para a sua reunião, na hora do almoço conversamos com
mais tempo. — Ele sai e respiro aliviado, pego minha pasta com os papéis
da reunião. Saio da sala respondendo a algumas mensagens no celular.
Vejo algumas da Sheron e resolvo ignorar por enquanto. Tenho que
conversar com ela sobre minha situação atual. Entro na sala de reuniões
e vejo Érica andar de um lado para o outro, ansiosa.
— Sr. Ramaro, que bom que chegou, quero mostrar tudo a você antes
de começar. É bom que veja a minha apresentação, as propostas e
detalhes.
— Claro, será um prazer assistir antes. Excelente ideia — digo
incentivando-a, ela é uma mulher de muita coragem, mas todos nós
ficamos ansiosos com algo principalmente quando trabalhamos duro por
aquilo. Sento-me e fico atento a suas palavras muito bem colocadas.
Passo a mão no cabelo quando começo a reparar em seu quadril todo
momento que ela se vira para explicar algo na tela. Os possíveis lucros e
ganhos da fusão.
— Está prestando atenção, Alexander? — ela me pergunta e pisco os
olhos rapidamente.
— Claro que sim, está indo muito bem, continue. Vamos fechar esse
contrato, minha linda — digo e ela me encara confusa.
— Aqui não sou sua linda, por favor, tente ser profissional ou não
teremos um pingo de controle.
— Ah, Srta. González, já não consigo mais resistir, ter controle
estando ao seu lado assim é difícil. Meus olhos têm vida própria quando
se trata de você. — Seus olhos castanho-escuros ficam negros, afetados
pelo que acabo de falar. — Saiba que estou tentando firmemente, não
posso te prometer que serei sempre comportado, isso é demais para mim
e tenho certeza de que para você também. — Ela ruboriza e sorrio de
lado analisando seu rosto lindo.
— Tudo bem, vamos voltar ao trabalho, estou tentando também
bravamente contra o desejo que tenho de fazer certas coisas indevidas.
— Deixa essa reunião acabar, podemos ver se essa mesa é mesmo
forte, de boa qualidade. Imagino você deitada bem aqui de pernas
abertas com minha boca em sua boceta deliciosa.
— Alexander, quer dizer, Sr. Ramaro. Eles estão entrando, por favor.
— Assinto e me levanto ficando ao seu lado para receber a equipe da
Stuarts. Algo novo está começando na empresa e em minha vida. Eu não
quero desperdiçar nem um minuto disso. Érica e eu não vamos saber nos
controlar no escritório, essa é a verdade.
“Agora eu desejo não ter te conhecido
Porque você é muito difícil de esquecer
Enquanto eu estou limpando sua bagunça.”
Lie To Me | 5 Seconds Of Summer
Poderia dizer que não estava ansioso, mas seria uma baita mentira.
Estou muito feliz e orgulhoso da minha equipe. Todos, sem exceção,
merecem isso e muito mais. Além de estar fazendo esta festa na próxima
semana, comunicaremos um aumento para nossos colaboradores, como
também promoveremos folga nos aniversários para o próximo ano.
Fizemos uma reunião intensa com o setor de Recursos Humanos e
Financeiro. É algo que já queria ter feito antes, só que devido ao trabalho
intenso das Indústrias Ramaro foi impossível.
Saí da loja com meu terno, encomendei há uns dias e já estava pronto.
Érica comprou um vestido e não me deixou ver em hipótese alguma. Ela
disse que era para eu ver só no dia da festa. Sorriu e jogou o cabelo para
o lado. Havia passado em seu apartamento para deixar a sacola, Érica é
demais.
Aquele dia fomos jantar em uns dos restaurantes de um amigo. Dessa
vez, nos comportamos. Pedimos um filé ao molho, salada variada e de
sobremesa tiramisù, que estava divinamente delicioso.
Chegamos em minha casa, tomamos um banho de banheira delicioso.
Fizemos um sexo sensacional. Conversamos por horas a fio até
dormirmos exaustos.
Acordamos tarde no dia seguinte. Érica deu um pulo da cama
alegando que estava atrasada para ir ao salão de beleza. Tomou um suco
que havia na geladeira e uma fatia de pão integral com queijo branco e
me pediu para levá-la.
— Não vai almoçar hoje, minha linda? — pergunto beijando seu
pescoço e passando minhas mãos pela frente de seu corpo.
— Alexander, sossega, por favor. Preciso ir para o salão me arrumar
— responde sem vontade.
— Você sabe que fica linda de qualquer jeito, não é? Prometa para
mim que não vai ficar irreconhecível. Aquelas maquiagens todas, você
nem precisa disso. É linda! — Pego seu cabelo e puxo-o. — Cheirosa. —
Aproximo-me do lóbulo de sua orelha e aspiro seu cheiro doce e sensual.
— Deliciosa — digo e por fim viro-a de frente para mim no mesmo
instante. Beijo sua boca linda, Érica possui lábios bem desenhados, que a
deixam parecendo uma boneca. Enganadora.
— Você tem que me levar. — Ela me afasta aos risos e pego a chave
do carro e saímos depois de trancar a casa.
Com o tempo que temos passado juntos, já nos acostumamos com a
casa um do outro. Érica, às vezes, me esquecia, quando Max voltava da
casa dos meus pais. Ele é meu cachorro. Mas, como tenho dias intensos
na empresa, quase não tenho tempo para cuidar devidamente dele.
Infelizmente. Meu cão é meu grande amor. Sempre esteve comigo. Meu
companheiro. Sinto muito em ter que deixá-lo as vezes. É um golden
retriever lindo.
Sorrio e acelero em direção ao salão da mulher ao meu lado, que está
curtindo Thunderclounds, da Sia, Diplo & Labrinth. Ela canta a plenos
pulmões o refrão e, quando paramos no sinal, encaro-o e fico
impressionado com sua voz forte.
Não deixarei que nada nos afete nesse dia. Mesmo sabendo do risco
que estamos correndo. Meus olhos varrem cada canto do salão luxuoso
de festas. Jonas também e todos os seguranças estão atentos a cada passo
daquele monstro. Logo no dia mais importante esse homem tem que
aparecer. Como posso viver sem poder me envolver com ninguém? Por
mais que corroa minha alma lembrar o que perdi, depois que conheci
Érica senti tudo de uma vez. Depois dela não havia encontrado mulher
alguma que me fizesse sentir daquele jeito.
— Dá para você curtir a festa um pouco? — ela me pergunta se
virando, seu perfume doce me atinge mexendo com todos os meus
sentidos. Seu sorriso ousado me atinge. Fico louco com o desejo de
possui-la.
Depois de conversar com todos penso que merecemos um momento a
sós. A música que toca no ambiente é perfeita para o que tenho em
mente. Kiss Me, de Ed Sheeran. Ela me encara com um olhar intenso.
Nossos corpos se encaixam perfeitamente e de forma deliciosa. Nada
poderia ser mais perfeito. Seu corpo colado ao meu me deixa louco.
Aquela mulher é minha perdição. E estou gostando muito de me perder
nela inteira. Planto um beijo em seu pescoço e fecho meus olhos me
esquecendo de onde estou e posso apostar que Érica também se sente
desse jeito.
Não há nada no mundo que me faz tão bem quanto ter essa mulher
em meus braços. Posso adorar não me amarrar a ninguém devido ao meu
passado. Só que, às vezes, me pergunto se sou capaz de viver assim por
muito tempo.
“Amy Hughes foi encontrada morta em seu apartamento pelo seu noivo
Alexander Ramaro.”
Abaixo dessa frase há ainda algo dizendo que ela não havia sido
assassinada, porque seu apartamento não havia sido arrombado, seu
corpo também não foi encontrado com provas de alguma agressão física.
A biópsia comprovou que foi um ataque cardíaco fatal e, como ela estava
sozinha, não teve socorro. Estranho demais.
Paro e olho para o nada em minha sala, não seria certo eu descobrir
assim, mas ele sabia que corria o risco de descobrir, já que pediu que
pesquisasse. Fico preocupada e pensando se Alexander ficará chateado
comigo por ter cavado tão fundo. Mas não havia como não descobrir
tudo. Fico mexida com aquilo, abro a pasta zipada e encontro várias
imagens com a data da morte da mulher. Nelas só tem um homem
entrando e saindo do apartamento dela e ele é Nathan encapuzado e com
a aparência totalmente diferente. Mas o zoom que meu querido amigo
me enviou é perfeito. Temos aqui prova suficiente para colocá-lo na
cadeia. Só que antes preciso mostrar tudo ao meu namorado. Como será
que ele reagirá?
“Essa garota é selvagem
Três vez, e eu fiz com ela do jeito mais cruel
Ela ama esse estilo e ama esse perfil (Uh)
Quarta vez, fiz com ela aquele amasso
Ela fica louca, perde a cabeça.”
Contra La Pared | Sean Paul with J Balvin
Não importa quanto tempo passe desde o pior dia da minha vida.
Aquele que me deixou literalmente sem ar, mas não foi por algo bom e
sim por ter perdido a mulher que se tornaria a mãe de meus filhos. Sabia
que esse momento chegaria, aquele em que teria de contar a Érica toda a
verdade. Reuni forças para colocá-la a par de tudo, ela além de ser linda e
competente é uma mulher forte. Sei que a vida não foi fácil para ela
também.
— Alexander, quando se sentir realmente pronto, ok? — Ela afaga
meu cabelo em que já passei a mão nervosamente muitas vezes hoje.
— Tudo bem, meu amor. Esse momento ia chegar e já sabia disso.
Ela beija meu rosto e fecho os olhos começando a me lembrar de
como tudo começou.
— Quando estava começando a comandar as Indústrias Ramaro, meu
pai me deu carta branca para mudar o que quisesse na empresa, digo na
questão do layout. Então procurei uma arquiteta famosa da época. Minha
mãe me indicou a Amy Hugles, procurei informações sobre o trabalho
dela e me encantei com tudo que já havia feito. Marquei um horário para
que pudesse conhecê-la e falar sobre o que queria para o ambiente da
empresa. — Respiro fundo para o que vem a seguir. Tomo um pouco da
água que Érica traz.
— Pode parar quando quiser, meu amor.
— Cheguei ao prédio da empresa de arquitetura dela e aguardei, a
recepcionista me recebeu muito bem, disse que em alguns minutos a
Srta. Hugles me atenderia. Lembro-me de ter observado todo o ambiente,
que era elegante e confortável. Um local muito bonito e sofisticado.
Levantei-me para ir ao banheiro e passei por um corredor, escutei gritos
e instintivamente apertei o passo, cheguei próximo de onde estava o
barulho e abri a porta quando um homem, no caso Nathan Anger, estava
dando um tapa forte na mulher, que era sua noiva, Amy Hugles. Aquilo
me deixou louco. Fui dominado pela raiva. Entrei correndo e o soquei
forte, ele caiu no chão e corri para ajudar a mulher. O que me deixou
mais triste foi ver o olhar dela vazio, sem brilho. Uma mulher tão linda,
mas com tanto sofrimento por trás de seus olhos.
— Meu Deus, Alexander! Nathan não pode estar solto por aí, ele deve
estar fazendo isso com outras mulheres.
— Eu tenho medo que faça algo com você, e a tire da minha vida. —
Começo a chorar descontroladamente. — Não suportaria, Érica — digo
abraçando-a e depois volto a contar tudo a ela. — Ele a tirou de mim,
porque eu o denunciei quando o peguei batendo nela outra vez, mas ele
conseguiu se livrar, não sei como. Me apaixonei por Amy, cuidei e amei
aquela mulher como ela merecia. Quando a encontrei morta, fazia uma
semana que havíamos dado a nossa festa de noivado. Cheguei tarde em
seu apartamento, ele a envenenou e comprou todo mundo. Não consegui
provas para incriminá-lo. Fiz de tudo, Érica!
Encarei seus olhos e eles estavam tomados por lágrimas.
— Chore, meu lindo. Sei que dói muito tudo isso, desculpe fazê-lo
reviver esses momentos.
— Fui um fraco por não conseguir fazer nada, entende meu medo
agora?
— Nunca mais diga que é um fraco, Alexander Ramaro. Você fez tudo
que podia por ela e isso provocou a ira e o sentimento de vingança no
Nathan — ela me diz aquilo encarando-me seriamente.
— Meu amor — digo desnorteado. Ela é a única mulher que amei
depois de Amy, não posso nunca permitir que Nathan Anger a pegue.
— O problema não é com você, aquele homem é um monstro e farei
de tudo para colocá-lo, onde ele já devia estar, atrás das grades.
— Não quero que se meta nisso, Érica, não quero perdê-la. Não viu
como ele se aproximou de você naquela noite da festa?
— Ah, meu boyzão! Você ainda não me conhece totalmente, ele que
não perde por esperar, porque, acredite ou não, eu tenho provas de que
ele esteve naquele apartamento.
— Como assim? — pergunto querendo saber como ela descobriu algo
assim.
— Estou te dizendo, já enfrentei homens como ele, sei que Nathan é
milionário, mas conheço algumas pessoas e farei um barulho enorme se
elas não me ouvirem.
— Meu Deus, Érica, isso é perigoso! E se ele souber que temos algo?
— Ele não vai saber, está preocupado em atingir você, não vê que está
nos seguindo, foi na festa. Conheço o modo de agir de homens assim,
sociopatas que vivem para ver o sofrimento dos outros e sentem prazer
com isso.
— Érica, temos que pensar bem, não suportaria se algo acontecesse a
você.
— Vamos agir naturalmente, como se não estivéssemos preocupados,
enquanto eu estarei movendo os céus e a terra para começar uma guerra
se preciso for.
— Minha nossa, você é muito mais forte que pensava! — Abraço-a
admirado demais com a coragem que ela demonstrou ter consigo. Não
poderia esperar menos de uma mulher como Érica.
— Te avisei que você não me conhecia totalmente ainda, mas vai
conhecer aos poucos e vai perceber que não sou mulher como as outras,
Alexander. A vida me ensinou de um jeito muito duro sobre as pessoas e
de como lidar com elas.
— O que eu fiz para merecer você?
— Ah, Alexander, você é um homem maravilhoso e que respeita uma
mulher.
— Eu te amo demais, sabia? — digo sentindo meu coração pulsar
como louco em meu peito.
— Não sabia, dá para repetir? — Ainda consegue ser engraçadinha
em meio a tudo isso.
— Te amo, minha linda e guerreira — repito e tomo seus lábios nos
meus de um jeito desesperador. Puxo seu cabelo com vontade
acreditando que aquela mulher forte, corajosa e destemida estará ao meu
lado, seja como for. Ela estará comigo, é uma certeza que sinto em cada
célula do meu corpo. Quando finalizo o beijo puxando seu lábio inferior,
seus olhos me encaram cheios de emoção e amor. Ela está chorando.
— Não importa nada que esteja no seu passado, para mim você é e
sempre será o meu Alexander Ramaro, meu boyzão lindo, forte e
corajoso. Sei que fez tudo o que pôde na época para proteger a Amy. Não
duvidei de você nem um segundo. Te amo ainda mais por saber do
homem que é, meu amor. Estaremos juntos para enfrentar o que for
preciso. Não me afaste disso, porque não desisto fácil e será pior se fizer
algo pelas minhas costas ou se ficar no meu caminho, ok?
— Tudo bem, meu amor. — Beijo sua testa e ela sorri.
— Muito bem, Sr. Ramaro.
Voltamos ao trabalho depois de conversar sobre tudo que ela
descobriu sobre Nathan. Qual não foi minha surpresa quando descobri
que ele faz muitas coisas erradas e ilegais. Realmente o dossiê que Érica
conseguiu é completo. O amigo dela é realmente o melhor em
investigação. Depois de muito conversarmos questiono:
— Érica, quem é esse seu amigo investigador?
— Alexander, está com ciúmes? — retruca em tom de brincadeira.
— Não, só curioso já que o cara é tão bom.
— Bom, é um segredo, ele está na cidade a trabalho e não nos
encontramos por causa disso. Só nos falamos por telefone e e-mail.
— Minha boca é um túmulo — sigo sorrindo para ela.
— Alexander! — Ela me dá um tapinha de leve chamando minha
atenção. — Ele trabalha com disfarces, está em um caso secreto, então
não podemos falar mesmo nada.
— Nossa, nunca conheci um investigador com disfarce.
— Argh, Alexander! Ele se chama John Walker, trabalha com uma
agência importantíssima de investigação mantida pelo governo.
— Então ele é muito confiável, isso é excelente. Gostei de saber, não
se preocupe, que será nosso segredinho, meu amor.
— Não brinque com isso, Alexander! — Érica fica brava e adoro isso,
fico mais apaixonado quando a vejo assim.
— Sabia que, quando está brava assim, fica ainda mais linda e
irresistível?
— Oh, não sabia! — Ela coloca a mão na boca fingindo estar passada
com o que eu disse. Ah, essa mulher é demais! Aproximo-me dela
devagar.
— Não sabia, meu amor?
— Claro que não, meu boyzão.
Tomo-a em meus braços pressionando-a na parede mais próxima. Em
segundos estamos sedentos um pelo outro e só sei desejar ter seu corpo
junto do meu mais e mais. Abro seu vestido e bebo da visão de seus seios
naquele sutiã preto de renda, é a visão mais linda do mundo. Beijo-os e
meu olhar segue mais para baixo quando deixo seu vestido cair no chão.
— Você é uma tentação ambulante, Srta. González. — Fito seus olhos,
que são pura luxúria. Pego sua mão e levanto-a. — Dê uma voltinha,
senhorita. — Ela faz o que peço e fico maluco, sua calcinha de renda
transparente forma um coração em sua bunda deliciosa. — Porra! —
digo sem controle enquanto espalmo minhas mãos em sua nádega. —
Você pede por isso, sabia? Vestindo uma lingerie sexy assim!
Ela geme e fico ainda mais louco para possui-la e é isso que faço, abro
minha calça e desço-a junto com a cueca boxer. Rasgo sua calcinha e
jogo-a no chão. Pego a camisinha no bolso da calça e me aproximo dela.
Giro-a de frente para mim novamente. Nossos olhares se cruzam e vejo
fogo e amor. O desejo intenso de nos entregar um ao outro.
Em uma promessa silenciosa possuo cada centímetro seu, arrancando
gemidos deliciosos de sua boca até ouvi-la chamar meu nome alto. Beijo
sua boca para abafar o som, mas é demais, estoco com vontade em sua
bocetinha molhada e apertada. Estar dentro dela é um paraíso, meu
lugar, onde sempre quis estar.
“Estive correndo pela selva
Estive correndo com os lobos
Para chegar até você, para chegar até você
Passei pelos becos mais sombrios
Vi o lado negro da lua.”
Wolves | Selena Gomes feat Marshmello
Não sei ainda como dizer a Alexander sobre esse encontro de hoje, na
verdade estou me arriscando. Mas, teimosa como sou, não posso deixar
de ter a oportunidade de jogar com aquele homem doente. Ele pensa que
sabe tudo e, principalmente, que pode tudo. Conheço bem o modo de agir
de psicopatas como Nathan Anger.
Depois da noite de amor que Ramaro e eu tivemos, fiquei ainda mais
certa de que precisava agir. Pensando nisso o resto da madrugada,
mandei uma mensagem para meu amigo John Walker. Ele criou um
disfarce para mim, peruca loira, corte curto, roupas ousadas e lentes
verdes. Chamamos um maquiador que disfarçou todas as pintinhas e
características do meu rosto verdadeiro. Criamos uma personagem que
faria o papel da verdadeira mulher que carrega aquele nome. Sentada
naquele restaurante estava eu repassando tudo que combinamos.
— Boa tarde, Srta. Rockless. — Sua voz grossa toma o ambiente, viro-
me com cuidado. Estou com medo dele me reconhecer, apesar de termos
nos visto muito rapidinho na festa da Ramaro,
— Olá, Sr. Anger, é um prazer poder encontrar com o senhor — digo
sem titubear.
— Oh, por favor, não me chame de senhor, desse jeito me ofende. —
Percebo que ele não reconhece minha voz, ponto para nós. John havia me
dado algumas dicas de como mudar um pouco a voz. Coisas de um dos
melhores agentes de disfarces da vida.
— Ah claro, me desculpe.
— Tudo bem, não esperava que fosse tão linda, Srta. Rockless.
— Vamos deixar as formalidades de lado um pouco, pode me chamar
pelo primeiro nome que é Sara.
— Um nome muito bonito e você pode me chamar de Nathan.
— Sim, vamos ao que interessa então. Sei que o senhor tem uma
empresa de Marketing, tenho conhecimento de que é a melhor do
mercado.
— Isso, em que podemos lhe ajudar? — questiona fazendo um
charme, que consigo enxergar como bem simulado. Algo que faz sempre
com as mulheres, gosta de dar em cima e ver onde que vai dar.
— Bom, não preciso dos seus serviços de marketing.
Vejo seus olhos ficarem bem escuros e tomados por algo sombrio.
— O que precisa então?
— Preciso de algumas meninas, se é que me entende, na verdade é
urgente.
— Como soube disso? — pergunta meio desconfiado.
— Soube através do Billy, ele é um grande amigo meu, pode
confirmar se quiser. — Entrego a ele o celular com o número que John
havia conseguido.
— Sim, claro. — Ele disca e o tal homem atende rápido, graças a Deus.
— Billy, meu amigo, como vai? Sim, sim. Poderia me dizer se posso
confiar na sua amiga Sara Rockless? — Ele só concorda escutando o que
está dizendo. Seu olhar não deixa de me encarar. Estou sendo examinada
descaradamente. Sorrio para tentar amenizar seja o que for que o tal
Billy está dizendo. — Muito bem, vou fechar negócios com ela, obrigado.
Até mais. — Ele me entrega o celular que John havia me arrumado, não
sei como aquele homem conseguia fazer tudo aquilo. É um excelente
profissional.
— Então, Sara, Billy me falou muito bem de você. Vamos fechar
negócio? De quantas meninas precisa?
— Preciso de três, sabe como é, algumas deram com a língua nos
dentes e tive muitos problemas — digo tentando parecer bem enfática e
sem piedade.
— É claro, algumas gostam de mostrar esperteza, mas é só eliminar
que fica tudo bem. — Engulo em seco e resolvo tomar um pouco do suco
que estou tomando.
— Podemos marcar um local para entregá-las a você. Eu mesmo farei
os testes, faço questão. Já que é uma amiga queridíssima do Billy. Ele
falou muito bem de você.
— Oh sim, nos conhecemos há muitos anos e sempre que podemos
nos ajudamos. Aprecio a amizade dele e principalmente a confiança.
— Sim, claro, aprecio isso com meus negociadores também.
— Qual o valor das meninas? — pergunto me sentindo enojada em
saber que negociam pessoas como mercadorias. Esse é um dos crimes
que Nathan comete de forma anônima.
— Darei um desconto para você, me envie o que precisa
especificamente.
— Sim, quero receber antes um portfólio completo — digo com base
nas informações que coletamos da verdadeira Sara Rockless, que está
detida com o pessoal do John.
— Então manteremos contato. — Ele se levanta e me oferece sua
mão. Aperto-a firmando nosso combinado. O Sr. Anger não perde por
esperar. Saímos seguindo direções diferentes. Olho para todos os lados
tentando ver se alguém está me espionando. Sigo andando pelas ruas,
viro à esquerda e entro no carro preto parado que me aguarda.
— Deu certo? — John me pergunta e sorrio vitoriosa.
— Claro que deu certo, sou uma excelente atriz.
— O que combinaram?
— Ele ficou de me enviar um portfólio com opções de meninas e
depois veremos os valores. Fiquei enojada com essa situação. Vamos
embora logo, preciso respirar.
— Ah sim, claro! Motorista, por favor, acelere esse carro.
Ele faz o que meu amigo pede e depois disso conversamos sobre
todos os detalhes da tal negociação. Conto a ele da ligação que fizemos ao
Billy, ele disse que com isso pegaremos todos eles. Tiro a peruca assim
que chegamos na rua do meu prédio. Despeço-me dele e agradeço-o
muito. Desço correndo e entro rapidamente, passo direto na recepção.
Não gostaria que alguém me visse daquele jeito. Pego o elevador e
aguardo impacientemente. Alguns segundos e chego ao meu andar. Fico
pilhada até com a porta, que parece ter demorado muito para abrir. Rolo
os olhos e passo pelo corredor andando depressa. Já com a chave na mão,
destranco a porta e entro em meu apartamento. Fecho e tranco a porta.
Enfim posso respirar tranquilamente. Estava preocupadíssima de que
alguém estivesse nos seguindo ou algo assim.
Sigo direto para o meu quarto que está vazio, mas tomado pelo
perfume delicioso do meu namorado. Ah, Alexander Ramaro!
Penso no quão longe estou indo por esse homem. Nunca fiz isso
antes. Só que não quero mais abrir mão de viver minha vida para cuidar
somente da minha família. Amo-os muito e faço de tudo para que não
falte nada a eles. No entanto, essa é a primeira vez que me permito sentir
algo por alguém e poder viver esse sentimento em plenitude. E não é
agora que estou amando, que irei permitir que alguém fique em nosso
caminho ou nos atrapalhe.
Tiro aquela roupa muito colada, algo que não usaria. Claro que não
sou contra aquele tipo de roupa, mas mesclaria com uma blusa mais leve,
algo com um caimento bonito. Depois de tirar aquela roupa, limpo o
rosto tirando a maquiagem com um removedor. Escuto meu celular
tocando, havia esquecido dele na bolsa. Corro para pegá-lo e vejo o nome
do homem que faz minhas pernas bambearem e meu coração acelerar.
Sorrio e respiro fundo.
— Oi, meu amor! — Digo toda amorosa para disfarçar um pouco o
nervosismo.
— Minha linda, por onde você andou a tarde inteira?
— Estive resolvendo algumas coisas de família, sabe como é, né?!
Ele bufa aliviado e sinto-me mal por ter que esconder dele sobre o
episódio da tarde.
— Está tudo bem? Precisa de alguma coisa?
— Claro que está, meu boyzão. Não se preocupe. Só quero que venha
logo para o meu apartamento. Estou esperando-o ansiosamente, vou
tomar um banho agora e ficar cheirosinha para você.
— Em menos de trinta minutos, chegarei. Pode me esperar, minha gata
cheirosa. — Sua voz grossa me acende inteirinha.
— Venha logo, meu boyzão.
— Já chego aí, minha linda, para te amar do jeito que merece. Tive um
dia difícil e você não sabe como esperei para que ele acabasse.
— Somos dois. Beijos, meu lindo.
Ele me manda beijos e nos despedimos. Odeio ter que esconder algo.
Porém, nesse caso, é necessário. Alexander armaria um escândalo
daqueles se soubesse de nossos planos. Entro no banheiro e tomo um
banho quentinho, lavo meu cabelo e hidrato minha pele com um óleo.
Adoro o cheirinho doce e suave que exala no ar dentro do banheiro. Seco
o cabelo um pouco na toalha. Depois visto um roupão felpudo. Volto para
o quarto e resolvo colocar aquelas roupas dentro de uma mala, que deixo
bem escondida no closet.
Penteio o cabelo e depois sigo para a sala, ligo o sistema de som do
meu apartamento. Coloco para tocar minha playlist preferida. Let’s Get
Loud, da Jennifer Lopez, uma das cantoras que mais admiro. A música me
relaxa e faz esquecer das coisas ruins pelas quais passei no meu dia.
A única parte realmente boa do meu dia, quer dizer a mais perfeita é
estar com meu boyzão. Meu homem lindo, charmoso e muito
competente. Ele dá um duro para manter a empresa de sua família e
todos seus funcionários trabalhando. Com o tempo aprendi muito sobre
ele, aliás, que sempre cumprimenta a todos por onde passa. É educado,
gentil e compreensivo. Sei que tem seus momentos de estresse também,
na mesma proporção que é maravilhoso é um teimoso ignorante.
Resolvo fazer uma massa ao molho de tomate. Corro para a cozinha
dançando e bem animada. Nem sempre tenho vontade de cozinhar, mas
hoje meu boyzão merece, já que teve um dia difícil. Nem todos os dias são
de glória na presidência de uma empresa. Muitas pessoas pensam que é
às mil maravilhas. Coloco a água para ferver, espero ela estar quente e
não fervendo para colocar o macarrão. Enquanto isso pego um tomate e
cebolas para ralar. Faço isso dançando e nem percebo que meu
namorado chegou, só quando ele me agarra por trás bem forte com seus
braços musculosos, que posso sentir mesmo através da camisa de manga
longa. Sorrio e paro o que estou fazendo.
— Mas vejam só, Érica González, está cozinhando para seu
namorado?
— Que novidade, não é mesmo?
— Muito deliciosa, aliás, principalmente quando fica dançando desse
jeito. Sua bunda me fez salivar. Meu amor, que visão!
Sorrio feliz por tê-lo surpreendido, viro-me e ele me pressiona no
balcão. Em um segundo sua boca toma a minha com fervor e vontade.
Sua língua devora cada canto da minha boca como se dependesse disso
mais que tudo. É exatamente assim que me sinto em relação a ele.
Alexander mudou minha vida e não me arrependo de nada que fizemos
até agora. Só espero que ele entenda o que estou fazendo para nos salvar.
“Espere, se eu estou pegando fogo
Como posso estar tão apaixonado?
Quando sonho que estou morrendo
Eu nunca me senti tão amado.”
Trampoline | SHAED
Acordo no outro dia no sofá com a cabeça pesada, abro um olho e vejo
que nem troquei de roupa. A garrafa de uísque está no chão ao lado do
sofá. Levanto-me devagar e esfrego os olhos. Pego o celular e vejo que já
passam das dez horas da manhã. Meu Deus! Que loucura, quanto tempo
fiquei dormindo! Sigo para o meu quarto, preciso de um banho e ligar
para o meu amigo Jonas urgente. Antes, é claro, preciso falar com a Érica.
Não posso mais adiar nossa conversa.
Tomo um banho gelado, pego um remédio para ressaca e bebo junto
com um suco de laranja que havia na geladeira. Depois disso, termino de
me arrumar e pego o celular. Ligo para Érica e cai direto na caixa postal,
acho estranho isso. Apesar de saber que ela deve estar com raiva por eu
ter ido embora. Quão burro e idiota eu fui? Deixei-a preocupada e
passando mal, lembro-me de que ela estava enjoada quando fui àquele
banheiro.
— Porra, Srta. González! — esbravejo e fechando os punhos me
segurando para não bater na próxima parede. Que tamanha idiotice, fui
tão horrível. Oh, minha nossa! Pego a chave do carro e resolvo ligar para
o meu amigo enquanto vou para a empresa. Entro o conecto o celular ao
sistema de som do carro, procuro seu contato e disco. Aguardo-o
atender, o que não demora mais que três chamadas.
— Alexander, cadê você? — indaga com escárnio, meu celular estava
no vibratório, não vi nenhuma ligação e estava morto no sofá. Havia
chamadas perdidas dele também.
— Jonas, estava em casa. Érica e eu discutimos ontem e preciso que
me diga onde ela está porque o celular dela só cai na caixa postal — digo
sentindo um peso enorme em meu peito. Uma agonia anormal.
— Ela não veio à empresa hoje, pensei que vocês dois estivessem
juntos, estava te ligando só para saber se estava tudo bem.
— Brigamos ontem, ela me escondeu algo. Preciso que ligue para a
família dela, no cadastro dela tem os contatos. Já chego na empresa. —
Desligo nervoso, acelero o carro e, em alguns minutos, chego.
Coloco todos atrás de Érica, ligo incansavelmente para seu celular,
que só vai direto para caixa postal. Deixo várias mensagens. Por fim,
estou descabelado e preocupadíssimo com ela. Jonas ligou em todos os
contatos e seus irmãos disseram que não a veem tem alguns dias.
— Se chegar à noite e não a encontrarmos, teremos que acionar a
polícia Alex.
— Ela tem que estar em algum lugar, pelo amor de Deus! Isso foi um
castigo dela, aquela mulher é ousada que só, Jonas! Só pode ser
brincadeira. Cada vez que penso, minha cabeça ferve de tudo de ruim que
ela pode estar passando.
— Por que você a deixou sozinha também?
— Idiota, inconsequente que sou! — digo tremendo de raiva,
passando a mão pela milésima vez no meu cabelo. Posso ficar careca,
tamanha a força que uso para isso. Viro-me de costas. — Ela estava
passando mal, cara! Que homem faz isso?
Aquilo me machuca em alto nível, soco a parede sem parar até meus
dedos ficarem roxos.
— Meu Deus, me ajude! Que nada tenha acontecido a ela — falo
repetidamente depois que Jonas sai da minha sala. Ninguém sabe para
onde ela foi, o porteiro do prédio disse que ela saiu cedo e não retornou.
Um carro preto a pegou. Não tivemos nem como ver nada nas câmeras de
segurança. Bufo e coloco as mãos na testa. Choro feito um menino, sem
vergonha de alguém me pegar ali naquele estado. O Sr. Alexander
Ramaro, CEO implacável. É assim que me chamam nas colunas sociais.
Odeio isso. Ter que ser considerado inalcançável. Algo que nunca fui,
olha só agora meu estado. Algo me atingiu, melhor dizendo, o amor me
alcançou e enlaçou.
— Alex, ligaram agora do hospital. Ela está internada e em cirurgia.
— Meu Deus do céu, o que aconteceu com minha linda? — Saio
desesperado pegando a chave do carro, Jonas a toma da minha mão e o
encaro incrédulo.
— O que foi? Não vai me deixar ir vê-la. Não tem nada e nem ninguém
capaz de me impedir de ir até ela.
— Não vai sozinho, irei dirigindo. Você não está em condições de
dirigir, olha só seu estado nervoso.
— A minha namorada está no hospital, passando por uma cirurgia e a
culpa é minha.
— Grande parte da culpa é sua mesmo, pois a deixou sozinha
passando mal e não deu tempo a ela de se explicar.
— Não faça me sentir pior do que já estou, vamos logo!
Saímos do prédio e estou impaciente até com o elevador que parece
estar parado no tempo.
— Meu Deus, que coisa mais engonçada.
— Acalme-se, Alexander Ramaro. Iremos vê-la em alguns instantes.
Segure essa onda aí, senão pode ser expulso do hospital.
— Estou tentando, Jonas, mas é difícil. Imagine se fosse sua
namorada. Eu não sei onde ela esteve e o que aconteceu. Pelo visto foi
algo sério, pois estão em uma sala de cirurgia.
Depois disso, entramos no carro e saímos do estacionamento no
térreo, logo Jonas ganha as ruas e acelera o tanto que pode, porque sabe
do meu desespero para ver Érica. Preciso tocá-la para saber que está
tudo bem. Não sairei de seu lado para nada.
Assim que chegamos ao hospital, Jonas me deixa na porta, já que não
pode estacionar em frente, por ser proibido.
Entro já procurando na recepção alguma informação. A recepcionista
me encaminha para a sala de espera para familiares de pacientes que
estão em cirurgia. Não me dá nenhuma informação. Fico puto e sigo para
o local tentando me conter, pois estou em um hospital. Sento-me em um
dos bancos e espero por alguma notícia.
Passados alguns minutos, Jonas entra na sala e só consigo balançar a
cabeça para ele, estou tão preocupado. Foi tudo culpa minha, não estava
ao lado dela para ajudá-la. Que tipo de homem sou? Não me cansarei de
martirizar sobre isso e gostaria de saber o que aconteceu. Passados uma
hora no completo silêncio da sala, quer dizer na verdade há uma família
aguardando também, a mulher chora copiosamente enquanto um jovem
rapaz e uma moça tentam acalmá-la. Sei que isso não é suficiente para
alguém que aguarda ansiosamente por notícias de seu familiar que está
em uma sala de cirurgia.
Depois de mais dez minutos, uma médica sai com a roupa rosa. Ela
parece cansada e me preocupo em ver sua expressão.
— Familiares da Srta. Érica González.
— Sou eu, doutora.
— Podemos conversar a sós? — pergunta e meu coração dispara. Nos
afastamos e ela me leva para uma sala privada.
— O que aconteceu com a Érica? Pode falar, doutora.
— Sim, sou a Dra. Emily Sloan e sou cirurgiã obstetra. A sua esposa
chegou aqui sangrando muito. Ela sofreu um acidente de carro e fizemos
de tudo para que não perdesse o bebê — quando ela diz isso fico
atordoado e ligo os pontos, ela estava enjoada na noite passada, não
sabíamos.
— O bebê, foi isso que você disse?
— Sim, não sabia que ela estava grávida?
— Não sabíamos, Dra. Sloan. Ela estava passando mal ontem à noite,
mas tenho certeza de que ela não sabia disso ainda.
— Desculpe-me, sinto muito. A senhorita Érica González passa bem,
mas precisa permanecer no hospital para se recuperar da cirurgia.
Recomendamos que vocês falem com um psicólogo sobre tudo isso.
Quando ela acordar e souber de tudo será um baque enorme. Érica
chegou inconsciente. Estava sangrando muito e fizemos de tudo para que
ela sobrevivesse. Infelizmente, não deu para salvar o feto a tempo.
Sentimos muito a sua perda.
— Quantos meses ela estava?
— Cinco semanas, ela estava iniciando o segundo mês de gestação.
— Obrigado. — Ela sai depois de dizer que poderia ver minha esposa
depois de uma hora. Não tive coragem de desmentir e dizer que Érica e
eu somos somente namorados. Estou tão transtornado que deixo as
lágrimas e o peso daquele dia nebuloso cair.
Não sei por quanto tempo fico naquela salinha até outro médico pedir
licença para usar. Saio e Jonas está sentado no banco me esperando.
Encaro-o com os olhos nublados pelas lágrimas e o coração doendo.
— O que aconteceu, cara? Como está a Érica? — pergunta me
sacudindo, preocupado também.
— Ela perdeu o nosso bebê em um acidente de carro. Nosso bebê,
Jonas! Eu não estive lá para protegê-los. Como pode isso? — pergunto a
ele tomado pela tristeza, porque a verdade era que mesmo que não
estivéssemos prontos para sermos pais, eu faria de tudo para ser o
melhor para ele e minha linda.
A enfermeira nos avisa em qual quarto Érica está e, assim que
chegamos lá, Jonas me deixa entrar sozinho. Vejo que há algumas
pessoas chegando. Penso que deve ser seus irmãos. Só que entro no
quarto antes de poder vê-los. Preciso ver como ela está antes de tudo.
Então a vejo deitada naquela cama de hospital, ligada a tantos aparelhos.
Vejo alguns ferimentos em seu rosto e braços. Ela respira com os
aparelhos. Aquilo me dói muito, ver seu rosto sem cor nenhuma, sem o
desenho de seu sorriso.
Transtornado é a palavra que melhor descreve como me sinto ao vê-
la daquela forma. Então o vejo na janela do quarto nos observando. Dá
um sorrisinho e sai como um fantasma. Aquele monstro, sabia que era
ele e não me cansaria até colocá-lo em seu lugar. Não posso mais ficar
parado assistindo-o acabar com a minha felicidade e de minha mulher.
Ele pagará cada lágrima que derramamos e cada sofrimento que está nos
fazendo passar ou não me chamo Alexander Ramaro. Estou passando da
hora de ser implacável.
“Onde quer que vá
O que quer que faça
Estarei bem aqui esperando por você
O que quer que aconteça
Ainda que machuque meu coração
Estarei bem aqui esperando por você.”
Right Here Waiting | Richard Max
Aquela noite não havia conseguido dormir, estou passando muito mal
de enjoo e minha cabeça está longe, na verdade dando voltas. Alexander
me deixou sozinha passando mal. Por mais que tenha feito algo errado,
que foi esconder dele tudo que estou tramando contra o Nathan, eu
merecia uma chance de me explicar. O que não tive. Começo a me
questionar se realmente vale a pena ficar com um homem que corre
quando as coisas ficam difíceis. Porque, enquanto estamos bem, é só
amor. Agora ele correu e me deixa sozinha passando mal.
Pior ainda é acordar e ver que todas as minhas mensagens e ligações
não foram retornadas. Cochilo em algum momento de madrugada e
acordo com o celular tocando. É John, ele já recebeu o portfólio e temos
que enviar a resposta. Tomo um chá e não como nada, estou sem fome.
Entro na ducha morna e relaxo, minha cabeça está a mil pensando em
como farei tudo aquilo.
Depois do banho, me arrumo, pego a bolsa e sigo para o hotel onde
John estava me aguardando. Subo ao décimo andar e assim que entro ele
me pergunta se está tudo bem.
— Você notou se estava sendo seguida? — Como assim? Minha mente
está fraca demais e nem prestei atenção a isso.
— Não, vim sem olhar para atrás, minha cabeça está uma confusão,
fora que o mal-estar não passou. Nem café tomei pela manhã — digo
pensando no que teria me feito mal.
— Tem que prestar atenção, Érica, esse Nathan é controlador e
alguma coisa me diz que ficou desconfiado de algo. O e-mail dele foi vago
demais e disse que precisava entregar as meninas hoje à tarde.
— Como assim? — Entro em desespero, logo hoje que não estou me
sentindo bem.
— Teremos que fazer isso, sei que não é o momento certo, mas se
negarmos ele pode desconfiar de algo.
— Claro, me arrume um remédio para enjoo, chame o maquiador e
vamos concluir essa missão logo. Você precisa prendê-lo e eu preciso
dele longe do meu caminho.
— Tudo bem. Nossa, você está péssima Érica! Não dormiu bem à
noite?
— Alexander descobriu tudo, brigamos feio e ele foi embora, não
atendeu minhas ligações e nem mensagens.
— Minha amiga, se esse Ramaro não é capaz de entender tudo que
está fazendo por vocês dois e, principalmente por ele, pense bem se vale
a pena ter alguém que sempre corre quando fica difícil.
— Pensei nisso também, pois sei que errei em esconder isso dele, mas
tenho perfeita consciência do que fiz. Só que ele poderia ver pelo lado
bom e ter pelo menos me escutado.
— É isso aí, você merece ser feliz com alguém que compreenda a
mulher que és, forte, destemida e corajosa.
— Sim, nem todos entendem, por isso não gostava de me envolver,
mas Alexander e eu sentimos algo poderoso. Nunca senti isso por
ninguém, sei que é verdadeiro. Mas, vou deixá-lo me procurar agora,
porque não vou ficar atrás mesmo. Assumi que estava errada, só que,
como ele é muito cabeça-dura, saiu e me deixou sozinha.
— É, mas pense bem. E, quando ele vier te procurar arrependido, não
se esqueça de falar que, se ele não mudar isso, não tem como se
relacionarem. Você deve procurar ser sincera também.
— Sim, e ele precisa saber lidar com minha audácia e coragem. A vida
me obrigou a ser assim, você sabe.
— Claro, agora vamos trabalhar para colocar aquele sociopata no
lugar que ele já deveria estar há muito tempo.
Nas próximas horas analisamos o portfólio e fico realmente
impactada em como aquele arquivo parece mais um catálogo de
produtos. Como seres humanos são vistos e tratados dessa forma? Fico
triste e enojada. As fotos são de bom gosto, mas como as meninas são
descritas e custeadas é o que mais me incomoda. Onde vamos parar com
isso? Depois de escolher e enviar a resposta para ele, chega o momento
de me caracterizar de Sara Rockless. Marcamos um encontro em um local
afastado da cidade para não levantar suspeitas.
Quando estou pronta me dou conta de que mesmo Alexander me
ignorando e agindo daquela forma ignorante, eu o amo e farei de tudo
para que Nathan suma de nossas vidas. Espero que ele entenda o que
estou fazendo.
Já no carro seguindo para o local combinado rezo aos céus pedindo
proteção e forças. Ainda não estou me sentindo bem. Quando chegamos
percebo o quanto o lugar é deserto e perigoso. Desço do carro e aguardo.
Sei que John está próximo, mas escondido para não levantar suspeitas.
Um carro preto chega e Nathan desce e pede que eu entre no carro,
sem saber se isso é o certo, entro. Quando me sento no banco, ele entra
do meu lado e o carro acelera. Sai cantando pneus. Esse não era o
combinado. Fico nervosa e sem saber como agir. Ele me encara.
— Sua vagabunda! Achou mesmo que me enganaria?
— Como assim? — pergunto sem realmente saber o que fazer.
— Não venha se fazer de boba, meu pessoal a viu hoje de manhã e
vimos você entrar no hotel em que aquele investigador está hospedado.
Estamos sempre de olho quando um deles chega na cidade e qual não foi
minha surpresa quando soube sobre eles terem visto você entrando
como Érica González e saindo como Sara Rockless.
— Gostou do disfarce? Te enganei direitinho, se não fosse isso...
Ele não me deixa concluir. Me amordaça e amarra minhas mãos e pés.
Sinto-me cada vez mais enjoada, começo a suar e meu estômago fica
pesado. A ânsia começa a tomar conta e, sem conseguir me conter, coloco
tudo para fora. Nem me importo se sujou o carro desse homem nojento.
Depois disso, ele coloca um lenço no meu nariz e caio em uma escuridão.
No silêncio da minha mente, eu me jogo, pois já não há mais volta.
Havia escolhido fazer aquilo. É bem verdade o que dizem por aí sobre as
escolhas que fazemos. Todas têm consequências. Para toda ação há uma
reação. Só espero que John venha ao meu socorro, se é que ainda existo
no mundo lá fora. Mas me deixo ser levada naquele silêncio, uma paz
estranha, mas boa ao mesmo tempo.
Sinto uma dor no braço e abro meus olhos devagar. Vejo as paredes
brancas e uma cama ao meu lado. Então vejo Érica deitada nela. Só posso
estar vendo coisas. Então um bombardeio de lembranças toma conta do
meu cérebro. Ah não, aquilo era mentira. Era um pesadelo do qual eu já
deveria ter acordado. Fico confuso e então Érica me chama:
— Alexander! Você está acordando, meu amor?
— Hã? — Consegui responder baixinho.
— Você está no hospital, foi baleado e precisa descansar um pouco.
Vou chamar as enfermeiras. — Ela aperta um botão e, em seguida, uma
enfermeira entra no quarto.
— Quem me trouxe para o hospital?
A enfermeira checa os aparelhos, pergunta se quero água e digo que
sim, pois sinto uma sede insuportável.
— John, Adrian e uma tal de Sara. — Pego o copo de água e bebo
devagar enquanto escuto Érica me contar o pouco que sabe.
— Ah, vi eles lá no local que encontramos Nathan. O importante é que
pegaram ele.
— Sim, mas ele fugiu. Estamos com seguranças na porta do quarto,
nos corredores, entradas e saídas do hospital.
— Não acredito nisso, estava muito fácil também. Ele deve ter
armado isso e muito mais.
— Claro que armou, é um psicopata, pensa em cada passo que vai dar.
Conheço homens como ele.
— Érica, ele me contou algo que John confirmou para mim.
— O que ele te contou exatamente?
— Érica, ele me contou que seu pai é irmão do meu e somos primos.
Ela fica sem palavras e de boca aberta. Sua expressão muda
totalmente e me vejo preocupado com a mulher que escolhi para ser a
mãe dos meus filhos. E que é minha prima.
— Minha linda, respire fundo.
Ela parece estar se lembrando de algo e fico preocupado. Seu rosto
não esboça nenhuma emoção.
— Érica! — grito novamente e ela fecha os olhos e lágrimas caem
pelo seu rosto. — O que foi?
— O meu pai, quando eu era pequena, fazia alguns negócios obscuros
e que acabaram com nossa vida. Ficamos pobres do dia para noite. Foi
algo surreal. Por causa disso que minha mãe começou a ficar
desequilibrada. Nada fazia sentido em minha cabeça de criança. Porque
eu havia acordado naquele dia e estava tudo normal em nossa vida e, de
repente, quando cheguei da escola tudo mudou. Minha mãe não parava
de chorar e dizer que estávamos perdidos.
— Ah, meu amor, gostaria de poder abraçá-la agora.
— Desculpe, Alexander estou desabafando porque, quando disse isso,
me lembrei de tudo que passamos. Meu pai tinha um nome e depois já
não o tinha mais. Algo totalmente louco e rápido. A vida é assim: uma
hora estamos bem e na outra não mais. Altos e baixos. O que vamos
fazer?
— Quero conversar com meu pai e você tem que estar presente.
— Claro, precisa saber toda a verdade. Por isso, ele me deu o
emprego tão rápido, não fiz entrevista para o cargo na Ramaro. Ele me
ligou, fez algumas perguntas e no outro dia me ligou dizendo que eu
estava contratada.
— Coisas do meu pai, mas ele sabia e ficou calado esse tempo todo.
Ele sabe que estamos juntos. Ainda estamos, não é?
— Claro que sim, mas não quero me separar de você. Fomos feitos
para ficarmos juntos. E logo agora que estamos mais comprometidos um
com o outro.
— Não permito que nada nos afaste ou nos obrigue. — Não poderia
deixar isso acontecer. Não agora que tomei a decisão certa de pedi-la em
casamento. Não desistiria por causa disso. Pelo contrário, quero que esse
casamento seja lindo e que sejamos felizes, mesmo com todas as nossas
diferenças. É isso que faz a vida valer a pena ser vivida.
“Me deixa ir pra casa
Ficará tudo bem
Estarei em casa hoje à noite
Estou voltando pra casa.”
Home | Michael Bublé
FIM
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom de escrever. A minha
família por me apoiar e compreender.
As minhas amigas literárias, que sempre estão comigo; vocês são
demais e me dão muito apoio. Obrigada por estarem sempre presentes:
Ana Deliane, Wilka Maria, Jaqueline Gonchoroski, Mary Dias, Thalissa
Betinelli, Kathriny Bruce e Erica Macedo.
A minha revisora Carla Santos, por ser tão maravilhosa comigo e
minhas histórias.
A capista Layce Design, que ilustrou tão perfeitamente Érica e
Alexander. Obrigada pelo seu trabalho lindo e incrível.
Por fim, agradeço a vocês leitoras que dão chance a minhas histórias.
Muito obrigada por ter chegado até aqui comigo com mais um casal
intenso e cheio de lições.
Caroline Nonato, 29 anos, geminiana, mineira e estudante de
Nutrição, sempre foi apaixonada por livros.
Completamente viciada pela leitura, acabou se encantando pelas
novas sensações que a levaram a começar a escrever.
Em suas folgas da faculdade e do trabalho, tomou gosto e amor pela
escrita e se aventurou na história de seus personagens.
Começou a publicar suas histórias no Wattpad e amou o feedback dos
leitores.
Tomada por emoções intensas e uma inspiração incrível saiu de sua
zona de conforto escrevendo um drama romântico.
Atualmente, possui três obras publicadas na Amazon: Foster, Intense,
The Player e Ramaro. Está postando Marcados por um toque no Wattpad.
Site:
www.carolinenonato.com.br
Fanpage:
www.facebook.com/carolinenonatoromances/
Instagram:
@carolinenonaoautora