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Madeira de Pinho – Características e Utilização

Book · January 2013


DOI: 10.13140/2.1.2925.0883

CITATION READS

1 4,922

3 authors:

Maria Emília Silva Alexandra Luísa Dias


Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
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José L. Louzada
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
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CARATERÍSTICAS
E UTILIZAÇ
UTILIZAÇÃ
ÃO
MADEIRA DE PINHO – CARATERÍSTICAS E UTILIZAÇÃO

Autores:
Maria Emília Silva *
Alexandra Dias
José Luís Lousada *

* CITAB/UTAD – Centro de Investigação e de Tecnologias Agro-Ambientais e Biológicas/


Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal

Apoios:

MINISTÉRIO DA AGRICUL
AGRICULTTURA,
DO MAR, DO AMBIENTE
A Europa investe nas zonas rurais
E DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
TERRITÓRIO

Design: cabine.pt
Impressão: Tipografia Lessa, Maia.
Tiragem: 2500 exemplares
Depósito legal: 358017/13
ISBN: 978-989-704-116-7
Índice

Depoimento
Arquiteto Carlos Castanheira 6
Arquiteto Rui Rosmaninho 10
Introdução 14
Floresta Portuguesa 16
Valor Ambiental da Madeira 22
A Madeira 30
Formação 32
Anatomia 35
Variabilidade 36
Caraterísticas Macroscópicas 39
Caraterísticas Físico-Mecânicas 43
Produtos 56
Madeira Maciça 60
Madeira Lamelada Colada 66
Folha de Madeira Natural 76
Painel Contraplacado 82
Painel Aglomerado de Partículas 88
Painel OSB 96
Painel de Fibras de Média Densidade (MDF) 102
Painel de Fibra Dura 108
Madeira de Pinho – Diferentes Aspetos 114
Bibliografia Consultada 118
Anexos 120

5
Depoimento

Arquiteto Carlos Castanheira

Arquiteto Carlos Castanheira, nascido Não utilizo a madeira, em algumas construções que tive e tenho a
em Lisboa em Junho de 1957 frequen- possibilidade e o privilégio de realizar, por razões de tradição.
tou o curso de Arquitetura na Escola
Superior de Belas Artes da Universidade
É porque gosto! Gosto do cheiro; do toque; das cores naturais; da
do Porto entre 1976 e 1981, tendo de textura; dos veios; dos nós; do pinázio e da couçoeira; do pilar e
seguida iniciado o curso de Arquitetura da viga; da cavilha e da respiga; do formão e da bitola... e gosto...
da Academia voor Bouwkunst van Ams- de carpinteiros. Gosto do trabalho deles; do rigor necessário; do
terdam onde trabalhou como arquiteto.
pensar antes de cortar; do cortar a pensar, pois não pode emendar;
Em 1993 criou o escritório de Arquite- do amaciar da madeira; do segurar da madeira e verificar o desem-
tura Carlos Castanheira & Clara Bastai, peno como um jogador de bilhar.
Arquitectos Ldª com a arquiteta Maria
Clara Bastai, desenvolvendo atividade
essencialmente na área das obras priva-
Não é só a construção com madeira que me tem feito pensar por-
das, participando em júris de concursos que é que a nossa construção, a portuguesa sobretudo, tem que
de arquitetura, conferências, orientação ser ou é um ato contínuo de construção, demolição, construção ou
de cursos, comissariado e organização reconstrução de paredes destruídas, para se esconder aquilo que
de exposições, editando e publicando
livros e catálogos.
não se quer ou não se deve ver. Será que não é possível fazer me-
lhor? Será que, cá, em Portugal, é possível fazer melhor? “A nossa
Desde estudante que colabora com o construção” para além de se tornar um produto com mão de obra
arquiteto Álvaro Siza em projetos em intensiva, parece-me sobretudo irracional!
Portugal mas sobretudo no estrangeiro,
sendo atualmente responsável pela
coordenação das atividades da Casa da Tal como construir um móvel, um grande móvel, construir com
Arquitetura. madeira obriga a prever, pensar, organizar, organizar o pensar; pois
todas as infra-estruturas têm que estar previstas e instaladas antes
Em 2005 recebeu o prémio de Cons-
trução em Madeira (AIMMP) e poste-
e durante a construção que se torna montagem, onde a montagem
riormente em 2011 o prémio Nacional é ato racional.
de Arquitetura em Madeira (AFN/MA),
demonstrando assim o apreço por este E há também a vantagem que o tosco já é acabado; que o exterior
material de construção.
é tantas vezes parte do interior, sem problemas de pontes térmicas

6
Casa Avenal. obsessivas; que a viga se confunde com o caixilho e o caixilho fun-
Arq.º Carlos Castanheira. ciona, também, como viga; o teto é chão e o chão teto, assim sem
mais nada, desde que aceite, tolerado.

Para além de algumas recuperações ou alterações de coberturas


de construções existentes, não me foi fácil arranjar maneira de
aplicar a madeira nas construções que ia realizando. Problemas,
preconceitos, outros conselhos, tornam difícil, às vezes mesmo
impossível, abordar a questão, propor a alternativa, esclarecer que
não é assim, não é verdade.

O betão, material dito eterno; a laje aligeirada, garante de não mais


se ter problemas; o tijolo, material bem português pois não teve
qualquer tipo de evolução no último século; as massas grossas e as
finas; a tinta tapa tudo; a tartaruga e a tartaruguinha; os alumínios
anodizados e os lacados; as cores naturais e a da casaca de ovo
e tantas, tantas coisas mais, criaram uma cultura construtiva onde
já não havia lugar ao pensar, “nós fazemos sempre assim, sempre
assim fizemos”.

A dificuldade de não fazer sempre assim, não querer fazer sem-


pre assim, não é tarefa fácil! Os engenheiros e seus programas de
cálculo; os clientes e suas senhoras; os empreiteiros: “se fosse
como é hábito seria muito mais barato”; as lojas de materiais e suas
promoções; a Ana Salazar e os Madredeus que, também, vendem
azulejos, fazem com que, tantas vezes, a tarefa de projetar seja
redutora.

7
Adega Casa da Torre. O interesse, cada vez maior, do que há de bem construído em
Arq.º Carlos Castanheira. madeira, cá e fora, levou à realização de uma análise. Construções
com quinhentos e mais anos, arquitetura moderna dos anos trinta,
ambas atuais, quase sempre futuristas, deram força, razão e justifi-
cação para prosseguir, experimentar. A necessidade ou decisão de
construir casa própria permitiu realizar algumas das preocupações,
dos objetivos que conscientemente e inconscientemente se vinham
acumulando neste percurso de fazer arquitetura.

Construir com madeira, pois foi esse o objetivo. Nunca pretendi fa-
zer uma casa de madeira. Todas as casas de construção em madei-
ra utilizam, necessariamente, outros materiais. Pedra ou betão nas
fundações, ferro em ligações, cerâmica ou metais nas vedações.
A minha casa é assim: betão tudo o que é enterrado e daí para
cima madeira, protegida da intempérie por chapa de cobre.

No início parecia difícil. Foi necessário escolher as pessoas, sobre-


tudo os carpinteiros, a madeira e seu preço. Com a continuidade,
o entusiasmo, também se pegou aos carpinteiros. O tempo não
ajudou, apesar de dever ser verão. Este e outros problemas foram
ultrapassados. O projeto realizou-se. Está bem, eu gosto, está-se
bem. Outras casas se seguiram, depois de verem a minha, para
crer como São Tomé, e outras se seguirão... porque eu gosto! E os
clientes também!... alguns.

8
Casa Adpropeixe.
Arq.º Carlos Castanheira.

9
Arquiteto Rui Rosmaninho

Arquiteto Rui Rosmaninho, nascido em Iniciei a utilização de madeira logo nas primeiras obras que projetei.
Coimbra em 4 Outubro de 1972 fre- Assume um papel de destaque em revestimento de paredes, pavi-
quentou o curso de Arquitetura, ramo de
Arquitetura e Tecnologia pela Faculdade
mentos e até mesmo em alguns aspetos estruturais, sendo parte
de Ciências e Tecnologia da Universida- integrante de quase todas as minhas obras.
de de Coimbra em 1997.
A madeira é um material imprescindível para materializar a imagem
Encontra-se ao serviço da Câmara
Municipal de Anadia desde Dezembro
estética, o conforto térmico e acústico que idealizo num edifício.
de 1996, exercendo arquitetura em ter- A questão estética associada à leveza estrutural e facilidade de
mos de profissional liberal, tanto a nível “desenhar” estruturas de madeira, fazem deste material uma pre-
individual como também na colaboração sença constante nas minhas obras.
com outros colegas e gabinetes.

Participa em publicações de artigos, Especial destaque nas infraestruturas desportivas que projetei,
conferências, desenvolve projetos de como no caso das piscinas municipais e pavilhões desportivos,
ordem pública e privada entre os quais onde as estruturas de cobertura em madeira lamelada possuem um
piscinas municipais e pavilhões des-
portivos, valorizando a madeira como
papel relevante.
material de construção.
A obtenção de material é feita sem dificuldades. Felizmente es-
tamos num país com tradição no uso de madeira na construção,
cujas empresas de transformação têm a capacidade de facultar um
leque muito variado de produtos, soluções construtivas e variedade
de espécies.

Relativamente à madeira escolhida, tenho utilizado muito pinho nór-


dico em estruturas de madeira lamelada, uma vez que possui cara-
terísticas de elevada dureza e resistência mecânica. Contudo, tenho
vindo a alargar o meu leque de soluções no campo das madeiras.
Recentemente finalizei a obra do Cineteatro Alba, em Albergaria-a-

10
Complexo de Desporto e Lazer – Município de Estarreja.
Arq.º Rui Rosmaninho.

11
Velódromo Nacional de Sangalhos. Velha, onde optei por utilizar no auditório um pavimento em euca-
Arq.º Rui Rosmaninho.
lipto. Apesar de ser uma madeira macia, apliquei uma solução ao
cutelo que resultou num revestimento muito interessante. Foi uma
surpresa muito agradável a aplicação desta madeira. O pinho bravo
será uma solução a ponderar para futuras obras, que me poderá
surpreender igualmente pela positiva.

O contexto económico atual potencia a rentabilização e otimização


dos nossos recursos naturais, em detrimento de madeiras importa-
das. Neste campo, a utilização de madeira de pinho bravo poderá
ser vista como uma solução com futuro.

Todavia, penso que ainda falta um pouco de sensibilização e divul-


gação da madeira de pinho bravo perante projetistas e construto-
res, de modo a tornar a sua aplicação corrente e usual.

12
Velódromo Nacional de Sangalhos.
Arq.º Rui Rosmaninho.

13
Introdução

A sustentabilidade da floresta passa pela valoriza- madeiras de resinosas provenientes das florestas
ção dos produtos e serviços que dela provêm. do norte da Europa, tão valorizadas, utilizadas
O pinheiro bravo é uma espécie autótone da na construção de casas e mobiliário. A falta de
Península Ibérica que, pela sua capacidade de qualidade associada à madeira de pinheiro bravo
adaptação, produtividade e versatilidade de uso deve-se, por um lado, à baixa qualidade do
da sua madeira, tornou-se a mais representativa material que sai dos pinhais nacionais com uma
da floresta portuguesa, sendo uma componen- gestão deficitária ou mesmo à falta dela e, por
te da produção florestal nacional com um peso outro, à incapacidade de algumas empresas em
significativo no valor económico total da floresta responder de forma adequada às solicitações,
portuguesa que, por sua vez, no seu conjunto, fornecendo sistematicamente material desajus-
contribui com 3% do Produto Interno Bruto da tado às exigências dos prescritores e utilizadores
economia nacional, 12% do Produto Interno de madeira.
Bruto industrial e 10% do total das exportações
nacionais. O setor florestal nacional com as suas Apesar disto, a ampla gama de produtos com
três fileiras (fileira do pinho, do eucalipto e da possibilidade de utilização na construção civil que
cortiça), tem mantido, nos últimos anos, os seus podem ser obtidos a partir desta madeira, bem
níveis de exportações nacionais sendo, atual- como o seu valor ecológico e o presente estado
mente, o 3º setor mais relevante das exportações do mercado nacional onde a madeira parece ad-
portuguesas. quirir um novo interesse, fundamentam a neces-
sidade de uma divulgação de caráter informativo
Apesar do valor que tem na economia e floresta sobre as caraterísticas e potencialidades da
portuguesas e de originar produtos de elevada madeira de pinheiro bravo, incentivando, por um
qualidade e valor acrescentado, verifica-se que lado, a sua utilização por parte de empresas de
a madeira de pinheiro bravo poderia ser ainda construção, arquitetos, designers e, por outro,
mais valorizada. As suas caraterísticas físicas, induzir à mudança de comportamento no gestor
mecânicas, tecnológicas e estéticas indicam ser florestal de forma a responder às necessidades
uma madeira com potencialidades idênticas às de qualidade que o mercado exige.

14
O presente manual, elaborado no âmbito do pro-
jeto “INEF-PINUS – Informação estratégica para
a fileira do pinho”, pretende dar a conhecer a ma-
deira de pinheiro bravo com base na compilação
do conhecimento que existe sobre ela, mostrando
a sua versatilidade e diversidade de utilizações e
de produtos que dela se podem obter. Dirige-se a
todos os que, de um modo ou de outro, mostram
interesse na madeira, em geral, e na madeira de
pinheiro bravo, em particular.

Sem perder o rigor científico e utilizando uma


linguagem acessível, esta publicação destina-se a
prescritores e utilizadores de madeira, nomeada-
mente industriais da madeira, engenheiros civis,
arquitetos, designers e ao público em geral.

15
Floresta
Portuguesa
A área de floresta em Portugal ocupa cerca de
35% do território nacional, representando
3 154 800 ha (tabela 1, fig. 1 – A).

As espécies florestais mais abundantes, segun-


do os dados provisórios do inventário florestal
nacional de 2010, são o eucalipto, o sobreiro e
o pinheiro bravo, representando no seu conjunto
72% das áreas florestais existentes (tabela 2).

Tabela 1 - Áreas por Uso de Solo (Adaptado de IFN, 2010).

USO DO SOLO ÁREA (ha) PROPORÇÃO


Floresta 3 154 800 ha 35%
Matos e Pastagens 2 853 228 ha 32%
Agricultura 2 114 278 ha 24%
Urbano 425 526 ha 5%
Águas Interiores 182 568 ha 2%
Improdutivos 178 492 ha 2%
A B
Floresta Eucalyptus
Agricultura Pinheiro bravo (Pinus pinaster)
Matos Azinheira (Quercus ilex) e
Outros usos Sobreiro (Quercus suber)
Águas Interiores Outros

Fig 1 - Ocupação do solo (A) e caraterização das áreas florestais (B)


(Adaptado de IFN, 2006).
A floresta de Pinheiro bravo

O pinheiro bravo (Pinus pinaster) é uma espécie Tabela 2. Áreas Totais por Espécie Florestal em Portugal (IFN, 2010).
autótone da Península Ibérica e a terceira mais
representativa da floresta portuguesa, com uma ESPÉCIE ÁREA OCUPAÇÃO

ocupação de 714 445 ha (cerca de 23% da área Eucalipto 811 943 ha 26%

florestal). Sobreiro 736 775 ha 23%


Pinheiro bravo 714 445 ha 23%

A sua distribuição é dispersa e muito influencia- Azinheira 331 179 ha 11%

da pelas atividades humanas. Está presente na Outras folhosas 177 767 ha 6%

faixa litoral (bacia do Tejo e Sado até ao Minho) Pinheiro manso 175 742 ha 6%

e no interior nas regiões do Norte e do Centro no Outras resinosas 73 217 ha 2%

máximo até 700 – 900 metros de altitude, com Carvalho 67 116 ha 2%

preferência pelas encostas de influência marítima Castanheiro 41 410 ha 1%

(exposição Sudoeste e Norte) (fig. 1 - B).

O pinheiro bravo é uma espécie de porte médio


podendo atingir 40 metros de altura e mais de 50
cm de diâmetro à altura do peito. Possui copa
piramidal até aos 20 anos, evoluindo para uma
forma redonda com o avançar da idade, nor-
malmente não ultrapassando os 80 – 100 anos,
embora existam exemplares raros com 200 anos.

19
O Valor económico da
fileira do Pinho

De acordo com dados do Centro Pinus de 2010, De facto, o pinheiro bravo é o suporte de grande
o mercado do pinho, em Portugal, representa parte das indústrias da fileira florestal nomea-
62% do VAB da fileira florestal, 927 milhões de damente da indústria de painéis, de segmentos
euros em exportações e é responsável por cerca específicos da indústria de celulose e de um
de 65 000 empregos industriais diretos, envol- vasto universo de pequenas e médias empresas
vendo 89% das empresas do setor florestal. Em de exploração florestal e indústrias de serração
2009, a indústria da fileira florestal representava (fig. 2).
1,6% do volume de emprego nacional e dentro
desta, a subfileira do pinho empregava 81% dos Mobiliário 16%
trabalhadores. Construção
Civil 27%
Postes 14%
Mais do que o valor absoluto que a fileira do
Carpintaria 6%
pinho gera, a localização desse rendimento e do
emprego que assegura, conferem ao pinho uma Vedação 2%
incontornável relevância para as regiões rurais
menos desenvolvidas do país.

Apesar disso, nos últimos 20 anos tem-se verifi-


cado uma regressão desta espécie com perdas Outros 1%
de 29% da área e 15% do volume, fundamental-
mente devido aos grandes incêndios que têm as- Paletes e Embalagens 34%

solado estas áreas e às fracas/ausentes práticas


silvícolas com consequências gravosas para a Fig. 2 Distribuição de produtos de serração (AIMMP, 2001).
indústria que dela depende.

20
Valor
Ambiental
da Madeira
Apesar da madeira ser o material de construção
mais antigo usado pelo Homem, desde os finais
Madeira Minerais Metálicos
-1,3 a 0,3 0,2 a 0,5 3,8 a 5
do século XVIII assistiu-se a uma transformação
6
nas exigências das construções, com a crescente
utilização do aço, vidro e betão armado. Esta pa- 5
nóplia alargada de materiais ofereceu aos proje-

Ton CO2 por m3 de produto


produto
tistas amplas soluções nas quais o fator económi- 4
co foi o aspeto principal a ter em consideração e
o impacto ambiental (energético, recursos ma- 3

teriais, impactos nos ecossistemas, toxicidade e


2
reciclabilidade) era deixado para segundo plano.
1
Contudo, a consciencialização ambiental no
setor da construção assim como as exigências 0
dos mercados com consumidores cada vez
mais sensíveis e preocupados com as questões -1

ambientais, tem levado a alguma contenção na


-2
utilização de materiais mais transformados e ao
Contraplacado

Aglomerado

Painel de Alta
Densidade

Painel de Baixa
Densidade
Gesso

Betão

Tijolo

Chapa Aço

Vigas Aço

Alumínio
retorno da utilização de materiais mais naturais
e mais amigos do ambiente, onde a madeira tem
um papel essencial.

Ao contrário da ideia geral dos consumidores, a Materiais de Construção


utilização da madeira e seus derivados contribui
para uma construção sustentável, promovendo Fig. 3 Emissões Líquidas de CO2 durante o ciclo de vida total de
a defesa e crescimento dos recursos florestais. materiais de construção (RTS Building Information Foundation, Finland,
Environmental Reporting Building Materials, 1998-2001).
Importante na economia nacional, a madeira
Ton CO2 por m3 de produto
produto

Elementos de Fachada de Alumínio

Tubos de Vigas de Aço


Vigas de Aço

Pratos e Rolos de Aço

Elementos de Núcleo Oco


Cimento Especial

Cimento Standard
Standard
Tijolos Standard
Standard

Tijolos de Calcário

Placa de Gesso

Painel de Baixa Densidade

Painel de Alta Densidade


Painel de Partículas

Laminado de Madeira

Contraplacado de Bétula
Contraplacado de Resinosa

Madeira Serrada

-2 0 2 4 6

Fig. 4 Emissões de CO2 por m de produto (International Institute for Environment and
3

Development, Using Wood Products to Mitigate Climate Change, 2004).


Habitação de Cimento e Aço
Habitação de Madeira

0 100 200 300 400 500

CO2 Kgs/m2

Fig. 5 Emissões de CO2 de habitação constituída por cimento e aço comparativamente com habitação
de madeira (diferença de emissões: 370 kg/m2) (Tratek/SCA, Materials Production and Construction).

4500

4000

3500

3000

Gj 2500
Madeira
2000 Aço
1500 Cimento

1000

500

0
Produção
Produção Transporte Utilização Demolição
(20 anos)

Fig. 6 Consumo de Energia de diferentes produtos relativamente ao seu transporte, utilização e demolição.
assume um papel ecológico essencial na redução Aço Madeira

das alterações climáticas, sendo os processos de


crescimento, extração e transformação compara- Desperdícios
Desperdícios Sólidos (Kg)
tivamente com o de outros materiais como o aço
e o betão, mais baixos em consumo de energia e Poluição da Água (index)

menos agressivos para o ambiente (figs. 3 e 4).


Poluição da Ar (index)

A produção de 1 kg de madeira consome 1 kJ Potencial Aquecimento Global


de energia, enquanto para obter 1 kg de aço são Equiv.. CO2 (Kg)
Equiv
necessários 42 kJ, e para 1kg de alumínio, 142 Energia
Energia contida (Gj)
kJ. A energia utilizada para criar os materiais não
naturais utilizados normalmente na construção de 0 2 4 6 8
um edifício é, em média, 22% do total da energia Fig. 7 Impactos Ambientais de Construção Habitacional em Madeira vs
despendida pelo edifício durante a sua vida útil. Aço (Preliminary environmental results for typical residential dwellings in
Nas figuras 5, 6 e 7 encontram-se representa- wood and steel Athena Institute, Forintek, Canada).

das caraterísticas relacionadas com os impactos


ambientais de diferentes construções e materiais
utilizados. CO2 O2
1t 0,7t

Não há nenhum material de construção que exige


tão pouca energia como a madeira. Graças à
fotossíntese (fig. 8), as árvores são capazes de
captar o CO2 da atmosfera e ao combiná-lo com
a água vinda a partir do solo, produzir o material
orgânico que é a madeira. Por cada metro cúbico Fig. 8 O efeito da fotossíntese
do crescimento da árvore.
de madeira utilizado na substituição de outros (Edinburgh Centre for Carbon
materiais de construção, as emissões de CO2 na Management). 1 m3 de crescimento

27
atmosfera são atenuadas em média 1,1 toneladas. Desta forma, a madeira é, cada vez mais, reco-
A este valor podem ainda ser adicionadas 0,9 to- nhecida como o material mais sustentável de
neladas de CO2 armazenadas na madeira durante entre as matérias-primas concorrentes.
o seu processo de formação. Quando as árvores
são cortadas, o carbono permanece armazena-
do em todos os produtos de valor acrescentado
produzidos a partir da sua madeira. 10 Boas razões para escolher
Um dos aspetos positivos da utilização de ma-
a Madeira de Pinho.
deira prende-se com o ciclo de vida do material, 1. A utilização de produtos
produtos de madeira preserva
preserva
considerando a sua durabilidade e potencial de as florestas.
florestas.
reutilização ou reciclagem (fig. 9). Sendo a madei- 2. A madeira armazena CO2.
ra biodegradável, contrariamente à maioria dos 3. A madeira é um material renovável
renovável e versátil.
outros materiais, a sua eliminação ou reciclagem 4. É um material resistente.
resistente.
não é problemática a nível ambiental. 5. Valorizado pelas suas caraterísticas estéticas.
6. Garante um bom isolamento sonoro
sonoro e térmico.
Para além das caraterísticas ecológicas, a sua 7. Material duradouro.
duradouro.
utilização na construção de casas tem vantagens, 8. Estruturas em madeira podem ter um alto
uma vez que os elementos de madeira proporcio- nível de pré-fabrico.
pré-fabrico.
nam ambientes interiores bastante agradáveis, no 9. Não enferruja.
que respeita ao conforto térmico (como isolante 10. Mais eficiente perante o fogo comparativa-
térmico a madeira é 15 vezes melhor que o betão, mente ao aço.
400 vezes melhor que o aço e 1770 vezes melhor
que o alumínio) e acústico, ou à regulação dos
níveis de humidade, mas também consegue ga-
rantir níveis de segurança contra incêndios e de
preservação bastante aceitáveis.

28
4
11
7 8

3
CO2

Reciclagem

Energia
Construção
Mobiliário CICLO DE 5
CO2
VIDA DA 9
MADEIRA
Floresta
1 Estilha

2 Serração

Painéis 6
Fig. 9 Ciclo de vida da madeira.
10
30
A Madeira
Formação

O crescimento das árvores ocorre pela ação de No decorrer do crescimento, muitos fatores de
dois tecidos vivos denominados meristemas, com origem natural influenciam os processos de
capacidade de divisão celular, responsáveis pelo divisão e maturação destas células, tais como a
crescimento em altura (meristema apical) e em disponibilidade de nutrientes e água, temperatura,
diâmetro (câmbio). Estes dois tecidos, apesar de o número de horas de luz, além dos fatores gené-
terem funções e caraterísticas distintas, formam ticos, dando origem a células com caraterísticas
um sistema fisiológico único na árvore. O meriste- diferentes conforme as condições em que foram
ma apical, localizado no ápice do tronco e ramos, formadas.
é responsável pelo crescimento em altura. Já o
câmbio, localizado entre a casca e o lenho, co- Assim, em espécies de regiões com estações cli-
brindo todo o tronco das árvores, é o responsável máticas bem definidas, como é o caso do pinhei-
pelo crescimento em diâmetro. ro bravo, formam-se camadas de crescimento
com caraterísticas distintas conforme a variação
Este câmbio é constituído por uma camada fina das estações. Estas camadas são nítidas e po-
de células meristemáticas que, sob a ação de dem ser vistas macroscopicamente, através da
hormonas, é estimulado a dividir-se formando diferença de coloração mais escura que alterna
novas células, tanto para o exterior como para com mais clara, formando anéis concêntricos.
o interior, em direção ao centro do tronco. As
células formadas para o exterior irão compor o A madeira formada durante a primavera (quando
floema ou casca e as que se formam em direção as condições climáticas estão favoráveis), de cor
ao interior irão compor o xilema ou lenho. mais clara, é chamada de lenho inicial ou lenho

32
primaveril. A madeira formada durante o verão de que a madeira formada numa só árvore apre-
e o outono, de cor mais escura, é chamada de senta (fig. 10). Aliás, toda esta complexidade de
lenho final ou lenho outonal. No inverno não há fenómenos fisiológicos inerentes ao crescimento
crescimento, entrando as árvores em dormência das árvores e à formação da madeira, refletem-se
vegetativa. O conjunto de uma camada de lenho numa enorme variabilidade nas caraterísticas e
inicial e de um lenho final denomina-se de anel de propriedades da madeira.
crescimento e corresponde a um ano de vida da Câmbio
árvore. Casca
Borne

Ao longo da vida das árvores, as células dos


anéis mais velhos acumulados no interior do
tronco tornam-se locais de deposição de subs-
tâncias excedentárias da atividade vegetativa da
árvore, formando um tecido com caraterísticas e
propriedades muito próprias denominado cerne.
Os anéis mais exteriores e mais novos formam o Cerne Anel de
crescimento
borne.

Em termos de caraterísticas químicas, físicas,


mecânicas e tecnológicas, o cerne e o borne são
responsáveis por grande parte da heterogeneida- Fig. 10 Anatomia da árvore.

33
(A) (B)

Fig. 11 Aspeto microscópico de um canal de resina nos planos longitudinal (A) e transversal (B).

34
Anatomia

A madeira é um material heterogéneo composto


por diversos elementos celulares, cujo tipo e pro-
porção variam com a espécie. Anatomicamente é
constituída por células dispostas longitudinalmen-
te: fibras e traqueídos (responsáveis pela resistên-
cia mecânica da árvore e, no caso dos traqueídos,
também pelo transporte de seiva), parênquima
(com funções de armazenamento de reservas),
vasos (asseguram o transporte de seiva na árvore).
Nas coníferas esta dupla função de transporte e
suporte é assegurada pelos traqueídos. (A) Imagem macroscópica.

Em grande parte das resinosas, nomeadamen-


te no pinheiro bravo, existe uma outra estrutura
denominada canal de resina responsável pelo
transporte de resina produzido por células espe-
ciais que o rodeiam (fig. 11). Esta estrutura tem,
normalmente, uma disposição longitudinal, mas
pode surgir com orientação horizontal.

Dispostos horizontalmente existem os raios


responsáveis pelo transporte no sentido medula- (B) Imagem microscópica.
casca. O arranjo destes elementos celulares Fig. 12 Aspeto da madeira de pinheiro bravo em corte transversal,
constitui, no seu conjunto, o aspeto visual da numa imagem macroscópica (A) e microscópica (B).
madeira (textura, fio, brilho, desenho, cor) (fig. 12).

35
Variabilidade

Sendo a madeira um material biológico resultante exemplo são apresentadas na figura 13 duas
da acumulação de matéria-prima a partir da ati- fotos da mesma peça de madeira de pinheiro bra-
vidade fisiológica da árvore e sujeita à ação dum vo, obtidas das faces tangencial (A) e radial (B),
vasto leque de fatores externos e internos, apre- onde são notórias as diferenças no seu aspeto
senta caraterísticas diferentes de todos os outros (desenho, textura, etc.).
materiais estruturais importantes, destacando-se,
entre outros, a sua enorme variabilidade. Salienta- Devido à sua heterogeneidade, a madeira é um
se igualmente o efeito duplo que esta pode exer- material de difícil caraterização. Ela varia de
cer em termos da sua utilização. acordo com a espécie, idade e fatores externos
que afetam o crescimento da árvore, provocan-
Embora a variabilidade intraespecífica possa ser do alterações na sua resistência e durabilidade.
um fator depreciativo da qualidade da madeira, Uma das evidências desta heterogeneidade é a
sendo, por isso, mais valorizadas as madeiras sua anisotropia, ou seja, a madeira é caraterizada
que se apresentem mais homogéneas, é a varia- pela variação do aspeto e das suas propriedades
bilidade interespecífica que proporciona a grande conforme as direções de crescimento da árvore.
diversidade de aptidões à madeira e que torna
possível a escolha da espécie que melhor satisfa- O corte de um tronco apresentado na figura 14
ça as exigências de cada uso final. permite observar 3 planos com aspetos e cara-
terísticas distintas, devido à disposição com que
Contrariamente ao que sucede com a maioria os elementos celulares se apresentam em cada
dos outros materiais alternativos, a variabilidade um desses planos. Esta anisotropia tem implica-
natural da madeira é enorme. Este aspeto, con- ções a nível do desempenho da madeira quando
jugado com a sua anisotropia, faz com que numa colocada em uso, sendo a principal responsável
dada peça de madeira as caraterísticas possam pelos defeitos que surgem aquando da secagem
ser muito afetadas apenas pela forma (ou orienta- da madeira.
ção) como essa peça é retirada da árvore. Como

36
(A) (B)

Fig. 13 Aspeto dos planos tangencial (A) e radial (B) da madeira


de pinheiro bravo.

1
Direção axial

l
adia 2
ç ão r
Dire
Di
re
ção 3
ta
ng
en
cia
l
Fig. 14 Planos anatómicos de corte.
(1. Plano Transversal; 2. Plano Radial; 3. Plano Tangencial).

37
38
Caraterísticas Macroscópicas

Textura Fio
Dimensão e distribuição dos vasos; distribuição e Orientação dos elementos verticais em relação ao
caraterísticas das camadas de crescimento: eixo da árvore:
» fina: elementos do lenho de pequena dimen- » reto/direito: os tecidos axiais orientados
são, com superfície macia, sem sulcos nem paralelamente ao eixo do tronco, o que confere
poros. Ex: buxo; à madeira uma elevada resistência mecânica,
» grosseira: elementos do lenho grandes, com fácil processamento e reduzidas deformações
poros muito abertos e raios muito largos. aquando da secagem da madeira;
Ex: carvalho; » torcido ou inclinado: elementos axiais com
» uniforme: as camadas de crescimento são orientação segundo linhas helicoidais em torno
homogéneas; do eixo do tronco. Madeira menos resistente
» não uniforme: as camadas de crescimento mecanicamente e aumenta a dificuldade de
são heterogéneas. trabalho, especialmente na fase de acabamen-
to superficial;
A madeira de pinheiro bravo é uma madeira de » revesso ou espiralado: orientação dos teci-
textura variável, muito dependente das carate- dos axiais em várias direções, diminuindo a
rísticas genéticas e ambientais do local onde a resistência mecânica, ocasionando frequente-
árvore vegeta. No entanto, o facto dos anéis de mente empenos durante a secagem. O corte
crescimento anuais serem bem visíveis à vista de- radial e o acabamento superficial das tábuas
sarmada, pelo forte contraste entre as zonas de são difíceis;
lenho de primavera e de lenho de verão, associa- » ondulado: tecidos axiais com um desenvolvi-
se a esta madeira a textura grosseira. mento sinuoso, podendo estar acompanhado
de alternância de inclinação ao longo das
camadas de crescimento.

39
A madeira de pinheiro bravo apresenta, em con- um veio caraterístico bastante marcado que pode
dições normais, fio reto, podendo, no entanto, tomar diferentes aspetos conforme o plano de
apresentar, em madeira proveniente de árvores corte das peças (fig. 15).
mais jovens, fio inclinado ou espiralado.
Cor
Brilho Resultando da impregnação de várias substân-
Tem uma importância estética e mais percetível cias orgânicas nas células e paredes celulares,
na face longitudinal radial: a cor é das caraterísticas da madeira que mais
» lustrosa: com capacidade de refletir a luz; a diferencia. A individualidade presente em cada
» baça: sem capacidade de refletir a luz. peça resulta da variabilidade existente entre as
espécies, entre indivíduos da mesma população,
A madeira de pinheiro bravo é uma madeira cujo áreas ou zonas da árvore. Num tronco de uma
aspeto natural é baço, mas que recebe muito bem árvore podemos distinguir duas zonas distintas: o
acabamentos superficiais que lhe podem melho- cerne, zona central de cor diferente, normalmen-
rar o seu aspeto visual, tornando-a mais lustrosa. te mais escura e o borne, zona periférica de cor
mais clara.
Desenho
Dependendo do corte utilizado, define-se o dese- Sendo de cor clara, a madeira de pinheiro bravo
nho da face da madeira, que tem origem no fio ir- apresenta um aspeto amarelo pálido na zona cor-
regular, nós, crescimento excêntrico e deposições respondente ao borne e uma cor mais castanho-
irregulares de substâncias corantes, valorizando avermelhada na zona de cerne (fig. 16).
o material. O desenho pode ser: espelhado, flor,
espinhado, venado, manchado, acetinado ou Odor e Gosto
listado. Resultam destas diferentes substâncias presentes
na madeira. A madeira de pinheiro bravo apresen-
A existência de uma nítida diferença entre lenho ta um acentuado odor a resina.
inicial e lenho final dá à madeira de pinheiro bravo

40
Fig. 15 Desenho da madeira.

Borne

Cerne

Fig. 16 Diferente coloração do borne e do cerne.

41
Tabela 3. Classificação da madeira relativamente ao seu valor de densidade (Adaptado de Carvalho, 1997).

DENSIDADE
RESINOSAS
Classe Valor (g/cm3) Exemplo
Muito Leve <0,40 Criptoméria; Pinheiro weymouth; Tuia
Leve 0,40 a 0,49 Picea; Abeto; Cipreste; Cameciparis
Moderadamente pesada 0,50 a 0,59 Pinheiro manso; Larício; Pinheiro silvestre
Pesada 0,60 a 0,70 Zimbro comum
Muito Pesada >0,70 Teixo
FOLHOSAS
Classe Valor (g/cm3) Exemplo
Muito Leve <0,50 Choupos; Amieiro
Leve 0,50 a 0,64 Vidoeiro; Acer; Castanheiro manso; Nogueira; Cerejeira;
Moderadamente pesada 0,65 a 0,79 Carvalho negral; Faia; Plátano; Acácia; Eucaliptos
Pesada 0,80 a 0,95 Carvalho cerquinho
Muito Pesada >0,95 Azinheira; Casuarina; Oliveira
Caraterísticas Físico-Mecânicas

Densidade dade) de 0,500 a 0,600 g/cm3. Estes valores de


A densidade é a caraterística da madeira que densidade traduzem-se numa ótima relação entre
mais intimamente está relacionada com a sua peso e resistência, o que confere à madeira de
qualidade, uma vez que ela é determinante para pinheiro bravo uma grande amplitude de utiliza-
um conjunto vasto de outras caraterísticas e ções que vão desde aplicações em componentes
propriedades, nomeadamente a secagem, a estruturais, passando pelo mobiliário, carpintaria,
resistência mecânica, a durabilidade natural e a soalhos ou mesmo em pasta para papel.
permeabilidade.
Higroscopicidade
Assim, o conhecimento desta caraterística torna A madeira é um material higroscópico, significan-
mais fácil a previsão do comportamento da do isto que tem a capacidade de trocar humidade
madeira em uso. Por definição, densidade da com o meio ambiente até atingir o equilíbrio (hu-
madeira é a massa de matéria-prima lenhosa por midade de equilíbrio da madeira). Esta afinidade
unidade de volume. Calculada por uma rela- química que a madeira tem com a água tem enor-
ção entre peso e o volume, a densidade é uma mes implicações no seu uso, uma vez que está
caraterística que apresenta grande variabilidade, diretamente relacionada com a retratilidade que a
dependendo de fatores como a espécie, humida- madeira possa apresentar, ou seja, com a proprie-
de, condições ambientais ou mesmo da posição dade que a madeira possui de, abaixo de determi-
na árvore onde a madeira é formada. Na tabela 3 nado teor de humidade (humidade de saturação
é apresentada a classificação da madeira quanto das fibras – HSF), variar de dimensões com a
ao seu valor médio. variação do seu teor de humidade (tabela 4).

Apesar da grande variabilidade que esta carate- Por outro lado, a resistência da madeira também
rística pode apresentar, em termos médios pode é afetada pela humidade. Com o aumento da
dizer-se que a madeira de pinheiro bravo é uma humidade da madeira observa-se uma diminuição
madeira moderadamente pesada a pesada, apre- da sua resistência, sendo esta diminuição mais
sentando valores de densidade (a 12% de humi- sensível para teores de humidade mais baixos, e

43
praticamente desprezível para teores de humida- » Madeira muito estável
de acima da humidade de saturação das fibras. Coeficiente de anisotropia < 1,5.
» Madeira de média a baixa anisotropia
A madeira de pinheiro bravo apresenta, em termos Coeficiente de anisotropia de 1,6 a 2,0.
médios, uma HSF classificada como normal (tabe- » Madeira de média a alta anisotropia
la 5), mas uma retratilidade elevada, o que leva a Coeficiente de anisotropia de 2,0 até 2,5.
classificar esta madeira como nervosa. Na tabela » Madeira muito instável
6 são apresentados valores médios das retrações Coeficiente de anisotropia de > 2,6.
totais para as três direções de crescimento.
Para a madeira de pinheiro bravo, o coeficiente
Anisotropia de anisotropia situa-se em valores médios que
Como já foi referido, a madeira é um material ani- permitem classificar a madeira como de média
sotrópico, ou seja, as suas propriedades manifes- a baixa anisotropia. Relativamente aos valores
tam-se qualitativamente e quantitativamente, de apresentados na tabela 6, o coeficiente de aniso-
forma diversa, nas diferentes direções de cresci- tropia (T/R) é 1,9.
mento da árvore.
Propriedades mecânicas
O coeficiente de anisotropia, que é a relação O facto de a madeira ser um material heterogéneo
entre as retrações tangencial e radial, é um parâ- e anisotrópico, faz com que o seu comportamen-
metro de avaliação da qualidade da madeira que to mecânico seja variável consoante o plano que
traduz o nível de instabilidade de uma madeira. está sujeito ao esforço. A aplicação de forças
Em situações de lenho normal, as retrações externas nos materiais leva à criação de tensões
tangenciais são superiores às retrações radiais, o internas que levam, por sua vez, à deformação do
que fazem com que este coeficiente seja sempre corpo, alterando as suas dimensões. A resistên-
superior a 1. Conforme o grau de grandeza do cia mecânica será a capacidade de sustentação
coeficiente de anisotropia, pode-se classificar a dessas cargas ou forças.
madeira como:

44
Tabela 4. Estado da madeira relativamente ao teor de água presente (Adaptado de Carvalho, 1997).

DENOMINAÇÃO TEOR DE ÁGUA (%) CONDICIONALISMOS DO MEIO


Madeira saturada 70 a >150 Madeira longo tempo imersa em água.
Madeira verde HSF a 70 Madeira em pé ou de corte recente.
Madeira semi-seca 23 ao HSF Madeira serrada em verde.
Madeira enxuta (fora do risco de
Madeira comercialmente seca 12 a 22
alteração cromática).
Estado da
Madeira Madeira seca ao ar Inverno = 16 - 18%
(sob coberto) 13 a 17 Primavera/Outono = 14 -16%
Verão = 12 -14%

Madeira seca em estufa 8 a 12 Interiores. Ambientes aquecidos.

Madeira completamente 0 Estabilizada em peso a 103 ± 2ºC.


seca (anidra)

Tabela 5. Classificação do teor de humidade de saturação das fibras (Adaptado de Carvalho, 1997). Tabela 6. Valores médios das retrações
totais nas três direções de crescimento
para a madeira de pinheiro bravo (Fonseca
CLASSE VALOR (%H) EXEMPLO
e Lousada, 2000).
Pinheiro de riga; Teixo; Acácia;
Baixo < 25
Casuarina. RETRAÇÕES TOTAIS (%)
Humidade de Axial (L) 0,2
Pinheiro bravo; Pseudotsuga;
saturação das Normal 25 a 35
Carvalho alvarinho; Castanheiro. Tangencial (T) 9,1
fibras (HSF)
Carvalho branco; Mogno bastardo Radial (R) 4,7
Alto > 35
e Eucalipto. Volumétrica (V) 14,5

45
Tabela 7. Valores caraterísticos para a classe de resistência C18 onde a madeira de pinheiro bravo se encontra.
(NP EN 338 (2001) – Madeira para estruturas. Classes de resistência. IPQ).

PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA N/mm2 PROPRIEDADES DE RESISTÊNCIA N/mm2


Flexão 18 Corte 2,0
Tração paralela ao fio 11 Propriedades de rigidez kN/mm2
Tração perpendicular ao fio 0,5 Módulo de elasticidade paralela ao fio 9
Compressão paralela ao fio 18 Módulo de elasticidade perpendicular ao fio 0,30
Compressão perpendicular ao fio 2,2 Módulo de distorção 0,56

Tabela 8. Força/Densidade de alguns materiais de aplicação estrutural.

MATERIAL DENSIDADE (Kg/m3) FORÇA (MPa) FORÇA/DENSIDADE (10-3 MPa m3/kg)


Aço Estrutural 7800 400 - 1000 50 - 130
Alumínio 2700 100 - 300 40 - 110
Cimento, Compressão 2300 30 - 120 13 - 50
Resinosa, Tensão 400 - 600 40 - 200 100 - 300
Resinosa, Compressão 400 - 600 30 - 90 70 - 150
Madeira Estrutural, Tensão 400 - 600 15 - 40 30 - 80
Fibra de Vidro em epoxi,
… … 500
Valor Standard, Tensão

Fibra de Carbono em epoxi,


… … 1000
Valor Standard, Tensão
Por outro lado, a elasticidade de um material é (estruturas) e EE (especial para estruturas) con-
a capacidade de recuperar as suas dimensões forme os limites definidos para os defeitos ou
iniciais após a cessação da carga ou força a que caraterísticas da madeira, como nós (KAR), taxa
estava sujeito. Na madeira é o arranjo longitudinal de crescimento, inclinação do fio, fendas, bolsas
das fibras que a constituem que, conjuntamente de resina ou casca inclusa, existência de medula,
com a proporção entre espaços vazios e paredes descaio e empenos.
celulares, lhe conferem resistência mecânica e
elasticidade. A NP EN 338 define um sistema de classes de re-
sistência aplicável a toda a madeira de Folhosas
No entanto, existe um conjunto de fatores que in- ou Resinosas para uso estrutural, onde a madeira
duzem uma enorme variabilidade destas proprie- de pinheiro bravo é incluída na classe de qualida-
dades na madeira, nomeadamente, a sua estru- de de resistência C18 e cujos valores caraterísti-
tura não homogénea, a presença de defeitos, o cos são apresentados na tabela 7.
teor de humidade e das condições de ensaio para
determinação dessas propriedades. Na tabela 8 é feita a comparação entre madeira
e outros materiais usados em aplicações estrutu-
Desta forma, existem sistemas de classificação rais, relativamente à relação força/densidade. Fica
de madeiras para estruturas que se baseiam evidente que as estruturas feitas com madeira
em normas de classificação visual dos defeitos têm um desempenho superior a nível da força por
da madeira em provetes de dimensão estrutural unidade de densidade, comparativamente aos
(EN 518: 1995), ou em normas de classificação materiais concorrentes.
mecânica (EN 519, 1995), com base nas quais é
possível fazer uma estimativa da resistência da Dureza
madeira de acordo com a espécie em questão. Diretamente relacionada com a proporção de
paredes celulares e dimensão do lúmen (cara-
Em Portugal existem duas classes de qualidade terística que classifica a densidade da madeira),
definidas para a madeira de pinheiro bravo: E a dureza é medida pela resistência à entrada

47
de corpos estranhos na madeira. Vários traba- A madeira de pinheiro bravo apresenta valores
lhos referem a densidade como a caraterística médios de dureza de 3,6 (Chalais-Meudon) e 325
que mais influencia a dureza das madeiras. Esta kgf (Janka), devendo ser considerada uma madei-
propriedade está diretamente relacionada com a ra moderadamente dura a dura, sendo superior às
força de abrasão, riscagem por vários materiais e demais variedades de pinho existentes.
facilidade de laboração. Na tabela 9 encontram-
se as classes de dureza segundo os métodos de
Chalais-Meudon e Janka. Condutividade térmica,
elétrica e sonora
Tabela 9. Classes de dureza segundo o método Chalais-Meudon e o A madeira apresenta ótimas caraterísticas iso-
método Janka (Adaptado de Carvalho, 1997). lantes só superadas pela cortiça ou materiais
sintéticos não resistentes (poliuretanos, poliesti-
CHALAIS-MEUDON JANKA renos, etc.) (tabela 10). A sua estrutura molecular,
RESINOSAS com numerosas massas de ar de pequeníssimas
Classe Valor Classe Valor (kg/cm2) dimensões (em que este se encontra aprisionado)
Número de Branda 1a2 Baixa ≤200 e a sua constituição celulósica, fazem da madeira
dureza (N)
Moderadamente
2a4 Média 200 a 300 um mau condutor de calor.
dura
Dura 4 a 20 Alta ≥ 300 No entanto, esta propriedade é muito dependente
FOLHOSAS do seu teor de humidade, diminuindo à medida
Classe Valor Classe Valor (kg/cm2) que a humidade aumenta. Relativamente à con-
Muito Branda 0,2 a 1,5 Baixa <300 dutibilidade sonora, as madeiras têm a capacida-
Número de Branda 1,5 a 3,0 Média 300 a 500 de de reduzir o nível sonoro, corrigir o som dentro
dureza (N) Moderadamente
3,0 a 6,0 Alta 500 a 700 de um compartimento, reduzir a reverberação
dura
(absorção sonora), melhorando, no geral, a quali-
Dura 6,0 a 9,0 Muito alta >700 dade acústica do local (tabelas 11 e 12).
Muito dura 9,0 a 20,0

48
Tabela 10. Condutividade Térmica dos Materiais (Tecnologia de la Madera, Ministerio da Agricultura,
Pesca Y Alimentacion).

Condutividade Condutividade
Material Material
Térmica (Kcal/hmºC) Térmica (Kcal/hmºC)
Alumínio 172 Vidro 0,6
Aço 39 Gesso 0,45
Cimento 1 Madeira 0,1 – 0,15
Tijoleira 0,75 Cortiça 0,03

Tabela 11. Valores de isolamento acústico de alguns materiais de construção (Sardinha, 1998).

MATERIAL ESPESSURA (CM) ISOLAMENTO ACÚSTICO (dB)


Alvenaria de Tijolo Burro 30 53
Laje de Betão 20 68
Vidro de Janela 0,18 - 0,38 24
Aglomerado de madeira 6,5 20
Chapas de Fibra de Madeira 1,2 18

Tabela 12. Coeficiente de absorção por m2 de parede ou piso de alguns materiais de construção
correspondentes a uma f=500Hz (Sardinha, 1998).

MATERIAIS COEFICIENTE DE ABSORÇÃO SONORA (dB)


Alvenaria com Reboco 0,025
Chapas Acústicas de Fibra de Madeira 0,64
Betão Simples 0,02
Lambris de Madeira 0,06
Soalhos 0,09
Pisos de Betão 0,12
Secção original

Camada de carvão

Madeira aquecida

Madeira intacta
Secção residual

Efeito de
arredondamento

Fig. 17 Baixa condutibilidade térmica da madeira sob a ação do fogo.

Fig. 18 Alteração das propriedades mecânicas do aço.


Reação ao fogo Resistência à biodegradação
Definida como a capacidade, medida em tem- A madeira é um material suscetível ao ataque de
po, para resistir à atuação do fogo plenamente organismos, sendo vários os agentes de degra-
desenvolvido, sem ocorrência do colapso da dação (bactérias, fungos e insetos) que utilizam
estrutura. A baixa condutibilidade térmica da ma- os principais componentes da madeira – celu-
deira, associada à camada carbonizada isolante lose, lenhina e hemiceluloses – como alimento,
produzida na superfície do material aquando da causando alterações na matéria-prima lenhosa,
sua combustão, resulta numa diminuição da tem- e diminuindo significativamente a resistência da
peratura até ao seu interior (fig. 17). madeira, provocando alterações no seu aspeto, o
que poderá condicionar a sua utilização.
Sendo as peças de madeira bem dimensionadas,
a dilatação causada não provoca deformações Apesar da madeira de pinheiro bravo ser suscetí-
perigosas, conseguindo, no geral, deter maior vel à biodegradação, ela também tem uma ótima
resistência ao fogo comparativamente a outros aptidão para receber tratamento de preservação,
materiais como o aço. tendo uma fácil impregnação em profundidade do
borne (o cerne é não impregnável, mas tem uma
Por outro lado, apesar da combustão da madeira boa resistência natural à biodegradação).
acontecer próxima dos 280ºC, mesmo que se
atinjam temperaturas muito mais elevadas, na Quando devidamente tratada, esta madeira ad-
ordem dos 1000ºC, a madeira não perde as suas quire uma durabilidade muito superior ao estado
caraterísticas de resistência mecânicas. O mesmo natural.
não se passa com o aço que, por exemplo, sofre
uma acentuada alteração das suas propriedades De facto, o prolongamento da vida útil da madeira
mecânicas a partir de 300ºC (fig. 18). Este facto é é um dos fatores de maior preocupação na sua
de bastante interesse, nomeadamente no capítu- comercialização. A preservação e o aumento da
lo das estruturas, campo onde as caraterísticas duração de uma peça de madeira ou derivados
mecânicas são de maior importância. estão dependentes dos tratamentos a que foi

51
sujeita e da sua conformidade com a utilização Por outro lado, a existência de nós provoca
final (tabela 13). desvios do tecido lenhoso na zona vizinha onde
se encontram, o que fará com que a madeira se
Defeitos da madeira comporte de forma inesperada nessa zona, quer
Nós: Corresponde ao local de inserção do ramo a nível mecânico quer a nível da sua trabalhabili-
no tronco da árvore. O seu efeito negativo resi- dade. Todas estas questões podem ser mais ou
de, essencialmente, na diminuição da resistência menos significativas para uma peça de madeira
mecânica nessa zona, devido ao facto de aí as dependendo das dimensões, concentrações e
fibras possuírem uma orientação perpendicular à tipo de nós que a peça apresenta, o que condi-
direção geral do fio do tronco. ciona o valor comercial da madeira.

Bolsas de resina: Cavidade normalmente para-


lela às camadas de crescimento, contendo resina
no estado líquido ou sólido, e que algumas vezes
apresenta casca inclusa. As bolsas de resina
afetam não somente o aspeto da superfície das
peças, mas também as suas propriedades mecâ-
nicas afetando de modo importante a qualidade
da madeira serrada de resinosas, principalmente
em aplicações de carpintaria e de mobiliário.

Excentricidade da medula: Este defeito é a


evidência da existência de lenho de compressão,
que é o lenho que as árvores de resinosas for-
mam quando estão a crescer inclinadas. A tenta-
tiva da árvore endireitar o seu tronco faz com que,
de um dos lados (do lado da compressão), os

52
Tabela 13. Métodos e Produtos de Conservação (Adaptado de:
Martins e Vieira, 2004; Franco, 2008).

MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO
Evaporação (secagem natural) ou
Secagem
solidificação (secagem artificial em estufas
de 30º a 50º) da seiva de modo a precaver
possíveis fermentações propícias ao
desenvolvimento de Insetos.
Natural (diluição da seiva, imerso em
Desenseivamento água durante 4 meses) ou artificial
ou Lixiviação (madeira sujeita à ação do vapor de
água).
PRODUTOS DE CONSERVAÇÃO
PROFUNDIDADE DE
CARATERIZAÇÃO
IMPREGNAÇÃO

Impregnação Pinturas ou imersão em solventes


superficial (2 a 3 mm preservantes para madeira seca
de penetração) a aplicar em ambientes cobertos
(previne ataque de Insetos e
aparecimento de fendas).

Impregnação sob
pressão reduzida Processos de dois banhos
(pressões naturais: (Processo de Shelley), processo de
atmosférica, hidráulica, substituição de seiva e processo
osmótica e capilar – de impregnação por osmose.
atinge todo o borne)

Impregnação sob Utilização de autoclaves para a


pressão elevada introdução e saída de preservantes
líquidos a várias pressões: Processo
de Bethel (células cheias) e Processo
de Ruepig (células vazias). Aplicado
em estruturas de utilização aquática.

53
anéis de crescimento sejam mais largos e, assim, De facto, a resistência de uma madeira com fio in-
a medula fica excêntrica. clinado fica muito mais diminuída, principalmente
à tração, e as retrações longitudinais aumentam
Este lenho apresenta caraterísticas distintas do significativamente enquanto que as transversais
lenho normal, uma vez que é um lenho mais den- (tangenciais e radiais) diminuem comparativamen-
so que o lenho normal e tem uma retração lon- te ao lenho normal.
gitudinal de 3-5%, sendo de 0,1-0,3% no lenho
normal. Durante a secagem a madeira com este
tipo de lenho pode “empenar” de forma grave.

Falta de retidão do tronco: Para além de estar


associada a presença de lenho de compressão,
a presença de curvaturas nos toros influencia o
rendimento da serração industrial da madeira,
impedindo a obtenção de peças de grandes com-
primentos.

Fio inclinado: Ao contrário do que sucede com


lenho normal, por vezes o arranjo das fibras na
árvore é feito segundo um ângulo mais ou menos
acentuado em relação ao eixo de crescimento
da árvore, ficando os elementos longitudinais
do xilema dispostos numa espiral orientada da
medula para a periferia. Nesta situação, o fio
denomina-se fio inclinado que tem repercussões
grandes ao nível da resistência mecânica e da
retratilidade da madeira.

55
Produtos
Quando se fala em produtos de madeira, fala-se
nos processos de transformação da madeira des-
de a floresta até ao utilizador final. Neste proces-
so de transformação podemos separar aquilo que
é genericamente chamada de 1ª transformação, e
que incluiu o trabalho das serrações, da indústria
de painéis de madeira e da indústria de pasta, e a
de 2ª transformação que comporta as operações
de transformação de madeira serrada, mais ou
menos tradicionais, que vão desde a produção de
paletes e embalagens passando por mobiliário e
carpintaria, ou o fabrico de componentes estrutu-
rais para a construção.

Apesar da madeira de pinheiro bravo ser a


principal matéria-prima da indústria de 1ª trans-
formação, pelas suas caraterísticas intrínsecas
anteriormente expostas pode, após transformada,
ser aplicada numa ampla gama de produtos com
inúmeras possibilidades de utilização.

No âmbito desta publicação, faz-se uma carate-


rização dos aspetos principais de alguns deles,
em especial dos que se consideram ser mais
importantes no atual panorama nacional e para
os quais a madeira de pinheiro bravo apresenta
maior aptidão.

59
Produtos

Madeira Maciça

Madeira Lamelada Colada

Folha de Madeira Natural

Painel Contraplacado

Painel Aglomerado de Partículas

Painel OSB

Painel de Fibras de Média Densidade (MDF)

Painel de Fibra Dura

60
Madeira Maciça
O que é? secção quadrangular ou retangular, de dimensões
A utilização de madeira maciça pode ser feita de variáveis de acordo com o produto final pretendi-
duas formas: madeira em toro e madeira serrada. do. Dependendo da forma como o tronco é cor-
A madeira em toro (varas e postes) é o produto tado, as peças obtidas podem adquirir aspetos e
de madeira mais simples, uma vez que necessita caraterísticas diferentes (figs. 20 e 21).
de um grau de processamento muito reduzido.
É proveniente de troncos de árvores limpos de Quer a madeira em toro quer a madeira serrada,
ramos e pontas, cortados em dimensões normali- após ser produzida, é submetida a um processo
zadas (fig. 19). Estes troncos são classificados em de secagem (natural ou em estufa) de modo a
grupos, em função do diâmetro médio sem casca adquirir a humidade indicada ao uso que irá ter.
e do comprimento. Teores de humidade inapropriados estão na ori-
gem de defeitos graves da madeira em serviço.
A madeira serrada (pranchas, vigas, tábuas, cai- Caso a utilização das peças produzidas seja
bros...) é madeira proveniente da transformação no exterior, então elas deverão passar por um
de segmentos de troncos de árvores em peças de processo de tratamento mais ou menos profundo,
que a protege contra ataques de térmitas, insetos
e fungos de putrefação.

Embora a madeira de pinho seja relativamen-


te suscetível à biodegradação, é uma madeira
facilmente tratável e quando tratada conveniente-
mente adquire grande resistência no exterior que,
unido à sua facilidade de uso e às suas quali-
dades estéticas, se converte numa alternativa
ecológica para um grande número de aplicações
exteriores (parques e jardins públicos, rotundas,
Fig. 19 Varas de madeira. mobiliário urbano...).

62
Aplicabilidade
A madeira em toro é indicada para aplicações em:
» Móveis de exterior (bancos, mesas,
pérgolas…);
» Elementos de arquitetura urbana (postes,
1 2 3 mirantes...);
» Jogos infantis, elementos desportivos,
escadas…;
» Pilares e vigas, coberturas, passadiços...

Apesar da maior parte da madeira serrada de


4 5 6 pinho em Portugal ser utilizada para embalagens
e paletes, ela é igualmente consumida em carpin-
Fig. 20 Diferentes padrões de serragem de um tronco (1 – 6). taria, mobiliário e construção civil.

Todavia, com pequenos investimentos ao nível da


incorporação tecnológica de transformação, que,
por um lado, lhe possibilita reduzir alguns dos
seus defeitos e, por outro, valorizar o seu aspeto
decorativo, será possível alargar imenso o leque
de utilizações possíveis deste tipo de madeira,
com elevado valor agregado. Como exemplo, po-
demos referir a produção de lamelados colados
para utilizações tão diversas como a do mobiliário
(de interior e exterior), elementos estruturais de
grandes dimensões (edifícios, pontes, etc.), reves-
Fig. 21 Variedade de peças que podem ser retiradas de um tronco. timentos interiores, etc.

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Produtos

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Painel de Fibra Dura

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Madeira Lamelada Colada
O que é?
A madeira lamelada colada é madeira reconstruí- Desta forma, a madeira lamelada colada permi-
da a partir da sobreposição de peças de madeira te que se proceda a uma escolha criteriosa das
(lamelas) classificadas e selecionadas, orientadas peças que a irão constituir, eliminando os defeitos
com o fio sempre na mesma direção, coladas indesejáveis antes da colagem e a obtenção de
face com face (fig. 22) e topo a topo em ligações peças de grandes dimensões mais homogéneas e
finger-joint (fig. 23), permitindo obter elementos isotrópicas (com maior estabilidade), com menor
com o comprimento e a secção desejada. tendência para o fendilhamento, uma vez que as
tensões geradas por umas lamelas são contraria-
das e absorvidas pelas outras. O facto das peças
construídas desta forma incorporarem cola na
sua estrutura, torna-as menos higroscópicas e
confere-lhes maior resistência, suportando maio-
res tensões quando colocadas em uso.

Considerados uma variante dos lamelados cola-


dos, os microlaminados LVL (Laminated Venner
Lumber) consistem na colagem de folhas de
madeira de espessura de 3 mm, coladas entre
si e orientadas paralelamente. Neste caso, e ao
contrário dos lamelados, não há colagem topo a
topo (fig. 24). Tal como a madeira lamelada cola-
da, os microlaminados LVL são, por excelência,
adequados ao fabrico de elementos estruturais,
permitindo a obtenção de elementos de grande
secção transversal e comprimento.
Fig. 22 Lamelas coladas face a face.

68
Fig. 23 Ligação “finger-joint”. Fig. 24 Microlaminados LVL.

69
Ainda dentro do grupo dos lamelados colados,
podemos considerar os painéis estruturais multi-
camada (SWP), que consiste num produto forma-
do por camadas que, por sua vez, são compostas
por tábuas, ripas ou barras de madeira unidas por
colagem (fig. 25). Seja qual for o tipo de lamelado,
a colagem das lamelas pode ser feita em moldes,
o que permite, caso assim seja desejável, dar
formas curvilíneas à peça final.

Quanto ao tipo de madeira que pode formar as


peças lameladas coladas, pode ser homogénea –
todas as lamelas pertencem à mesma classe de
resistência e/ou espécie, ou combinada – lamelas
pertencentes a diferentes classes de resistência
e/ou espécies.

O lamelado colado é muito utilizado na constru-


ção de vigas para estruturas podendo, no en-
tanto, ser utilizado em qualquer aplicação onde
seja indicada a utilização de madeira, tais como
em móveis, bases do chão, bases e coberturas,
revestimentos, elementos estruturais ou portas.

Fig. 25 Painéis estruturais multicamada.

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71
Caraterísticas e Aplicabilidade
A madeira lamelada colada, para além de todas » Possibilidade de tratamento da madeira, tábua
as vantagens que a madeira tem comparativa- por tábua, em autoclave, o que confere enor-
mente aos outros materiais e que já foram men- me eficiência e garantia que pode chegar até
cionadas noutros pontos deste livro, apresenta 50 anos, contra o ataque de fungos e insetos
um conjunto de caraterísticas que lhe são conferi- xilófagos;
das pela técnica do lamelado colado. Assim:
» Excelente acústica e conforto interior;
» Boa relação peso/resistência. É, em média, 1,3
vezes superior à do aço e 10 vezes superior à » É um material apropriado para ambientes qui-
do betão; micamente agressivos, como sejam indústrias
químicas ou laboratórios, uma vez que não é
» Eliminação inicial de defeitos naturais, o que suscetível à corrosão ou oxidação. É também
permite uma reconstituição que conduz a uma imune às ações dos cloretos da água do mar e
distribuição aleatória dos defeitos residuais, no à ação do cloro das piscinas, razão pela qual a
interior do produto final; sua larga utilização em coberturas desse tipo;

» Excelentes propriedades de resistência ao » Possibilidade de obter secções de peças, não


fogo: em caso de incêndio, a carbonização é limitadas pelas dimensões e geometria do
extremamente lenta e a parte não queimada tronco das árvores;
mantém a resistência da estrutura;

72
» Em comparação com as estruturas de madeira » Melhoria das tensões médias de rutura e uma
feitas com peças maciças, os elementos con- redução na dispersão dos seus valores;
cebidos em madeira lamelada colada exigem
um menor número de ligações, uma vez que » Qualidade estética indiscutível, o que pode ser
é possível conceber peças de grandes dimen- largamente explorado pelos arquitetos e enge-
sões, possibilitando vencer grandes vãos livres; nheiros na composição de um conjunto agra-
dável e perfeitamente integrado no ambiente;
» Fácil de conjugar com outros materiais;
» Leveza das estruturas oferece também maior
» Montagem sem necessidade de máquinas facilidade de montagem, desmontagem e pos-
pesadas, o que pode ser traduzido em racio- sibilidade de ampliação.
nalização da construção e ganho de tempo na
montagem e entrega da obra. Além disso, o
peso morto sendo menor, se comparado com
outros materiais, pode significar economia nas
fundações;

» Design flexível: as vigas podem ser retas ou


curvas, com possibilidade de obter peças com
raio de curvatura reduzido, variável consoante
o projeto;

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Produtos

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Painel de Fibra Dura

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Folha de Madeira Natural
O que é? Caraterísticas e Aplicabilidade
É a transformação do tronco das árvores em fa- Conforme o tipo de técnica utilizada para a sua
tias finas de madeira, designadas por folhas, que produção, o aspeto da folha pode ser diverso,
posteriormente serão usadas em revestimento de sendo que a folha laminada ou serrada apresenta
painéis de aglomerados ou produção de con- um desenho mais atrativo e a folha desenrolada
traplacados. O processo de produção de folha um aspeto mais homogéneo. Também a nível da
(fig.26) pode ser de três formas distintas: espessura, a folha desenrolada é normalmente
» Desenrolamento: a madeira é cortada tangen- produzida em maiores espessuras, de 1 a 3mm,
cialmente às camadas de crescimento numa enquanto que a folha laminada atinge só os 0,63
desenroladora com um movimento rotativo a 0,7mm.
constante, resultando numa folha continua.
» Laminagem: corte plano do toro, previamente A folha de madeira (fig. 27) é um componente
dividido em secções mais pequenas por fa- estético especialmente importante para reprodu-
tiagem com lâmina, resultando em folhas indi- zir o aspeto da madeira natural quando aplicado
viduais de desenho variável conforme a forma em derivados de madeira, como os painéis de
da peça de madeira que está a ser fatiada. aglomerados de fibra ou partículas, conferindo-
» Serragem: produção de folha individual por lhes, para além de um acabamento de qualidade
corte plano do tronco no sentido longitudinal superior, uma maior resistência mecânica, tor-
com serra. nando-os indicados para utilização em mobiliário,
decoração, revestimentos, portas, etc.

A folha é também o principal componente na


produção de contraplacado.

Fig. 26 Processo de transformação do tronco em folha de madeira.

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Fig. 27 Folha de madeira de pinho.

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Conjugação de folha de pinho com outros materiais para parquet.

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Painel Contraplacado
O que é? Caraterísticas e Aplicabilidade
O contraplacado é um painel formado pela sobre- Devido às técnicas e às colas utilizadas na sua
posição e colagem de folhas de madeira de 2mm produção, este painel está sujeito a menores defi-
a 3mm de espessura, em número impar e com o ciências mecânicas, menor anisotropia e menores
fio cruzado, formando entre elas um ângulo de retrações, uma vez que é menos higroscópico.
90º (fig. 28). Produzido em espessuras muito va-
riáveis de 4 a 50 mm, as folhas são coladas sob De aplicação versátil, pode ser utilizado em apli-
alta pressão, sendo a qualidade final do painel cações estruturais e decorativas de interior e ex-
determinada pelo tipo de cola aplicada, pelo nº terior (dependendo da cola utilizada), em soalhos,
de folhas que o compõem e o tipo de madeira revestimento de paredes, na proteção do fogo de
usada (as folhas podem ser todas da mesma estruturas metálicas, móveis, divisões interiores,
espécie ou de espécies diferentes). revestimentos, produção de vigas, portas, embar-

Fig. 28 Aspeto de placas de contraplacado com espessuras diferentes.

84
cações, etc. De uma forma geral, os contraplaca- » Possibilidade de produção de painéis de gran-
dos têm qualidades superiores às dos painéis de de dimensões, diminuindo não só o preço de
aglomerados, podendo ser usados em situações fabrico como também as despesas posteriores
de uso mais severas. de utilização;

É também um material que permite a criação de » Possibilidade de fazer baixar o preço do


novos materiais, conjugando folheado de madeira produto final por incorporação no interior do
com outro tipo de materiais, tais como: painéis painel de produtos menos valiosos, sem que
de fibras, de cortiça, lã de vidro, etc. Possibilita com isso haja diminuição das propriedades
também a aplicação de técnicas de moldagem de mecânicas;
forma, originando painéis de forma curvilínea.
» Criação de novos materiais por combinação dos
Comparativamente ao uso de madeira natural, o folheados e das madeiras maciças (painéis de
uso dos contraplacados tem consideráveis vanta- lâminas, painéis de aglomerados, etc.);
gens, destacando-se as seguintes:
» Possibilidade de aplicar técnicas de moldagem
» O cruzamento das folhas adjacentes segundo de forma, originando superfícies curvas;
ângulos de 90º confere a estes painéis menores
retrações, menores deficiências mecânicas, » Possibilidade de incorporar melhorias na ma-
grande resistência à flexão, maior resistência ao deira sob vários pontos de vista, designada-
impacto e ao aparecimento de fendas; mente, na ignifugação, preservação e endure-
cimento por impregnação.
» Diminuições da higroscopicidade, pelo facto
de os planos de colagem impedirem a penetra-
ção de humidade;

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Produtos

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Painel Aglomerado de
Partículas

Painel OSB

Painel de Fibras de Média Densidade (MDF)

Painel de Fibra Dura

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Painel Aglomerado
de Partículas
O que é?
Trata-se de um produto derivado de madeira
transformada em partículas e novamente aglome-
rada pelo envolvimento das partículas de madeira
com colas dentro de máquinas misturadoras, sen-
do depois esta mistura colocada em tabuleiros e
prensada a uma temperatura de mais de 200ºC e
200 toneladas de pressão (fig. 29).

Os painéis assim formados podem ser constituí-


dos por uma só camada, também designados
por homogéneos, por serem constituídos por
partículas sensivelmente das mesmas dimensões
em toda a espessura ou por várias camadas,
geralmente três, em que a central é formada por
partículas mais grossas e as exteriores por mate-
rial mais fino, de modo a possibilitar a obtenção
de superfícies aptas a receber os mais variados
acabamentos.

Os aglomerados de partículas são produzidos


numa larga gama de dimensões, com espessuras
geralmente de 4 a 30 mm e com larguras e com-
primentos variáveis. O abastecimento de madeira
para a indústria de painéis aglomerados é feito
maioritariamente por pinheiro bravo (98%).
Fig. 29 Painel aglomerado de partículas.

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91
Caraterísticas e Aplicabilidade
Os painéis aglomerados de partículas podem » Compacto: Painel de densidade mais elevada
classificar-se de acordo com diversos critérios, e resistência melhorada, adequado ao fabrico
como seja o processo de fabrico, o acabamento de pavimento técnico, mobiliário com relevos
superficial, o seu formato, a forma e tamanho ou formas arredondadas, normalmente usado
das partículas ou a sua estrutura, mas o mais em portas de cozinha ou núcleo em painéis de
usual é o que resulta da combinação tipo de soft e postforming.
utilização/ambiente de exposição. Assim, pode-
mos ter placas indicadas para usos gerais em » Homogéneo: aglomerado uniforme com
ambiente seco, uso estrutural e não estrutural, e possível aplicação de qualquer revestimento e
uso estrutural de alta prestação para ambiente excelente maquinabilidade, normalmente utili-
seco e húmido. zado em portas interiores, perfis ou superfícies
arredondadas de mobiliário.
O painel de partículas é um material isotrópico
com resistência e durabilidade na utilização em » Menos denso: indicado para mobiliário e pai-
revestimento de tetos, paredes e mobiliário, néis de grande espessura.
sendo que os acabamentos em pintura, folhea-
do de madeira natural ou revestimento de papel » Resistente à humidade (MR): aglomerado com
embebido em resinas melamínica nas duas alta resistência à água e atmosferas húmidas
faces, aumentam a sua resistência e evitam os (baixo inchamento), normalmente utilizado em
empenamentos. mobiliário de cozinha, casa de banho, cofra-
gens, aplainamento de paredes, etc.
Para determinadas aplicações em que o nível de
exigência relativamente a uma ou várias carate- » Resistente ao fogo: aglomerado com reação
rísticas/propriedades difere do que é apresenta- melhorada ao fogo por adição de produtos
do pelas placas designadas standard, existem ignífugos.
desenvolvidos tipos especiais de aglomerado:

92
O painel aglomerado de partículas é, provavel- No entanto, apresenta algumas desvantagens
mente, o mais comum dos produtos derivados de que devem ser tidas em consideração aquando
madeira, uma vez que é muito versátil no que diz da sua utilização:
respeito às suas potenciais aplicações, apresen-
tando algumas vantagens e desvantagens quan- » Superfície e perfis grosseiros;
do comparado à madeira maciça. Assim, pode-
mos apontar como vantagens: » Baixa capacidade de ser trabalhada – pouca
possibilidade da madeira ser entalhada ou ser
» Densidade igual ou maior que a da madeira torneada;
(caraterística que lhe dá maior resistência);
» Pelas suas caraterísticas técnicas, pode es-
» Matéria-prima homogénea, pois o processo retira farelar com o uso de dobradiças e parafusos
nós e imperfeições da madeira, evitando que inadequados;
rache ou deforme, aumentando a resistência);
» Impossibilidade de utilização de pregos;
» Material mais isotrópico;
» Baixa resistência à humidade apesar de esta
» Baixo custo, pois é produzido com matéria-pri- resistência poder ser aumentada.
ma de qualidade inferior, proveniente de cortes
intermédios do povoamento como desramas,
desbastes, pontas ou resíduos das indústrias
de primeira transformação;

» Resistência maior às pragas pela adição de


resinas sintéticas na sua constituição.

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Painel de partículas com diferentes tipos de revestimentos: folha de melamina e faia.

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Produtos

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Painel de Fibras de Média Densidade (MDF)

Painel de Fibra Dura

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Painel OSB
O que é? de fachadas, como face de painéis sandwich, na
Os painéis OSB (Oriented Strand Board) são alma de viguetas de duplo T, pavimentos (fig. 31).
painéis aglomerados de partículas de madeira
longas e orientadas numa sobreposição de três a Tem caraterísticas de resistência à humidade,
cinco camadas, unidas com resinas sintéticas e suportando deste modo quase todos os tipos
prensadas a alta temperatura. de cobertura, sendo também utilizado em pa-
vimentos domésticos ou industriais, que estão
Nas camadas externas o alinhamento longitudinal mais suscetíveis à presença de humidade. Pode
das partículas coincide com o sentido do com- assumir diferentes aspetos na medida em que
primento do painel, enquanto na camada interna tem facilidade na receção de vernizes e outras
esse alinhamento faz-se perpendicularmente ou texturas.
ao acaso. Desta junção resulta um material com
elasticidade, resistência à flexão, estável, econó- Trata-se de um material de ótima rentabilização
mico e de fácil utilização (fig. 30). devido às várias vantagens que apresenta:
» Elevada resistência mecânica, comparável aos
Caraterísticas e Aplicabilidade valores do contraplacado e de outros painéis
Os painéis OSB estão disponíveis em várias estruturais de classe equivalente;
classes de resistência mecânica e numa vasta » Grande rigidez;
gama de dimensões, com superfície lixada ou não » Resistência à deformação, à rutura e à delami-
lixada e acabamento com cantos retos ou com nação;
sistema macho-fêmea. » Excelente relação entre resistência e peso;
» Boa capacidade de isolamento termo-acústico;
Devido às suas propriedades mecânicas e ao seu » Grande durabilidade. Desde que utilizado de
aspeto caraterístico, é utilizado em aplicações acordo com as respetivas recomendações de
estruturais (embora alguns projetistas tirem par- uso, é um painel dimensionalmente estável,
tido desse seu aspeto para efeitos decorativos): que mantém intactos os seus níveis de desem-
suporte de coberturas, entrevigados, cobertura penho ao longo do seu ciclo de vida;

98
» Desempenho preciso e bem definido. Painéis
para fins estruturais com caraterísticas físi-
cas e mecânicas perfeitamente definidas, em
conformidade absoluta com os requisitos de
conceção e regras de construção, em ambien-
te seco ou húmido;
» Visualmente atrativo e agradável;
» Utilização fácil. Pode ser facilmente serrado,
furado, aplainado, fresado ou lixado. Pode ser
pregado, cravado ou aparafusado junto ao bor-
do sem rachar. É também facilmente colado,
pintado ou tinturado;
Fig. 30 Painel OSB. » Livre de defeitos estruturais, sem nós ou des-
continuidades;
» Impacto ambiental reduzido. A sua matéria-
-prima é constituída unicamente por madeira
de pequena dimensão e é totalmente reciclável.

Fig. 31 Vigas OSB.

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Produtos

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Painel OSB
Painel de Fibras de Média
Densidade (MDF)

Painel de Fibra Dura

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Painel de Fibras de Média
Densidade (MDF)
O que é?
O painel aglomerado de fibras de densidade lados e estabilidade estrutural devido à disposi-
média (MDF – Medium Density Fibreboard) é um ção aleatória das fibras. Carateriza-se por possuir
painel produzido pela desfibração da madeira as caraterísticas da madeira sendo, à semelhança
fragmentada que, sob pressão e temperatura, as dos aglomerados de partículas, isotrópico.
fibras são novamente aglomeradas através de co-
las e resinas, originando um novo material com- Em Portugal estes painéis são constituídos 95%
pacto (fig. 32). O painel MDF tem um formato de por madeira de pinho, tratando-se de um dos
painel compacto com superfície lisa em ambos os setores com maior crescimento nos últimos anos.

Fig. 32 Painel MDF.

104
Caraterísticas e Aplicabilidade
É o derivado de madeira com melhor apetência como mobiliário de cozinha e casa de banho,
para substituir a madeira maciça, com resistência caixilhos de portas e janelas, lanbrins);
à humidade e ao fogo, podendo ser aplicado em
mobiliário ou pavimentos. Apresenta adicional- » MDF com reação ao fogo melhorada (Euro-
mente elevada maquinabilidade e homogeneida- classes C e B) pela adição de aditivos ignífugos;
de para utilizar na construção civil com superfície
macia adequado a lacagem. » MDF colorido em massa para soluções deco-
rativas;
Existem vários tipos de MDF disponíveis no
mercado, de acordo com a sua aplicabilidade e » MDF moldável caraterizado por possuir uma
exigências de uso: face ranhurada para aplicações onde seja
necessária flexibilidade do material na com-
» MDF standard para aplicações interiores em posição de outras formas (curvas, ondulações,
ambiente seco (portas, mobiliário, revestimen- desenhos, etc.).
to, decoração em geral);

» MDF especial para pintura/lacagem;

» MDF com menor densidade mas resistente,


adequado para a fabricação de produtos com
limite de peso (ex: portas de guarda-roupa,
montagem e decoração de lojas, etc.);

» MDF com maior resistência à humidade (com


baixo inchamento, adequado para utilização
em zonas com humedecimento ocasional,

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Produtos

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Madeira Lamelada Colada

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Painel Aglomerado de Partículas

Painel OSB

Painel de Fibras de Média Densidade (MDF)

Painel de Fibra Dura

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Painel de Fibra Dura
O que é?
É um painel produzido com fibras de madeira
aglutinadas pelo processo de alta temperatura e
pressão durante um maior período de tempo. Ao
contrário dos outros painéis de fibra, este painel
de fibra dura não contém resina sintética, pois é
o agente aglutinante natural da própria madeira, a
lignina, que promove a agregação das fibras.

O resultado é uma placa isenta de emissões de


formaldeído, de alta densidade, que pode ter
várias opções de revestimentos e acabamentos e
disponibilizada em variedades compacta e furada
(fig. 33).

Fig. 33 Diferentes aspetos do painel de fibra dura.

110
Caraterísticas e Aplicabilidade
O painel de fibra dura tem caraterísticas próprias
inerentes ao processo de fabrico, pois ao ser pro-
duzido com fibras intactas e em espessuras finas
(2,5mm, 3,2mm e 5mm), adquire alta densidade
(0,8 a 1,2 g/cm3) e muito uniforme por todo o pai-
nel, grande resistência mecânica e estabilidade.
Além disso, trata-se de um produto eco-eficiente,
uma vez que é 100% madeira.

Material indicado para aplicações de placas finas,


devido à sua grande resistência mecânica e sua-
vidade da superfície, ideal para elementos tra-
seiros de mobiliário, fundos de gavetas, revesti-
mentos de tetos, portas, bases do chão, divisões
interiores, tampos, painéis isolantes (térmicos e
acústicos), etc.

Normalmente aparecem no mercado com cor


castanha, tendo uma superfície lisa e outra rugo-
sa, ou ambas lisas, dependendo se é produzido
pelo processo húmido ou seco. Em qualquer dos
casos as superfícies lisas possuem um ótimo
acabamento, não necessitando de serem lixadas
nem de preparação antes de serem pintadas ou
lacadas.

111
Utilização de painéis de fibra dura no interior de portas.

112
113
Madeira
de Pinho
Diferentes Aspetos
Diferentes aspetos da madeira de pinho natural em dois cortes: tangencial e radial.

116
Aspeto da madeira de pinho natural com diferentes tratamentos de velatura.

Agradecimento à Fibromade pelo material fornecido e à CIN pela cedência das colorações. 117
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reabilitação da UTL.

O’ Connor, J., Kozak, R., Gaston, C. e Fell, D.


(2004). Wood use in nonresidential buildings: Op-
portunities and barriers. Forest Products Journal.
Volume 54 (3), p19 – 28.

119
Anexos

Normas de utilização da madeira de Pinheiro bravo.


Classes de qualidade estabelecidas para a madeira de Pinheiro bravo (NP 4305:1995).

CARATERÍSTICAS E DEFEITOS DA MADEIRA CLASSES DE QUALIDADE


CLASSE EE CLASSE E
KAR marginal < 1/5 < 1/2 < 1/2
Nós
KAR total < 1/5 < 1/2 < 1/3
Fio < 1/10 < 1/6
Taxa de Crescimento < 6 mm < 10 mm
Fendas superficiais com If < 300 mm podem ser ignoradas
Não repassadas
If < 1/4I e If < 600 mm If < 1/4I e If < 600 mm
Não mais do que uma fenda com o comprimento máximo,
Fendas
por cada metro
Repassadas
Permitidas só nos topos: If < 600
Permitidas só nos topos: If < 1,5xa
mm e If < 1,0xa

< 1/4b; <1/4a no < 1/3b; <1/3a no


comprimento total comprimento total
Descaio
< 1/3b; < 1/3a ao longo de 300 < 1/2b; < 1/2a ao longo de 300
mm (se cada topo tiver 3 ou 4 mm (se cada topo tiver 3 ou 4
arestas vivas) arestas vivas)

Se b = 35 mm -> X < 30 mm; Se b > 75 mm -> X < 10 mm


Em arco de face (em 2 m)
(interpolar para valores de espessura intermédios)

Se a = 60 mm -> Y < 10 mm; Se a > 250 mm -> Y < 5 mm


Empenos Em arco de canto (em 2 m)
(interpolar para valores de largura intermédios)
Em hélice (em 2 m) Z < 1,5 mm por cada 25 mm de largura da peça
Em meia-cana Xt < 1 mm por cada 25 mm de largura da peça
Sem limites caso sejam mais curtas que a largura da peça.
Não repassadas Se tal não se verificar aplicam-se os limites das fendas.
Bolsas de resina e casca inclusa
Sem limites caso o seu comprimento seja < 1/2 da largura da
Repassadas peça. Se tal não se verificar aplicam-se os limites das fendas.
Medula Não admitida Admitida

120
CLASSES RESISTENTES
EN 338:2007 CONÍFERAS
Classes Resistentes C14 C16 C18 C20 C22 C24 C27 C30 C35 C40 C45 C50
Propriedades Resistentes (em N/mm2)
Flexão fm,k 14 16 18 20 22 24 27 30 35 40 45 50
Tração Paralela ft,0,k 8 10 11 12 13 14 16 18 21 24 27 30
Tração Perpendicular ft,90,k 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
Compressão Paralela fc,0,k 16 17 18 19 20 21 22 23 25 26 27 29
Compressão Perpendicular fc,90,k 2,0 2,2 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 2,9 3,1 3,2
Cortante fv,k 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0
Propriedades Elásticas (em kN/mm2)
Valor Médio do Módulo de
E0,média 7 8 9 9,5 10 11 11,5 12 13 14 15 16
Elasticidade Paralelo

5% do Módulo de
E0,05 4,7 5,4 6,0 6,4 6,7 7,4 7,7 8,0 8,7 9,4 10,0 10,7
Elasticidade Paralelo

Valor Médio do Módulo de


E90,média 0,23 0,27 0,3 0,32 0,33 0,37 0,38 0,40 0,43 0,47 0,5 0,53
Elasticidade Perpendicular

Valor Médio do Módulo


Gmédia 0,44 0,5 0,56 0,59 0,63 0,69 0,72 0,75 0,81 0,88 0,94 1,00
de Cortante
Densidade (em kg/m3)
5% do Valor da Densidade Pk 290 310 320 330 340 350 370 380 400 420 440 460
Valor Médio Pmédia 350 370 380 390 410 420 450 460 480 500 520 550

121
CLASSES RESISTENTES
EN 338:2007 FOLHOSAS
Classes Resistentes D18 D24 D30 D35 D40 D50 D60 D70
Propriedades Resistentes (em N/mm2) Classes Resistentes
Flexão fm,k 18 24 30 35 40 50 60 70
Tração Paralela ft,0,k 11 14 18 21 24 30 36 42
Tração Perpendicular ft,90,k 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6
Compressão Paralela fc,0,k 18 21 23 25 26 29 32 34
Compressão Perpendicular fc,90,k 7,5 7,8 8,0 8,1 8,3 9,3 10,5 13,5
Cortante fv,k 3,4 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,5 5,0
Propriedades Elásticas (em N/mm2)
Valor Médio do Módulo de
E0,média 10 11 12 12 13 14 17 20
Elasticidade Paralelo

5% do Módulo de
E0,05 8,4 9,2 10,1 10,1 10,9 11,8 14,3 16,8
Elasticidade Paralelo

Valor Médio do Módulo de


E90,média 0,67 0,73 0,80 0,80 0,86 0,93 1,13 1,33
Elasticidade Perpendicular

Valor Médio do Módulo


Gmédia 0,63 0,69 0,75 0,75 0,81 0,88 1,06 1,25
de Cortante
Densidade (em kg/m3)
5% do Valor da Densidade Pk 500 520 530 540 550 320 700 900
Valor Médio Pmédia 610 630 640 650 660 750 840 1080

122
EN 1912
Norma, Espécies e Origem C14 C16 C18 C22 C24 C27 C30
DIN 4074
S7 S10 S13
Abeto
Picea, Pinheiro silvestre - Centro Norte EU S7
NFB 52.001 – 4
ST – III ST – II ST – I
Abeto, Falso abeto, Abeto de Douglas – França
Pinheiro bravo – França ST – III ST – II
INSTA 142
T0 T1 T2 T3
Abeto, Falso abeto, Pinheiro bravo – Norte Europa

NGRDL J&P Sel,


LF Stud Nº3 Nº1 e Nº2
Pinheiros amarelos do sul – EUA SLF Sel

NLGA J&P Sel,


Nº1 e Nº2
Abeto sitka – Canadá SLF Sel

NGRDL e NLGA
J&P Sel,
Abeto de Douglas LF Stud Nº1 e Nº2
SLF Sel
SPF-EUA e Canadá

UNE 56544:2003
ME – 2 MEG ME – 1
Pinheiro silvestre – Espanha

UNE 56544:2003
ME – 2 ME – 1
Pinus radiata - Espanha

UNE 56544:2003
ME – 2 ME – 1
Pinheiro bravo – Espanha

UNE 56544:2003
ME – 2 MEG ME – 1
Pinheiro larício – Espanha

123
MADEIRA LAMELADA COLADA*
Pinheiro Casquinha
Caraterísticas Picea Pseudotsuga Pinus rigida
bravo Redwood Scots pine
Densidade 0,53 - 0,60 0,4 0,53 0,45 0,46 - 0,50 0,51 - 0,59
Radial 4,9 2,6 4,1 4,2 3,8 - 4,8 4,6 - 5,4
Retração Total (%) Tangencial 8,6 4,6 7,9 9,4 6,9 - 7,6 7,4 - 7,7
Volumétrica 14,2 7,0 12,7 14,2 10,7 - 12,4 12,1 - 12,3
Tensão de Rotura 98,4 69 98 75 82 - 90 88 - 112
Flexão Estática (N/mm2)
Módulo de Elasticidade 13800 9250 11760 10500 10300 - 13400 12100 - 13700
Compressão axial - tensão de rotura (N/mm2) 47,3 - 57 42 54 39 43 - 51,2 48,2 - 58,4
Tração transversal - tensão de rotura (N/mm2) 3 1,7 2,9 2,2 2,3 - 2,7 3,2
Tração axial - tensão de rotura (N/mm2) 89,4** ... 102 90 107,6 80
Corte - tensão de rotura (N/mm2) 10,2 1,5 9,8 ... 7,8 - 10,4 9,6 - 11,6

* Valores médios referidos ao teor de água de 12%.


** Valor obtido de madeira seca ao ar, mas sem correção para a humidade de 12%.

Fonte: Adaptado de Gaspar F., et al, 2005.

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