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Poder e administração no
capitalismo contemporâneo In:OLIVEIRA, Dalila Andrade (Org.) Gestão
democrática da educação: desafios contemporâneos. Petrópolis, R.J.:
Vozes, 1997. p.15-45.
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Neste sentido, o surgimento de organizações transnacionais no cenário
mundial envolve um padrão de divisões e cortes transversais e de
associações inteiramente novos. Por isso, penso ser mais exato na
atualidade trabalharmos com o termo transnacional para designarmos
as grandes empresas até recentemente denominadas multinacionais,
assim como os novos centros de poder político, que hoje se
desenvolvem.
Como diz Rattner (1978:93), referindo-se a estas empresas, o aspecto
mais importante que elas apresentam não é propriamente a dimensão
ou o volume de negócios, mas a sua ação e visão globalizantes. A
transnacional é uma estrutura sistêmica, em que cada parte deve servir
ao conjunto.
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. os organismos políticos e administrativos oriundos da esfera
governamental, que, apesar de se apresentarem formalmente como
tais, já foram inteiramente cooptados pela esfera de interesses das
grandes empresas;
. as grandes centrais sindicais burocratizadas, que atuam como
gestores da compra e venda da força de trabalho e procuram garantir a
disciplina dos trabalhadores, integrando suas lutas e reivindicações no
quadro estrito da legalidade capitalista, Estas centrais já há muito
tempo reduziram suas atividades à participação em órgãos tripartites e
às negociações com o patronato;
Esta nova estrutura de poder constituída de múltiplos pólos, esvazia o
Estado Central de seus Poderes e atribuições, limitando, de um lado, sua
capacidade de ação, e, de outro, provocando sua desagregação
mediante as privatizações e a cooptação de seus órgãos. A esta nova
estrutura de poder político, Bernardo (1987; 1991 ; 1992) denomina
Estado Amplo, em contraposição ao Estado Nacional, por ele definido
como Estado Restrito. O sistema político que daí emerge, segundo o
autor, é o neocorporativismo informal.
Neo, porque no corporativismo, em sua forma clássica, as relações
triangulares entre governo, empresas e sindicatos processava-se a
partir do Estado Nacional. Era este que ocupava o vértice do triângulo.
Na fase atual, porém, este triângulo apresenta uma hierarquia invertida
com as grandes empresas ocupando o seu vértice. Informal, porque
esta estrutura de poder, embora atuante e decisiva, não está
juridicamente estabelecida.
Esta informalidade entretanto não significa que esta estrutura de poder
seja frágil. Ao contrário, à medida que lhe confere relativa invisibilidade,
preserva-a de ações contestatórias. Além disso, permite-lhe atuar
politicamente, sem, no entanto, obrigá-la a assumir responsabilidades
políticas. Este ocultamento dos reais centros de poder é reforçado
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pela ação da mídia, ela própria integrante do Estado Amplo, que insiste
em apresentar a esfera do político, como constituída apenas pelos três
poderes classicamente definidos: o legislativo, o executivo e o judiciário.
Neste novo corporativismo, o que mudou efetivamente não foram os
seus agentes, mas a hierarquia em que se relacionam. Embora esta seja
uma mudança da maior importância pelas conseqüências que provoca
em toda a sociedade, ela raramente é analisada, aliás, sequer é
referida, na maior parte das análises sobre a esfera do político.
Outro aspecto importante dessas transformações é que, embora o
aparelho de Estado tenha sido desde a sua origem um aparelho de
poder instrumentalizado pela classe capitalista, ele o foi de diferentes
formas. Até há poucas décadas atrás, o nível de concentração de capital
não havia ainda permitido às maiores empresas assumirem diretamente
funções políticas. O aparelho de Estado Central, portanto, ocupava um
lugar de destaque tanto na coordenação da economia, quanto no que
diz respeito à produção e manutenção das condições gerais de produção
e de controle social. O Estado era, então, o local onde as decisões eram
tomadas. Hoje, as grandes decisões são tomadas fora de suas
estruturas formais. O processo decisório decorre diretamente dos
centros de poder do Estado Amplo, e o Estado Nacional só é acionado a
posteriori para operacionalizar e para implementar estas decisões e
legitimá-las do ponto de vista jurídico.
Mas, esta redução da importância do Estado não decorre apenas da
concentração do capital e da atuação dos grandes grupos econômicos.
Também os sindicatos burocratizados a aceleram e a agravam na
prática, quando os seus gestores não só procuram afastar o Estado das
negociações com o patronato, como definem acordos com as empresas,
que ignoram completamente a legislação trabalhista garantida pelo
chamado poder público. Hoje, são os
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A GESTÃO DA EDUCAÇÃO
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É esta uma das razões pelas quais os sistemas educacionais em todo o
mundo entraram em crise e começam a ser reestruturados mais ou
menos rapidamente.
Diante da complexidade crescente do funcionamento dos sistemas
educacionais, em razão da diversidade de situações com que se
defrontam e das diferenciações quanto aos perfis sociais de alunos e
profissionais, a estrutura burocrática e altamente centralizada existente
torna-se inoperante.
Faz-se necessária a descentralização administrativa, inclusive dos
recursos financeiros, o que confere maior autonomia às unidades
escolares, permitindo a elas maior capacidade de adaptação às
condições locais, sem riscos de alterações substantivas ou perturbações
indesejadas em todo o sistema.
Ao mesmo tempo, é necessário uma participação maior dos sujeitos
envolvidos no processo educacional no interior da escola, na exata
medida em que suas responsabilidades aumentam com a
descentralização operacional.
O controle exercido pela organização focal (Ministério da Educação, por
exemplo, ou Secretarias, ou ainda por empresas, no caso de parcerias),
passa a realizar-se basicamente através da distribuição de recursos, da
definição e do controle dos meios de acompanhamento e avaliação dos
resultados, do estabelecimento dos canais de distribuição das
informações, da definição dos padrões gerais de funcionamento das
unidades escolares, que estabelecem os limites em que elas devem
operar e promover as adaptações necessárias para o bom
funcionamento do sistema educacional como um todo.
No âmbito interno das escolas, é fundamental promover formas
consensuais de tomada de decisões, o que implica a participação dos
sujeitos envolvidos, como medida de prevenção de conflitos e
resistências que possam obstruir a implementação das medidas
consideradas necessárias.
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Referências bibliográficas: