Você está na página 1de 5

Quadro I Preocupações dos Encarregados

Menor Maior
  Sem preocupação Preocupação Preocupação Preocupação
Trabalho que tem de ser feito 0 2 13 35
Segurança dos Trabalhadores 10 16 17 7
Ambiente de Trabalho 13 23 10 4
Faltas do Pessoal 27 9 10 4

As informações deste quadro permitem verificar que na opinião dos inqueridos, a maior
preocupação. Dos encarregados incide sobre o trabalho que tem de ser feito, aparecendo em
segundo lugar a segurança dos trabalhadores. Mas da metade do conjunto dos indivíduos
considera que ela constitui objecto de menor ou nenhuma preocupação por parte dos
encarregados.
Assim, de qualquer forma, ainda que o encarregado assuma a gestão conjunta da obra com o
director da obra, de uma forma autónoma, o seu comportamento não se deixa de ser sujeito a
constrangimentos organizacionais, que derivado da posição de permeio que ocupa assam pela
necessidade do cumprimento do prazo, gestão de custos, aprovisionamento e controle de
qualidade e qualidade de trabalho. Se os encarregados são elementos mediadores entre os
objectivos organizacionais e os da execução fazendo por isso, a ligação técnica e funcional
entre o tipo e a base, no que se refere a questão. De prevenção, espera-se que neste papel,
conciliem as opções relativas a prevenção, através da adopção de medidas adequadas
referentes aos trabalhos de execução, com o cumprimento dos objectivos da ordem
económica.
Com o objectivo de perceber a importância que os indivíduos, no seu conjunto, atribuem as
condições de segurança, perguntou-se-lhes “se puder escolher a obra para onde vai
trabalhar, o que é mais importante para si#?

Menor Maior
  Sem preocupação Preocupação Preocupação Preocupação
Trabalho que tem de ser feito 0 2 13 35
Segurança dos Trabalhadores 10 16 17 7
Ambiente de Trabalho 13 23 10 4
Faltas do Pessoal 27 9 10 4

Menor Maior
  Sem importância Importância Importante Importante
Condições de Trabalho 17 11 9 13
Tipos de Obra 5 7 16 22
Colegas 20 14 16 0
Encarregados 8 19 8 15
Esta questão permitiu observar que o mais importante para os inqueridos é o tipo de obra para
onde vão trabalhar, e em segundo lugar consideram os encarregados da o será para onde vão
trabalhar como um elemento importante nesta escolha; as condições de segurança aparecem
em terceiro lugar e os colegas aparecem em último. Portanto, as preferências dos três grupos
profissionais apresentam alguma heterogeneidade.

O grupo de execução, se pudesse escolher a obra onde iria trabalhar, atribui uma menor
importância, nesta escolha aos seus possíveis colegas do que ao encarregado responsável pela
obra. Ao contrário do que acontece com o grupo dos executantes, a comissão do trabalho
entre colegas parece ser muito importante para os directores da obra e encarregados, talvez
porque as tarefas que cada um desempenha, aliadas à função de gestão conjunta, impliquem
um trabalho de equipa, onde as relações entre si assumem um grau de importância
significativa.

No que se refere a questão da segurança, este é um ponto, na opinião dos inqueridos, que a
empresa dá maior importância. Os inqueridos declararam que a empresa para melhorar a
questão de segurança tem desenvolvido acções que vão desde esclarecimentos através de
conversas individuais, passando pela melhoraria dos métodos de inspecção dos técnicos à
obra e divulgação de informação escrita, até a melhoria de equipamentos. Também tem sido
realizada reuniões para esclarecimentos e acções de formação, mas um número significativo
de indivíduos referiu que estas foram frequentadas apenas por encarregados. Portanto estas
ultimas infirmações mostram também ao nível da segurança, a formação e a informação
incidem mais sobre o pessoal de enquadramento e menos no pessoal do centro operacional.

A participação das diversas reuniões de trabalho em obras ou em empresas, a frequência de


acções de formação de diferentes tipos de informações que recebem, conjuntamente com os
contactos que estabelecem com empreiteiros, subempreiteiros, entidades oficias, fornecedores
que constituem como redes importantes de contactos informais, confirmam que é o
encarregado o detentor de informações mais diversificadas o que se justifica orla própria
posição que ocupava em linhas de comunicações.

Este é o elemento que detém mais fontes de informação porque é intermediário privilegiando
nos fluxos das comunicações, recebendo e procurando escutar as decisões,, emanadas da
organização, procura executar ordens dando instruções aos seus subordinados fica, ao mesmo
tempo com maior capacidade de influência, por poder filtrar ou transmitir as informações de
que é detentor da forma que ele considera mais adequada aos seus objectivos e aos seus
objectivos organizacionais.

Perante estas situações imprevistas que representam incertezas a que serve de exemplo o caso
de avarias originais nos equipamentos ou deficiências de ordem técnicas que possam originar
riscos de acidente, são os encarregados que tem uma maior margem de manobras para
controlar as incertezas podendo, se assim entenderem, avançar com os trabalhos tomando as
devidas precauções, mandar reparar ou chamar o técnico se for o caso, e em casos extremos
podem mandar parar a obra e recusarem trabalhar.

Procurou-se ainda avaliar a atribuição da responsabilidade pela ocorrência de acidentes de


trabalho, que foi analisada através das respostas a questão quando acontecem acidentes de
trabalho na construção, de quem achas que é a responsabilidade?

Respon
Nem muita sabilida Maior
Sem Menor de
nem pouca Respons
  responsabilidad responsabilidad
responsabilidad abilidad
e e
e e

Governo 35 5 3 3 5
Empresas 1 9 21 7 13
Técnicos 6 29 10 3 3
Trabalhadores 4 6 11 19 11
Encarregados 5 2 5 19 20

A hierarquização da totalidade das respostas, do conjunto dos inqueridos, revela que estes
atribuem ao governo e aos técnicos uma menor responsabilidade pela existência de acidentes.
A maior parte dos inqueridos condisseram que a empresa não tem muita responsabilidade,
embora 1/3 lhes atribua maior responsabilidade. A responsabilidade ou a maior
responsabilidade pela ocorrência de acidentes cabe, na opinião dos inqueridos aos próprios
trabalhadores e aos encarregados. São inúmeras vezes quer os directores da obra, quer os
excitantes e até os próprios encarregados, culpabilizam e, ao mesmo tempo, desculpabilizam
o grupo dos encarregados, em particular pela existência de acidentes de trabalho na
construção, em geral pela falta de segurança nas obras.

Portanto, analise de algumas declarações prestadas, nomeadamente por encarregados, revela


a coincidência entre a “necessidade” imposta pela natureza do trabalho e a “culpabilidade”
própria, que os encarregados confessam, quanto exigência que lhes é efeita no exercício das
suas funções e que consiste na articulação de dois factores: a produção e a segurança.

São os próprios encarregados que, por deterem o poder de aplicar a regra às diversas
situações concretas de trabalho, uma mais sujeitas a riscos do que outras, optam, muitas
vezes, pela estratégia da permissividade, que lhes possibilita obter dos seus subordinados
comportamentos que eles consideram os mais adequados, em função da ponderação que
fazem dos factores constrangedores, como é o caso dos prazos.

A análise do cruzamento da variável “atribuição de responsabilidade os encarregados pela


ocorrência de acidentes de trabalho” com a categoria profissional permite observar que os
directores da obra consideram em primeiro lugar os encarregados como responsáveis pela
ocorrência de acidentes de trabalho; os próprios encarregados, de forma unânime,
reconhecem (em primeiro e em segundo lugar) e o grupo dos executantes imputa em primeiro
e em segundo lugar, aos encarregados, grande responsabilidade pelos acidentes que
acontecem na actividade da construção, responsabilidade essa que alguns dos executantes
também atribuem a si próprios.

A Percepção do Risco de Acidente de Trabalho

Através da análise das dimensões que estruturam a percepção do risco, foi possível
determinar a forma como os indivíduos pensam o risco de acidente de trabalho a que
frequente, estão expostos no quotidiano de trabalho. Deste estudo mostrou-se uma existência
de um grau de conhecimento elevado do risco de acidente de trabalho, o que poderá refletir
que os actores envolvidos no processo produtivo estão informados acerca dos riscos que estão
expostos. Os trabalhadores pensam que tanto eles como a empresa são conhecedores dos
riscos mais comuns e vulgarmente conhecidos como causas de grande parte dos acidentes que
ocorrem na actividade da construção ( queda de altura de pessoas e de materiais, transporte de
materiais, utilização de maquinas e ferramentas, manuseamento de produtos tóxicos e
soterramentos).

Portanto, estes tipos de riscos são muito ou moderadamente conhecidos pelos indivíduos dos
diferentes grupos profissionais os quais, em mariola, pensam que, de uma maneira geral é
impossível evitar acidentes, mas acreditam ser possível diminuí-los e proteger a sua saúde.
Neste sentido, estas crenças podem fundamentar-se na capacidade pessoal que julgam ter
para poderão evitar acidentes de trabalho, desta forma podemos dizer que existe um grau de
controlabilidade elevada que os indivíduos apresentam, parece poder ser explicada pelo facto
de, na maioria, os indivíduos pensarem ter menos hipóteses de sofrerem acidentes do que os
seus colegas.

Os mesmos dados indicam ainda existência de uma vulnerabilidade moderada ou fraca onde a
maioria dos indivíduos inqueridos se preocupam com ocorrência de acidentes de trabalho de
construção, que se preocupam com a possibilidade de estes virem a acontecer na obra em que
estão a trabalhar mas é com menor frequência que colocam como hipótese o facto de eles
próprios virem a sofrer acidente de trabalho. O mesmo estudo demonstrou que os indivíduos
que se sentem pessoalmente afectados com a hipótese de virem a sofrer acidentes de trabalho
e que têm um grau de conhecimento elevado dos físicos a que estão sujeitos.

Considerações finais

A pesquisa desenvolvida por Torres et al (1995) mostra que na empresa em estudo a questão
de prevenção e segurança se confronta com resistências múltiplas ao nível dos actores,
enquanto sujeitos intencionais, cujas práticas e estratégias se estruturam num contexto
organizacional constringente, onde a logica dos custos e benefícios pode, nalgumas situações
sobrepor-se na lógica da eficácia ao nível da segurança.

Esta sobreposição é particularmente visível para o grupo dos encarregados que são os
elementos-chave em obra, por ocuparem um lugar reconhecido e legitimado na divisão
técnica do trabalho, na qual se impõem pelas suas competências técnicas, pelo maior poder de
interpretar e aplicar as regras às situações concretas de trabalho, têm uma maior autonomia
que lhes permite adoptar estratégias, na tentativa de conciliar a quantidade e qualidade da
produção com custos e prazos, o que nem sempre se adequa aos imperativos da segurança
nomeadamente, no plano das exigências de prevenção colectiva pelas quais tem a maior
responsabilidade do momento da execução de uma obra.

Referências Bibliográficas

Torres, L. B. D. (1995), “Prevenção, segurança e avaliação do risco no trabalho da construção: Uma


perspectiva multidimensional e síntese dos resultados de um estudo de caso”, Organizações e
Trabalho, 14, 9-32

Você também pode gostar