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PROJETO DE LEI Nº 1546/2008

EMENTA:
PROIBE A FABRICAÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO DE INCENSO QUE
CONTENHAM NA COMPOSIÇÃO AS
SUBSTÂNCIAS BENZENO, FORMOL,
TOLUENO, ESTIRENO, ACETALDEHIDO E
MONÓXIDO DE CARBONO E DÁ OUTRAS
PROVIDÊNCIAS.
Autor(es): Deputado MARCELO SIMAO

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


RESOLVE:
Art. 1º - Proíbe a fabricação e comercialização de incenso, no âmbito do
Estado do Rio de Janeiro, que contenham, em sua composição,
benzeno, formol, tolueno, estireno, acetaldehido e monóxido de carbono
em quantidades que afetem a saúde das pessoas.

Art. 2º - Os fabricantes ficam também obrigados a disponibilizar nas


embalagens, de forma precisa e clara, nome e quantidade das
substâncias que contém o produto.

Art. 3º - O descumprimento da presente Lei acarretará ao infrator as


seguintes sanções:

I – multa de 1.000 (mil) UFIRs

II – em caso de reincidência, multa de 2.000 (duas mil) UFIRs

III – nova reincidência, será cassada a eficácia da inscrição do cadastro


de contribuintes no Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS

Art. 4º - O Poder Executivo baixará os Atos que se fizerem necessários


para a regulamentação da presente Lei.

Art. 5º - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas


as disposições em contrário.

Plenário Barbosa Lima Sobrinho, em 07 de maio de 2008

Deputado MARCELO SIMÃO

JUSTIFICATIVA
De acordo com a Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor – PRO TESTE, muitas marcas de incenso
possuem substâncias tóxicas em sua composição, como
benzeno e formol entre outras.

Segundo a PRO TESTE, os aromatizantes conhecidos


como incenso são vendidos sem regulamentação ou
fiscalização, levando perigo à saúde, pois os consumidores
estão inalando substâncias tóxicas e cancerígenas.

Artigo 287 da Constituição Estadual:

“A saúde é direito de todos e dever do Estado,


assegurada mediante políticas sociais, econômicas e
ambientais que visem à prevenção de doenças físicas
e mentais, e outros agravos, o acesso universal e
igualitário às ações de saúde e a soberana liberdade de
escolha dos serviços, quando esses constituírem ou
complementarem o Sistema Unificado e Descentralizado
de Saúde, guardada a regionalização para sua promoção,
proteção e recuperação.”

Artigo 24 da Constituição Federal:

“Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal


legislar concorrentemente sobre:

XII – previdência social, proteção e defesa da saúde”

Abaixo, matéria, assinada pela jornalista Cláudia Collucci,


publicada pelo jornal Folha de São Paulo em 09 de março
de 2008:
Teste mostra que fumaça de incenso é prejudicial à saúde
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Usado desde a Antigüidade com sentido de purificação e proteção, o
incenso acaba de receber sinal vermelho da Pro Teste, a Associação
Brasileira de Defesa do Consumidor. Cinco marcas avaliadas mostram
que daquela fumacinha, aparentemente inocente, exalam substâncias
altamente tóxicas.

Queimando um incenso todos os dias, por exemplo, a pessoa inala a


mesma quantidade de benzeno --substância cancerígena-- contida em
três cigarros, ou seja, em torno de 180 microgramas por metro cúbico.
Há também alta concentração de formol, cerca de 20 microgramas por
metro cúbico, que pode irritar as mucosas.

As substâncias nem de longe lembram as especiarias aromáticas com


as quais o incenso era fabricado no passado, como gálbano, estoraque,
onicha e olíbano. Se há uma leve semelhança, ela reside na forma
obscura da fabricação. No passado, o incenso era preparado
secretamente por sacerdotes.
Hoje, o consumidor também não é informado como esses produtos são
feitos e quais substâncias está inalando. O motivo é simples: por falta de
regulamentação própria, os fabricantes de incenso não são obrigados a
fazer isso.

Nas cinco marcas avaliadas (Agni Zen, Big Bran, Golden, Hem e
Mahalakshimi), todas indianas, não há sequer o nome do distribuidor
brasileiro na embalagem. Muito menos a descrição de quais substâncias
compõem o produto. A Folha tentou localizar as empresas, por meio dos
nomes dos incensos, mas, assim como a Pro Teste, não teve sucesso.

A avaliação foi feita a partir da simulação do uso em ambiente parecido


com uma sala. Segundo a Pro Teste, foi medida a emissão de poluentes
VOCs (compostos orgânicos voláteis) e de substâncias passíveis de
causar alergias, como benzeno e formol. As concentrações foram
medidas após meia hora do acendimento.

Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Pro Teste e colunista da


Folha, alerta que os aromatizadores de ambiente, como o incenso, são
vendidos sem regulamentação ou fiscalização, o que representa perigo
à saúde.

"Os consumidores pensam que se trata de produtos inofensivos, que


trazem harmonia e, na verdade, estão inalando substâncias altamente
tóxicas e até cancerígenas."

A Pro Teste reivindica que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância


Sanitária) faça um estudo sobre o impacto dos produtos na saúde e
elabore regulamentação para a produção, importação e venda no Brasil.

Consumidora

"Estou surpresa. Acendo incensos diariamente há 20 anos no momento


em que faço minhas preces no altar budista que tenho na sala. É uma
forma de agradecimento às divindades e de limpeza energética. Jamais
pensei que eles pudessem fazer mais mal do que bem", diz Renata
Sobreira Uliana, 49.

O resultado dos testes também surpreendeu os médicos. "Nunca li


nenhum artigo científico a respeito disso, mas é um dado muito
interessante, que vai fazer a gente repensar a forma de liberar esse tipo
de produto", diz José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade
Paulista de Pneumologia.

Clystenes Soares Silva, pneumologista da Unifesp (Universidade


Federal de São Paulo), explica que nem pessoas predispostas a
desenvolver quadros alérgicos (como rinite e asma) nem pessoas
saudáveis devem se expor aos incensos.

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