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Fichamento: Aula 3 – 12/04/2022

Disciplina: Teoria Geral do DireIto Agrário (TGDA)


Docentes: Maria Cristina Vidotte, Carlos Marés e Anne Geraldi Pimentel

Discente: Camilla Lima Batista

MARÉS, Carlos. De como a natureza foi expulsa da modernidade. In: Revista Crítica do
Direito, n. 5, vol. 66, ago.dez. 2015. p. 88-106.

RESUMO INTRODUTÓRIO
O texto reflete sobre a crise ambiental e as mazelas da modernidade em relação a natureza, a inversão
de valores referente a sociedade civil à sociedade natural, com o processo de dominação dos recursos
naturais e o descarte dos elementos naturais considerados “inúteis” (plantas e animais livres) em favor
do desenvolvimento socioeconômico.

LISTA DE CITAÇÕES E COMENTÁRIOS:

Citações Comentários
“A humanidade avançou sobre a natureza e de tal forma a Reflexão trazido a partir do
considerou dominada que vê, agora, como uma ameaça processo de desenvolvimento
injusta o risco de sua própria destruição e a necessidade de econômico de forma
preservar plantas e animais livres. A modernidade, com seu descompassada com a crise
desenvolvimento econômico e sua ciência, prometeu ambiental e a apropriação dos
melhorar a natureza e apenas conseguiu enjaulá-la, bens natural em detrimento da
reservando o resto do espaço da terra para a humanidade, exploração agrícola e outros.
como se pudesse viver de forma totalmente apartada,
convivendo apenas com a natureza domesticada ou
enjaulada.” pag 88
“A natureza e as sociedades naturais são considerados Tecer sobre a transformação
entraves ao desenvolvimento humano, quer dizer, moderno. A das áreas naturais sem
terra a ser arada e plantada haveria de ser, antes de afofada e preocupação com as mudanças
enriquecida, limpa de todos os seres que pudessem concorrer no ecossistema local.
com os animais ou plantas submetidos aos seres humanos,
domesticados, como dizemos” Pág 88 e 89
“O ser humano transformou a natureza até fazê-la
aparentemente dócil, fornecedora de bens e riquezas.” Pág 89
“cultura e ideologia avançaram sobre os campos expulsando o processo de dominação
tudo o que fosse natural para dar lugar ao que se chama de humana sobre a natureza de
cultivares novas e raças de animais domésticos, rapidamente forma invisivelmente violenta,
transformados em mercadorias, até que a própria terra se mas nefasta como visto nas
tornou também em mercadoria. pág 89 conseqüências desencadeadas
“O ser humano criou o seu ambiente e dele expulsou a socialmente: pandemias,
natureza. Não há expulsão sem violência, e esta expulsão logo desequilíbrio nas fontes
se transformou em guerra. A chamada crise ambiental, a naturais (enchentes e secas).
incrivelmente humana crise ambiental, está presente, hoje, na
vida de todos, nas enchentes, nas secas, nos furacões; está
presente no caos do trânsito urbano, nas pandemias gripais, na
obesidade, na extinção de espécies e de paisagens, na
mudança do clima, no lixo acumulado.” Pág 90
“entre os homens, deus criou um deles para dirigir e cuidar Para Bartolomé “Como
dos demais, chamando-o de rei ou chefe de tribo. (LAS ninguém, entendeu que as
CASAS, 1985) Las Casas defendia portanto que havia um diferenças culturais e nacionais
direito divino sobre todas as coisas assim como havia um podem levar ao extermínio de
direito divino dos reis sobre os outros seres humanos. O que o uma delas” pág 90.
torna único neste pensamento é que este segundo direito é O Resumo da defesa de La
atribuído a todas as sociedades, fiéis ou infiéis, europeias ou Casa.
americanas”. Pág 90

Curiosa visão da natureza, os teólogos arrolam como a A concepção de dois filosofos


principal prova da existência de deus exatamente a grande que a intervenção humana na
ordem universal, a grande ordem da natureza. Mas os natureza, a transformação da
teólogos sociais da modernidade imaginam que o ser humano terra em espaço de produção se
não pode participar dessa ordem, devem criar uma ordem chamou melhoramento na
diferente, porque a natural é violenta (Hobbes) ou porque é exata ideia de que a natureza
imperfeita (Locke). A ordem a ser criada deve ser humana, haveria de ser humanizada,
racional, consciente e contratual. pág 91 melhorada, produtiva.
o que tem valor? As coisas da natureza quando modificadas Concepção contratualista
pelo trabalho humano: o fruto colhido, o cereal plantado, a filosofica de Locke
terra lavrada, a utilidade manufaturada. O resto, o animal
silvestre, a planta que nasce livre, a terra inculta, não. O valor
das coisas, no mundo capitalista, é o valor das coisas como
mercadoria, como possibilidade de troca, como objeto que
possa ser convertido em valor permanente, convertido em
ouro, prata, âmbar ou dinheiro, dizia Locke. O resto é um
desvalor, o resto é só natureza. Pág 92
duas consequências: primeiro, a modernidade impôs o
entendimento de que a natureza e suas forças devem estar
submetidas à sociedade humana; segundo, os seres humanos
devem afastar de sua sociedade tudo o que não fizer parte do
contrato social, do acerto presumidamente coletivo dos
indivíduos que participam, querem ou se submetem ao
contrato. Pág 92
“A modernidade se transforma, ela mesma, em capitalismo e, Conceitos dos classicos da
teorizando ou não, se afasta rapidamente de tudo o que é economia política – Adam
natura”. Pág 94 Smith e David Ricardo
“papel da natureza para o liberalismo econômico: fornecedora
de matérias-primas”. Pág 94
“valor das mercadorias para a economia política clássica é
valor de troca, isto é, o valor da mercadoria é o valor que ela
alcança na troca por outras mercadorias, mediado pelo
dinheiro, e este valor é o trabalho social plasmado em sua
produção”. Pág 94
Quando um único ser humano ganhou o direito individual de A propriedade privada x o
cercar a terra (natureza), ganhou também o direito de direito de habit natural dos
melhorar a natureza expulsando tudo o que dentro dela fosse seres vivos.
inútil: plantas, animais e especialmente gentes. Pág 96
“A produção é a interação do homem e da natureza (…). O Apropriação da força humana e
homem, sob o nome de mão de obra, e a natureza, sob o nome recompensa por ela atraves do
de terra, foram colocados a venda. A utilização da força de salário e apropriação das terras
trabalho podia ser comprada e vendida universalmente, a um negociados por arrendamentos
preço chamado salário, e o uso da terra podia ser negociado a (negocios econômicos).
um preço chamado aluguel. (POLANYI, 2000, p. 162) pág
98” – “A funçao social da terra” pág 99.
“Por mudanças necessárias: de como trazer a natureza de
volta à sociedade – “Duas possibilidades, porém, se abrem:
ou se tenta reformar internamente o capitalismo para
promover a paz com a natureza, ou se estabelece uma ruptura
com a chamada sociedade de consumo capitalista e a
humanidade reinicia uma nova sociedade”. Pág 101
“As alternativas não capitalistas juntam as questões sociais e As mudanças externas, ruptura
com ambientais. Quer dizer, propõe o reingresso da natureza com o capitalismo, dependem
e dos explorados e excluídos do sistema capitalista. Ainda que de uma revolução ou de uma
haja variações de nomenclatura, os socialistas e marxistas já catástrofe, há propostas, mas
apontam soluções revolucionárias anticapitalistas que incluem ainda é lento o avanço da
alteração radical do sistema”. Pág 103 consciência socioambiental
revolucionária. (Conclusão pág
104)

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