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APRESENTAÇÃO

Parabéns! Você acaba de tomar talvez a mais importante decisão de sua vida,
determinando uma nova carreira profissional. Ao escolher a eletrônica como alvo de seus
estudos o aluno deve ter levado em conta muitos fatores, como por exemplo, o seu gosto
pessoal, o fato da eletrônica ser um ramo de atividade que está presente em todos os setores da
vida humana, mas principalmente pelo fato de poder ganhar dinheiro.
Como um técnico competente, abrindo seu próprio negócio o aluno certamente chegará à
sua independência financeira. É o que desejamos, e principalmente é o que visamos na orga-
nização de nosso curso.
Nossa ideia, ao programar as lições, é permitir que desde as primeiras instruções o aluno
já consiga fazer alguma coisa produtiva e, com isso, não só vá adquirindo alguma prática como
até já consiga ganhar algum dinheiro.
Nosso sistema de Aprenda Fazendo leva ao aluno a possibilidade de construir seus
próprios instrumentos de bancada, e de usá-los imediatamente diagnosticando defeitos em
muitos aparelhos. Mesmo como aluno ainda, já haverá condições de trabalhar em eletrônica.
Mas, é claro, ninguém aprende sem algum esforço. O sucesso de cada um não está só na
habilidade de aprender mais ou menos rapidamente. NINGUÉM NASCE SABENDO! Muitos
alunos talvez, encontrando dificuldades em entender alguma coisa nas lições, sejam tentados a
desistir. Não faça isso! A diferença entre aquele que tem sucesso e o que não tem está na
perseverança e não propriamente na inteligência, pois a inteligência é igual para todos nós!
Existem pessoas que precisam se concentrar mais ou ler mais vezes uma lição para
aprender. Se o aluno é uma dessas pessoas não deve simplesmente desistir dizendo "que não
dá para a coisa!”. Leia as apostilas tantas vezes quantas precisar para entender, e se mesmo
assim tiver dúvidas, não pare. Continue o curso, e mais adiante, na medida em que o curso
avança, voltando depois na lição que era difícil, ela lhe parecerá fácil. Quantas vezes na escola
primária você não achou difícil aprender a ler, e agora isso é a coisa mais natural do mundo...
Com a eletrônica é assim: é preciso dar tempo ao tempo. Não leia as apostilas uma única
vez, esperando que todos os conhecimentos nela contidos se transfiram para sua cabeça como
num passe de mágica. Leia-as de tempos em tempos para recordar ou simplesmente para se
divertir, vendo como aqueles assuntos que agora são tão naturais lhe pareceram tão difíceis.
Nunca desista, e em sua vida profissional procure estar sempre atualizado.
O segredo do profissional nos dias de hoje, em que a eletrônica muda a cada dia,
apresentando sempre novidades, é estar bem informado e usar essa informação em seu
proveito.
Sua primeira carga de informações, que é uma arma tão poderosa como sua habilidade,
inteligência e perseverança, está indo com este primeiro jogo de apostilas. Desistir no primeiro
"round" é sinal de covardia e sabemos que o nosso aluno, ao tomar a decisão de se tornar um
técnico, é um vencedor e um vencedor nunca esmorece no meio de uma luta. Lembre-se disso
quando sentir, no meio de uma lição, a fraqueza da vontade de desistir.
Toda ciência tem fundamentos e a eletrônica não é exceção. Não se pode aprender
Medicina sem conhecer Biologia, não se pode aprender Engenharia sem conhecer Matemática.
Assim, nas nossas primeiras lições começaremos com alguns assuntos que, inicialmente,
podem parecer sem muito interesse prático, mas que na realidade são muito importantes. As
teorias que daremos no início vão servir para explicar muitos fenômenos que ocorrem nos
aparelhos eletrônicos e o funcionamento de muitos componentes. Mesmo não vendo ainda para
que servem, estude, pois nas lições seguintes a sua importância ficará mais clara.
Nestas lições iniciais estudaremos a natureza da eletricidade e as correntes elétricas, além
dos efeitos que esta corrente pode ter e que serão aproveitados na construção de diversos
dispositivos elétricos e eletrônicos.

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ÍNDICE

INSTRUÇÕES PARA O ESTUDO ....................................................................... 3

1ª LIÇÃO TEÓRICA - MATÉRIA E ENERGIA ..................................................... 12

Introdução
A matéria
A constituição da matéria
O átomo
Íons, elétrons livres, condutores e isolantes

2ª LIÇÃO TEÓRICA - ENERGIA ELÉTRICA ....................................................... 25

Generalidades
Força eletromotriz e corrente elétrica
Unidades de corrente e tensão
Condutores e isolantes

1ª LIÇÃO PRÁTICA............................................................................................... 38

Introdução
Circuitos elétricos práticos Interruptores
Os estados dos circuitos

2ª LIÇÃO PRÁTICA............................................................................................... 49

A lâmpada incandescente
Combustão
O fusível
Execução de instalações elétricas

APRENDA FAZENDO N° 1 - TRABALHANDO COM CONDUTORES................. 57

Introdução
Fio nu para ligações
Fio esmaltado
Fios de ligação
Fio blindado
Fios (cabos) para alimentação

QUESTIONÁRIO ................................................................................................. 67

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INSTRUÇÕES PARA O ESTUDO

Parabéns pelo seu ingresso na grande Família Monitor. A partir de agora um grupo de
funcionários estará à sua disposição para dar a você o melhor atendimento e ensino
comprovadamente eficiente pelos longos anos de atividade de nossa escola.

No decorrer do curso você obterá conhecimentos teóricos e práticos que vão torná-lo um
profissional apto a ocupar uma posição de destaque nessa área tão importante e concorrida, que
é a Eletrônica.

Para que você tire o máximo proveito do curso, siga a orientação que damos a seguir.

1 - Estude em ordem

Nosso curso foi elaborado por especialistas, de tal modo que a disposição da matéria é
feita em ordem rigorosamente didática. Cada lição apresenta os conhecimentos necessários à
assimilação da seguinte. Isso significa que elas devem ser estudadas em seqüência. Muitas
vezes uma determinada lição não é bem compreendida, justamente porque a anterior havia sido
mal estudada, ou nem sequer lida. A orientação do curso, como dissemos, é tal que cada lição
prepara o caminho para a seguinte, explicando fatos que serão utilizados posteriormente.

ESTUDE COM ORDEM!

O nosso Curso Prático de Eletrônica compõe-se de lições teóricas e lições práticas.

De um modo geral, devem ser estudadas sempre em primeiro lugar as lições teóricas,
vindo a seguir as lições práticas. Isso não quer dizer que as lições teóricas sejam mais
importantes que as lições práticas, mas sim que a compreensão das lições práticas se torna
mais fácil quando estudadas após as lições teóricas.

Sugerimos, para a perfeita organização de seus estudos, guardar os fascículos em pastas


à medida que os for estudando, Muitas vezes pode acontecer que, numa lição do fim do curso,
se faça referência a assunto explicado em lições iniciais, ao procurá-la frequentemente o aluno
verifica que a perdeu ou esqueceu em algum lugar. Ficará, com isso, prejudicada a
compreensão da lição em que foi feita a referência.

2 - Pense enquanto estuda

Só há um modo de aprender alguma coisa: pensando, em cada página das lições você
encontrará vasta quantidade de coisas para pensar.

Procure encarar o assunto em foco sob um ponto de vista diferente daquele que está nas
lições, isto é, procure explicá-lo com suas próprias palavras. Compare ambos os pontos de vista
e tire suas conclusões.
3
Não se contente em simplesmente ler a lição. Reflita enquanto estuda, procurando os
"porquês" de cada coisa. Com isso terá certamente facilitados seus estudos futuros. Poderão
surgir, com esse modo de estudar, algumas dúvidas: os professores do Instituto Monitor terão o
máximo prazer em solucioná-las, pois as dúvidas indicam que o raciocínio está alerta.

3 - Preste atenção no que lê

Ao iniciar o estudo de algum assunto novo, concentre nele todo o seu pensamento,
procurando eliminar qualquer interferência de assuntos estranhos.

Começando com a lição, leia palavra por palavra, procurando entender o significado de
cada frase. Não passe por cima de nenhum parágrafo. Se, depois de ler repetidas vezes um
trecho ainda não o entender, assinale-o (com uma cruz) em seu início, ou sublinhe-o,
continuando normalmente seus estudos. Terminando a lição, releia o trecho obscuro que, muito
provavelmente, será então entendido com maior facilidade.

Não é necessário decorar as lições: procure apenas entender o conteúdo, até ter uma
visão clara do assunto explicado. Procure compreender bem o "porquê" de cada fato. Somente
depois de julgar a matéria suficientemente compreendida, tome a folha do questionário
correspondente e responda as questões nela existentes, ou faça o trabalho prático e confira-o
com o gabarito do fascículo seguinte.

4 - Escolha boas condições para o estudo

Para poder concentrar-se convenientemente você não pode ser perturbado. Se possível,
aproveite as horas de maior tranqüilidade para estudar.

Escolha um local sossegado, não importa qual seja, para estudar. Mesmo uma mesa de
cozinha serve, bastando para isso que esteja arrumada, pois a desordem distrai a atenção.
Estude com regularidade, uma ou duas horas por dia, seis dias por semana. Evite o acúmulo de
lições para estudar, pois quanto maior for seu número, menor será a vontade de estudá-Ias.

A iluminação e a ventilação do local de estudo devem ser boas. Esses pormenores são
muito importantes, embora não o pareçam. A luz deve vir por trás e do lado esquerdo, se
possível.

5 - Uso adequado dos impressos

Nunca use as folhas de exame para outras finalidades, como aviso de pagamento,
mudança de endereço, consultas, etc. Para isso é que servem as cartas, as folhas de consulta e
somente estas poderão ser usadas pelos nossos alunos para esses fins.

Vejamos, agora, como devem ser resolvidas as questões propostas nos questionários.

6 - Resolução dos questionários e das folhas de trabalhos práticos

Para avaliação do seu aproveitamento, existem os questionários e os trabalhos práticos.


Proceda da seguinte maneira, para executá-los:

a) Questionários

Nesses questionários você encontrará proposições referentes às lições teóricas do


fascículo correspondente. Assim, no fascículo 1, virão as questões correspondentes às lições
teóricas n°1 e n°2; no fascículo 2 virão as questões teóricas correspondentes às lições n° 3 e n°
4
4, etc.

Essas questões consistem numa proposição ou pergunta com quatro alternativas ou


respostas, das quais apenas uma é a correta. O aluno, após ler a questão, deverá assinalar a
resposta correta na folha de resposta que acompanha cada questionário.

Para exemplificar: suponhamos que a primeira questão do primeiro questionário seja a


seguinte:

1) Em torno do núcleo do átomo giram partículas dotadas de cargas elétricas negativas,


denominadas:

a) prótons

b) elétrons

c) nêutrons

d) moléculas

Ora, analisando a primeira lição teórica, está bem explicado que "o átomo consiste numa
estrutura formada por um núcleo centrai em que existem partículas denominadas prótons e
nêutrons, em torno das quais giram partículas denominadas elétrons".

Isso significa que a alternativa correta para esta questão é a correspondente à letra b, ou
seja, "elétrons".

Assim, na respectiva folha de respostas desse questionário, o aluno deverá assinalar a


alternativa b para a questão 1. Isso será feito marcando-se um X no quadrinho correspondente à
segunda coluna, ou seja, coluna B, na linha correspondente à questão 1.

Na figura 1 temos ilustrada a folha de respostas, mostrando o quadrinho que deve ser
assinalado para este caso.

Analogamente deve proceder na resolução das outras questões. Deste modo poderemos,
por exemplo, ter: para a questão 2, alternativa D, o que corresponderia à quarta coluna; para a
questão 3, alternativa A, o que corresponderia à primeira coluna, etc.

Tudo se passa como se cada questão correspondesse a um jogo de loteria esportiva em


que pudessem ocorrer 4 resultados diferentes: coluna 1, correspondendo à alternativa A; coluna
2, correspondendo à alternativa B; coluna 3, correspondendo à alternativa C; e coluna 4,
correspondendo à alternativa D.

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Fig. 1

Devemos, entretanto, observar que para qualquer questão existe somente uma alternativa
correta, o que significa que não serão aceitos "palpites" duplos, triplos ou quádruplos. Apenas
um quadrinho correspondente a cada questão deve ser preenchido.

Completada a resolução de todas as questões, não se esqueça de colocar, no local


apropriado, seu nome completo e número de matrícula com letra bem legível, sendo que tudo
deve ser feito à tinta e nunca a lápis.

Uma vez preenchidas as folhas correspondentes às questões teóricas, elas deverão ser
enviadas ao Instituto Monitor para que sejam corrigidas e devidamente classificadas.

As respostas que nos enviar serão a base de nossa orientação sobre o aproveitamento que
está tendo nos seus estudos, permitindo-nos corrigir em tempo as eventuais falhas no seu
aprendizado.

Nunca use as folhas de exame para outras finalidades, como aviso de pagamento,
mudança de endereço, consultas, etc.

b) Folhas de trabalhos práticos

Nesses trabalhos, algumas vezes você terá que completar os diagramas, ligando
componentes, ou então desenhar todo o diagrama, de acordo com o que foi solicitado.

Para isso recomendamos que a resolução dessas questões seja inicialmente feita a lápis,
de modo a permitir sua correção pelo próprio aluno, em caso de erro.

Para resolução das questões propostas siga esta orientação:

Em primeiro lugar leia com bastante atenção as questões formuladas nessas folhas,
tentando em seguida interpretá-Ias, ou seja, explicar seu significado, preferivelmente em voz
alta.

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Exemplificando: você poderá encontrar na primeira folha prática um problema como o
seguinte:

1) Completar as ligações entre a tornada, a lâmpada e o interruptor, de modo a obter o


funcionamento normal do circuito.

A interpretação pelo aluno poderia ser mais ou menos a seguinte:

"A corrente elétrica, proveniente da tomada, deve passar por um primeiro condutor
diretamente à lâmpada. A corrente atravessa a lâmpada pelo seu filamento, saindo pelo terminal
correspondente. Deve, então, seguir até um dos terminais do interruptor. Do outro terminal do
interruptor, a corrente deve voltar à tomada, para se completar deste modo o circuito. Portanto,
quando a chave estiver ligada (seus dois polos em contato), a corrente passará da tomada, por
um dos condutores, até a lâmpada, atravessando-a e fazendo-a acender. Depois disso, a
corrente chegará até o interruptor e de lá voltará à tomada". Portanto, as ligações devem ser: a)
um condutor que vai da tomada a um dos terminais da lâmpada; b) um condutor que vai do outro
terminal da lâmpada a um dos terminais do interruptor; c) um condutor que vai do outro terminal
do interruptor de volta à tomada.

Assim o aluno, por meio de linhas contínuas a lápis, deve desenhar na folha de trabalhos
práticos essas ligações entre os componentes correspondentes, conforme mostra a figura 2.

Seguindo o processo que acabamos de indicar, isto é, tratando de descrever em voz alta
todas as ligações, o aluno será capaz de "ler" os circuitos e compreendê-los com facilidade.
Essa compreensão e interpretação exata dos circuitos virão facilitar enormemente a sua
execução prática. O aluno talvez não note, de princípio, a grande importância que têm tais
interpretações, pois os diagramas e desenhos iniciais são de configurações bastante simples.
Quando, porém, mais adiante, formos tratar de circuitos formados por dezenas de componentes,
a importância dessa "leitura" se manifestará claramente, pois os alunos que não se
acostumarem a ela se verão completamente impossibilitados de compreendê-los, ficando
perdidos. Após ter certeza de que fez tudo certo, passe a tinta azul (nunca use tinta vermelha!).

Não é preciso remeter os trabalhos práticos para correção. Você próprio deverá corrigir os
trabalhos práticos, através do gabarito que fornecemos no fascículo seguinte.

7 - Como utilizar-se do Departamento de Consultas

Ao formular as consultas, lembre-se de que estas devem conter todas as informações


necessárias para que possamos dar-1he uma resposta satisfatória. Para isso, utilize a folha
própria para consultas que receberá juntamente com as lições, devendo preenchê-la conforme
se segue.

Trata-se das folhas de consultas, que deverão ser usadas somente para o esclarecimento
de dúvidas que digam respeito aos assuntos ministrados nas lições de nosso curso. Perguntas
ou pedidos de informações sobre assuntos gerais referentes ao curso deverão vir em
correspondência à parte.

7
Fig. 2

Para essas consultas, pedimos que estude primeiramente a lição com bastante cuidado. É freqüente nos
solicitarem esclarecimentos sobre assuntos cuja explicação se acha nas próprias lições. Só depois de certificar-se de
que estas realmente não trazem a explicação pedida é que você deve dirigir-se ao Instituto.

Pode ocorrer, também, que as explicações pedidas estejam em lições posteriores àquela que está
estudando. Neste caso, o

Instituto poderá deixar de lhe responder, justamente porque o assunto será naturalmente tratado em lições
futuras.

O aluno deverá sempre utilizar as tolhas (fig. 3) especialmente elaboradas para as consultas, nunca
esquecendo:

a) Seu nome completo e número de matrícula.

b) O número da lição e a página do fascículo em que ela se localiza.

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Fig. 3

c) No espaço correspondente, TEXTO DA CONSULTA, explique de maneira bem objetiva a


dúvida encontrada, usando o mínimo de palavras possível. Não utilize o verso da folha para
nada!

A resposta à consulta será dada diretamente na folha, no espaço destinado a isso, que o
aluno em hipótese alguma deve ocupar, sendo-lhe devolvida pelo correio.

Outras recomendações importantes:

1 - Em toda correspondência que enviar ao Instituto Monitor, indique seu nome completo e
o número de sua matrícula.

2 - Qualquer mudança de endereço deve ser comunicada imediatamente, para que não
haja extravio de correspondência.

3- O Instituto Monitor procura dar o melhor atendimento aos seus alunos. Eventualmente,
porém, pode acontecer de não seguir um fascículo na seqüência correta, ou mesmo ocorrer seu
extravio. Nesse caso, comunique-se conosco, informando o número do fascículo que não
recebeu, para que possamos enviá-lo com toda a rapidez.

CRITÉRIO PARA A NUMERAÇÃO DAS LIÇÕES E ILUSTRAÇÕES

A fim de facilitar uma apresentação racional e uniforme da matéria e ainda possibilitar uma
rápida localização de qualquer assunto abordado, bem como das ilustrações, adotamos um
critério que julgamos importante o aluno conhecer.

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Numeração das Lições Teóricas

Cada fascículo contém duas lições teóricas: cada uma é formada por diversos itens cuja
numeração obedece ao seguinte critério: são adotados dois números separados por um ponto,
sendo o primeiro número indicativo da lição em que se encontra o item e o segundo número
indicativo do próprio item.

Exemplos:

- se nos referirmos ao item 3.6, estaremos falando da terceira Lição Teórica, item 6.

- se nos referirmos ao item 7.2, estaremos falando do segundo item da sétima Lição
Teórica.

Numeração das Lições Práticas

Cada fascículo contém duas lições práticas, sendo cada uma formada por diversos itens,
cuja numeração obedece ao seguinte critério: adotamos a letra P seguida de dois números
separados por um ponto; a letra P indica que nos referimos a uma Lição Prática; o primeiro
número refere-se à lição em que se encontra o item e o segundo é o número do item
propriamente dito.

Exemplos:

- se nos referirmos ao item P3.2, estaremos falando do segundo item da Lição Prática
número 3.

- se nos referirmos ao item P6.8, estaremos falando do oitavo item da Lição Prática número
6.

Numeração das ilustrações

Para as ilustrações adotaremos sempre dois números separados por um ponto, sendo o
primeiro indicativo da lição em que ela se encontra (prática ou teórica) e o segundo indicativo do
número da própria dentro da lição.

Exemplos:

- se nos referirmos à figura 3.14, estaremos falando da 14ª figura da Lição Teórica 3.

- se nos referirmos à figura P7.1 0, estaremos falando da décima figura da Lição Prática
número 7.

É importante usar nas suas consultas o código que explicamos e a página do fascículo,
assim fazendo estará facilitando nosso Departamento Técnico e, com isso, o aluno ganhará,
pois em menor tempo receberá a resposta e terá sua dificuldade esclarecida.

Numeração do "Aprenda fazendo"


Cada fascículo traz uma lição da série de treinamento que denominamos Aprenda Fazendo.
São lições muito importantes para a profissionalização, pois é através delas que os alunos
executam tarefas práticas de bancada, que permitem adquirir a prática necessária na soldagem de
componentes, identificação e instalação de bobinas, capacitores, resistores, transistores, enfim, todos os
componentes usados nos diversos equipamentos eletrônicos.

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O Instituto Monitor não envia os componentes para esse treinamento, devendo o aluno
aproveitá-los de aparelhos não mais em uso ou adquiri-los em casas especializadas.
Como as demais lições, os itens são numerados por A. mais o número da lição, mais o
número do item, assim, por exemplo, A1, 1 é Aprenda fazendo 1, item 1, Da mesma forma serão
numeradas as ilustrações, As do Aprenda Fazendo 2, por exemplo, serão numeradas A2.1,
A2.2, A2.3, etc.
COMO REMETER FOLHAS DE RESPOSTAS OU DE CONSULTAS
O Instituto procura facilitar tudo para o aluno; assim, para remeter as folhas de respostas
ou de consultas, não há necessidade de envelope, pois elas, convenientemente dobradas, o
substituem.

Depois de preenchida, nunca, esquecendo dos elementos solicitados, principalmente seu


número de matrícula e nome, dobre a folha pelas linhas pontilhadas, conforme ilustrado nas
figuras 4-1 e 4-2.
Passe um pouco de cola — não exagere, para não inutilizar a folha — na pequena aba e
cole-a pelo lado de fora (fig. 4-3).
Preencha o retângulo externo, reservado ao remetente, com seu nome e endereço
completos.
Dessa forma você tem o envelope que, depois de selar, enviará ao Instituto pelo Correio,
envie-nos periodicamente as folhas de respostas para a devida avaliação.

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1 ª Lição Teórica

MATÉRIA E ENERGIA
1.1 - INTRODUÇÃO
Utilizamos a eletricidade em quase todos os setores de nossas atividades. Quando
acionamos o interruptor que acende a luz de nosso quarto, quando apertamos o botão do
controle remoto de nosso televisor, quando usamos o som de nosso carro ou quando vamos a
um banco ou repartição e consultamos um computador, estamos aproveitando as facilidades
que a eletricidade traz para a vida moderna.
Quando falamos eletricidade estamos nos referindo a todas as comodidades que esta
forma de energia nos proporciona. No entanto, a evolução do conhecimento do homem passou a
separar as aplicações de um determinado tipo, criando novas ciências como a eletrotécnica,
eletrônica, informática, telecomunicações. Nosso curso, portanto, destina-se a preparar o aluno
para trabalhar numa das mais promissoras áreas do estudo da eletricidade, a eletrônica.
Mas para entender a eletrônica temos de começar "do começo", ou seja, pela eletricidade,
e é isso justamente que veremos nas nossas primeiras lições, com um direcionamento especial
para a sua atividade, aquela a que o aluno pretende se dedicar e dela tirar seu sustento ou
algum rendimento adicional.
O fato é que, de tanto usarmos a eletricidade em nossa vida diária, ela passou a ser um
elemento tão constante de nossa existência que não só sentimos bastante sua falta, quando isso
ocorre, como também raramente nos damos ao trabalho de raciocinar profundamente sobre sua
natureza, a não ser quando somos obrigados a isso.
A maior parte da eletricidade com que tomamos contato em nossas atividades diárias é de
origem "artificial", ou seja, produzida pelo homem em usinas hidroelétricas, termoelétricas ou
atômicas, ou ainda "fornecida" por dispositivos especiais a partir da energia liberada em reações
químicas, como ocorre com as pilhas, o que nos leva a reter firmemente a ideia de eletricidade
como algo artificial por natureza, descoberto pelo homem e que só pode manifestar-se com sua
ajuda.
Pelo uso constante da eletricidade produzida artificialmente, é evidente que as ma-
nifestações com que estamos acostumados são realmente da eletricidade produzida pelo
homem, mas devemos notar que estas manifestações não são absolutamente as únicas
possíveis e nem sequer as mais espetaculares.
Observando um raio num dia de tempestade, por exemplo, vemos um tipo de manifestação
elétrica que não é provocada pelo homem. Percebemos neste momento a existência de um tipo
de eletricidade que não e gerada pelo homem.
Resumindo: Apesar de a maior parte da eletricidade com que estamos acostumados ser
de origem artificial ela não é o único tipo que existe; na realidade, a natureza pode manifestar
eletricidade em grande escala, como no caso de uma descarga entre uma nuvem e o solo, num
dia de tempestade (raio).
Continuando nossa análise, vemos também que a eletricidade não precisa, necessari-
amente, estar ligada a objetos especiais como tomadas, fios, metais ou postes para manifestar-
se, pois nas nuvens não existe nada disso.
Isto significa que a eletricidade pode manifestar-se praticamente em todos os corpos,
independentemente de sua natureza alertando-nos para o fato de ser aquilo que chamamos de
eletricidade algo próprio a todos os corpos e não alguma coisa que só pode manifestar-se em
condições e materiais especiais, como nos metais
Resumindo: A eletricidade pode manifestar-se em qualquer corpo, independentemente de
sua natureza, desde que para isso, sejam criadas condições especiais de que trataremos em
lições futuras.
Na procura de uma explicação para a natureza da eletricidade, o que necessitamos para
poder dominá-Ia e aplicá-Ia em coisas que nos sejam úteis, devemos estudar a própria natureza
do mundo em que vivemos.

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1.2 – A MATÉRIA

Chamamos matéria a tudo aquilo de que são formados os corpos. São matérias os corpos
sólidos (como o ferro), os corpos líquidos (como a água) e os corpos gasosos (como o ar que
respiramos).
Pelo fato de serem materiais, todos esses corpos que fazem parte de nosso mundo
manifestam propriedades especiais, que são propriedades que caracterizam a matéria. Assim, a
matéria apresenta a propriedade de ter massa e ocupar lugar, o que significa que todos os
corpos, por menores que sejam, sempre pesam alguma coisa e ocupam algum lugar definido no
espaço. Não podemos colocar dois objetos no mesmo lugar ao mesmo tempo; quando
enchemos uma garrafa de água submergindo-a num tanque, o ar contido em seu interior sai
borbulhando, porque o ar e a água, sendo corpos materiais, não podem ocupar, ao mesmo
tempo, o volume da garrafa. Quando um entra, o outro tem de sair (fig. 1.1).

Observando a natureza, vemos que existem muitos tipos diferentes de matéria: uma casa é
diferente de uma arvore que, por sua vez, é diferente dos móveis de nossa sala, que também
são diferentes do papel em que é impressa esta edição. Existem, portanto, diversos tipos de
matéria, formando os diferentes corpos. Esses tipos de matéria recebem o nome de substancias,
e para estudá-las, devemos dividi-las em duas categorias principais:

Substâncias simples

Chamamos de substâncias simples aquelas que não podem ser decompostas em outras,
por qualquer processo químico. Em palavras mais simples, podemos triturar, moer ou fundir o
ferro sem que, com isso, obtenhamos outra coisa que não seja ferro. O ferro é, portanto, uma
substância simples, porque não pode ser dividido em outras; o ferro é feito somente de ferro. O
mesmo não ocorre cem as substâncias chamadas compostas.

Substâncias compostas

Chamamos de substâncias compostas àquelas que podem ser decompostas em outras


mais simples por processos químicos diversos.
Na Natureza, a grande maioria das substâncias é do tipo composto, podendo, portanto ser
separadas em substâncias mais simples, apesar de que nem sempre o processo segundo o qual
isso é feito é fácil de ser reproduzido. O sal de cozinha, conhecido quimicamente como cloreto de
sódio (por ser formado por cloro e sódio - NaCl), pode ser separado em cloro e sódio por um
processo elétrico. A soda cáustica pode ser separada em sódio, hidrogênio e oxigênio, pois é
formada desses três materiais diferentes; sua fórmula é NaOH.

Nota: A água, por exemplo, é uma substância composta porque pode ser decomposta em
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oxigênio e hidrogênio que são os dois gases de que ela é formada. Os químicos indicam que a
água é uma substância composta representando-a pelas duas substâncias simples de que é
formada, de um modo que indica a proporção em que essas substâncias entram na sua
composição. H2O significa, pois, que a água é formada por duas partes de hidrogênio (H) para
cada parte de oxigênio (O).

Misturas
Se misturarmos um punhado de serragem (pó de madeira) com limalha de ferro (pó de
ferro), estaremos diante de um tipo de matéria que não se enquadra nas duas categorias já
estudadas. O mesmo ocorrerá se tentarmos analisar um copo de água com sal.
No primeiro caso teremos, aparentemente, uma única substância formada por serragem e
ferro (substância composta), mas não é na realidade uma única substância que temos, pois ela
pode ser separada facilmente por meios comuns, não químicos: aproximamos um ímã e ele
atrairá somente o ferro. No caso da água e sal, temos realmente uma mistura, pois podemos
separar o sal da água com certa facilidade. Bastará que se deixe a água evaporar e o sal ficará
no copo.
As misturas são, na realidade, formadas por substâncias diferentes, não se constituindo,
portanto, numa única; daí poderem ser separadas com certa facilidade, enquadrando-se numa
categoria de matéria diferente, porque podemos separá-Ias em substâncias simples ou
compostas.
ANALOGIA ENTRE A ELETRICIDADE E A ÁGUA
Podemos ilustrar o que foi dito com uma comparação interessante para que o aluno fixe bem a diferença entre substâncias simples e
substâncias compostas.
Se triturarmos um rochedo, só teremos pedras, o que quer dizer que o rochedo só é feito de um material básico. O rochedo representa,
analogicamente, uma substância simples. São substâncias simples o ferro, o oxigênio, o alumínio, etc. Se demolirmos uma casa, tere-
mos telhas, vigas, tijolos, etc., o que mostra que a casa é feita de diversos tipos de matéria. A casa representa, comparativamente,
uma substância composta. São substâncias compostas a água, o sal, a madeira, a ferrugem, etc.
Quantos tipos de "tijolos" emprega a Natureza para construir todas as coisas que nos cercam? Observando, vemos que existem
milhões de formas diferentes de matéria. Milhões são os objetos diferentes que conhecemos. Simplesmente observando os objetos em
volta, o aluno pode enumerar centenas de coisas diferentes, feitas com matéria de natureza diferente.
Será que cada uma daquelas substâncias que podemos identificar nos objetos que nos rodeiam representa uma forma diferente de
matéria, ou simplesmente matéria composta formada por partes simples, que sempre se repetem, mas em proporções diferentes?
Perguntando de modo diferente: será que a Natureza possui uma enorme variedade de "tijolos" (substâncias básicas) com que
constrói todas as coisas do Universo, ou será que todas as coisas do Universo são construídas com um número relativamente pequeno
de tipos de material básico?
A segunda alternativa, apesar de parecer improvável para alguns, é a correta. Todas as coisas conhecidas são construídas pela
Natureza a partir de um número limitado de substâncias, que se combinam de modo diferente. Quando essas substâncias básicas
aparecem isoladas, temos as formas de matéria correspondentes às substâncias simples. Quando essas substâncias básicas aparecem
combinadas, temos as formas de matéria correspondentes às substâncias compostas.
Essas substâncias simples, esse tipo de matéria básica, a partir das quais são feitas todas as outras, recebem o nome de elementos,
sendo conhecidos na Natureza 92 deles. Existem, portanto, 92 elementos naturais, algumas dezenas de outros que o homem
conseguiu de modo artificial, em reatores atômicos, como o plutônio, de modo que entre naturais e artificiais, são 105 elementos
diferentes. São elementos: o ferro, o oxigênio, o hidrogênio, o sódio, o cloro, etc.
Os químicos adotam um símbolo cada elemento, através do qual é possível escrever a fórmula de qualquer tipo matéria conhecida
(simples ou composta) fórmula que expressa os elementos de que ela é feita e a proporção em que entram formação.
Na parte referente a "INFORMAÇÕES ÚTEIS" desta lição (pág. 24), o aluno terá uma tabela contendo todos os elementos químicos
conhecidos com seus símbolos e outras informações importantes sobre sua natureza.
Aparentemente estas informações parecem não importar para quem trabalha com eletrônica, mas, conforme ficará no decorrer do
curso, muitos componentes eletrônicos são baseados em substâncias até mesmo raras, e são citados por elas como, por exemplo, as
células de Sulfeto de Cádmio (CdS), os LEDs de Arseneto de Gálio (G e muitos outros.

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Resumindo: Substâncias simples ou elementos: não podem ser decompostas em
substâncias mais simples, pois são os "tijolos" mínimos com que a Natureza constrói as coisas
(sólidas, líquidas ou gasosas). São exemplos de substâncias simples o ferro, oxigênio, o mer-
cúrio, etc.
Substâncias compostas: podem ser "desmanchadas" em substâncias simples, pois são
feitas de "tijolos" diferentes, mais simples, que podem ser separados. A água pode ser em
hidrogênio e oxigênio, que são os elementos que a compõem. Exemplo de substâncias
compostas: água, gás carbônico, sal, ferrugem, papel, etc. Número de elementos conhecidos:
são 92 elementos diferentes, naturais, com que a Natureza constrói todas as coisas conhecidas:
somando-se a esses elementos naturais os artificiais, temos um total de 105.
Quando o hidrogênio se une ao oxigênio para formar a água, esses dois elementos, que
em condições normais são gases, aparentemente perdem todas as suas propriedades e passam
a se comportar de modo completamente diferente, dando origem a uma substância que
normalmente aparece em estado líquido (em condições também normais). De que modo se
processa a união de dois tipos de matéria, em que ambas perdem sua individualidade, formando
algo inteiramente diferente?
Para compreendermos como isso ocorre, teremos que nos aprofundar ainda mais no
estudo da constituição da matéria, verificando o que diferencia os elementos, o que cada "tijolo"
da Natureza tem de diferente.

1.3 - A CONSTITUIÇÃO DA MATÉRIA

Realizemos uma experiência imaginária com uma pequena barra de ferro, que sabemos
ser formada por uma espécie de matéria que não pode ser decomposta numa forma mais
simples (o ferro representa uma substância simples).
Se dividirmos a barra de ferro ao meio, ainda teremos dois pedaços que manterão as
propriedades que os caracterizam como ferro. Em outras palavras: ainda teremos dois pedaços
de ferro. Se pegarmos uma das metades assim obtida e a dividirmos ao meio ainda teremos dois
pedaços de ferro. Poderemos seguir dividindo cada metade restante ao meio e sempre teremos
pedaços que manterão as propriedades que caracterizam o ferro, se bem que de tamanho
progressivamente reduzido. Será que podemos continuar dividindo indefinidamente cada metade
da barra ao meio que sempre teremos pedaços de metal que ainda serão ferro? Será que
podemos obter um pedaço de ferro tão pequeno quanto nossa imaginação possa alcançar
(fig.1.2)?

Fig. 1.2

Isso não é possível. Em determinado instante, mesmo que tivéssemos ferramentas


especiais capazes disso, estaríamos diante de uma metade de ferro tão pequena que não a
poderíamos cortar ao meio sem que ela viesse a perder o que tem de fundamental: ser ferro. Se

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cortássemos ao meio aquela partícula mínima de ferro, simplesmente não obteríamos duas
metades de ferro. O ferro deixaria de ser ferro.
Essa experiência naturalmente não pode ser feita na prática, porque não temos meios
fáceis de obter uma partícula de ferro isolada tão pequena quanto a que seria necessária para
que isso pudesse ser feito. Entretanto, temos meios de realizar experiências equivalentes em
reatores atômicos que provam que o fato de existir uma partícula mínima de ferro, além da qual
não podemos ir, é verdadeiro.
O que prova de interessante esta experiência?
Essa experiência mostra que a matéria de que é formada uma substância simples não é
contínua, mas sim formada por "grãos" extremamente pequenos que não podemos cortar sem
que ela perca suas propriedades. Existe um "grão" mínimo de ferro que não pode ser cortado ao
meio sem que o ferro deixe de ser ferro. Do mesmo modo existem "grãos" mínimos para o
cobre, para o oxigênio, para o cloro, enfim, para todas as substâncias simples.
Esses "grãos" mínimos de que são formadas as substâncias simples recebem o nome de
átomos. Átomos são, pois, as menores partículas de matéria, as unidades mínimas de matéria
que não podemos dividir sem que a matéria perca o que de mais importante tem: as
propriedades que a caracterizam.
As substâncias compostas, ao contrário, como são feitas a partir de diferentes elementos,
são constituídas de diferentes tipos de átomos. Quando temos uma substância como a água,
que é feita a partir da união de átomos de hidrogênio e de oxigênio, não temos um átomo de
água, mas sim o que chamamos de molécula de água. As substâncias compostas são feitas de
moléculas como unidades mínimas e as moléculas são feitas de átomos (fig. 1.3).

Fig. 1.3

Resumindo: Existe uma partícula mínima de matéria para qualquer corpo que não pode
ser dividida ao meio sem que perca suas propriedades. Chega o momento em que temos uma
partícula tão pequena que não pode mais ser cortada ao meio. Essa partícula mínima recebe o
nome de átomo. Para cada um dos elementos conhecidos temos um átomo diferente.
As substâncias compostas são formadas pelo agrupamento de átomos, de modo que a
unidade mínima das substâncias compostas não é o átomo propriamente, mas sim seu
agrupamento, que recebe o nome de molécula. Não podemos cortar ao meio a molécula de uma
substância sem que ela perca suas propriedades.
Na Natureza podemos ter, então, corpos formados por átomos de um único tipo, como o
ferro, o cobre, o hidrogênio, o cloro, que são substâncias simples; podemos ter corpos formados
por moléculas com dois tipos de átomos, como a água, por três tipos de átomos, como a soda
cáustica, e até muitos tipos diferentes, como as moléculas de determinadas substâncias orgâni-
cas que são formadas por milhares de átomos numa disposição muito complexa.

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Diga-se de passagem, que o conhecimento da maneira como podemos unir as moléculas e
átomos entre si para formar outras moléculas permite a obtenção em laboratório, de modo
artificial, portanto, de uma grande quantidade de substâncias diferentes, como medicamentos,
plásticos, corantes, detergentes, materiais para novos componentes eletrônicos, etc. (A Química
é a ciência que estuda as transformações que podemos fazer nas substâncias de modo a obter
novas substâncias).
Tendo chegado ao átomo, não atingimos ainda nossa meta, que é a eletricidade.
Estudando a natureza da matéria, até suas menores partículas, ainda não nos deparamos
com a eletricidade em si, mas não estamos longe disso. Nosso próximo passo será dado com o
estudo do próprio átomo.
1.4 - O ÁTOMO

A Ciência moderna conseguiu estudar em pormenores a partícula mínima da matéria, que


é o átomo, encontrando na sua estrutura explicações para fenômenos importantes, a exemplo
do modo como as substâncias podem combinar-se, fenômenos de desintegração da matéria e
fenômenos relacionados à eletricidade - que nos interessam especificamente neste Curso.
Estudando o átomo, verificamos que ele consiste numa estrutura que, para efeitos de
estudo, pode ser comparada à do nosso Sistema Solar (na verdade existem diferenças que têm
interesse maior apenas num estudo mais profundo). Como o aluno deve saber, o Sistema Solar
é formado por um astro central, o Sol, em torno do qual giram os planetas em diferentes órbitas.
A Terra é um desses planetas, como mostra a figura 1.4.
O átomo, semelhantemente, constitui-se numa partícula central principal chamada
NÚCLEO, em torno do qual giram em grande velocidade partículas menores chamadas ELÉ-
TRONS (fig. 1.5).
Observação: O aluno deve considerar a comparação (analogia) entre o Sistema Solar e o
átomo até o ponto de fazer uma ideia geral da estrutura dessa partícula, já que, analisando mais
profundamente as duas estruturas (como já dissemos), temos diferenças: enquanto no átomo os
elétrons giram em todos os planos possíveis, no Sistema Solar os planos das órbitas são bem
definidos.
Analisando o núcleo do átomo verificamos que ele, por sua vez, é formado por dois tipos
de partículas principais, denominadas PRÓTONS E NÊUTRONS.

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Resumindo: Temos deste modo a estrutura do átomo bem definida: um núcleo ou
região central formada por partículas chamadas prótons e nêutrons, e uma região periférica na
qual giram partículas em grande velocidade, chamadas elétrons.

Através de métodos especiais, os físicos conseguiram estudar e determinar diversas


características das partículas de que são formados os átomos, descobrindo desse modo o que
diferencia o átomo de um elemento do átomo de outro elemento.
Determinou-se desse modo a massa do próton, a massa do nêutron e a massa do elétron e
descobriu-se também que os prótons e os elétrons manifestavam propriedades elétricas de
natureza oposta, resolvendo-se adotar, convencionalmente, que o próton teria uma carga elétri-
ca POSITIVA e o elétron uma carga elétrica NEGATIVA. Como os efeitos dos prótons têm a
mesma intensidade dos efeitos provocados pelos elétrons, apenas diferindo quanto ao polo, a
carga do próton é considerada em valor como igual à do elétron (consideramos apenas valor
absoluto).
Essa carga do elétron é a unidade de carga elétrica. Não existe carga elétrica menor do
que a de um elétron (na verdade, a Física atômica no estágio atual já especula sobre a
existência de cargas de frações inteiras do elétron, como 1/2, 1/3 da carga do elétron).
Resumindo: Convencionalmente, analisando as propriedades elétricas dos prótons e dos
elétrons, resolveu-se chamar de:
 Positiva - a carga elétrica do próton;
 Negativa - a carga elétrica do elétron.
Como os nêutrons não manifestam propriedades elétricas, não são dotados de carga
elétrica: sua carga é nula (são neutros).
Experimentalmente, verifica-se que duas partículas dotadas de cargas elétricas de sinais
opostos (uma positiva e uma negativa) têm a propriedade de se atraírem, o que significa que
num átomo os prótons atraem os elétrons e vice-versa.
Os elétrons não "caem" no núcleo do átomo devido a esta atração, porque, ao girarem em
grande velocidade, manifestam uma força de equilíbrio que os mantém em órbita. É algo
semelhante ao que ocorre com a Terra, que não "cai" em direção ao Sol atraída por sua força
gravitacional, porque ela gira em sua volta com grande velocidade.

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O movimento de rotação em grande velocidade tem a propriedade de manifestar forças
que equilibram a tendência de um corpo de "cair" para seu centro de atração. Isso ocorre, por
exemplo, quando giramos rapidamente uma pedra amarrada numa corda: a pedra não cai e é
forçada a descrever uma trajetória circular porque surge uma força na pedra que tende a
"escapar", a qual é contrabalançada pela força do barbante que a puxa para o centro do
movimento. Essas forças são conhecidas pelos nomes de centrífuga (Fc) e centrípeta (Fr),
respectivamente (figura 1.6).
Resumindo: Os prótons atraem os elétrons e os elétrons atraem os prótons; o movimento
de rotação dos elétrons é que não os deixa cair sobre o núcleo do átomo, dando estabilidade à
sua estrutura.
Verifica-se que os diferentes elementos têm átomos cuja diferença estrutural reside na
diferença do número de prótons e de nêutrons em seu núcleo. Em condições normais,
entretanto, os átomos tendem a um estado de neutralidade elétrica, o que quer dizer que,
normalmente, como vimos na introdução desta lição, os átomos (e, portanto os corpos) não
manifestam fenômenos elétricos. Isso quer dizer que em estado normal, ou neutro, os elétrons
de um átomo são equilibrados completamente - no seu efeito - pelos prótons desse mesmo
átomo.
Assim, em condições de neutralidade, para cada elétron de um átomo, há sempre um
próton a equilibrá-lo. Num átomo, em condições normais ou de neutralidade, o número de
prótons é igual ao número de elétrons.
Resumindo: Num átomo neutro, o número de prótons é sempre igual ao número de
elétrons.
Se a diferença dos átomos dos elementos está no número de partículas de que são
formados, podemos combinar todas as quantidades possíveis dessas partículas e obter átomos
diferentes de tantos elementos quantos quisermos. Na realidade, a coisa não é tão simples
assim, porque num átomo a presença dos elétrons depende da presença dos prótons (as
quantidades devem ser iguais) e também a presença de nêutrons obedece a um critério
especial, de modo que podemos obter somente um número limitado de átomos diferentes. O
aluno já sabe, do capítulo anterior, que só são conhecidos 105 elementos diferentes.
Podemos então partir da construção de um átomo mais simples, que é o átomo de
hidrogênio, que se constitui de apenas um próton em torno do qual gira um elétron (figura 1.7).

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Depois do hidrogênio, o átomo seguinte, mais simples, é o do hélio, que possui um núcleo
formado por dois prótons e dois nêutrons, em torno do qual giram dois elétrons (note que temos
a presença de dois elétrons para neutralizar os prótons).
O terceiro elemento que pode ser construído terá três prótons e três nêutrons em seu
núcleo e, girando em seu redor, três elétrons. Esse elemento é o lítio.
Verificamos aqui que podemos construir átomos dos diferentes elementos conforme o
seguinte critério:
1 próton - elemento número 1 - hidrogênio 2 prótons - elemento número 2 - hélio
3 prótons - elemento número 3 – lítio


13 prótons - elemento número 13 – alumínio


80 prótons - elemento número 80 - mercúrio
etc.
(Veja tabela no final da lição para todos os elementos.)
Resumindo: A diferença do átomo de um elemento para o átomo de outro está no número
de partículas elementares de que é formado.
O número de prótons é o mais importante, indicando o número de ordem do átomo, ou
seja, o número atômico do elemento considerado.
O número de elétrons simplesmente acompanha o número de prótons para que seja
mantida a neutralidade do átomo.
O número de nêutrons segue um critério que não interessa às finalidades deste Curso.
Diversos são os ramos da Ciência que se preocupam com o estudo do átomo. Conforme o
campo de trabalho, temos:
a) FÍSICA NUCLEAR, que estuda os fenômenos relacionados com o núcleo do átomo.
Dentre esses fenômenos está a desintegração atômica, que se relaciona com a construção de
reatores atômicos, usinas atômicas e a própria bomba atômica.
b) QUÍMICA, que estuda as combinações e uniões que ocorrem entre os átomos dando
origem a diferentes substâncias.

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c) ELETRICIDADE, que estuda o comportamento dos elétrons dotados de certa liberdade
(elétrons livres) e suas manifestações, como por exemplo, os campos que são responsáveis
pela produção de ondas de rádio, luz, etc. O que ocorre é que sob determinadas condições os
elétrons podem ser "arrancados" dos átomos, produzindo fenômenos importantes (fig. 1.8).

Resumindo: A eletricidade estuda o comportamento e os fenômenos ligados aos elétrons


que podem, sob determinadas condições, ser "arrancados" de seus átomos: nessas condições o
equilíbrio natural a que tende a matéria é quebrado, dando origem a fenômenos elétricos.
O elétron é o responsável pelos principais fenômenos elétricos. Como esta partícula pode
ser retirada de seu átomo, e o que acontece em conseqüência, é o que estudaremos a partir de
agora.
1.5 - ÍONS, ELÉTRONS LIVRES, CONDUTORES E ISOLANTES

Como vimos, o átomo é formado por um núcleo no qual encontramos partículas carregadas
positivamente- chamadas prótons -e por uma região periférica em que giram em grande
velocidade partículas carregadas negativamente - chamadas elétrons.
A matéria não manifesta, normalmente, as propriedades elétricas das partículas de que é
formada, porque a tendência natural do átomo é ter igual número de prótons, de modo que cada
carga positiva de um próton tem uma correspondente negativa de um elétron que a equilibra (fig.
1.9).

21
A tendência natural do átomo é, pois, permanecer num estado de neutralidade elétrica.
A maioria dos objetos que podemos tocar encontra-se neste instante num estado que pode
ser considerado de neutralidade elétrica, pois seus átomos possuem igual número de prótons e
de elétrons, impedindo deste modo que sua eletricidade própria se manifeste. É por esse motivo
que podemos tocar na mesa ou no papel desta lição sem perigo de tomarmos choques, apesar
de seus átomos serem formados por prótons e elétrons em número que excede o necessário
para se obter uma descarga perceptível.
Sob determinadas condições, que estudaremos em pormenores em lições posteriores, o
átomo pode ter seu equilíbrio natural quebrado. Quando sujeito a certas ações externas, o
átomo pode perder um ou mais de seus elétrons, de modo que não mais teremos a possibilidade
de neutralização completa de todas as cargas do núcleo pelas cargas dos elétrons da coroa.
Se o átomo perder um elétron, por exemplo, "sobrará" uma carga positiva no núcleo sem
neutralização que, não sendo equilibrada por nenhuma outra de sinal oposto, pode manifestar
seus efeitos. A matéria cujos átomos estejam em condições como a descrita manifestará
propriedades elétricas específicas (fig. 1.10).

No caso de predomínio das cargas positivas, quando o átomo terá elétrons a menos, a
matéria manifestará propriedades que caracterizam a eletricidade do próton, ou seja, positiva.
Dizemos então que um átomo que tenha falta de elétrons se encontra carregado positivamente.
Os elétrons retirados dos átomos e que agora se encontram em liberdade chamam-se
elétrons livres.
Pode ocorrer, em condições que também estudaremos futuramente, que elétrons livres
sejam capturados por um átomo neutro, passando a fazer parte de sua estrutura. Nesse caso, o
átomo terá seu equilíbrio elétrico quebrado por um excesso de elétrons em relação ao número
de prótons. Como o átomo, nesse estado, passa a ter um número maior de cargas negativas
(elétrons) do que de cargas positivas (prótons), a eletricidade que se manifesta é a do elétron,
ou seja, a negativa. Dizemos então que o átomo se encontra eletrizado negativamente (fig.
1.11).

22
Se os átomos com falta ou excesso de elétrons tiverem certa mobilidade, como por
exemplo, num líquido ou num gás, diremos que eles são íons (íons positivos e íons negativos).
Resumindo: Podemos quebrar o equilíbrio natural das cargas do átomo, que tende a ter
igual número de prótons e de elétrons, para que ele manifeste propriedades elétricas de dois
modos:
Se retirarmos elétrons, predominará a presença de prótons, caso em que o átomo
manifestará propriedades positivas: dizemos que o átomo nesse estado está carregado
positivamente. Elétrons livres são os elétrons "arrancados" de um átomo; os elétrons livres
podem ser "capturados" por um átomo neutro, caso em que o átomo passará a ter um excesso
de elétrons, predominando, então, a carga do elétron; o átomo será considerado carregado ne-
gativamente.
Todas as substâncias podem perder ou ganhar elétrons, de modo que podemos esta-
belecer um desequilíbrio elétrico em qualquer corpo; daí dizermos em nossa introdução que, na
Natureza, qualquer corpo pode manifestar o que chamamos de propriedades elétricas.
É verdade que existem substâncias em que teremos muito mais dificuldade em retirar
elétrons do que em outras, o que quer dizer que existem substâncias muito mais difíceis de
eletrizar que outras.
O termo eletrizar é deste modo usado para especificar o estado que caracteriza uma
substância em que se estabeleceu um desequilíbrio de cargas. A eletrização pode ser tanto
positiva quanto negativa. Quando falamos em cargas atribuídas a um único átomo, ou seja,
quando retiramos ou acrescentamos elétrons a um átomo, o termo também usado é ionização. A
ionização é positiva quando o átomo perde um ou mais de seus elétrons e a ionização é
negativa quando o átomo ganha um ou mais elétrons.
Para se ionizar um átomo necessita-se de energia, o que quer dizer que a retirada de
elétrons de um átomo ou sua admissão por outros sempre implica trocas de energia ligadas ao
próprio átomo.
Quando um átomo possui um "nível" de ionização baixo, isto é, pode perder os elétrons de
suas últimas camadas com facilidade, a substância que é feita desse tipo de átomo apresenta
propriedades elétricas específicas tais que a denominamos condutora. Nestas substâncias, os
elétrons arrancados dos átomos podem mover-se com facilidade sem depender especificamente
de nenhum átomo. Em lições posteriores, veremos quais são as substâncias em que isso pode
ocorrer.
Em outras substâncias os elétrons poderão ser retirados de seus átomos somente com o
envolvimento de energia, de modo que perder elétrons para estes átomos não é fácil. As
substâncias que possuem esse tipo de átomo, não apresentando muitos elétrons livres, ma-
nifestam propriedades elétricas tais que as classificamos como isolantes ou isoladoras (fig.
1.12).

23
Nessas substâncias, os elétrons que eventualmente sejam libertados de seus átomos não
encontrarão facilidade de movimentação através da matéria.
Resumindo: Ionizar é estabelecer um desequilíbrio elétrico nos átomos de uma
substância, retirando ou colocando elétrons; a ionização relaciona-se com a energia do átomo e,
conforme essa energia, podemos classificar a matéria em dois grupos principais:
a) Condutoras- são as substâncias cujos átomos podem perder seus elétrons com
facilidade, pois não necessitam de grandes níveis de energia para ionização; os elétrons livres
podem mover-se através dessa substância com facilidade.
b) Isolantes - são as substâncias cujos átomos precisam de grandes níveis de energia para
ionizar; os elétrons estão "firmemente presos H aos seus átomos, não gozando de
movimentação livre. Um corpo em que existem átomos ionizados também se diz eletrizado.
A classificação das substâncias nestes dois grupos principais, conforme seu
comportamento elétrico, será de grande importância para a compreensão do capítulo que se
segue.

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2ª Lição Teórica
ENERGIA ELÉTRICA
2.1 - GENERALIDADES

Podemos definir energia como a capacidade de se realizar um trabalho determinado.


Em palavras mais simples dizemos que um corpo possui energia quando podemos utilizá-
lo para movimentar algum mecanismo, ou nos fornecer esta energia de um modo útil, como, por
exemplo, um pedaço de carvão que possui energia porque pode ser queimado, ou ainda uma
mola contraída que pode ser usada para movimentar o mecanismo de um relógio.
As maneiras como a energia pode manifestar-se são muitas: uma queda de água
manifesta uma energia potencial que pode ser aproveitada para acionar uma roda de moinho ou
um gerador elétrico; uma porção de carvão queimando manifesta energia sob a forma de luz e
calor que pode ser usado para aquecer um ambiente ou água.
Vimos, na lição anterior, que a retirada ou admissão de elétrons de um átomo, ou seja, sua
ionização, envolvia uma energia que poderia ter diversos níveis conforme o material
considerado.
O fato é que, sempre que tivermos um corpo em que seus átomos estejam ionizados,
haverá a possibilidade da manifestação da energia envolvida no processo que estabeleceu o
desequilíbrio elétrico nesse corpo. Em outras palavras, um corpo eletrizado pode manifestar seu
estado através de uma série de' fenômenos, porque possui uma energia potencial elétrica.
Dizemos energia "potencial" para caracterizar o tipo de energia que vem do estado em que
se encontram os átomos do corpo, dotados da possibilidade de reaver seu equilíbrio e, portanto,
forçar uma nova troca de energia com o meio ambiente (fig. 2.1).

Veja o aluno que a troca de energia nestas condições envolve o restabelecimento do


equilíbrio no átomo, o que significa que a manifestação da energia elétrica depende totalmente
da movimentação de elétrons de corpo para outro. Os que têm excesso de elétrons tendem a
cedê-los e os que têm falta tendem a recebê-los.
Isso é de grande importância para que o aluno entenda como poderemos aproveitar a
energia elétrica na prática.

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Resumindo: Energia é a capacidade que a matéria tem de realizar trabalho. A energia
pode manifestar-se de diversos modos, como, por exemplo, numa queda de água, numa mola
contraída.
Interessa-nos a energia elétrica que se manifesta num corpo eletrizado ("carregado" de
eletricidade), isto é, cujos átomos tenham excesso ou falta de elétrons. Os corpos eletrizados
manifestam uma energia potencial elétrica.
A manifestação da energia de um corpo eletrizado envolve a movimentação de suas
cargas. Nestes corpos, as cargas que podem movimentar-se são elétrons, por isso as
manifestações da energia elétrica (como seu nome sugere) são ligadas à movimentação dos
elétrons.
As substâncias chamadas condutoras, como estudamos, apresentam a possibilidade de
conter um número bastante elevado de elétrons livres, elétrons que não estão especificamente
ligados a nenhum átomo.
Se analisarmos intimamente um pedaço de material condutor que se encontre em
condições normais (no nosso ambiente), o que veremos será o seguinte: nessa substância
haverá um contínuo movimento de agitação dos elétrons livres que, realizando um movimento
irregular, "saltarão" de átomo para átomo. Deste modo, analisando a substância como um todo,
veremos que em cada instante haverá uma grande quantidade de elétrons livres saltando de
átomo para átomo. Isso quer dizer que, continuamente, teremos trocas de elétrons entre átomos
que farão que sempre exista uma grande quantidade de átomos neutros e uma grande quan-
tidade de átomos com falta de elétrons, e também muitos elétrons livres.
Podemos dizer que um condutor consiste num aglomerado de átomos neutros que se
ionizam constantemente, numa porção de íons positivos, que se neutralizam constantemente, e
numa porção de elétrons livres se movimentando entre estes átomos (fig. 2.2).

Como na totalidade o número de elétrons livres é igual ao número de "vagas" que ficam
nos átomos que os perderam (lacunas), a matéria, na sua estrutura total, é neutra, pelo que os
efeitos da ionização constante não aparecem. O condutor é, nestas condições, eletricamente
neutro.
Quanto à movimentação das cargas no interior do condutor, a movimentação ocorre de
modo a se manter sempre uma distribuição por igual de cargas negativas (elétrons livres) e
lacunas. Assim, em cada setor do material que tomarmos teremos sempre mais ou menos a
mesma quantidade de elétrons livres e lacunas.
Em lições posteriores o aluno verá que, ocorrendo uma situação de acúmulo maior de um
tipo de carga num ponto do condutor, manifestam-se forças importantes, que também serão
estudadas.

Resumindo: Nos condutores existe uma constante agitação térmica responsável por uma
movimentação irregular dos elétrons que saltam constantemente de um átomo para outro.
Para cada elétron liberado existe uma vaga ou lacuna num átomo, e na totalidade o
condutor é eletricamente neutro. Não há acúmulo de elétrons em determinadas regiões porque a
agitação térmica possibilita uma distribuição homogênea dessas partículas.
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2.2 - FORÇA ELETROMOTRIZ E CORRENTE ELÉTRICA

A movimentação irregular dos elétrons num condutor, nas condições que estudamos, não
implica a manifestação de energia na totalidade do corpo, mas, se por algum meio forçarmos a
movimentação dos elétrons num único sentido, ou seja, SE TORNARMOS A MOVIMENTAÇÃO
DOS ELÉTRONS ORDENADA, não só poderemos ter uma manifestação energética da
eletricidade, como também poderemos transportar a energia envolvida no processo, através do
próprio condutor, de um ponto para outro. Isso é de fundamental importância para a aplicação
prática da energia elétrica.
Nos condutores, as partículas dotadas de movimentação livre são os elétrons e a
movimentação dessas partículas, QUANDO ORDENADA, recebe o nome de CORRENTE
ELÉTRICA.
Generalizando, poderemos definir CORRENTE ELÉTRICA como a MOVIMENTAÇÃO
ORDENADA DE CARGAS ELÉTRICAS.
Note o aluno que, quando falamos em movimentação ordenada de elétrons, referimo-nos a
uma movimentação ordenada "em média", já que os elétrons não caminham exatamente em
linha reta no condutor, mas fazem nele um percurso irregular, devido à existência dos átomos
em constante agitação. O movimento ORDENADO combina-se com o movimento de agitação
térmica dos átomos, originando um movimento em ziguezague (fig. 2.3).

Para que o aluno tenha uma ideia do que ocorre, vamos comparar esse movimento a um
enxame de abelhas que voa numa direção; o enxame, na totalidade, desloca-se numa direção
determinada, enquanto as abelhas, individualmente, voam desordenadamente dentro desse
enxame. Em média, as abelhas deslocam-se mais numa direção do que em outra; daí o
deslocamento do enxame na direção predominante.
Resumindo: A movimentação ordenada das cargas elétricas num condutor recebe o nome
de corrente elétrica.
Num condutor sólido as cargas que se movem são os elétrons livres, o que quer dizer que
num condutor sólido a corrente consiste na movimentação ordenada de elétrons.
É através da corrente elétrica que podemos transmitir energia elétrica à distância.
Normalmente os elétrons de um condutor em seu estado de liberdade tendem a manifestar
apenas seu movimento irregular de agitação térmica. Se quisermos produzir uma corrente neste
condutor, teremos de forçar os elétrons a um movimento ordenado, por meio de uma ação
externa.

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Isso quer dizer que para termos uma corrente num condutor, para "forçarmos" a
movimentação dos elétrons, necessitamos de um agente externo capaz de aplicar uma força nos
elétrons que os obrigue a um deslocamento.
Essa ação externa implica uma transferência de energia de uma fonte causadora da ação,
para os elétrons que recebem essa ação, de modo que para a obtermos temos de dispor de
alguma outra forma de energia. Essa energia é obtida de dispositivos especiais chamados
GERADORES, que podem transformar alguma forma de energia (mecânica, química, etc.) em
ENERGIA ELÉTRICA.
Os geradores podem, portanto, estabelecer uma ação externa capaz de movimentar os
elétrons e, portanto, permitir o aparecimento de uma corrente elétrica, transformando energia de
um tipo qualquer em energia elétrica.
As pilhas, por exemplo, são geradores que transformam a energia liberada numa reação
química em energia elétrica. Quando ocorre a reação química no interior da pilha, estabelece-se
um desequilíbrio elétrico tal que aparecem em seus extremos cargas positivas e cargas
negativas (de um lado, átomos com excesso de elétrons e do outro, átomos com falta de
elétrons).
Essa diferença de estado faz que os extremos da pilha formem POLOS de sinais contrários
(+ e -), produzindo-se uma evasão de elétrons do polo que os tem em excesso para o polo que
deles tem falta; os átomos que têm falta de elétrons procurarão atrair os elétrons do polo que os
tem em excesso.
O movimento dos elétrons estabelece-se, desse modo, entre o polo negativo e o polo
positivo do gerador, através de um meio externo.
Naturalmente, para que essa movimentação de cargas - pelo meio externo - seja possível,
o meio deve permitir um fluxo fácil das cargas, ou seja, deve ser um condutor.
Somente teremos corrente elétrica a partir de uma pilha se entre seus polos ligarmos um
condutor. Nestas condições teremos o que é chamado de CIRCUITO ELÉTRICO SIMPLES e a
movimentação dos elétrons neste circuito se faz no sentido do polo negativo para o polo positivo
do gerador ou, falando de maneira própria: "A corrente eletrônica flui do polo negativo para o
polo positivo do gerador, através de um circuito externo”.
Na figura 2.4 o percurso da corrente elétrica está representado com setas que indicam seu
sentido de circulação; note o símbolo usado para representar o gerador.
Se houver percurso constante para a corrente ela fluirá, permitindo o escoamento da
energia da pilha que só terminará quando ela se "esgotar".
Resumindo: Para estabelecermos uma corrente elétrica num condutor necessitamos de
uma ação externa que é obtida através de dispositivos chamados geradores. Os geradores
podem realizar essa ação através da transformação de energia química, mecânica, radiante,
térmica, atômica, etc. em energia elétrica.
A ação surge porque o gerador cria, em seus extremos, um desequilíbrio de cargas que
tende a forçar a movimentação dos elétrons. Os extremos do gerador em que se manifesta esse
estado recebem o nome de polos do gerador e os elétrons tendem a deslocar-se do polo
negativo para o polo positivo através de um percurso externo. A movimentação dos elétrons
nesse sentido recebe o nome de corrente eletrônica.

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A ação da pilha, no nosso circuito simples, pode ser comparada à de uma bomba
aspirante que "retira" os elétrons de um polo e os "empurra" para o outro, à custa de energia
química, estabelecendo assim o desequilíbrio elétrico necessário à manifestação da energia (fig.
2.5).
Como o polo positivo quer "recuperar" os elétrons de que tem falta e o negativo se "livrar"
dos elétrons em excesso, existe uma espécie de "pressão elétrica" entre os polos, procurando
sempre movimentar os elétrons de um para o outro, ou seja, procurando sempre estabelecer
uma corrente elétrica entre os dois polos. Essa pressão elétrica é justamente a ação que os
elétrons devem estar sujeitos para poder movimentar-se.

Essa ação é, pois, a "causa" da corrente, sendo a corrente o "efeito" dessa ação externa.
Naturalmente, a ação pode existir sempre, mas a corrente só poderá fluir se houver um
condutor ligado entre os dois polos da pilha. É por esse motivo que as pilhas "não se gastam"
quando fora de um aparelho, apesar de manifestarem ação elétrica, ou seja, de manifestarem a
"pressão" elétrica.
Essa pressão elétrica que existe constantemente nos polos de um gerador, responsável
pelo aparecimento de correntes num circuito, recebe o nome de FORÇA ELETROMOTRIZ ou,
abreviadamente, f.e.m.
A força eletromotriz pode ser comparada à pressão da água num reservatório elevado; a
pressão tende a fazer que a água escorra para um nível menos elevado, estabelecendo uma
corrente através do cano. O escoamento da água pode ser aproveitado para movimentar uma
turbina e, portanto, obter-se um aproveitamento da energia disponível.
Muitas vezes utilizamos analogias (comparações) para facilitar o entendimento de certos
fenômenos, e isso é válido em especial para a eletricidade que, por ser invisível, às vezes traz
alguma dificuldade para que o aluno "veja" como ocorrem certas coisas. A comparação da
eletricidade num fio com a água, que é um fluido, facilita o entendimento dos fenõmenos que
estamos estudando, daí a analogia que damos a seguir:

ANALOGIA ENTRE ENERGIA HIDRÁULICA E ENERGIA ELÉTRICA - Parte 1

Na figura A vê-se um reservatório de água colocado a certa altura. Esse depósito é ligado a
uma turbina hidráulica por meio de um cano. Devido à diferença de nível, há a tendência natural
de a água descer e, quando ela o faz, exerce sobre as pás da turbina uma ação que a coloca em
movimento.

29
Esse movimento pode servir para acionar uma máquina
que lhe seja convenientemente acoplada.
Naturalmente, o que faz a água descer pelo cano é a
pressão que se manifesta devido ao desnível que existe
entre o reservatório e a turbina. Está claro que, quanto maior
for o desnível, maior também será a força que a água poderá
exercer sobre as pás da turbina.
Por outro lado, quanto mais grosso for o cano que liga
o depósito à turbina, maior será a quantidade de água que
descerá por ele para acionar as pás. Em ambos os casos
(maior desnível e cano mais grosso), a turbina poderá
executar maior trabalho, isto é, terá maior potência.
Disso se conclui que a capacidade de trabalho da água
do reservatório depende da altura (ou seja, da diferença de
nível entre o reservatório e a turbina), como também da
intensidade do fluxo de água (ou volume que possa descer
pelo cano condutor).
Na eletricidade ocorre coisa semelhante: quanto maior
for a diferença de potencial existente entre os dois polos de
um gerador e quanto maior a corrente elétrica resultante,
maior será também a capacidade de trabalho útil da energia
elétrica. Deste modo podemos comparar:
1) a diferença de potencial ou força eletromotriz entre os dois polos do gerador com a
diferença de nível existente entre o depósito de água e a turbina;
2) a intensidade da corrente que flui pelo condutor com a quantidade de água que desce
pelo cano e que é tanto maior quanto maior o diâmetro dele;
3) o fio condutor de energia elétrica com o cano condutor de água (energia hidráulica);
4) a potência da turbina que se mede em CV (cavalos-vapor) com a potência da energia
elétrica que se mede em W (watts).
Naturalmente, conforme a disposição ilustrada na figura A, a turbina somente poderá
funcionar enquanto existir água no depósito; acabando-se a água, a turbina pára. Se, porém, a
água que vai saindo da turbina for novamente conduzida, por meio de uma bomba, ao
reservatório, o funcionamento da turbina ficará inalterado, enquanto a bomba estiver ligada, pois
haverá sempre água no depósito, a qual descerá pelo cano, movimentará as pás da turbina e
será conduzida novamente pela bomba ao reservatório, recomeçando o circuito (figura B).
o papel desempenhado por uma bomba nessas condições pode ser comparado ao papel
de um gerador num circuito elétrico. Os elétrons percorrem o circuito, voltam ao polo positivo,
são levados novamente ao polo negativo através do gerador, recomeçam o circuito através do
condutor e do aparelho elétrico ligado ao mesmo. Como vemos, as funções da bomba e do
gerador são perfeitamente comparáveis.
No caso do circuito hidráulico usamos a bomba por não dispormos de quantidade ilimitada
de água no reservatório, o que nos obrigou a aproveitar a mesma água em diversos ciclos de
circulação. No circuito elétrico ocorre o mesmo. A matéria de que são formados os condutores
não dispõem de elétrons em número ilimitado, o que nos obriga a aproveitar pelo gerador os
mesmos elétrons, sempre num número de ciclos ilimitado.

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Para manter a turbina em movimento contínuo é preciso que a bomba seja capaz de elevar
ao depósito a quantidade de água necessária. Em outras palavras, a turbina só poderá realizar
um trabalho equivalente ao que a bomba realiza, não indo nunca além dele. Na verdade, o
trabalho realizado pela turbina será sempre menor que a energia empregada para mover a
bomba, pois esta, quando levanta a água até o reservatório, deve vencer a atração da terra, a
resistência originada pelo atrito da água com as paredes do cano e o atrito de suas partes. Para
isso, é claro, deverá utilizar mais energia do que a turbina, para cujo trabalho não há esse incon-
veniente.
Pois bem: essa mesma relação existe entre a energia elétrica produzida pelo gerador e o
trabalho realizado pelo aparelho elétrico ligado ao circuito. Neste caso o trabalho útil que este
aparelho realiza também é menor que a energia elétrica produzida pelo gerador - isso porque
sempre haverá certa oposição do circuito à passagem da corrente que absorverá uma parte
dessa energia.
O sistema descrito serve somente para demonstrar o fluxo da corrente elétrica através de
uma comparação com o fluxo de água. Na prática, este sistema não serviria para gerar
eletricidade através de um dínamo acoplado à turbina, porque a energia necessária para acionar
a bomba sempre seria maior que a energia produzida pelo dínamo. Conseqüentemente, é mais
econômico acionar o dínamo diretamente por um motor qualquer e não acionar a bomba por um
motor, para que então a água possa acionar o dínamo.
Veja o aluno que na Natureza não se realiza trabalho "de graça". A energia obtida para a
movimentação de algum dispositivo sempre deve vir de alguma fonte que já disponha dessa
energia. Não podemos movimentar um motor ligando-o a um dínamo e novamente ligando o
dínamo ao motor, para obter um ciclo completo de energia, pois, em funcionamento, a energia
que chega ao motor é sempre menor que a energia gerada pelo dínamo, de modo que, colocado
em funcionamento, o sistema em pouco tempo pára (figura C).

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Se quisermos que nosso relógio trabalhe normalmente, teremos que lhe dar corda.
Fazemos isso contraindo uma mola existente em seu interior. A energia que essa mola
armazena, capaz de fazer o mecanismo de o relógio movimentar-se, manifesta-se no seu estado
de "tensão mecânica".
Uma mola sob tensão é capaz de fornecer energia a um mecanismo externo, porque
possui armazenada certa energia potencial mecânica. Analogamente, podemos falar num estado
de "tensão elétrica" referindo-nos ao estado de "pressão" que se manifesta num circuito, capaz
de fornecer-lhe energia pela circulação de uma corrente elétrica.
Podemos, assim, falar em "tensão elétrica", relacionando-a com a força eletromotriz, como
sendo o estado existente num circuito que provoca a movimentação de suas cargas.
(Lembramos que usamos a palavra "circuito" para indicar o conjunto de elementos de um
aparelho que pode receber a energia elétrica para funcionar.)
Ora, o estado a que nos referimos nada mais é do que o responsável pela ação que coloca
as cargas elétricas em movimento.
Chegamos, deste modo, estudando a analogia entre o circuito elétrico e o circuito
hidráulico, entre a energia elétrica e a energia potencial mecânica de uma mola, a conclusões
importantes que o aluno não deve esquecer em hipótese alguma, para poder compreender bem
as liçôes futuras:
- Em eletricidade, tensão e corrente são coisas absolutamente distintas, que nunca devem
ser confundidas.
- A corrente elétrica é a movimentação das cargas, sendo responsável pela transferência
da energia elétrica de um ponto a outro de um circuito. Pode ser comparada, como fizemos, ao
fluxo de água num encanamento.
- A tensão elétrica é a causa da corrente; é o agente que coloca em movimento as cargas
elétricas de um circuito. Pode ser comparada, como fizemos, à pressão da água do reservatório
manifestada num ponto abaixo dele.
- A tensão elétrica é a causa; é o agente que coloca em movimento as cargas, estabele-
cendo num circuito uma corrente elétrica.
- A corrente é o efeito; é a movimentação das cargas devido à ação existente sobre elas.

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Só existirá corrente se houver uma causa, por isso uma lâmpada só poderá acender se a
ligarmos a uma pilha. O metal dos fios de conexão da lâmpada possui elétrons livres em grande
quantidade, mas estes só se movimentam, permitindo a transferência de energia para a
lâmpada, fazendo-a acender, quando existe um agente externo que os force a isso. Esse agente
é a pilha, que estabelece um estado de tensão no circuito, forçando a corrente (fig. 2.6).
Note o aluno que a recíproca não é verdadeira: podemos ter tensão sem termos corrente.
Numa pilha desligada do circuito não se tem corrente, pois não existe um meio externo para sua
circulação; no entanto a "pressão elétrica" se manifesta em seus terminais. Numa pilha
desligada temos uma f.e.m., mas não temos corrente.
Também é importante lembrar que a credibilidade de um profissional depende da precisão
com que ele usa os termos técnicos para descrever suas atividades. Alguém que confunde as
coisas básicas da eletricidade, no caso as próprias grandezas fundamentais — tensão e
corrente — causa uma impressão muito má num cliente mais esclarecido, que certamente vai
duvidar de sua competência.

Resumindo: A "pressão" elétrica que constantemente se manifesta nos polos de um


gerador capaz de "forçar" a movimentação das cargas elétricas e, portanto, estabelecer uma
corrente elétrica num circuito, recebe o nome de força eletromotriz ou, abreviadamente, f. e. m.
Usamos o termo "tensão elétrica" para nos referir ao estado de desequilíbrio em que se
encontra um circuito que tende a forçar a circulação de uma corrente.
A tensão é a causa da corrente. A corrente é o efeito. Corrente e tensão são coisas
diferentes em eletricidade.
Observando a analogia hidráulica, o aluno facilmente percebe que a água não poderia
escoar de um reservatório para outro que se encontrasse no mesmo nível, pois nesse caso não
haveria diferença de pressão para provocar o fluxo de água.
Do mesmo modo, uma corrente elétrica não pode fluir entre dois pontos que estejam sob o
mesmo estado de tensão elétrica, ou seja, que se encontrem sob o mesmo potencial elétrico ou
tensão. Para que haja uma corrente entre dois pontos de um circuito deve haver, entre esses
dois pontos, uma diferença de pressão elétrica, ou, falando de maneira mais apropriada, uma
"DIFERENÇA DE POTENCIAL ELÉTRICO", abreviadamente d.d.p, (fig. 2.7)

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Os termos f.e.m, (força eletromotriz), tensão elétrica e d.d.p. (diferença de potencial) estão,
deste modo, relacionados com a ação que um estado de desequilíbrio elétrico pode exercer
sobre um percurso externo, provocando a movimentação de suas cargas, isto é, estabelecendo
uma corrente elétrica.
Resumindo: Tensão elétrica - estado de desequilíbrio das cargas de um corpo que
manifesta, nestas condições, uma energia potencial elétrica. Pode, assim, causar uma corrente
elétrica.
F.e.m. - estado de desequilíbrio das cargas dos polos de um gerador, manifestando, nestas
condições, uma energia disponível nesse gerador capaz de provocar uma corrente.
D.d.p, - diferença de estado de desequilíbrio entre dois corpos ou dois pontos de um
circuito, que manifesta uma energia potencial elétrica capaz de provocar uma corrente elétrica
entre esses dois pontos ou dois corpos.

2.3 - UNIDADES DE CORRENTE E DE TENSÃO

A utilização da energia elétrica de maneira apropriada requer um conhecimento do trabalho


que ela pode realizar nas condições desejadas. Por isso, a medida das grandezas elétricas é de
fundamental importância para a aplicação prática da eletricidade. Saber medir é tão importante
como saber o que é.
Até agora, apenas estudamos a eletricidade no seu aspecto qualitativo, ou seja, no aspecto
que procura saber o que é a eletricidade, como ela se manifesta, suas propriedades e
comportamentos, sem nos preocuparmos com sua medida.
Medir é comparar. Quando medimos uma distância, nada mais fazemos do que comparar
essa distância, com um padrão (o metro, por exemplo).
Para cada unidade comparamos seus efeitos com padrões adotados universalmente, rece-
bendo esses padrões nomes apropriados.
Para cada unidade temos um nome apropriado, sendo absurdo, por exemplo, que o aluno
meça distâncias em gramas, ou o tempo em metros. Para a eletricidade, as grandezas terão
seus nomes apropriados e o técnico nunca deve usar unidades que não correspondam à
grandeza que foi medida. (Já falamos da importância para o profissional em usar o nome certo
para cada coisa!)
Se para medir distâncias usamos unidades de distância, como o metro, ou seus múltiplos e
submúltiplos (o quilômetro e o centímetro), para medir correntes elétricas temos uma unidade
apropriada que só serve para especificar correntes e outra para medir tensões, que sempre
deverá aparecer nas medidas de tensão. Como corrente e tensão são coisas distintas, suas
medidas requerem o uso de unidades distintas, que nunca devem ser confundidas.

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Unidade de tensão

A unidade de tensão recebe o nome de VOLT, podendo ser abreviada por V.


Significado do volt: o número de volts que medimos num certo circuito pode indicar o
estado de tensão elétrica ou "pressão elétrica" em que ele se encontra, a diferença de potencial
elétrico entre dois pontos desse circuito, ou a f.e.m. de um gerador. O volt é, pois, a unidade
usada para a medida da ação externa que força a corrente.
Múltiplos do volt: como as outras unidades de medida, o volt também possui múltiplos e
submúltiplos:
- Múltiplos:
1 quilovolt = 1000 volts
- Submúltiplos:
1 milivolt = 0,001 volt (milésima parte de 1 volt)
1 microvolt = 0,000 001 volt (milionésima parte de 1 volt)
Existem outros múltiplos e submúltiplos para o volt, mas estes que citamos são os mais
usados em aplicações práticas, pois se relacionam com as tensões elétricas normalmente
encontradas nos circuitos eletrônicos comuns, como rádios, televisores, amplificadores,
computadores, etc.

Unidade de corrente

A unidade de corrente recebe o nome de AMPERE, podendo ser abreviada por A.


Significado do ampere: o número de Amperes de corrente que circula num circuito é uma
indicação da quantidade de elétrons que passa em cada segundo por um ponto qualquer desse
circuito.
Submúltiplos de Ampere: na prática apenas são usados os submúltiplos do Ampere:
1 miliampere = 0,001 ampere (milésima parte do Ampere)
1 microampere = 0,000 001 Ampere (milionésima parte do Ampere)
É muito importante para o bom técnico, na prática de trabalho, nunca confundir as duas
unidades!
Se o aluno verificar se existe disponibilidade de energia elétrica numa tomada, ou seja, se
ela está "funcionando", ele naturalmente procurará verificar se existe uma "pressão elétrica" em
seus polos. Em palavras mais próprias, o aluno deverá verificar se existe uma DIFERENÇA DE
POTENCIAL ELÉTRICO nessa tomada. O aluno procurará então medir a TENSÃO dessa
tomada, usando para sua expressão a unidade apropriada. O aluno deverá dizer então que
existem 110 (117) volts ou 220 volts de TENSÃO na tomada (NUNCA diga "tantos volts de
corrente").
Por outro lado, se desejar saber se está circulando corrente num circuito, deverá medir sua
corrente expressando o resultado em Amperes.

2.4 - CONDUTORES E ISOLANTES

A tensão é a causa; a corrente é o efeito. A corrente só poderá se manifestar (circulando),


porém, se houver um meio externo (circuito) em que ela encontre facilidade de movimento.
Nos capítulos anteriores, sempre que houve necessidade de ilustrar a circulação de uma
corrente, imaginamos um MEIO CONDUTOR para sua manifestação: ligamos um condutor entre
os polos do gerador.
Voltando novamente à analogia hidráulica vemos que a água poderá encontrar maior ou
menor grau de facilidade em se escoar pelo cano, conforme sua espessura, a existência de
rugosidades em seu interior e seu formato, o que significa que as características físicas do cano
podem influir no fluxo da água.

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Do mesmo modo, no "cano" da corrente elétrica, as características do material usado para
interligar os polos de um gerador podem influir na corrente que circulará no circuito assim
formado.
Um dos principais fatores que influem na intensidade da corrente que circula nessas
condições é o tipo do material usado na interligação dos polos do gerador.
Existem materiais em que a movimentação dos elétrons se faz com grande facilidade, pois
existe uma grande quantidade de elétrons livres. Em outras substâncias a quantidade de
elétrons já é menor, de modo que a corrente não tem a mesma facilidade para circular e,
finalmente, existem materiais em que há tão poucos elétrons livres que a circulação de uma
corrente por eles é quase impossível, mesmo com a aplicação de uma grande ação externa.
Entre as substâncias em que a movimentação das cargas é muito fácil, ou seja, em que o
estabelecimento da corrente não oferece maiores dificuldades, mesmo com uma pequena ação
externa, e as substâncias em que a passagem da corrente é extremamente difícil, existem todos
os graus intermediários. Para facilitar nosso estudo, dividiremos as substâncias em três grupos,
conforme seu comportamento elétrico:
a) BONS CONDUTORES: são as substâncias que permitem a passagem livre, ou sem
dificuldade apreciável, da corrente elétrica. Podemos dizer, em palavras mais apropriadas, que
os bons condutores permitem a circulação da corrente oferecendo pouca OPOSIÇÃO ou pouca
RESISTÊNCIA à sua passagem.
b) MAUS CONDUTORES: são as substâncias que permitem o estabelecimento de uma
corrente elétrica, mas oferecem uma OPOSIÇÃO ou uma RESISTÊNCIA considerável a isso. A
corrente elétrica pode circular pelos maus condutores, apesar de, para tal, encontrar certa
dificuldade.
c) ISOLANTES (ou ISOLADORES): são as substâncias em que não é possível o esta-
belecimento de uma corrente elétrica, a não ser de intensidade muito pequena, porque nelas
quase não existem elétrons livres.
Nas aplicações práticas todos os três tipos de substâncias são usados amplamente.
Damos alguns exemplos de substâncias pertencentes a cada grupo e suas aplicações práticas
na eletricidade na figura 2.8.
BONS CONDUTORES: prata, cobre, alumínio. Como essas substâncias permitem a
circulação da corrente quase sem perdas (desperdícios), são usadas para a fabricação de fios,
ou dispositivos pelos quais a corrente tenha de circular sem encontrar dificuldade.

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Das três substâncias, a prata é a melhor condutora, mas na prática o cobre é o mais
utilizado, dado seu custo mais baixo. No entanto, na microeletrônica, o ouro é muito utilizado
pela sua maleabilidade, que permite a fabricação de fios extremamente finos.
MAUS CONDUTORES: níquel-cromo, manganina, silício, germânio, etc. Os maus
condutores de eletricidade encontram grande aplicação prática porque, em muitos casos, não só
se deseja reduzir propositalmente a intensidade de uma corrente, forçando-a a passar através
desses materiais, como também se podem aproveitar os efeitos que ela manifesta ao forçar a
passagem num material que lhe ofereça considerável oposição. Alguns maus condutores,
quando têm impurezas adicionadas, passam a apresentar comportamentos muito interessantes
para a eletrônica.
ISOLANTES: mica, plásticos, cerâmica, papel, seda, borracha, porcelana. São usados para
evitar que a corrente circule entre pontos não desejados. Usa-se, por exemplo, no revestimento
de fios, para isolar os condutores dos postes, etc.
Resumindo: Bons condutores - Permitem a fácil circulação da corrente.
Maus condutores - oferecem alguma oposição à passagem da corrente.
Isolantes - Não permitem a circulação da corrente.
RECOMENDAÇÃO: O aluno deve procurar, a seguir, tomar contato com os símbolos dos
componentes eletrônicos citados nesta lição.
Observação: Neste ponto, devemos deixar bem claro ao aluno a maneira como se
manifesta a pressão da água. A pressão de um líquido não é algo inerente a ele, mas a
manifestação de uma força devido ao peso desse líquido. A água é uma substância material, se
bem que em estado líquido, possuindo, conseqüentemente, massa, o que permite a ação do
campo gravitacional da Terra sobre ela, manifestando-se uma força dirigida de cima para baixo.
Ora, essa força nada mais é do que seu peso (a água tem peso, porque tem massa).
Por esse motivo, da força responsável pela pressão, ou seja, o peso, ser dirigida de cima
para baixo, é que a pressão numa canalização depende simplesmente do DESNÍVEL do líquido,
e não da quantidade de água existente no reservatório.
Observe que um rio só é potencialmente capaz de gerar energia elétrica numa usina se
tiver não só um bom volume de água, mas principalmente um bom desnível. Observe que as
usinas são construídas em locais de corredeiras ou cachoeiras.

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1ª Lição Prática
P1.1 - INTRODUÇÃO

"Saber Fazer". Estas duas palavras contêm o segredo do sucesso do bom profissional. De
fato, está provado que o conhecimento teórico de como se realiza alguma tarefa é insuficiente
para um técnico, pois entre o "descrito" e o "feito" existe uma grande diferença. Portanto, um
ensino técnico eficiente não pode limitar-se a explicar os princípios teóricos, todos os "porquês"
e "cornos", é preciso que se facilitem aos alunos os meios práticos para adquirir a habilidade
necessária à execução de trabalhos próprios de sua especialidade.
Os diversos capítulos desta série constituem um treinamento prático, equivalente ao que o
aluno poderia adquirir como aprendiz estagiário, trabalhando efetivamente numa oficina ou
laboratório de eletrônica.
A série começa na sua parte de montagens, com um simples provador de continuidade,
que o aluno montará com material simples que poderá aproveitar de aparelhos fora de uso ou
adquirir em alguma loja de sua localidade. Este aparelho possibilitará a comprovação prática de
diversos fundamentos importantes de eletricidade dados em lições teóricas e ainda servirá como
teste para diversos componentes, sendo, portanto, de grande utilidade na oficina de reparações.
A série segue ensinando ao aluno as técnicas de montagem e reparação empregando,
para esta finalidade, aparelhos de seu próprio uso como, por exemplo, seu rádio, um
amplificador, e muitos outros que podem ser obtidos a baixo custo, pois em muitos casos podem
estar até abandonados por algum problema. Neles será possível simular defeitos e treinar as
técnicas de localização desses defeitos. O aluno também terá elementos para montar aparelhos
de testes que já servirão para compor sua oficina.
Paralelamente, o aluno irá tendo explicações sobre cada componente que estará sendo
utilizado em alguma montagem prática, de como prepará-lo para utilização, de como manuseá-
lo, de como testá-lo, de como adquiri-lo no comércio, se necessário para outra montagem, enfim,
irá tendo possibilidade de adquirir conhecimentos que permitam a interpretação de qualquer
diagrama e a conseqüente execução de projetos neles representados.
Perceba que a série foi organizada de modo racional, para que o principiante faça todos os
trabalhos de montagem, calibração, revisão e utilização de equipamentos eletrônicos
necessários à aquisição da habilidade manual e a experiência do "saber fazer", que caracteriza
o profissional competente, e ainda desfrute em sua posterior atividade prática do próprio material
usado durante o curso.
Veja que nem todos têm condições de adquirir os instrumentos que realmente seriam
necessários à composição de uma oficina, e por isso damos alternativas que permitem ao aluno
montar muitos deles. É claro que, para os que já tiverem condições de adquiri–los prontos,
essas montagens não precisarão ser realizadas.

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Observação: Apesar de ter sido organizado visando principalmente à formação de
profissionais de eletrônica, os conhecimentos ministrados neste curso também são dirigidos
àqueles que pretendem ter na eletrônica apenas um passatempo, que pretendem ter uma noção
de sua prática para relacioná-Ia com outras atividades em que sua presença se manifeste de
modo importante. Especificamente falamos de estudantes secundários e universitários que
queiram fazer o relacionamento com a Física, Química e Biologia, de estudantes universitários
que queiram aplicá-Ia em seus setores de pesquisa como a Física, a Química, a Biologia e a
Matemática, médicos e biólogos que queiram adquirir uma noção de eletrônica necessária à
compreensão dos fundamentos de muitos equipamentos por eles utilizados, pesquisadores de
áreas em que a instrumentação eletrônica ocupe lugar de destaque, operadores de
computadores que desejem saber um pouco mais sobre os equipamentos com que trabalham,
etc. Deste modo, analisaremos neste curso, além dos equipamentos destas áreas, técnicas e
diagramas que permitirão sua montagem por parte daqueles que se interessarem. Essa prática,
não específica, para os ligados a outras atividades, poderá ser também de grande utilidade para
os que pretendem adquirir uma formação profissional em eletrônica, já que seu conhecimento
poderá servir para a reparação de equipamentos especializados, uma fonte de lucros bastante
promissora.
A série "Aprenda Fazendo" será dividida especificamente em dois assuntos:
a) Prática de oficina, que tratará das técnicas de manuseio de componentes, sua utilização,
identificação, modo como são fabricados e como podem ser encontrados no comércio. Nesta
parte, o aluno não só terá noções de como proceder no manuseio de determinados
componentes que podem danificar-se facilmente, dada sua fragilidade, como também aprenderá
a identificá-los através de suas especificações técnicas, sabendo escolher o componente certo
para cada função.
b) Montagem, que tratará das instruções sobre o procedimento prático necessário à
execução dos trabalhos de construção de equipamentos diversos, que o aluno poderá escolher
conforme sua vontade. Nesta parte também teremos instruções de como proceder nos ajustes,
calibração, reparação e utilização de diversos equipamentos eletrônicos que normalmente são
encontrados numa oficina.

P1.2 - CIRCUITOS ELÉTRICOS PRÁTICOS

A utilização prática da eletricidade está ligada ao emprego de diversos tipos de dispositivos


capazes de exercer as funções específicas de gerar, transmitir e aproveitar a energia elétrica.
Deste modo, examinando um complexo básico como fonte de energia, deparamos com três
elementos principais:
1) Dispositivos que convertem alguma espécie de energia elétrica, os GERADORES, que
tivemos oportunidade de examinar na Lição Teórica 1,
2) Dispositivos capazes de converter energia elétrica em algum tipo de energia diferente
que possamos utilizar, que são os RECEPTORES (porque recebem energia elétrica). Os
receptores aproveitam a energia gerada pelos geradores.
3) Meio de interligação, que são os CONDUTORES, geralmente fabricados de material
bom condutor de corrente, para que não existam perdas de energia no percurso, e encapados
com material isolante por razões de segurança. São responsáveis pela transferência de energia
elétrica do gerador para o receptor.
Além desses três elementos encontraremos outros, secundários, responsáveis pela
proteção, controle de corrente, etc., que estudaremos ainda nesta lição.
Com relação aos receptores, podemos inicialmente dividi-los em 4 grupos principais de
acordo com o tipo de energia disponível a partir da energia elétrica:
1) Receptores que transformam energia elétrica em trabalho mecânico (motores elétricos e
solenóides, por exemplo).
2) Receptores que transformam energia elétrica em energia térmica (calafetores,
aquecedores elétricos, chuveiros, fornos elétricos, etc.).

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3) Receptores que transformam energia elétrica na energia necessária à dissociação
química de certas substâncias (em processos como a eletrólise e a galvanoplastia).
4) Receptores que convertem energia elétrica em energia radiante (como por exemplo as

lâmpadas fluorescentes e eletroluminescentes (fig. P1.1).

Resumindo: Os circuitos elétricos simples que envolvem a transferência de energia


elétrica de um local a outro e seu aproveitamento conseqüente, devem ser, no mínimo, formados
pelos três elementos estudados: um gerador, um meio de interligação condutor e um receptor.
A corrente deve circular de maneira apropriada entre o gerador e o receptor, de maneira
que a ligação dos três elementos, por mais simples que seja, obedeça a normas que o aluno
deve dominar perfeitamente.
Para que haja transferência de energia, a corrente portadora dessa energia deve circular
do polo negativo para o polo positivo do gerador através do receptor (ESSA CORRENTE DO
NEGATIVO PARA O POSITIVO DENOMINA-SE "CORRENTE ELETRÔNICA"). Como o gerador
não possui um "estoque ilimitado" de elétrons, os elétrons que entregaram sua energia potencial
ao receptor devem ser enviados de volta ao gerador para serem reaproveitados.
Deste modo, na ligação de um gerador a um receptor, num circuito simples, necessitamos,
no mínimo, de dois meios condutores, ou seja, DOIS FIOS DE LIGAÇÃO: um para a ida do fluxo
de elétrons para o receptor e outro para o seu retorno ao gerador, para que sejam
reaproveitados, os elétrons circulam, deste modo num fluxo constante, do gerador para o
receptor e do receptor para o gerador, formando um percurso fechado que recebe o nome de
CIRCUITO ELÉTRICO (fig. Pl.2).
Note que os elétrons que circulam pelo circuito, formando a corrente elétrica, NÃO SÃO a
energia elétrica, mas tão somente os portadores dessa energia.

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P1.3 - INTERRUPTORES

Se quisermos interromper o fornecimento de energia ao receptor, deveremos simplesmente


interromper o fluxo de corrente em algum ponto do circuito, impedindo que ela circule.
Para fazermos essa interrupção bastará cortar um dos fios condutores que unem o gerador
ao receptor.
Se tivermos um circuito simples, formado por um gerador (pilha), um sistema de
interligação (condutores) e uma lâmpada (receptor), para apagar a lâmpada teremos duas
opções:
a) Se interrompermos o fio que une o polo negativo da pilha ao receptor, que é a lâmpada,
os elétrons não conseguirão atingir a lâmpada, não podendo entregar sua energia a ela. A
lâmpada não acenderá
(fig. Pl.3).

b) Se interrompermos o fio que une o polo positivo do gerador à lâmpada, os elétrons


iniciais, após passarem pela lâmpada, não conseguirão retornar ao gerador, impedindo a
circulação dos elétrons que vierem após, pela sua acumulação no condutor. O gerador não
conseguirá "empurrar" mais elétrons pelo fio, do polo negativo, pois ele estará saturado e não
poderá conseguir elétrons para reaproveitar pela interrupção da corrente no retorno. A corrente
não circulará e a lâmpada permanecerá, deste modo, apagada (fig. Pl.4).
Note que podemos interromper INDIFERENTEMENTE o fluxo de corrente entre o gerador
e o receptor ANTES ou DEPOIS da lâmpada, sem diferenças no resultado obtido.

41
Na prática, a interrupção de um circuito — quando desejamos evitar a transferência de
energia do gerador para o receptor e o estabelecimento do percurso da corrente para que o
receptor volte a receber energia do gerador — não é feita pelo corte do fio de interligação, ou
pela sua união.
Para LIGARMOS ou DESLIGARMOS um receptor de um gerador, interrompendo ou esta-
belecendo o fluxo de elétrons num circuito, usamos dispositivos chamados INTERRUPTORES
ou CHAVES INTERRUPTORAS, que variam na aparência física e comportamento elétrico em
função da intensidade da corrente a ser controlada e do tipo de interrupção desejada.
Quando pretendemos uma interrupção ou ligação de um receptor a um gerador em caráter
permanente, usamos um INTERRUPTOR SIMPLES, como o da fig. P1.5.
Quando desejamos uma interrupção momentânea (somente por alguns segundos), ou
ligação momentânea, como no caso de uma campainha de chamada, usamos um interruptor de
pressão (push-button, do Inglês), conforme mostra a figura P1.6.

Existem ainda interruptores que permitem a interrupção ou restabelecimento do fluxo de


elétrons simultaneamente em dois pontos de um circuito como, por exemplo, a CHAVE
INTERRUPTORA ou INTERRUPTOR DUPLO da figura P1.7.
42
Resumindo: Um circuito elétrico constitui-se basicamente por um gerador que fornece
energia elétrica, por um receptor que consome energia elétrica e por um sistema de condutores
que permitem a transferência da energia do gerador para o receptor.
Dispositivos adicionais de controle podem ser agregados. Podemos controlar a corrente
responsável pela transferência da energia do gerador para o receptor, interrompendo-a através
de dispositivos chamados interruptores, que podem ser encontrados em diversos formatos, em
função da aplicação a que se destinam.
As chaves interruptoras podem ser intercaladas em qualquer ponto do circuito, antes ou
depois do receptor, indiferentemente, na maioria dos circuitos práticos.
Na figura P1.8 o aluno tem um exemplo prático de um circuito desse tipo na iluminação
residencial, onde o receptor é a lâmpada que converte energia elétrica em energia radiante (luz)
e energia térmica (calor); o gerador é o da empresa de eletricidade distribuidora local, que pode
estar numa usina hidroelétrica distante, convertendo a energia potencial hidráulica em energia
elétrica, ou numa usina termoelétrica, convertendo a energia térmica da queima de combustível
em energia elétrica: o meio de interligação, que são os fios da rede de distribuição; e o
interruptor, que é o dispositivo de controle que permite acender a lâmpada conforme nossas
necessidades.

43
P1.4 - OS ESTADOS DOS CIRCUITOS

Os circuitos elétricos básicos, como os constituídos por geradores, condutores, receptores


e interruptores, podem encontrar-se em três estados fundamentais:
1) ABERTO: quando os elétrons não encontram caminho para circular através do receptor.
O caminho dos elétrons encontra-se interrompido em algum ponto.
Neste caso, o gerador forçará a ida dos elétrons até o ponto em que se encontra a
interrupção do circuito e, nesse ponto, a movimentação desses elétrons cessará, pois não pode
haver acúmulo de cargas naquele local, além do normal.
O polo positivo do gerador, por sua vez, atrairá os elétrons livres existentes no condutor até
o ponto em que existe a interrupção do circuito.
Examinando então o circuito vemos que não há circulação de corrente, porque ele não
estabelece um percurso completo para isso, mas, no ponto em que existe a interrupção do
circuito, irá manifestar-se todo o estado energético do gerador, por haver, praticamente, o
mesmo estado de tensão elétrica que se observa entre os polos do gerador. A diferença de
potencial existente entre os polos de um interruptor ABERTO, ou no ponto de interrupção de um
circuito qualquer, é a mesma existente entre os polos do gerador (fig. P1.9).

Na prática, isso significa que se o aluno estiver com a lâmpada de seu quarto desligada
(apagada), a tensão que encontrará entre os polos do interruptor deverá ser a mesma da rede
de distribuição de energia de sua casa, ou seja, 110 ou 220 volts, conforme o caso.
Note que a interrupção de um circuito pode ser: VOLUNTÁRIA, ou seja, ocorrer segundo
nossa vontade de LIGAR ou DESLIGAR o circuito, caso em que utilizamos um interruptor como
elemento de controle; INVOLUNTÁRIA, quando o fio condutor se interrompe internamente à
capa isolante devido a esforço mecânico (puxões excessivos ou dobras constantes) ou, ainda,
pela interrupção do próprio circuito receptor, por falha em seu interior (queima ou abertura de
seus elementos).
Para ilustrar o primeiro caso, podemos citar os fios de ligação de ferros de passar roupa
que, frequentemente, se partem interiormente, devido ao esforço mecânico (puxões e flexões
constantes - figo P1.10). E para ilustrar o segundo caso, podemos citar a queima do filamento
das lâmpadas incandescentes pelo envelhecimento, entrada de ar ou excesso de corrente.

44
2) FECHADO: um circuito se diz fechado quando os elétrons encontram percurso livre para
a circulação entre o gerador e o receptor e vice-versa, sem quaisquer interrupções.
Nesse caso, a corrente poderá passar livremente pelo interruptor que se encontrará
"fechado", IMPULSIONADA pela tensão existente nos polos do gerador, não havendo, pois,
diferença de potencial entre seus contatos. .
A d.d.p. entre os contatos de um interruptor FECHADO é NULA (zero volt fig. P1.11).

Na prática isso significa que, quando a lâmpada de seu quarto estiver acesa, submetida a
uma diferença de potencial igual a da rede de alimentação local (110 ou 220 volts), a tensão
medida no interruptor deverá ser de 0 volt (fig. P1.12).

45
É importante notar que este raciocínio não vale somente para uma lâmpada, mas por
qualquer dispositivo ou aparelho alimentado por energia elétrica.
3) CURTO-CIRCUITO: a intensidade da corrente que circula num circuito é determinada
pela "pressão" elétrica (tensão) do gerador e pelas necessidades de energia do receptor.
Quanto maior for a tensão e maior a demanda de energia do receptor, maior será a
corrente circulante pelo circuito (estamos desprezando, neste caso, a oposição à corrente
oferecida pelo meio condutor que, como se sabe, não é perfeito a ponto de permitir a passagem
do fluxo de elétrons sem oferecer resistência alguma).
Isso quer dizer que, num circuito normal, o que praticamente determina a corrente
circulante é o receptor.
Dizemos que ocorre um CURTO-CIRCUITO quando o fluxo de elétrons pode passar
diretamente do polo negativo ao polo positivo do gerador sem percorrer todo o circuito, ou sem
passar pelo receptor. A energia não mais será, deste modo, entregue ao receptor, devendo ser
dissipada de algum modo, geralmente em forma de calor, de modo perigoso à Integridade do
sistema (fig. P1.13).

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Neste caso, não havendo a limitação da corrente pelo receptor, sua intensidade cresce
consideravelmente, pois a resistência à sua passagem fica reduzida, havendo perigo de
aquecimento e queima dos condutores pelo excesso de corrente.
Em condições normais, os condutores devem ser capazes de conduzir a corrente drenada
(exigida) pelo receptor em condições de bom funcionamento.
NUNCA SE DEVE ULTRAPASSAR O MÁXIMO DE CORRENTE PERMITIDA PELA
INSTALAÇÃO, pois os condutores poderão se aquecer a ponto de inflamar o material que os
isola, propagando-se para objetos próximos, PODENDO HAVER O PERIGO DE INCÊNDIO. É o
que aconteceria num circuito sem proteção em que ocorresse um curto-circuito.
A energia que não pode atingir o receptor converte-se em calor, desse modo, no próprio
condutor.
Na prática, o aluno já deve ter notado que, quando ocorrem curtos-circuitos em aparelhos
eletrodomésticos, os cabos de ligação (fios que ligam o receptor ao gerador) aquecem-se o
suficiente para fumegar ou mesmo queimar completamente o isolamento, devendo ser
imediatamente desconectados da tomada para que conseqüências mais graves não venham a
ocorrer.
Note, porém, que os fios se aquecem sempre ANTES do ponto em que houve o curto-
circuito. Isso quer dizer que, se o curto-circuito acidental ocorrer no cabo que transmite energia
elétrica a uma lâmpada (conforme mostra a figo P1.14), a lâmpada não receberá energia elétrica
alguma, não acendendo, portanto. O cabo se queimará se as devidas providências não forem
tomadas, mas a lâmpada NÃO sofrerá nada com isso, pois enquanto o curto ocorrer ela estará
FORA DO CIRCUITO, ou seja, desligada.

Na parte correspondente às Informações Úteis, nesta lição, o aluno encontrará uma tabela
contendo dados sobre os tipos de fio normalmente empregados em instalações elétricas, como
seu diâmetro, sua capacidade de corrente, etc.
Resumindo: Os circuitos elétricos, em relação à circulação da corrente, podem encontrar-
se em três estados diferentes:
1) Abertos, quando existe uma interrupção em algum ponto que impede a circulação da
corrente. Essa interrupção pode ser voluntária, quando ocorrer por nossa vontade, com o uso de
dispositivos chamados interruptores, ou chaves interruptores, ou involuntária, quando ocorrer por
deficiência do próprio receptor.
2) Fechados, quando a corrente encontra livre percurso para sua circulação. Nestas
condições ela poderá entregar a energia do gerador ao receptor, garantindo um funcionamento
normal.
3) Curto-circuito, quando a corrente circular, sem passar pelo receptor, sendo obrigada a
dissipar sua energia de forma geralmente perigosa. O curto-circuito deve ser sempre evitado.

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48
2ª Lição Prática
P2.1 - A LÂMPADA INCANDESCENTE

A lâmpada incandescente é um dos dispositivos elétricos mais simples e de uso mais


difundido, dada sua evidente utilidade, sendo responsável pela introdução do hábito de se usar,
na prática, a energia elétrica.
Se bem que na atualidade existam já outros tipos de lâmpadas e de dispositivos de
iluminação mais avançados, como as lâmpadas fluorescentes, os painéis eletroluminescentes,
as lâmpadas PL, e muitos outros, na grande maioria dos lares e mesmo estabelecimentos
comerciais ainda predomina a "velha" lâmpada incandescente, daí dedicarmos uma lição a este
dispositivo.
A lâmpada de filamento incandescente deve seu aparecimento ao inventor americano
Thomas Alva Edison, em 1879, sendo esse ano considerado o início da era da eletricidade.
Naturalmente, todos conhecem a lâmpada incandescente, não sendo preciso, por isso,
dedicar muito espaço à sua descrição, pelo fato de que todos os tipos fabricados são muito
semelhantes no aspecto e poucos diferem nas técnicas básicas de construção.
A lâmpada elétrica incandescente se compõe basicamente de um filamento fino de um
metal de altíssimo ponto de fusão, o TUNGSTÊNIO, que, apesar de ser cortado segundo um fio
longo, é enrolado de modo a formar uma espiral que, no máximo, atinge uns 2,5 centímetros de
comprimento nas lâmpadas maiores.
Esse filamento é instalado numa ampola de vidro da qual é previamente extraído todo o
oxigênio, que é substituído por uma mistura de gases inertes. Nas lâmpadas mais antigas era
deixado vácuo no interior, mas a baixa pressão interna nestas condições tornava a lâmpada
sujeita a implosões.
Ao ser percorrido por uma corrente elétrica, o filamento se aquece a ponto de emitir luz. A
energia elétrica fornecida pelo gerador ao qual a lâmpada está ligada converte-se, desse modo,
em energia térmica e em energia radiante sob a forma de luz visível.
A corrente é conduzida através do filamento por suportes condutores que terminam num
casquilho rosqueado e num contato central isolado, existente no gargalo da lâmpada.
É através do casquilho rosqueado (ou soquete) e do contato central que se pode
estabelecer um contato elétrico entre a lâmpada e a tomada de energia.
Na prática, o contato elétrico entre o circuito e a lâmpada se estabelece através de um
"soquete". Este soquete serve, ao mesmo tempo, de suporte para a lâmpada e de intermediário
para sua ligação aos condutores de energia elétrica. A rosca existente no casquilho da lâmpada
destina-se justamente a ser enroscada em outro casquilho metálico existente dentro do
receptáculo, sendo que, desta maneira, não só se estabelecerá contato entre eles, como
também a lâmpada estará solidamente fixada em seu suporte (fig. P2.1).

49
Na figura P2.2 ilustramos a disposição dos elementos num circuito elétrico simples de que
fazem parte: a lâmpada incandescente (instalada em seu receptáculo), o receptáculo ou
soquete, o gerador (representado pela tensão da rede local), o interruptor (que se destina ao
controle do fluxo de corrente pela lâmpada, ou seja, sua interrupção e livre circulação,
permitindo que ela seja ligada e desligada segundo nossa vontade).

50
Naturalmente, o gerador de energia elétrica tanto pode achar-se localizado ao lado da
lâmpada, como estar a centenas de metros, ou mesmo centenas de quilômetros de distância.
Nisso consiste, justamente, UMA DAS MAIORES VANTAGENS DO EMPREGO DA ENERGIA
ELÉTRICA: a possibilidade de transmiti-Ia através de grandes distâncias sem muitas perdas,
com o auxílio de fios condutores.
Os receptáculos podem ser de feitios diversos. Podem ser simples, para fixação direta na
parede ou forro, com o auxílio de parafusos, como também podem ter o feitio de um plafonier
(arandela) ou de um pendente de fantasia, nos quais o suporte da lâmpada está encoberto por
globos artísticos, de vidro ou outros materiais transparentes ou translúcidos, com armações de
metal. É c/aro que, em todos os casos, os dois fios que conduzirão a corrente elétrica até a
lâmpada, para permitirem sua alimentação, devem ser ligados à rede de distribuição de energia
elétrica.
P2.2 - COMBUSTÃO

A combustão, ou queima, é uma reação química que ocorre entre duas substâncias: uma
COMBUSTÍVEL e outra COMBURENTE. O combustível é a substância que queima, podendo
ser, por exemplo, o papel, o plástico, a gasolina ou até mesmo os metais, enquanto o
comburente é a substância que causa a queima, sendo, normalmente, o oxigênio existente no ar
atmosférico.
Deste modo, só pode existir a queima de qualquer substância em presença de ar, pois nele
se encontra o comburente (oxigênio) necessário à reação química que ocorre. Veja o aluno que,
se abafarmos uma vela que se queima, colocando sobre ela um copo (fig. P2.3), em pouco
tempo ela se apagará, pois o oxigênio será consumido, não podendo haver mais combustão.

Para que
a queima de
qualquer
substância
ocorra,
geralmente é
necessário um
aquecimento a
determinada
temperatura,
para que a
reação de
combustão tenha início. Quando acendemos um pedaço de papel, o calor inicial da chama do
fósforo é que dá início à reação que inflama todo o papel. Do mesmo, quando aproximamos uma

51
chama de certa porção de gasolina, é seu calor inicial que dá início à reação que combina seus
gases com o oxigênio do ar atmosférico.
Os metais, se forem aquecidos a temperaturas suficientemente elevadas, também
queimam, reagindo, deste modo, o oxigênio (oxidando–se) e, portanto, perdendo suas
propriedades principais, entre elas a de conduzir a corrente elétrica.
Por esse motivo é que se retira o ar da ampola de vidro de uma lâmpada. O filamento de
tungstênio normalmente trabalha numa temperatura bastante elevada, da ordem de 2000 graus.
Se houvesse oxigênio presente, ele poderia reagir com o metal do filamento, provocando sua
queima e a conseqüente inutilização da lâmpada.
Assim, por sua elevada temperatura de operação, o filamento de uma lâmpada não deve
estar em contato com o ar atmosférico, pois este contém o oxigênio que poderia provocar sua
combustão ou queima e, portanto, a inutilização da lâmpada.
Com a elevada temperatura a que está submetido, o filamento de tungstênio tende também
a vaporizar-se lentamente, sendo esse um dos motivos pelos quais, depois de certo tempo de
operação, as lâmpadas deixam de operar. Quando o filamento, pela vaporização, se tornar
menos espesso, poderá ocorrer seu rompimento, inutilizando a lâmpada.
Normalmente, as lâmpadas modernas, para não ficarem com vácuo total em seu interior,
são preenchidas com um gás que não ataca o filamento, em geral um gás inerte como
NITROGÊNIO, o HÉLIO ou ARGÔNIO.
As lâmpadas fluorescentes operam segundo princípio diferente que será visto
oportunamente, o mesmo ocorrendo com dispositivos semicondutores que emitem luz, como os
LEDs, que também estudaremos oportunamente.

P2.3 - O FUSÍVEL

Desligar o circuito, interrompendo rapidamente o fluxo de corrente, quando houver perigo


em caso de curto-circuito acidental, nem sempre pode ser feito de modo fácil pelo próprio
operador; daí utilizar-se, na prática, um elemento de proteção automática contra o excesso de
corrente, que é o FUSÍVEL.
O aluno pode comparar o fusível ao elo mais fraco de uma corrente, estrategicamente
colocado para permitir sua fácil substituição, caso arrebente por excesso de força aplicada a ela.
O fusível típico consiste num pedaço de fio condutor (nos tipos tubulares de vidro usados
em eletrônica de 1 a 2 cm de comprimento) feito de material de baixo ponto de fusão (em alguns
casos chumbo ou estanho, como nos fusíveis domésticos). O chumbo derrete a 327 graus
centígrados, enquanto o cobre, de que são feitos os condutores, funde-se a mais de 1000 graus
centígrados, significando que, em caso de curtos-circuitos, o fusível se queima, interrompendo a
corrente, muito antes de haver perigo de o cobre se derreter, estragando os condutores. Na ver-
dade, sendo o chumbo e o chumbo/estanho maus condutores de corrente elétrica, seu
aquecimento por excesso de corrente é bem mais acentuado que no cobre, ocorrendo a fusão
desse material antes mesmo que haja tempo para o cobre atingir a temperatura que ponha em
perigo a integridade do material isolante que encapa os fios condutores (fig. P2.4).

52
Naturalmente, nem todos os receptores operam com a mesma corrente e nem todos os
condutores têm a mesma capacidade de corrente. Isso quer dizer que, conforme o circuito,
devemos ter elementos de proteção que se fundam com correntes diferentes. Deste modo, os
fusíveis são especificados comercialmente em função da corrente em que ocorre sua fusão
(queima) e conseqüente abertura do circuito, DEVENDO SUA ESCOLHA SER FEITA
COERENTEMENTE.
Note que a escolha do fusível apropriado para uma instalação elétrica é feita em função da
CORRENTE (Amperes) na qual ele deverá abrir o circuito em caso de sobrecarga, e nunca da
TENSÃO (volts).
Isso quer dizer que um fusível de 20 Amperes abrirá o circuito, interrompendo a corrente,
quando ela atingir uma intensidade de 20 Amperes, quer seja o circuito alimentado por uma
tensão de 110 (117) V ou 220 V.
Nota: Colocamos abreviada mente 117 V, porque na realidade a tensão da rede que
"popularmente" chamamos de 110 V é de 117 V e, em alguns casos, 127 V.
Lembre-se novamente de que CORRENTE E TENSÃO SÃO COISAS DIFERENTES EM
ELETRICIDADE.
Os interruptores também têm uma capacidade de corrente determinada, não podendo ser
ultrapassada sob pena de seus contatos se aquecerem excessivamente com o uso, provocando
deformações do material isolante que os suporta (normalmente de plástico para os tipos
comuns), a formação de uma camada de óxido que prejudica a passagem de corrente e o
aparecimento de centelhas que podem inutilizá-lo em pouco tempo.
Observar a TENSÃO MÁXIMA de um interruptor e sua CORRENTE MÁXIMA é de grande
importância para a obtenção de uma boa instalação elétrica.
Outro dispositivo de proteção de instalações elétricas é o DISJUNTOR. O disjuntor consiste
numa chave que desliga automaticamente (abre) um circuito quando a corrente neste circuito
supera certo valor. Assim, um disjuntor de 20 Amperes "abre" quando a corrente chega aos 20
Amperes. A vantagem do disjuntor é que, enquanto o fusível, uma vez aberto, precisa ser
trocado por outro novo, o disjuntor não. Sendo removida a causa do problema (um curto-circuito
ou uma sobrecarga), o disjuntor pode ser ligado novamente, ficando pronto para outra ação de
proteção.

P2.4 - EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS


A execução de instalações elétricas em geral não oferece maiores dificuldades, sendo um
serviço simples e bastante lucrativo. Porém, para que o estudante obtenha bons resultados
neste setor, é necessário que os serviços sejam feitos com "capricho".
Duas podem ser as maneiras de se fazer uma instalação elétrica: "externa" ou "embutida".
As instalações embutidas são feitas com o auxílio de canos (conduítes), os quais,
embutidos em paredes ou muros, constituem-se numa “canalização” para os fios condutores de
corrente. Nestes condutores passarão então os fios isolados. Nestas instalações, naturalmente,
as chaves, tomadas e outros acessórios são de tipos especialmente projetados de modo a
também serem embutidos ou montados em suporte de paredes (fig. P2.5).

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Em todos os tipos de instalações deve-se sempre observar que:
a) O diâmetro dos condutores empregados corresponda à intensidade da corrente no
circuito, para se evitar seu aquecimento excessivo quando em operação normal. (Daremos no
final uma tabela de fios com as correntes indicadas pelos fabricantes como máximas, em que
eles podem ser utilizados.)
b) Interruptores, fusíveis e outros acessórios tenham uma capacidade de corrente compatí-
vel com a dos artefatos que serão utilizados nesta instalação. Na maioria dos casos as
características elétricas dos componentes estão gravadas sobre eles próprios. Podemos
encontrar, deste modo, gravadas sobre um interruptor as seguintes especificações: 6 A - 250 V.
Isso significa que esse interruptor só pode ser usado em circuitos em que a intensidade de
corrente não exceda 6 Amperes e que a tensão não ultrapasse os 250 volts. Caso isso seja
desrespeitado, poderá ocorrer um superaquecimento dos contatos desse componente,
inutilizando-o completamente em pouco tempo, sem se falar no risco de incêndio a que se
submete.

Tabela de fios de cobre

O primeiro ponto a ser observado na escolha de um condutor para uma instalação elétrica
é a capacidade de corrente, que deve ser suficiente para permitir sua livre condução, sem
aquecimento excessivo. Outros pontos de grande importância também devem ser observados
na escolha de um condutor, principalmente os relacionados com a previsão da quantidade de fio
necessária a determinada aplicação, seu custo e o volume que ocupará em determinada
disposição.
A classificação dos fios de cobre é feita segundo seu diâmetro (bitola), correspondendo a
cada valor dessa grandeza um número de ordem. Esses números foram obtidos pela primeira
vez por uma empresa americana, a Brown & 5harp (B&5), sendo esse o motivo de se designar
os fios por um número, seguido pela sigla B&5, indicando que o número se refere à tabela dessa
empresa.Posteriormente, essa numeração foi adotada por todas as indústrias americanas,
passando a ser denominada AWG (American Wire Gauge). Como os valores das duas tabelas
coincidem para um mesmo fio, encontrando-se uma indicação de número de fio seguida pela
sigla B&5, também se pode determinar suas características pela tabela AWG. Temos também,
atualmente, a especificação dos fios pelo sistema métrico, resultando numa segunda tabela, a
qual é apresentada neste curso.
Assim, nossa primeira tabela que vale para fios esmaltados e para os condutores internos
dos fios encapados corresponde ao sistema AWG.

a) Tabela AWG

54
Nessa tabela encontramos 7 colunas com as informações que se seguem:
1ª coluna: Nesta coluna temos os números de ordem dos fios, em valores crescentes.
2ª coluna: Nesta coluna temos os diâmetros correspondentes dos fios, dados em
milímetros.
3ª coluna: Nesta, temos uma indicação da área da secção transversal do fio, ou seja, da
área que se obtém ao se fazer um corte perpendicular ao fio; esta especificação é dada em
milímetros quadrados (mm2).
4ª coluna: Nesta coluna temos a indicação de quantos quilos pesa 1 quilômetro (1 000
metros) do fio, sendo de grande utilidade esta informação quando se trabalha com fio esmaltado,
que normalmente é vendido por peso.
Através dessa informação, conhecendo o número de metros de determinado fio podemos
calcular seu peso (os fios para enrolamentos de motores e bobinas esmaltados são vendidos por
peso, enquanto os fios isolados são vendidos por metro ou em rolos de 100 metros). Exemplo:
queremos comprar 100 metros de fio 18 (esmaltado); consultando a tabela, verificamos que 1
000 metros de fio 18 pesam 7,3 kg; 100 metros pesarão (100/1000) x 7,3 = 0,73 kg ou 730
gramas. Naturalmente, compraremos um pouco mais, 800 gramas.
5ª Coluna: Nesta coluna temos a resistência elétrica do fio em ohms para cada
1000 metros (o significado desta resistência ficará mais claro nas próximas lições). Com
esse dado podemos calcular a resistência elétrica de uma bobina (motor, solenoide, etc.) ou de
um pedaço de fio de determinado comprimento.
6ª Coluna: Nesta coluna temos a indicação da corrente máxima (em Amperes) que suporta
o fio correspondente, sem se aquecer excessivamente. Por exemplo: sabemos que determinado
enrolamento de um transformador é percorrido por uma corrente de 3 Amperes, quando em
funcionamento normal; examinando a tabela de fios verificamos que o fio 17 pode suportar
correntes até 3,2 A; usamos então esse fio para obter o funcionamento normal do dispositivo.

b) Tabela Métrica - 1

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Esta tabela atualmente é a mais usada em nosso país, sendo válida para fios encapados
usados em instalações elétricas.
Nesta tabela temos a equivalência AWG e as correntes máximas.

c) Tabela Métrica - 2

Nesta tabela temos todas as características dos fios usados em instalações elétricas,
inclusive com informações sobre o diâmetro dos conduítes (eletrodutos) que devem ser usados
para o caso de se necessitar passar por eles até 3 fios.

56
Aprenda Fazendo N° 1
TRABALHANDO COM CONDUTORES

A1.1 - INTRODUÇÃO
57
Para fazer uma montagem "limpa" não é suficiente que o técnico saiba colocar as peças
num chassi ou placa de circuito impresso e interligá-Ias ou soldá-Ias. É preciso também que
saiba reconhecer os componentes usados, de modo a poder classificá-los adequadamente.
Deve, por exemplo, saber qual o fio adequado a cada tipo de ligação e como prepará-lo de modo
a obter um serviço bem feito; deve ser capaz de determinar os valores de resistores, capacitores
e outros componentes, quando eles vêm especificados por meio de códigos de diversos tipos
usados em eletrônica. Também deve aprender a fazer enrolamentos simples, projetar e fazer
placas de circuito impresso, interpretar um diagrama.
São estes os ensinamentos básicos que, mesmo sem estarem ligados diretamente à
montagem de um equipamento, se fazem necessários em nosso curso, por estarem presos às
necessidades de rotina do trabalho do técnico, quer seja ele amador ou profissional.
Assim, nesta primeira parte desta série de explicações sobre técnicas de montagem,
trataremos dos meios responsáveis pela transmissão de energia elétrica aos diversos com-
ponentes de um equipamento, pois sem eles seu funcionamento não seria possível e com sua
utilização de modo errado teríamos um funcionamento deficiente: Trataremos, pois, dos diversos
tipos de fios existentes, sob os aspectos de aparência, uso e preparação para o trabalho.
Veja o aluno que estamos num ponto em que a eletrônica se "mistura" um- pouco com a
eletricidade, pois os aparelhos eletrônicos na realidade são em boa parte alimentados pela rede
de energia via instalações domiciliares. Assim, mesmo sendo este um curso de eletrônica,
julgamos importante que o aluno conheça estas instalações.

A1.2 - FIO NU PARA LIGAÇÕES

O fio de cobre nu, também conhecido como fio nu para ligações, é geralmente usado para
a execução de ligações ao chassi ou pontos do equipamento onde o potencial seja nulo. Em
geral, tais ligações são curtas e, como o ponto conectado tem o mesmo potencial elétrico do
chassi, não é necessário seu isolamento, pois não existe perigo de curto-circuito. O fio nu para
ligações pode também ser usado para interligação de componentes muito próximos, quando a
distância que os separa é reduzida demais para permitir que se deixe isolamento entre eles (fig.
A1.1).

O fio nu de cobre usado em trabalhos de eletrônica é recoberto com uma finíssima


camada de estanho, que lhe proporciona um brilho semelhante ao prateado, visando facilitar o
trabalho de soldagem, pois sua presença elimina a necessidade de prévio estanhamento para a
execução desta tarefa. Como é sabido de lições anteriores, todos os fios de cobre simples têm
de ser raspados no local da soldadura, a fim de que seja removida a camada quase invisível de
óxido que se forma e que impede a adesão da solda. Como estes fios já possuem uma camada
de estanho, sua oxidação ocorre em grau muito menor, resultando que, mesmo sem limpeza, se
pode realizar facilmente uma ótima soldagem.
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A1.3 - FIO ESMALTADO

O fio esmaltado, também conhecido pelo nome de "fio magnético", não é utilizado para
interligação de componentes. Esse nome, "fio magnético", decorre não do fato de ter o material
de que é feito propriedades ferromagnéticas, já que ele também é de cobre, mas sim porque
esse fio é usado em aplicações relacionadas com o eletromagnetismo, como por exemplo no
enrolamento de bobinas de transformadores, motores, etc.
O isolamento desse fio é muito fino, porque, normalmente, terá de suportar apenas
diferenças de potenciais existentes entre as espiras e camadas de fio de um enrolamento que,
em geral, são bastante pequenas. Usa-se para isso um esmalte especial, aplicado em camadas
finíssimas. Como o isolamento ocupa pouco espaço, os enrolamentos que necessitam de fios
finos em disposição compacta utilizam este tipo de fio.
Para que possamos soldá-los em terminais de outros componentes, ou outros fios,
devemos remover a camada de esmalte no local desejado.
Se o fio for grosso, poderemos raspá-lo cuidadosamente com uma faca até que sua
superfície se torne brilhante, indicando que o esmalte isolante foi totalmente removido. Para
isso, seguramos o fio com a mão esquerda e; passando entre o polegar e a faca, raspamos
cuidadosamente todo o esmalte em sua volta (fig. A 1.2).

A PRESSÃO DA FACA SOBRE O FIO DEVE SER DOSADA CUIDADOSAMENTE, PARA


QUE APENAS O ESMALTE SEJA REMOVIDO, SEM CORTAR O FIO. Com um pouco de
prática o principiante conseguirá dosar a pressão de modo a obter o efeito desejado. Uma vez
removido o esmalte, a soldagem do fio será feita como a de qualquer outro tipo.

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Os fios finos, no entanto, não podem ter sua capa de esmalte removida pelo mesmo
processo, já que facilmente poderiam ser cortados pela faca. Para estes fios procedemos da
seguinte maneira: usamos um pedaço de lixa fina (n2 00) dobrado de maneira que a parte
áspera fique para dentro da
dobra, segurando-a
entre o polegar e o indicador de
uma das mãos. Com a outra,
passamos o fio entre as duas
camadas de lixa, conforme
mostra a figura A 1.3, puxando-
o lentamente, ao mesmo
tempo que apertamos a
lixa entre os dedos. O grau
de pressão necessário à
remoção do esmalte
depende da espessura do
fio, sendo obtido com
algum treinamento.

Os fios mais finos podem ser raspados com uma lâmina de barbear, mas esta operação
exige muito cuidado.

A1.4 - FIOS DE LIGAÇÃO

Todas as ligações sob o chassi, entre componentes distantes ou entre a placa de fiação
impressa e os componentes distantes, devem ser feitas com dois tipos de fios, exceto as
ligações entre componentes muito próximos e as ligações à terra:
Fio sólido (isolado por capa plástica);
Fio flexível (isolado por capa plástica).
O fio de ligação sólido possui um só condutor central de cobre com diâmetro de 0,8 a 1,2
mm (20 ou 22 AWG). Como o fio nu, este condutor possui também uma camada de estanho,
com a finalidade de prover sua proteção contra a oxidação, evitando a necessidade de limpeza
antes da soldagem (fig. A 1.4).
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Geralmente este fio é usado para ligações entre componentes que exijam certa rigidez,
como entre componentes separados por uma distância média, para que o fio não fique frouxo no
interior do equipamento.
O uso deste fio é difundido, principalmente, nas montagens de amplificadores,
computadores, instrumentos complexos, automatismos industriais, televisores, dada a relativa
facilidade de trabalho que ele proporciona, além de melhor aspecto para a montagem. Porém,
como este fio se rompe com relativa facilidade ao ser dobrado e desdobrado muitas vezes,
devem-se tomar as devidas precauções durante sua utilização.
É por este motivo que os principiantes devem usar em suas montagens o fio flexível para
ligações, em lugar deste fio.
O fio flexível ou "cabinho" para ligações é composto por 6 a 12 fios de cobre de pequeno
diâmetro, trançados entre si e cobertos por uma fina camada de estanho (fig. A1.4).

Pela flexibilidade desses fios, não existe o perigo de quebra pelo manuseio mesmo quando
dobrado e desdobrado diversas vezes.
O isolamento de ambos os tipos de fios de ligação é constituído por uma camada de
material isolante (plástico). Essa isolação pode ser em diversas cores (vermelho, preto, marrom,
verde, azul, etc.).
Normalmente, a utilização de fios de cores diferentes para uma montagem prende-se ao
fato de podermos associar a cada função, a cada espécie de ligação, uma cor diferente, de
modo que, pela simples observação da conexão, poderemos ter uma ideia prévia da espécie de
corrente ou tensão que encontraremos ali. Esta espécie de código, que futuramente
abordaremos mais pormenorizadamente, facilita muito o trabalho de reparação de equipamentos
eletrônicos, sendo por isso adotada com freqüência pela indústria.
No capítulo referente a informações úteis de lições posteriores, quando o aluno tiver tido as
noções sobre as correntes e tensões com que normalmente operaram os circuitos eletrônicos,
daremos instruções de como usar, na prática, o código de cores.
Naturalmente, nas montagens não profissionais, o estudante não será obrigado a comprar
um pedaço de fio de cada cor para poder, em cada ligação, obedecer ao código de cores.
Entretanto, se quiser, existe no comércio o fio para ligações múltiplo paralelo (fig. A 1.5), que se
constitui de diversos fios flexíveis (de 6 a 24) de cores diferentes, fabricados de modo a
formarem uma fita. Este fio é muito usado na conexão de impressoras de computadores e
interfaces diversas.

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O aluno poderá usar os fios deste condutor independentemente, separando-os da fita, para
o que bastará desfiá-Ia, ou ainda obter cabos de ligação de 2, 3,4 e até 12 condutores paralelos.
Uma das grandes vantagens da utilização desse tipo de fio em ligações que exijam muitos
condutores está no fato de se evitar que os fios fiquem espalhados; daí ser seu uso largamente
difundido em equipamentos de grande complexidade, ou que utilizem placas de fiação impressa.
Existem também presilhas de plástico que permitem "aglomerar" diversos fios, prendendo-
os de modo a formar um cabo.
Para a remoção do isolamento desses fios procede-se do seguinte modo: corta-se o fio no
comprimento desejado; a 1 ou 1,5 centímetro de sua ponta é feita uma cisão (corte) circular no
isolamento plástico, como mostra a figura A 1.6. A pressão do canivete ou faca deve ser dosada
de tal modo que apenas a capa plástica seja cortada, sem que o condutor central seja
danificado. Com o mesmo canivete é, então, removido o pedaço de isolação, do modo mostrado
na figura A 1.6.

A1.5 - FIO BLINDADO

Este fio (também conhecido por "shield") é composto por um fio de ligação flexível sobre
cuja isolação existe uma malha de fios de cobre estanhados, finos. É usado para as ligações
sensíveis à captação de zumbidos em equipamentos de áudio (receptores, amplificadores, etc.),

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ou ainda em equipamentos que possam irradiar sinais indesejáveis, como geradores de sinais,
transmissores, etc.
O condutor central é usado para ligação, enquanto a malha externa é ligada ao chassi ou
ao potencial de terra do circuito, blindando, assim, o condutor central contra a influência de
campos elétricos exteriores, que de outro modo poderiam aparecer no alto-falante, por exemplo,
de modo desagradável. O motivo pelo qual o zumbido interferente não pode penetrar através da
malha exterior, mesmo sendo ela metálica, será explicado em lições relativas à eletrostática.
Do exposto, deduzimos que a malha exterior de um condutor desse tipo NUNCA deverá
estar em contato com o condutor central, pois dessa maneira haveria um impedimento para a
passagem da corrente através dele. A malha deverá SEMPRE estar ligada ao chassi ou ao
potencial de terra do equipamento.
Por esse motivo deve-se ter muito cuidado ao se retirar a malha nas pontas de ligações do
fio. Para isso existem dois métodos seguros que deverão ser seguidos numa prática de oficina:
a) Corta-se cuidadosamente a malha, a uma distância de mais ou menos 2 centímetros da
ponta do fio, por meio de um canivete ou tesoura (fig. A 1. 7-a); durante esse serviço deve-se
tomar cuidado para que não seja danificada a isolação plástica do fio, pois uma falha neste
ponto provocaria facilmente um curto-circuito. A fim de se evitar que a trança da malha se
desfaça em fiozinhos (fiapos), que por sua vez apresentam o perigo de contatos com outros
componentes próximos e curtos-circuitos com ligações vizinhas, fixam-se em seguida esses
fiozinhos, por meio de algumas voltas de fio nu para ligações, com um pouco de solda. O fio terá
então a aparência indicada na figura A 1.7-b.
Por fim, corta-se a isolação mais ou menos a 1 centímetro de distância da ponta e,
retirando-se esse pedacinho de isolação, completa-se o serviço. A aparência do cabo
completamente preparado nestas condições é mostrada na figura A 1.7-c.

b) Outro método comum para o preparo do fio blindado é o seguinte: após cortado o fio no
comprimento desejado, dobra-se o cabo a 2 ou 2,5 centímetros da ponta, conforme mostra a
figura A 1.8-a; na parte exterior da dobra, a malha é empurrada um pouco para os lados, de
modo que nesse ponto fique um buraco na blindagem. Esse trabalho pode ser executado com
uma pequena chave de fenda, ou com qualquer outro objeto pontiagudo. Naturalmente, deve-se
cuidar para que a isolação do fio central não seja danificada durante essa operação. Com a
mesma ferramenta força-se, agora, o fio através do alargamento feito na malha restante,
conforme mostra a figura A 1.8-b. Pronta esta operação, torce-se a malha restante, que é então
utilizada para a soldagem ao chassi ou massa. Remove-se a isolação da ponta do fio central e o
serviço será completo. A figura A 1.8-c nos dá uma ideia da aparência do fio blindado depois de
tratado da forma descrita.

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Os fios blindados também podem ser múltiplos, com dois ou mais condutores centrais e
uma malha externa comum, blindando-os todos. Encontramos este tipo de cabo na condução de
sinais de baixa intensidade, como os obtidos em cabeças de gravadores, cápsulas de toca-
discos estéreo, pois ali existem dois canais e, portanto, duas correntes separadas a serem
conduzidas.

A 1.6 - FIOS (CABOS) PARA ALIMENTAÇÃO

O "cordão" de alimentação, ou cabo de alimentação ou, ainda, rabicho de alimentação, é


usado para conduzir a energia da rede de alimentação (tomada) para o interior do equipamento.
Este fio é formado por dois condutores de cobre que, por sua vez, são compostos de vários
fios finos, a fim de permitir maior flexibilidade ao conjunto assim formado.
Este tipo de fio tem, portanto, certa semelhança com o fio flexível de ligação, com a única
diferença de que, eventualmente, pode não ser coberto com uma camada de estanho, devendo,
portanto, ser raspado antes da operação.
Numa das pontas desse fio (que pode ser comprado já cortado com comprimento de 1,5
metro) existe um plugue, moldado no próprio material do isolamento. Esse plugue consiste em
dois pinos metálicos presos em posição paralela, que permitem o encaixe justo com os orifícios
da tomada de energia da rede, possibilitando um contato firme e eficiente.
Entretanto, pode ocorrer que o aluno, adquirindo simplesmente o fio paralelo, ou trançado
duplo, queira utilizá-lo para fazer um cabo de alimentação. Nesse caso, após cortá-lo no
comprimento desejado, deverá fixar o plugue num de seus extremos. Esse plugue, que consiste
numa peça de material isolante com dois pinos metálicos (de material condutor, portanto) pode
ser adquirido em qualquer casa de material elétrico.
A fixação do cabo ao plugue deve obedecer a certa técnica, para que a eventualidade de
uma ligação frouxa, ou de um mau contato, ou ainda de possíveis curtos-circuitos, não possa
prejudicar o funcionamento do equipamento a ser alimentado, ou mesmo apresentar perigos
para a instalação domiciliar ou para quem o manuseia.
O procedimento correto para a ligação do cabo ao plugue é o seguinte: Em primeiro lugar,
os dois condutores devem ser separados, inclusive sua isolação, até um comprimento de
aproximadamente 3 ou 3,5 centímetros; isso pode ser feito facilmente rasgando-se a isolação
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entre os dois fios como se rasga um pedaço de papel (fig. A 1.9-a); faz-se, com um canivete, um
corte circular a 2,0 centímetros da ponta do fio, como foi descrito para os demais fios isolados;
torcem-se, a seguir, as pontas de ambos os condutores, para se evitar que os pequenos fios se
soltem facilmente. A esta altura, o fio paralelo terá a aparência mostrada na figura A 1.9-a.
Examinemos agora o plugue: os dois pinos possuem porcas circulares ou sextavadas, com
uma ou duas fendas ao lado; nessas fendas introduzimos a ponta de uma chave de fenda,
girando a mesma para o sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, para desapertá-la
completamente. Uma vez realizada esta operação de desaperto, introduzimos o fio paralelo no
furo central do plugue e o puxamos até que fique uns 15 centímetros para além do plugue;
fazemos nessa ponta do fio, como mostra a figura A 1.9-b, um nó, de modo que sobrem apenas
duas pontas de uns 3 centímetros, separadas uma da outra, conforme explicamos no parágrafo
anterior. Puxamos agora o fio pelo outro lado do plugue, fazendo o nó alojar-se no seu interior,
impedindo assim que o fio se solte. Caso o tipo de plugue não tenha espaço interno para permitir
o alojamento do nó feito no fio, proceder-se-á à ligação do fio sem ele, embora a tarefa, depois
de completada, não resulte numa ligação tão sólida como no primeiro caso.

Resta-nos, apenas, efetuar a ligação das duas pontas do fio paralelo aos dois pinos do
plugue. Para isso formamos dois pequenos ganchos nas pontas dos fios já desencapados,
conforme mostra a figura A1.10 e enganchamos esses fios nos pinos do plugue.

Colocado cada gancho sobre o respectivo pino, apertamos de novo as porcas, as quais
devem ser giradas com força por meio de uma chave de fenda. Os ganchos formados com as
pontas desencapadas do fio devem ser colocados em volta dos pinos de tal modo que o
movimento de apertar a porca tenda a enrolá-lo cada vez mais sobre o pino, e não o desenrolar,
pois nesse último caso haveria uma tendência para o fio escapar, quando fôssemos apertá-lo.
Na figura A 1.10 temos uma ilustração que nos possibilita melhor compreender o que foi dito,
estando representada a maneira correta de se proceder à ligação em (b), e a maneira errada em
(c).

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Finalmente, devemos verificar se não fica solta alguma ponta dos fiozinhos que formam o
cabo e que mais tarde possa entrar em contato com o fio oposto provocando, deste modo, um
curto-circuito.
Observe que os plugues usados em nosso país são normalmente do tipo circular duplo. No
entanto, adquirindo aparelhos de outras procedências, podemos encontrar outros formatos como
os mostrados na figura A1.11.

Se bem que as
tomadas possam ter dois tipos de encaixe, admitindo por exemplo os plugues redondos e os
chatos, existem casos em que o aluno pode precisar de um adaptador. Ele é encaixado no
próprio plugue.
Temos ainda as tomadas e plugues usados em computadores que possuem três pinos. O
terceiro pino é para ligação à terra, servindo de proteção para o equipamento que é sensível a
transientes, ou seja, variações de tensões ou descargas, que serão estudadas em lições futuras.
Na figura A 1.12 temos o aspecto de um desses plugues, com sua tomada. São usados em
computadores, possuindo o cabo de alimentação três condutores.
O terceiro pino funciona como o terra dos chuveiros, que estudamos, evitando neste caso
que interferências e ruídos possam alcançar o aparelho sensível, causando-lhe dano.
Computadores, que são muito sensíveis a este tipo de influência externa, usam estas tomadas e
plugues. O fio terra deve ser ligado a uma barra de metal enterrada no solo.

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QUESTIONÁRIO DO 1° FASCÍCULO
INSTRUÇÕES:

a) Cada pergunta deste questionário tem apenas uma alternativa correta.


b) Uma vez respondido todo o questionário, assinale na folha de respostas as alternativas,
marcando um X no quadrinho correspondente.

NÃO USE CANETA DE TINTA VERMELHA.


01 - Toda matéria conhecida é formada por:
a) Substâncias
b) Misturas
c) Átomos
d) Gases

02 - No núcleo do átomo encontramos partículas denominadas:


a) Elétrons
b) Prótons e elétrons
c) Elétrons e nêutrons
d) Prótons e nêutrons

03 - As cargas elétricas do próton e do nêutron são, respectivamente:


a) Positiva e negativa
b) Positiva e nula
c) Positiva e positiva
d) Negativa e nula

04 - Com relação à força existente entre os prótons e os elétrons num átomo, podemos dizer que:
a) Ela inexiste
b) Ela é de atração
c) Ela é de repulsão
d) Ela é de atração e repulsão

05 - Num átomo neutro, podemos afirmar que:


a) O número de prótons é igual ao de nêutrons
b) O número de prótons é igual ao de elétrons
c) O número de elétrons é igual ao de nêutrons
d) Não existe nenhuma relação entre o número de prótonse de elétrons

06 - Um átomo possui 13 prótons e 14 nêutrons. O número atômico desse átomo é:


a) 13 .
b) 14
c) 27
d) 1

07 - Se os átomos de um determinado material manifestarem uma falta de elétrons, diremos que


esses átomos se constituem:
a) Em íons positivos
b) Em íons negativos
c) Em elétrons livres
d) Em isolantes

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08 - Substâncias que apresentam muitos elétrons livres são denominadas:
a) Isolantes
b) Condutoras
c) Compostas
d) Eletrizadas

09 - Um átomo que possui um nível de ionização baixo pode:


a) Formar substâncias isolantes
b) Ganhar elétrons com facilidade
c) Dar origem a substância condutora
d) Não pode ser eletrizado

10 - Um átomo eletrizado negativamente possui:


a) Excesso de prótons
b) Excesso de elétrons
c) Falta de nêutrons
d) Falta de elétrons

11 - A energia elétrica está fundamentalmente ligada:


a) À existência de nêutrons no átomo
b) À possibilidade de se obter uma movimentação de elétrons
c) Ao estado de neutralidade de um corpo
d) À presença de prótons num átomo

12 - Corrente elétrica consiste:


a) Na ausência de elétrons num átomo
b) Na circulação da energia elétrica
c) Na movimentação ordenada de cargas elétricas
d) Na presença de elétrons-livres num condutor

13 - Os geradores:
a) Criam energia elétrica
b) Obtêm energia elétrica a partir do ar
c) Consomem energia elétrica
d) Transformam alguma espécie de energia em energia elétrica

14 - Passando por um percurso externo, a corrente eletrônica:


a) Vai do polo positivo para o negativo do gerador
b) Vai do polo negativo para o positivo de um gerador
c) Perde-se durante esse percurso
d) Transforma-se em energia elétrica nesse percurso

15 - Para caracterizar a "pressão elétrica" manifestada entre os polos de um gerador, o termo mais
apropriado é:
a) Corrente elétrica
b) Íons
c) Elétrons livres
d) Força eletromotriz

16 - Com relação à corrente elétrica e à tensão elétrica, podemos afirmar que:


a) A corrente é a causa e a tensão o efeito
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b) A corrente é o efeito e a tensão a causa
c) A corrente e a tensão são a causa
d) A corrente e a tensão são o efeito

17 - Só poderemos ter corrente circulando por um meio qualquer se nele:


a) Aplicarmos uma tensão elétrica
b) Existirem metais
c) Não existirem elétrons livres
d) Faltarem elétrons

18 - Medimos a corrente na unidade denominada:


a) Volt
b) Ampere
c) f.e.m
d) Metro

19 - Medimos tensão elétrica na unidade denominada:


a) Volt
b) Ampere
c) f.e.m
d) Metro

20 - Os bons condutores:
a) Oferecem grande oposição à passagem da corrente
b) Oferecem pequena oposição à passagem da corrente
c) Não têm elétrons livres
d) Não são percorridos por correntes elétricas

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