Por Roger Gaudreau, Steve Herman e Ian Lemke

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Créditos
Escrito por: Roger Gaudreau, Steve Herman e Ian Lemke
Contribuições Adicionais: Brian Campbel, Steve Kenson,
Wayne Peacock
Projeto e Desenvolvimento: Ian Lemke
Preparação: Cynthia Summers
Direção de Arte: Ayleen E. Miles
Composição e Diagramação: Ayleen E. Miles
Arte do Interior: Mike Chaney & Matt Milberger, Antho-
ny Hightower, Brian Leblanc, Heather j. McKinney, Rick
O’Brien, Paul Phillips, Valerie Valusek
Arte da Capa: Mark Jackson
Projeto da Capa e Contracapa: Ayleen E. Miles
Advertência
Este material foi elaborado por fãs e é destinado a fãs,
sendo assim, ele deve ser removido de seu computador em
até 24hs, exceto no caso de você possuir o material original
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expressamente proibidas. Os direitos autorais estão preser-
vados e destacados no material. Não nos responsabilizamos
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de Segredos do Narrador, Ilha dos Poderosos, Guia do Sabá, Sonhos e Pesadelos, e Mundo das Trevas Combate são marcas
comerciais da White Wolf Publishing AB
Todos os direitos reservados. Todos os personagens, nomes, lugares e texto aqui contidos são propriedade da White Wolf
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Este livro usa o sobrenatural como cenário, personagens e temas. Todos os elementos místicos e sobrenaturais são ficção
e apenas para fins de entretenimento. Este livro contém conteúdo maduro. É aconselhável discrição do leitor.
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4 Livro dos Sonhos Perdidos

INTRODUÇÃO 6 As Tradições 22 A Ruína 38
Sobre este livro 6 Verbena 22 Aspectos Sociais 40
Conteúdo 6 Ordem de Hermes 22 Livro de Como Chutar Bundas 40
CAPÍTULO UM: Oradores dos Sonhos 22 Ragnarok 40
O MUNDO DESPERTO 9 Ideias para Crossovers 22 Gae-Bolga 41
Os Outros 9 Regras para Crossovers 22 Pan-do 42
Política 9 Resistindo ao Encantamento 23 As Três Casas Unseelie 42
Eventos Atuais 11 Contramágika 23 Casa Ailil 43
Vampiros 12 Drenando Propriedades Livres 23 Casa Balor 44
Ravnos 13 Esfera Espírito 24 Casa Leanhaun 45
Malkavianos 13 Changeling-magi 24 Novo Antecedente 47
Kiasyd 14 Consciência 24 Trod 47
Ideias para Crossovers 14 Pontos de Vista 24 CAPÍTULO QUATRO:
Regras de Crossovers 14 Aparições 25 ROUBA BANDEIRA 49
Quimerismo 14 Sandmen 27 Introdução 49
Ofuscação 14 Ideias para Crossovers 27 Tema e Atmosfera 49
Auspícios 14 Regras para Crossovers 27 Enredo 49
Bebendo Sangue Changeling 14 Sentidos dos Sluagh 27 Informações ao Narrador 50
O Abraço 15 Lamúria 27 Cena Um:
Pontos de Vista 15 Pandemônio 27 Um Convite ao Heroísmo 51
Lobisomens 16 Pontos de Vista 27 Cena 2: Devolva até amanhã às 23:00 52
Fianna 17 CAPÍTULO DOIS: Cena Três: Lar Doce Lar 53
Crias de Fenris 18 CONFUSÃO DOS TRUQUES 29 Cena Quatro: Dia de Trabalho 53
Nunnehi e as Tribos Nativas 18 Truques 29 Cena Cinco: $29 a Noite 54
Ideias para Crossovers 18 Petas 29 Uma Visita à Meia-Noite 54
Regras de Crossovers 19 Exemplo de Petas 30 Encontro Vespertino 55
Dons 19 Andanças 30 Cena seis: Não sabem de nada 55
Defesa Espiritual Chicana 30 Conclusão e Fios Soltos 57
(Dom Hominídeo de Nível Quatro) 19 Prestidigitação 30 Personalidades 57
Senso do Sobrenatural Princípio 30 Chanceler Piper Gaines
(Dom Lupino de Nível Dois) 19 Soberania 31 (Nobre Honorável) 58
Nome do Espírito Vaticínio 31 Oliver “Bloodhorn’’ Kress
(Dom Lupino de Nível Três) 19 CAPÍTULO TRÊS: (Conspirador Diabólico) 58
Percepção do Invisível NARRATIVA AVANÇADA 33 Lilliana Shannon
(Dom Theurge de Nível Três) 19 Aspecto e Semblante Feérico 33 (Raposa Traiçoeira) 59
Drenagem Espiritual O Aspecto Mortal 33 Douglas Bender
(Dom Theurge de Nível Quatro) 20 O Semblante Feérico 34 (Mecânico Familiar) 60
Modelagem de Espírito Deixando Cair a Máscara 34 Nikki Moore
(Dom Theurge de Nível Cinco) 20 Uma vida dupla 34 (Artista Passando Fome) 60
Espirito Amigo Revendo a Banalidade 35 Detonador
(Dom dos Filhos de Gaia de Nível Três) 20 O que os números significam? 36 (Punk Rebelde) 61
Parente Fada Banalidade Cinco 36 Bonnie
(Dom Fianna de Nível Três) 20 Banalidade Seis 36 (Tiete de Banda) 62
Changelings-Garou 20 Banalidade Sete 37
Delírio 20 Banalidade Oito 37
Pontos de Vista 20 Banalidade Nove 37
Magos 21 Banalidade Dez 38

Sumário 5
 I NTRODUÇÃO
Sobre este livro
Nas páginas deste livro, você encontrará mui-
tas informações, algumas antigas e outras novas.
Grande parte da informação antiga foi atualizada
e revisada para a segunda edição de Changeling:
O Sonhar. As novas informações são fornecidas
para ajudar os Narradores e jogadores a entender
melhor o funcionamento de Changeling e ajudar
a detalhar suas histórias. Os leitores que acreditam
terem visto algumas dessas informações em livros
anteriores são encorajados a dar uma segunda olha-
da. Há algumas mudanças e novas informações es-
palhadas por toda parte (especialmente nas casas
Unseelie).
Embora este seja essencialmente um livro de
regras, lembre-se de que Changeling é sobre con-
tar histórias. Se alguma das regras incluídas neste
livro não parecerem apropriadas para a sua crônica,
sinta-se à vontade para alterá-las ou excluí-las com-
pletamente. Todas essas regras devem ser considera-
das opcionais – na verdade, todas as regras devem
ser consideradas opcionais! Afinal, como não há
vencedores ou perdedores em um jogo de narra-
tiva como Changeling, todas as regras podem ser
consideradas obsoletas. No final, é a história que é
importante, não as regras.
Ainda assim, as regras são úteis para estabe-
6 Livro dos Sonhos Perdidos
lecer uma estrutura para os eventos que ocorrem
durante uma história. No final, o Narrador e os jo-
gadores precisam descobrir por si mesmos o nível
de complexidade que desejam que as regras de suas
histórias tenham.
Além das novas regras incluídas aqui, há tam-
bém informações sobre as três casas Unseelie (Ai-
lil, Balor e Leanhaun). Alguns Narradores podem
querer restringir o uso dessas casas pelos jogadores.
Permitir que os jogadores tenham personagens que
são membros de uma casa Unseelie pode atrapa-
lhar bastante uma crônica, especialmente se a maio-
ria dos outros personagens for Seelie. No entanto,
narradores que desejam ter crônicas mais sombrias
e repletas de intrigas podem se divertir ao incluir
essas casas.
Conteúdo
O Capítulo Um oferece uma visão detalhada
de como os Kithain interagem com os Pródigos e os
outros sobrenaturais. Informações sobre o cenário
e regras de crossover são fornecidas, além de dicas
sobre como colocar changelings em outras crôni-
cas.
O Capítulo Dois explica como os truques fun-
cionam com mais detalhes, concentrando-se par-
ticularmente nas Petas. Também inclui uma lista
completa de sugestões de Petas para cada uma das Artes des-
critas na segunda edição de Changeling.
O Capítulo Três é uma miscelânea de informações, va-
riando de como a Banalidade afeta um changeling até des-
crições das três casas Unseelie. Também traz uma visão mais
detalhada das diferenças entre o semblante feérico e o aspec-
to mortal, um novo Antecedente, e regras para usar o livro
Mundo das Trevas: Combate com Changeling (incluindo
três estilos de luta completos).
O Capítulo Quatro contém uma aventura completa
que pode ser inserida em praticamente qualquer crônica de
Changeling. Esta história é particularmente útil para Narra-
dores que estão apenas começando, mas também podem ser
usada por Narradores veteranos de Changeling.
Nota dos Autores
Grande parte do material deste livro é informação que
simplesmente não se encaixaria no livro básico. Em nossa
concepção original para a segunda edição de Changeling,
pretendíamos incluir todas as casas nobres que haviam sido
mencionadas até o momento. No final, isso foi simplesmente
impossível. Também queríamos incluir muitos dos conceitos
de Banalidade que haviam sido discutidos em O Povo Outo-
nal, e embora não encontramos espaço na época, essa infor-
mação encontrou seu lugar aqui
Incluir ou não material publicado anteriormente neste
livro foi uma decisão difícil. No entanto, no final, sentimos
que o material reimpresso aqui era importante para os novos
jogadores. Grande parte da seção sobre os outros seres sobre-
naturais que habitam o Mundo das Trevas foi tirada do Li-
vro dos Segredos do Narrador, embora muitas mudanças te-
nham sido feitas nele. Há também uma quantidade razoável
de material novo sobre o cenário que pode ser muito útil para
os Narradores que desejam executar crônicas com crossovers,
que é o que parece ser o que todo mundo faz hoje em dia.
Introução 7
8 Livro dos Sonhos Perdidos
 C APÍTULO U M:
O M UNDO
D ESPERTO
Meninos e meninas de todas as idades
Vocês não gostariam de ver algo estranho?
— “This is Halloween”, The Nightmare Before Christmas
Os Outros
Os Kithain e o Sonhar não são as únicas forças
sobrenaturais dentro do Mundo das Trevas. Muitos
outros seres com suas próprias facções e problemas
habitam este mundo secreto longe dos olhos hu-
manos.
As relações com esses seres sobrenaturais se
deterioraram após a Separação. Uma vez que a Ba-
nalidade caiu como uma cortina sobre a terra, os
Kithain estavam mais interessados em sobreviver
do que brincar de política com as perigosas cria-
turas que compartilhavam as sombras consigo. Há
notáveis exceções, como os encontros entre feés /
lobisomens uma vez a cada 10 verões na Hibernia
(Irlanda), o abrigo de Kithain em Paris pelo vampi-
ro Prince Villon, e o grande pacto entre os feés e
os magi na Grã-Bretanha (detalhado em Ilha dos
Poderosos). A maioria dos outros sobrenaturais, es-
pecialmente os vampiros, perderam o contato com
os Kithain após a Fragmentação. As lembranças das
fadas se tornaram sonhos semiesquecidos de noites
quentes banhadas de sangue.
Com o retorno dos sidhe, porém, e a chegada
do Verão Indiano (uma explosão de Glamour antes
da chegada do Inverno), muitos pactos, tratados e
protocolos antigos foram restabelecidos. Os sidhe
renovaram seu contato com magos, lobisomens e
outros sobrenaturais, como se o tempo não tivesse
passado. Em sua maior parte, muitos desses grupos
ficaram chocados e surpresos ao verem essas lendas
vivas depois de quase 600 anos.
Agora que os Kithains estão se tornando mais
ativos, eles estão entrando em contato com outras
forças sobrenaturais. Os membros da nobreza tem
sido os principais responsáveis por detrás do reesta-
belecimento dessa comunicação com aqueles que
costumavam serem seus aliados. Com este contato
renovado, porém, os Kithain também começaram a
redescobrir antigos inimigos.
Política
Ao lidar com pródigos, os Kithain geralmente
preferem Apelar ao Fado para parecem mais im-
pressionantes. É muito mais vantajoso para o du-
que local negociar com o príncipe Toreador sendo
uma criatura extraordinariamente linda usando
uma armadura cerimonial do que um estudante de
16 anos de idade do ensino médio usando jeans e
camiseta. (Claro, o sidhe pode descobrir que após
Capítulo Um: O Mundo Desperto 9
9
 isso ele terá que se preocupar com um vampiro que decide
que deve ter essa linda criatura em sua coleção particular, mas
Regra Opcional: isso é outra história.) Da mesma forma, ao tentar provar seu
Encantando Pródigos valor em combate, é melhor ser um troll de dois metros e
meio de altura ao lidar com um lobisomem na forma Crinos
Todas as criaturas com alguma habilidade sobre-
do que o batedor do time júnior do colégio.
natural são referidas como seres Despertos. Alguns
Narradores podem desejar tornar mais fácil para os Conforme os feés, principalmente os sidhe, se tornam
changelings encantarem seres Despertos, permitindo mais presentes nos acontecimentos sobrenaturais no Mundo
assim uma crônica que envolva diversos seres sobrena- das Trevas, vão reafirmando suas antigas alianças. Por exem-
turais. Ao usar esta regra, um changeling pode tentar plo, os sidhe há muito tempo tem um pacto com os lobiso-
encantar qualquer ser Desperto. Para tentar um encan- mens Presas de Prata, assim como com os magos conhecidos
tamento usando esse método, o jogador deve gastar como a Ordem de Hermes. Outros kith, casas e facções têm
pelo menos um ponto de Glamour e fazer um teste de seus próprios aliados entre os pródigos. A Corte Sombria tem
Glamour (dificuldade igual à taxa de Banalidade do amigos entre os altos escalões do Sabá. Os kinain da Casa Fio-
alvo). Este encantamento dura um dia (24 horas) por na e os parentes dos Fianna também se casam o tempo todo.
ponto de Glamour gasto mas é modificado conforme Desde o Ressurgimento, os Kithain também redescobri-
a tabela abaixo (assim um Garou pode ser encantado ram antigos inimigos. Os lobisomens que se autodenominam
por três dias por ponto de Glamour, e assim por dian- Crias de Fenris têm uma antiga rixa de sangue com os sidhe
te). Aqueles Despertos não listados na tabela são afeta- e os atacam assim que os veem. Os vampiros Ravnos também
dos por um dia. entram em conflito com os Kithain regularmente. Existem
boatos de que os mais antigos e perigosos inimigos dos Ki-
Ser Desperto Modificador thain ainda existam. Embora os rumores de novas aparições
Garou x3 das criaturas chamadas de fomorianos ainda sejam apenas
Mago, Desaurido x5 boatos, é certo que algo que corresponde à descrição destes
Mago, Nefandus x3 inimigos dos feés ainda existe. Há aqueles que sussurram que
Mago, Tecnocrata x5 a Casa Balor pode saber, mas por enquanto a Casa Balor pre-
(também inclui Adeptos da Virtualidade) fere manter o silêncio sobre o assunto. Embora os Kithain
Mago, Tradição x2 saibam muito sobre seus primos, muitas de suas informações
Vampiro, Kiasyd x5 na maioria das vezes estão desatualizadas, provenientes de sá-
Vampiro, Malkaviano x3 bios e tradições que existiam antes da Fragmentação. A no-
breza, por exemplo, conhece os nomes e traços gerais dos clãs

10 Livro dos Sonhos Perdidos


Palavras de Poder
O Sonhar ainda impõe pactos e acordos assinados
há eras entre os fées e os pródigos. Esses acordos variam
de alianças a simples tratados de não agressão. Muitas
vezes uma criatura que conhece as antigas palavras
ainda pode usá-las contra um changeling, forçando-o
a seguir o acordo. Um exemplo desse tipo de pacto é
a Paz do Alto Rei, feito entre os Presas de Prata e os
sidhe. Isso indica que quando uma das partes usa um
anel feito de madeira de freixo, a outra não pode usar
magia de domínio ou submissão ao seu usuário. Isto
envolve Soberania e Dons que dominam a vontade de
alguém (veja Lobisomem: O Apocalipse). Há muito
mais tratados e acordos dos tempos pré-Fragmentação,
e estes são deixados a critério dos Narradores. A maio-
ria deles tem um impacto muito maior nos Kithain do
que nos pródigos (os changelings podem sofrer efeitos
negativos, como se tivessem quebrado um juramento
ao desafiar esses pactos). Muitos sobrenaturais conti-
nuam a respeitá-los por respeito às tradições, supondo
que estejam cientes da existência destes pactos. Tais
acordos e tratados podem ser um bom ponto de parti-
da para um crossover de Changeling.
vampíricos do século XIII, mas as linhagens de sangue e po-
líticas mais recentes são completamente novas para eles. Um
sidhe pode lembrar que um Ventrue deve ser recebido com a
mesma pompa de um nobre, mas seria muito menos provável
ele saber como receber uma Filha da Cacofonia. Essa falta
de experiência com a situação atual da política sobrenatural
atrapalha muitas vezes a nobreza ao lidar com essas criaturas.
Muitos plebeus, principalmente os sluagh, têm uma idéia me-
lhor sobre a situação deles no momento. É muito divertido
quando o duque comete um gafe na presença dos magos lo-
cais perguntando onde estão os Ahl-i-Batin.
Eventos Atuais
Houve três importantes eventos entre Kithain e Pródigos
no passado recente que merecem destaque. A primeira foi
a destruição da corte de verão do Duque Rococo por uma
horda de lobisomens deformados e cruéis. O massacre levou
o Grande Rei David a colocar o Ramo Vermelho em alerta
máximo em busca de sinais dessas criaturas distorcidas. O
bardo Fianna, Niall Whitestar, afirmou que estes são inimi-
gos ancestrais dos Garous, e ofereceu a ajuda de sua matilha.
Em resposta, seguindo as regras mais conservadoras da corte,
o Alto Rei nomeou Niall e sua matilha como Cavaleiros do
Ramo Vermelho, encarregados de levar à justiça aos respon-
sáveis pelo massacre.
Outro episódio recente envolveu uma cabala de magos
chamados Cultistas do Êxtase que assumiu uma propriedade
livre construída dentro de uma casa vitoriana abandonada,
Capítulo Um: O Mundo Desperto 11
 mantida por um tragoi itinerante de sátiros. Quando os sáti-
ros retornaram para encontrar sua casa cooptada, eles se pre-
pararam para a batalha e entraram. Desde então, ninguém
viu nem os magos nem os sátiros. Ocasionalmente, risadas
são ouvidas emanando de dentro da casa, mas ninguém que
tenha entrado para investigar retornou de lá.Finalmente en-
tre os estouvados, tem se tornado um grade feito assumir o
desafio de encontrar Pródigos e se envolver em alguma tra-
quinagem, ou melhor ainda, chutar seus traseiros de alguma
forma engraçada. Mais de um changeling já se encontrou em
apuros após um simples desafio de “Entrar e sair da Capela”
que se transformou em um grande desafio de habilidades má-
gicas quando os magos locais decidiram que não estavam a
fim de lidar com o visitante indesejado.

Vampiros
Conhecidos pelos Kithain como os Filhos de Lilith, di-
zem que os vampiros descendem de um redcap que matou
seu irmão. Outros afirmam que há alguma verdade nesta
história, mas que estes seres eram um kith completamente à
parte, e que todo o kith foi punido pelos Tuatha de Dannan
como consequência das ações dessa fada. No entanto, outros
acreditam que essas fadas perdidas simplesmente ficaram tão
apaixonadas por sua sede de sangue que perderam de vista
sua verdadeira natureza feérica.
Todos os vampiros afirmam que eles são descendentes
desse assassino, conhecido como Cain. Os Membros, como
eles chamam a si mesmos, estão envolvidos em uma luta sem
fim pelo poder, domínio e supremacia conhecida como a
Jyhad. Os kithain às vezes podem ser envolver neste grande
jogo de manipulação, geralmente com resultados desastrosos.
Esses bebedores de sangue são muitas vezes cheios de ba-
nalidade e, portanto, são evitados pela maioria dos feés. Ain-
da assim, seu estilo e o desejo sombrio do vampiro tem grande
chance de acabar gerando/atraindo algum Glamour. Muitos
sidhe acham os anciãos dos Filhos de Lillith fascinantes, pois
eles frequentemente guardam lembranças de sua existência
passada neste plano. Existem muitas histórias de vampiros an-
ciões que reconheceram alguns dos sidhe, às vezes como um
inimigo ou como um aliado de séculos passados.
Alguns Kithain são atraídos pelos Membros como mari-
posas na luz. Existem aqueles que veem a política dos mor-
tos-vivos como o maior desafio de todos. Outros anseiam por
sua imortalidade perdida e veem a existência vampírica como
o equivalente mais próximo. No entanto, outros simplesmen-
te acreditam na crença de que os vampiros são mais legais que
qualquer outra pessoa.
Os Kithain estão cientes de que a sociedade vampírica é
dividida entre linhas ideológicas e familiares, mas a maioria
não se interessa em aprender mais do que qual seita controla
sua área e o quão seguro é vagar à noite. A corte do Grande
Rei David emitiu um aviso para evitar o grupo de vampiros
conhecido como Tremere, devido ao fato de vários Kithain te-
rem sido capturados por esses vampiros e destruídos durante
seus experimentos.
A maioria dos Membros não tem ideia de que as fadas
existam. Aqueles que sabem de sua existência tendem a vê-las
como seres extremamente poderosos, mas também muito in-
fantis.

12 Livro dos Sonhos Perdidos

Ravnos
O clã que representa o maior perigo para os Kithain, e
pode causar os maiores efeitos no Sonhar, é o Ravnos, embo-
ra a maioria desses vampiros ciganos esteja completamente
inconsciente do perigo que representam para as fadas. Esses
Membros têm um poder chamado Quimerismo, que para os
olhos mortais é apenas ilusão. No entanto, os Kithain reco-
nhecem o poder de criar quimeras. Uma ilusão criada por
um desses vampiros (animada ou inanimada) é considerada
uma quimera, ainda que não seja controlada por seu criador.
Armas e criaturas criadas usando esse poder podem causar
danos quiméricos aos Kithain e aos encantados.
Dizem que os Ravnos aprenderam seus poderes de um
exu que foi vencido em uma disputa de criação de contos
pelo fundador do Clã Ravnos. Como prêmio, o exu conce-
deu ao vampiro a capacidade de enxergar o Sonhar. Usando
este conhecimento, o fundador descobriu uma forma de ma-
nipular o Sonhar de formas que nem os feés compreendem.
Embora ele fosse capaz de repassar a habilidade de criar ilu-
sões com o material do Sonhar, a visão inata do mundo mági-
co foi perdida para as gerações futuras.

Malkavianos
A loucura e os insights dos Malkavianos os aproximam
mais do Sonhar do que qualquer outros dos Membros. Os Ki-
thain acham que eles são os mais fáceis de lidar por causa de
sua baixa Banalidade. Este clã de vampiros tem os laços mais
fortes com os feés, com tratados e acordos que remontam
a centenas, senão a milhares de anos. Muitos malkavianos
reconhecem os Kithain como sendo fadas, mesmo que não
possam enxergar o semblante feérico dos Kithain ou quime-
ras a menos que sejam encantados. Isso nem sempre é bom;
as loucuras de alguns Malkavianos não são sempre adequadas
para relações amigáveis.
Malkavianos são atraídos para os feés como mariposas
para a luz, e a atração é ocasionalmente mútua. Não é inco-
mum para um Malkaviano se esgueirar para uma propriedade
livre, e observar o que acontece em silêncio ou até mesmo
ser ousado o suficiente para se socializar. A maioria dos re-
sidentes não tem certeza se os Membros são cientes de que
estão em uma propriedade livre, e é possível que os próprios
Malkavianos não saibam.
Os Malkavianos têm menos chance de passar mal ao be-
ber sangue de fada, e de fato bebê-lo pode deixá-los um pouco
mais lúcidos que o normal. O perigo está no fato de alguns
Malkavianos se tornarem viciados em sangue de fada após
apenas alguns goles. Um Malkaviano viciado em sangue de
fada pode revelar-se um predador muito perigoso.
Alguns Kithain (especialmente os Unseelie) se colocam
na perigosa mas extremamente recompensante posição de
musa dos brincalhões Malkavianos. Estes Kithain inspiram
a tendência destes vampiros loucos a realizarem brincadeiras
cruéis e elaboradas, e colher as recompensas deste Glamour
produzido. A dificuldade de todos os testes de Entressonho
envolvendo Malkavianos é reduzida em um.
Finalmente, um dos fatos menos conhecidos sobre os
Malkavianos (e eles preferem manter assim) é que eles não são
afetados pelas Brumas. Embora eles ainda devam ser encanta-
dos para poderem ver o semblante feérico de um changeling

Capítulo Um: O Mundo Desperto 13

e interagir com quimera, eles se lembram de absolutamente
tudo quando o encantamento termina.
Kiasyd
Talvez o clã mais próximo dos Kithain seja os Kiasyd (veja
Guia do Sabá). Esses vampiros enigmáticos surgiram de um
estranho experimento mágico que uniu o sangue Kithain (es-
pecialmente de sidhe e exus) com o de um grupo de vampi-
ros chamado Lasombra. Esses experimentos foram realizados
com o pleno conhecimento e cooperação da Corte Sombria,
e alguns membros mais velhos ainda meneiam suas cabeças
e esperam que algum uso possa ser encontrado para esses es-
tranhos vampiros.
Os Kiasyd comportam-se como os demais, mas talvez em
uma noite de lua cheia você possa encontrar um deles toman-
do chá com um sluagh, compartilhando contos e conheci-
mentos esotéricos. Embora eles possam perceber o Sonhar
e os Kithain facilmente, os Kiasyd sabiamente ficam de fora
dos assuntos dos feés.
Os Kiasyd tem uma Disciplina chamada Miterceria, que
permite que eles percebam e afetem o Sonhar. O nível dois,
Visão das Fadas, permite automaticamente ao usuário ver
o mundo quimérico, incluindo o semblante feérico de um
changeling e quimeras. Um Kiasyd usando este poder é consi-
derado encantado e pode ser afetado por quimeras e truques.
(O vampiro deve estar usando ativamente o poder; apenas
“possuí-lo” não é o bastante para ser afaetado.)
Ideias para Crossovers
Além de poucos grupos isolados, os Kithain não tem
muito contato com vampiros. No entanto, existem algumas
razões pelas quais os dois grupos interagem. A Corte Sombria
mantém vínculos com o Sabá, e Kithain Unseelie e Thallain
ocasionalmente se misturam com bandos locais do Sabá. Os
Sabás gostam de ter redcaps por perto para desfazer-se dos
restos de suas “festas” selvagens. Também é considerado um
sinal de bravura entre muitos feés andar com vampiros por
uma noite e sobreviver.
Outra ideia para histórias pode girar em torno de um an-
tigo pacto feito entre os feés e um vampiro ancião; À medida
que o pacto está para vencer, ele envia sua cria (que sabe mui-
to pouco sobre os feés) para cumprir com sua obrigação. Ain-
da, Kithain e Membros existem nas mesmas cidades, e podem
se cruzar em um museu de arte que por acaso é um Elísio ou
em um café que é um ponto de encontro para os feés locais.
O que acontece quando um Toreador mostra um interesse
doentio no Sonhador de um changeling, ou fica apaixonado
por um sidhe? E se um Gangrel começar a passar suas noites
perto de uma clareira local?
Vampiros e feés possuem círculos distintos, mas os bra-
ços gélidos podem procurar abraçar a chama brilhante de um
changeling na esperança da salvação. Um romance trágico
entre um Kithain e um vampiro pode ser uma crônica épica
com muitas histórias.
Finalmente, um vampiro viciado em sangue de fadas é
um dos predadores mais mortais que um feudo local pode
ter. Se alguém for descoberto, significa o início imediato de
uma guerra. Caçar um tubarão urbano é perigoso na melhor
das hipóteses e imprudente na pior.
14 Livro dos Sonhos Perdidos
Regras de Crossovers
Quimerismo
A Disciplina Quimeirismo (veja Guia dos Jogadores de
Vampiro) cria ilusões que podem ser percebidas pelos mor-
tais e todos os seres Despertos. No entanto, essas ilusões são
geradas no Sonhar e se tornam reais para os Kithain.
Todas as ilusões criadas por Quimeirismo têm reflexos
quiméricos também. Essas quimeras frequentemente perma-
necem por muito tempo depois que a ilusão original desapa-
receu. Para cada sucesso obtido na criação de uma ilusão com
Quimeirismo, a quimera permanecerá por pelo menos um
dia adicional. Como essa quimera age depende da natureza
da ilusão que foi lançada. Quimeras inanimadas geralmente
permanecem na área onde foram criadas, e podem ser utiliza-
das pelos changelings como qualquer outra quimera inanima-
da. Estas são quase sempre consideradas quimeras incidentais
(ver Changeling: O Sonhar, página 218). Quimeras animadas
podem ter vida própria, muitas vezes com efeitos imprevisí-
veis.
Um Kithain pode sentir o uso de Quimerismo dentro
de um quilometro e meio de distancia com um simples teste
de Tino (dificuldade 7). Um sucesso dá ao Kithain uma ideia
geral de onde a Disciplina está sendo usada, enquanto cinco
sucessos permitem que o Kithain identifique a localização
exata.
Ofuscação
Um sluagh pode trespassar os efeitos da Disciplina vam-
pírica Ofuscação rolando Percepção + Prontidão (dificuldade
7). Esta percepção funciona em qualquer nível da Disciplina.
Auspícios
Qualquer Membro usando Auspícios 2 (Percepção da
Aura) pode perceber a aura de um changeling como um pa-
drão cintilante de luzes e cores. Isso acrescenta dois à dificul-
dade de tentar ler a aura de um changeling. Além disso, um
teste de Inteligência + Ocultismo (dificuldade 8) permite ao
vampiro reconhecer o changeling pelo que ele é.
Bebendo Sangue Changeling
O sangue de fada age como um potente alucinógeno para
qualquer Membro que o beba. Alguns Membros passaram a
considerá-lo uma iguaria, enquanto outros o evitam a todo
custo. Há também aqueles que procuram por seus supostos
poderes mágicos. Alguns sussurram que ele pode ser usado
como componente em certos rituais de sangue Tremere.
Os efeitos de beber sangue feérico nos Membros são
variados. Narradores são encorajados a criar seus próprios
efeitos, como surtos de energia, cabelos crescendo em lugares
embaraçosos, ou talvez orelhas enormes. Como regra geral,
no entanto, assim que o vampiro ingere o sangue, o jogador
deve fazer um teste de Coragem (dificuldade 3 + o núme-
ro de pontos de sangue ingeridos). Se não obtiver sucesso, o
vampiro entra no segundo limiar de Desvario (ver Change-
ling: O Sonhar, página 208). Uma falha crítica faz com que
o vampiro sofra o equivalente ao terceiro limiar do Desvario,
além de ganhar uma Perturbação permanente (à escolha do
Narrador).
O Abraço
Os changelings geralmente não sobrevivem ao trauma de
serem Abraçados - suas almas feéricas geralmente são destruí-
das pela experiência. Sempre que um changeling for Abraça-
do, o jogador deve fazer um teste de Glamour (dificuldade
igual à Banalidade + 2 do vampiro). Apenas um sucesso é ne-
cessário para sobreviver à transformação. Se nenhum sucesso
for obtido, então a alma feérica do personagem é destruída
para sempre e o personagem morre.
Assumindo que ele sobreviva, qualquer Kithain com o
azar de ser Abraçado é imediatamente reclamado pelas Bru-
mas. Ele reverte para seu aspecto mortal e perde todo o acesso
(assim como lembranças) a suas Artes e Direitos Inatos. A
alma feérica dentro do novo Membro fica em permanente
estagnação, e deve esperar até que o Membro sofra a Mor-
te Final antes de reencarnar. Alguns estudiosos changelings
acreditam que uma alma feérica que sofre tal trauma nunca
retorna a este mundo.
Um Kithain que virou vampiro que é encantado recu-
pera as memórias de sua vida durante a duração do encanta-
mento, embora assim que o encantamento passe, as Brumas
rapidamente reivindicam essas memórias novamente. Um
changeling Abraçado que é encantado não recupera o aces-
so a nenhuma de suas habilidades anteriores (Artes, Direitos
Inatos, etc.); ele simplesmente se lembra do que costumava
ser e do que perdeu em troca da imortalidade.

Pontos de Vista
Vampiros? Não, eu não fico perto deles. Eu já ouvi que eles
vivem para sempre, e isso é tudo que eu sei. Você deveria perguntar
aos sluagh, eles devem saber de algo. Eu, se ver um, mudo de direção
bem rápido. Por quê? Bem, eu não estou muito interessado em lidar
com algo que pensa que eu sou um lanche saboroso.
- Gareth Toadstool, dono de restaurante boggan
Os Membros são o maiores jogadores de todos. É tentador não
se envolver em sua Jyhad. No entanto, quem brinca com esse fogo
acaba queimado. Eu já compartilhei contos com eles algumas vezes,
e já vi vampiros loucos sob o luar. No entanto, desde uma briga em
um beco escuro com um vampiro sedento, meu caminho se afastou
decididamente deles.
- Draeven Softfoot, exu viajante
Não sei como lidar com eles, e isso é muito bom. Sim, nós já
trombamos com estes Nosferatu em nossas minas algumas vezes, mas
não os incomodamos e eles não nos incomodaram. Eles são velhos
safados desagradáveis que te mordem só para descobrir que gosto você
tem. Todos juntos agora, crianças – Nem pensar!
- Irving Claybourne, mecânico nocker
Malkavianos fedem. Nunca se meta com estes caras. Uma vez,
eu estava andando pela cidade, e havia aquele cara trágico vestin-
do preto, pálido e gótico... uh, exceto pela maquiagem de palhaço.
Então, eu saí com esse cara por um tempo, e além de sua predileção
por um pouco de “AB positivo” de vez em quando, foi muito legal
vê-lo fazer brincadeiras que deixariam meu avo rezingão enciumado.
Vampiros? Não se incomode com eles.
- Runcible Shaw, pooka filósofo
Alguns afirmam que eles são da família. Quer seja verdade, ou
não, os sanguessugas chamados de Sabá parecem mais atraentes do
que os elfos pomposos. Aqui está a minha recomendação - saia, tome

Capítulo Um: O Mundo Desperto 15

todas com eles e certifique-se de que você não faz parte do cardápio
no final de tudo.
- Derek, redcap membro da gangue
Imagine o conhecimento que eles devem ter guardado... séculos
de experiências e imortalidade para serem descobertos. Isso é o que
eu chamo viver!
– Phillipe le Noir, artista sátiro
De todos os pródigos, apenas eles possuem a graça e a beleza tal
qual a nossa. Muitos de nós são atraídos por seus mistérios sombrios
como mariposas para a luz. Infelizmente, aqueles atraídos pela sua
luz sombria frequentemente sofrem o mesmo destino que as maripo-
sas.
- Adrienne Forst, Casa Eiluned
Eu recebo um Nosferatu para o chá toda quinta-feira. Ele é cor-
tês, quieto e demonstra um respeito que eu acho que falta em muitos
Kithain. Por mais que me preocupem, essas chamadas sanguessugas
são mais tolerantes e civilizadas do que a maioria dos chamados
nobres feéricos.
- Sluagh anônimo da corte de Duke Dray
Meus sentimentos sobre essas criaturas estão divididos. Já con-
versei com uma alma triste, desesperada com sua existência noturna
e desejo irrestrito. Eu também já vi um animal louco rasgar a carne
antes que eu pudesse arrancar a cabeça de seus ombros. Proteja as
vítimas e mostre compaixão àqueles que buscam a libertação de sua
existência. Para aqueles que se deleitam com a morte, não demonstre
misericórdia.
- Graeme Thomshield, guerreiro troll
16 Livro dos Sonhos Perdidos
Lobisomens
De todos os pródigos, os lobisomens têm as relações mais
próximas com os feés. Os Kithain demonstram respeito à
esses antigos aliados referindo-se a eles como Garous, o nome
que eles mesmo usam para se identificar. Antes da Separação,
os feés e os Garous compartilhavam suas casas, clareiras e lo-
cais de poder. Quando os feés começaram a se retirar deste
mundo, suas relações mudaram, algumas se tornaram tensas,
outras se quebraram completamente. Outras, como os laços
entre os Kithain e a tribo Fianna, se fortaleceram muito con-
forme ambos juntaram forças contra inimigos comuns, como
os fomorianos.
A maioria dos Kithain vê os lobisomens como primos
selvagens que às vezes deixam seus instintos levarem a melhor
sobre eles. Há aqueles que dizem que os Garous se separaram
das fadas quando seus sonhos de vingança e raiva os domina-
ram. Ainda assim, os Garous são aliados valiosos para muitos
feés, e muitos Kithain farão de tudo para ajudar um Garou
em apuros. Os Garous, em sua maioria, reconhecem esses
laços, e não são poucos os lobisomens que já serviram como
guarda-costas ou “músculos encantados” para uma corte Ki-
thain.
As tribos Garous têm diferentes graus de contato com
cada kith. Há uma tribo que evita o contato com qualquer
fée exceto os trolls, e tem que ser impedida de matar os sidhe
quando os veem. Estes são os Garou conhecidos por Cria de
Fenris. Os Crias fizeram um juramento de sangue contra os
sidhe há mil anos em resposta a uma antiga humilhação, e o
juramento permanece até os dias atuais.
Os maiores aliados Garou dos Kithain são os Fianna. Es-
ses Garous Celtas têm laços de fidelidade e de sangue com
todas as casas nobres feéricas, assim como com muitos dos
kith plebeus. Um ancião Fianna mora na corte do Reino das
Maçãs, atuando como conselheiro da Rainha Mab em assun-
tos relacionados aos pródigos.
Os Kithain e os Garous também estão ligados pelo que
alguns entendem como um inimigo comum. Os Garou estão
frequentemente envolvidos em batalhas com um grupo de
mutantes disformes chamados de fomori. Não demora muito
para que os Kithain percebam que esses seres possam ser seus
antigos inimigos fomorianos assumindo formas no mundo
moderno.
Os Garou afirmam que eles estão lutando contra um
enorme espírito de destruição conhecido como a Wyrm. O
sábio Malthus do Círculo de Cristal declarou que ele tem pro-
vas de que a Wyrm é o antigo sonho do mal conhecido ape-
nas como o Obscuro. Seus críticos dizem que sua evidência é
circunstancial na melhor das hipóteses, e que o Obscuro foi
derrotado há eras atrás. Independentemente disso, a nobreza
decretou que, se possível, a atividade dos fomori devem ser
observadas e relatadas.
A Corte Sombria tem seus próprios companheiros lobi-
somem. Os lupinos distorcidos e doentios, conhecidos como
Dançarinos da Espiral Negra, costumam entrar em acordos
com facções da Corte Sombria, realizando serviços como as-
sassinatos em troca de tesouros feéricos e ajuda mágica.
Os Wendigo e os Uktena são muito mais próximos das
Nações Nunnehi do que dos feés europeus. Esta aliança com
os nativos já foi causa de atrito entre os Uktena e os Wendigo
com os Fianna. Alguns Garous dessas tribos são conhecidos
por se envolverem na política Kithain, como se os seus proble-
mas internos já não fossem suficientes.
Acredita-se que Casa Balor tenha laços misteriosos com
os fomori e com os Dançarinos. Isso porém, não é um conhe-
cimento geral, e a Casa Balor se vangloria dos segredos obti-
dos de seus aliados sombrios, eles dizem que nem os sluagh
sabem. Os sluagh, por outro lado, apenas sorriem e erguem
uma sobrancelha sarcástica quando os Balor começam a falar.
O lugar mais provável para encontrar feés e Garou mo-
rando juntos é em uma clareira. Essa fonte natural de Gla-
mour frequentemente se torna um bom lugar para um sítio
espiritual Garou, conhecido como caern. Quando uma nova
clareira se abre, Garous, changelings e magos correm para
serem os primeiros a reivindicá-la. Muitas vezes esta corrida
pode se tornar uma disputa. Levando em conta os tempera-
mentos dos Garou, isso também pode levar à alguns socos. Às
vezes, porém, os feés e os Garous compartilham a clareira, os
Garou cuidam da terra enquanto os feés cuidam do Sonhar
local.
Fianna
Os maiores aliados que os Kithain têm entre os Garous
são os Fianna. Gerados principalmente a partir de linhagens
Hibernianas, os Parentes dos Fianna estão tão entrelaçados
com o sangue changeling que já se ouviu, embora seja extre-
mamente raro, que filhos Garous e Kithain (ou pelo menos
kinain) já nasceram dos mesmos pais.
Os Fianna sabem mais sobre a sociedade feérica do que
qualquer outro pródigo, exceto talvez alguns magos. Os bar-
dos Fianna são muitas vezes bem-vindos nas propriedades
livres feéricas, e os Kithain costumam estar presentes nas
assembleias dos Fianna. Essa proximidade entre parentes e
ideais levou alguns estudiosos Kithain a acreditarem que os
Fianna foram os últimos pródigos a deixarem o rebanho dos
feés para se juntarem aos Garou.
Muitas vezes são os Fianna que protegem os sidhe da
fúria dos Crias de Fenris, uma atitude que não melhora em
nada a relação dos lobos celtas com seus primos nórdicos.
Os Fianna frequentemente falam como representantes dos
Kithain nas negociações com os Garous, e aconselham os
nobres sobre assuntos envolvendo a Nação Garou dentro de
seus domínios.
Durante a Guerra da Harmonia, os Fianna estavam di-
vididos sobre quem apoiar. Eles conviveram com os plebeus
por séculos, e esses laços de lealdade eram fortes. No entan-
to, os velhos tratados com os sidhe ditavam abertamente que
deveriam ajudar a burguesia. No final, além de algumas bri-
guinhas, eles evitaram se envolver no que parecia ser uma
questão feérica puramente interna. Como resultado, os ple-
beus não são mais tão amigáveis com eles quanto eram no
passado. Os sidhe, no entanto, de bom grado receberam seus
antigos aliados de volta ao rebanho.
Recentemente, o Grande Rei David nomeou uma ma-
tilha de Fianna como cavaleiros provisórios do Ramo Ver-
melho, e isso causou bastante agitação nos círculos mais
A Etnia
Os Fianna, como todas as tribos Garous, têm uma
extensa rede de humanos consanguíneos, conhecidos
como Parentes, geralmente da mesma linhagem de sua
tribo. Alguns sabem de sua herança como parte dos
Garou, outros não. Alguns Kithain possuíam linha-
gens de mortais com os quais eles tendiam a se mis-
turar, produzindo uma proporção maior de Kithain e
kinain do que o normal. A combinação dessas duas
linhagens em uma única família produz uma família
ocasionalmente referida como Etnia.
Apenas três famílias carregam esse sangue misto e
se tornaram extremamente raras hoje em dia. Duas são
provenientes de terras irlandesas / célticas e a tercei-
ra é da região da Bretanha, na França. Considerando
que uma em cada 10 crianças nascidas é um Garou na
maioria das famílias de Parentes, as famílias de Etnia
são abençoadas com três em cada 10 nascimentos se
tornando Garou. Dos outros sete, a magia no sangue
é tão forte que as chances são de que um a três serão
Kithain, e o restante pode ter poderes de Parentes ou
kinains.
Os Garou e Kithain que vêm desses clãs de Etnia
mantêm relações próximas, e não é incomum que eles
clamem um ao outro para ajuda e proteção, seus laços
de sangue formam uma comunidade unida de duas
culturas sobrenaturais díspares.
Capítulo Um: O Mundo Desperto 17
conservadores. Esta matilha de Pródigos do Ramo Vermelho premacistas, dificilmente são tolerantes com os feés nativos
recebeu a tarefa de extirpar qualquer coalização entre feés e americanos, mas mostraram uma estranha relutância em se
a Wyrm, e recebeu poderosos tesouros féericos para ajudá-los envolver com os Nunnehi. Alguns observadores acreditam
nisso. Isso mostra o quão perto os Fianna estão dos Kithain que isso é devido à proteção dos Uktena e dos Wendigo,
para receberem tal honra. mas um sluagh fez algumas menções em meio a sorrisos
sobre uma matilha de Crias sendo trucidada durante uma
Crias de Fenris luta contra um bando de Nunnehi. Por outro lado, os Fian-
na tendem a tratar os changelings Nunnehi como feés um
Provavelmente não há outros pródigos que nutram tan- tanto selvagens, mas ainda honrados, assim como fazem as
to ódio pelos Kithain, especialmente pelos sidhe. Esses arro- fadas européias. Essa atitude condescendente faz com que a
gantes Garous Nórdicos fizeram um juramento de sangue de maioria dos Nunnehi se irrite, e tende a irritar também seus
destruir qualquer sidhe à primeira vista, e mutilar seriamente aliados Garou.
qualquer outro ser encontrado junto com eles. Os Fianna,
naturalmente, não gostam de tal atitude, e sua posição de
defender seus aliados e primos feéricos enfurece os Crias. Os
Ideias para Crossovers
pooka não conseguem resistir em pregar peças nestes caras Os Kithain e os Garous podem ser frequentemente en-
tão sombrios e inflexivelmente motivados; os Crias acreditam contrados juntos; os Kithain muitas vezes precisam de com-
que muitas peles de pooka dão uma boa capa. panheiros leais para se aventurar, e os Garou se encaixam
A razão por trás do ódio dos Crias pelos sidhe vem de muito bem nisso. Muitos Garou se sentiriam honrados em
muito antes da Fragmentação. Um grupo de sidhe vagando participar de uma longa e árdua busca que promete aventura
pelas terras do norte perdeu seus cavalos (como isso aconte- e renome para ambas as partes. Os Garous geralmente fazem
ceu foi perdido no relato) e precisavam de outras montarias. reuniões selvagens chamadas de assembleias, para as quais os
Um dia, um jovem nobre de uma casa esquecida deparou-se personagens podem ser convidados a participar como obser-
com um troll que discutia a arte da guerra com um grande ser, vadores. Antigos pactos poderiam exigir que uma mixórdia
meio-homem, meio-lobo. O sidhe assistiu maravilhado quan- prestasse ajuda a um bando de Garou cujos antepassados
do a criatura se transformou em um enorme lobo e correu juraram ajudar.
para a floresta, seguida pelo troll. Kithain que ouvem sobre atividade fomoriana podem se
O sidhe decidiu que esses grandes lobos seriam monta- aproximar dos Garous para aprender mais sobre eles, ou até
rias perfeitas em um país coberto de neve, se fossem devida- para ganhar aliados. Uma mixórdia poderia chamar a aten-
mente enfeitiçados. Ele reuniu suas hostes e juntos viajaram ção de um bando de Crias de Fenris ou de Dançarinos da Es-
para onde este lobisomem residia com sua matilha. Usando piral Negra, forçando-os a procurar aliados em outras tribos.
estranhas magias, eles subjugaram os grandes guerreiros e os Uma tribo de Garous poderia reivindicar a clareira ou
colocaram sob o comando de um geasa para permanecerem propriedade livre dos personagens como um caern, forçan-
como animais de estimação fiéis e obedientes por um milê-
nio.
Com a chegada da Fragmentação, os sidhe abandonaram
seus “pets” e deixaram a Terra em direção a Arcádia. Os des-
Fomori e Fomorianos
cendentes destes Garous encontraram-nos e, quando foi con-
tada a história da sua escravidão milenar, toda a tribo fez um Os Garou costumam falar de humanos corruptos
juramento de sangue de vingança. Desde então, os Crias se chamados fomori os quais combatem o tempo todo.
tornaram menos amigáveis com as fadas e assassinos de sidhe. A semelhança entre essas criaturas e os filhos de Balor
Caolho é impressionante demais para ser descartada.
Os trolls e os Nunnehi foram poupados deste juramento,
Os Kithain que tiveram encontros com esses seres, e
e muitos Crias de Fenris tem pelos trolls alta consideração
que têm Gramática Mágica ou Lembrança alta o sufi-
por sua honra e capacidade de luta. De sua parte, os trolls se
ciente, estão convencidos de que esses são os fomoria-
dividem entre os laços de lealdade aos sidhe e seu sentimento
nos da antiguidade, trazidos para o mundo moderno e
de vergonha pelas ações de seus líderes. Os Garous Nórdicos
mais perigosos do que nunca.
podem ocasionalmente ser encontrados conversando sobre a
Atualmente a nobreza está dividida sobre questão
“Velha Terra” com os trolls, ou participando em conjunto de
dos fomori. Muitos preferem ignorar as evidências,
jogos de luta e de força.
apontando que os fomorianos eram criaturas do So-
nhar, e estes estão mais próximos dos pródigos do que
Nunnehi e as Tribos Nativas das fadas. Além disso, os Garou estão lidando com o
As duas tribos Garou, nativas da América do Norte, os problema. Outros acham que os Kithain deveriam se
Uktena e os Wendigo, estão intimamente ligadas às Nações mobilizar contra essa ameaça.
Nunnehi. Não é desconhecido que os Nunnehi e os Garou Quando perguntados sobre o assunto, membros
que compartilham o mesmo totem andam juntos no mesmo da Casa Balor asseguraram aos outros Kithain que es-
bando. Entre si, eles lutam para preservar seus antigos cos- tes fomori são uma ameaça apenas para os Pródigos, e
tumes e terras. Eles possuem muito mais em comum do que estão certos de que eles não são os antigos inimigos.
parece. Afinal, é dever dos Balor vigiar os sinais de agitação
dos Obscuros.
Os Nunnehi são os únicos feés, além dos trolls, poupados
do juramento dos Crias de Fenris. Os Crias, muitas vezes su-

18 Livro dos Sonhos Perdidos

do-os a escolher entre partir para a guerra contra essas máqui-
nas de matar de três metros de altura, desistir de sua proprie-
dade livre ou negociar algum tipo de acordo.
Os Kithain com aliados entre os Fianna ou outras tribos
poderiam se ver envolvidos nas constantes disputas entre as
tribos que compõem a sociedade Garou. Mesmo que esco-
lham ficar de fora das discussões, eles podem ser envolvidos
apenas por estarem próximos.
Regras de Crossovers
Dons
Os lobisomens têm poderes mágicos chamados Dons,
que lhes são ensinados pelos espíritos. Muitas dessas habili-
dades também podem afetar o Sonhar. Esses Dons são geral-
mente voltados para o mundo espiritual em que os Garous
vivem, mas podem afetar ao Sonhar.
A seguir estão os Dons detalhados em Lobisomem: O
Apocalipse que afetam changelings e quimeras.
Defesa Espiritual (Dom Hominídeo de Nível
Quatro)
Esta proteção se estende até o Sonhar e também é útil
contra qualquer tipo de quimera.
Senso do Sobrenatural (Dom Lupino de Nível
Dois)
Se este Dom for usado para detectar changelings, a difi-
culdade é 9, a menos que o Kithain esteja ativamente usando
uma Arte, neste caso a dificuldade é 7.
Nome do Espírito (Dom Lupino de Nível Três)
Se este Dom for usado enquanto o Garou estiver encan-
tado, o Garou poderá identificar uma quimera. Isso só fun-
ciona se a quimera for uma criatura ou entidade reconhecível
ou distinta.
Percepção do Invisível (Dom Theurge de Nível
Três)
Este Dom permite que um Garou perceba criaturas do
Sonhar (isso inclui o semblante feérico de um changeling),
embora ele primeiro deva saber o que esta procurando. Geral-
mente um Garou que nunca foi encantado não será capaz de
perceber uma quimera com este Dom, a menos que ele tenha
sido ensinado sobre isso por um Kithain ou outro Garou que
já tenha visto uma quimera. Um Garou usando ativamente
este Dom para perceber criaturas do Sonhar está sujeito a so-
frer dano quimérico e é afetado por truques como se estivesse
encantado.
Capítulo Um: O Mundo Desperto 19
Drenagem Espiritual (Dom Theurge de Nível
Quatro)
Este Dom funciona nas quimeras que os Garou conse-
guem perceber. Muitos Kithain assumem a destruição de qui-
meras benignas como um ataque ao Sonhar.
Modelagem de Espírito (Dom Theurge de Ní-
vel Cinco)
Este Dom pode ser usado para afetar quimeras se o Garou
estiver encantado (ou usando Percepção do Invisível, acima).
Espirito Amigo (Dom dos Filhos de Gaia de Ní-
vel Três)
Este Dom permite que os Garou percebam criaturas do
Sonhar e interajam com quimeras. As quimeras mais benig-
nas e neutras agirão de forma amigável com os Garous. As
quimeras antagônicas (como as nervosae) não são afetadas
por este Dom.
Parente Fada (Dom Fianna de Nível Três)
Quando este Dom é usado, qualquer changeling dentro
de um raio de um quilômetro e meio sente um chamado
mental e sabe que um Garou está em perigo. Mesmo que ele
nunca tenha encontrado um Garou, ele tem uma sensação
incômoda de que alguém está em perigo. O changeling pode
fazer um teste de Força de Vontade (dificuldade 8) para evitar
a convocação. Uma falha significa que ele deve responder ao
pedido de ajuda da forma mais rápida possível. Se o Garou
sofrer uma falha crítica, no entanto, ele invoca o Unseelie
mais sórdido na área, especialmente qualquer Thallain nas
redondezas.
Changelings-Garou
A alma Kithain que habita um corpo humano ou de Pa-
rentes impede a possibilidade da Primeira Mudança. A alma
feérica do changeling bloqueia a conexão mística com Gaia
que todas as almas dos Garou compartilham. Assim, mesmo
dentro de um corpo que tem o gene Garou, o changeling
não pode se tornar um Garou. Todos os changelings que são
também Parentes não sofrem Delírio, mesmo quando só pos-
suem seu aspecto mortal.
Delírio
Changelings que estão ativamente com seu semblante
feérico não são afetados pelo Delírio.

Pontos de Vista
Eu gosto daquele cara legal dos Caminhantes-do-Vento. Ele
apareceu na propriedade livre na noite passada, e tocou algumas
músicas bonitas na sua flauta. Eu ouvi dizer que seu povo pode
ter temperamentos desagradáveis. Bem, ele nunca mostrou isso para
mim. Não me preocupo nem um pouco, os Garou são sempre bem
vindos ao redor da fogueira.
- Thom Whittlewood, artesão boggan.
Enquanto você caminha, não consigo pensar em melhores com-
panheiros do que os chamados Peregrinos Silenciosos. Eu os recebo
em minhas jornadas com as mãos e o coração abertos. Uma palavra

20 Livro dos Sonhos Perdidos

de advertência, porém - não irrite os Garou. Uma vez despertada,
sua fúria e poder são suficientes para rasgar pedras.
- Maria, aventureira exu
Estas Bolas de Pentelhos são OK pra mim. Esse cara dos An-
darilhos do Asfalto, chamado Franchise e eu temos um acordo. Eu
mantenho seu carro rodando, ele arruma algumas quinquilharias
para mim. Aparentemente, eles estão lutando algum tipo de guerra,
mas, foda-se, contanto que isso não atrapalhe nossos negócios.
- Irving Claybourne, mecânico nocker.
Oh, sobre toda esta coisa de lobisomem? Além dos Fianna, eu
não acredito neles. No entanto, eu conheço um grande cachorrinho
que me deixa acariciá-lo quando eu lhe dou um hambúrguer. É mui-
to divertido tê-los por perto quando eles não estão correndo bravamen-
te para se jogar na boca de alguma coisa de outro mundo. Ah, sim,
e tem os Garou-coiotes, os “Nú a vista” - bem quando nos reunimos,
woo-hoo!
- Runcible Shaw, um pooka qualquer.
Malditos redemoinhos de morte, é isto o que são! Quando eles
aparecem, eles fazem nossas festas parecerem um jantar de igreja.
-Jason, redcap estouvado.
Uma vez eu passei uma semana com uma matilha que mora
fora da cidade. Eles me ensinaram canções de batalha, eu os ensi-
nei... outras coisas. Nós enfrentamos e matamos alguma... coisa. Eu
não sei o que era, mas não era uma quimera, e quase arrancou um
dos meus braços.
Corajosos, ferozes, lindos. Esses são os Garou.
- Jesibelle Acturus, sátiro musicista.
Os nobres metamorfos são nossos aliados desde tempos imemo-
riais. Nós os tratamos com a maior honra e respeito. É uma vergonha
o que houve com os Crias de Fenris, e talvez isso tenha sido... um
erro. Eu os recebo de portas abertas em minha corte e em minha
casa.
- Duke Dray, Casa Gwydion.
Roedores de Ossos? Não, eu nunca conheci um desses. Por que
você pergunta? Eu conheci outros Garou e aprendi muito sobre eles,
mas não vou contar sobre isso pra você.
-Hettie Caolho, sluagh rezingão
Eu lutei ao lado dos Garou sob o luar. Sua forma feroz de honra
e dever são semelhantes às nossas. Eu tenho uma grande considera-
ção por eles. Eles são companheiros leais e poderosos aliados. Sua
guerra é a nossa guerra, só um cego não vê.
- Duque Topázio, troll da Casa Gwydion
Magos
Há séculos, os feés conheceram humanos que podiam
dizer palavras que criavam novos sonhos. O poder destes So-
nhadores mortais amedrontou muitos feés, mas também os
fascinou, e com o tempo, cada vez mais eles começaram a
caminhar lado a lado.
Esses artífices da vontade são um grupo muito diversi-
ficado, e os Kithain como um todo tem contato com apenas
alguns ramos deles. É com os magos, mais do que qualquer
outro grupo sobrenatural, que os diferentes kith têm as rela-
ções mais diferentes.
Durante a Separação, antes da Fragmentação, muitos
feés se mantinham alheios aos artífices humanos da magia.
A ideia geral era que esses humanos eram simplesmente
amadores, incapazes de realmente tocar o Sonhar. Quando
a Fragmentação aconteceu e o Glamour sumiu, os plebeus
Kithain procuraram qualquer sinal de magia no mundo.
Muitos deles chegaram aos magos, também lutando para res-
taurar a magia do mundo.
Muitos Kithain trabalharam com os magos e as idéias do
passado foram rapidamente eliminadas. Os Kithain e os ma-
gos lutaram juntos contra a invasão da Banalidade e outros
inimigos sobrenaturais. Alguns até reuniram seus recursos,
compartilhando as energias místicas das propriedades livres.
(A luta contra os vampiros feiticeiros Tremere por um com-
pacto formado por magos e changelings é detalhada em Ilha
dos Poderosos.)
Os problemas surgiram quando um grupo de magos
dedicado a um paradigma de ciência e razão triunfou, im-
pondo sua visão estática do mundo a todos. Com a crença
na magia morrendo, o poder mágico também desapareceu.
Os magos começaram a procurar fontes de poder, incluindo
propriedades livres. Os magos drenavam seu Glamour para
adicionar aos seus próprios estoques pessoais de magias. No
início, alguns Kithain sentiram que era importante apoiar
seus aliados e permitir a drenagem de algumas propriedades
livres menores. No Entanto, os magos tornaram-se ganan-
ciosos, e começaram a procurar por propriedades livres cada
vez maiores.
Este Extermínio em larga escala antecedeu o tempo do
maior conflito entre changelings e magos. A era chamada
de Revolução Industrial estava apenas começando. Os ma-
gos, sentindo que seu destino estava próximo, reuniram
tantas forças ocultas quanto puderam. Esta reunião de re-
cursos incluía drenar Glamour das últimas propriedades li-
vres compartilhadas. Os Kithain neste momento, já lutando
por sua própria existência, lutaram contra os artífices. Em
A Conexão com os Nefandi
Os Nefandi são aqueles magos que venderam suas
almas às forças das trevas em troca de poder mágico.
Muitas vezes eles podem ser encontrados em conferên-
cias com a Corte Sombria. Mesmo os Unseelie mais
duros tendem a esconder um tremor ao lidar com es-
ses magos; as profundezas da depravação nas quais os
Nefandi se enfiam regularmente (por não terem uma
alma para perder) ensinaram aos cortesãos Sombrios
alguns novos truques. No entanto, a atração por alia-
dos tão poderosos é um canto de sereia difícil de re-
sistir.
Diz-se que a Casa Ailil tem um elo antigo com
esses magos do mal. É verdade que os membros desta
casa podem dizer quando um Nefandus está por per-
to (dentro de cem metros). Sempre que um Nefandus
estiver a menos de cem metros de um changeling da
Casa Ailil, o jogador desse personagem pode fazer um
teste de Percepção + Tino (dificuldade 8) para detectar
a presença do Nefandus. Se isso é uma mancha no pei-
to dos Ailil, ou se é apenas os vestígios de um acordo
selado há muito tempo, não está claro.
Capítulo Um: O Mundo Desperto 21
todo o mundo, alianças foram quebradas, propriedades livres
drenadas, e magos encantados enviados à loucura (que eles
chamam de Silêncio). A maior batalha ocorreu na cidade de
Boston, onde uma mixórdia de trolls encurralou os membros
de uma Capela da Ordem de Hermes. Empunhando artefa-
tos anti-feitiços, eles avançaram. Quando a fumaça clareou,
um troll permaneceu em pé e o resto dos participantes havia
desaparecido. A notícia desse conflito se espalhou e os magos
aprenderam rapidamente que não eram mais bem-vindos nas
fortalezas dos Kithain.
O século 20 viu uma reaproximação entre os magos das
tradições e os Kithain. Com a redescoberta de antigas fontes
de Glamour, as fadas estão um pouco menos paranoicas, mas
ainda mantêm os locais de seus refúgios em segredo de todos,
exceto de seus aliados magos mais confiáveis.
Quando o Ressurgimento ocorreu, os sidhe receberam
uma dura lição sobre o poder dos magos. O duque Aeon de-
safiou um membro da Ordem de Hermes para um duelo,
e Sua Graça foi profundamente trucidada. Como resultado
de embates como esse, os sidhe ficaram muito interessados
em fazer alianças com os magos, mas são bastante cautelosos
quanto ao poder que eles possuem.
Talvez a maior ameaça para os feés sejam os magos cha-
mados de Os Ocultos, descendentes ideológicos dos primei-
ros mercadores de Banalidade. É seu plano mestre esmagar
toda a maravilha e magia do mundo em nome de “proteger”
as massas, criando um mundo cinza e frio de ciência antissép-
tica. Qualquer um deles que encontre os feés não poupará
esforços para “colocá-los para dormir”. Alguns grupos desses
magos defendem a morte por ferro frio como a solução para a
“questão changeling”. Os Kithain evitam esses magos banais
sempre que possível, mas se encurralados por um, sua única
esperança é lançar todo o seu Glamour no artífice da vontade
na esperança de encantar o mago tempo suficiente para esca-
par. É o ódio compartilhado pelos Ocultos, ou Tecnocratas,
como os magos místicos se referem a eles, que muitas vezes faz
com que os Kithain e magos trabalhem juntos.
As Tradições
As nove tradições místicas são os artífices que combatem
a agenda secreta de Banalidade dos Ocultos. Algumas dessas
tradições aceitam as fadas como parte de suas visões da rea-
lidade e têm contato com elas. Outras são quase tão banais
quanto os próprios Ocultos. As três Tradições à seguir têm
mais contato com os Kithain.
Verbena
Os Verbena, seguindo os antigos caminhos pagãos, usam
a natureza e a magia do sangue para afetar a realidade. Esses
místicos provavelmente têm mais contato com os Kithain,
devido ao fato de que os feés são parte de seu paradigma.
Muitas vezes, os Verbena prestam ajuda em troca de sangue
changeling (que pode ser usado em vários rituais e feitiços)
ou outros favores.
Ordem de Hermes
Esses magos praticantes da “alta magia” foram os que
tiveram mais contato com os sidhe antes da Fragmentação.
Agora que a nobreza retornou, os magos herméticos estão
eufóricos com este sinal de retorno da magia. Dizem que um
22 Livro dos Sonhos Perdidos
antigo mago realmente riu e bateu palmas como uma criança
ao ouvir a notícia de que os sidhe haviam retornado. Magos
herméticos podem ser encontrados consultando sábios Ki-
thain, ou atuando como conselheiros não oficiais da nobreza.
Oradores dos Sonhos
Esses magos xamãs interagem com espíritos e criaturas
mágicas quase que diariamente. Como resultado, os Kithain
acham que esses magos estão entre os menos banais. Os Ora-
dores dos Sonhos têm muitos contatos com os Nunnehi e ou-
tras fadas nativas, e ocasionalmente com as fadas européias.
Os Oradores dos Sonhos são os mais propensos a procurar
as fadas para aprender seus segredos. Muitos Kithain, traídos
por magos no passado, são cautelosos ao fazer a amizade com
esses místicos.
Ideias para Crossovers
A razão mais comum para os magos e changelings intera-
girem é lutar contra os Ocultos. Muitos nobres apoiam magos
locais que estão lutando contra os Ocultos. Magos e chan-
gelings também trabalham juntos quando têm um objetivo
comum, como procurar um artefato poderoso.
Os magos ocasionalmente encontram o caminho para o
Sonhar. Geralmente, a maioria acredita que seja uma parte
da Umbra. Muitos se perdem, incapazes de encontrar o Ca-
minho de Prata, e precisam de guias Kithain para ajudá-los a
voltar para áreas mais estáveis.
Magos e Kithain entram em conflito devido o poder
das propriedades livres. Os magos veem as propriedades li-
vres como depósitos de energia mágica, que eles chamam de
Quintessência. Magos inescrupulosos que descobrem uma
propriedade livre podem drenar seu Glamour, às vezes extin-
guindo-a permanentemente. Esta prática é abominável para
os Kithain, e um Mago Exterminador pode acabar sendo per-
seguido por uma série de feés irritados quando descobrem
que sua casa foi destruída.
Quando os magos loucos conhecidos como Desauridos
aparecerem, eles podem perturbar o Sonhar, da mesma forma
que o mundo banal, e os changelings podem ajudar os ma-
gos locais a encurralar e neutralizar esta ameaça. No entanto,
existem alguns Desauridos que os feés preferem ajudar, espe-
cialmente aqueles que vêem os changelings como sendo mais
reais que os humanos.
Regras para Crossovers
Magos afetam a realidade, alterando-a para se ajustar à
sua visão. O Sonhar Próximo geralmente reflete essa mudan-
ça. Quando um mago altera a realidade, usando efeitos sutis
ou óbvios, o Sonhar também pode ser afetado. Um teste bem-
-sucedido de Tino (dificuldade 8 para magia vulgar, 9 para
coincidente - ver Mago: A Ascensão) permite que um Kithain
saiba que um mago usou a Mágika Verdadeira na vizinhança
(num raio de 10 metros). Três ou mais sucessos podem de-
terminar que tipo de mágika foi utilizada, e cinco ou mais
podem permitir alguma informação sobre quem realizou a
mágika (ou seja, que Tradição ou Convenção, e talvez quem
foi, se for um mago conhecido pelo Kithain. )
Desauridos, magos insanos que existem em sua própria
realidade, distorcem o Sonhar detrás de si. Onde os Desauri-
dos passam, o Sonhar recua e se modifica em formas grotes-
cas, refletindo as visões de realidade destes loucos. Criaturas
e artefatos quiméricos estranhos são gerados, e se tornam
enlouquecidos. Um changeling pode entrar no Sonhar e des-
cobrir que seu palácio de mármore se tornou uma casa árvore
retorcida com galhos que tentam agarrar qualquer um que se
aproxime para trazê-lo até sua boca grotesca, graças à passa-
gem de um Desaurido.
O uso extensivo de Ofício Onírico (veja Nobres: As Hos-
tes Brilhantes ou Sonhos e Pesadelos) pode reparar o dano
causado pela passagem do Desaurido. Alternativamente, o
Kithain pode procurar artefatos ou quimeras capazes de re-
verter os efeitos. Isso pode ser a semente para uma história
envolvendo magos e changelings.
Resistindo ao Encantamento
A vontade e a noção de realidade dos magos é mais forte
que a da maioria das pessoas. Portanto, quando um change-
ling está tentando encantar um mago, o mago pode resistir ao
efeito do encantamento. Fazer isso requer um teste de Força
de Vontade para o mago (dificuldade 8). O mago deve obter
um sucesso para cada ponto de Glamour que o changeling
investiu na tentativa de encantamento.
Contramágika
A magia dos Kithain e a Mágika Verdadeira fluem ba-
sicamente da mesma fonte. Assim, os magos podem tentar
resistir ao poder dos truques dos Kithain. Por outro lado um
Kithain também pode usar seu Glamour para combater o po-
der de um mago. Fazer isso remove um pouco da magia do
mundo e o changeling se arrisca a ganhar Banalidade.
Quando um Kithain realiza um truque que afetará um
mago, o mago pode usar seu Arete para contrariar o truque.
O sistema para isto consiste em rolar o Arete do mago com a
dificuldade igual ao nível da Arte mais alta sendo usada no
cantrip + 3. Esta é a fórmula independentemente do mago
estar usando Contramágika, Desfazer ou Antimágika.
Para resistir a Mágika dos Magos, um jogador de change-
ling deve rolar seu Glamour contra uma dificuldade igual ao
nível da Esfera mais alta usada no efeito + 4. Se for bem suce-
dido em contrariar o efeito, o changeling recebe um ponto de
Banalidade temporária por ter removido um pequeno pedaço
de magia do mundo.
Drenando Propriedades Livres
Alguns magos inescrupulosos se envolvem com mixór-
dias ou cortes Kithain apenas para obter acesso a uma pro-
priedade livre. Outros podem apenas tropeçar em uma. De
qualquer forma, o mago pode decidir sugar o Glamour da
área, vendo a propriedade como um Nodo mágico. Felizmen-
te para os changelings, é altamente improvável que a maioria
dos magos encontre uma propriedade livre por acaso. A na-
tureza selvagem do Glamour parece escondê-lo da vista, até
mesmo dos sentidos místicos dos magos.
Para localizar uma propriedade livre, um mago deve antes
de tudo examinar de forma ativa a área e deve usar tanto Espi-
rito 1 quanto Primórdio 1 no local em que ele acha que pode
ser uma propriedade livre. Ele então deve ter sucesso em um
teste de Arete (dificuldade 9). Uma falha indica que o mago
não percebe a propriedade e vê apenas a aparência mundana

Capítulo Um: O Mundo Desperto 23

do lugar. Se ele for bem sucedido, ele tem um breve vislum-
bre da verdadeira natureza da propriedade livre.
Para drenar o Glamour da propriedade livre, o mago
deve ter Primórdio 3 ou mais. A quantidade de Quintessên-
cia obtida sem destruir da propriedade livre é igual ao seu
nível. Se o mago quiser, ele pode drenar o dobro dos pontos
de Glamour, extinguindo a lumeeira dentro da propriedade.
Quaisquer pontos tomados além do nível da propriedade
livre podem danificá-la a critério do Narrador.
Algumas cortes permitem que magos aliados usem o
Glamour dos refúgios locais, mas isso é extremamente raro.
Qualquer changeling que testemunhe um mago drenan-
do uma propriedade livre irá revidar contra o que qualquer
Kithain considera ser um ato hediondo. Alguns magos ten-
tam sorrateiramente drenar o Glamour das propriedades
livres, enquanto fingem ser aliados dos feés. Esses magos
seguem uma linha tênue, pois se a traição for revelada, eles
certamente pagarão o preço por seus atos.
Esfera Espírito
A esfera de magia que lida com o Espírito é a mais próxi-
ma do Sonhar, tocando-o em alguns pontos. Magos que são
proficientes nesta esfera podem usá-la para perceber e afetar
o Sonhar. Qualquer mago com um ponto em Espírito pode
tentar descobrir se alguém é Kithain rolando seu Arete (di-
ficuldade 7). Para perceber o Sonhar Próximo local, o mago
deve rolar Arete (dificuldade 8). Se o mago quiser vasculhar
24 Livro dos Sonhos Perdidos
uma área procurando a presença de Kithain, novamente, é
necessário um teste de Arete (dificuldade 9).
Changeling-magi
Changelings não podem usar a Mágika Verdadeira, por-
que a alma feérica que habita o corpo do changeling força o
Avatar do humano a um sono permanente, tornando impos-
sível para Despertá-lo.
Consciência
Um mago que encontrou os feés no passado pode sentir
sua presença com um teste de Consciência (dificuldade 9).
Pontos de Vista
Feiticeiros? Nunca encontrei um. Já ouvi que as artes deles são
bem selvagens, mas estou tão feliz de não ter que lidar com outra
complicação na minha vida. Agora tire seus pés daí, eu tenho que
varrer aqui.
- Gareth Toadstool, dono de restaurante boggan
Uma vez eu me sentei com um Orador dos Sonhos ao redor
de uma fogueira. Ele convocou os espíritos, e nós compartilhamos
histórias dos primeiros amanheceres. Os Oradores dos Sonhos e Ver-
bena foram nossos aliados por séculos. Eu os respeito, mas ainda me
lembro dos erros do passado.
- Maria, aventureira exu
Filhos do Éter - heh! Ciência estranha! Esses caras são como
cientistas loucos - eles têm as bugigangas mais legais, e seus jornais
são uma piada! O que eu conheci, é meio desordeiro. Um pouco
pirado, sim, mas todos somos um pouco né? No entanto eu nunca
deixaria um deles tocar em meu carro.
- Irving Claybourne, mecânico nocker
Certa vez, eu estava conversando com um mago. Ele estava
todo vestido com roupas brancas, segurava um longo e nodoso ca-
jado, e tinha uma espessa barba branca. Isso foi legal. Então ele
tentou me comer. Então, geralmente, eu não saio com eles. Ah, e
fique longe dos que estão de terno!
- Runcible Shaw, comedor de cenouras
Não sei muito sobre eles para ser honesto. Só sei que eles san-
gram
- Derek, redcap membro de gangue
Magos. Heh, três palavras – Culto. Do. Êxtase. Eu nunca
pensei que alguém pudesse festejar mais que eu, mas estes caras
conseguiram. Olha só, se não fosse pelo fato de que eu não perdi
nenhum Glamour, eu teria jurado que eles me Exterminaram. Não
importa, no entanto. Valeu a pena. Como qualquer outra pessoa!
- Phillipe le Noir, artista sátiro
Os magos aperfeiçoaram suas habilidades desde que fomos em-
bora. Eles são poderosos e inescrutáveis. Em nossa ausência eles
tomaram muito Glamour de nossos refúgios, e isso não me deixa à
vontade confiar neles. Eles lutam contra os Ocultos, e nisso eu os
ajudarei, mas ainda estou cauteloso em permitir que eles entrem em
minha morada.
- Rainha Mab, Casa Fiona
Eu gosto dos Euthanatos. Os magos da morte têm um estilo
legal (além de assustar os frangotes dos sidhe). Muitos magos têm
bibliotecas extensas, e isso faz deles aliados e contatos valiosos. En-
tretanto não se esqueça das traições do passado.
- Heather, sluagh gótico
Os magos são uma força para a magia no mundo. Nisso os
apoiamos. Os magos têm fome de poder. Nisso nos opomos a eles.
Alguns têm mais honra do que outros. Eu confio em muitos dos que
estão entre os Verbena, nos Oradores dos Sonhos e nas tradições
Tradições Akáshicas. As outras tradições vejo como sendo úteis às
vezes, mas não como sendo confiáveis.
- Duque Topázio, troll da Casa Gwydion
Aparições
Os Kithain tem pouco contato com os espíritos dos
mortos conhecidos como Mortos Inquietos. Por diversas
razões, a maioria dos changelings evita os fantasmas. Uma
coisa é falar com um vampiro, um lobisomem ou um mago,
mas os fantasmas são muitas vezes uma coisa totalmente
oposta às fadas.
Muitos sidhe ficam aterrorizados com qualquer coisa
relacionada à morte. Eles vêem fantasmas como lembretes
desconfortáveis de que os humanos podem continuar após a
morte, mas ninguém sabe o que acontece quando um sidhe
morre. Muitos plebeus são supersticiosos e lembram-se das
antigas histórias sobre visitas fantasmagóricas, muitas vezes
vendo-as como sinais de má sorte.
Infantes ficam divididos. Histórias de fantasmas con-
tadas numa festa do pijama com uma lanterna são diverti-
Capítulo Um: O Mundo Desperto 25
 das; fantasmas reais não são. Alguns veem as aparições como
amigos frios e incorpóreos. À medida que os changelings vão
envelhecendo, alguns começam a perder esta afinidade inicial
em relação às aparições, e o “Gasparzinho” de repente se torna
um membro do filme Espíritos. Uma aparição pode ser amiga
de uma criança, apenas para perder esse amigo à medida que
a criança cresce e acha realmente perturbador que seu ami-
go de outro mundo possa fazer as paredes pingarem sangue.
Alguns fantasmas caem em total desespero por esta perda e
então decidem fazer da vida de seus ex-amigos um inferno
com brincadeiras fantasmagóricas (o que é frequentemente
assustador e malvado).
Os Mortos Inquietos estão em uma luta constante para
resolver os laços que os prendem à zona crepuscular entre o
mundo dos vivos e o grande Além. Eles estão sempre procu-
rando uma maneira de preservar esses laços, ou Grilhões (veja
Aparição: O Esquecimento), o que faz com que as aparições
procurem aliados vivos que possam ajudá-los a terminar seus
negócios. Para piorar as coisas, os fantasmas também preci-
sam lidar com a ameaça de seus lados mais sombrios assu-
mirem o controle e causarem estragos. Essa Sombra, como
é chamada, pode se manifestar em momentos inoportunos,
e muitos changelings na maioria das vezes não sabem quan-
do ou por que a personalidade de seu companheiro aparição
muda de um instante pra outro.
Os sluagh tem o maior contato com os Mortos Inquietos.
Eles podem ver e interagir com fantasmas mais facilmente do
que qualquer outra criatura sobrenatural na Terra. Acredita-
-se que essa habilidade data de um acordo entre os espíritos
dos mortos e os sluagh. Dizem que um dia houve um homem
chamado Glam, que era parente dos sluagh, embora apenas
sua voz e fala mansa indicasse isso. Um dia, Glam estava an-
dando pelas muralhas de sua cidade quando um chamado
para a batalha foi dado no portão. Glam correu pra lá e foi
dito que uma criatura se aproximava da cidade, com o fedor
da morte sobre ela. Glam pegou seu escudo de prata e sua
espada, depois correu para encontrar essa criatura. Quando
ele a encontrou, seus pés congelaram. Tinha a forma de um
homem, mas era branco como um lençol. Sobre sua cabeça
havia uma ferida que devia ter sido fatal. Glam estava prepa-
rado para combater a criatura morta-viva, mas ouviu palavras
de paz, explicando que era um espírito dos mortos, que havia
retornado ao seu corpo e levantou-se da sepultura para vingar
o seu assassinato.
Glam ouviu a criatura e estendeu sua mão. Ele sentiu
compaixão pelo homem morto e, em vez de atacar, jurou aju-
dá-lo a fazer justiça contra o assassino.
Glam e o homem morto viajaram para a aldeia onde mo-
rava o assassino, um ladrãozinho de estradas, comum. Lá eles
o encontraram jogando dados e bebendo. Quando o ladrão
viu o homem que ele havia deixado morto na estrada, acabou
morrendo por causa do susto. Glam, desapontado por não
haver brigas, perguntou ao morto se havia algo mais que ele
pudesse fazer.
O morto respondeu que ele havia cumprido sua tarefa,
mas muitos espíritos dos mortos precisavam de ajuda para
cumprir as suas tarefas. Muitos deles precisavam de mãos no
mundo desperto, e Glam e seus parentes prestariam um óti-
mo serviço a sua espécie se ajudassem esses espíritos. Glam
concordou.

26 Livro dos Sonhos Perdidos

 Antes do homem morto voltar ao Além, ele lançou um
feitiço sobre Glam. O feitiço afetou todos os que compartilha-
vam o sangue de Glam, e permitiu que eles vissem e falassem
com os espíritos dos mortos que permaneciam ligados à Ter-
ra. Foi esse presente que Glam passou para os seus parentes
sluagh, e é por isso que eles podem ver os mortos até hoje.
As aparições que tendem a cruzar com os Kithain são ge-
ralmente membros das Guildas conhecidas como Sandmen,
alguns dos chamados Bardos e, em menor escala, os chama-
dos Assombradores. Os Sandmen entram nos sonhos dos
vivos e os trazem para os reinos dos mortos, usando o poder
dos sonhos para criar ilusões e efeitos. Os poderes dos Bardos
são focados através de suas canções fantasmagóricas, o que já
levou muitos changeling a acreditarem que são banshees. Os
Assombradores são fantasmas que assediam os vivos, usando
seu poder para afetar o mundo dos vivos.
Sandmen
Os Kithain tem muitas histórias que falam de mortos
roubando os sonhos dos vivos. Muitas dessas histórias podem
ser baseadas nas ações dos Sandmen. Estes fantasmas usam
um poder fantasmagórico chamado Fantasma (ver Aparição:
O Esquecimento) para afetar os sonhos dos adormecidos.
Esse poder tem efeito sobre os changelings que são, afinal,
criaturas de sonhos. Se um Sandman está influenciando o
Sonhador de um Kithain, a dificuldade de todos os testes
de Entressonho ou Extermínio é aumentada em três. Este
efeito não diminui a criatividade do Sonhador (a menos que
o fantasma esteja assustando o mortal para não criar mais
nada por algum motivo). Simplesmente cria sonhos onde o
Glamour é menos acessível. Três sucessos em um teste de
Tino (dificuldade 8) permitem que o changeling perceba que
algo está interferindo nos sonhos do Sonhador. Um teste de
Gramática Mágica bem-sucedido ou um teste de Cultura ade-
quado (dificuldade 7) permite que o personagem saiba que o
intruso é uma aparição.
O Kithain deve então decidir como lidar com a situa-
ção, assumindo que ele simplesmente não pode abandonar
o Sonhador. O meio mais seguro de lidar com o problema é
geralmente adquirir os serviços de um sluagh que pode se co-
municar com a aparição. Uma hipótese muito mais perigosa
é que o changeling tente atrair o Sandman para seus próprios
sonhos para lutar em pé de igualdade.
Ideias para Crossovers
Os Kithain, com exceção dos sluagh, tendem a evitar os
Mortos Inquietos. A maioria das histórias envolvendo a in-
teração changelings-wraith diz respeito a uma aparição que
tinha laços com um changeling antes de sua morte. A outra
forma mais comum pelo qual um changeling pode entrar em
contato com um fantasma é se um Sandman estiver Extermi-
nando um de seus sonhadores.
Regras para Crossovers
Sentidos dos Sluagh
Para ver uma aparição, um sluagh deve fazer um teste de
Percepção + Tino (dificuldade 9). Para ouvir uma aparição, o
personagem deve gastar um ponto de Glamour.
Lamúria
A Lamúria é o poder das aparições de criar emoções em
um alvo. Changelings são afetados por este poder mais facil-
mente que os demais. Qualquer teste de Lamúria feito con-
tra um changeling tem sua dificuldade reduzida em um. Um
changeling e uma aparição podem trabalhar em conjunto
para aumentar a criação de Glamour de um Sonhador. Para
cada dois sucessos obtidos por uma aparição usando Lamú-
ria, a dificuldade para Entressonho ou Extermínio é reduzida
em um.
Pandemônio
Os efeitos desse poder fantasmagórico geralmente se es-
tendem ao Sonhar Próximo. Os efeitos quiméricos criados
pelo uso desse poder podem ser muito perturbadores, para
não mencionar perigosos, para qualquer Kithain na vizinhan-
ça.
Pontos de Vista
(Gulp) F-fantasma? Não, nunca vi um e espero nunca ver. Per-
gunte a um sluagh. Eu tenho, uh, outras coisas pra fazer.
- Gareth Toadstool, boggan dono de restaurante
Os Mortos Inquietos buscam uma maneira de retroceder à suas
vidas. Muitos simplesmente precisam de uma ajuda, e convém a nós
ajudar aqueles que pedem educadamente.
- Maria, aventureira exu
Fantasmas, aparições, assombrações, quaisquer que sejam os
nomes, eu não me importo. Eu nunca vi um, e provavelmente nunca
irei. Eu ouvi que eles rodeiam os sluagh como moscas na merda.
- Irving Claybourne, mecânico nocker
Ooooh ... . Coloque um lençol branco na cabeça e fique se
lamentando. Chaaa-tos. Há alguns que gostam de uma boa brinca-
deira e eles não são tão ruins. Por outro lado, eles também têm gosto
de morangos.
- Runcible Shaw, amante de morangos
Uma coisa é verdade, você não pode mordê-los.
- Gort, infante redcap
Mãos frias saindo do túmulo para roubar nossos sonhos? (arre-
pio) Não, não - aparições me assustam
- Phillipe le Noir, artista sátiro
Eu prefiro não falar sobre isso. Eles são manifestações além do
nosso entendimento. Ninguém sabe o que há além da morte. Não,
eu realmente não quero discutir sobre isso.
- Barão Edgewick, estudioso sidhe
Os assuntos entre nós e os fantasmas não são assuntos para to-
dos - você me entende- não é claro? Eu já descobri algumas maneiras
mais eficazes e fáceis de se livrar de uma visita indesejada do que
simplesmente iniciar uma conversa com o fantasma que está sentado
ao seu lado.
- Elspeth Danvers, sluagh guardião de antiguidades
Os Mortos Inquietos gelam até meus ossos. Eu costumo ficar
longe deles. Alguns, no entanto, são guerreiros que têm a necessidade
de pagar dívidas de honra. Esses espíritos eu ajudaria.
- Graeme Thornshield, guerreiro troll
Capítulo Um: O Mundo Desperto 27
28 Livro dos Sonhos Perdidos
 C APÍTULO D OIS:
C ONFUSÃO DOS
T RUQUES
UM artista é um sonhador que consente em sonhar no mundo real.
— George Santayana

Truques únicas para ele, e há aqueles que acreditam que usar

uma mesma Peta várias vezes pode torná-la conta-
Realizar um truque é sem dúvidas um dos minada com a Banalidade e eventualmente torna-la
aspectos mais difíceis de jogar Changeling. Espe- inútil. Por causa disso, a maioria do changelings
cialmente se você estiver usando regras avançadas, tendem a criar suas próprias Petas personalizadas
pode haver muitos passos e números envolvidos, o para realizar truques em vez de copiar outras, e mes-
que geralmente atrapalha a narrativa e leva a inter- mo assim tentam variar tanto quanto possível.
mináveis cálculos. Narradores experientes rapida- Na teoria, uma Peta pode ser qualquer coisa –
mente aprendem a usar as regras que preferem e assobiar uma melodia, recitar um poema, dançar,
abandonam o resto, possibilitando integrar a reali- escrever uma redação, rolar um dado, tocar no seu
zação de truques tão perfeitamente quanto possível nariz e fazer um desenho com giz são todos exem-
nas ações. Os tópicos a seguir contêm algumas di- plos de Petas possíveis.
cas para facilitar a realização de truques assim como Apesar das Petas serem uma mecânica do jogo,
esclarecer algumas das partes mais vagas das regras. elas ainda podem ser divertidas. Criar Petas para
os personagens usarem e interpretá-las durante o
Petas desenrolar da aventura pode adicionar muito diver-
timento e entusiasmo à história. Quando criar uma
O que é exatamente uma Peta? Petas são os Peta, evite se limitar ao nível ideal (dificuldade) do
meios pelos quais os changelings são capazes de in- truque a ser realizado, ao invés disso, foque no quão
vocar o Glamour e controla-lo. São os meios pelo adequada é a Peta. Três elementos são levados em
quais os changelings contatam o Sonhar, mesmo consideração no tipo de Peta adequada ao truque:
que por um instante, para criar um efeito mara-
vilhoso. O Glamour ainda é necessário, mas sem 1. A Arte sendo usada é provavelmente a pri-
uma Peta, um changeling pode achar difícil persua- meira preocupação quando criar uma Peta. Alguns
dir o Glamour para fazer o que ele deseja. tipos de Petas são apropriadas para certas Artes, en-
quanto outras não são. Por exemplo, espalhar car-
Os tipos de Petas que os changelings podem tas de Tarô no chão é certamente apropriada para
executar são tão variados quanto os changelings em um truque envolvendo Vaticínio (e possivelmente
si. As Petas que um changeling realiza tende a ser
Capítulo Dois: Confusão dos Truque 29

29

Regra Opcional: Petas Banais
Esta regra opcional força os jogadores a mudarem
constantemente suas Petas, ao invés de abusarem das
mesmas. Sempre que um changeling usar a mesma
Peta mais de uma vez no dia, o Narrador pode dizer
que o truque se tornou contaminado pela Banalida-
de e portanto é menos eficiente. Logo, uma Peta que
seria considerada de Nível Três agora seria de Nível
Dois. Essa degradação pode continuar até a Peta não
ter mais nenhum efeito. Petas que foram reduzidas
dessa forma terão seus valores restaurados a uma taxa
de um nível por dia. Por exemplo, se uma Peta que
pelas regras do Narrador seria considerado de Nível
Três fosse usada quatro vezes no mesmo dia dentro
do jogo ela se tornaria totalmente sem efeito. No dia
seguinte seria uma Peta de Nível Um, no segundo seria
de Nível Dois e só no terceiro dia seria de Nível Três. A
taxa de degradação da Peta fica a cargo do Narrador. A
regra de “um Nível por uso adicional” é uma diretriz
simples. O Narrador que quiser forçar seus jogadores a
inventarem novas Petas pode determinar que uma Peta
pode ser usada só uma vez por dia antes de ficar sem
efeito - ou apenas uma vez na crônica.
Alguns Narradores podem achar o sistema acima
muito complicado, já que tem que acompanhar quan-
tos dias faltam até a Peta poder ser usada em sua força
total. Como alternativa, o Narrador pode determinar
que quando um personagem abusar de uma Peta, ele
recebe um ponto temporário de Banalidade. Claro,
quantas vezes serão consideradas um abuso depende
do Narrador.
até para Chicana), mas não seria para Andanças.
2. O personagem realizando a Peta pode também ter in-
fluência no tipo de Peta criada. Enquanto um pooka pode
cantar uma música tola ou mostrar a língua para um tran-
seunte, seria muito mais provável para um cavaleiro Sidhe
fazer uma reverência ou colher pétalas de uma rosa, e um troll
certamente nunca seria pego revirando os olhos e imitando
um alce.
3. A situação na qual o truque está sendo realizado geral-
mente tem um forte impacto na natureza da Peta. Certas si-
tuações sociais geralmente tornam impossível realizar alguma
Peta que só funcionaria em uma circunstância mais reclusa.
O tempo também é um fator importante quando se trata de
uma Peta. Se você tem todo o tempo do mundo, você pode
colocar quanta criatividade e complexidade quiser em uma
Peta (alguns nocker rezingões são conhecidos por criar obje-
tos intrincados como focos para suas Petas). No entanto, se
o seu amigo pooka está prestes a ser rasgado ao meio por um
Dançarimo da Espiral Negra, então você não tem tempo para
criar um oquequerqueseja ou fazer uma pintura elaborada.
A hora de agir é agora, e é melhor você fazer algo rápido se
quiser salvar a vida de seu amigo!
30 Livro dos Sonhos Perdidos
Exemplo de Petas
A seguir tem alguns exemplos de Petas que os persona-
gens podem usar quando realizarem um truque. Isso não é de
forma alguma uma lista definitiva, e jogadores e narradores
podem ser tão criativos quanto possível quando tiverem no-
vas ideias para truques. Essa lista é apenas para começar.
Andanças
Petas de Andanças tendem a ser ações físicas. Possibilida-
des incluem:
— Bater o pé três vezes. (Nível Um)
— Pular para cima e para baixo e girar em círculos. (Nível
Dois)
— Desenhar um círculo no chão e pisar dentro dele. (Nível
Três)
— Desenhar uma porta na parede. (Nível Três a Cinco)
— Pular de um penhasco e balançar as mãos… e esperar que o
Truque funcione. (Nível Cinco)
Chicana
Petas de Chicana às vezes tem uma natureza física (gesto
com a mão ou a manipulação de um objeto), mas são mais
frequentemente verbais. Possibilidades incluem:
— Balançar seu dedo para alguém. (Nível Um)
— Cantar um verso de uma música de trás para frente. (Nível
Dois)
— Citar um monólogo. (Nível Dois a Cinco)
— Assobiar uma música inteira. (Nível Quatro)
— Recitar a linhagem do alvo até cinco gerações anteriores.
(Nível Cinco)
Prestidigitação
Petas para essa Arte são quase sempre gestos físicos ou
ações. Possibilidades incluem:
— Puxar o lóbulo da orelha três vezes. (Nível Um)
— Dançar em volta do alvo do truque. (Nível Dois)
— Segurar a respiração por 10 segundos. (Nível Três)
— Realizar um truque de mágica. (Nível Quatro ou Cinco)
— Fazer um dragão de origami e jogar no alvo. (Nível Cinco)
Princípio
Petas de Princípio quase sempre envolvem objetos natu-
rais ou substâncias usados de maneira ritualística. Possibilida-
des incluem:
— Banhar o alvo em pétalas. (Nível Um)
— Esfregar uma loção com trevo no alvo. (Nível Dois)
— Causar uma ferida em você mesmo e derramar sangue no
objeto. (Nível Três)
— Queimar cogumelos e inalar a fumaça. (Nível Quatro)
— Fazer um chá de casca de salgueiro e beber. (Nível Cinco)
Soberania
Petas de Soberania geralmente incluem algum tipo de
grande gesto ou proclamação. Possibilidades incluem:
— Fazer um gesto amplo e arrebatador com seus braços. (Nível
Um)
— Tocar um sino três vezes. (Nível Dois)
— Recitar a sua linhagem de cinco gerações atrás. (Nível Três)
— Presentear o alvo. (Nível Quatro)
— Fazer um juramento. (Nível Cinco)
Vaticínio
Petas de Vaticínio geralmente envolvem algum tipo de
ritual de adivinhação. Possibilidades incluem:
— Rolar um dado. (Nível Um)
— Quebrar um espelho e analisar os cacos. (Nível Dois)
— Se cortar e respingar sangue no chão. (Nível Três)
— Desenhar um retrato do objeto. (Nível Quatro ou Cinco)
— Espalhar um tarô Celta no chão. (Nível Cinco)
Níveis das Petas
Existem dois fatores importantes que determinam
o nível de uma Peta: a quantidade de tempo que leva
para realizar a Peta e a criatividade da mesma. Ge-
ralmente o Nível da Peta é determinado pelo tempo
investido nela. Quase sempre uma Peta de nível um
pode ser executada no mesmo turno que o truque sem
nenhum efeito negativo. Na maioria dos casos, realizar
uma Peta de nível dois ou mais no mesmo turno do
truque vai exigir que o jogador divida sua parada de
dados como se ele estivesse realizando múltiplas ações.
Por causa da divisão de dados para Petas de níveis mais
altos, a maioria dos changelings prefere realizar apenas
Petas de nível um durante um combate, a menos que
a Banalidade do oponente seja muito alta (o que exige
uma Peta de nível mais alto).
A única maneira de realizar uma Peta de nível alto
sem perder tempo nem dividir a parada de dados é
inventar uma Peta particularmente criativa ou inova-
dora. Narradores devem se sentir livres para recom-
pensar os jogadores que surgem com alguma Peta ex-
tremamente inteligente (e apropriada), aumentando o
Nível da Peta. A fim de garantir tal recompensa, a Peta
deve envolver todos os fatores para a criação de Petas
descritos acima.
Capítulo Dois: Confusão dos Truques 31
32 Livro dos Sonhos Perdidos
 C APÍTULO T RÊS:
N ARRATIVA
A VANÇADA
Todo mundo sabe que vivemos num mundo
Em que se dão nomes feios para coisas belas
Todo mundo sabe que vivemos num mundo
Em que não damos um segundo olhar às coisas belas
Somente os Céus sabem que vivemos num mundo
Onde o que chamamos de bonito é apenas algo posto à venda
As pessoas rindo por trás de suas mãos
Enquanto aos frágeis e sensíveis não é dada nenhuma chance
— Marilion, “Beautifull”

Este capítulo está cheio de informações para
ajudar o Narrador a criar uma crônica e contar
uma história. Muitas dessas informações estão sim-
plesmente expandindo o que você já encontra na
segunda edição de Changeling: O Sonhar, embora
algumas delas sejam inteiramente novas.
Aspecto e Semblante Feérico O Aspecto Mortal
O conceito de como um changeling parece
para si mesmo e para os outros (mortais e sobre-
naturais) é talvez um dos mais complexos de Chan-
geling. O conceito de aspecto mortal e semblante
feérico é discutido em detalhes no livro básico, mas
alguma explicação adicional não vai fazer mal. A
seção a seguir detalha as diferenças entre o aspecto
mortal e o semblante feérico e como isso funcio-
na. Os changelings vivem em dois mundos: o banal
e o Glamoroso. No mundo mortal, eles parecem
pessoas comuns, embora excêntricas. Por trás dessa
fachada, eles levam vidas guiadas por magia e mis-
tério. Os kithain tem que aceitar a magia e o mun-
dano como componentes de suas vidas. De fato, a
Banalidade e o Glamour são partes integrantes de
seu ser, e suas aparências refletem isso. Os change-
lings têm duas aparências: uma forma mortal óbvia
e uma segunda forma feérica oculta.
A aparência mortal de um changeling mostra
tudo o que há de mundano nele. Ela permite que
ele interaja com o chamado mundo “normal” sem
atrair muita atenção. O disfarce mortal de uma
fada reflete sua verdadeira natureza. Por exemplo,
um herói troll poderia se passar por um homem
alto e estoico, cheio de tristeza. Uma boggan po-
deria parecer para as pessoas comuns como uma
mulher baixa e gorda, sempre alegre. Mesmo um
redcap com cabelos vermelhos e flamejantes, tatua-

Capítulo Três: Narrativa Avançada 33

33
gens faciais e vários parafusos fixados na testa prefere apare-
cer como um punk cheio de cicatrizes de acne, cabelos ruivos
e com alguns piercings. Ao andar em seu disfarce mortal, as
fadas acham mais fácil interagir com a sociedade mortal e se
esconder das marés da Banalidade.

O Semblante Feérico
A maioria das pessoas com sangue changeling não perce-
be que o carregam até o dia em que despertam sua herança
feérica. O aspecto mortal é sempre desenvolvido primeiro; as
fadas não tem consciência de seu verdadeiro eu durante esse
período. Quando o espírito feérico desperta, o changeling
passa por um processo conhecido como Crisálida. Os chan-
gelings recém-despertos subitamente se tornam conscientes
da magia ao seu redor e logo entendem os perigos do mundo
mortal. O mundo instantaneamente se torna um lugar muito
maior. Por trás desta realidade está o Sonhar.
Depois da Crisálida, os changelings podem sentir o mun-
do oculto das fadas. Um playground pode na verdade ser uma
corte de jovens fadas. Um túnel de esgoto pode levar a um
reino subterrâneo. Um sem-teto em um beco pode ser um
cavaleiro errante descansando de sua última jornada. É tudo
uma questão de percepção, de ver o imaginário escondido por
detrás do real.
Da mesma forma, a essência de um changeling se esconde
por trás de seu aspecto mortal. As fadas caminham no meio
da sociedade humana, mas escondem seu verdadeiro eu. As
fadas podem sentir - ou atinar - as aparências feéricas escondi-
das por trás dos disfarces mortais. Essa aparência oculta é co-
nhecida como semblante feérico. Ao atinar as almas de outras
fadas, um changeling pode detectar seus irmãos.

Deixando Cair a Máscara

Como na vida real, a fronteira entre o fantástico e o real
é importante. Separar a aparência mortal da feérica é uma
das tarefas mais difíceis ao interpretar um personagem neste
jogo. Para os jogadores que querem mais detalhes, aqui estão
algumas regras para ajudar você a diferenciá-las.
Os changelings escondem sua verdadeira identidade da
maioria dos mortais, mas não um do outro. Atinar, outra
fada, tem algumas complicações. Se o Glamour de um chan-
geling é maior do que a sua Banalidade, sua aparência é bem
óbvia para outras fadas. Nenhuma jogada é necessária para
ver o semblante feérico de um changeling.
Se o Glamour do changeling estiver abaixo de sua Ba-
nalidade, outros changelings verão sua aparência desaparecer
lentamente detrás de seu aspecto mortal. Fadas mais antigas
referem-se a isso como retroverter. Uma vez que isso acontece,
é mais difícil ver o semblante feérico por trás da fachada mor-
tal. Mais especificamente, um jogador deve testar Percepção +
Tino (dificuldade 6) para o changeling enxergar o semblante
feérico, embora o fato da pessoa ser um changeling ainda seja
evidente. Não há metamorfose envolvida; é tudo uma ques-
tão de percepção.

Uma vida dupla

Por que os changelings precisam distinguir entre o aspec-
to mortal e o semblante feérico? A resposta é simples: muitos
deles levam uma vida dupla. Uma vida entre os mortais; e a
34 Livro dos Sonhos Perdidos
 Uma Questão de Percepção
Quem pode ver um changeling? E se eles podem
ser vistos, o que é visto?
Mortais
Sob todas as circunstâncias normais, o semblan-
te feérico é invisível para mortais. Os mortais sempre
veem o aspecto mortal de um changeling a menos que
sejam encantados ou o changeling tenha invocado o
Fado.
Outros Changelings
Enquanto o Glamour permanente do changeling
for maior do que sua Banalidade permanente, outros
changelings verão seu semblante feérico sem dificul-
dade. Se a sua Banalidade permanente for maior, será
necessário um teste de Percepção + Tino (dificuldade
6) para outros changelings verem a sua aparência. O
fato dele ser um changeling não é ignorado por outros
changelings.
Se ele esqueceu temporariamente de sua natureza
feérica (digamos, tiver sido morto por dano quiméri-
co), outros changelings devem fazer um teste de Per-
cepção + Tino (dificuldade 8) até mesmo para sentir
que ele é um changeling. A dificuldade aumenta para
10 se for tentado determinar seu kith.
Outros sobrenaturais
Muitos seres sobrenaturais têm diferentes meios
pelos quais eles podem sentir changelings ou até mes-
mo ver seus semblantes feéricos (muitos desses mé-
todos são descritos no Capítulo Um). No entanto, a
menos que um sobrenatural (vampiro, aparição, lobi-
somem ou mago) esteja empregando um desses méto-
dos, o ser sobrenatural sempre vêrá o aspecto mortal
de um changeling (a menos que o sobrenatural seja
encantado ou o changeling Apele ao Fado, é claro).

outra entre as fadas. O aspecto mortal é a identidade com a

qual o changeling nasceu. Permite que ele continue sua vida
à medida que cresce, se assim quiser. Fadas podem continuar
indo à escola, ter empregos e cumprir todas as obrigações nor-
mais e às vezes necessárias da sociedade mortal.
No entanto, há sempre a tentação da segunda vida. A
atração das Cortes Seelie e Unseelie é uma poderosa tenta-
ção. Há intriga na corte, aventuras na estrada, romance com
outras fadas e até a chance de encontrar outros seres sobre-
naturais. Equilibrar essas duas vidas pode se tornar tão difí-
cil que algumas fadas se retiram completamente do mundo
mortal. Elas podem escolher se associar apenas com outras
fadas ou talvez nunca mais pisar fora de uma propriedade
livre. Mesmo quando esta escolha é feita, o aspecto mortal é
necessário para se esconder no meio dos humanos.

Revendo a Banalidade
Alguns dos materiais a seguir já foram impressos em O
Povo Outonal, mas pareceu útil incluí-los aqui. Uma tabela
de Banalidade foi incluída para ajudar jogadores e Narradores
a terem uma ideia do que esses números significam.

Capítulo Três: Narrativa Avançada 35

O que os números significam?
Se você é o tipo de pessoa que acha que receber Banali-
dade é, na verdade, uma boa estratégia para um changeling
(afinal, você pode utilizá-la como proteção contra truques e
outros ataques feéricos), as diretrizes a seguir são fornecidas
para ajudá-lo a interpretar o lento declínio do seu persona-
gem. Aprecie.
Banalidade Cinco
Para os adultos, este é o limite da insanidade. Os mor-
tais nesse estado de espírito podem ter amigos imaginários,
acreditar em teorias da conspiração, viver ilusões elaboradas
ou cair em paranóia tomando precauções contra as socieda-
des secretas que vivem ao seu redor. Conseguir um emprego
como investigador de ocultismo em um jornal sensacionalista
ou vender garrafas de água benta no centro nas suas horas
de folga são boas opções de carreira. Tenha cuidado, porém,
ou você vai acabar em um sanatório. Ter breves vislumbres
de elementos do Sonhar (e não entende-los) é uma possibi-
lidade.
Para as crianças, este é o limite da maturidade. Você ain-
da pode crescer para se tornar o presidente dos Estados Uni-
dos, tornar-se um astronauta ou ir para Harvard algum dia.
Ter nove anos de idade não é tão ruim assim, exceto quando
você precisa ir pra escola.
Entre os Kithain, esta é a banalidade de um rezingão de
36 Livro dos Sonhos Perdidos
mente muito aberta. A maioria dos rezingões não mantém
esse estado por muito tempo. Embora este estado de espírito
seja extremamente normal pelos padrões feéricos, uma pessoa
que acredita ser a reencarnação de um ser de uma raça mágica
que interage regularmente com uma dimensão de pessoas e
objetos imaginários não é algo visto com bons olhos pelos
outros. No entanto ele não seria louco de começar a cantar
“Ciranda-Cirandinha” do nada, ao menos não sem alguém
pedir antes.
Banalidade Seis
Na sociedade humana, este é o estado de espírito de um
artista criativo. Ele equilibra suas preocupações da vida coti-
diana e o chamado enlouquecedor de sua musa. Manter esse
estado de espírito pode ser difícil. Sob as condições certas,
um artista pode criar belas obras de arte e encontrar reve-
lações surpreendentes. No entanto, ver objetos quiméricos,
está fora de questão sem o uso encantamento.
Para um changeling que está lentamente se tornando
“normal”, ainda há esperança neste estágio. O changeling
pode sentir a necessidade de passar mais tempo em torno de
pessoas comuns neste nível de banalidade. Ele pode se sair
muito bem em uma escola de arte, manifestar por mudanças
nas ruas, seguir uma banda ou grupo de atores pelo país, ou
simplesmente passar bastante tempo com mortais glamorosos
tentando induzir o Entressonho. Se não agir rápido, ele vai
acabar descobrindo que sua tarefa lentamente se torna cada
vez mais difícil.
Banalidade Sete
Este é o estado de espírito do mortal mediano: prático,
sensato e cauteloso. O tipo de pessoa que guarda muita comi-
da na geladeira, limpa seu apartamento uma vez por semana
e raramente fica acordado depois da meia-noite. Para mais
inspiração sobre este tipo de comportamento, assista a uma
noite de televisão no horário nobre ou passe uma tarde fazen-
do trabalho doméstico.
Um changeling neste nível de Banalidade coloca as preo-
cupações do mundo comum antes das necessidades do So-
nhar. Qualquer chamado à aventura exige que ele primeiro
faça planos cautelosos e questione como isso afetará sua vida
mortal. Qualquer ação mais aventureira parece um pouco
tola a princípio.
Os Unseelie são capazes de resistir mais à Banalidade do
que os Seelie. Uma forma de distração é se divertir com a
Corte Sombria. Os membros da Corte neste nível tornam-se
mais preocupados com detalhes fúteis do que com problemas
de fora de seu círculo social. Eles são abutres que trocam fo-
focas e tentam negar sua própria Banalidade, tentando disse-
minar o desespero e o fracasso para aqueles que os cercam.
Eles se tornam poderosos Exterminadores, que jogam um
jogo perigoso, arriscando seus corações e almas em troca do
poder bruto.
Banalidade Oito
Este é o estado de espírito de um Adormecido Profundo
ou de uma Pessoa Outonal fraca. Pessoas verdadeiramente
banais resistem ao desespero e à desconfiança, tornando-se
obsessivas e sacais. Qualquer um que não compartilhe desses
traços é uma ameaça para eles.
Os Seelie lidam com este adoecimento do espírito de for-
ma diferente. Afastar-se do arrependimento e do desespero é
difícil, embora o changeling esteja dolorosamente consciente
do que está acontecendo com ele. Encontrar a energia para
sair e realmente viver se torna difícil. É muito mais seguro
ficar em casa. Ele ainda confia nos conselhos de seus amigos,
mas ele precisa da liderança deles para ajudá-lo a limpar as
teias de aranha de sua mente.
Os Unseelie procuram outras diversões enquanto seus
corações endurecem. Nesse estágio, os Unseelie mais munda-
nos procuram alcançar posições mais altas na Corte Sombria
e se afundam cada vez mais em seus vícios, ou se afastam com-
pletamente deles. Estes patifes que se isolam da Corte (ou são
rejeitados por ela) começam a se transformar em praticantes
épicos de Extermínio, numa tentativa desesperada de evitar
a decadência espiritual ou de diminuir a dor causada pelo
Desvario.
A dificuldade para qualquer jogada envolvendo uma Epi-
fania é aumentada em um para personagens que alcançaram
este nível de Banalidade.
Banalidade Nove
Este é o estado mental de uma pessoa outonal. As fadas
descobrem que a exposição prolongada a esse tipo de indi-
víduo pode ser fisicamente dolorosa. Para mais idéias sobre
Capítulo Três: Narrativa Avançada 37
como ser verdadeiramente banal, viaje de ônibus pelo país
por três dias fazendo paradas de 10 minutos em pequenas
cidades ao longo do caminho. (Considerações legais nos im-
pedem de citar uma empresa de ônibus adequada para essa
empreitada, mas o leitor deve ser capaz de encontrar uma
facilmente.)
Um changeling neste nível de Banalidade começa a se
esquecer dos detalhes mais glamorosos de seu passado. À
medida que sua banalidade temporária continua a aumentar,
mais e mais lembranças de sua vida feérica desaparecem. Os
feés esquecem os nomes de seus aliados e a localização das
propriedades livres. Seu semblante feérico parece seu aspecto
mortal quase que por completo. Entender ou até mesmo ver
elementos do Sonhar é mais difícil (+2 na dificuldade para
todos os testes de Tino, Gramática Mágica e Lembranças).
Banalidade Dez
Os humanos nesse estado de banalidade perdem a maior
parte de suas emoções. Eles são alheios às alegrias da vida e
ganham uma afinidade com coisas tediosas. A infância foi
esquecida, o amor se torna impossível, e somente o torpor
por medicamentos pode oferecer um alívio temporário para
as tristezas da tristeza.
Um changeling que ganha 10 pontos de Banalidade Per-
manente corre sério risco de ser Arruinado. Veja abaixo para
mais detalhes sobre isso.
38 Livro dos Sonhos Perdidos
A Ruína
Ela se foi. Sem deixar vestígios. Como um floco de neve na
palma da minha mão, o Glamour que a preenchia e a tornou o que
ela era... se foi.
- Sir Liam Wormwood, cavaleiro sidhe, lamentando sua
amante perdida para a Banalidade
Se se tornar Dauntain pode ser considerado um destino
pior do que a morte, então a Ruína é um destino ainda pior
do que isso. O Kithain que passa por isso simplesmente deixa
de existir, como se nunca tivesse existido. Este é quase sempre
o destino final de um Dauntain, à medida que mergulha cada
vez mais em um poço de Banalidade.
Sucumbir à Ruína é o que muitos Kithain mais temem,
pois é esse destino que quase todos os feés irão enfrentar um
dia. Sucumbir à Ruína é verdadeiramente trágico, pois sua
história termina não com um estrondo, mas com um gemi-
do. Não há morte heroica nem sacrifício nobre para salvar o
reino.
Na verdade, existem duas magnitudes diferentes desse
fenômeno. O primeiro é simplesmente o que acontece quan-
do um Kithain esquece temporariamente quem e o que ele
é. Este estado geralmente passa quando o changeling é mais
uma vez exposto ao Glamour. Ele experimenta uma forma
de “segunda Crisálida”, enquanto suas memórias retornam,
despertando seus sentidos para a beleza que estava escondida
há alguns momentos atrás. Sim, as Brumas são um perigo até
mesmo para o Kithain. Às vezes os feés se voltam aos seus as-
pectos mortais para evitar o perigo de quimeras, apenas para
descobrir que se fazem isso com muita frequência, as Brumas
irão tomá-los e não conseguirão mais voltar ao que deixaram
para trás.
É certo que, mesmo quando os Kithain se tornam “nor-
mais”, eles não são normais. Afinal, Kithain, que se esquece-
ram de si mesmos, muitas vezes tem uma sensação incômoda
de que algo simplesmente não está certo com o mundo, ou
com eles mesmos. Eles se sentem incompletos e incapazes
de preencher o vazio que sabem estar lá. Alguns Kithain es-
crevem notas e cartas para si mesmos, na esperança de que
possam se lembrar do que são e, talvez, retornarem para seu
verdadeiro eu.
Pena que um propósito tão nobre possa tantas vezes ser
um fracasso tão trágico. Essa técnica de tentar se lembrar é
uma lição muito dolorosa; raramente o resultado esperado
é alcançado. Mais frequentemente, o Kithain deixa a nota
de lado em troca de algo mais importante, achando-a tola ou
sem sentido. Talvez isso só aumente o anseio de preencher
esse vazio profundo e frio em sua alma. Talvez ele pense que
seja um bom enredo para uma história de fantasia.

O Desaparecimento
Há muitas maneiras que um personagem pode ser perdido para a Banalidade. A seção a seguir tenta explicar algu-
mas delas, bem como os meios de resgatar o personagem desta quase morte.
Retiro Voluntário:
Um changeling pode escolher se retirar voluntariamente para seu aspecto mortal. Qualquer personagem que fizer
este caminho recebe automaticamente um ponto temporário de Banalidade. Se a Banalidade temporária do persona-
gem for maior que seu Glamour, a tentativa é automática. O Kithain agora é efetivamente mortal e não pode interagir
com as coisas do Sonhar.
Se o Glamour do personagem for maior que Banalidade, o jogador deve testar a Força de Vontade de seu persona-
gem contra uma dificuldade igual ao seu Glamour atual. Se esse teste for bem sucedido, o Kithain recua com sucesso.
Uma vez que o Kithain recua, ele tem uma chance de tentar retornar à sua natureza feérica sozinho. Isso é consegui-
do com um teste de Força de Vontade ou Glamour (o que for maior) contra a sua atual Banalidade. Se ele obtiver pelo
menos um sucesso, ele assumirá seu semblante feérico novamente. Se falhar, ele está preso em seu aspecto mortal. Para
determinar o período de tempo que ele fica preso em seu aspecto mortal use a Tabela das Brumas, como mencionado
acima. Alternativamente, o personagem pode ser liberado da Banalidade pela exposição ao Glamour
Banalidade Superior ao Glamour:
O Kithain corre o risco de perda temporária de memória sempre que sua Banalidade for maior que seu Glamour.
Isso geralmente começa a ocorrer após o término de uma história e pode levar dias ou semanas, dependendo da vonta-
de do Narrador. Uma forma de lidar com isso é testar Glamour contra uma dificuldade igual à Banalidade do Kithain
a cada dia que o personagem não for tocado ativamente pelo Glamour. Um falha indica que o Kithain esquece quem
ele é por um período de tempo, conforme determinado pela Tabela das Brumas na pág. 208 de Changeling: O Sonhar
segunda edição. Ele pode, é claro, ser resgatado por outro Kithain.
Banalidade Acima do Glamour e Força de Vontade:
Sempre que a Banalidade permanente excede tanto o Glamour permanente quanto a Força de Vontade, o Kithain
corre o risco de esquecer-se e tornar-se um humano normal. Quanto mais próximo ele estiver da Banalidade 10, mais
rapidamente isso acontecerá. Isso pode ser evitado por uma exposição razoavelmente constante ao Glamour. Para cada
ponto de Banalidade que o Kithain tem acima de seu nível de Glamour, ele deve gastar pelo menos um dia por semana
em uma propriedade livre para compensar os efeitos da alta Banalidade. Se ele não gastar esse tempo na propriedade,
corre o risco de retornar ao seu aspecto mortal. Além disso, o personagem ganha um ponto de Banalidade temporária
a cada semana, que esse requisito não seja atendido. Isso pode ser ignorado se o Kithain estiver envolvido em uma
missão para reduzir sua Banalidade ou estiver sob algum juramento que o impeça de cumpri-lo. Ou seja, enquanto o
personagem estiver ativamente envolvido com outros changelings, o personagem corre pouco risco de reverter à seu
aspecto mortal. Isso não significa que todo rezingão pode fazer um juramento que o libere desse requisito; o juramento
é um assunto sério, e o Sonhar franze a testa para aqueles que o usam de forma egoísta.
Exemplo: Bryan, um rezingão com Glamour 6, Força de Vontade 5 e Banalidade 8 deve passar três dias por semana
em uma propriedade livre para evitar ganhar mais Banalidade. Se ele não passar o tempo na propriedade, sua Banali-
dade temporária aumentará em um por dia até atingir 10, quando, a critério do Narrador, sua Banalidade permanente
aumentará em um.
Banalidade Dez
Quando a Banalidade permanente atinge o nível 10, o Kithain corre o sério risco de ser Arruinado para sempre.
Entretanto este não é um processo instantâneo. Leva um dia para cada ponto permanente de Glamour e Força de Von-
tade antes de ser completo. Se o Kithain conseguir reduzir sua Banalidade antes do tempo, ele recebe uma prorrogação.
Note que é possível que o Kithain se esqueça temporariamente antes dos resultados se tornarem permanentes. Neste
caso se torna praticamente impossível perder esta Banalidade.

Capítulo Três: Narrativa Avançada 39

 O destino de quase todos os Kithain é um dia sofrer um
completo esquecimento. Eles são Arruinados pela carícia da
Banalidade, perdidos para sempre, suas almas lançadas aos
ventos. Estes são os Kithain que de alguma forma ficaram
tão saturados pela Banalidade que suas naturezas feéricas sim-
plesmente não podem suportar o fardo colocado sobre elas.
Quando os Kithain se encontram com um changeling que foi
Arruinado, é muito mais doloroso para eles do que ver um
companheiro morto.
Imagine, se você quiser, como é ter um velho e querido
amigo. Um amigo com quem você compartilhou muitas his-
tórias, piadas ou bebidas. Seu amigo não apenas não o reco-
nhece mais, mas também não se lembra de nada que fizeram
juntos. Essa é uma perda terrível, e não apenas para quem
presencia o resultado. Imagine o que seria simplesmente dei-
xar de existir? Não é exatamente um pensamento reconfor-
tante, mas isso é um risco que todo fée esta arriscado a sofrer.
Na maioria dos casos, a transição não é instantânea. De
fato, leva algum tempo para o Kithain desaparecer completa-
mente em sua aparência mortal. Na verdade, se alguém estiver
prestando atenção, a mudança pode ser detectada enquanto
ocorre. Como um verdadeiro Kithain, Seelie ou Unseelie,
qualquer um deve estar disposto a ajudar aquele que está so-
frendo antes que ele se perca para sempre, ou mesmo por um
tempo. Cada Kithain perdido é outro pedaço de Glamour
perdido. Isso não deve ser permitido, mas muitas vezes é. Às
vezes a queda não pode ser parada, outras não são notadas.
Às vezes, infelizmente, aqueles que veem não se importam o
suficiente para pará-la.
Este último é algo que muitos detestam admitir, mas tal
apatia acontece. É contra essa apatia que os feés devem lutar
para evitar que a Banalidade consuma todos eles. A melhor
maneira de combater este eventual deslize é o changeling
mergulhar em Glamour antes que ele esqueça tudo o que é
importante para si. É preciso tomar cuidado para equilibrar
essa imersão com o mundano, para que o Desvario não se
torne o próximo risco.
Aspectos Sociais
Muitos Kithain preferem não se referir àqueles que “des-
vaneceram”. Eles preferem ignorar o perdido como se nunca
tivesse existido. Esta não é a melhor maneira de lidar com o
problema, pois isso pode gerar mais banalidade. Como al-
guém pode aprender com as desgraças dos outros se fingi-
rem que as desgraças nunca aconteceram? Quando, ou se,
o Kithain retornar, os outros vão agir como se ele “tivesse
feito uma viagem” ou estivesse “de férias”. Os eufemismos são
populares entre aqueles que não conseguem lidar com esse
problema. Eles temem que a exposição ao Kithain perdido
os contagie com Banalidade, e até mesmo pensar nas pobres
almas pode ser prejudicial. Felizmente, essas almas paranoicas
são uma minoria.
Por outro lado, muitos Kithain compreendem o perigo
desse tipo de pensamento e, em vez disso, trabalham para
libertar aqueles que ficaram presos, se é que isso é de fato
possível. Alguns Kithain de mente altruísta os procuram ati-
vamente, e outros simplesmente fazem o que podem quando
encontram um. Encontrar um Kithain perdido geralmente é
motivo de grande comemoração, pois eles são bem-vindos à
sociedade Kithain. Tais celebrações são semelhantes a uma
40 Livro dos Sonhos Perdidos
Consignação de muitas maneiras, mas é uma celebração mais
literal do renascimento.
O Kithain ressurgido geralmente volta para as tarefas e
demandas em que estava envolvido antes de se esquecer de si
mesmo, e assume a posição que ocupava. Entretanto, se ele
ficou muito tempo fora, sua capacidade de cumprir quaisquer
deveres que tenha pode ser questionada, especialmente no
caso de nobres.
Quando um Kithain cai em Banalidade, seus maiores
aliados são os membros de sua conjuração. Eles são os mais
propensos a tentar puxá-lo de volta. Na verdade, os atos de
diversas conjurações provavelmente salvaram mais Kithain da
Banalidade do que qualquer outra coisa.
Livro de Como Chutar Bundas
Mundo das Trevas: Combate é essencial para aqueles
que querem explorar completamente o excitante potencial do
combate changeling. O texto a seguir oferece alguns estilos
marciais feéricos para aqueles Narradores que gostam muito
de detalhes (e sangue) em seus combates.
Os feés dominam muitas formas de artes marciais. Os
sidhe tendem a favorecer os estilos tradicionalmente nobres
de esgrima e boxe. Redcaps raramente têm a disciplina para
artes marciais além da luta livre. Os exus são talvez o mais di-
vergentes em seus gostos; muitos nobres arrogantes já foram
colocados em seus devidos lugares por exus que eram mestres
em Pauka, Savate ou Kendo.
Algumas formas de artes marciais são exclusivas para al-
guns kiths ou casas nobres. As técnicas marciais dos Trolls
são chamadas de Ragnarok, a Casa Scathach (veja Nobres:
As Hostes Resplandecentes) pratica o Gae-Bolga e alguns
sátiros praticam o Pan-do. Note que os números de página
próximos às manobras vêm do Mundo das Trevas: Combate.
Ragnarok
Este é o estilo de arte marcial praticado por muitos trolls.
Relacionado com a “nobreza” Viking, sua técnica de luta com
espada é caracterizada por guerreiros entrando em combate
com os braços que seguram as espadas erguidos acima de suas
cabeças, de modo que as espadas apontem ao chão. Parece
simples e agressivo, mas sua força reside na variedade de ar-
mas que se aprende.
Escolas: Trolls nobres e plebleus ricos geralmente passam
vários dias de prática regular enquanto ensinam esta arte aos
novos aprendizes.
Membros: O Ragnarok é ensinado apenas pelos líderes
trolls aos seus vassalos.
Citação: Sim, eu sei que eu errei duas vezes, mas eu só tenho
que te acertar uma vez.
Manobras de Armas Brancas
Aparar (1, p.47)
Bater (1, p.47)
Cortar (2, p.47)
Desarmar (2, p.48)
Esmagar (2, p.48)
Golpe Atordoante (2, p.48)
 Grande Golpe (1, p.48)
Varrer (2, p.49)
Técnicas Requeridas
Machados e Picaretas
Lâminas
Armas Rombudas
Armas de Cabo
Bastão

Gae-Bolga
Esta técnica recebeu seu nome devido à lança devastadora
de Cuchulain, o maior dos alunos de Scathach. Gae-Bolga é
uma arte marcial completa e diversificada que cobre o combate
armado e desarmado. É um estilo extremamente mortal, até
mesmo em sua forma desarmada. Seus alunos também apren-
dem os mistérios da Ira do Dragão.
Escolas: Escolas para esta arte estão escondidas em lugares
remotos do mundo. Dizem que há escolas na Irlanda, na Ilha
de Skye, na Provença e nas florestas de Muir.
Membros: O Gae-Bolga é ensinado apenas para membros
da Casa Scathach. Os alunos devem primeiro dominar as téc-
nicas básicas de artes marciais antes de serem admitidos nas
escolas. Eles devem ter conseguido através de esforço próprio o
nível 3 em Esportes, Armas Brancas e Briga.
Citação: Cuidado com o salmão saltitante, com a maçã lançada
e com o semblante de Cuchulain!
Manobras de Esportes
Cambalhota (1, p. 24)
Manobras de Briga
Socos:
Desarmar (3, p.26)
Mão de Espada (3, p.28)
Agarradas:
Defesa de Agarrada (2, p. 33)
Estrangulamento (4, p. 34)
Prender Junta (4, p. 35)
Quebrar Junta (4, p. 35)
Quebrar Pescoço (5, p. 36)
Arremessos:
Arremesso (1, p.37)
Encontrão Voador (3, p. 38)
Manobras de Armas Brancas:
Aparar (1, p. 47)
Contragolpe (2, p.47)
Cortar (2, pág. 47)
Desarmar (2, p.48)
Fleche (2, p.48)
Grande Golpe (1, pág. 48)
Perfurar (1, pág. 48)
Técnicas Requeridas
Lâminas
Armas de Cabo

Capítulo Três: Narrativa Avançada 41

Pan-do Cabeçada (l, p.26)
Chutes
Martin Adostopolus era filho de um industrial britânico.
Carimbo com o Calcanhar (1, p. 30)
Ele se tornou um aventureiro diletante vitoriano, se inspiran-
do no estilo de Sir Richard Burton. Ele viajou pelo mundo es- Chute de Ponta Cabeça (2, p. 31)
tudando artes marciais, mas no final ainda estava insatisfeito. Chute Circular (3, pág. 32)
Apesar de dominar várias formas de artes marciais, ele nunca Chute Duplo (4, pág. 31)
encontrou uma para tirar proveito de seu físico feérico, então
ele inventou a sua própria. Infelizmente, seus dois maiores Chute Giratório (2, p. 31)
alunos lutaram pelo direito de liderar a escola depois de sua Chute Inverso (4, p. 31)
morte. Ambos alegaram ter vencido a luta e, eventualmente, Chute Machado (3, p. 31)
duas seitas muito diferentes foram criadas. Um estudante, Joelhada (3, p. 32)
que se voltou para os Unseelie, criou a Luta-Bestial. A outra
forma, Pan-do, é de propriedade dos sátiros Seelie. Rasteira (1, p. 32)
Escolas: A única escola de Pan-do ficava em Amsterdã. Voadora (4, pág. 33)
Ela caiu durante a guerra entre os discípulos de Martin em Vassoura de Ferro (4, pág. 32)
1882. Para estudar Pan-do, um sátiro deve localizar um dos Manobras de Esquiva
mestres errantes desta arte. Defender Chute (1, p. 40)
Membros: Dizem que os sátiros que são membros da
Pata do Macaco são estudantes da versão Unseelie desta arte.
A maioria dos praticantes de pan-do vive na Europa, no Me- As Três Casas Unseelie
diterrâneo e na Grã-Bretanha. Essas casas não foram incluídas no livro de regras por di-
Citação: Ah, “Pan-DA!” Como eu nunca ouvi isso antes! Pare- versos motivos. Aqueles de vocês que leram A Corte Sombria,
ce que você está prestes a cair devido a um caso grave da doença de sem dúvida, já estão familiarizados com essas casas, mas elas
casco no baço, Chuckles... foram reimpressas aqui para que possam ser disponibilizados
Manobras de Esportes de forma ampla para todos os Narradores de Changeling.
Cambalhota (1, p. 24) Nota do autor: O Defeito da Casa Leanhaun foi modi-
ficado a partir deste livro. A mudança exige que os membros
Saltar (1, p. 25) desta casa se envolvam em Enlevo uma vez por mês, em vez
Manobras de Briga de uma por semana, como impresso em A Corte Sombria.

42 Livro dos Sonhos Perdidos

Casa Ailil
A Casa Ailil é a mais conhecida das casas Unseelie. Seu
fundador, Lorde Ailil, era um político astuto, filósofo e estu-
dioso do ocultismo. As casas Ailil e Eiluned são descenden-
tes dele. Dizem que quando os nobres fugiram para Arcádia,
Lorde Ailil preferiu ficar para trás e formar ao seu redor uma
casa sidhe que resistiria ao ataque da Banalidade. Os sidhe
Ailil acreditam que ele trocou de nome e aceitou seu legado
Unseelie.
Mestres da política, intriga e manipulação, os sidhe Ai-
lil são frequentemente encontrados como conselheiros dos
governantes sidhe. Embora eles raramente sejam confiáveis,
seus conselhos são considerados bastante valiosos. Por nem
sempre serem seguidos, eles inevitavelmente criam facções
políticas próprias ou procuram governantes fracos para ma-
nipular. Tornar-se o “poder por trás do trono” é a aspiração
de muitos sidhe Ailil.
Os feudos governados por sidhe Ailil são focos de intri-
ga, e os plebeus às vezes se perguntam quem detém o poder
real em suas propriedades livres. São os governantes que eles
veem, ou a Corte Sombria que eles não veem? Os plebeus
unseelie frequentemente deduzem que os Ailil nunca pode-
riam ter controle absoluto sobre os cortesãos Sombrios - A
arrogância dos Ailil cansaria muito a eles.
Independentemente de sua posição política ou afilia-
ção, os sidhe Ailil sempre aproveitam tudo ao máximo. Na
verdade, eles são conhecidos por seu excesso de confiança,
arrogância e atitude. Em qualquer situação, eles acreditam
que sua herança vai garantir seu sucesso. Enquanto eles sen-
tem que a Casa Ailil tem naturalmente direito a riqueza,
privilégios e conforto, eles amam o poder acima de tudo.
Como seria de esperar, eles passarão por cima de qualquer
coisa e levarão o tempo que for necessário para obtê-lo.
Muitos sidhe Ailil têm cabelo e olhos escuros. Indepen-
dentemente da cor dos seus olhos, eles são conhecidos por
seus olhares extremamente atraentes e penetrantes. Eles pre-
ferem roupas escuras, especialmente pretas, com acessórios
de prata.
O brasão da Casa Ailil é negro, um dragão rompante
argente, entre quatro estrelas argentinas. (Um dragão de pra-
ta rompante entre quatro estrelas de prata sobre um fundo
preto.)
Obséquio: Sidhe da Casa Ailil são especialistas em ma-
nipulação e política. Todos os testes envolvendo Manipula-
ção são feitos com uma dificuldade -1. Os membros da Casa
Ailil nunca podem ter falhas envolvendo Lábia ou Política.
Defeito: Por acreditarem que são descendentes de uma
linhagen de reis, os sidhe Ailil são complacentes em suas ha-
bilidades. Desafios que os outros iriam evitar despertam seu
interesse. Mesmo quando um sidhe Ailil está obviamente
errado, el3 ainda deve fazer um teste de Força de Vontade
(dificuldade 8) para admitir; isso só se aplica, no entanto, a
situações não-agressivas.
Se um sidhe Ailil recua de uma situação (como uma ba-
talha que ele sabe que não pode vencer), ele sofre +1 de difi-
Capítulo Três: Narrativa Avançada 43

culdade em todas as jogadas Sociais até conseguir uma vitória
que restaure a confiança em seu rosto. Isso pode envolver, por
exemplo, abusar de subordinados que não podem revidar. Se
um Ailil triunfar sobre as probabilidades impossíveis, ele se
tornará Seelie por pelo menos um dia inteiro.
Exílio: Os sidhe de Ailil foram supostamente banidos de
Arcádia por conspirarem com criaturas Unseelie que viviam
fora da sociedade Kithain. Os membros desta casa atestam
que eles despertaram as forças das trevas que assolaram os
sidhe Seelie de Arcádia. Inimigos afirmam que a Casa Ailil
invocou algo que não poderia ser controlado.
O Alto Lorde Erdath acredita firmemente que ele está
seguindo a vontade dos Altos Lordes de Arcádia quando ele
conspira contra a Corte Seelie. Ele diz a seus irmãos Unseelie
que os Seelie foram exilados para a Terra por causa do fracas-
so, e é dever jurado da Casa Ailil lhes oferecer “orientação”.
Todos os anos, ele aceita um rico sidhe em sua comitiva, que
deve financiar suas viagens ao redor do mundo por um ano
inteiro. Em troca, esse aluno ganha a grande honra de apren-
der sob sua tutela maquiavélica. Embora traiçoeiro, Lorde Er-
dath garante que este escolhido ganhe um título político de
grande privilégio antes que o ano termine.
que misturou seu sangue com o dos fomorianos originais.
As lendas contam que a casa foi fundada por Lugh do
Braço Longo, neto de Balor do Olho Maligno. Se é verdade,
isso os torna duas vezes mais nobres e uma ameaça aos feés
da Casa Gwydion. Como tal, eles consideram acabar com os
fracos e frágeis Seelie como seu destino. A própria humanida-
de também está em seus planos e, em particular, eles afirmam
que chegará o dia em que a Casa Balor governará um mundo
consumido pela escuridão.
Já que declarar essa visão abertamente não é muito popu-
lar, essas fadas rebeldes desenvolveram talentos sobrenaturais
de intriga. Alguns até se infiltram em outras casas. As casas
Eiluned e Dougal não sabem desses traidores em seu meio, e
a Casa Liam não faz mais testes elaborados de sua linhagem.
Muitos Balor sidhe estão aguardando o momento certo, espe-
rando a hora de atacar. Aqueles que professam abertamente
pertencer à Casa Balor exibem com orgulho sua filiação.
Todos os membros desta casa carregam uma deformidade
em alguma parte do corpo, e eles carregam algo ainda mais
distorcido: suas almas contaminadas não são afetadas pelo
ferro frio, metal que eles estimam. Flertar com o desastre é
um modo de vida para eles. De fato, eles foram encontrados
aliando-se a outras criaturas contaminadas, incluindo os Dan-
çarinos da Espiral Negra e os fomori modernos. No que diz
respeito a eles, os dias desta era moderna estão chegando ao
fim, e quando a escuridão eterna descer sobre a Terra, a Casa
Balor vai atiçar as fogueiras e se deleitar com a loucura.
O brasão da Casa Balor é sanguíneo, uma torre entrela-
çada por uma serpente escondendo uma porta de gules (uma
serpente negra enrolada em torno de uma torre de ouro e
guardando uma porta vermelha num campo lilás).

Casa Balor
A maioria dos Kithain acredita que o nome desta casa é
uma piada Unseelie, um tapa na cara da Corte Seelie. A maio-
ria dos Seelie vê os sidhe Balor como crianças malcriadas - já
que eles estão tão insatisfeitos com a sociedade, eles vão dizer
e fazer qualquer coisa para chocar e ofender. Assim, os sidhe
desta casa vivem conforme este estereótipo e adoram ele. Ape-
nas alguns poucos barbagrises e sábios sabem a verdade. Os
membros desta casa descendem de uma linhagem de sidhe

44 Livro dos Sonhos Perdidos

 Obséquio: O sangue fomoriano destes sidhe protege-os
dos piores efeitos do ferro frio. O ferro frio ainda lhes causa
desconforto, mas os sidhe Balor não tem nenhuma penalida-
de quando realizam tarefas que envolvem o contato com ele.
Eles não perdem Glamour temporário quando são atingidos
por ele. Se morto por uma arma de ferro frio, no entanto,
suas almas feéricas ainda são destruídas.
Embora todo sidhe Balor tenha um Legado Seelie, este
é sempre subjugado. Embora eles possam se passar por sidhe
Seelie, eles nunca se tornarão Seelie. Para os membros da
Casa Balor, isso é uma benção.
Defeito: Cada membro desta casa possui uma deformida-
de física, mental ou emocional. Nem próteses nem ajuda psi-
cológica podem corrigi-las, embora elas possam estar ocultas.
Esse defeito nunca pode ser superado. Além disso, um sidhe
Balor não pode ter um nível de Força de Vontade superior
a 6.
Exílio: Muito poucos sidhe Balor retornaram à Terra du-
rante o Ressurgimento. Os Balor insistem que poucos deles
estavam ocupados corrompendo as terras de Arcádia, mas um
grande número deles estavam ativos aqui para acelerar a deca-
dência do paraíso. De acordo com a lenda, a maioria dos des-
cendentes desta casa deixada na Terra foi Arruinada durante
a Fragmentação, mas suas sementes mais tarde despertaram
da Crisálida durante o Ressurgimento. O Alto Lorde da Casa
Balor fala sobre ter sido desmamado por uma matilha de lobi-
somens corruptos, embora poucos acreditem nele.
O Alto Lorde Li-Tili governa um reino submarino nos
destroços abandonados de um transatlântico, onde seu sé-
quito construiu um palácio cuidadosamente mantido. Seus
servos têm um dom não natural que permite aos visitantes
descer com eles para as profundezas.
As lumeeiras iluminam sua sala de audiências e 13 Dan-
çarinos da Espiral Negra a guardam. Há rumores de que a
cada ano o novo Alto Lorde desta casa é devorado por seu
sucessor em Samhain, mas não há provas para garantir isso.
Casa Leanhaun
Essas fadas anseiam por Glamour como nenhuma outra.
Sem glamour, um sidhe Leanhaun envelhece rapidamente.
Famintos por essa fonte de imaginação, eles podem mudar
de infante para rezingão quase da noite para o dia, sentindo a
dor da transição a cada passo do caminho. A maioria dos feés
conhecem esta maldição, e acredita que não exista Glamour
suficiente para adiá-la. O que eles não percebem é que a prá-
tica proibida do Enlevo é um dos métodos mais eficazes para
não apenas curar os sintomas dessa maldição, mas também
para interromper temporariamente o processo de envelheci-
mento e até mesmo revertê-lo.
Um Leanhaun escolhe um mortal promissor e o infun-
de com uma quantidade inebriante de glamour. O artista se
torna completamente consumido por sua paixão pela criação,
e trabalha loucamente e incessantemente. Em uma explosão
gloriosa da criação, ele cria sua obra final . O sidhe Leanhaun
Capítulo Três: Narrativa Avançada 45
 inspira e sente a euforia desta explosão incandescente de
criatividade, e se alimenta até que o mortal esgote seu ins-
tinto criativo completamente. Isso resulta em uma vida de
Banalidade ou uma morte trágica e horrível. A obra de arte
criada é então destruída, e no final este ritual fornece um
banquete de Glamour.
Como seria de esperar, esta prática é proibida na socie-
dade Kithain. Um changeling que é condenado por este cri-
me é sumariamente banido. Assim, os membros desta casa
têm o cuidado de não demonstrar estes seus lados. Eles se
deliciam com Glamour em festas épicas e orgias decaden-
tes. Os Fiona podem desejar o prazer acima de tudo, mas os
Leanhaun tem fome pelo que surge dele: poder mágico que
desafia o próprio tempo,
O brasão da Casa Leanhaun é vert, com uma harpa en-
trelaçada por uma espinhenta rosa negra (uma harpa de ouro
entrelaçada por uma rosa negra sobre um campo verde).
Obséquio: Todos os membros desta casa recebem um
ponto extra de Carisma, mesmo que isso aumente esta carac-
terística acima de5. Além disso, os sidhe Leanhaun tem uma
dificuldade de -1 em todos os teste de Sedução e não podem
sofrer falhas críticas neles.
Defeito: Como resultado de uma antiga maldição, os
sidhe Leanhaun envelhecem anormalmente. Aqueles que
não se envolvem no Enlevo pelo menos uma vez por mês,
envelhecem um ano para cada semana que se passa.
Um versão simples de Enlevo envolve um grupo de Un-
seelie. O grupo investe de um a cinco pontos de Glamour
no início. A vítima - o artista envolvido - testa Manipulação
+ Expressão e adiciona um sucesso para cada ponto de Gla-
mour investido. A obra-prima resultante então é infundida
com lia, um ponto para cada sucesso.
Esta obra-prima é então destruída e apreciada pelos feés.

46 Livro dos Sonhos Perdidos

Quando isso acontecer, divida o número de sucessos do teste
acima entre os membros do “público”. Os Seelie recebem um
ponto de Glamour para cada ponto de lia; Unseelies obtem
dois pontos de Glamour para cada ponto de lia; sidhe Lea-
nhaun ganham três pontos Glamour por um de lia.
Exílio: Os sidhe Leanhaun foram supostamente conde-
nados ao exílio por crimes contra a corte do Alto Rei. Suas
regras exigem que ninguém fale sobre o que aconteceu, em-
bora se saiba que um grupo de trovadores foi morto pelo Alto
Lorde dos Leanhaun na véspera de seu exílio. Em muitos
contos Arcadianos, uma versão diferente deste crime é tecida
na forma de histórias épicas.
A Alta Lorde Eleanor goza do privilégio de posuir gran-
de riqueza, e raramente mora na mesma cidade por mais de
um mês. A maldição de sua casa fez com que envelhecesse
70 anos nos últimos 30 anos, mas sabiamente, ela sobrevive.
Todo mês, ela realiza uma festa de gala em que seu último
protegido é apresentado. Suas Artes sombrias permitem que
ela assuma uma nova identidade a cada mês, ou às vezes a
cada semana. Embora tenha sido condenada repetidamente
pelo Parlamento dos Sonhos, os outros Altos Lordes insistem
que ela seja aceita em qualquer reunião da legislatura.
Novo Antecedente
Alguns Narradores notaram que conseguir um trod de
graça a partir do Antecedente Posses é algo muito poderoso.
E não apenas isso, mas como você determinar exatamente
como e quando o trod pode ser usado? O Antecedente a se-
guir permite que os Narradores façam com que os jogadores
comprem os trods separadamente das propriedades livres
como Antecedentes. Além disso, algumas diretrizes são forne-
cidas para especificar o quão poderosos esses trods podem ser
baseados no nível adquirido
Trod
Você possui acesso a um trod que leva a outros lugares
na Terra, ou mesmo a destinos dentro do Sonhar. Trods ge-
ralmente têm portais dentro de propriedades livres, mas nem
todos as propriedades livres têm trods. Seu trod pode estar
em sua propriedade livre (se você tiver o Antecedente Posses),
ou pode existir em outro lugar.
Trods não correspondem necessariamente ao poder das
propriedades livres nas quais eles se abrem. É possível ter um
trod imensamente poderoso dentro de uma propriedade me-
nor (ou vice-versa). Trods seguem os ciclos da natureza (es-
tações do ano, movimento dos planetas) e só são acessíveis
em determinados momentos. O jogador e o Narrador devem
decidir em quais momentos o trod do personagem está ativo.
Um trod que esteja aberto apenas por meio ano pode
ser acessível apenas à noite, em dias pares, ou de Beltaine a
Samhain. Alguns trods muito poderosos, como os de Tara-
-Nar, excedem a escala listada abaixo. O lendário Portal de
Prata pode levar a todos os lugares. Qualquer trod comprado
com este Antecedente é relativamente seguro para os change-
lings em ambas as extremidades (não leva aos Reinos de Pesa-
delo, etc.) A única exceção são os trods que levam ao Sonhar
Profundo, que são completamente imprevisíveis.
Note que possuir um trod, não lhe dá o direito de neces-
sariamente abri-lo.
● Um destino na cidade acessível por um quarto do
ano.
●● Um destino na região acessível por meio ano, ou
de 2 a3 destinos na cidade acessíveis por um
quarto do ano, ou um destino na cidade acessível
o ano todo.
●●● De 2 a 3 destinos na cidade e um destino na
região acessíveis por meio ano, ou de 2 a 3
destinos na cidade, um destino na região e um
destino no Sonhar Próximo acessíveis por um
quarto do ano ou de 2 a 3 destinos na cidade
acessíveis o ano todo;
● ● ● ● De 4 a 5 destinos na cidade, dois na região, um
no país (por exemplo, toda a Concordia) e dois
destinos no Sonhar Próximo acessíveis por meio
ano, ou de 4 a 5 destinos na cidade, dois na
região, um nacional, um no Sonhar Próximo, um
no Sonhar Distante acessíveis por um quarto do
ano, ou de 2 a 3 destinos na cidade e um destino
na região acessíveis o ano todo, ou 2 a 3 destinos
na cidade, um destino na região e um destino
Sonhar Próximo acessíveis por meio ano.
● ● ● ● ● De 4 a 5 destinos na cidade, de 3 a 4 na região,
dois no país, dois no Sonhar Próximo, um no
Sonhar Distante acessíveis por meio ano, ou de
4 a 5 destinos na cidade, de 4 a 5 na região,
quatro no país, dois no Sonhar Próximo, dois
no Sonhar Distante, um no Sonhar Profundo
(talvez até os Portões de Arcádia) acessíveis por
um quarto do ano, ou de 2 a 3 destinos na
cidade, um destino na região e um destino no
Sonhar Próximo acessíveis o ano todo.
Capítulo Três: Narrativa Avançada 47
48 Livro dos Sonhos Perdidos
CAPÍTULO QUATRO:
R OUBA
B ANDEIRA
Diante de uma decisão crucial
De tantas maneiras eu posso ir
Eu sou um homem com uma missão
Continuar ou me sair bem o suficiente sozinho
Você pode me dar uma resposta meu amigo
Eu não confio na minha mente
Existe alguma maneira de abrir meus olhos
Enquanto eu finjo ser cego
- Lowen & Navaro, “Escrevendo na parede”

Introdução minosos para fazerem justiça. Nos vários estágios

da investigação, os personagens devem escolher en-
Um importante tesouro mágico foi roubado tre intimidação e persuasão. Se tudo correr bem,
da propriedade do conde, e os personagens preci- os personagens interpretarão com sucesso as pistas
sam recuperá-lo. Apesar de tentar manter isso em disponíveis, recuperarão o artefato perdido e se tor-
segredo, muitas pessoas já sabem sobre o roubo e narão heróis.
querem o tesouro para si. Os personagens devem A resolução desta aventura tem implicações
usar sua inteligência, seguindo algumas pistas es- maiores. Os jogadores se envolvem com a política
palhadas para encontrar os culpados, enquanto se das cortes a medida que outras partes interessadas
preocupam com os avanços das pessoas que que- no tesouro roubado tentam afastá-los do seu cami-
rem o tesouro em suas próprias mãos, em vez das nho, na esperança de evitar que os nobres recupe-
do conde. Para piorar a situação, o tesouro deve ser rem o que perderam. Questões de lealdade e honra
recuperado rapidamente, pois vai ser usado para entram em conflito com ganhos pessoais, pois os
homenagear o duque, que deve chegar em apenas personagens devem escolher a quem vão entregar o
três dias .... tesouro, se decidirem entregá-lo.

Tema e Atmosfera Enredo

“Rouba Bandeira” é uma história de intriga e Alguém invadiu a propriedade do conde e rou-
investigação. De forma simples, é um mistério onde bou seu pendão, a bandeira mágica que simboliza
os personagens são detetives que procuram os cri- seu direito de governar suas terras, o símbolo de
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 49

49
sua nobre autoridade. A perda do pendão é um grande golpe
para a honra pessoal do conde, mas a iminente visita do du-
que é muito maior que a perda, pois o duque dá grande im-
portância aos símbolos. O conde deve recuperar seu pendão
sem que ninguém fique sabendo que ele sumiu. O chanceler
do conde contrata os personagens para realizar uma missão
de busca e recuperação, alertando-os sobre a importância da
discrição. Ele lhes dá a única pista que possui sobre a identi-
dade do culpado e informa que eles têm três dias para recupe-
rar o pendão perdido.
Sem o conhecimento do conde, espiões em sua corte
informaram o roubo à um de seus vassalos, o Barão Miles
Parke, um sidhe da Casa Eiluned. Percebendo a chance de
provar que seu soberano é indigno de sua posição e toma-la
para si, o barão contrata seus próprios agentes para procu-
rar o pendão do conde. Esses agentes esperam encontrar o
pendão antes dos personagens, mas estão preparados para
segui-los e embosca-los, se necessário. O barão também pode
tentar persuadir os personagens a se unirem à ele, se surgir
esta oportunidade.
A investigação leva os personagens através dos becos da
cidade conforme perseguem seu alvo, estando cada vez mais
perto de pôr as mãos nele a cada nova pista. Ao longo do
caminho, eles encontram um misterioso indivíduo que alega
ter contratado os ladrões e está procurando por seus “funcio-
nários”, que não entregaram o tesouro. Este indivíduo tenta
convencer os personagens de que eles devem dar-lhe o pendão
para o bem de todos que querem o fim da regência dos sidhe.
Finalmente, os personagens encontram os culpados, que
estão em dúvidas sobre o que fizeram. Estes feés percebem a
gravidade da situação, no entanto, eles não vão entregar o
pendão aos personagens sem garantias de que seja mantido
seu anonimato. Claro, os personagens poderiam tentar lutar
e tomá-lo à força.
Uma vez que os personagens obtenham o pendão, eles
devem decidir o que fazer com ele - entregá-lo ao conde e sal-
var sua honra diante do duque, entregá-lo ao barão para pro-
mover seus objetivos políticos, entregá-lo ao homem sinistro
que diz defender os interesses dos plebeus, ou mantê-lo para
seus próprios interesses.

Informações ao Narrador
“Rouba Bandeira” foi projetado para agradar as mais di-
versas trupes e se encaixar nas crônicas mais diferentes. Gru-
pos que gostam de atritos podem ser dar muito bem, embora
a interpretação possa ter mais chances de levar ao sucesso.
Personagens inexperientes podem ser selecionados para esta
missão porque sua falta de reputação ajuda a preservar o sigi-
lo da tarefa, enquanto personagens estabelecidos podem ser
selecionados por sua discrição e confiabilidade. Personagens
com pouco envolvimento na política podem ser escolhidos
especificamente por essa qualidade, enquanto personagens
fortemente envolvidos na política podem se envolver apenas
para mais um dia no grande jogo. Esses eventos podem ocor-
rer em praticamente qualquer cidade, com pequenos ajustes
por parte do Narrador.
“Rouba Bandeira” assume que o conde contrata os per-
sonagens, mas ou o barão ou o terceiro indivíduo sinistro
descrito na história poderiam contratá-los se isso servir aos
planos do Narrador. Há muitas maneiras de apresentar os

50 Livro dos Sonhos Perdidos

jogadores aos eventos detalhados, embora alguns exijam um
ajuste do enredo. Esta aventura permite que os personagens
tenham um impacto real no cenário político de sua área em
virtude do que eles decidirem fazer com o pendão recupera-
do. Os narradores que se sentirem desconfortáveis com esse
potencial de empoderamento devem ter em mente que o des-
tino do conde está nas mãos do duque, que pode se apiedar
de seu vassalo se a regência do conde for de interesse para a
história.
Cena Um: Um Convite ao
Heroísmo
A aventura começa quando a noite de tranquila e diver-
tida de um personagem é interrompida por uma batida na
porta. O visitante é um nocker bem vestido que chama o per-
sonagem pelo nome e, em seguida, entrega-lhe um grande en-
velope de cor creme. Depois de entregar a missiva, ele espera
pela resposta do personagem.
O envelope é de pergaminho grosso e estampado com o
nome do personagem em uma caligrafia artística e fluida. O
envelope é selado com cera amarela lacrada com a imagem
de um copo de vinho e uma rosa. Um teste bem-sucedido de
Percepção + Política (dificuldade 7) faz com o personagem
descubra de que este é o selo pessoal do Lorde Piper Gaines,
o chanceler do conde.
onra se você e
te r ia a m a io r h
Eu
p a n h ei r o s co ncordassem coem
seus co m
a r co m ig o . S e v ocê con r-
se encontr or, permita que meu servo
dar, por fav vocês até minha presença.
traga todos rio, informe-o da sua re-
Caso contrá preocupe mais com esses
cusa e não seiscrição é de suma impor-
assuntos. D
tância.
Se o personagem concordar em se encontrar com o chan-
celer, o nocker o acompanha até um carro esperando do lado
de fora. O nocker pede aos outros personagens presentes para
irem também, e ele vai buscar qualquer outro personagem
que não esteja lá. Durante todo o trajeto, o nocker permanece
quieto, desviando de quaisquer perguntas. Se os personagens
persistirem, ele diz apenas que o chanceler irá respondê-las se
ele achar necessário. Dez minutos depois de pegar o último
personagem, o grupo chega ao Emily’s, um restaurante em
um bairro chique. O nocker lidera o caminho para o restau-
rante, onde os personagens são levados à uma sala de jantar
privada, iluminada à luz de velas e com uma mesa longa para
um jantar elegante.
Sentado à mesa, bebendo vinho tinto em uma taça de
cristal, está um sidhe rezingão vestido com um terno verde
escuro. Seu longo cabelo loiro prateado é puxado para trás
em um rabo de cavalo, e ele usa várias peças de prata e joias
de ouro. Ele sorri e se levanta brevemente quando os perso-
nagens entram, apresentando-se como Chanceler Gaines. Ele
então recebe os personagens, apontando para os assentos va-
gos. Enquanto os personagens se sentam, o nocker fica atrás
do chanceler como se o protegesse. Um momento depois,
dois garçons entram na sala e começam a servir uma refeição
suntuosa de sopas cremosas, saladas e pratos principais deli-
ciosos. Durante todo o jantar, o chanceler torna a conversa
agradável e amena, abordando cada personagem pelo nome.
Depois de uma sobremesa gelada regada com caldas de
frutas doces, o chanceler começa seus negócios. Antes de ex-
plicar sua convocação, ele pede aos personagens que façam
um Juramento de Sigilo, para nunca repetirem o que ele irá
lhes revelar. Se os personagens recusarem, ele os agradece
pelo tempo perdido e ordena que o nocker os devolva até suas
casas. É improvável que o chanceler Gaines volte a procura-
-los no futuro, e ele procura outros changelings para resolver
o problema do conde.
Se os personagens concordam em fazer o juramento, que
é uma variante do Juramento de Guarda (pág. 211, Change-
ling: O Sonhar, segunda edição). Não há nenhum custo para
fazer o juramento, mas os changelings que revelarem as infor-
mações que juraram proteger são amaldiçoados com a incapa-
cidade de manter qualquer coisa em segredo por uma década.
Juramento de Segredo
Como as Brumas encobrem as mentes mortais e os
portões de Arcádia permanecem escondidos, então eu devo
manter íntimo e secreto o conhecimento que recebo neste mo-
mento e lugar. Nunca sairá de meus lábios, senão a noite se
tornará dia e todas as coisas ocultas serão expostas.
Personagens fazendo este juramento recebem um
ponto adicional de Força de Vontade temporária. Se
o juramento for quebrado, dois pontos de Força de
Vontade temporários serão perdidos.
Depois que os personagens fazem o juramento, o chan-
celer explica que ladrões se infiltraram na fortaleza do conde
e partiram com um prêmio de imenso valor - o pendão do
conde. Como quase todos os changelings sabem, o pendão
de um nobre é o símbolo de sua autoridade para governar
suas terras em nome de seu soberano. A perda do pendão é
um constrangimento da mais alta ordem e uma grande perda
de honra pessoal. Felizmente, as informações do roubo foram
mantidas em segredo com apenas alguns indivíduos de con-
fiança, pois foi o próprio chanceler que notou que o pendão
estava faltando durante uma caminhada noturna. Uma cópia
quimérica do pendão atualmente está içada, impedindo que
as informações sobre o roubo se espalhem. No entanto esta é
uma solução temporária na melhor das hipóteses. Para piorar
as coisas, o duque virá fazer uma visita em três dias, e ele não
será enganado pelo falso pendão. O conde quer que o pendão
retorne antes da chegada do duque, e o chanceler pede aos
personagens que aceitem a demanda.
Se os personagens concordarem, o Chanceler Gaines
entrega-lhes um envelope que contém sua única pista, um
cartão de sócio da videolocadora Hollywood. Um canto do
cartão tem um orifício para encaixar em um chaveiro. O plás-
tico deste canto está rasgado, como se o cartão tivesse se en-
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 51
 roscado em alguma coisa enquanto o ladrão fugia e o deixou
para trás na pressa. O cartão não tem nome, mas possui um
número de associado.
Se os personagens perguntarem sobre uma recompensa,
o chanceler parece espantado que a oportunidade de servir
o conde não seja recompensa suficiente para changelings
leais. Ele sugere que a gratidão do conde provavelmente se
manifestará de inúmeras formas sutis e à longo prazo. Para
aqueles que insistirem que as recompensas sejam definidas
claramente, ele oferece dinheiro ou outros benefícios mun-
danos, ou até três pedras dos sonhos para cada personagem.
Neste último caso, cada pedra dos sonhos contém 3 pontos
de Glamour.
Antes de permitir que os personagens partam, o chance-
ler lhes dá instruções de como contatá-lo secretamente.

Cena 2: Devolva até amanhã às

23:00
Com o cartão de sócio em mãos, os personagens devem
encontrar facilmente a locadora. Um ou mais personagens já
podem estar familiarizados com ela, já que a locadora Holly-
wood está localizada em uma área de baixa renda da cidade.
Se ninguém conhecer o local, ele está listado na lista telefô-
nica. A loja fica aberta até às 23:00, dando aos personagens
tempo para investigar a loja após o encontro com o chanceler
Gaines.
Cartazes de dvds recém-lançados cobrem as vitrines da
loja. Os personagens ao entrarem verão as prateleiras cheias
com centenas de filmes separados em várias categorias e um
cartaz de “Seção Adulta” pendurado sobre uma porta que
leva para um quarto dos fundos. Alguns clientes discutem
sobre a escolha do entretenimento noturno enquanto um
funcionário reabastece as prateleiras com uma pilha aleatória
de filmes perto da registradora. Um segundo funcionário fica
atrás do computador atendendo os clientes. Sobre sua cabeça
há uma placa anunciando o novo serviço de entrega de filmes
da Hollywood Video. Por cinco dólares, a loja entrega qual-
quer vídeo em estoque na casa do cliente.
O cartão de sócio pertence a um redcap estouvado cuja
identidade mortal é Mark Shaker; A chave para esta cena é
encontrar seu nome e endereço. Existem várias maneiras de
obter essas informações. A lista a seguir descreve alguns dos
caminhos mais prováveis, mas qualquer coisa que o Narrador
julgue razoável deve ter uma chance de sucesso.
• Os personagens podem ligar para a loja e pedir para
entregar um filme, usando o número no cartão. Tem sido
uma noite longa, então o funcionário não percebe que o in-
terlocutor não deu seu nome, assim como seu número de
associado. Ele agradece o pedido, usando o nome “Mr. Sha-
ker”, então lê o endereço de Shaker para confirmação.
• Os personagens podem alugar um vídeo pessoalmen-
te. Depois de pagar por uma locação, os clientes assinam um
recibo impresso que lista seu nome e endereço. Se os perso-
nagens fazem isso, o balconista lhes dá um olhar breve e in-
terrogativo e então diz “Novos amigos de Mark?” Se os perso-
nagens responderem que sim, o balconista diz algo parecido
com “Eu disse pra ele ligar primeiro. Um dia desses ele vai
perder seu cartão, e alguém vai vir aqui e usá-lo, e eu não vou

52 Livro dos Sonhos Perdidos

me responsabilizar por isso.” O balconista fala por um minu-
to, perguntando sobre como Mark está e sobre suas atividades
recentes. Se os personagens entrarem no jogo, eles devem se
dar bem.
• Os personagens podem dar um mata leão no funcio-
nário e exigir as informações que precisam. Ninguém quer se
meter em uma briga por causa de seu trabalho, o funcionário
digita o número de sócio em seu computador e dá aos perso-
nagens o nome e o endereço. Outros clientes ficam chocados
com o ato e podem fugir da loja se os personagens não os de-
tiverem. Assim que os personagens saem, o atendente chama
a polícia.
• Os personagens podem causar uma distração para
levar o funcionário para longe do computador, dando-lhes
algum tempo para usá-lo. Distrações adequadas incluem der-
rubar uma prateleira de vídeos ou bater na vidraça da frente.
Tal distração afasta o funcionário do computador por mais de
um minuto. Um teste bem-sucedido de Percepção + Compu-
tador (dificuldade 6) garante o nome e o endereço de Shaker
antes que o funcionário retome sua atenção. Se isso falhar,
o personagem pode rolar Destreza + Furtividade contra Per-
cepção + Prontidão (5 dados) para se afastar do computador
sem ser visto. Se o balconista conseguir mais sucessos do que
o personagem, ele vê o personagem e imediatamente ameaça
chamar a polícia.
• Os personagens podem dizer ao atendente que estão
procurando o dono do cartão de associado e criar uma men-
tira para explicar o motivo. Um teste de Manipulação + Lábia
ou Manipulação + Intimidação bem-sucedida (dificuldade 7)
acaba superando a reticência do funcionário em divulgar a in-
formação, se a história for bem plausível. Uma história pouco
plausível aumenta a dificuldade para 8, enquanto uma histó-
ria ridícula, com pouca verossimilhança, aumenta para 9. O
funcionário precisa de argumentos convincentes; não vai dar
aos personagens suas informações apenas por uma rolagem
de dados.
Cena Três: Lar Doce Lar
O pequeno apartamento de um quarto de Shaker fica no
terceiro andar de um prédio de seis unidades em uma rua
lateral perto da locadora. Encontrá-lo não demora mais do
que 15 minutos, mesmo para personagens não familiarizados
com a vizinhança.
A varanda da frente tem uma escadaria curta que se in-
clina para a direita e está faltando um degrau. Várias janelas
quebradas foram consertadas com papelão e madeira, e mato
alto cresce através da cerca de arame enferrujada. Uma lâm-
pada incandescente tremula acima da porta, e a tinta está
descascando em muitos lugares. No interior, as paredes de
gesso do corredor estão esburacadas. O papel de parede que
não foi retirado está desbotado e com manchas de infiltra-
ção. As escadas rangem a cada passo e o som de rock abafado
toca num apartamento no segundo andar. Lâmpadas mais
fracas geram pouca luz. A porta de Shaker se abre facilmente,
e um rápido exame revela que alguém já forçou a porta. No
interior, os personagens encontram o apartamento em total
desordem. Móveis derrubados; armários e gavetas esvaziados
e seus conteúdos espalhados pelo chão. Embora a situação
pareça sombria, os personagens podem encontrar duas pistas.
Um teste bem-sucedido de Percepção + Prontidão (dificulda-
de 4) revela um par de macacões manchados de graxa em
uma pilha de roupas sujas; o macacão é bordado com o nome
Mark e tem um patch que diz “Dave & Doug Auto Cen-
ter”. Um personagem que procurar especificamente no lixo
da cozinha e for bem-sucedido em um teste de Percepção +
Prontidão (dificuldade 8) localiza uma caixa de fósforos vazia
com o nome, número de telefone e endereço do Hotel Dez
Dólares. Quando os personagens saem do apartamento, o
corredor está escuro, embora essa escuridão não pareça afetar
o terceiro andar, se alguém ficar de guarda no corredor. Uma
figura encapuzada espera no segundo andar na parte inferior
das escadas. Se os personagens lhe apontarem alguma luz, a
figura permanece envolta em sombras, impossibilitando iden-
tificá-la claramente. Um teste bem-sucedido de Percepção +
Prontidão (dificuldade 9) permite que um personagem tenha
um rápido vislumbre de cascos.
A figura aborda os personagens, pedindo que eles escu-
tem por apenas alguns momentos. Ele diz aos changelings
que ele sabe de seu propósito e gostaria que eles lhe dessem
o pendão do conde quando o encontrassem. Ele explica que
faz parte de uma organização que trabalha para restaurar os
dias que antecederam o Ressurgimento, uma época em que
os plebeus viviam como bem entendiam e não precisavam se
curvar aos desejos dos senhores sidhe. A figura fala com pai-
xão e argumenta sobre qualquer posição contrária, tentando
incentivar o sentimento anti-sidhe entre os personagens. Se
essa estratégia não funcionar, a figura apela para a ganância
dos personagens, oferecendo o dobro de qualquer pagamento
que o conde tenha prometido. Se os changelings recusarem,
a figura desaparece na escuridão, insinuando que aqueles
que o desafiam sempre se arrependem. A figura é Oliver
“Bloodhorn” Kress, um sátiro Unseelie que é secretamente
um membro dos Fervorosos (pág. 46 de Nobres: As Hostes
Resplandecentes). Essa organização radical despreza a realeza
e trabalha para desfazer o governo dos sidhe. Bloodhorn não
quer lutar, especialmente porque está sozinho. Se atacado,
ele foge usando o truque Bruxuleio de Andanças (pág. 173
Changeling: O Sonhar, segunda edição). A habilidade de
Bloodhorn de se cercar pela escuridão provem de sua capa,
um tesouro de poder moderado.
Cena Quatro: Dia de Trabalho
Assim que os personagens terminam sua busca no apar-
tamento de Shaker, a oficina onde ele trabalha está fechada.
Se os personagens invadirem a oficina e olharem ao redor,
eles encontrarão uma pequena sala nos fundos com alguns
armários, uma mesa surrada, três cadeiras dobráveis e vários
calendários antigos mostrando mulheres nuas sentadas em
motos e carros.
Se os personagens visitarem a garagem no dia seguin-
te, eles verão uma sidhe deslumbrante tendo uma conversa
exaltada com um boggan de cabelos grisalhos que usa maca-
cão de mecânico. Os dois feés estão em um escritório com
paredes de vidro com a porta fechada, mas os personagens
vêem claramente que a mulher está irritada. O boggan limpa
as mãos em um trapo manchado de óleo e balança a cabeça
lentamente, enquanto a mulher sidhe fala e gesticula freneti-
camente. Depois de um momento, o boggan ergue as mãos
em um gesto de desamparo, e a mulher sidhe sai do escritório
e da oficina. Os personagens sentem seu perfume enquanto
ela passa, e eles podem ver a raiva brilhando em seus olhos
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 53
verdes. Um teste bem-sucedido de Percepção + Política (difi-
culdade 8) permite que um personagem a reconheça como
Lady Lilliana Shannon, membro do séquito do Barão Parke.
Os personagens podem tentar falar com um ou ambos
os feés, embora devam agir rapidamente para pegar a mulher
sidhe antes dela chegar ao seu Toyota Celica e partir. Ela está
com raiva por causa de sua conversa com o mecânico, então
ela é curta e grossa com os personagens. Ela não responde
a perguntas sobre a busca por Mark Shaker ou o pendão, e
depois de alguns minutos, ela interrompe a conversa e entra
em seu carro.
Antes de sair, no entanto, ela chama o personagem mas-
culino mais atraente para a janela e fala baixinho com ele por
um momento. Ela lhe diz, sem rodeios, que pretende ver o
pendão nas mãos do barão, e vai fazer de tudo para que isso
aconteça. Ela sugere que as recompensas serão ótimas para
aqueles que ajudarem o barão a tomar o lugar do conde, mas
uma “recompensa especial” aguarda o personagem se ele lhe
trouxer o pendão para que ela possa entregá-lo ao barão.
Personagens que se apresentam ao mecânico descobrem
que ele é Douglas Bender, um dos donos da loja. Como mui-
tos boggans rezingões, ele é um pouco mal-humorado e rude,
mas um toque de polidez suaviza suas palavras. Se os perso-
nagens perguntarem sobre Mark Shaker, Bender fala alegre-
mente sobre ele. O velho boggan tem um carinho pelo jovem
redcap e pensa nele como um filho. Bender está um pouco
preocupado com Shaker, uma vez que o redcap não apareceu
para trabalhar no dia anterior, algo que nunca havia aconte-
cido antes. Personagens que jogarem com os sentimentos de
54 Livro dos Sonhos Perdidos
Bender recebem respostas rápidas e honestas sobre Shaker.
Caso contrário, os personagens devem convencer Bender de
que eles estão agindo de acordo com as melhores intenções
com relação à Mark. Tais tentativas devem ter uma história
plausível como fundo, e o personagem deve ter sucesso em
um teste de Raciocínio + Lábia (dificuldade 6). Se conven-
cido, Bender revela que Shaker se queixou de ter que passar
algumas noites na Hotel Dez Dólares , enquanto os operários
consertavam seu encanamento. Ele também sabe que Shaker
está hospedado no quarto 13.
Cena Cinco: $29 a Noite
O Hotel Dez Dólares é um motel de passagem que aten-
de principalmente a viajantes, vendedores ambulante e casais
adúlteros envolvidos em encontros rápidos. Os quartos são
pequenos e baratos, com painéis na metade inferior das pa-
redes pintadas de pêssego ou verde e carpete gasto que está
manchado onde não desbotou. As televisões não têm contro-
le remoto e parte do letreiro de neon não funciona, piscando
como “otel Dez Dol” durante a noite.
Uma Visita à Meia-Noite
Se os personagens encontrarem a caixa de fósforos no
apartamento de Shaker e forem diretamente para o Hotel
Dez Dólares, eles chegarão lá pouco depois da meia-noite
para encontrar um atendente sonolento de plantão. O aten-
dente é um estudante universitário, e ele revela que Shaker
esta hospedado no quarto 13 se os personagens lhe pagarem
pelo menos $20. Táticas de intimidação funcionam muito
bem, e um teste bem sucedido de Manipulação + Intimida-
ção (dificuldade 4) garante a mesma informação. Atrás do
atendente fica uma patelerira com caixas de mensagens, com
duas mensagens na caixa 13. Por outros $ 20 (ou mais inti-
midação), o atendente permite que os personagens leiam as
mensagens de Shaker. O primeiro é de Bender, perguntando
a Shaker por que ele não apareceu no trabalho naquele dia.
O segundo é de alguém chamado Nikki, perguntando a Sha-
ker onde ele está e dizendo que ela ligará novamente no dia
seguinte.
Personagens que verificarem o quarto de Shaker encon-
tram a porta trancada. Ninguém está lá. Se os personagens in-
vadirem ou convencerem o atendente a deixá-los entrar, eles
vêem calças e camisas penduradas no encosto da única ca-
deira do quarto, uma escova de dentes e creme dental na pia
do banheiro e um jogo de paciência em andamento em uma
pequena mesa. Uma lata de refrigerante pela metade esta ao
lado das cartas; não há goticulas na lateral da lata e o líquido
esta quente e sem gas. Embora alguém tenha claramente usa-
do o quarto, ele não está aqui há algum tempo. Personagens
que decidem vigiar a sala e esperar por Shaker têm uma longa
noite pela frente; o redcap errante não volta ao quarto do
hotel naquela noite.
Encontro Vespertino
Personagens que visitam o Hotel Dez Dólares no dia se-
guinte encontram um balconista de meia-idade, calvo e gordo
usando uma camiseta suada e fumando um charuto barato.
Ele fornece as mesmas informações que o funcionário da noi-
te (número do quarto de Shaker ou acesso às mensagens de
Shaker), mas o preço é de $ 30 para cada “serviço”. Intimidar
o funcionário do dia é mais difícil, exigindo um teste bem-su-
cedido de Manipulação + Intimidação (dificuldade 6).
No início da tarde, Shaker recebe outra mensagem de
Nikki. Os personagens que obtêm acesso a esta mensagem
lerão o texto abaixo, escrito em um rabisco feito pelo funcio-
nário do dia.
Para: Mark Shaker
De: Nikki (1:15 da tarde)
RE: Lembre-se do encontro esta noite as 9:00 na minha
casa. West Avenue 5817, e não 1758. Esteja lá. Precisamos
ver o que vamos fazer com aquela coisa.
Ficar de guarda no quarto de Shaker ou no escritório do
motel se mostra infrutífero, já que Shaker não vai aparecer.
A única opção que resta é aparecer na reunião e esperar pelo
melhor.
Cena seis: Não sabem de nada
No endereço descrito na mensagem de Nikki, os perso-
nagens encontram uma loja de móveis usados com aparta-
mentos em cima. Uma porta residencial ao lado da loja está
trancada, mas tem uma pequena janela através da qual os per-
sonagens veem uma escadaria estreita que leva para cima. Há
um sistema de interfone barato e quatro campainhas, uma
delas com a descrição “2A - N. Moore.” Um beco estreito
leva para uma pequena área de recebimentos de mercadorias
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 55
 atrás da loja, onde os personagens encontram uma porta com
um aviso de “Somente Empregados” e um par de escadas de
incêndio que levam para os apartamentos do segundo e ter-
ceiro andar.
Os personagens que arrombarem o apartamento 2A en-
contrarão alguns cômodos poucos mobiliados. A sala princi-
pal contém um sofá encostado numa parede, várias cadeiras
dobráveis empilhadas em um canto, um aparelho de som por-
tátil e uma dúzia de plantas. Imagens de dragões e unicórnios
enfeitam as paredes. A pequena cozinha tem eletrodomésticos
velhos e desgastados e armários quase vazios. O quarto serve
como um estúdio de arte, com tintas e pinceis espalhados e
dois cavaletes com obras que estão em andamento. Vasculhar
o apartamento não leva mais que 10 minutos. O pendão do
conde não está aqui.
Os personagens podem decidir esperar que as pessoas
cheguem para a reunião. Às 20h30, uma exu estouvada des-
trava a porta ao lado da loja e entra. Ela usa meias pretas,
botas e um suéter verde-escuro bem grande. Ela tem a pele
morena e cabelos pretos, puxados para trás em um rabo de ca-
valo. Alguns momentos depois, acende-se uma luz no segun-
do andar. Personagens pacientes veem mais dois changelings
chegarem 15 minutos depois, um nocker estouvado usando
jeans e um grande sobretudo de couro verde e uma pooka
estouvada em um vestido curto de veludo vermelho e botas
brancas até o joelho. O nocker toca a campainha de Nikki e
mantém uma breve conversa pelo interfone, identificando a
si mesmo e à pooka como Detonador e Bonnie. Uma campa-
inha toca um pouco depois e as duas fadas entram.
Se não interrompidos, os três feés falam sobre coisas de
pouca importância até às 9:15. Eles esperam por Shaker, mas
decidem prosseguir sem ele quando ele não aparece. Deto-
nador tira o pendão do conde de um grande bolso na par-
te interna do sobretudo e o joga no chão, dizendo que esta
merda o faz sentir-se como se dezenas de olhos estivessem o
observando o dia todo. Os três discutem suas opções em voz
baixa. O que começou como apenas uma brincadeira se tor-
nou um grande problema. Bonnie expressa sua opinião sobre
entregar o pendão para “aquele sátiro arrepiante que Mark
conhece”. Ela não confia nele, e acha que ele não materá seus
nomes em segredo. Os três querem evitar serem pegos com o
pendão, pois a punição será severa. Eles consideram devol-
vê-lo anonimamente ou colocá-lo em uma lixeira em algum
lugar, mas decidem esperar que Mark volte antes de tomar
uma decisão final. Por volta das 10h, Detonador e Bonnie
saem, levando o pendão com eles.
Se os personagens interromperem a reunião, seja por es-
tarem esperando a chegada de Nikki, fingindo ser Shaker e
entrando pela porta da frente ou invadindo o apartamento
enquanto os três changelings estão discutindo suas opções - a
resolução da noite vai depender de suas ações. Nikki e seus
amigos só querem evitar problemas. Eles entregam o pendão
aos personagens se convencidos de que seus nomes serão
mantidos em segredo. Se os personagens atacarem, os três
feés lutam para se defender, mas consideram fugir uma opção
bem melhor. Personagens que usarem ameaças ou intimida-
ção só conseguem irritar Detonador. Se irritado o suficiente,
ele lança um ataque contra os personagens para cobrir a fuga
de Nikki e Bonnie que pegam o pendão e fogem pelas escadas
de incêndio, levando a uma emocionante perseguição pelas
ruas da cidade.

56 Livro dos Sonhos Perdidos

Conclusão e Fios Soltos
Narradores que gostam de incluir em suas crônicas com-
bate podem optar por adicionar uma luta nesta hora. Os es-
piões do Barão Parke são sutis e astutos, e podem seguir os
personagens até a reunião, planejando tirar o pendão deles
assim que eles o conseguirem. Se os personagens estão tra-
balhando para o barão, Lilliana Shannon pode emboscá-los
para que ela possa entregar o pendão e levar todo o crédito.
Se os personagens recusarem a oferta de Bloodhorn, ele pode
descobrir sobre a reunião e aparecer com seus capangas. Ele
pode atacar todos os changelings no apartamento de Nikki,
dando aos personagens a chance de lutarem ao lado dos ou-
tros três feés. Ele pode tentar desacreditar os personagens,
alegando que eles trabalham para ele, o que eles podem que-
rer contradizer.
Uma vez que os personagens tenham o pendão na mão,
eles devem decidir o que fazer com ele. Na teoria, eles conta-
tam o Chanceler Gaines e o entregam a ele, realizando um
serviço valioso e que com certeza será lembrado pelo conde.
Eles são recebidos em uma audiência, onde o conde expressa
sua gratidão pessoal, lembrando-os da necessidade de sigilo
sobre o assunto.
Embora o sigilo necessário o impeça de proclamar aber-
tamente os personagens como heróis, ele pode recompensá-
-los de outras maneiras. Tendo-o servido uma vez, eles podem
ter a oportunidade de servi-lo novamente, um “patronato”
que certamente os tornará famosos.
Se os personagens passarem o pendão para o Barão Parke
ou para Bloodhorn, o Narrador tem algumas escolhas interes-
santes a fazer. Como o duque reage quando descobre que o
conde perdeu o seu pendão? Se o barão Parke tem o pendão,
sua alegação de que o conde é indigno do título é aceita, e
ele é escolhido para tomar o lugar do conde? Se Bloodhorn o
tem, como ele usa isso para promover sua cruzada anti-sidhe?
Se os personagens entregarem o pendão ao conde, restam
outras perguntas não respondidas que podem servir como
ponto de partida para outras aventuras. Quem é Bloodhorn e
qual é exatamente a sua organização? Como sua raiva por ter
sido ignorado irá ser manifestar contra os personagens? Qual
a forma que a ira do Barão Parke irá tomar? O que acontece
com os três ladrões? Para onde Mark Shaker foi, e o que ele
poderia fazer ao retornar e descobrir o que os personagens
fizeram?
O mundo da política feérica é tumultuado. Quaisquer
que sejam as escolhas dos personagens, eles caem no meio de
uma confusão bem grande. No meio de três forças opostas,
eles podem, no máximo, aliar-se a uma e se tornar inimigos
das outras duas. O que resultar dessas escolhas com certeza
vai gerar uma história interessante.
Personalidades
Os personagens a seguir desempenham papéis importan-
tes na resolução de “Rouba Bandeira”. Eles foram detalhados
de forma que o Narrador possa interpretá-los ao máximo.
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 57

Chanceler Piper Gaines
(Nobre Honorável)
As memórias de Arcádia de Piper Gaines são vagas e
fragmentadas, mas ele se lembra de uma coisa claramente -
ele sempre serviu ao conde. Na Terra, ele provou ser indis-
pensável ao frustrar dois planos de assassinato tramados por
senhores rivais. Ele sempre aconselhou o conde a manter as
necessidades dos cidadãos em primeiro lugar, para provar que
os sidhe são os mais aptos a governar as terras de Feéria. Em-
bora seja treinado nas artes da guerra como convém a um ca-
valeiro Seelie, ele sempre preferiu a arena igualmente perigosa
da política e intriga. Suas perícias nessa área lhe renderam
o cargo de chanceler há 10 anos e desde então ele vem se
saindo muito.
Corte: Seelie
Legados: Regente/Esfinge
Casa: Dougal
Aspecto: Rezingão
Kith: Sidhe
Físicos: Força 2, Destreza 3, Vigor 2
Sociais: Carisma 4, Manipulação 5, Aparência 5
Mentais: Percepção 4, Inteligência 3, Raciocínio 4
Talentos: Prontidão 3, Esquiva 2, Empatia 3, Expressão
3, Tino 3, Lábia 4,
Perícias: Arqueirismo 2, Etiqueta 4, Liderança 3, Armas
Brancas3, Performance 2, Sedução 2
Conhecimentos: Gramática Mágica 4, Direito 3, Linguís-
tica 2, Política 4,
Artes: Chicana 3, Vaticínio 4, Soberania 4
Reinos: Ator 3, Fada 4, Objeto 1, Cena 2
Antecedentes: Quimera 2, Contatos 4, Lembranças 1,
Recursos 3, Título 2
Glamour: 7
Banalidade: 6
58 Livro dos Sonhos Perdidos
Força de Vontade: 9
Aparência: O chanceler Gaines é um sidhe Seelie rezin-
gão que se veste com ternos bem feitos, geralmente de linho
verde ou azul escuro. Ele é magro e possui um belo rosto,
barbeado e rápido para sorrir. Ele usa seu longo cabelo loiro
prateado em um rabo de cavalo, preso por uma joia de prata
trabalhada em um nó celta. Ele sempre usa várias peças de
joias de prata e ouro, incluindo anéis, um colar ou dois brin-
cos em cada orelha. O chanceler tem um joelho esquerdo
levemente torcido, que exige que ele ande com a ajuda de
uma bengala.
Dicas de Interpretação: Você acredita no direito de rei-
nar dos sidhe, mais especialmente na regência do conde. Os
sidhe sempre cuidaram dos plebeus, e continuarão a fazê-lo
mesmo que os plebeus sejam muito ingratos para entender
o que é melhor para eles. Você se sente honrado em servir
ao conde e fica surpreso com aqueles que não se sentem da
mesma forma. Seu longo tempo no serviço o acostumou ao
luxo e você desenvolveu um gosto pelas coisas boas da vida.
Você gosta de compartilhar essas coisas de vez em quando
com quem não as tem, como forma de mostrar o que espera
aqueles que ajudam os sidhe.
Citação: Espero que você entenda a honra que o conde lhe con-
cede ao confiar essa tarefa aos seus cuidados. Se você tiver sucesso,
sua gratidão será certa. Você poderia, por favor, me passar o licor?
Oliver “Bloodhorn’’ Kress
(Conspirador Diabólico)
Oliver Kress era um policial de rua com um gosto por
romances de mistério e ocultismo quando a inundação de
Glamour que trouxe o Ressurgimento o despertou para sua
verdadeira natureza. Um protetor de longa data de inocentes,
ele ficou horrorizado com o massacre da Noite dos Punhais
de Ferro e da Guerra da Harmonia. Embora acreditasse em
autoridade e disciplina, a autoridade pertence somente àque-
les que a consegue por direito. As ações dos sidhe os torna-
ram indignos da supremacia que reivindicam. Ele se aliou a
membros da Corte Unseelie e se juntou aos Fervorosos, uma
organização dedicada a derrubar o governo sidhe.
Corte: Unseelie
Legados: Bruto/Paladino
Casa: Plebeu (Os Fervorosos)
Aspecto: Rezingão
Kith: Sátiro
Físicos: Força 4, Destreza 3, Vigor 5
Sociais: Carisma 3, Manipulação 3, Aparência 1
Mentais: Percepção 3, Inteligência 3, Raciocínio 4
Talentos: Prontidão 4, Esportes 3, Briga 4, Esquiva 4,
Intimidação 4, Tino 1, Manha 4, Lábia 4
Perícias: Condução 2, Armas de Fogo 3, Armas Bran-
cas3, Pesquisa 3, Segurança 3, Furtividade 4
Conhecimentos: Gramática Mágica 2, Investigação 2,
Ocultismo 3
Artes: Chicana 4, Prestidigitação 4, Andanças 5
Reinos: Ator 3, Fada 5, Objeto 3, Cena 2
Antecedentes: Quimera 3, Contatos 3, Recursos 3, Te-
souros 3
Glamour: 6
Banalidade: 8
Força de Vontade: 8
Aparência: Pouco se sabe sobre aparência de Oliver
Kress, exceto que ele é conhecido por ser um sátiro. Aqueles
que já o encontraram mencionam breves flashes de roupas
caras, mas Kress usa um manto negro quimérico que magi-
camente o envolve em sombras e impede que alguém o veja
com clareza. Apenas o lampejo ocasional de cascos e os pe-
quenos pontos que seus chifres fazem no capuz de sua capa
denunciam seu kith. Boatos dizem que seus chifres são de
cor vermelho escuro, dando credibilidade às histórias que ele
passou muito tempo com os redcaps quando era mais jovem.
Dicas de Interpretação: Você trama e planeja o dia em
que os sidhe aprenderão que eles não são os governantes na-
turais de Feéria. Os plebeus cuidaram de suas vidas perfeita-
mente por séculos sem eles, e seu retorno não trouxe nada
além de dor e sofrimento. Você não vai parar até ver seus
objetivos cumpridos, mesmo que isso suje suas mãos de san-
gue. Você tem dificuldade em permanecer calmo ao tentar
convencer os outros de que eles devam ajudar sua causa; seu
sangue sátiro ferve, e sua raiva surge, ao pensar nos erros dos
sidhe por muito tempo. Você não lida bem ao ser contestado,
e sempre se lembra daqueles que o recusam, especialmente se
eles servem aos sidhe.
Citação: Se você não consegue ver que os sidhe não vão parar
até sermos todos escravos, então você merece toda esta merda que
recebe deles. Miserável puxa-sacos! Eu não vou me esquecer disso.
Lilliana Shannon (Raposa Traiçoeira)
Lilliana Shannon sempre teve que se provar. Filha de
um sidhe Eiluned exilado por conspirar o assassinato de seu
legítimo senhor, ela sempre viveu sob um legado sombrio.
Ela deixou sua casa para trás para encontrar uma nova corte,
onde ela poderia deixar para trás o nome de seu pai e con-
quistar o seu. Ela conseguiu seu lugar com o Barão Parke e
desde então tenta provar seu valor. Sua capacidade de extrair
informações rapidamente ganhou o respeito do barão, mas
ela criou uma longa lista de amantes descontentes neste pro-
cesso. Ela é atualmente um dos “detetives” mais valiosos do
barão, e o pendão roubado representa uma grande oportuni-
dade para ela.
Corte: Seelie
Legados: Cortesão/Pavão
Casa: Eiluned
Aspecto: Estouvado
Kith: Sidhe
Físicos: Força 1, Destreza 3, Vigor 3
Sociais: Carisma 4, Manipulação 3, Aparência 6
Mentais: Percepção 3, Inteligência 3, Raciocínio 3
Talentos: Prontidão 3, Esportes 1, Esquiva 2, Expressão
3, Intimidação 3, Tino 1, Lábia 3
Perícias: Condução 2, Etiqueta 3, Armas de Fogo 1, Lide-
rança 1, Armas Brancas2
Conhecimentos: Computador 1, Enigmas 3, Gramática
Mágica 2, Investigação 4, Política 2,
Artes: Princípio 3, Soberania 1
Reinos: Ator 1, Fada 2, Objeto 2, Cena 2
Antecedentes: Contatos 1, Sonhadores2, Mentor 2, Re-
cursos 2
Glamour: 5
Banalidade: 3
Força de Vontade: 5
Aparência: A clássica aparência de uma mulher sidhe, o
cabelo ruivo desta estouvada flui em ondas longas até a cintu-
ra, parecendo um pouco com a juba de um leão. Seus olhos
são grandes e amendoados, e seus lábios acentuados parecem
estar sempre em um leve beicinho. No entanto, seu olhar
calculista sutilmente diminui sua beleza, dando-lhe uma apa-
rência fria. Ela prefere usar camisas brancas de gola de renda
presas por calças justas de cor escura. Ela não usa cosméticos
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 59
e usa pequenas jóias, geralmente nada mais do que um par de
brincos de argola de prata e uma simples corrente de prata em
volta do pescoço.
Dicas de Interpretação: Você é linda, inteligente e talen-
tosa, e você sabe disso. Todos ao seu redor são pessoas infe-
riores, todos são um trampolim. Todos são ferramentas, cujas
emoções você manipula para levá-los a fazer o que deseja. Os
homens são especialmente fáceis de manipular, já que seus
cérebros geralmente param de funcionar quando olham para
você, e o sexo além de ser ferramenta útil é muito divertido.
Você atende ao Barão Parke em parte por causa da lealdade a
sua Casa, mas principalmente para aumentar sua influência.
Se o barão avançar em sua carreira, ele certamente irá levar
junto aqueles que mais o ajudaram. Nada vai ficar no seu
caminho. Não por muito tempo, pelo menos.
Citação: Ah sim, isso foi tããão bom. Mmmmmmmmm Você
conseguiu as fotos que eu te pedi? Não! Como assim não? <thump>
Saia da minha cama! Quem você pensa que é?
Douglas Bender (Mecânico Familiar)
Douglas Bender cresceu trabalhando com peças de repo-
sição e carros velhos no quintal atrás da oficina de automó-
veis do pai. Ele e seu irmão deixaram a escola para trabalhar
na loja em tempo integral quando o pai morreu vítima de
um ataque cardíaco, e os dois conseguiram manter a oficina
funcionando e sustentar a família. Com o tempo, eles ganha-
ram uma reputação de mecânicos confiáveis e qualificados, e
a oficina prosperou. Uma semana, quando Dave foi atingido
por uma terrível gripe, Doug acabou trabalhando quase 24
horas por dia para poder entregar os serviços. Algo aconte-
ceu com Doug uma noite, e ele terminou quase três dias de
trabalho em uma explosão furiosa de velocidade e habilidade.
Ele estava tão envolvido na necessidade de terminar que ele
nem prestou atenção ao novo mundo que se abria para ele
até a manhã seguinte, quando ele finalmente decidiu dar um
tempo para descansar.
Corte: Unseelie
60 Livro dos Sonhos Perdidos
Legados: Grotesco / Artesão
Casa: Plebeu
Aspecto: Rezingão
Kith: Boggan
Físico: Força 2, Destreza 3, Vigor 4
Social: Carisma 2, Manipulação 3, Aparência 2
Mental: Percepção 5, Inteligência 3, Raciocínio 3
Talentos: Prontidão 3, Briga 3, Esquiva 3, Empatia 1,
Manha 1
Perícias: Ofícios 4, Condução 3, Instrução 2, Reparos 4,
Segurança 2,
Conhecimentos: Automóveis 3, Enigmas 2, História 2,
Ciência 1
Artes: Princípio 4
Reinos: Ator 1, Fada 2, Acessório 5
Antecedentes: Contatos 1, Lembranças 1, Recursos 3,
Tesouros 1
Glamour: 4
Banalidade: 5
Força de Vontade: 7
Imagem: Mesmo quando ele não está em sua oficina,
este boggan rezingão muitas vezes usa um macacão, uma ca-
miseta preta e velhas botas. Seu boné de beisebol esconde a
cabeça careca, e sua barba e bigode castanho e curtos estão
fortemente cobertos de pelos grisalhos. Ele parece estudar as
pessoas que ainda não conheceu, mostrando uma expressão
neutra para aqueles que ele não gosta, mas sendo aberto e
amigável com os demais. Suas mãos com dedos grossos pa-
recem desajeitadas, embora não sejam. Ele geralmente tem
um pano manchado de óleo no bolso de trás do macacão,
quando não o está usando para limpar as mãos.
Dicas de Interpretação: Como a maioria dos boggans,
você adora trabalhos manuais. Você e seu irmão assumiram
a oficina de autos de seu pai quando você estava no ensino
médio, e sua Crisálida apenas aguçou seu amor por seu tra-
balho. Como a maioria dos rezingões, você é um pouco irri-
tado, especialmente perto dos jovens. Eles não sabem o que
é gentileza, e é isso que está errado com o mundo. Quando
um jovem se preocupa com suas maneiras, então talvez, ape-
nas talvez, ele acabe se dando bem. Você tem um fraco por
pessoas que estão numa pior, e você vai dar-lhes o benefício
da dúvida, uma única vez. A maioria das pessoas acaba melho-
rando, se você lhes der a chance. Você se caga de raiva quando
os sidhe estão por perto. Eles são muito piores que jovens mal
educados, são sim.
Citação: Sim, podemos deixar isso pronto para você até
amanhã à tarde. Não senhor, não há nada com o que se preo-
cupar. Podemos substituir seu para-choques por um idêntico
e até conseguir um na cor original também.
Nikki Moore
(Artista Passando Fome)
Nikki Moore sempre teve o dom para pintura e desenho.
Apesar de seu talento óbvio, ela nunca teve sucesso com a
venda de seus trabalhos, então ela trabalha em seu pequeno
apartamento, esperando o dia em que o reconhecimento e a

fama cheguem. Ela conheceu Detonador em um clube punk,
onde ela tinha ido com sua amiga Bonnie para extravasar.
Embora o nocker fosse rude e não muito bonito, ele tinha
um fogo e um magnetismo que atraíram Nikki. Sob sua in-
fluência, ela se entregou a sua natureza exu muito mais livre-
mente. Certa noite, Detonador apresentou-a a Mark Shaker,
seu amigo de longa data. Em um momento de loucura, ela
concordou em participar de uma brincadeira que Mark tinha
em mente e o ajudou a roubar o pendão do conde. Só depois
disso Mark revelou que ele havia sido contratado para fazer
a “brincadeira”, e nesse ponto, o tradicional pessimismo de
Nikki voltou a tona.
Corte: Seelie
Legados: Trovador / Fatalista
Casa: Plebeu
Aspecto: Estouvado
Kith: Exu
Físico: Força 1, Destreza 3, Vigor 2
Social: Carisma 3, Manipulação 2, Aparência .3
Mental: Percepção 5, Inteligência 2, Raciocínio 3
Talentos: Prontidão 2, Esportes 1, Esquiva 1, Empatia 3,
Expressão 2, Tino 3, Manha 1
Perícias: Ofícios 2, Pintura 3, Performance 2, Furtivida-
de 1
Conhecimentos: História da Arte 2, Enigmas 2, Gramá-
tica Mágica 1, Linguística 1, Ocultismo 2, Ciência 1
Artes: Prestidigitação 2, Vaticínio 2
Reinos: Ator 1, Fada 1, Cena 3
Antecedentes: Quimeras 1, Contatos 1, Mentor 3, Re-
cursos 1
Glamour: 4
Banalidade: 3
Força de Vontade: 4
Imagem: Esta exu estouvada possui uma tez de oliva
e longos cabelos pretos bem cuidados que ela geralmente
mantém presos em um rabo de cavalo. Ela prefere se vestir
de preto, geralmente usando meias pretas, gola alta e botas.
Quando ela muda seu look monocromático, ela geralmente
faz isso usando um grande suéter de outra cor escura. Ela tem
um olhar penetrante que muitas vezes pode ser inquietante,
como se condensasse quem ela está olhando em algo que ela
possa usar em sua arte.
Dicas de Interpretação: Você sempre teve talento para a
expressão que vem do seu sangue exu, mas o seu talento toma
forma de imagens e pintura, em vez de contos e palavras. Sua
arte geralmente requer isolamento, o que a deixa constante-
mente em conflito com sua natureza. De tempos em tempos,
seu desejo por interação social é maior que sua autodisciplina.
Quando isso acontece, você tende a se transformar em uma
festeira selvagem, arriscando e cortejando o perigo por alguns
momentos de diversão. Depois, você geralmente se pergunta
o que deu em você e decide ser mais comportada no futuro.
Citação: Você sabe, eu realmente adoraria ir dançar hoje à
noite, mas estou tão perto de terminar essa peça que eu realmente
deveria ficar em casa e trabalhar nela. <pausa> Oh, para o inferno
com isso, vamos embora!
Detonador (Punk Rebelde)
A mãe do Detonador era uma prostituta que tinha pouco
tempo para cuidar dele, e ele nunca conheceu seu pai. Desde
pequeno, ele sobreviveu nas ruas e cuidou de si mesmo, mui-
tas vezes fazendo trabalhos escusos para as “colegas de traba-
lho” de sua mãe. Sua proximidade com esta natureza carnal
da humanidade lhe deu um modo natural de lidar com as
mulheres, e ele atualmente seduz duas mulheres, apenas pelo
prazer de fazer isso. Quando adolescente, ele conheceu Mark
Shaker, que o ajudou a se adaptar a sua nova vida como um
changeling. Eles cometeram todo tipo de pequenos delitos, e
Detonador tem uma ficha criminal tão longa quanto Guerra
e Paz. Quando Mark sugeriu a brincadeira com o pendão, ele
concordou, sem pensar nas consequências. Agora que a coisa
está feita e Mark desapareceu, ele está um pouco preocupado
acreditando que eles acabaram passando do ponto.
Corte: Unseelie
Legados: Truão / Andarilho
Casa: Plebeu
Aspecto: Estouvado
Kith: Nocker
Físico: Força 4, Destreza 4, Vigor 2
Social: Carisma 4, Manipulação 1, Aparência 1
Mental: Percepção 2, Inteligência 4, Raciocínio 2
Talentos: Esportes 2, Briga 4, Esquiva 3, Intimidação 2,
Manha 4
Perícias: Condução 2, Armas de Fogo 1, Armas Brancas
2, Pesquisa 1, Segurança 2, Furtividade 2
Conhecimentos: Computador 1, Lei 1, Conhecimento
da Área 2, Medicina 1
Artes: Princípio 1, Viagem 2
Alçadas: Fada 1, Acessório 2, Cena 2
Antecedentes: Contatos 2, Mentor 1, Recursos 1, Séqui-
to 1
Glamour: 4
Capítulo Quatro: Rouba Bandeira 61
 Banalidade: 4
Força de Vontade: 4
Imagem: Este nocker estouvado se esforça para manter
a imagem perfeita de um roqueiro grunge. Ele usa coturnos
bem gastos, jeans rasgados bem manchados e uma velha ja-
queta de couro esfarrapada pintada com símbolos e nomes
de bandas modernas. Seu cabelo é tão curto que chega a ficar
arrepiado, e ele possui piercings nas duas orelhas (dois na
esquerda), no nariz e na sobrancelha direita. O dorso da mão
esquerda é coberto por uma grande tatuagem de aranha. Suas
bochechas são proeminentes e um tanto afundadas, como se
ele estivesse sofrendo de desnutrição.
Dicas de Interpretação: Você é uma criança do mundo
moderno, uma alma perdida à deriva em um mar de desa-
fios e rebeldia, menosprezando aqueles que estão em melhor
situação para evitar admitir que você os inveja. Você é um
caçador de emoções com pavio curto e não há nada mais di-
vertido do que uma boa e velha pancadaria. Muitos de seus
amigos sentem o mesmo, e é comum que eles se envolvam
em brigas, só por diversão. Você é amigo de Mark Shaker há
anos e sempre teve um pouco de inveja de suas habilidades
de luta. No entanto ele é um redcap e isso é de se esperar. Ele
geralmente tem grandes ideias para encontrar novas formas Conhecimentos: Computador 2, Política 1, Bandas de
de se meter em encrencas, e ficar com ele nunca é entediante. Rock 2
Citação: Vamos quebrar aquela lojinha com a máquina de Artes: Chicana 3
nachos. Eu adoro entrar naquele lugar, você sempre consegue comida Alçadas: Ator 4, Fada 2
e dinheiro em uma parada só. Depois disso, vamos ver o que Diane Antecedentes: Contatos 1, Sonhadores 1, Lembranças 2,
e Sheena estão fazendo ... Recursos 1
Glamour: 7
Bonnie (Tiete de Banda) Banalidade: 3
Única filha de pais “normais” de classe média, Bonnie Força de Vontade: 3
é uma garotinha mimada que está acostumada a conseguir o
que quer. Ela aprendeu desde cedo a como ter o pai em suas Imagem: Uma jovem cheia de curvas, esta pooka estou-
mãos e muitas vezes aplica esta mesma habilidade com outros vada gosta de usar vestidos curtos, reveladores, justos e em co-
homens. Ela passou a maior parte de sua adolescência indo res brilhantes e botas de couro branco na altura dos joelhos.
a shows e lendo romances trash de fantasia. Quando seu pai Ela mantém seu cabelo castanho e encaracolado sempre curto
recentemente exigiu que ela fizesse algo com sua vida, ela de- e usa muita maquiagem e algumas joias simples. Suas boche-
cidiu que uma carreira como esteticista seria divertida e possi- chas rechonchudas fazem seu rosto lembrar um pouco o de
bilitaria que ela conhecesse mais pessoas. Ela conheceu Nik- um esquilo. Seus olhos brilhantes e sorriso sempre presente
ki enquanto trabalhava, e as duas rapidamente se tornaram lhe conferem uma alegria contagiante. Ela tem uma pequena
amigas apesar do péssimo trabalho que ela fazia no cabelo de tatuagem de uma rosa perto da parte superior do seio direito,
Nikki. Ela melhorou um pouco desde então com a prática. que fica quase sempre a mostra por causa dos vestidos deco-
Ela tem fortes lembranças de Arcádia, e alguns acreditam que tados que ela geralmente usa.
Bonnie é uma sidhe renascida que morreu durante a Guerra Dicas de Interpretação: Você é, literalmente, a alma da
da Harmonia. festa. Você ama dançar, beber e usar drogas. Se há um show
Corte: Unseelie de rock na cidade, você está lá, e geralmente não enfrenta
problemas para entrar nos bastidores. Alguns dizem que você
Legados: Pavão / Andarilho é muito rápida para dar uma trepada, mas isso nunca te inco-
Casa: Plebeu modou e nem aos outros caras, que geralmente saem exaus-
Aspecto: Estouvado tos. Você está sempre procurando por diversão e excitação,
Kith: Pooka porque a vida é bem chata. Você é amiga de Nikki há algum
tempo e ela tem sorte por isso. Caso contrário, ela nunca
Físico: Força 2, Destreza 2, Vigor 4 sairia daquele apartamento e se divertiria. Essa coisa com o
Social: Carisma 4, Manipulação 3, Aparência 3 pendão, isso te deixa nervosa. Roubar foi divertido, mas ago-
Mental: Percepção 2, Inteligência 2, Raciocínio 2 ra você está preocupada com o que o conde fará.
Talentos: Esporte 1, Esquiva 2, Empatia 1, Expressão 1, Citação: É claro que eu deveria estar aqui. Você realmente
Tino 3, Manha 2, Lábia 1, acha que eu mentiria para você sobre isso? Olhe para mim, pareço o
Perícias: Condução 1, Etiqueta 2, Estética 2, Performan- tipo de pessoa que mentiria sobre algo assim!
ce 1, Sedução 3, Furtividade 3

62 Livro dos Sonhos Perdidos

 SONHOS PERDIDOS
Este livro oferece novas informações para jogadores e Narradores. Aqui você vai encontrar novas casas,
regras e explicações expandidas sobre como lançar truques além de outras informações perdidas sobre as
fadas, assim como regras detalhadas de crossovers para incluir Changeling em qualquer crônica do sistema
Storyteller. Finalmente uma história foi incluida para ser jogada por novatos ou veteranos da mesma forma.

LIVRO DOS SONHOS PERDIDOS TRAZ:

• Regras completas de crossovers para jogar Changeling O Sonhar com outros jogos do sistema
Storyteller.
• Novas regras para expandir sua crônica e oferecer aos jogadores mais opções e possibilidades incluin-
do regras expandidas para o lancamento de truques.
• Uma aventura introdutória para Changeling.

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