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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO
1ª VARA FEDERAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
Praça São Salvador, 62 – 6º andar – Campos dos Goytacazes – CEP 28.010-000 – RJ
Tel.: (22) 3054-3214 Fax.: (21) 3054-3212 – 01vf-ca@jfrj.jus.br

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JFRJ
JUÍZA FEDERAL : GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON Fls 181
PROCESSO : 0153061-75.2015.4.02.5103 (2015.51.03.153061-9)
AUTOR : MINISTERIO PUBLICO FEDERAL
RÉU : MUNICIPIO DE SAO FRANCISCO DE ITABAPOANA

CONCLUSÃO
Nesta data, faço estes autos conclusos
(a)
a(o) MM . Juiz(a) da 1ª Vara Federal.
JRJDNI

Campos dos Goytacazes, 15 de fevereiro de 2016

MARIA THEREZA TOSTA CAMILLO


Diretor(a) de Secretaria

DECISÃO


Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público
Federal em face do Município de São Francisco do Itabapoana/RJ,
objetivando decisão liminar para compelir a edilidade a cumprir, no prazo de 60
(sessenta) dias, as seguintes providências:
a) regularizar as pendências encontradas no sítio eletrônico já
implantado, de links que não estão disponíveis para consulta (sem registro ou
arquivos corrompidos), e promover a correta implantação do portal da
transparência, previsto na Lei Complementar nº 131/2009 e na Lei nº
12.527/2011, assegurando que nele estejam inseridos, e atualizados em tempo
real, os dados previstos nos mencionados diplomas legais e no Decreto nº
7.185/2010 (art. 7º), inclusive com o atendimento aos seguintes pontos:
a.1) quanto à despesa, a disponibilização de dados atualizados
realtivos ao (art. 7º, inciso I, alínea “a” e “d” do Decreto nº 7.185/2010:
i) valor do empenho;
ii) valor da liquidação;
iii) favorecido;
iv) valor do pagamento;
b) disponibilizar as informações concernentes a procedimentos
licitatórios, inclusive (art. 8º, §1º, inc. IV, da Lei 12.527/2011):
i) íntegra dos editais de licitação;
ii) resultado dos editais de licitação;
iii) contratos na íntegra;
c) apresentar:

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON.


Documento No: 73994856-20-0-181-10-124150 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade .
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i) as prestações de contas (relatório de gestão) do ano anterior (art. JFRJ


48, caput, da LC 101/00); Fls 182
ii) o relatório resumido da execução orçamentária (PRO) dos últimos
6 meses (art. 48, caput, da LC 101/00);
iii) o relatório de gestão fiscal (RGF) dos últimos 6 meses (art. 48,
caput, da LC 101/00);
iv) o relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de
informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações
genéricas sobre os solicitantes (art. 30, III, da Lei 12.527/2011);
d) fazer no site a indicação a respeito do serviço de informações ao
cidadão, que deve conter (art. 8º, §1º, c/c art. 9º, I, da Lei 12.527/11):
i) a indicação precisa no site de funcionamento de um SIC físico;
ii) a indicação do órgão;
iii) a indicação de endereço;
iv) a indicação de telefone;
v) a indicação dos honorários de funcionamento;
e) apresentar a possibilidade de envio de pedidos de informação de
forma eletrônica (E-SIC) (art. 10, §2º, da Lei nº 12.527/11);
f) apresentar a possibilidade de acompanhamento posterior da
solicitação (art. 9º, I, alínea “b” e art. 10, §2º da Lei 12.527/11);
g) não exigir a identificação do requerente, inviabilizando o pedido
(art. 10, §1º, da Lei 12.527/11);
h) disponibilizar o registro das competências e estrutura
organizacional do ente (art. 8º, §1º, inciso I, Lei 12.527/2011); e
i) disponibilizar os endereços e telefones das respectivas unidades e
horários de atendimento ao público (art. 8º, §1º, inciso I, Lei nº 12.527/11).
Na sua inicial, o Ministério Público Federal articulou o seguinte:
“Com o intuito de analisar o cumprimento das Leis de Acesso à
Informação e da Transparência – e a efetivação do princípio da
publicidade inserto no artigo 37, caput, da Constituição Federal –
pelos Municípios brasileiros, o MPF realizou avaliação dos portais e
ferramentas de comunicação usadas pelas prefeituras e governos
estaduais.
A análise foi feita com base em checklist elaborado pela ação número
4 de 2015 da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e
Lavagem de Dinheiro (ENCCLA), cujo objetivo era: “Estabelecer
estratégia articulada de fomento, monitoramento e cobrança do
cumprimento da Lei nº 12.527/2011, em relação à transparência ativa
e passiva”.
O checklist foi feito com base apenas em quesitos legais, colhidos da
Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/11), da Lei da Transparência
(Lei Complementar nº 131/2009) e do Decreto 7.185/10, que

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determinam a forma como deve ser a transparência administrativa do


setor público. JFRJ
Detectado o descumprimento às referidas leis, o MPF encaminhou ao Fls 183
São João da Barra – RJ recomendação com o objetivo de solucionar
a demanda extrajudicialmente, dando prazo de 60 dias para sua
regularização.
Após escoado o citado prazo, novo diagnóstico foi realizado, tendo
algumas das irregularidades persistido, não restando alternativa ao
Ministério Público Federal que não a propositura da presente ação
civil pública.”

A inicial veio instruída com documentos juntados nas folhas 14/124.


Termo de informação de prevenção juntado na folha 125.
Na folha 128, foi determinada a notificação do Município
demandado, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.437/1992.
Nas folhas 131/132, o réu apresentou resposta. Sustentou que a
edilidade cumpre as regras de transparência, bem como de acesso à
informação. Em anexo, juntou procuração e documentos nas folhas 134/147.
Nas folhas 151/152, foi exarada certidão a respeito da possível
prevenção apontada no termo de informação de prevenção de folha 125.
Sem mais, vieram os autos conclusos para decisão.
É o relato do necessário. Decido.
Inicialmente afasto eventual prevenção em relação ao processo nº
2007.51.03.003245-7, uma vez que a presente demanda tem causa de pedir e
pedido diversos daquela, conforme demonstra a certidão exarada nas folhas
151/152.
A Lei Complementar nº 131/2009 alterou dispositivos da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC nº 101/00), incluindo mecanismos que visam a
ampliar a transparência na gestão dos recursos públicos.
Nesse sentido, destacam-se os artigos 48 e 49 da LC nº 101/00 que
determinam a liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso ao público. Os
referidos dispositivos legais têm a seguinte redação:
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais
será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de
acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes
orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante:
(Redação dada pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
I – incentivo à participação popular e realização de audiências
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos
planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela
Lei Complementar nº 131, de 2009).

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II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da


sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre JFRJ
a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de Fls 184
acesso público; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de
2009). (Grifei)
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e
controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo
Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela
Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185, de 2010)

Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo


único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a
qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações
referentes a: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de
sua realização, com a disponibilização mínima dos dados
referentes ao número do correspondente processo, ao bem
fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica
beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao
procedimento licitatório realizado; (Incluído pela Lei
Complementar nº 131, de 2009).
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a
receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos
extraordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de
2009). (Grifei)
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo
Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e
instituições da sociedade. (Grifei)
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá
demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras
oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação
circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.

Em sintonia com as alterações promovidas pela Lei Complementar


nº 131/09, a Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527/2011) determinou que
os órgãos públicos disponibilizassem informações relacionadas às suas
atividades a quaisquer pessoas que solicitassem os dados, e, para cumprir a
determinação legal, devem manter Serviços de Informação ao Cidadão, de
forma clara e por meio de fácil acesso, expostos na internet, sobre a
Administração Pública e para acompanhamento de programas, ações, projetos
e obras governamentais. Veja-se a redação dos artigos 6º a 9º do referido
diploma legal:
CAPÍTULO II
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as
normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:

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I - gestão transparente da informação, propiciando amplo acesso a


ela e sua divulgação; JFRJ
II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, Fls 185
autenticidade e integridade; e
III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e
eventual restrição de acesso.

Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreende,


entre outros, os direitos de obter:
I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso,
bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a
informação almejada;
II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou
acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a
arquivos públicos;
III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou
entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades,
inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
VI - informação pertinente à administração do patrimônio público,
utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e
VII - informação relativa:
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas,
projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e
indicadores propostos;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de
contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo,
incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende as
informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segurança
da sociedade e do Estado.
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação por ser
ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não sigilosa
por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da parte sob
sigilo.
§ 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações neles
contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e do ato
administrativo será assegurado com a edição do ato decisório
respectivo.
§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido
formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1o, quando não
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
termos do art. 32 desta Lei.
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o
interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura de
sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
documentação.
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5o deste artigo, o
responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo
de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que
comprovem sua alegação.

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Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, JFRJ


independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil Fls 186
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de
interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas.
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, deverão
constar, no mínimo:
I - registro das competências e estrutura organizacional, endereços e
telefones das respectivas unidades e horários de atendimento ao
público;
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recursos
financeiros;
III - registros das despesas;
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, inclusive
os respectivos editais e resultados, bem como a todos os contratos
celebrados;
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações,
projetos e obras de órgãos e entidades; e
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade.
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e entidades
públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legítimos de
que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios oficiais da
rede mundial de computadores (internet).
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regulamento,
atender, entre outros, aos seguintes requisitos:
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o acesso
à informação de forma objetiva, transparente, clara e em linguagem
de fácil compreensão;
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como planilhas
e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos em
formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estruturação da
informação;
V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
disponíveis para acesso;
VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado
comunicar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou
entidade detentora do sítio; e
VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de
conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art. 17 da Lei
no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9o da Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pelo
Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008.
§ 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) habitantes
ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a que se
refere o § 2o, mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo
real, de informações relativas à execução orçamentária e financeira,
nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Complementar no
101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).

Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado mediante:

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I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e


entidades do poder público, em local com condições apropriadas JFRJ
para: Fls 187
a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informações;
b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas
unidades;
c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações;
e
II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
participação popular ou a outras formas de divulgação.

Com o objetivo de fazer cumprir as determinações da legislação em


epígrafe, o Ministério Público Federal, após detectar diversas deficiências nos
portais de transparência dos Municípios que compõe a área de atribuição da
PRM/Campos, expediu recomendações àqueles entes federativos (fls.31/32),
dentre eles a edilidade ora demanda nesta ação civil pública (fls.80/88),
objetivando a implantação adequada do “Portal da Transparência” em seus
sítios oficiais eletrônicos, ou a adequação dos sites já existentes aos comandos
legais vigentes.
Em que pese o esforço do Ministério Público Federal com a
finalidade de auxiliar a implantação das novas medidas junto ao Município de
São Francisco do Itabapoana/RJ, verifico que a edilidade ainda não cumpriu
adequadamente o que determina a mencionada legislação.
A alegação do ente federativo de que já cumpriu as regras atinentes
à transparência e ao acesso a informação não veio acompanhada de
elementos probatórios a indicar a plausibilidade da afirmação.
No ponto, destaco que os print screen de telas juntados nas folhas
135/147 não demonstram que o portal da transparência está funcionando nos
termos preconizados pela legislação em testilha, notadamente nos pontos
questionados pelo Ministério Público Federal.
Ressalto o fato de que a Recomendação nº 10/2015 datou de maio
de 2015 (fls. 81/88), e que, após quase um ano, a edilidade, na oportunidade
que teve, não comprovou a instalação correta do portal da transparência, de
forma a viabilizar o acesso à informação por parte dos cidadãos.
Todo esse contexto factual é indicativo suficiente de que o ente
federativo, ora demandado nesta ação civil pública, tem se mostrado resistente,
em uma época em que o combate à corrupção no âmbito da Administração
Pública deste país tem sido fortemente travado pela sociedade, em dar
cumprimento a uma legislação que veio contribuir para a materialização de
princípios constitucionais basilares de um Estado Democrático de Direito (art.
1º da CRFB/88) – princípio da impessoalidade, da moralidade e da publicidade
- e que se encontram expressos no texto constitucional (art. 37, caput, da
CRFB/88).
Destarte, entendo que há plausibilidade jurídica na prédica do
Ministério Público Federal.

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Quanto ao periculum in mora, tenho que também está presente no JFRJ


caso concreto. Fls 188
Com efeito, o E. Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência
consolidada no sentido de que, em ações de improbidade administrativa, o
deferimento da medida cautelar de indisponibilidade de bens prescinde da
demonstração concreta pela parte requerente do periculum in mora, pois esse
é implícito, e milita em favor da sociedade (REsp 1366721/BA, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministro OG FERNANDES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 19/09/2014, recurso julgado
pela sistemática do art. 543-C do CPC).
No caso em análise, entendo que a conduta do ente federativo
demandado de negar cumprimento, de forma adequada, à legislação federal
em questão ofende princípios constitucionais basilares, podendo caracterizar,
inclusive, ato de improbidade administrativa, notadamente em relação ao
disposto no art. 11 da Lei nº 8.429/92.
Dessa forma, tenho que deve ser aplicado na presente demanda o
referido entendimento do Tribunal da Cidadania no sentido de que o periculum
in mora é presumido e é em prol da sociedade.
Por fim, não vislumbro o periculum de irreversibilidade da medida
liminar pleiteada pelo Ministério Público Federal.
Ante o exposto, defiro o pedido liminar, nos termos da
fundamentação epigrafada, e determino que o Município de São Francisco de
Itabapoana comprove nos autos, no prazo de 90 (noventa) dias, sob pena de
multa diária de R$500,00 (quinhentos reais), a correta implantação do Portal da
Transparência, na forma prevista na LC nº 101/00, com redação dada pela LC
nº 131/2009 e na Lei nº 12.527/2011, bem como no Decreto nº 7.185/2010,
notadamente no que tange aos seguintes pontos:
a) regularizar as pendências no sítio eletrônico já implantado, de
links que não estão disponíveis para consulta (sem registro ou arquivos
corrompidos), e promover a correta implantação do portal da transparência,
previsto na Lei Complementar nº 131/2009 e na Lei nº 12.527/2011,
assegurando que nele estejam inseridos, e atualizados em tempo real, os
dados previstos nos mencionados diplomas legais e no Decreto nº 7.185/2010
(art. 7º), inclusive com o atendimento aos seguintes pontos:
a.1) quanto à despesa, a disponibilização de dados atualizados
realtivos ao (art. 7º, inciso I, alínea “a” e “d” do Decreto nº 7.185/2010):
i) valor do empenho;
ii) valor da liquidação;
iii) favorecido;
iv) valor do pagamento;

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b) disponibilizar as informações concernentes a procedimentos JFRJ


licitatórios, inclusive (art. 8º, §1º, inc. IV, da Lei 12.527/2011): Fls 189
i) íntegra dos editais de licitação;
ii) contratos na íntegra;
c) apresentar:
i) as prestações de contas (relatório de gestão) do ano anterior (art.
48, caput, da LC 101/00);
ii) o relatório resumido da execução orçamentária (PRO) dos últimos
6 meses (art. 48, caput, da LC 101/00);
iii) o relatório de gestão fiscal (RGF) dos últimos 6 meses (art. 48,
caput, da LC 101/00);
iv) o relatório estatístico contento a quantidade de pedidos de
informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informações
genéricas sobre os solicitantes (art. 30, III, da Lei 12.527/2011);
d) fazer no site a indicação a respeito do serviço de informações ao
cidadão, que deve conter (art. 8º, §1º, c/c art. 9º, I, da Lei 12.527/11):
i) a indicação precisa no site de funcionamento de um SIC físico;
ii) a indicação do órgão;
iii) a indicação de endereço;
iv) a indicação de telefone;
v) a indicação dos honorários de funcionamento;
e) apresentar a possibilidade de envio de pedidos de informação de
forma eletrônica (E-SIC) (art. 10, §2º, da Lei nº 12.527/11);
f) apresentar a possibilidade de acompanhamento posterior da
solicitação (art. 9º, I, alínea “b” e art. 10, §2º da Lei 12.527/11);
g) não exigir a identificação do requerente, inviabilizando o pedido
(art. 10, §1º, da Lei 12.527/11);
h) disponibilizar o registro das competências e estrutura
organizacional do ente (art. 8º, §1º, inciso I, Lei 12.527/2011); e
i) disponibilizar os endereços e telefones das respectivas unidades e
horários de atendimento ao público (art. 8º, §1º, inciso I, Lei nº 12.527/11).
Intimem-se.
Cite-se.
Após a contestação, manifeste-se o Ministério Público Federal em
réplica e especifique as provas que pretende produzir, justificando-as. Prazo:
10 (dez) dias.

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON.


Documento No: 73994856-20-0-181-10-124150 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade .
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO
1ª VARA FEDERAL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
Praça São Salvador, 62 – 6º andar – Campos dos Goytacazes – CEP 28.010-000 – RJ
Tel.: (22) 3054-3214 Fax.: (21) 3054-3212 – 01vf-ca@jfrj.jus.br

Em seguida, especifique o Município demandado as provas que JFRJ


pretende produzir, justificando-as. Prazo: 10 (dez) dias. Fls 190
Publique-se. Intimem-se.

Campos dos Goytacazes/RJ, 23 de fevereiro de 2016

GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON


Juíza Federal Substituta
1ª Vara Federal de Campos dos Goytacazes/RJ
Assinado eletronicamente de acordo com a Lei nº 11.419/2006

Assinado eletronicamente. Certificação digital pertencente a GIOVANA TEIXEIRA BRANTES CALMON.


Documento No: 73994856-20-0-181-10-124150 - consulta à autenticidade do documento através do site http://www.jfrj.jus.br/autenticidade .

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