MARÉS, Carlos. De como a natureza foi expulsa da modernidade. In: Revista Crítica do
Direito, n. 5, vol. 66, ago.dez. 2015. p. 88-106.
RESUMO INTRODUTÓRIO
O texto reflete sobre a crise ambiental e as mazelas da modernidade em relação a natureza, a inversão
de valores referente a sociedade civil à sociedade natural, com o processo de dominação dos recursos
naturais e o descarte dos elementos naturais considerados “inúteis” (plantas e animais livres) em favor
do desenvolvimento socioeconômico.
Citações Comentários
“A humanidade avançou sobre a natureza e de tal forma a Reflexão trazido a partir do
considerou dominada que vê, agora, como uma ameaça processo de desenvolvimento
injusta o risco de sua própria destruição e a necessidade de econômico de forma
preservar plantas e animais livres. A modernidade, com seu descompassada com a crise
desenvolvimento econômico e sua ciência, prometeu ambiental e a apropriação dos
melhorar a natureza e apenas conseguiu enjaulá-la, bens natural em detrimento da
reservando o resto do espaço da terra para a humanidade, exploração agrícola e outros.
como se pudesse viver de forma totalmente apartada,
convivendo apenas com a natureza domesticada ou
enjaulada.” pag 88
“A natureza e as sociedades naturais são considerados Tecer sobre a transformação
entraves ao desenvolvimento humano, quer dizer, moderno. A das áreas naturais sem
terra a ser arada e plantada haveria de ser, antes de afofada e preocupação com as mudanças
enriquecida, limpa de todos os seres que pudessem concorrer no ecossistema local.
com os animais ou plantas submetidos aos seres humanos,
domesticados, como dizemos” Pág 88 e 89
“O ser humano transformou a natureza até fazê-la
aparentemente dócil, fornecedora de bens e riquezas.” Pág 89
“cultura e ideologia avançaram sobre os campos expulsando o processo de dominação
tudo o que fosse natural para dar lugar ao que se chama de humana sobre a natureza de
cultivares novas e raças de animais domésticos, rapidamente forma invisivelmente violenta,
transformados em mercadorias, até que a própria terra se mas nefasta como visto nas
tornou também em mercadoria. pág 89 conseqüências desencadeadas
“O ser humano criou o seu ambiente e dele expulsou a socialmente: pandemias,
natureza. Não há expulsão sem violência, e esta expulsão logo desequilíbrio nas fontes
se transformou em guerra. A chamada crise ambiental, a naturais (enchentes e secas).
incrivelmente humana crise ambiental, está presente, hoje, na
vida de todos, nas enchentes, nas secas, nos furacões; está
presente no caos do trânsito urbano, nas pandemias gripais, na
obesidade, na extinção de espécies e de paisagens, na
mudança do clima, no lixo acumulado.” Pág 90
“entre os homens, deus criou um deles para dirigir e cuidar Para Bartolomé “Como
dos demais, chamando-o de rei ou chefe de tribo. (LAS ninguém, entendeu que as
CASAS, 1985) Las Casas defendia portanto que havia um diferenças culturais e nacionais
direito divino sobre todas as coisas assim como havia um podem levar ao extermínio de
direito divino dos reis sobre os outros seres humanos. O que o uma delas” pág 90.
torna único neste pensamento é que este segundo direito é O Resumo da defesa de La
atribuído a todas as sociedades, fiéis ou infiéis, europeias ou Casa.
americanas”. Pág 90