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MÓDULO DE:

TEOLOGIAS E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

AUTORIA:

CARLOS CARIACÁS

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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: Teologias e Educação Ambiental

Autoria: Dr. Carlos Cariacás

Primeira edição: 2007

Segunda edição: 2011

Todos os direitos desta edição reservados à

ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA

http://www.esab.edu.br

Av. Santa Leopoldina, nº 840/07

Bairro Itaparica – Vila Velha, ES

CEP: 29102-040

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A PRESENTAÇÃO

A História Sagrada de Onilé

(Reginaldo Prandi)

Onilé era a filha mais recatada e discreta de Olodumare.


Vivia trancada em casa do pai e quase ninguém a via.

Quase nem se sabia de sua existência.

Quando os orixás, seus irmãos, se reuniam no palácio do grande pai

para as grandes audiências em que Olodumare comunicava suas decisões,

Onilé fazia um buraco no chão e se escondia,

pois sabia que as reuniões sempre terminavam em festa,

com muita música e dança ao ritmo dos atabaques.

Onilé não se sentia bem no meio dos outros.

Um dia o grande deus mandou os seus arautos avisarem:

haveria uma grande reunião no palácio

e os orixás deveriam comparecer ricamente vestidos,

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pois ele iria distribuir entre os filhos as riquezas do mundo

e depois haveria muita comida, música e dança.

Por todos os lugares os mensageiros gritaram esta ordem

e todos se prepararam, com esmero, para o grande acontecimento.

Quando chegou por fim o grande dia,

cada orixá dirigiu-se ao palácio na maior ostentação,

cada um mais belamente vestido que o outro,

pois este era o desejo de Olodumare.

Iemanjá chegou vestida com a espuma do mar,

os braços ornados de pulseiras de algas marinhas,

a cabeça cingida por um diadema de corais e pérolas,

o pescoço emoldurado por uma cascata de madrepérola.

Oxóssi escolheu uma túnica de ramos macios,

enfeitada de peles e plumas dos mais exóticos animais.

(...)

Então, disse Olodumare que os próprios filhos,

ao escolherem o que achavam o melhor da natureza,

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para com aquela riqueza se apresentar perante o pai,

eles mesmos já tinham feito a divisão do mundo.

Então Iemanjá ficava com o mar,

Oxum com o ouro e os rios.

(...)

Olodumare pediu silêncio,

ainda não havia terminado.

Disse que faltava ainda a mais importante das atribuições.

Que era preciso dar a um dos filhos o governo da Terra,

o mundo no qual os humanos viviam

e onde produziam as comidas, bebidas e tudo o mais

que deveriam ofertar aos orixás.

Disse que dava a Terra a quem se vestia da própria Terra.

Quem seria? Perguntavam-se todos?

"Onilé", respondeu Olodumare.

"Onilé?" todos se espantaram.

Como, se ela nem sequer viera à grande reunião?

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Nenhum dos presentes a vira até então.

Nenhum sequer notara sua ausência.

"Pois Onilé está entre nós", disse Olodumare

e mandou que todos olhassem no fundo da cova,

onde se abrigava, vestida de terra, a discreta e recatada filha.

Ali estava Onilé, em sua roupa de terra.

Onilé, a que também foi chamada de Ilê, a casa, o Planeta (...)

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O BJETIVO GERAL

Contextualizar a questão ambiental dentro da perspectiva religiosa – vista como possível


auxiliar no revigoramento planetário.

E MENTA

As teologias como espaços educativos; a importância da religião no contexto da Educação


Ambiental; a reformulação dos discursos teológicos por um viés ambiental; a contribuição do
cristianismo, budismo e candomblé para a reflexão ecológica.

S OBRE O AUTOR

Carlos Cariacás:

 Doutor em Ciências da Religião (PUC-SP);

 Licenciado em Filosofia (PUC-MG);

 Mestre em Educação, Administração e Comunuicação (USM).

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S UMÁRIO

UNIDADE 1 ............................................................................................................................ 11
O que é Teologia? ............................................................................................ 11
UNIDADE 2 ............................................................................................................................ 15
Opção por Pensar a Teologia como Teologias. .............................................. 15
UNIDADE 3 ............................................................................................................................ 18
A religião como Promotora da Decadência e Valorização Ambiental ............. 18
UNIDADE 4 ............................................................................................................................ 23
O que é Ecologia Interior? ............................................................................... 23
UNIDADE 5 ............................................................................................................................ 26
A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – a categoria Sentimento .................... 26
UNIDADE 6 ............................................................................................................................ 30
A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – fundamentação teórica do
Sentimento. ...................................................................................................... 30
UNIDADE 7 ............................................................................................................................ 33
A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – a superação do modo de ser:
trabalho- produção-dominação. ....................................................................... 33
UNIDADE 8 ............................................................................................................................ 36
A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – cuidado com o nosso único planeta, a
terra, nosso nicho ecológico. ........................................................................... 36
UNIDADE 9 ............................................................................................................................ 40
A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – cuidado com a sociedade sustentável.
.......................................................................................................................... 40
UNIDADE 10 .......................................................................................................................... 42
A Ética do Cuidado de Leonardo Boff: Cuidado com o nosso espírito, os
grandes sonhos de Deus. ................................................................................ 42
Seguindo a mesma lógica das duas últimas unidades, leia o texto para refletir
as questões propostas no “Cuidado com o nosso espírito, os grandes sonhos
de Deus”. .......................................................................................................... 42

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QUESTÕES PARA ANÁLISE: ......................................................................... 43
UNIDADE 11 .......................................................................................................................... 46
O que é o Budismo .......................................................................................... 46
UNIDADE 12 .......................................................................................................................... 49

UNIDADE 13 .......................................................................................................................... 50
Os Ensinamentos do Budismo (I) .................................................................... 50
UNIDADE 14 .......................................................................................................................... 51
Os Ensinamentos do Budismo ......................................................................... 51
UNIDADE 15 .......................................................................................................................... 55

UNIDADE 16 .......................................................................................................................... 58
O Dalai Lama com a palavra: Um Conceito Budista de natureza (II). ............ 58
UNIDADE 17 .......................................................................................................................... 62
Boas Novas: Vivências do Budismo com a Natureza (I) ................................. 62
UNIDADE 18 .......................................................................................................................... 65
BOAS NOVAS: Vivências do Budismo com a Natureza (II). ........................... 65
UNIDADE 19 .......................................................................................................................... 67
Economia e Religião – a lição que vem do Budismo. ..................................... 67
UNIDADE 20 .......................................................................................................................... 73
Avaliar o Nível de Conhecimento Ecológico de uma Comunidade de Fé - ou
de um indivíduo religioso. ................................................................................ 73
UNIDADE 21 .......................................................................................................................... 74
Elaboração de uma Reflexão Dialogada Religiosa- ecológica........................ 74
UNIDADE 22 .......................................................................................................................... 76
A Fé Cristã e o Meio Ambiente ........................................................................ 76
UNIDADE 23 .......................................................................................................................... 79
Declaração Romano-ortodoxa sobre a Preservação Ambiental (I) ................. 79
UNIDADE 24 .......................................................................................................................... 81
Francisco de Assis: irmão da natureza. ........................................................... 81
UNIDADE 25 .......................................................................................................................... 84

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UNIDADE 26 .......................................................................................................................... 86

UNIDADE 27 .......................................................................................................................... 87

UNIDADE 28 .......................................................................................................................... 90

UNIDADE 29 .......................................................................................................................... 91

UNIDADE 30 .......................................................................................................................... 92

GLOSSÁRIO .......................................................................................................................... 95

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 99

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U NIDADE 1
Objetivo: Apresentar algumas noções básicas acerca do conhecimento teológico,
inicialmente, pelo viéz comum do cristianismo.

O que é Teologia?

Seja muito bem-vindo(a) ao estudo deste módulo intitulado: Teologias e Educação


Ambiental. Certamente o título é curioso, assim como o seu assunto. Nos ouvidos afinados
para questões religiosas o assunto pode ser bem quisto. Todavia o mesmo não é para
aqueles que têm certa ojeriza à temática. Porém, este módulo foi seguiu a seguinte linha de
pensamento: Foram a Religião e a Ciência as principais articuladoras do projeto de
dominação da natureza por parte do homem, portanto, é importante rever essas premissas
na busca de saídas para os problemas ambientais.

Organização do módulo:

 Foi pensado numa perspectiva poética – visto que a Religião aqui é tratada como poesia:
beleza dos céus.

 Apresenta estudos dirigidos sobre a Teologia Ecologia de Leonardo Boff.

 Passando, em seguida, para a compreensão e valorização do Budismo, do Cristianismo e


do Candomblé, como caminhos para a valorização do meio ambiente. Neste sentido, a
proposta é fazer com que o aluno perceba que as citadas religiões possuem, em seu
corpo teórico tradicional, muitos elementos que valorizam as ecologias (social, ambiental,
integral, mental).

 A linguagem do módulo não é hermética – oferecendo apenas noções breves sobre


tópicos teológicos que valorizam a natureza.

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O objetivo geral é o de contextualizar a questão ambiental dentro da perspectiva religiosa –
vista como possível auxiliar no revigoramento planetário.

Atenção!

Como todos os módulos pertencentes ao programa de Educação Ambiental Urbana, este


possui as seguintes características:

- Textos selecionados pelo viés: (a) fácil compreensão e (b) profundidade,

- dispostos para leitura em fragmentos e, na sequência, baterias de exercícios e dicas


complementares.

- O material produzido não serve somente como estudo para o aluno da ESAB, mas foi
pensado e desenvolvido para que sirva de apoio didático na prática cotidiana da
Educação Ambiental (daí, a opção por uma linguagem clara e simples).

- O módulo incentiva a pesquisa e a compreensão do uso da internet como forma de


conhecer e interagir em rede com instituições e espaços acadêmicos e cidadãos que se
preocupam com a questão ambiental. Visto, também, que o uso do computador, de textos
da internet, das multimídias, livros, etc. é um componente que se deve incentivar tendo
em vista a questão da preservação da natureza.

Agora, uma observação válida para a leitura de todos os textos selecionados neste módulo:

As referências bibliográficas das citações encontram-se na página virtual


BIBLIOGRAFIA. As citações, no corpo deste módulo, vêm sinaladas por um asterisco
(*). Para conferir o que foi lançado é só buscar a página virtual.

OBSERVAÇÕES:

-Quando se fala em Teologia, o primeiro pensamento é o discurso cristão;

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-As definições que seguem não se constituem como as únicas visões acerca do que vem a
ser Teologia. (*).

“Teologia, em seu sentido literal, é o estudo sobre Deus (do grego θεóς, theos, "Deus"; +
λóγος,logos, "palavra", por extensão, "estudo"). Como ciência tem um objeto de estudo:
Deus. Entretanto como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não
tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da
revelação de Deus na Bíblia. Por isso, também, se define "Teologia" como um falar "a partir
de Deus" (Karl Barth).

Este termo foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo A República, para referir-se à
compreensão da natureza divina por meio da razão, em oposição à compreensão literária
própria da poesia feita por seus conterrâneos. Mais tarde, Aristóteles empregou o termo em
numerosas ocasiões, com dois significados:

- Como o ramo fundamental da ciência filosófica, também, chamada Filosofia Primeira ou


Ciência dos Primeiros Princípios, mais tarde, chamada por seus seguidores de Metafísica.

Teologia, como denominação do pensamento mitológico, imediatamente anterior à Filosofia;


com uma conotação pejorativa é, sobretudo, utilizada para referir-se aos pensadores antigos
não Filósofos (como Hesíodo e Ferécides de Siro).

Santo Agostinho tomou o conceito “Teologia Natural” da obra Antiquitates rerum humanarum
et divinarum, de M. Terêncio Varrão, como única Teologia verdadeira dentre as três
apresentadas por Varrão: a mítica, a política e a natural. Acima desta, situou a Teologia
Sobrenatural (theologia supernaturalis), baseada nos dados da revelação e, portanto,
considerada superior. A Teologia Sobrenatural, situada fora do campo de ação da Filosofia,
não estava subordinada, mas sim acima da última, considerada como uma serva (ancilla
theologiae) que ajudaria a primeira na compreensão de Deus.

Teodicéia, termo empregado atualmente como sinônimo de Teologia Natural, foi criado no
século XVIII por Leibniz, como título de uma de suas obras (chamada "Ensaio de Teodicéia.
Sobre a bondade de Deus, a liberdade do ser humano e a origem do mal"), embora Leibniz

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utilize tal termo para referir-se a qualquer investigação cujo fim seja explicar a existência do
mal e justificar a bondade de Deus.

Na tradição cristã (de matriz agostiniana), a Teologia é organizada segundo os dados da


revelação e da experiência humana. Estes dados são organizados no que se conhece como
“Teologia Sistemática ou Teologia Dogmática”.

É sempre interessante buscar sites e a enciclopédias para ampliar os conhecimentos sobre o


tema: Teologia.

Reprodução

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U NIDADE 2
Objetivo: Esta unidade tem como objetivo discutir a categoria Teologia numa perspectiva
plural.

Opção por Pensar a Teologia como Teologias.

Nesta unidade trataremos acerca do entendimento do que vem a ser Teologia enquanto
estudo acadêmico.

Certamente uma pessoa que não está acostumada com a dinâmica teológica não deve se
questionar sobre a importância da questão teológica para a constituição do ser social,
econômico, etc.

Daí, o alerta. O estudo teológico é de suma importância para a compreensão do indivíduo,


pois o homem é ser um ser social e, assim, a configuração do módulo tem por base as
categorias organizadas pela cultura, economia, política, sendo uma das mais importantes a
religiosa.

Esta opção pode parecer, no mínimo, estranha, uma vez que nos bancos acadêmicos a
prática é minimizar – quando não menosprezar – o conhecimento religioso, deixando-o à
categoria da superstição.

Esta ideia acima disposta, gerada no calor do Positivismo filosófico-científico vigorou com
tamanha intensidade que a religião foi excluída do espaço público. Esta exclusão trouxe
tormentos consequentes que hoje é motivo para avaliação.

Sobre as abordagens do conceito teologia e ciência religiosa

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É preciso salientar:

Teologia: um discurso que tem como base e fundamento a FÉ!

Por isto um teólogo é, justamente, uma pessoa que tem Fé em algo. Que acredita em algo
que vai além dele.

Entretanto, há um campo de conhecimento que aborda questões religiosas não diretamente


ligadas a Fé - a Ciência da Religião. Campo multidisciplinar para a abordagem da temática
religiosa. Este campo é mediado tanto pela Teologia quanto pelas Ciências Humanas e
Sociais, também, adentram neste campo, as Ciências Naturais. Por exemplo: a Ciência da
Religião estuda o Budismo que é classificado como uma religião sem, todavia, necessitar de
uma divindade para se estabelecer. Neste sentido a ciência da religião estuda o fenômeno
religioso atento não propriamente a divindade ou o discurso sobre a divindade, mas o
discurso do homem numa perspectiva daquele senso que vai além do próprio homem que
tem um viés de transcendência – não propriamente transcendência no sentido de imergir no
divino, mas no sentido de imergir em si mesmo, no conhecimento de si ou de outra realidade
qualquer que lhe dê sentido existencial.

Sobre o preconceito cristão em relação às outras teologias.

O texto (*) da unidade 01 define uma Teologia marcadamente cristã, ao afirmar:

“Teologia, em seu sentido literal, é o estudo sobre Deus (do grego θεóς,
theos, "Deus"; + λóγος,logos, "palavra", por extensão, "estudo"). Como
ciência tem um objeto de estudo: Deus. Entretanto como não é possível
estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se
Deus a partir da sua revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da
revelação de Deus na Bíblia. Por isso, também se define "teologia" como um
falar "a partir de Deus" (Karl Barth)”.

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Sendo assim, qual seria a definição de Teologia?

- Teologia é um estudo de Deus?

- Tem como objeto o estudo de Deus?

- É um falar a partir de Deus?

Ora, todas as definições acima estão corretas.

Todavia, o conceito Deus é abordado no sentido singular monoteísta (judaico, cristão,


islâmico). A definição acima que não assimila o panteão africano ou hindu ou as perspectivas
religiosas budistas.

Por isto, este módulo pretende trabalhar com o sentido de que existem teologias e não uma
teologia marcadamente cristã. Apesar do hinduísmo e budismo usarem o termo
filosofia/pensamento/doutrina para falar sobre as suas constituições religiosas – que se
depara com a linguagem racionalista da Filosofia ocidental que faz um recorte
epistemológico distinto do oriente. Usa-se o termo Teologias para expressar:

A variedade dos pensamentos religiosos sistematizados organicamente sem atrelar


necessariamente o conceito ao termo da existência de uma divindade. Marcado por uma
prática comunitária, doutrinária e carismática (no sentido de que vislumbram os
ensinamentos de um mestre espiritual).

Por isso, acredita-se ser importante estudar o pensamento teológico dos: cristãos, do
budismo e das religiões africanas.

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U NIDADE 3
Objetivo: Pesquisar como a religião se dispõe a ser uma promotora da devastação ambiental

A religião como Promotora da Decadência e Valorização Ambiental

Esta unidade acontecerá em meio a questionamentos. As perguntas abaixo são relevantes


no sentido de que procurarão munir a consciência do leitor de questões que mais adiante
serão comentadas.

1) A religião somente ocasiona benefícios à humanidade?

2) Cite alguns exemplos da religião como promotora do bem-estar da humanidade:

3) A religião ocasiona malefícios para a humanidade? Se a resposta for afirmativa apresente


exemplos.

Ainda na perspectiva da questão anterior.

4) Reflita sobre a medida do malefício.

5) Pense na perspectiva da medida dos benefícios.

Uma vez respondida às questões passa-se para um estudo dirigido. O objetivo é levantar
alguns pressupostos do raciocínio religioso convencional no ocidente sobre o modo de
pensar o mundo. A palavra-chave deste estudo é: dominar o mundo.

Bom estudo!

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ESTUDO DIRIGIDO

Leia atentamente o texto do Gênesis 1:

Gênesis, 1

1. No princípio, Deus criou os céus e a Terra.

2. A Terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava
sobre as águas.

3. Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita.

4. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas.

5. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o
primeiro dia.

6. Deus disse: "Faça-se um firmamento entre as águas, e separe ele umas das outras".

7. Deus fez o firmamento e separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas
que estavam por cima.

8. E assim se fez. Deus chamou ao firmamento CÉUS. Sobreveio à tarde e depois à manhã:
foi o segundo dia.

9. Deus disse: "Que as águas que estão debaixo dos céus se ajuntem num mesmo lugar, e
apareça o elemento árido." E assim se fez.

10. Deus chamou ao elemento árido TERRA, e ao ajuntamento das águas MAR. E Deus viu

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que isso era bom.

11. Deus disse: "Produza a Terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas
que deem fruto segundo a sua espécie e o fruto contenha a sua semente." E assim foi
feito.

12. A Terra produziu plantas, ervas que contêm semente segundo a sua espécie, e árvores
que produzem fruto segundo a sua espécie, contendo o fruto a sua semente. E Deus viu
que isso era bom.

13. Sobreveio à tarde e depois à manhã: foi o terceiro dia.

14. Deus disse: "Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite;
sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos,

15. “E resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a terra”. E assim se fez.

16. Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à
noite; e fez, também, as estrelas.

17. Deus colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra,

18. Presidissem ao dia e à noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que isso era
bom.

19. Sobreveio à tarde e depois à manhã: foi o quarto dia.

20. Deus disse: "Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a
Terra, debaixo do firmamento dos céus."

21. Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas,

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segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isso era
bom.

22. E Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e
que as aves se multipliquem sobre a Terra."

23. Sobreveio à tarde e depois à manhã: foi o quinto dia.

24. Deus disse: "Produza a Terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos,
répteis e animais selvagens, segundo a sua espécie." E assim se fez.

25. Deus fez os animais selvagens segundo a sua espécie, os animais domésticos
igualmente, e da mesma forma todos os animais, que se arrastam sobre a Terra. E Deus
viu que isso era bom.

26. Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre
toda a Terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a Terra."

27. Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a
mulher.

28. Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a Terra e submetei-a.
Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se
arrastam sobre a Terra."

29. Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a Terra, e todas as
árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de
alimento”.

30. “E a todos os animais da Terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a

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Terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento.” E assim se fez.

31. Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. Sobreveio à tarde e
depois à manhã: foi o sexto dia.

(O texto acima é da Enciclopédia Virtual Católica)

1) O que este texto quer passar como mensagem?

(para responder esta questão use a frase “E Deus viu que tudo era bom”.)

2) Reflita sob a condição de bondade inerente à visão religiosa de natureza como algo
bom.

3) Apegue-se ao fragmento do texto sobre a “Dominação da natureza” e procure como


esta frase foi erroneamente usada para justificar a primazia da vontade e interesses
humanos sobre a vida da natureza.

Reprodução

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U NIDADE 4
Objetivo: Compreensão do conceito Ecologia Interior

O que é Ecologia Interior?

Afinal, o que é ecologia interior? Como ela se relaciona com a teologia?

Ora, as ecologias (mental, social, ambiental) se dinamizam nos ramos das ciências. Todavia,
a Ecologia Interior é algo mais próximo da dimensão espiritual. Por isto que, hoje (não
obrigatoriamente) pensar em Ecologia Interior é pensar nas contribuições do pensamento
religioso, pois nele se encontram as teologias para a questão ecológica. Há, portanto, uma
intima relação entre as preocupações da Ecologia Interior e as Teologias.

Como contribuição para o entendimento da questão, um texto de Frei Beto.

A intenção da leitura do respectivo texto é facilitar, na dimensão da definição, o que é


Ecologia Interior.

Boa leitura.

Por um minuto, esqueça a poluição do ar e do mar, a química que contamina a Terra e


envenena os alimentos, e medite: como anda o teu equilíbrio ecobiológico? Tens dialogado
com teus órgãos interiores? Acariciado o teu coração? Respeitas a delicadeza de teu
estômago? Acompanhas mentalmente teu fluxo sanguíneo?
Teus pensamentos são poluídos? As palavras, ácidas? Os gestos, agressivos? Quantos
esgotos Fétidos correm em tua alma? Quantos entulhos — mágoas, ira, inveja — se
amontoam em teu espírito?
Examina a tua mente. Está despoluída de ambições desmedidas, preguiça intelectual e
intenções inconfessáveis? Teus passos sujam os caminhos de lama, deixando um rastro de
tristeza e desalento? Teu humor intoxica-se de raiva e arrogância? Onde estão as flores do
teu bem-querer, os pássaros pousados em teu olhar, as águas cristalinas de tuas palavras?

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Por que teu temperamento ferve com frequência e expele tanta fuligem pelas chaminés de
tua intolerância?
Não desperdiça a vida queimando a tua língua com as nódoas de teus comentários
infundados sobre a vida alheia. Preserva o teu ambiente, investe em tua qualidade de vida,
purifica o espaço em que transitas. Limpa os teus olhos das ilusões de poder, fama e
riqueza, antes que fiques cego e tenhas os passos desviados para a estrada dessinalizada
dos rumos da ética. Ela é cheia de buracos e podes enterrar o teu caminho num deles.
Tu és como eu, um ser frágil, ainda que julgues fortes os semelhantes que merecem a tua
reverência. Somos todos feitos de barro e sopro. Finos copos de cristal que se quebram ao
menor atrito: uma palavra descuidada, um gesto que machuca; uma desconfiança que
perdura. Graças ao Espírito que molda e anima o teu ser, o copo partido se reconstitui;
inteiro, se fores capaz de amar. Primeiro, a ti mesmo, impedindo que a tua subjetividade se
afogue nas marés negativas. Depois, os teus semelhantes, exercendo a tolerância e o
perdão, sem jamais sacrificar o respeito e a justiça.
Livra a tua vida de tantos lixos acumulados. Atira pela janela as caixas que guardam mágoas
e tantas fichas de tua contabilidade com os supostos débitos de outrem. Vive o teu dia como
se fosse a data de teu renascer para o melhor de ti mesmo - e os outros te receberão como
dom de amor.
Pratica a difícil arte do silêncio. Desliga-te das preocupações inúteis, das recordações
amargas, das inquietações que transcendem o teu poder. Recolhe-te no mais íntimo de ti
mesmo, mergulha em teu oceano de mistério e descobre, lá no fundo, o Ser Vivo que funda a
tua identidade. Guarda este ensinamento: por vezes é preciso fechar os olhos para ver
melhor. Acolhe a tua vida como ela é: uma dádiva involuntária. Não pediste para nascer e,
agora, não desejas morrer. Faze dessa gratuidade uma aventura amorosa. Não sofras por
dar valor ao que não merece importância. Trata a todos como igual, ainda que estejam
revestidos ilusoriamente de nobreza ou se mostrem realmente como seres carcomidos pela
miséria. Faze da justiça o teu modo de ser e jamais te envergonhes de tua pobreza, de tua
falta de conhecimentos ou de poder. Ninguém é mais culto do que o outro. O que existem
são culturas distintas e socialmente complementares. O que seria do erudito sem a arte
culinária da cozinheira analfabeta? Tua riqueza e teu poder residem em tua moral e

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dignidade, que não têm preço e te trazem apreço.
Porém, arma-te de indignação e esperança. Luta para que todos os caminhos sejam
aplainados, até que a espécie humana se descubra como uma só família, na qual todos,
malgrado as diferenças, tenham iguais direitos e oportunidades. E estejas convicto de que
convergimos todos para Aquele que, supremo Atrator, impregnou-nos dessa energia que nos
permite conhecer a abissal distância que há entre a opressão e a libertação. Faze de cada
segundo de teu existir uma oração. E terás força para expulsar os vendilhões do templo,
operar milagres e disseminar a ternura como plenitude de todos os direitos humanos. Ainda
que estejas cercado de adversidades, se preservares a tua ecobiologia interior; serás feliz,
porque trarão em teu coração tesouros indevassáveis.
http://pensamentoecologico.blogspot.com/

Após ler o texto responda, refletindo, as seguintes questões:

1) A partir de uma leitura reflexiva do texto de Frei Beto, de caráter bem poético e reflexivo,
conceitue Ecologia Interior.

2) Você já havia cogitado a possibilidade de pensar a Educação Ambiental pelo viés de uma
Ecologia Interior?

3) O que esta possibilidade de pensar a vida por uma abordagem de Ecologia Interior
favorece e contribui com a questão da Educação Ambiental?

4) Como a Religião poderia, segundo o seu olhar, contribuir com a abordagem da Ecologia
Interior?

5) Como a Religião, segundo o seu olhar, impede o desenvolvimento da Ecologia Interior?

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U NIDADE 5
Objetivo: Introdução e apresentação à categoria Ética do Cuidado.

A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – a categoria Sentimento

Pensar a dimensão ambiental na perspectiva da Ecologia Interior é a tarefa daqui pra frente.
Neste sentido entra em cena (até a Unidade 10) a figura de Leonardo Boff- que dispensa
comentários acerca de sua importância na temática ecológica mundial. Boff sinaliza o esforço
da Teologia em pensar a questão ecológica motivada pelo sentimento do cuidado para com
todos e para com tudo que se faz presente no Planeta.

Entretanto (para os que ainda não conhecem o referido Teólogo), sempre vale à pena
pesquisar, no intuito de saber um pouco mais sobre esta personalidade que, vindo do meio
católico, é conhecido como um Teólogo universal no sentido que ele congrega reflexões de
caráter inter-religioso.

Saiba mais quem é Leonardo Boff e a sua obra em favor da Ecologia.

http://www3.est.edu.br/publicacoes/estudos_teologicos/vol4801_2008/et2008-
1d_rzwetsch.pdf

http://www.gruposummus.com.br/indice/10534.pdf

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Leonardo Boff nos meios acadêmicos da atualidade é conhecido, sobretudo, pelo seu estudo
acerca da chamada “Ética do Cuidado”. Parte deste discurso será estudado até a unidade
10. E a grande intenção é fazer com que se tenha contato com um dos pensamentos mais
vigorosos sobre a questão ecológica tratada num discurso ético dinamizado por um teólogo
que, como já foi afirmado, toma, cada vez mais, um posicionamento inter-religioso.

Num texto intitulado “Saber Cuidar: Ética do Humano”, Boff estabelece 10 pontos de reflexão
que aborda o cuidado com:

O Planeta; coma sociedade sustentável; com o outro; com os pobres e excluídos; com o
nosso corpo; com a cura interior do ser humano; com a alma; com o espírito; com os sonhos
de Deus e, por fim; com a morte.

Na sequencia um fragmento de um texto do teólogo (*) intitulado: A lógica do sentimento.


Leia e depois responda as questões.

Retomamos a reflexão sobre a natureza do cuidado essencial. A porta de entrada não pode
ser a razão calculatória, analítica e objetivista. Ela nos levaria ao trabalho-intervenção-
produção e aí, nos aprisionaria. As máquinas e os computadores são mais eficazes do que
nós na utilização deste tipo de razão-trabalho.

Há algo nos seres humanos que não se encontra surgido há milhões de anos no processo
evolutivo quando emergiram os mamíferos, dentro de cuja espécie nos inscrevemos: o
sentimento, a capacidade de emocionar-se, de envolver-se, de afetar e de sentir-se
afetado.

Um computador e um robô não têm condições meio de cuidar do ambiente, de chorar sobre
as desgraças dos outros e de rejubilar-se com a alegria do amigo. Um computador não tem
coração.

Só nós humanos podemos sentar-nos à mesa com o amigo frustrado, colocar-lhe a mão no
ombro, tomar com ele um copo de cerveja e trazer-lhe consolação e esperança. Construiu o
mundo a partir de laços afetivos. Esses laços tornam as pessoas e as situações preciosas,

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portadoras de valor. Preocupamo-nos com elas. Tomamos tempo para dedicar-nos a elas.
Sentimos responsabilidade pelo laço que cresceu entre nós e os outros. A categoria
cuidado recolhe todo esse modo de ser. Mostra como funcionamos enquanto seres
humanos.

Agora, responda as questões sugeridas:

Como Boff contrapõe a razão humana e a técnica?

Quais os problemas inerentes à valorização da máquina como substituta do humano?

Continuando com a reflexão sobre A Lógica do Sentimento proposta por Boff:

Daí se evidencia que o dado originário não é o logos, a razão e as estruturas de


compreensão, mas o pathos, o sentimento, a capacidade de simpatia e empatia, a
dedicação, o cuidado e a comunhão com o diferente. Tudo começa com o sentimento. É o
sentimento que nos faz sensíveis ao que está à nossa volta, que nos faz desgostar. É o
sentimento que nos une às coisas e nos envolve com as pessoas. É o sentimento que
produz encantamento face à grandeza dos céus, suscita veneração diante da
complexidade da Mãe-Terra e alimenta enternecimento face à fragilidade de um recém-
nascido.

Recordemos a frase do Pequeno Príncipe de Antoine de Saint Exupéry, que fez fortuna na
consciência coletiva dos milhões de leitores: “E com o coração (sentimento) que se vê
corretamente; o essencial é invisível aos olhos”. E o sentimento que torna pessoas, coisas
e situações importantes para nós. Esse sentimento profundo – repetimos - se chama

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cuidado. Somente aquilo que passou por uma emoção, que evocou um sentimento
profundo e provocou cuidado nos deixa marcas indeléveis e permanece definitivamente.

Responda novamente, por favor, as questões:

Como a categoria Sentimento, na forma elaborada por Boff, entra em choque com as
lógicas, por ele apresentadas, no início de sua reflexão sobre a razão e o tecnicismo.

Reprodução - bbc

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U NIDADE 6
Objetivo: Conceituação teórica da categoria Cuidado pelo viés do termo sentimento.

A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – fundamentação teórica do Sentimento.

Continuando o enfoque: A lógica do sentimento argumentada por Boff (*).

Boff, logo no início de sua reflexão afirma que: “A reflexão contemporânea resgatou a
centralidade dos sentimentos, a importância da ternura, da compaixão e do cuidado”

Na sequência cita com quais pensadores este resgate aconteceu. Nisto o teólogo observa
um problema urgente desencadeado na modernidade: a supremacia da razão sobre as
emoções – e atenta para a fragilidade do Cogito ergo sum e para a sua superação
adequada:

Mais do que o cartesiano cogito ergo sum (Penso, logo existo), vale o sentio ergo sum: sinto,
logo existo. O livro de Daniel Goleman, Inteligência Emocional, transformou-se num best-
seller mundial porque, à base de investigações empíricas sobre o cérebro e a neurologia,
mostrou aquilo que já Platão (427-347 AC), Santo Agostinho (354-430), a escola franciscana
medieval com S. Boaventura e Duns Scotus no século XIII, Pascal (1623-1662),
Schleiermacher (1768-1834 e Heidegger (1889-1976) ensinaram há muito tempo: a dinâmica
humana é o pathos, é o sentimento, é o cuidado, é a lógica do coração. “A mente racional” -
conclui Golemnan - “leva um ou dois momentos mais para registrar e reagir do que a mente
emocional, o primeiro impulso... é do coração, não da cabeça”.

E recorda o mito de Higino:

“Agora estamos em melhores condições para entender, em profundidade, a fábula-mito de


Higino sobre o cuidado. Tão essencial que é anterior ao espírito infundido por Júpiter e ao

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corpo fornecido pela Terra. Portanto, a concepção de como composto de espírito-corpo não
é originária. A fábula diz: “O cuidado foi quem moldou o ser humano”.

Onde se encontra o cuidado? O que é o cuidado?

“(...)O cuidado se encontra antes, é um a priori ontológico, está na origem da existência do


ser humano. E essa origem não é apenas um começo temporal. A origem tem um sentido
filosófico de fonte donde brota permanentemente o ser. Portanto, significa que o cuidado
constitui, na existência humana, uma energia que jorra ininterruptamente em cada
momento e circunstância. Cuidado é aquela força originante que continuamente faz surgir
o ser humano. Sem ela, ele continuaria apenas uma porção de argila como qualquer outra
à margem do rio, ou um espírito angelical desencarnado e fora do tempo histórico”.

Em suma:

“(...)Foi com cuidado que “Cuidado” moldou o ser humano. empenhou aí dedicação, ternura,
devoção, sentimento e coração. E com isso criou responsabilidades e fez surgir a
preocupação com o ser que ele plasmou. Essas dimensões, verdadeiros princípios
constituintes, entraram na composição do ser humano. Viraram carne e sangue. Sem tais
dimensões, o ser humano jamais seria humano. Por isso, a fábula-mito de Higino termina
enfatizando que cuidado acompanhará o ser humano ao largo de toda a sua vida, ao longo
de todo o temporal no mundo”.

Concluindo, Boff escreve:

“Um psicanalista atento ao drama da civilização moderna como o norte-americano RolIo May
podia comentar: “Nossa situação é a seguinte: na atual confusão de episódios racionalistas e
técnicos perdemos de vista e nos despreocupamos do ser humano; precisamos agora voltar
humildemente ao simples cuidado... é o mito do cuidado – e creio, muitas vezes, somente ele

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– que nos permite resistir ao cinismo e à apatia que são as doenças psicológicas do nosso
tempo”. (Leonardo Boff)”.

Defenda a ideia de que a categoria, Cuidado, de Boff não é mero sentimentalismo.

Apresente a sua defesa, com argumentos consistentes, advindos de um dos teóricos:


Freud, Jung, Adler, Rogers e Hillman, Niels Bohr, Werner Heisenberg, Platão, Santo
Agostinho, S. Boaventura, Duns Scotus, Pascal, Schleiermacher ou Heidegger. Nesta
atividade é interessante você pesquisar a categoria Sentimento, segundo os respectivos
autores. Bom trabalho

Reprodução

“... Importante é cultivar compreensão, paciência histórica, capacidade de diálogo e sentido


de integração criativa com referência ao lado diabólico e demente da história humana. Tais
valores se incluem no cuidado essencial”. (Boff)

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U NIDADE 7
Objetivo: Divulgação das formas de como superar o modo de ser: trabalho-produção-
dominação.

A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – a superação do modo de ser: trabalho-


produção-dominação.

Neste momento do estudo deste módulo, a proposta é rever a ideia de dominação e


submissão da natureza pelo homem, pelo viés da reflexão de Boff que sugere uma
alternativa a dominação.

Mas antes, é interessante fazer uma pesquisa sobre o tema:

Faça uma pesquisa, na internet, para observar as críticas ao modo de vida, levado pelo
homem moderno; que reduz a sua existência ao trabalho, a produção e a dominação por
meio do consumo irracional.

Após a pesquisa, o caminho é a proposta de alternativa lançada por Boff à dominação da


natureza (*).

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Sobre a questão, o Teólogo faz um alerta:

“O que nossa civilização precisa é superar a ditadura do modo de ser: trabalho-


produção-dominação. Ela nos mantém reFéns de uma lógica que hoje se mostra
destrutiva da Terra e de seus recursos, das relações entre os povos, das interações
entre capital e trabalho, de espiritualidade e de nosso sentido de pertença a um destino
comum. Libertados dos trabalhos estafantes e desumanizadores, agora feito pelas
máquinas automáticas, recuperaríamos o trabalho no seu sentido antropológico
originário, como plasmação da natureza e com atividade criativa, trabalho capaz de
realizar o ser humano e de construir sentidos cada vez mais integradores com a
dinâmica da natureza.

Agora, uma questão que não pode calar: como fazer esta superação?

Num primeiro momento ele sugere:

“conceder a cidadania à nossa capacidade de sentir o outro, de ter compaixão com todos os
seres que sofrem; humanos e não humanos, de obedecer mais à lógica do coração, da
cordialidade e da gentileza do que à lógica da conquista e do uso utilitário das coisas”.

E diz: “Dar centralidade ao cuidado não significa deixar de trabalhar e de intervir no mundo”.

ATIVIDADE EXTRA:

Busque o tema na internet e faça uma síntese.

Este tipo de exercício é interessante para todos, mas para quem faz um curso on-line é
fundamental para que aprenda a criar hábitos de ir diretamente às fontes digitais.

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Por fim, conclui Boff:

“(...) Estes são os antídotos ao sentimento de abandono que os pobres e os idosos sentem.
Estas são as medicinas contra o descuido que os excluídos, os desempregados, os
aposentados, os idosos e os denunciam na maioria das instituições públicas. Elas se
preocupam cada vez menos com o ser humano e se ocupam cada vez mais com a
economia, com as bolsas, com os juros, com o crescimento ilimitado de bens e serviços
materiais, apropriados pelas classes privilegiadas à custa da dignidade e da compaixão
necessárias face às carências das grandes maiorias. Este é o remédio que poderá impedir
a devastação da biosfera e o comprometimento do frágil equilíbrio de Gaia. Este é o modo
de ser que resgata a nossa humanidade mais essencial”.

Reprodução

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U NIDADE 8
Objetivo: Ampliar a reflexão sobre a história planetária e a sua importância para o ser vivo e
ainda, a participação, nesta história, dos indivíduos como seres vivos.

A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – cuidado com o nosso único planeta, a terra,
nosso nicho ecológico.

Leia o texto e dialogue com as perguntas na seqüência.

Cuidado com o nosso único planeta


Cuidado todo especial merece nosso planeta Terra. T unicamente ele para viver e morar. E um
sistema de sistemas e superorganismo de complexo equilíbrio, urdido ao longo de m e milhões de
anos. Por causa do assalto predador do processo industrialista dos últimos séculos esse equilíbrio
está prestes a romper-se em cadeia. Desde o começo da industrialização, no século XVIII a
população mundial cresceu 8 vezes, consumindo mais e recursos naturais; somente a produção,
baseada na exploração da natureza, cresceu mais de cem vezes. O agravamento deste quadro com
a mundialização do acelerado processo produtivo faz aumentar a ameaça e, consequentemente, a
necessidade de um cuidado es com o futuro da Terra.

Parca é a consciência que pesa sobre o nosso belo planeta. Os que poderiam conscientizar a
humanidade desfrutam gaiamente a viagem em seu Titanic de ilusões. Mal sabem que podemos ir
ao encontro de um iceberg ecológico que nos fará afundar celeremente.

Trágico é o fato de que faltam instâncias de gerenciamento global dos problemas da Terra. A ONU
possui cerca de 40 projetos que tratam de problemas globais, como os climas, o desflorestamento, a
contaminação do ar, dos solos e das águas, a fome, as epidemias, os problemas dos jovens, dos
idosos, as migrações, entre outros. Ela é regida pelo velho paradigma das nações imperialistas que
vêem os estados-blocos de poder, mas não descobriram ainda a Terra como objeto de cuidado, de
uma política coletiva de salvação terrenal.

Para cuidar do planeta precisamos todos passa alfabetização ecológica e rever nossos hábitos de
consumo. Importa desenvolver uma ética do cuidado.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Fundo Nacional para a Natureza
(WWF) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) elaboraram uma estratégia
minuciosa para o futuro da vida sob o título: Cuidando do Planeta Terra (Caring for the Earth 1991).
Aí estabelecem nove princípios de sustentabilidade da Terra. Projetam uma estratégia global
fundada no cuidado:

1. Construir uma sociedade sustentável.

2. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos.

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3. Melhorar a qualidade da vida humana.

4. Conservar a vitalidade e a diversidade do planeta.

5. Permanecer nos limites da capacidade de suporte Terra.

6. Modificar atitudes e práticas pessoais.

7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio meio-ambiente.

8. Gerar uma estrutura nacional para integrar desenvolvimento e conservação.

9. Constituir uma aliança global.

Estes princípios dão corpo ao cuidado essencial com a Terra. O cuidado essencial é a ética de um
planeta sustentável. Bem enfatizava o citado documento Cuidando do Planeta Terra: ?a ética de
cuidado se aplica tanto a nível internacional como a níveis nacional e individual; nenhuma nação é
auto-suficiente; todos lucrarão com a sustentabilidade mundial e todos estarão ameaçados se não
conseguir-mos atingi-la?. Só essa ética do cuidado essencial poderá salvar-nos do pior. Só ela nos
rasgará um horizonte de futuro esperança.

2. Cuidado com o próprio nicho ecológico

O cuidado com a Terra representa o global. O cuidado com o próprio nicho ecológico representa o
local. O ser humano tem os pés no chão (local) e a cabeça aberta para o infinito (global). O coração
une chão e infinito, abismo e estrelas, local e global. A lógica do coração capacidade de encontrar a
justa medida e construir o equilíbrio dinâmico.

Para isso cada pessoa precisa descobrir-se como parte do ecossistema local e da comunidade
biótica, seja em seu aspecto natureza, seja em sua dimensão de cultura. Precisa conhecer os irmãos
e irmãs que compartem da mesma atmosfera, da mesma paisagem, do mesmo solo, dos mesmos
mananciais, das mesmas fontes de nutrientes; precisa conhecer o tipo de plantas, animais e
microorganismos que convivem naquele nicho ecológico comum; precisa conhecer a história daquela
paisagem, frequentar aquelas cascatas e cavernas; precisa conhecer a história das populações que
aí viveram sua saga e construíram seu habitat, como trabalharam a natureza, como a conservaram
ou a depredaram, quem são seus poetas e sábios, heróis e heroínas, santos e santas, os pais/mães
fundadores de civilização local.

Tudo isso significa cuidar do próprio meio ecológico, vivenciá-lo com o coração, como o seu próprio
corpo estendido e prolongado; descobrir as razões para conservá-lo e fazê-lo desenvolver,
obedecendo à dinâmica do ecossistema nativo.

O que vale para o indivíduo vale também para a comunidade local. Ela deve fazer o mesmo percurso
de inserção no ecossistema local e cuidar do meio-ambiente; utilizar seus recursos de forma frugal,
minimizar desgastes, reciclar materiais, conservar a biodiversidade. Deve conhecer a sua história,
seus personagens principais. Deve cuidar de sua cidade, de suas praças e lugares públicos, de suas
casas e escolas, de seus hospitais e igrejas, de seus teatros, cinemas e estádios de esporte, de
seus monumentos e da memória povo. Assim, como exemplo, escolher as espécies vegetais do
ecossistema local para plantar nos parques e vias públicas, e nos restaurantes valorizar a cozinha
local e regional.

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Esse cuidado com o nicho ecológico só será efetivo se houver um processo coletivo de educação,
em que a maioria participe, tenha acesso a informações e faça ?troca de saberes?. O saber popular
contido nas tradições dos velhos, nas lendas e nas estórias dos índios, caboclos, negros, mestiços,
imigrantes, dos primeiros que aí viveram confrontado e complementado com o saber critico científico.
Esses saberes revelam dimensões da realidade local e são portadores de verdade e de sentido
profundo a ser decifrado e a ser incorporado por todos. O que daí resulta é uma profunda harmonia
ecossistema onde os seres vivos e inertes, as instituições culturais e sociais, enfim todos encontram
seu lugar, interagem, se acolhem se complementam e se sentem em casa.
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boff/boff_eticahumano.html

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) Como Boff resgata a questão do desequilíbrio? Use como argumento a questão da


industrialização e o processo produtivo.

2) O que Boff quer dizer com o termo: Consciência Parca?

3) Por que Boff critica os cerca de 40 projetos que tratam de problemas globais feitos pela
ONU?

4) O que Boff indica como início de saída para o problema ecológico (use o termo
alfabetização ecológica)?

5) O que enfatiza o documento Cuidando do Planeta Terra?

6) Expresse, com suas palavras, o que Boff manifesta ao dizer em seu texto “Só essa ética
do cuidado essencial poderá salvar-nos do pior. Só ela nos rasgará um horizonte de
futuro esperança”.

7) Comente e situe, política e moralmente, (no que diz respeito à dimensão da


responsabilidade social e individual) a análise de Boff:

“O cuidado com a Terra representa o global. O cuidado com o próprio nicho ecológico
representa o local. O ser humano tem os pés no chão (local) e a cabeça aberta para o
infinito (global). O coração une chão e infinito, abismo e estrelas, local e global. A lógica
do coração capacidade de encontrar a justa medida e construir o equilíbrio dinâmico”.

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8) Qual a recomendação educacional que Boff oferece para cada um de nós? E qual o
processo para realizar a dita recomendação, na prática?

9) Comente: “O que vale para o indivíduo vale também para a comunidade local”.

10) De modo efetivo, o que é necessário haver para que esse cuidado, como nicho ecológico,
aconteça?

reprodução

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U NIDADE 9
Objetivo: Inteirar-se da relação “Cuidado e sociedade sustentável” desenvolvida por Boff.

A Ética do Cuidado de Leonardo Boff – cuidado com a sociedade sustentável.

Continuando com o pensamento de Boff acerca da questão ecológica leia, por favor, o texto
abaixo:

Cuidado com a sociedade sustentável

Atualmente quase todas as sociedades estio enfermas. Produzem má qualidade de vida para todos,
seres humanos e demais seres da natureza. E não poderia ser diferente, pois estio assentadas sob
modo de ser do trabalho entendido como dominação e exploração da natureza e da força do
trabalhador. A exceção de sociedades originárias como aquelas dos indígenas e de outras minorias
no sudeste da Ásia, da Oceania e do Ártico, todas são reféns de um tipo de desenvolvimento que
apenas atende as necessidades de uma parte da humanidade (os países industrializados), deixando
os demais na carência, quando não diretamente na fome e na miséria. Somos espécie que se
mostrou capaz de oprimir e massacrar seus pr4 irmãos e irmãs da forma mais cruel e sem piedade.
Só neste século morreram em guerras, em massacres e em campos de concentração cerca de 200
milhões de pessoas. E ainda degenera e destrói sua base de recursos naturais não renováveis.

Não se trata somente de impor ?Limites ao Crescimento? (título da primeira solução apresentada em
1972 pelo Clube de Roma) mas de mudar o tipo de desenvolvimento. Diz-se que o novo
desenvolvimento deve ser sustentável. Ora, não existe desenvolvimento em si, mas uma sociedade
que opta pelo desenvolvimento que quer e que precisa. Dever-se-ia falar de sociedade sustentável
ou de um planeta sustentável como pré-condições indispensáveis para um desenvolvimento
verdadeiramente integral.

Sustentável é a sociedade ou o planeta que produz o suficiente para si e para os seres dos
ecossistemas onde ela se situa; que toma da natureza somente o que ela pode repor; que mostra
um sentido de solidariedade generacional, ao preservar para as sociedades futuras os recursos
naturais de que elas precisarão. Na prática a sociedade deve mostrar-se capaz de assumir novos
hábitos e de projetar tipo de desenvolvimento que cultive o cuidado com os equilíbrios ecológicos e
funcione dentro dos limites impostos pela natureza. Não significa voltar ao passado, mas oferecer
um novo enfoque para o futuro comum. Não se trata simplesmente de não consumir, mas de
consumir responsavelmente.

O móvel deste tipo de desenvolvimento não está na mercadoria nem no mercado, nem no estado,
nem no setor privado, nem na produção de riqueza. Mas na pessoa humana, na comunidade e
demais seres vivos que partilham com ela a aventura terrenal.

O desenvolvimento aqui vem concebido dentro de outro paradigma, já assimilado por certos setores

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da ONU. Numa conhecida declaração sobre o Direito dos Povos ao Desenvolvimento outubro de
1993, declarou a Comissão dos Direitos da ONU: ?O desenvolvimento é um processo econômico,
social, cultural e político abrangente, que visa o constante melhoramento do bem-estar de toda a
população e de cada pessoa, na base de sua participação ativa, livre e significativa e na justa
distribuição dos benefícios resultantes dele?. Nós acrescentaríamos ainda, no sentido da
integralidade, a dimensão psicológica e espiritual do ser humano.

Dito em termos simples, o desenvolvimento social visa melhorar a qualidade da vida humana
enquanto humana. Isso implica em valores universais como vida saudável e longa, educação,
participação política, democracia social e participativa e não apenas representativa, garantia de
respeito aos direitos humanos e de proteção contra a violência, condições para uma adequada
expressão simbólica e espiritual. Tais valores somente se alcançam se há um cuidado na construção
coletiva do social, se há convivialidade entre as diferenças, cordialidade nas relações sociais,
compaixão com todos aqueles que sofrem ou se sentem à margem, criando estratégias de
compensação e de integração. Cuidado especial merecem os doentes, os idosos, os portadores de
algum estigma social, os marginalizados e excluídos. Por eles se o quanto de sustentabilidade e de
cuidado essencial realizou e uma sociedade. Além disso, importante é cultivar compreensão,
paciência histórica, capacidade de diálogo e sentido de integração criativa com referência ao lado
diabólico e demente da história humana. Tais valores se incluem no cuidado essencial.
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boff/boff_eticahumano.html

Dialogue com as questões em tela:

1) Como Boff classifica as sociedades na condição de enfermas. Apresente os motivos.

2) Boff parece relativizar os limites do crescimento imposto pelo Clube de Roma (1972). Ele
sugere outra saída. Qual? Comente.

3) O que para Boff é uma sociedade sustentável?

4) O que na prática uma sociedade sustentável deve ser capaz de mostrar?

5) O que vai movimentar este tipo de desenvolvimento proposto por Boff?

6) Comente o novo paradigma de desenvolvimento que alguns setores da ONU já


assimilaram.

7) O que visa este novo tipo de desenvolvimento social? Cite os itens.

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U NIDADE 10
Objetivo: Relacionar a caminhada da vida aos sonhos ancestrais da divindade.

A Ética do Cuidado de Leonardo Boff: Cuidado com o nosso espírito, os grandes


sonhos de Deus.

Seguindo a mesma lógica das duas últimas unidades, leia o texto para refletir as questões
propostas no “Cuidado com o nosso espírito, os grandes sonhos de Deus”.

Cuidado com o nosso espírito, os grandes sonhos e Deus

O ser humano-corpo-alma tem uma singularidade: pode sentir-se parte do universo e com ele
conectado; pode entender-se como filho e filha da Terra, um ser de interrogações derradeiras, de
responsabilidade por seus atos e pelo futuro comum com a Terra. Ele não pode furtar-se a perguntas
que lhe surgem ineludivelmente: Quem sou eu? Qual é meu lugar dentro desta miríade de seres? O
que significa ser jogado nesse minúsculo planeta Terra? Donde provém o inteiro universo? Quem se
esconde atrás do curso das estrelas? O que podemos esperar além da vida e da morte? Por que
choramos a morte dos nossos parentes e amigos e a sentimos como um drama sem retorno?

Ora, levantar semelhantes interrogações é próprio de um ser portador de espírito. Espírito é aquele
momento do ser humano corpo-alma em que ele escuta estas interrogações e procura dar-lhes um
resposta. Não importa qual seja: se através de estórias mitológicas, de desenhos nas paredes de
cavernas como em Cromagnon na França e nas grutas de S. Raimundo Nonato no Piauí, Brasil, ou
se através de sofisticadas filosofias, ritos religiosos e conhecimentos das ciências empíricas. O ser
humano como um ser falante e interrogante é um ser espiritual.

Outro dado suscita a dimensão de espírito: a capacidade do ser humano de continuamente criar
sentidos e inventar símbolos. Não se contenta com fatos. Neles discerne valores e significações.
Escuta as coisas que são sempre mais que coisas porque se transformam em indicações de
mensagens a serem descodificadas. Darei alguns exemplos.

Diante do Rio Amazonas ficamos totalmente fascinados, fazemos a experiência da majestade. Ao


penetrar na floresta, contemplamos sua inigualável biodiversidade e ficamos aterrados diante da
imensidão de arvores, de águas, de animais e de vozes de todos os timbres, fazemos a experiência
da grandeza. Diante dessa grandeza sentimos-nos um bicho frágil e insignificante irrompendo em nós
o temor e o respeito silencioso, fazemos a experiência da limitação e da ameaça.

Quando vivenciamos o fascínio do amor, fazemos a experiência de um absoluto valor, capaz de tudo
transfigurar; fazemos da pessoa amada uma divindade, transformamos o brilho do Sol num ouro em
cascata e transformamos a dureza do trabalho numa prazerosa preocupação.

Ao ver a mão suplicante da criança faminta, somos tomados de compaixão e mostramos

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generosidade. Todas essas experiências são expressões do espírito que somos nós.

Mas há uma experiência testemunhada desde os primórdios da hominização, a do Numinoso e do


Divino no universo, na vida e na interioridade humana. Como não reconhecer por trás das leis da
natureza um supremo Legislador? Como não admitir na ha dos céus a ação inteligente de uma
infinita Sabedoria, e na existência do universo a exigência de um Criador?

O ser humano chama essa suprema Realidade com mil nomes ou simplesmente dá-lhe o nome de
Deus. Sente que Ele arde em seu interior na forma de uma presença que o acompanha e o ajuda a
discernir o bem e o mal. O elã vital o leva a crescer, a trabalhar, a enfrentar obstáculos, a alcançar
seus propósitos e a viver com esperança. Esse clã está no ser humano, mas é maior que ele. Não
está em seu poder manipulá-lo, criá-lo ou destruí-lo. Encontra-se a mercê dele. Não é isso um indício
da presença de Deus em seu interior?

O ser humano pode cultivar o espaço do Divino, abrir-se ao diálogo com Deus, confiar a ele o destino
da vida e encontrar nele o sentido da morte. Surge então a espiritualidade que dá origem às religiões.
Elas expressam o encontro com Deus nos códigos das diferentes culturas.

Os sábios de todos os povos sempre pregaram: sem o cultivo desse espaço espiritual, o ser humano
se sentirá infeliz e doente e se descobrirá um errante sedento em busca de uma fonte que não
encontra em lugar nenhum; mas se acolher o espírito e Aquele que o habita, se encherá de luz, de
serenidade e de uma imarcescível felicidade.

Cuidar do espírito significa cuidar dos valores que dão rumo à nossa vida e das significações que
geram esperança para além de nossa morte. Cuidar do espírito implica colocar os compromissos
éticos acima dos interesses pessoais ou coletivos. Cuidar do espírito demanda alimentar a brasa
interior da contemplação e da oração para que nunca se apague. Significa especialmente cuidar da
espiritualidade experienciando Deus em tudo e permitindo seu permanente nascer e renascer no
coração. Então poderemos preparar-nos, com serenidade e jovialidade, para a derradeira travessia e
para o grande encontro.
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boff/boff_eticahumano.html#9

QUESTÕES PARA ANÁLISE:

1) Boff afirma que o ser humano tem uma singularidade: Qual é? Comente.

2) “Outro dado suscita a dimensão de espírito: a capacidade do ser humano de,


continuamente, criar sentidos e inventar símbolos”. Explique esta afirmativa de Boff.

3) Qual a dimensão de valor social do argumento de Boff ao escrever: “O ser humano pode
cultivar o espaço do Divino, abrir-se ao diálogo com Deus, confiar a ele o destino da vida
e encontrar nele o sentido da morte. Surge então a espiritualidade que dá origem às

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religiões. Elas expressam o encontro com Deus nos códigos das diferentes culturas”.
ambiental para um ateu? Justifique a medida da sua resposta.

4) O que significa para Boff cuidar do Espírito?

1. Leia o trecho do texto de Boff: “Mas há uma experiência testemunhada desde os


primórdios da humanização, a do Luminoso e do Divino no Universo, na vida e na
interioridade humana. Como não reconhecer por trás das leis da natureza um supremo
Legislador? Como não admitir se há nos céus a ação inteligente de uma infinita
Sabedoria, e na existência do Universo a exigência de um Criador”?

Pense um pouco: este argumento poderia ser usado para discutir a temática teológica
ambiental para um ateu? Justifique a medida da sua resposta.

2. Em que medida a afirmativa de Boff corresponde aos anseios da humanidade. Haveria


outra saída para a felicidade fora do divino? Leia o trecho de Boff e depois articule um
raciocínio apresentando o seu posicionamento:

3. “Os sábios de todos os povos sempre pregaram: sem o cultivo desse espaço espiritual,
o ser humano se sentirá infeliz e doente e se descobrirá um errante sedento em busca
de uma fonte que não encontra em lugar nenhum; mas se acolher o espírito e Aquele
que o habita, se encherá de luz, de serenidade e de uma imarcescível felicidade”.

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Dirija-se a pagina da Escola Superior Aberta e faça a lista de EXERCÍCIOS I
correspondentes as unidades 5,6,7,8,9 e 10.

Estudar Boff é muito prazeroso. As editoras não se cansam de divulgar as suas obras.
Seria bom ir até uma boa livraria e lá, escolher algum livro publicado por Boff.
Seguramente, a leitura amplia o saber sobre Educação Ambiental. Como este tema é,
hoje, o forte do autor, não será difícil encontrar. Boa leitura!

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U NIDADE 11
Objetivo: Entender, de modo suscinto, o que vem a ser o Budismo e seus principais
ensinamentos.

Diferente do Cristianismo que a maioria da pessoas no Brasil já possuem elementos básicos


para dialogar com o patrimônio cultural do referido, o Budismo carrega, apesar da
divulgação, um certo desconhecimento. Por isto se faz necessário levantar alguns tópicos
acerca da origem e desenvolvimento da vida budista para prosseguir com o estudo posterior.

Solicito que acesses os vídeos documentários elaborados pela BBC – contidos no youtube.
Assista os três por ora e, na sequencia, parta para os demais na unidade 12.

A Vida de Buda [BBC Documentário]

http://www.youtube.com/watch?v=HarvpNGYuGo

http://www.youtube.com/watch?v=47oh9mvdpjA

http://www.youtube.com/watch?v=4X3uwS8tLfU

O que é o Budismo

“O Budismo é uma filosofia de vida baseada integralmente nos profundos ensinamentos de


Buda para todos os seres. Defende que revela a verdadeira face da vida e do Universo.

Quando pregava, Buda não pretendia converter as pessoas, mas iluminá-las.

É uma religião de sabedoria, onde conhecimento e inteligência predominam. “O Budismo


traz: paz interior, felicidade e harmonia a milhões de pessoas durante sua longa história de
mais de 2.500 anos”.

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A maioria das religiões se diz possuidora da verdade. E, o que é a verdade?

Como este curso tem um caráter não confessional pode-se ficar à vontade para observar e
refazer a trilha de argumento da Teologia que está sendo estudada. Neste sentido, não se
pode descartar que: cada religião defende uma verdade. Verdade esta que contém sentido
perenal. Todavia, ela serve para aquele que se sente tocado e extasiado por essa dada
verdade. Deste modo, as verdades religiosas são determinadas na contingência existencial
das pessoas ou de uma dada comunidade.

Todavia, neste segundo parágrafo encontra-se um sentido iluminador para os dias atuais:
Buda não era um proselitista. Isto é: não pretendia converter pessoas para o seu modo de
vida. Ele era um mestre – para aqueles que o queriam como mestre. Neste sentido esta
posição de Buda tem muito a dizer a sociedade atual, enquanto indivíduos vivendo na
modernidade. As religiões e, por conseguinte a sociedade que a professa, acostumou-se a
querer converter e fazer com que as pessoas se adéquem a uma determinada verdade de
modo coercitivo: se apoiando no terror psicológico, nos dizeres de maldição, nas promessas
da desgraça eterna, etc. Entretanto, Buda ensinou algo diferente: estar desarmado sem
esperar de modo coercitivo que o outro adira o seu posicionamento de vida.

Isto tem muito a ensinar aos educadores ambientais: é sempre bom não se apoiar só nas
velhas formas de técnicas de conversão para educar as pessoas.

Como fazer um projeto educacional no campo ambiental sem envolver o terror


psicológico, a maldição, as promessas da desgraça, etc.?

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Continuando a leitura do texto:

“O Budismo é uma religião que se propõe prática e devotada a condicionar a mente inserida
em seu cotidiano, afirmando levar: paz serenidade, alegria, sabedoria e liberdade perfeitas.
Por ser uma forma de vida que promete extrair os mais altos benefícios da vida é
frequentemente chamada de "Budismo Humanista".

- É possível viver na dimensão religiosa sem tentar converter pessoas? Em que medida o
proselitismo (táticas de conversão) prejudica a ecologia interior das pessoas?

- Pense neste conceito: “... religião que se propaga prática e devotada a condicionar a mente
inserida em seu cotidiano, afirmando levar a paz, serenidade, alegria, sabedoria e liberdade
perfeitas...” Isto é possível sem a crença em um Deus pessoal, como no Cristianismo,
Islamismo e Judaísmo?

Para entender melhor o que está sendo abordado neste módulo é importante que faças a
leitura da obra de Hermam Hessen intitulada “Siddharta” é importante. Ela é uma
preciosidade. Trata da verdade e ensinamentos espirituais que nascem da necessidade
humana. Leia!

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U NIDADE 12
Objetivo: Entender a história de Buda e a fundação do Budismo.

Por favor, continue assistindo aos vídeos sobre a vida de Buda:

http://www.youtube.com/watch?v=CCAtrV3xG9M

http://www.youtube.com/watch?v=YfWevsgmc8g

Após assistir, pesquise na internet no que consistem as quatro visões de Buda.

1) Pense um pouco: As quatro visões de Buda perturbam a ecologia interior dos


indivíduos?

2) Faça uma análise, a partir das quatro visões de Buda, a respeito de sua vida.

3) O que o Budismo tem a ensinar sobre o evitar a ter uma crença, ou uma perspectiva
cega e absoluta sobre uma dada realidade?

4) Quando você aprende algo de bom que o faz sentir-se livre qual a sua atitude?
Compartilha a novidade com os outros para que os outros se sintam iluminados
pela sua boa nova ou você procura fazer com que as pessoas adirem a sua boa
nova?

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U NIDADE 13
Os Ensinamentos do Budismo (I)

Objetivo: Esta unidade é continuidade do assunto anterior. A intenção é comentar um pouco


acerca da contribuição do Budismo para o desenvolvimento do ser humano mediante os
seus ensinamentos.

“O Buda foi um grande professor. Ele ensinou que todos os seres vivos possuem Natureza
Búdica idêntica e são capazes de atingir a iluminação através da prática. Se todos os seres
vivos têm o potencial de tornar-se iluminados, são todos, portanto, possíveis futuros Budas.
Apesar de haver diferentes práticas entre as várias escolas budistas, todas elas abraçam a
essência dos ideais do Buda”.”

Pensemos um pouco sobre a natureza búdica de todos os seres vivos. O que ela tem a ver
com o trabalho de Educação Ambiental? A atividade abaixo pode ajudá-lo a descobrir esta
intima relação. Questione-se e se abra para novas possibilidades de pensar a realidade
pelas lentes de outras culturas.

Procure em sites alguns referenciais teóricos que explique o que vem a ser a natureza búdica
de todos os seres vivos.

Uma questão deverá acompanhar você nesta pesquisa:

Também os animais e os vegetais participam, segundo o Budismo, desta natureza


Búdica? E como você recebe esta ideia de natureza búdica de todos os seres
vivo?

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U NIDADE 14
Objetivo: Provocar a busca por tópicos inerentes a Educação Ambiental nas tradições
religiosas.

Assista o programa Novos Olhares (do Fantástico da Rede Globo) e observe como a fé
budista impacta a vida da pessoas. Sobretudo procure relacionar a condição humana com
a questão da proteção da vida.

http://www.slideshare.net/admrs/marpa-e-budismo

Os Ensinamentos do Budismo

Todas as religiões têm muito a oferecer no que tange o desenvolvimento de práticas


educativas ecológicas. A intenção deste módulo é fazer com se perceba que as tradições
religiosas têm tópicos, assuntos, que podem ser perfeitamente relacionados à Educação
Ambiental. Basta procurar. Dúvidas sobre o tema; use a internet para tirá-las!

Leia o texto da eco-filósofa Joanna Macy (*), estudiosa de Budismo; Teoria Geral de
Sistemas e Ecologia Profunda e depois responda: Como este texto pode ser usados na
Educação Ambiental?

A Grande Bola de Mérito

A compaixão, que é dor pela dor alheia, é só uma cara da moeda. A outra cara é a alegria

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com a alegria alheia – o que no Budismo é chamado de mudita.

No mesmo grau em que alguém se identifica com o sofrimento alheio, também, pode se
identificar com as forças dos outros. Isto é de extrema importância para se atingir um
sentimento de suficiência e resistência, pois esta época tão desafiadora requer mais
entrega; resistência e coragem das que se pode sacar do armazém individual. Se pode
aprender a nutrir-se de outros neurônios da rede neural e enxergá-los com agradecimento
e alegria, como se fosse “dinheiro no banco”.

Esta prática foi adaptada da Meditação de Júbilo e Transformação, um ensinamento


ministrado em um texto budista escrito há dois mil anos, no começo da tradição
Mahayana. A versão original pode-se encontrar no sexto capítulo do Sutra, da Perfeição
do Conhecimento em 8.000 Versos. Hoje a considero muito útil de duas formas.

A mais próxima da prática antiga é esta:

Relaxe e feche seus olhos. Abra a sua consciência para as pessoas com as quais
compartilha esta época no Planeta... Neste povo... Neste país... E em outras terras...
Observe com a sua imaginação estas multidões... Agora deixe que a sua consciência se
abra ainda mais, até abarcar todos os seres que alguma vez viveram... De todas as
raças, credos e classes sociais, ricos, pobres, reis e pedintes, santos e pecadores... Olhe
para a vasta paisagem destes próximos expandindo-se na distância, como cadeias
montanhosas sucessivas.

Agora considere o fato de que, em cada uma destas inumeráveis vidas, algum ato de
mérito foi executado. Por quanto limitada ou depredada possa ter sido uma vida, houve
algum ato de generosidade, um presente de amor, um ato de coragem ou de
autossacrifício... No campo de batalha ou no lugar de trabalho, no hospital ou no lar... De
todos os seres nestas multidões intermináveis surgiram atos de valor, de bondade, de
ensinamento e de cura. Permita-se ver estes múltiplos e imensuráveis atos de mérito.

Agora imagine que pode varrer estes atos de méritos juntando-os... Varra-os até fazer um
monte diante de você... Use as suas mãos... Empilhe-os... Empilhe-os numa grande pilha
e olhe-a com felicidade e gratidão... Agora lhe dê uns pequenos golpes até que forme

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uma esfera. É a Grande Bola de Mérito... Agora a pegue e pese-a em suas mãos...
Regozije-se nela, sabendo que nenhum ato de bondade é perdido nunca. Permanece
agora e sempre como um recurso presente... Um meio para a transformação da vida...
Então agora, com júbilo e gratidão, faça rodar esta grande bola... Faça-a rodar... Rodar...
Na cura do mundo.

Ao aprender com a ciência contemporânea e visualizar no modelo holográfico a realidade,


as vidas se interpenetram. No fluido tapete do espaço-tempo, não há distinção na raiz
entre o eu e o outro. Os atos e as intenções de uns, são como sementes que podem
germinar e dar frutos ao longo das vidas de outros. Quando se traz para a consciência e
dedica-se, ou “faze-se rodar”, esta consciência para o próprio empoderamento.

Thoreau, Gandhi, Martin Luther King, Dorothy Day e um sem número de heróis e
heroínas anônimas dos dias atuais, todos podem ser partes da Bola de Mérito, da qual se
pode trazer inspiração e resistência. Outras tradições apresentam noções semelhantes,
como a “nuvem de testemunhas” da qual falou São Paulo ou o Tesouro de Méritos da
tradição Católica.

A segunda versão da meditação da Bola de Mérito, mais aplicável no dia a dia, ajuda a
abrir os poderes das pessoas que estão à volta. Em direta contraposição com a noção
hierárquica de poder comumente aceita, como algo que se possui pessoalmente e se
exerce sobre os outros. O exercício prepara para trazer atenção expectante para os
encontros com outros seres, para ver, com genuína abertura e curiosidade, de que
maneira essas pessoas podem realçar a Bola de Mérito de cada um. Pode-se jogar este
jogo silencioso quando se vê alguém à frente, no ônibus ou na mesa de negociações. É
especialmente útil quando se lida com pessoas com as quais se está em conflito.

O que esta pessoa acrescenta à Grande Bola de Mérito de cada um? Que presentes do
intelecto podem enriquecer o armazém comum? Qual reserva de teimosa resistência ela
ou ele pode oferecer? Que vôos de fantasia ou poderes de amor estão à espreita, além
destes olhos? Que bondade ou coragem estão escondidas detrás destes lábios? Que
poder curativo nestas mãos?

Então, como no exercício da respiração, pode-se abrir para a presença destas forças,
inspirando a consciência delas. À medida que a consciência aumenta; experimenta-se a

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gratidão pelo outro e a capacidade de compartilhar...

Com freqüência, as percepções dos poderes dos outros podem parecer inadequados,
para quem percebe. Ao lado de um alguém eloquente, e comum se sentir inábil com as
palavras; na presença de um atleta, sentir-se fraco e desajeitado; e acabar ressentido,
com si mesmo e com a outra pessoa. À luz da Grande Bola de Mérito, porém, os
presentes e a boa sorte dos outros aparecem, não como desafios competidores, mas
como recursos que podem honrar e tornar, quem percebe; feliz por eles. Pode-se
aprender a brincar de detetives, procurando tesouros, para o realce da vida, mesmo no
material mais improvável. Como o ar, o Sol e a água, pois eles fazem parte do bem
comum.

Além de liberar, do campo mental, a inveja, esta prática espiritual oferece duas outras
recompensas. A primeira é o prazer pela própria acuidade, à medida que a habilidade
para detectar méritos aumenta. A segunda é a resposta dos outros que, embora não
estejam cientes do jogo que se esta jogando, sentem algo que os convida a manifestar
mais da pessoa que podem ser.

PESQUISE e escolha (da internet) um texto de tradição religiosa;

- Apresente uma breve justificativa (um parágrafo de cinco linhas) expressando como o texto
selecionado pode ser usado na Educação Ambiental.

Esta atividade pode ser sugerida como tarefa para os seus destinatários – na Educação
Ambiental.

Bom trabalho!

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U NIDADE 15
Objetivo: A natureza humana para o Budismo.

Grande Líder na vida budista tibetana, o Dalai Lama, representa uma das vozes mais
respeitadas no mundo contemporâneo, principalmente, quando o assunto é ecologia e meio
ambiente.

Ora, não dá para pensar em ecologia sem pensar no homem. Mas, afinal, o que vem a ser o
homem? Qual a sua natureza? Esta é ou não violenta, destruidora como muitos apregoam?

O Dalai Lama em uma reflexão oferece luz para estas questões quando diz:

(...) alguns dos meus amigos dizem que a base da natureza humana é violenta. Então eu disse a
estes amigos que não penso assim. Se nós examinarmos mamíferos diferentes, há animais como
tigres ou leões que dependem muito de outra vida para sua sobrevivência básica e, por causa de
sua natureza básica têm uma estrutura especial, com dentes e unhas longos. Há também animais
calmos tais como os cervos, que são completamente herbívoros e seus dentes e unhas são mais
delicados.

Portanto, desse ponto de vista, nós seres humanos pertencemos à categoria delicada, não é?
Nossos dentes e unhas são muito delicados. Então eu disse a estes amigos que eu não concordo
com seu ponto de vista. Eu creio que os seres humanos têm uma natureza de base não violenta.

Também, sobre a pergunta da sobrevivência humana, os seres humanos são animais sociais. A fim
de sobreviver você necessita de outros companheiros; sem outros seres humanos não há
simplesmente nenhuma possibilidade de sobrevivência; essa é a lei da natureza, essa é a natureza.

Creio profundamente que os seres humanos são, basicamente, de natureza delicada e, também,
penso que a atitude humana com o nosso meio-ambiente deveria ser delicada.

http://www.dalailama.org.br/ensinamentos/natureza.php

A lucidez do Budismo sobre a relação do homem com a sua condição de vida é de muita
valia para a educação ambiental visto que, conforme sinaliza o Dalai Lama, há um caminho
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para harmonizar o que parece estar perdido muitas vezes que é a delicadeza. Sugiro que na
medida em que você for lendo o material vá pensando nas possibilidades de dinamizar o
conteúdo em sua prática de educador ambiental. Este deve ser o clima da leitura deste
último fragmento.

Consequentemente acredito que, não somente devemos manter um relacionamento delicado e não
violento com outros companheiros humanos, mas, também, é muito importante estender esse tipo de
atitude ao meio-ambiente.

Eu penso, moralmente falando, que nós devemos pensar assim e nós todos precisamos nos
preocupar com o nosso meio-ambiente. A partir disso, vou expor outro ponto de vista e neste caso
não é uma questão de moralidade ou de ética; é uma questão de nossa própria sobrevivência.

Não somente esta geração, mas, também, para outras gerações o meio-ambiente é algo muito
importante. Se nós explorarmos o meio-ambiente de maneira extrema, hoje nós podemos ganhar
algum benefício, mas em longo prazo nós sofreremos e outras gerações sofrerão. Assim, quando o
meio-ambiente muda, as circunstâncias climáticas, também, mudam.

Quando a mudança é dramática, estruturas econômicas e muitas outras coisas, também, mudam; até
mesmo nosso corpo físico. Assim, você pode ver o grande efeito dessa mudança. Portanto, desse
ponto de vista esta não é somente uma questão de nossa sobrevivência individual.
Consequentemente, a fim de conseguir resultados mais eficazes e a fim de ter sucesso na proteção,
conservação e preservação do meio-ambiente, primeiramente, penso que, também, é importante falar
sobre o equilíbrio interno dos seres humanos. Desde que a negligência com o meio-ambiente - que
resultou em muitos danos à comunidade humana – surgiu; da ignorância em relação à grande
importância do meio-ambiente, eu penso que é fundamental introduzir, gradualmente, este
conhecimento dentro dos seres humanos. Assim, é muito importante ensinar ou contar para as
pessoas sobre sua importância, para seu próprio benefício.

http://www.dalailama.org.br/ensinamentos/natureza.php

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1. Você conhece algum teórico que afirma que a natureza do homem é violenta? Qual, e
qual é o seu argumento?

2. Em que medida o argumento da violência adentra na temática ecológica? Trace um


paralelo sobre a questão.

Na intenção de aprimorar o que foi estudado acima sugiro que assista o vídeo abaixo
produzido pela Série Sagrado (021) sobre a questão da violência para o Budismo.

http://www.youtube.com/watch?v=8H40PbH5GvY&feature=related

Após a leitura e o entendimento desta matéria do Dalai Lama apresente uma argumentação
sobre como a sua cidade ou a comunidade local desenvolve ações de delicadeza para com a
natureza.

Esta atividade deve ser feita, na forma de um testemunho, sobre algo de bom que esteja
acontecendo.

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U NIDADE 16
Objetivo: Exercitar a compaixão para com a natureza.

O Dalai Lama com a palavra: Um Conceito Budista de natureza (II).

O texto (*) terá duas temáticas específicas.

Na primeira será abordada a necessidade da compaixão e da verdadeira amizade. Os


elementos da reflexão de Dalai Lama servem de cenário para o que foi estudado com a
reflexão de frei Beto sobre a ecologia interior. Vamos ao texto:

“Então, uma das coisas mais importantes, outra vez, como eu estou sempre dizendo; é o
pensamento que manifesta a compaixão. Como mencionei anteriormente, mesmo do
ponto de vista de alguém egoísta, você necessita de outras pessoas. Assim, mostrando
interesse pelo bem-estar de outras pessoas, compartilhando do sofrimento de outras
pessoas e ajudando outras pessoas, no final, você irá se beneficiar. Se pensar somente
em si mesmo e se esquecer dos outros, ao final, você perderá. Isto, também, é algo como
a lei da natureza. Eu penso que é completamente simples. Se você não mostrar um
sorriso para outras pessoas e mostrar algum tipo de olhar mal ou algo como isso, o outro,
também, irá dar uma resposta similar. Não é verdade? Se você mostrar para outras
pessoas uma atitude muito sincera e aberta, também, haverá uma resposta similar. Então,
é uma lógica bem simples. Todos querem ter amigos e não querem ter inimigos. A
maneira apropriada para criar amigos é através de um coração quente e não,
simplesmente, pelo dinheiro ou pelo poder. Os amigos do poder e os amigos do dinheiro
são algo diferente. Estes não são amigos.

Um amigo verdadeiro deve ser um amigo verdadeiro do coração, não é assim? Eu estou
sempre dizendo para as pessoas que, aqueles amigos que só veem quando você tem
dinheiro e poder não são seus amigos verdadeiros, mas sim amigos do dinheiro e do
poder. Porque assim que seu dinheiro e poder desaparecer, aqueles amigos, também,

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estarão prontos para dizer tchau, adeus. Assim você vê que estes amigos não são de
confiança.

Os amigos humanos sinceros e verdadeiros sempre compartilharão de seu sofrimento,


suas aflições e irão sempre vir a você, não importando se você é bem sucedido ou
azarado. Assim a maneira de conquistar um amigo verdadeiro não é pela raiva, nem pela
educação ou inteligência, mas pelo coração - um bom coração.

Assim, como eu sempre digo, se você pensar em uma maneira mais profunda, se você for
egoísta então você deve ser sabiamente egoísta, não um egoísta limitado pela mente.
Desse ponto de vista, a coisa chave é o sentido da Responsabilidade Universal, que é a
verdadeira fonte da força e da felicidade.

Desta perspectiva, se em nossa geração explorarmos tudo o que está disponível: as


árvores, água, recursos minerais ou qualquer outra coisa sem nos importarmos com a
geração seguinte, com o futuro, isso é nossa culpa, não é? Assim se nós tivermos um
sentimento verdadeiro de responsabilidade universal baseando o centro da nossa
motivação e dos princípios, as nossas relações com o meio-ambiente serão bem
equilibradas. Isto é similar ao equilíbrio dos aspectos dos relacionamentos, das nossas
relações com vizinhos, com os vizinhos da nossa família, ou com os vizinhos do nosso
país.

A segunda temática lançada pelo Dalai Lama, em sua breve aplicação sobre o conceito
budista de natureza, se refere a nossa consciência. Ora, a nossa consciência é algo que
pertence a natureza. Portanto, ela deve se adequar a grande consciência que é a vida no
Planeta.

Continuando...

“Agora em respeito a isso, outra coisa que sinto ser importantíssima é: O que é
consciência? O que é mente? Até agora, eu penso especialmente no mundo ocidental,
durante o último ou penúltimo século onde a ciência e a tecnologia foram muito
enfatizadas e trataram da matéria.

Hoje, alguns dos físicos nucleares e neurologistas começaram a investigar e analisar


partículas de uma maneira muito detalhada e profunda. Ao fazerem isso encontraram

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algum tipo de participação do lado do observador que chamam às vezes de "o
conhecedor". O que é "o conhecedor"? Falando de uma maneira simples é o ser, um ser
humano, como os cientistas. Através de que maneira os cientistas sabem? Eu penso que
é através do cérebro. Agora em relação ao cérebro os cientistas ocidentais ainda não
identificaram completamente as mais de cem bilhões de células cerebrais. Creio que de
cem bilhões somente algumas centenas foram identificadas até o momento. Em relação à
mente, se você a chama de mente ou de uma energia especial do cérebro, ou de
consciência, você verá que há um relacionamento entre o cérebro e a mente e entre a
mente e a matéria. Isto eu penso ser muito importante. Eu sinto que deveria haver algum
tipo de diálogo entre a Filosofia oriental e a Ciência ocidental com base no relacionamento
entre a mente e a matéria.

Em todo o caso, hoje nossa mente está procurando muito ou está muito envolvida com o
mundo externo. Eu penso que nós estamos perdendo, ao não nos importarmos e
ignorarmos o mundo interno.

Nós necessitamos de desenvolvimento científico e material a fim de sobreviver, de ter


benefícios e mais prosperidade. Igualmente necessitamos da paz mental. Nenhum médico
pode nos injetar a paz mental: nenhum mercado pode vender a paz mental ou a felicidade.
Com milhões e milhões de rúpias você pode comprar qualquer coisa, mas se for a um
supermercado e disser 'eu quero a paz mental' as pessoas irão rir. E se você pedir a um
médico: 'quero a verdadeira paz mental, não tediosa', você poderá conseguir um
comprimido para dormir ou alguma injeção. E embora você consiga descansar o resto não
estará no caminho correto. Certo?

Portanto, se você quiser a verdadeira paz ou a Tranquilidade mental o médico não poderá
fornecê-las. Uma máquina como o computador, por mais sofisticado não pode fornecer
paz mental. A paz mental deve vir da mente. Todos querem a felicidade e o prazer. Agora,
compare o prazer físico e a dor física com a dor mental ou o prazer mental e você
descobrirá que a mente é superior, mais eficaz e dominante. Assim sendo deve-se
aumentar a paz mental através de determinados métodos. A fim de fazer isso é importante
conhecer mais a mente, o que considero fundamental.

Quando você diz meio-ambiente, ou preservação do meio-ambiente, isto está relacionado


com muitas coisas. No final das contas a decisão deve vir do coração humano, não é

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verdade? Creio que o ponto-chave é o verdadeiro sentido da responsabilidade universal,
baseado no amor, na compaixão e numa consciência límpida.

Imagine que você, estando preparando um curso de Educação Ambiental para adolescente,
resolva usar o texto de Dalai Lama usado nesta unidade. Pense como você trabalharia os
conceitos de amizade e consciência em relação à natureza. Estipule perguntas:

- Como os ciclos da natureza me demonstram responsabilidade em relação à manutenção de


minha vida?

- Como a minha consciência responsável está avançando nos últimos tempos em relação ao
cuidado com os bens naturais?

Elabore outras. Em algum momento elas lhe serão válidas em seu trabalho.

Use este texto em seu trabalho. A experiência tem mostrado que estudos dirigidos com
textos selecionados surtem grande resultado. Bom trabalho!

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U NIDADE 17
Objetivo: Refletir o esforço budista no debate e ações ecológicas.

Boas Novas: Vivências do Budismo com a Natureza (I)

Notícia que comenta um encontro ocorrido no Centro de Estudos Budista Bodisatva (Porto
Alegre) onde pesquisadores de várias áreas contribuíram com propostas de reflexão. Os
participantes deste encontro foram:

“Jorge Dellamora Mello, consultor na área de sustentabilidade, terapeuta corporal e artista


corporal; Cristiano Machado Silveira, biólogo da Secretaria do Planejamento, Habitação e
Meio Ambiente de Viamão, atuando no Departamento de Meio Ambiente; Kathia
Vasconcellos Monteiro, vice-presidente do Núcleo Amigos da Terra-Brasil e Lama Padma
Samten, diretor do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEB), tendo como mediador José
Ricardo Buscke de Oliveira, estudante de Direito e aluno do Lama”.

OBS: Após cada anexo de experiência serão feitas algumas perguntas com a finalidade de
provocar a geração de ideias criativas para a intervenção educacional.

Texto 01:

“Religar com a terra e com Deus” para desenvolver a amorosidade, a tolerância, o respeito e
a capacidade de diálogo, foi a sugestão de Katia Vanconcelos, para que o movimento
ecológico supere as dificuldades encontradas para o desenvolvimento de uma ação conjunta.
Em sua avaliação, os ecologistas se afastam da religião porque a sociedade exige deles uma
postura racional, não romântica e de independência científica. “A gente trabalha pela
biodiversidade, mas é muito difícil a gente conviver com a diversidade de personalidades,
porque as pessoas que conseguem chegar a lideranças no movimento ambiental. São
pessoas com muita determinação, com personalidade forte. E aí, quando chegar a hora de
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ceder, de tentar construir uma ação conjunta, fica muito difícil”, destacou. Para ela, esta é
uma das grandes dificuldades do movimento ecológico. Para essa religação, a vice-
presidente do Núcleo dos Amigos da Terra acredita que as religiões, a filosofia e as artes têm
muito a contribuir.

Texto 02:

“Por sua vez, o biólogo Cristiano Machado Silveira destacou a importância da horta escolar
nos projetos de Educação Ambiental, para que crianças compreendam que os alimentos são
seres vivos, obedecem a ciclos vitais, que fazem a fotossíntese e que em todo o processo o
solo e a água são muito importantes. Para ele, a construção da horta deve partir de um
desejo da escola e da comunidade, que deverá acolhê-la para que permaneça viva, inclusive
nos períodos de Férias escolares. Informou, também, que atualmente a Secretaria do
Planejamento, Habitação e Meio Ambiente está, juntamente com as secretarias da
Agricultura, Educação e Obras, usando a Granja Modelo, da Prefeitura de Viamão como
laboratório para o desenvolvimento do Projeto Frutificar. Tal projeto consiste na realização de
experimentos como compostagem, produção de mudas e outras técnicas para o
desenvolvimento de tecnologias na perspectiva da produção ecológica. Adubos, mudas e
tecnologias serão colocados à disposição das escolas que optarem pela construção da
horta”.

Fonte: “Eco-agência Informações em Rede”. O texto é de autoria de Ilza Maria Tourinho Girardi (*).

Vamos ao exercício de criação!

Para o texto 01, encontre três alternativas na busca de soluções para os problemas
levantados acima. Justifique.

ALTERNATIVA: Promova um debate na forma de diálogo com pessoas que fazem


abordagens científicas em movimentos ecológicos.

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Com o texto 02: Busque se informar sobre o processo de criação de espaços como o citado;
descreva os passos; leve em conta as dificuldades e erros cometidos e estabeleça um plano
para elaborar um projeto similar ao citado.

Esclarecimentos:

Os encontros promovidos pelos budistas não têm uma característica proselitista (com
objetivo de divulgar a Fé e conseguir adeptos). Então, pergunta-se: As comunidades
religiosas não poderiam promover o bem sem, necessariamente, colocar como possibilidade
a divulgação de sua doutrina específica?

Outra pergunta: O que as práticas budistas de preocupação com a natureza têm a ensinar
para todos nós?

reprodução

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U NIDADE 18
Objetivo: Continuar a reflexão sobre o esforço budista no debate e ações ecológicas.

BOAS NOVAS: Vivências do Budismo com a Natureza (II).

Continuando a unidade anterior que, através de um artigo publicado pela EcoAgência (*)
apresenta algumas práticas de Educação Ambiental , divulgadas num encontro promovido
pela preocupação Budista com o meio ambiente.

”Em sua palestra, o terapeuta corporal Jorge Mello, lembrando Gandhi, disse: que o senso
de comunidade permite a visão comum, sem uniformidade, aspectos fundamentais para a
sustentabilidade. Explicou que o senso de comunidade pode ser desenvolvido em
qualquer lugar. O principal é ter abertura para a diversidade de visões e praticar. Neste
sentido, destaca que é importante “o contato com a natureza para resgatar os ritmos
naturais e o conceito de escala humana - para o homem se reproporcionalizar em relação
à natureza - e a experiência da arte, qualquer que seja a arte”. Para ele “a arte traz,
naturalmente, sem a necessidade de construtos cognitivos, a experiência da
transcendência, do sagrado ou do eterno”. Nesse processo, é importante a “vivência da
arte, sem um compromisso estético, mas sim poético”. É uma “vivência de reconstrução
da visão de mundo através da arte”, destacou o palestrante.

Em sua apresentação Jorge usou “uma imagem inspiradora nesses momentos de


desesperança e tristeza”, dizendo que: “os sociólogos e os jornalistas podem ser
desencorajados, mas o poeta nunca se desencoraja porque ele é movido por puro amor,
pois não busca resultado na sua ação”.

O palestrante, também, destacou o valor da ação integrativa, e não alternativa, tanto na


convivência em comunidade, onde os diferentes são acolhidos com seus talentos e com
suas diferentes visões de mundo, exemplificando com a sua ação na área da saúde, que
se tem a oportunidade de atuar em equipe. “É necessário colocar o foco onde realmente
interessa”. “No caso do ambientalismo, em que a busca da sustentabilidade é crucial, o

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foco é a saúde do Planeta como todo e a humanidade como todo e não alternando entre
esta ou aquela visão ou setor, concluiu Jorge”.

“Uma visão apocalíptica da realidade planetária é seguida por muitos. Todavia, será,
interessante numa perspectiva educacional, tomar o caminho e a visão do poeta – do
artista. Realmente a visão da ciência é muito pessimista. Mas a questão é: Por que se
apoiar somente na ciência para salvaguardar a vida planetária? Por que não assumir
outros compromissos que partam de uma sensibilidade moldada pela esperança? Neste
sentido vem a calhar os sentidos das artes”.

Procure (no campo da música) compositores e artistas que abordam a questão ecológica
de modo a incutir esperança. Colete material e guarde-o para as suas atividades.

Procure na internet organizações que unem Filosofia, Arte e Ciência no empenho de


salvaguardar a natureza.

Na visita, procure coletar material e relato de experiências sobre o trabalho desenvolvido.


Você verá o quanto isto lhe será valioso na capacitação e na elaboração de novas ideias de
como gerar Educação Ambiental.

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U NIDADE 19
Objetivo: Tomar posse dos argumentos budistas sobre a vivência da economia.

Economia e Religião – a lição que vem do Budismo.

Certamente, aos olhos comuns, a religião trata de questões que tem a ver somente com as
coisas do alto e que nada ela pode ofertar para as questões triviais da vida cotidiana. Mas,
esta ideia é falsa. A religião, institucionalizada para o bem o para o mal, oferta ideias para o
cotidiano das pessoas. Mesmo no campo econômico dá para se notar a influência religiosa –
veja o caso da Economia Feudal (marcada pela espiritualidade Católica) e o Capitalismo
retratado por Weber, quando abordou a influência protestante.

O texto, que agora será lido e analisado, é uma contribuição para a forma de como tratar a
questão econômica, articulada com a tradição religiosa. O texto é de Ernest Fridrich
Schumacher (*) e fala sobre a economia budista.

Logo em sua introdução o autor recorda:

“Com frequência, os países budistas afirmaram seu desejo de permanecerem fieis às


tradições. (...) A saúde material e o bem-estar espiritual não são inimigos: são aliados
naturais". Ou então: "Podemos misturar com sucesso os valores religiosos e espirituais da
nossa tradição com os benefícios da tecnologia moderna"

E alerta:

“Não obstante, [países budistas] partem do pressuposto de que podem moldar os seus
planos de desenvolvimento econômico de acordo com a economia moderna e, por isto,
chamam os economistas modernos dos ditos países avançados para que deem os conselhos
necessários para formular as estratégias a seguir e para que construam o grande projeto de
desenvolvimento, o plano quinquenal e semelhantes. Aparentemente, não há ninguém que

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pense que um modo de vida budista exija uma economia budista, da mesma forma que o
modo de vida materialista moderno gerou a economia moderna”.

Mais adiante, o autor comenta:

“O ponto de vista budista considera a função do trabalho como sendo no mínimo tríplice: dar
a um homem a oportunidade de utilizar e desenvolver suas faculdades; possibilitar-lhe a
superação de seu egocentrismo, unindo-se a outras pessoas em uma tarefa comum; e gerar
os produtos e serviços necessários a uma existência digna. Uma vez mais, são infinitas as
consequências que decorrem dessa concepção. Organizar o trabalho de maneira que se
torne desprovido de significado, maçante, embrutecido ou irritante para o trabalhador seria
uma atitude quase criminosa; indicaria maior interesse nos bens que nas pessoas, uma
terrível falta de compaixão e um grau de apego, espiritualmente nocivo, o lado mais primitivo
desta existência mundana. Igualmente, sonhar com o lazer, como alternativa para o trabalho,
seria julgado uma completa incompreensão de uma das verdades básicas da existência
humana, qual seja a do trabalho e o lazer serem partes complementares do mesmo processo
vital e não poder separá-las sem destruir a alegria do trabalho e a satisfação do lazer”.

E completa:

“Do ponto de vista budista, há, pois dois tipos de mecanização que devem ser claramente
distinguidos: um que realça a habilidade e o poder do homem e outro que transfere o
trabalho do homem para um escravo mecânico, deixando o homem na posição de servir ao
escravo. Como distinguir um do outro?

“O próprio artesão', diz Ananda Coomaraswamy, um homem igualmente competente para


falar tanto do Ocidente moderno quanto do antigo Oriente, pode sempre, se lhe for permitido,
traçar uma distinção delicada entre a máquina e a ferramenta. O tear de tapeçaria é uma
ferramenta, um dispositivo para manter esticados os fios da urdidura em torno da qual os
dedos do artesão tecerão a peça; o tear mecânico, porém, é uma máquina, e seu significado
como destruidor de cultura reside no fato de executar a parte essencialmente humana do
serviço“.

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E a conclusão:

“É claro, por conseguinte, que a economia budista tem que ser muito diferente da economia
do moderno materialismo, já que o budismo vê a essência da civilização, não na
multiplicação de necessidades, mas na purificação do caráter humano. O caráter, ao mesmo
tempo, é formado, sobretudo pelo trabalho do homem. E, o trabalho, apropriadamente
conduzido em condições de dignidade e liberdade humanas, abençoa aos que o executam e,
igualmente, a sua produção. O filósofo e economista indiano J.C.Humarappa resume o tema
assim:

"A natureza do trabalho é adequadamente, apreciada e aplicada, está relacionada com as


faculdades superiores da mesma forma que o alimento face ao corpo físico. Ele nutre e
vivifica o homem superior e incita-o a produzir o melhor de que é capaz. Dirige sua vontade
livre para canais progressistas. Fornece um excelente pano de fundo para o homem exibir
sua escala de valores e aperfeiçoar sua personalidade."

E apresenta, nestes trâmites da existência econômica um problema:

“Se um homem não tem oportunidade de arranjar trabalho, fica em posição desesperada,
não simplesmente por lhe faltar uma renda, mas por carecer desse fator nutritivo e vivificante
do trabalho disciplinado que nada pode substituir. Um economista moderno pode empenhar-
se em cálculos altamente elaborados para saber se o pleno emprego 'compensa' ou se seria
mais 'econômico' dirigir uma economia abaixo do pleno emprego de maneira a assegurar
maior mobilidade de mão de obra, maior estabilidade salarial, e assim por diante. Seu critério
fundamental de sucesso é simplesmente a quantidade total de bens produzidos em dado
período de tempo. “Se o impulso marginal por bens é baixo', diz o Professor Galbraith em
The Affluent Society, ' também o é, então, o de empregar o último homem ou o último milhão
de homens na força de trabalho”. E adiante: “Se... podemos permitir-nos algum desemprego
no interesse da estabilidade - uma proposta, diga-se de passagem, de antecedentes
impecavelmente conservadores - então podemos permitir-nos dar aos desempregados os
bens que os habilitem a sustentar seu habitual padrão de vida”.

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De um ponto de vista budista, isso corresponde a virar a verdade de cabeça para baixo por
se considerar os bens mais importantes do que as pessoas e o consumo mais importante do
que a atividade criadora. Significa passar a ênfase do trabalhador para o produto do trabalho,
isto é, do humano para o subumano, uma rendição ante as forças do mal. O início mesmo do
planejamento econômico budista seria um planejamento para pleno emprego e a finalidade
principal disso seria, de fato, emprego para todos os que precisem de um emprego e não a
maximização do emprego nem da produção. As mulheres, em geral, não precisam de um
emprego 'fora', e o emprego em grande escala de mulheres em escritórios ou fábricas seria
considerado sinal de grave insucesso econômico. Em particular, deixar mães de filhos
pequenos trabalharem em fábricas enquanto as crianças ficam largadas seria tão
antieconômico aos olhos de um economista budista quanto empregar um operário
especializado como soldado aos olhos de um economista moderno.

Enquanto o materialista está, sobretudo, interessado em bens, o budista está em libertação.


Mas o budismo é o 'Caminho do Meio' e, assim, de maneira alguma antagoniza o bem-estar
físico. Não é a riqueza que atrapalha a libertação, porém, o apego à riqueza e a coisas
agradáveis, mas o desejo exagerado delas. A tônica da economia budista, portanto, é
simplicidade e não violência. Do ponto de vista de um economista budista, a maravilha do
estilo de vida budista é a racionalidade absoluta de seu modelo - meios espantosamente
reduzidos levando a resultados extraordinariamente satisfatórios.

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-Em que medida a reflexão acima pode ser considerada de caráter ecológico? Justifique.

-Como um economista moderno lidaria com a perspectiva budista de se pensar


economia?

-Se posicione frente ao fragmento, do mesmo texto, que afirma o seguinte:

“Do ponto de vista da economia budista (...) a produção com recursos locais para as
necessidades locais é o meio mais racional de vida econômica, enquanto a dependência
de importações de pontos remotos e a consequente exigência de produzir para exportar
para povos desconhecidos e distantes é altamente antieconômica, justificando-se
somente em casos excepcionais e em pequena escala. Tal, como o moderno economista
admitiria que um alto índice de consumo de serviços de transporte entre a casa de um
homem e seu local de trabalho, significa uma desgraça e não um padrão de vida elevado,
também, um economista budista alegaria que satisfazer as necessidades humanas com
fontes distantes em vez de fontes próximas significa insucesso em vez de sucesso. O
primeiro tende a encarar estatísticas que revelam aumento do número de
toneladas/quilômetros per capita da população usuária do sistema de transporte de um
país como prova de progresso econômico, ao passo que para o segundo - o economista
budista - as mesmas estatísticas apontariam uma deterioração extremamente indesejável
no modelo de consumo”.

Por fim, um último fragmento sobre a economia na perspectiva Budista:

“O ensinamento de Buda (...) recomenda uma atitude reverente e não violenta não só para
com todos os seres sensíveis como, também, com grande destaque, para as árvores.
Todo seguidor de Buda deve plantar uma árvore periodicamente e cuidar dela até estar

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firmemente assentada, e o economista budista pode demonstrar, sem esforço, que a
observação universal dessa regra teria como resultado um índice elevado de
desenvolvimento econômico genuíno, independente de qualquer auxílio estrangeiro.
Grande parte da decadência econômica do sudeste da Ásia (assim como de muitas outras
partes do mundo) deve-se indiscutivelmente ao insensato e vergonhoso descuido com as
árvores.

A economia moderna não se distingue entre materiais renováveis, já que seu próprio
método é igualar e quantificar tudo por intermédio de um preço em dinheiro. Assim,
tomemos vários combustíveis alternativos, como carvão, petróleo, madeira ou força
hidráulica: a única diferença entre eles, reconhecida pela economia moderna, é o custo
relativo por unidade equivalente. O mais barato é automaticamente o preferido, pois fazer
o contrário seria irracional e 'antieconômico'. De um ponto de vista budista, é claro, isso
não serviria; a diferença essencial entre combustíveis não renováveis como carvão e
petróleo, de um lado, e os renováveis como madeira e força hidráulica, do outro, não pode
simplesmente ser menosprezada. Bens não renováveis só devem ser usados se
indispensáveis e, somente com o maior cuidado e a mais meticulosa preocupação com a
conservação. Usá-los imprudente ou extravagantemente é um ato de violência, e
conquanto a não violência total talvez não seja alcançável nesta terra, o homem tem, não
obstante, o dever iniludível de visar ao ideal da não violência em tudo o que faça.

Nas unidades 20 e 21 encontram-se algumas sugestões que podem ser aplicadas no


trabalho do educador ambiental. Dentro da perspectiva de lidar com as questões
relacionadas à ecologia e religião.

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U NIDADE 20
Objetivo: Compreender o conceito de natureza para o Cristianismo.
Avaliar o Nível de Conhecimento Ecológico de uma Comunidade de Fé - ou de um
indivíduo religioso.

Esta atividade pode ser feita em grupo e, no caso de nosso curso, voc~e deve realizar
com os dados abaixo um texto dissertativo e postá-lo no link “Atividade dissertativa” para
que o tutor avalie o seu texto. Bom trabalho.

Atividade dissertativa
Os exercícios de pesquisa que seguem podem ser usados em um projeto de
Educação Ambiental, no campo da reflexão religiosa.

 Entreviste um grupo de pessoas que se dedicam a prática religiosa, por exemplo:


entreviste um grupo de cristãos, ou de umbandistas, budistas...

 Utilize, na sua entrevista, as questões abaixo dispostas.

1. Há quanto tempo você vive/pratica a sua Fé?


2. Porque você a pratica (tradição, conversão...)?
3. O que mais lhe estimula a prática de sua Fé?
4. Você diria que a prática da sua Fé está mais relacionada à vivência comunitária da Fé
ou a uma vivência pessoal?
5. No espaço em que você pratica a sua Fé a questão ambiental é comentada?
6. Quando foi a primeira vez que na sua comunidade de Fé o tema ambiental foi
enfocado?
7. Se ele é/ou foi enfocado, pergunte: Ele é enfocado com que frequência?
8. Você avalia que a sua comunidade de Fé é uma aliada ou uma inimiga da questão
ambiental? Apresente o seu argumento.

Após as entrevistas avalie as questões e observe o nível de sintonia do entrevistado e de sua


comunidade de Fé com a questão ambiental.
Após a entrevista avalie ou partilhe com seus companheiros (caso esta atividade seja
aplicada para um grupo) as impressões que tiveram

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U NIDADE 21
Objetivo: Incentivar a criatividade para a elaboração de atividades de estudo e
conscientização em Educação Ambiental.

Elaboração de uma Reflexão Dialogada Religiosa- ecológica.

Como elaborar uma atividade ambiental partindo da premissa religiosa?

1. Sempre que for elaborar uma temática de estudo e conscientização, tenha um tema
em vista e um recorte do assunto. O recorte é muito importante para que o
pesquisador não se perca em meio a uma série de opiniões e divagações

Por exemplo: se está planejando um encontro onde trabalhará “o zelo missionário dos
religiosos do Xingu em defesa ao meio ambiente” (este é o tema), escolheu como recorte
as motivações religiosas que movem o trabalho dos referidos religiosos – neste sentido,
evite tratar das motivações da ideologia econômica, social, cultural, em primeiro plano.
Não quer dizer que estes assuntos não devam aparecer - eles irão aparecer! O que não
pode acontecer é direcionar o trabalho para a babel de opiniões e temáticas. Se o
assunto é: a motivação religiosa se apegue a ele.

Um exemplo: muitas vezes, na escola, nas aulas de História, quando o assunto é: o


trabalho dos jesuítas, o tema do desempenho das atividades desses homens é abordado
simplesmente pelo viés político. Este é o recorte epistemológico.

2. Se ainda não entendeu, vale à pena rever este assunto.

3. Em seguida escolha um texto de apoio que se situe com perfeição dentro do que
idealizou como tema e recorte.

4. Estude o texto – leia, pense, deixe que o assunto se assente em sua mente. Volte a
ler o material, em outro momento, com a mesma dinâmica.

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5. As perguntas devem ser planejadas relacionando o tema e o recorte. Neste caso há
dois blocos/momentos de perguntas. Podem ser feitas perguntas gerais, que
nortearão a reflexão e outras que deverão se encaixar dentro das perguntas gerais
que você “soltará” somente quando o debate, a discussão começar. É muito
desagradável, e errado, quando em um encontro o dirigente faz perguntas gerais e os
participantes elaboram divagações – muitas vezes sem ter nenhuma conexão com o
tema e o recorte - e o dirigente simplesmente ouve e no final tece algumas
considerações. O dirigente de um encontro deve mediar com perguntas pensadas
anteriormente para direcionar as pessoas para o recorte do assunto.

6. Por fim, lembre-se: uma reflexão religiosa requer que o idealizador coloque no meio de
campo a dimensão da Fé!

Como você pode perceber, nesta unidade foi lançada uma técnica de como pensar na
elaboração de uma reflexão. Mas não é a técnica, somente, que garante o bom êxito, mas a
experiência. Quando há dedicação no planejamento e execução de atividades reflexivas
dialogadas, melhor elas sairão.

Sugiro que você vá a livrarias e selecione um bom livro sobre planejamento de atividades
em grupo que lhe forneça mais conteúdo para o seu desenvolvimento.

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U NIDADE 22
Objetivo: Questionar as motivações religiosas que conduzem o trabalho de preservação
ambiental de aulguns ativistas católicos.

A Fé Cristã e o Meio Ambiente

Desta unidade até a unidade 26 será trabalhada a contribuição cristã para a reflexão
ambiental e ecológica. Serão analisados dois pequenos textos que falam sobre cristãos
católicos, em sua luta pela preservação ambiental, na região norte do país.

O primeiro o texto é um pronunciamento de Dom Erwin Kräutler (bispo do Xingu) recordando


a morte de uma religiosa que defendia a questão social e ambiental, na região Norte do
Brasil. (*):

Continuamos chorando o assassinato de uma defensora da Vida.

O que inspirou a Irmã Dorothy Mae Stang foi o Evangelho, que sempre entendeu
como Boa Nova anunciada aos pobres e excluídos. Viveu vinte e três anos na
Transamazônica e morreu assassinada em Anapu, PA, no dia 12 de fevereiro de
2005. Testemunhou sua Fé com a vida e a morte. Sabia que Deus estava com ela. Na
última entrevista que deu a um jornalista afirmou: “Eu acredito muito em Deus e sei
que ele está comigo! Sei que eles querem me matar, mas não vou fugir. Meu lugar é
aqui, ao lado dessas pessoas, constantemente, humilhada por gente que se
considera poderosa!“

Muitos enigmas em torno deste brutal assassinato ainda não foram desvendados. Por
ocasião do primeiro aniversário de morte da Irmã exigi das autoridades judiciais um
inquérito mais abrangente e o esclarecimento completo do crime. Não nos
contentamos com a prisão dos executores e de três acusados de serem os

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mandantes. A morte da Irmã foi programada por um consórcio, até os mínimos
detalhes. Os culpados não são apenas os que estão presos, condenados ou
aguardando julgamento. Há muito mais gente envolvida nesse crime, inclusive
políticos que hoje como prefeitos e vereadores exercem seus mandatos sem serem
importunados. Durante anos e meses prepararam deliberadamente um terreno
propício para o assassinato da Irmã. Agora negam qualquer participação e como
Pilatos lavam suas mãos. “Estou inocente deste sangue. A responsabilidade é vossa”
(Mt 27,24).

O segundo texto (*) aborda o problema da ameaça de morte sofrido por religiosos ligados as
questões sociais e ambientais.

Missionários do Verbo Divino (SVD)–Padres Edilberto Sena e José Boeing


ameaçados de morte

A sociedade brasileira sente-se afetada pelos últimos acontecimentos ocorridos na região


amazônica do Brasil. Tais ameaças nos afligem, porque os mesmos realizam um trabalho
que está de acordo com a missão de Jesus no mundo. A pressão que está sofrendo a
diocese de Santarém representada pelos seus bispos, religiosos/as, o laicato
comprometido e todos os movimentos sociais organizados, brada aos céus clemência e
justiça. Pois com eles e elas, todos aquelas pessoas que lutam em favor da justiça, da
ecologia e da integridade da criação. Solidariedade como ternura de todos os povos. Que
nossas mãos se entrelacem na busca de possibilidades de um diálogo aberto sobre o
agronegócio, a investigação dos fatos, para que a Amazônia seja compreendida como
parte de nós mesmas/os, que as pessoas ameaçadas recebam o nosso cuidado e a nossa
proteção. Que o Deus Criador do universo e de toda a humanidade, nos anime e nos
comprometa com a construção de outro mundo possível e ilumine aqueles/as que têm a
responsabilidade de promover a dignidade da vida e o bem-estar de todo o povo brasileiro.

“Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus.” (Mt 5, 10)

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1) O que faz com que pessoas, como os religiosos acima descritos, se doem até a última
gota de sangue de suas vidas, a uma causa?

2) Você conhece pessoas que têm o mesmo dinamismo de vida que as elencadas nos
textos?

3) 3) O quanto que a Fé colabora para mover projetos de caráter ambiental e social – sem
interesses de converter outras pessoas à sua Fé?

Leia o trecho do artigo da revista Ultimato – de contexto evangélico – sobre a preservação


ambiental e responda: o que há em comum entre o pensamento evangélico e o católico-
orto4doxo no contexto ecológico?

Cuidar da natureza faz parte da missão integral do cristão


“ Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe” (Salmo 24:1). Por isso, o cristão deve estar
mais preocupado com o meio ambiente do que o Green Peace. Nós da ACEV acreditamos
que o meio ambiente deve estar incluído na agenda da missão integral da igreja, por isso
tentamos colocar em prática esta preocupação de diversas formas na Fazenda Verdes
Pastos, nosso carro chefe ambiental.
Lá, além de retiros e cursos de treinamento, é mantido um projeto de preservação da
caatinga com duas reservas ecológicas para a glória de Deus. O desafio é casar um retiro
de carnaval, com 412 participantes em 2011, que às vezes trazem seus maus costumes de
casa, com a preservação das reservas do Papagaio e do Socó-boi. A ACEV tem enfrentado
isso como um processo educacional rigoroso. Eu registro fotograficamente as belezas do
sertão paraibano e publico as fotos na internet para incentivar as pessoas a observarem e
verem que o Senhor é bom e que o que ele nos deu na caatinga é muito bom. Embora,
muitas vezes, estas belezas passem despercebidas, ou pior, são até destruídas.
John Medcraft é pastor e presidente da Igreja Ação Evangélica
http://ultimato.com.br/sites/paralelo10/2011/04/cuidar-da-natureza-faz-parte-da-missao-integral-do-cristao/

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U NIDADE 23
Objetivo: estudar a declaração romano-ortodoxa sobre a preservação ambiental.

Declaração Romano-ortodoxa sobre a Preservação Ambiental (I)

Reprodução

O objetivo desta unidade é apresentar uma reflexão de caráter teológico acerca da visão
cristã sobre a natureza – o meio ambiente.

Para tanto é importante analisar o olhar do patriarca oriental, Bartolomeu I e do patriarca do


ocidente, João Paulo II na declaração conjunta, por eles elaborada - na qual afirmam o seu
manifesto em defesa da vida e do meio ambiente.

“Hoje encontramo-nos aqui reunidos, em espírito de paz para o bem de todos os seres
humanos, e para a salvaguarda da criação. Neste momento da história, no início do
terceiro milênio, ficamos amargurados ao tomarmos conhecimento do sofrimento
quotidiano de um elevado número de pessoas, sofrimento este causado pela violência,
a fome, a pobreza e a doença. Estamos preocupados, também, com as consequências
negativas, para a humanidade e para toda a criação, da degradação de alguns recursos
naturais como a água, o ar e o solo, provocada por um progresso, econômico e
tecnológico, que não reconhece e não tem em consideração os seus próprios limites.

O reconhecimento dos problemas ambientais dado pelas citadas autoridades religiosas


é fonte para se pensar a dinâmica teológica dos cristãos no concernente a problemática.
Acesse a página indicada e realize a reflexão exposta. Lembro que muitas das questões

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deste texto cairá em avaliação. Para dialogar com a reflexão proposta acesse o site
abaixo:

http://www.ecclesia.com.br/biblioteca/fe_e_meio_ambiente/declaracao_conjunta_do_patr
iarca_bartolomeu_i_e_do_papa_joao_paulo_ii.html

1) Qual a preocupação dos líderes religiosos demonstrados nesta declaração?

2) O que pensar da visão de predileção de Deus pelo homem na respectiva teologia?


Ela é uma visão ultrapassada? Ainda tem o seu Valor? Se tiver, argumente como.

3) Como a consciência ecológica é abordada no texto?

4) Qual a importância do discurso sobre os limites dos nossos poderes?

5) Qual a essência dos objetivos éticos propostos na declaração?

Leia o texto de Jacques Arnoud intitulado “Terra Habitável: um desafio para a Teologia e a
espiritualidade cristã”.

http://www.eucidadao.com.br/ihu/uploads/publicacoes/edicoes/1158328626.04pdf.pdf

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U NIDADE 24
Objetivo: Apresentar o poético Francisco de Assis e elevar o espírito para a contemplação da
vida de uma pessoa marcada universalmente pelo signo da natureza.

Francisco de Assis: irmão da natureza.

O texto de autoria de Maria Teresa Gonzalez extraído de sua obra Histórias do Céu (2005)
conta em tom poético o relacionamento de Francisco de Assis com a natureza.

(...) Desde cedo se habituara a observar a Natureza: as árvores, as flores


silvestres, os rios, os campos cultivados, os animais, o Sol, a Lua e todos os
astros do firmamento. Ao contemplar a Natureza, Francisco sentia-se cada vez
mais perto de Deus, o Criador de todas as coisas.

(...)

Como gostava muito da Natureza, Francisco de Assis foi-se tornando, também,


cada vez mais amigo de todos os animais, árvores, flores e tudo o mais que
Deus tinha criado com tanto amor e perfeição. Para ele, todos os seres da
Natureza eram como seus irmãos e assim os tratava, em qualquer lugar que
passasse nas viagens que fazia.

Certo dia, Francisco compreendeu que a população de uma cidadezinha


chamada Gubbio andava muito zangada e preocupada por causa de um lobo
feroz que por lá aparecia, frequentemente, para atacar galinhas e outros
animais domésticos.

A certa altura, as pessoas de Gubbio, já desesperadas com a situação,


decidiram que um grupo de homens iria procurar o lobo pelas matas para matá-
lo. Ao saber isto, Francisco resolveu falar ao povo de Gubbio:

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— Deixai-me, primeiro, ir ter com o lobo — pediu-lhes. — Em breve,
regressarei e direi o que haveis de fazer.

Conforme prometera, Francisco foi à procura do tal lobo feroz e, finalmente,


encontrou-o. Viu, então, que ele estava magro e faminto e percebeu
imediatamente a razão que o levara a atacar os animais domésticos e até
alguns habitantes de Gubbio.

Então, aproximou-se suavemente do lobo, acariciou-lhe o lombo e falou com


ele, como conversava com outros animais, plantas e até com o Sol e a Lua,
dos quais cada vez gostava mais. É que Francisco sabia que todos eram
criaturas de Deus e, portanto, havia que tratá-los com respeito e carinho.

Depois de ter falado ao lobo, regressou a Gubbio, tal como havia combinado.
Os habitantes já o esperavam ansiosamente e quase não o deixavam falar,
fazendo-lhe muitas perguntas. Por fim, Francisco disse-lhes:

— Vi o lobo. Falei-lhe e posso garantir-vos que não voltará a atacar; desde que
vocês passem a deixar-lhe alguns restos de comida à entrada de Gubbio. Se
assim fizerem, não será necessário matá-lo nem continuar a temê-lo, pois não
voltará a fazer-vos mal algum.

(...)

A partir daquele dia, reinou a paz entre o lobo e a população de Gubbio, que
não deixou de arranjar comida para lhe matar a fome.

Por esta e muitas outras razões, Francisco veio a ser considerado um homem
santo e, também, o padroeiro dos ecologistas e de todos aqueles que se
dedicam a proteger a Natureza.

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1) O que o fato, citado no texto, sobre a vida de Francisco nos ensina sobre a dignidade da
vida dos outros animais (uma vez que nós também somos animais)? ”

2) Você já teve contato com grupos que defendem a vida animal no quesito dignidade –
colocando a vida destes em grau de paridade com a nossa (humanos)? O que você pensa
disto?

1) Sugerimos que você leia a obra de Peter Singer “Vida Ética” – que trata dos assuntos
levantados na reflexão acima.

2) Sugiro, também, que você encomende, assista e transmita para seus amigos,
companheiros e familiares o Vídeo: “A Carne é Fraca”. Produzido pela Fundação Nina
Rosa – de Florianópolis (SC). Que, com a contribuição de cientistas da USP e UFSC
contestam os nossos gostos sórdidos pela morte dos animais; justificam o tamanho do
estrago ambiental que ocasiona o consumo das carnes e o quanto de racionalidade e
afeto os animais possuem. È um filme forte e comovente. Se prepare para mudar seus
hábitos e consciência. Assista. Vale à pena.

Adquira, também, a obra “Histórias do Céu” de Maria Teresa Gonzalez – que contém
ótimo conteúdo didático para dinamizar a sensibilidade espiritual de nossos destinatários.

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U NIDADE 25
Objetivo: Estabelecer pontos de diálogo e valorização da cultura e Fé africana por parte dos
cristãos.

Diálogo Cristão/afro-brasileiro.

Não dá para falar em Educação Ambiental, de modo global, sem falar em ecumenismo e
macroecumenismo (ou diálogo inter-religioso).

- PESQUISE o que é ecumenismo e diálogo inter-religioso: atente para as diferenças


conceituais (use a internet).

- PESQUISE os prejuízos ambientais e humanitários ocasionados pelas guerras religiosas;

- PESQUISE sobre a importância do diálogo inter-religioso.

O texto que segue é a palestra de abertura da II Consulta de Teologia e Culturas Afro-


americanas e Caribenhas (ocorrida em são Paulo no dia 7 de novembro de 1994)
apresentada pelo então arcebispo da Paraíba (PB) Dom José Maria Pires (*). Ora, o texto se
situa dentro da produção do diálogo inter-religioso. Atenção com os pontos de convergência
entre as crenças distintas.

O Deus da Vida Nas Comunidades Afro-americanas e Caribenhas.

Cabe aqui recordar que "os sistema religiosos pré-letrados têm natureza basicamente
diversa da experiência vivida pelas grandes religiões universais. Entretanto, em muitas

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religiões africanas encontram-se frequentemente elaboradas construções abstratas e
intensa espiritualidade, como se expressa na ideia de um Deus incriado e criador”. (...) Na
mesma obra, lemos ainda: "a noção de justiça divina, por sua vez, pressupõe que exista
uma espécie de contrato firmado entre a divindade e os homens. O Ser criador assegura a
vida, a Terra e tudo o que nela existe, exigindo, em troca, submissão e respeito. Assim,
determinados males são entendidos como recursos com os quais a divindade castiga os
homens que romperam de alguma forma, sua parte no pacto. Prescrições ritualísticas
religiosas configuram-se como a única maneira de alcançar o beneplácito divino". “Três
características das antigas religiões africanas surgem bem nítidas nessa citação, a saber:
Deus é criador, existe uma aliança entre Deus e a humanidade, a religião leva a uma
espiritualidade profunda”.

1. Monoteismo

Teólogos e pastores prestariam bom serviço às comunidades cristãs se as ajudassem a


entender que não há politeísmo na cultura religiosa africana. Os negros vindos de África não
eram politeístas. Acreditavam em um Ser supremo, criador de tudo. Que os povos de cultura
nagô-yorubá o chamam com o nome de Olorum (o Inaccessível) como os hebreus o
denominaram Elohim, que os bantos o chamem de Nzambi (Aquele que diz e faz) ou
Kalunga (Aquele que reúne) ou Pamba ou Maúnda como os gregos o denominaram Theos,
ou nós o chamamos Deus e os indígenas Tupã, Ele é sempre o supremo, o inatingível,
senhor do Céu e da Terra.

O papa Paulo VI afirma: "A ideia de Deus como causa primeira e última de todas as coisas é
o elemento comum importantíssimo na vida espiritual da tradição africana. Esse conceito,
percebido mais do que analisado, vivido mais do que pensado, exprime-se de modo
bastante variado de cultura a cultura. Na realidade, a presença de Deus penetra a vida
africana como a presença de um Ser superior, pessoal e misterioso.

http://ospiti.peacelink.it/zumbi/afro/atab/cons03b.html

Continua na próxima unidade.

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U NIDADE 26
Objetivo: Estabelecer pontos de diálogo e valorização da cultura e Fé africana por parte dos
cristãos.

Dom José Maria Pires apresenta uma interessante versão monoteísta sobre os Orixás.E
pergunto: em que medida a mesma se aproxima ou se distancia da fé cristã? E outra, em
que medida a visão africana, na perspectiva da fala do arcebispo, se aproxima das
preocupações ecológicas?

Olorum se comunica conosco e se faz presente em nós através dos Orixás que
são suas forças vivas. Cada família é consagrada a um Orixá, cada pessoa é
protegida por seu Orixá. A proteção é constante, mas durante o culto, o orixá
poderá manifestar-se em alguns de seus filhos ou de suas filhas. São momentos
inesquecíveis, de profunda experiência espiritual. Os Orixás não são deuses, mas
é por meio deles que Olorum entra em contato com homens e mulheres e esses,
entram em comunhão com Ele. Os Orixás têm atribuições e poderes nos diversos
setores da criação. Sua função não consiste em trazer favores aos humanos, mas
em transmitir-lhes o dinamismo vital que possuem e que comunicam durante o
tempo em que se fazem presentes no terreiro e se manifestam nas pessoas que
lhes são consagradas. "O Orixá é essencialmente orientado para o bem do
homem: portanto ele o ama. Como não acreditar num Deus Amor que cria e envia
o Orixá?”pergunta-nos o Pe. François de l’Espinay.(5) "Cresce assim a convicção
de que Deus acompanha todos os passos de seus filhos como mãe".

http://ospiti.peacelink.it/zumbi/afro/atab/cons03b.html

Continua na próxima unidade.

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U NIDADE 27
Objetivo: Estabelecer pontos de diálogo e valorização da cultura e Fé africana por parte dos
cristãos.

A idéia monoteísta acima é muito interessante – não sei se os líderes do Candomblé


concordariam muito com ela. Todavia, sem sombra de dúvida as intenções do Arcebispo são
boas, por ser nítida a esperança de ver, fora da marginalidade religiosa, à referida Fé tão
estigmatizada pelos cristãos.

Em um determinado ponto de sua fala o arcebispo exalta e revela o modo todo próprio e
próximo da natureza de se celebrar a Fé na cultura africana.

Conquanto inacessível para os seres humanos, Deus está muito presente na comunidade e na
vida de cada um. A cultura africana não se preocupa com definições do Ser supremo.
Contenta-se com a certeza de sua presença e de sua ação constante em favor dos humanos.
Também, não o invoca ordinariamente. Sendo o Inacessível, a Ele se chega através de
mediações. O Orixá, a que cada um é consagrado, exerce essa função de mediador. Por sua
vez, os antepassados são outro sinal da presença e da benevolência de Deus. Mas é na
celebração que essa presença de Deus torna-se patente na comunidade. Celebração é festa,
é alegria, é lazer. Acontece de preferência à noite e se prolonga por horas a fio indo, não raro,
até a madrugada. E todos saem dali, felizes. Muitos vão diretamente ao trabalho. Sentem-se
até fisicamente descansados graças à experiência espiritual que viveram.

A celebração é cuidadosamente preparada. Não no sentido de escolha de textos ou de


cânticos. Celebração, na cultura religiosa africana, não se compõe de leituras, reflexões e
cânticos. A preparação consiste em limpar e adornar o terreiro, conseguir as oferendas e
deixá-las em condição de serem apresentadas, oferecidas e consumidas. Isto exige bastante
trabalho que ocupa homens e mulheres em grande número. Juntar os animais ou as aves,
matá-los e cosê-los, fazer a pipoca, o cuscuz e a tapioca, dosar as bebidas, tudo isso envolve
praticamente toda a comunidade. Mas isso, também, já é revelação de Deus presente. Na
alegria dos que preparam a festa e na solidariedade no trabalho, Deus se revela o Deus Amor.

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O lugar da festa é o terreiro. Não temos templos suntuosos como o que Salomão construiu.
Nem basílicas, catedrais ou santuários. A festa religiosa se faz em contato com a natureza;
basta um terreiro. Melhor se for terreiro de verdade, sem cimento, sem mosaicos. Assim, ao
entrar no terreiro, a pés descalços, os devotos experimentarão o importante contato com a
terra. A terra é mãe e é fecunda. Ela tem axé, isto é, tem energia, tem fertilidade. É comum ao
negro e ao índio o respeito para com a terra e os outros elementos da natureza. Há poucos
dias, ouvíamos maravilhados uma prece que Rigoberta Menchu formulava invocando "nossa
mãe a Terra, nosso pai o Sol e nossa vovozinha a Lua". Esse contato com a natureza
prossegue com aspersões de água perfumada com flores e plantas aromáticas, com
defumações do ambientes e das pessoas. Faz lembrar a nossa água-benta e os incensos do
altar, dos ministros sagrados e dos fiéis.

São preparações necessárias para a festa. Porque a festa mesmo será o encontro com os
Orixás através dos quais se realiza a experiência do encontro com Deus. Todos os presentes
são envolvidos, mesmo aqueles que são apenas visitantes e não fazem parte da comunidade
e não praticam a religião dos Orixás. A preparação chega ao fim com a oferta que se faz a
Exu. Ele é enviado como mensageiro para avisar os demais Orixás que tudo está preparado
para a chegada deles.

As filhas de santo formam um círculo e dão início à dança ritual da qual toda a assembléia
participa. O tempo se prolonga na dança e no canto. Inesperadamente algum Orixá se
manifesta. Toma posse de algum de seus filhos ou filhas que entra logo em transe. Continua
dançando, mas já não percebe o que acontece em derredor dele. Não vê, não escuta, não
sente: vive a maravilhosa experiência de comunhão com o seu Orixá e com Deus através dele.
Desta experiência, participam os demais presentes, cada qual a seu modo e em intensidades
diversas. Caberá ao dirigente da celebração - a mãe de santo na tradição yorubá - determinar
o momento de despedida dos Orixás e o fim da celebração. Antes, porém, haverá a
confraternização: primeiro a mãe de santo e suas filhas, em seguida todos os presentes
participarão do banquete dos orixás. As ofertas que foram feitas são agora distribuídas com
todos; para que todos, sem exceção, possam entrar em comunhão com o mundo invisível.

http://ospiti.peacelink.it/zumbi/afro/atab/cons03b.html

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1) Aponte as semelhanças entre a Fé africana e as grandes religiões monoteístas.

2) Qual o lugar e o sentido da celebração nos terreiros?

3) Como os antepassados são tratados? O que o culto aos antepassados recorda para a
nossa cultura marcada pela negação do passado?

4) Como a lembrança dos antepassados nos faz refletir sobre a questão do cuidado para
com a responsabilidade de sermos lembrados pelas nossas virtudes e responsabilidade
para com o futuro da vida de modo mais amplo?

5) Como a natureza é tratada simbolicamente pelos cultos africanos?

6) Como você olha esta tentativa de aproximação feita por um bispo cristão em relação à Fé
do candomblé?

A Fé dos terreiros, apesar de ser posta na marginalidade na vida social brasileira, é de


extrema riqueza teológica para o debate ecológico. Vale a pensa conhecê-la um pouco mais.

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U NIDADE 28

- PESQUISE na internet a relação que os Orixás têm com a natureza.

- Aponte, na pesquisa, os traços que os Orixás imprimem em seus filhos e como estes traços
são reconhecidos pela comunidade do terreiro.

- PESQUISE o lugar da natureza na vida da cultura africana.

Este roteiro de pesquisa será extremamente gratificante para você perceber quanta
beleza se esconde na cultura africana, tão próxima, e tão marginalizada, por mero
preconceito.

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Objetivo: Apresentar o Candomblé e a sua relação com a natureza.

O Candomblé é uma religião marcada pela presença da natureza – esta é a morada dos
orixás. Reginaldo Prandi escrevendo sobre as origens diz:

Na aurora de sua civilização, o povo africano mais tarde conhecido pelo nome de yorubá,
chamado de nagô no Brasil e lucumi em Cuba, acreditava que forças sobrenaturais
impessoais, espíritos, ou entidades estavam presentes ou corporificados em objetos e
forças da natureza. Tementes dos perigos da natureza que punham em risco constante a
vida humana, perigos que eles não podiam controlar, esses antigos africanos ofereciam
sacrifícios para aplacar a fúria dessas forças, doando sua própria comida como tributo que
selava um pacto de submissão e proteção e que sedimentam as relações de lealdade e
filiação entre os homens e os espíritos da natureza.

http://www.geocities.com/pwpercio/natureza.html

Aprofundando o objetivo acima disposto peço que acesse a página abaixo para desfrutar de
uma preciosa pesquisa sobre a relação do Candomblé com a natureza.

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf8/05.pdf

A pesquisa é fruto do trabalho de Antonio Giovanni Boaes e Rosalira dos Santos Oliveira .
Com o título Religiões afro-brasileiras e ética ecológica: ensaiando aproximações, os autores
abordam como estas percebem a natureza.

Todavia, estas religiões – que se aproximam da natureza, os seus fiéis nem sempre são
portadores de uma consciência ambiental. É o que diz os autores na página 94. Por isto
pergunto: como se dá esta incoerência?

Na página 98 é apresentada uma teoria de como as religiões africanas se interpretam


enquanto religiões em conexão com a natureza. Ora, como se deu este processo?

Em que medida a visão do filósofo Ferry contrariaria um movimento de pensar a necessidade


de volta ao sagrado conforme postulado por muitos que pensam a questão ecológica? Vide o
disposto na página 103.

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U NIDADE 30
Chegamos ao término de nosso estudo sobre a relação da teologia com o pensamento
ecológico. O nosso desejo e votos é que tenha aproveitado. Esperamos que horizontes
novos possam descortinar-se em sua vida. Que a aprendizagem não acabe por aqui.

Para terminar findar a nossa estada juntos peço que leia, de autoria de Reginaldo Prandi, o
final da História de Onilé!

Olodumare disse que cada um que habitava a Terra

pagasse tributo a Onilé,

pois ela era a mãe de todos, o abrigo, a casa.

A humanidade não sobreviveria sem Onilé.

Afinal, onde ficava cada uma das riquezas

que Olodumare partilhara com filhos orixás?

"Tudo está na Terra", disse Olodumare.

"O mar e os rios, o ferro e o ouro,

Os animais e as plantas, tudo", continuou.

"Até mesmo o ar e o vento, a chuva e o arco-íris,

tudo existe porque a Terra existe,

assim como as coisas criadas para controlar os homens

e os outros seres vivos que habitam o Planeta,

como a vida, a saúde, a doença e mesmo a morte".

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Pois então, que cada um pagasse tributo a Onilé,

foi a sentença final de Olodumare.

Onilé, orixá da Terra, receberia mais presentes que os outros,

pois deveria ter oferendas dos vivos e dos mortos,

pois na Terra também repousam os corpos dos que já não vivem.

Onilé, também, chamada Aiê, a Terra, deveria ser propiciada sempre,

para que o mundo dos humanos nunca fosse destruído.

Todos os presentes aplaudiram as palavras de Olodumare.

Todos os orixás aclamaram Onilé.

Todos os humanos propiciaram a mãe Terra.

E então Olodumare retirou-se do mundo para sempre

e deixou o governo de tudo por conta de seus filhos orixás.

Reprodução – Onilé

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Que a paz habite o seu coração para que ela possa habitar aqueles que cruzarem os seus
caminhos. Sucesso em seu trabalho!

Dirija-se á página On-line da ESAB e faça a Lista de EXERCÍCIOS II que


correspondem às unidades 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27,, 28, 29 e 30

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G LOSSÁRIO

Dividimos o Glossário da seguinte forma:

2. Termos mais usados na área;

3. Sites de obras clássicas (Dicionários) que estão disponíveis na Web e que você pode
consultar e baixar.

Vamos aos termos propostos:

Cristianismo e meio ambiente - “A ameaça do aquecimento global tem como causa cada vez
mais indesmentível um esquema produtivo com um uso intensivo de energia que não
assume os efeitos negativos e não promove um balanço entre as dimensões sociais,
econômicas e ambientais. E como a tradição judaico-cristã influi poderosamente no
pensamento e na espiritualidade do mundo ocidental promotor desse sistema de
desenvolvimento, ela também foi objeto de fortes críticas em relação à deterioração meio
ambiental. Em 1967, Lynn White, um cientista cristão, publicava na revista Science um artigo
chamado As raízes históricas da crise do meio ambiente, onde argumentava que o mandato
divino do Gênesis “frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a…”, foi interpretado
sob uma concepção do homem como dono e senhor, que enfrenta o seu entorno em uma
relação de antagonismo. Este argumento foi rebatido, mostrando que não é necessariamente
a vertente espiritual do Ocidente a causa do problema; mas sim um modelo social onde se
prima o materialismo. Desde então se instalou uma percepção de que o cristianismo não
mostra a mesma sensibilidade pelo meio ambiente que outras religiões e culturas.liberdade
de culto; e em 392, foi considerada a religião oficial do Império Romano (...)”.

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Continue lendo na Fonte: <<
http://miradaglobal.com/index.php?option=com_content&view=article&id=578%3Acristianism
o-y-medio-ambiente&catid=32%3Aecologia&Itemid=36&lang=pt>> acessado em 22 de set
2012.

Candomblé e meio ambiente: “(...) Divindades e meio-ambiente estão tão unidos, na visão do
candomblé, que não é possível haver culto sem a presença de elementos naturais,
especialmente, folhas(...) Os deuses do candomblé ketu, nação mais conhecida no Brasil,
são os orixás, que podem ser definidos como as forças da natureza. Eles se fazem perceber
em seus espaços e elementos sagrados, como rios, mares, matas, trovão e vento, pela
manifestação no omorixá (filho-de-santo), conhecida como incorporação, e pela comunicação
por meio do jogo de búzios. Nas festas e celebrações dos terreiros, cada orixá se manifesta
em seu devoto e se faz reconhecer pela dança, vestimentas e alimentos preferidos”.

Continue lendo na Fonte:


<<http://www.afroeducacao.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=101:a-
natureza-do-candomble&catid=20:reportagens&Itemid=90>> acessado em 22 de set 2012.

Budismo e meio ambiente: “(...)Os sentimentos tibetanos a respeito do meio ambiente se


baseiam inteiramente na religião. Eles se derivam de todo o modo de vida tibetano, não só
do budismo. Por exemplo, vamos considerar o budismo no Japão ou Tailândia, em meio
ambientes diferentes dos nossos. Suas culturas e suas atitudes não são as mesmas que as
nossas. O nosso meio ambiente único nos influenciou fortemente. Não vivemos em uma ilha
pequena e imensamente populosa. Historicamente, temos tido muito pouca ansiedade com
as nossas áreas imensas, pequena população, e vizinhos distantes. Não nos sentimos tão
oprimidos quanto as pessoas em outras comunidades humanas. (...)A preocupação com o
meio ambiente não é necessariamente santa, nem requer compaixão. Nós budistas

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expressamos a compaixão por todos os seres, mas esta compaixão não é necessariamente
estendida a cada pedra, ou árvore, ou casa. A maioria de nós está meio preocupada com
nossa própria casa, mas não somos realmente compassivos com ela. Mantemos a casa em
ordem para que possamos viver e ser felizes. Sabemos que para ter sentimentos felizes em
nossa casa devemos cuidar dela. Então, os nossos sentimentos podem ser de preocupação
em vez de compaixão (...)” Dalai Lama.

Continue lendo na Fonte: << http://www.dalailama.org.br/ensinamentos/ambiente.php>>


acessado em 22 de set 2012.

Espiritismo e meio ambiente: “É importante esclarecer que não é o planeta que está em
risco, mas a humanidade. Nós dependemos de água limpa, ar puro e solo fértil para
prosseguirmos aqui. Se não formos sábios e cuidadosos no uso inteligente e sustentável
desses recursos, pereceremos. Mas

a Terra seguirá em frente, e basta que uma pequena colônia de bactérias resista para que a
complexa “teia da vida” se reconfigure e restabeleça novamente um meio ambiente saudável
em outros bilhões de anos. A Doutrina espírita informa que o planeta está em evolução e
precisamos aprender que somos coresponsáveis pela vida no planeta. Há tempo para
mudarmos de atitude, mas esse tempo está se esgotando.” André Trigueiro.

Continue lendo na Fonte: << http://www.mundosustentavel.com.br/wp-


content/uploads/2011/05/entrevista_37.pdf>> acessado em 22 de set 2012.

Quanto aos sites de TEOLOGIA, vale a pena conferir:

No Scribd há o Glossário de Teologia Contemporânea – muito afinado com o termos e ideias


acerca do universo cristão de caráter ecumêmio, em:

<< http://pt.scribd.com/doc/19395656/GLOSSARIO-DE-TEOLOGIA-CONTEMPORANEA>>.
Acessado em 20 set 2012.

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No tangente a Teologia do Candomblé há um dicionário lançado pelas lideranças onde
poderás encontrar muitos termos da vivencia da referida fé, acesse:

<< http://ocandomble.wordpress.com/vocabulario-ketu/>> Acessado em 20 set 2012.

O pensamento Budista contêm várias tradições, escolhemos o Glossa´rio Budista da


Tradição Kadampa, acesse: << http://kadampa.org/pt/reference/glossrio-de-termos-
budistas>> Acessado em 20 set 2012.

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B IBLIOGRAFIA

Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link Bibliografia em sua
sala de aula, no site da ESAB.

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