Sistemática I
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Marlon Silva Marques
Edilson Silva Castro
Humberto Duarte de Medeiros
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3
INTRODUÇÃO
Veremos nas páginas seguintes o conteúdo de bibliologia e teontologia
(conhecimento do Deus). A bibliologia procura averiguar as nuances acerca da
composição da Bíblia Sagrada e do seu conteúdo, além da questão da
inspiração dos autores sagrados. A teontologia procura analisar os atributos de
Deus bem como a composição da Trindade, conforme foram revelados nas
Escrituras Sagradas.
É recomendável que o leitor e a leitora analisem o que será lido com as
Escrituras Sagradas nas mãos para conferirem e absorverem os
embasamentos argumentativos que são apresentados nos próximos capítulos.
Assim, será mais proveitoso o estudo.
4
1
THIESSEN, 2006, p. 46-53.
5
2
GEISLER, 2010, p. 224, vol. 1.
6
vegetal e que Ele age pacientemente e por meio de Seu amor para com a
humanidade em geral.
3
HIGGINS In HORTON, 1996, p. 93.
4
THIESSEN, 2006, p. 49.
7
5
GILBERTO, 1986, p. 38.
8
6
THIESSEN, 2006, p. 52.
9
7
Ibid, p. 53.
10
Testamento também afirma a revelação divina por meio dos livros que o
compõem.
Ao analisarmos todos os argumentos apresentados neste capítulo que
testificam a revelação divina por meio do Espírito Santo, veremos que o peso
da evidência é cumulativo. Por meio de tais argumentos vemos como Deus, em
sua graciosidade, tem se revelado ao ser humano para que este possa
entender o plano de salvação conquistado por meio de Jesus Cristo, nosso
Senhor e Salvador.
11
8
THIESSEN, 2006, p. 54-64.
9
ALLIS Apud THIESSEN, 2006, p. 55.
12
(b) Moisés reiteradamente é tido como o autor dos outros livros do Pentateuco.
Ele teve ordens para escrever (Ex 17.14; 34.27) e foi comprovado que ele
escreveu (Ex 24.4; 34.28; Nm 33.2; Dt31,9,23,24). Moisés escreveu como
palavras da lei (Dt 28.58), “o livro desta lei” (Dt 28.61), “este livro” (Dt 29.20,27),
“este livro da lei” (Dt 29.21; 30.10; 31.26) e “as palavras desta lei” (Dt 31.24).10
(c) Fora do Pentateuco, mas no Antigo Testamento, Moisés é tido como o autor
dos textos por treze vezes. É chamado de “o livro da lei de Moisés” (Js 8.31;
26.6; 2 Re 14.6), “a lei de Moisés” (1 Re 2.3; 2 Cr 23.18; Ed 3.2; Ne 8.14; Dn
9.11,13), e o “livro de Moisés (2 Cr 25.4; 34.12; Ed 6.18; Ne 13.1).
(d) Jesus, nosso Senhor e Salvador, testifica acerca de Moisés como sendo
o autor dos textos (Lc 16.29,31; 24.27,44; Jo 5.45,46; 7.19). Vários dos
ensinos do Pentateuco, Jesus atribuiu a Moisés (Mt 8.4; 19:7,8; Mc 7.10;
12.26; Jo 7.22,23). Ele falou dos “escritos de Moisés” (Jo 5.47). Outros
escritores do Novo Testamento apontam para Moisés como um “livro” (At
15.21; 21.21; 26.22; 2 Co 3.15) e à “lei de Moisés” (Jo 1.45; At 13.39;
28.23; 1 Co 9.9; Hb 10.28). Há uma atribuição de ensinamentos no
Pentateuco a Moisés em livros neotestamentários (At 3.22; 7.37,44; 15.1; Rm
11
9.15; 10.5,19;
12.21). Hb 7.14; 8.5; 9.19;
10
THIESSEN, 2006, p. 55.
11
Ibid, p. 55.
12
JOSEFO Apud THIESSEN
13
(a) Jousé escreveu o livro que leva seu nome e Samuel escreveu Juízes,
sendo que este livro foi escrito logo após o começo da monarquia (19.1; 21.25)
e antes de Davi ser rei (1.21; cf. 2 Sm 5.6-8). A tradição hebraica afirma que 1
Samuel 1-24 foi escrito por Samuel e 1 Samuel 24 a 2 Sm 24 por Gade e
Natã.13 Jeremias é considerado o autor dos livros de Reis.
(b) A profecia de Isaías é relatada a ele próprio (1.1). Jeremias foi incumbido
de escrever em um livro todas as palavras que lhe foram designadas que
fossem escritas ((Jr 30.2). Em muitas partes, Baruque parace ter trabalhado
como amanuense (Jr 36; cf. 45.1). Ezequiel também foi incumbido de escrever
(Ez 24.2; 43.11), assim como Habacuque (2.2). É aceito nos meios mais
ortodoxos o fato dos nomes nos primeiros versículos dos livros proféticos
serem referente aos autores de tais livros.
13
THIESSEN, 2006, p. 56.
14
MIRANDA, 2007, p. 24.
15
THIESSEN, 2006, p. 56.
14
16
RAVEN Apud THIESSEN, 2006, p. 57.
15
17
THIESSEN, 2006, p. 58.
18
HALE, 2011, p. 59-60.
19
THIESSEN, 2006, p. 59.
16
Diz-se que um livro é corrupto pelo fato de seu texto ser diferente do
original. A credibilidade inclui tanto fatos de veracidade quanto de pureza do
texto.20
20
Ibid, p. 59.
21
OSBORNE, 2014, p. 58.
22
RICHELLE, 2017, p. 127.
17
23
PALEY Apud THIESSEN, 2006, p. 61.
18
24
GILBERTO, 1986, p. 51.
25
Não que o Pentateuco antes não tenha sido tido como inspirado, mas sim foi tido como
oficialmente confirmado por todos como inspirado.
26
BRUCE, 2011, p. 35.
27
Ibid, p. 175.
19
28
Ibid, p. 189.
20
3. 1. Definição de inspiração
Um ponto de destaque é não confundirmos inspiração com revelação.
Esta é a transmissão da verdade que não tem como vir de outra forma,
enquanto que a inspiração está liga ao registro da verdade. Pode-se ter
revelação sem inspiração, como houve com muitos e com João quanto às
vozes dos sete trovões, das quais ele não pode escrever (Ap 10.3,4). Também
pode haver inspiração sem revelação, quando os autores escreveram mediante
inspiração depois de um trabalho de pesquisa (1 JO 1.1-4; Lc 1.1-4).
Há uma diferença entre a forma de inspiração e a consequência ou
resultado da inspiração. As teorias da inspiração, iluminação, dinâmica e
ditado estão ligadas à forma de inspiração, de modo que as teorias verbais
ou plenárias estão ligadas ao resultado.
A teoria da intuição propõe que a inspiração é simplesmente uma
percepção superior das questões morais e religiosas pelo ser humano natural.
Os pelagianos e unitarianos pensam dessa forma. A teoria da iluminação
advoga que a inspiração é apenas uma intensidade da percepção religiosa do
ser humano. Cada pessoa apresenta uma iluminação, enquanto que uns
possuem mais iluminação que outros. Shleiermacher, Neander, Coleridge e
outros teólogos entendiam assim a questão da inspiração bíblica. Há algo
digno de observação. Iluminação não é concernente à transmissão da verdade,
senão da compreensão da verdade que já foi revelada. No Salmo 119.18
vemos: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas
da Tua lei”. Paulo escreve: “para que conheçamos o que por Deus nos foi
dado gratuitamente” (1 Co 2.12). A iluminação geralmente acontece
com a inspiração, mas nem sempre (1 Pe 1.11).
29
GILBERTO, 1986, p. 32.
21
30
Para os católicos romanos são 73 ao todo.
22
31
THIESSEN, 2006, p. 70.
32
Tipo é algo relacionado do Antigo Testamento a algo exatamente no Novo Testamento, que
é chamado de antítipo.
24
33
CRAIG, 2011, p. 33.
34
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 86-87;
26
35
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 88-93.
36
Ibid, p. 88.
27
37
CRAIG, 2011, p. 140.
28
38
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 93.
39
COTTRELL, 2016, p. 47.
40
Mais sobre a Trindade no capítulo 6.
30
termo bastante utilizado para Deus, significa “Todo Poderoso”. Adonai significa
simplesmente Senhor.41
41
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 96.
42
Ibid, p. 96.
31
5. ATRIBUTOS DE DEUS
5.1. Classificações dos atributos divinos
5.1.2. Atributos, perfeições e predicados divinos
Podemos entender que os atributos são as qualidades que os seres
humanos relacionam a Deus acerca da ideia que eles têm a respeito de Deus.
As perfeições são as características de qualificações que são inerentes à
essência de Deus, com aplicação a Deus por Ele mesmo. O predicado divino
pode ser entendido como respeito a Deus, como Sua soberania e criatividade,
sem atribuição a Ele. Predicado é um aspecto mais amplo do que atributo.
5.2.1. Espiritualidade
43
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 101.
33
5.2.2. Infinidade
Significa que não há barreiras nem limites para a natureza
divina. Somente a Deus é aplicado esse atributo. Ele pode estar em vários
lugares, pois ele é onipresente. Ele não tem dimensões justamente por causa
da Infinitude do Seu ser.
O Senhor não cabe em espaços terrestres, pois, como sabemos, Ele
mesmo os criou. Ele não habita em templos feitos por mão humanas, como As
Escrituras nos dizem (At 7.24).
5.2.3. Eternidade
Deus está acima de todo o tempo. Ele não se prende ao passado ou ao
presente. Ele conhece todas as coisas. Nele não há sucessão de tempo, pois
ele está sempre em um eterno-agora. Tudo para Ele é como se estivesse
sempre no presente.
44
PEARLMAN, 2009, p. 66.
45
GEISLER, 2010, p. 571, vol. 1.
34
5.2.4. Imensidade
A imensidade é muito próxima da infinidade. Os Céus não podem conter
a Deus (2 Cr 6.18; 1 Re 8.27). Deus não pode ser aprisionado por nenhum
espaço terrestre. Esse atributo nos move a recorrê-lo em todas as ocasiões e
onde quer que nós estejamos. A Sua presença faz-se conhecida em todos os
lugares.
5.2.5. Imutabilidade
Deus não apresenta variações em Sua essência. Contudo, Ele não é um
déspota rígido em Seu relacionamento com os seres humanos. A questão que
Deus ama a justiça e aborrece a iniquidade, estando o Seu governo sempre em
harmonia com a natureza do Seu amor santo.46
A imutabilidade divina é um atributo importante para a questão da
moralidade. Deus não muda Sua moral, ou seja, Ele não diz que uma coisa é
certa hoje e amanhã diz que essa mesma coisa é errada. Em Salmos, vemos:
“Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim” (Sl 102.27);
Vemos também: “Por eu, o Senhor, não mudo” (Ml 3.6). Sendo
assim, podemos descansar na imutabilidade divina. O que ele prometeu,
certamente Ele cumprirá.
5.2.6. Perfeição
Este atributo harmoniza todos os aspectos de realização divina em
outros de Seus atributos. Este atributo não é a culminância da existência de um
processo de perfeição, mas sim a origem de todos os atos de Deus, sendo que
46
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 105.
35
todos eles são perfeitos. O próprio Jesus disse que devemos ser perfeitos
como o Pai é perfeito (Mt 5.48).
47
Ibid, p. 107.
48
Ibid, p. 107.
36
Ele não fosse Todo-Poderoso, não teríamos a quem nos recorrer em várias
situações. Descansamos na onipotência divina.
49
CRAIG, 2016, p. 124.
37
50
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 112.
51
Ibid, p. 113-120.
38
52
HORTON, 1996, p. 139.
53
COLLINS, 2010, p. 22.
54
WILEY; CULBERTSON, 2013, p 117.
39
55
HORTON, 1996, p. 138.
56
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 118.
40
57
HORTON, 1996, p. 136.
41
Jesus Cristo todos recebem da sua graça. Antes de sermos salvos, já somos
alvos da graça divina. Quando somos salvos, permanecemos na sua graça e
dela desfrutamos. Sua graça dura para sempre aos que dela se
apropriam verdadeiramente.
42
6. TRINDADE
A Trindade é descrita como três Pessoas e uma única essência ou
substância. Não é uma doutrina especulativa, mas sim um entendimento
baseado nas Sagradas Escrituras.
Desde a igreja primitiva, é crido que se Jesus não for Deus plenamente,
adorá-lo seria uma idolatria. Logo, reconheceram que Cristo é divino em Sua
plenitude.
58
GEISLER, 2010, p. 790, vol. 1.
43
mas sim um objeto muito fácil de se explicar. Sabemos apenas o que Ele
mesmo deixou-nos para conhecermos.
59
Ibid, p. 800.
60
STRONSTAD, 2018, p. 33.
44
Em João 1.14 vemos que o Verbo se fez carne, e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade. O verbo é o unigênito do Pai. Unigênito no
sentido de ser gerado (não criado) de Deus desde sempre. Nunca houve um
tempo em que o Filho não fosse o Filho nem divino.
62
GEISLER, 2010, p. 793, vol. 1.
46
poderia ter tirado os nossos pecados. Vê-lo como um mero ser humano é
rebaixar o quão a salvação foi importante. Saber exaustivamente acerca da
divindade de Jesus, bem como todos os detalhes da Santíssima Trindade é
algo impossível. Contudo, devemos deleitar-nos no fato de que o que podemos
saber a respeito de tudo isso está disponível para cada filho e filha de Deus em
Cristo Jesus.
63 63
WILEY; CULBERTSON, 2013, p. 132.
47
inimigo” (Is 63.10); “Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando para do valor do
campo? (At 5.3). Os seres humanos podem blasfemar contra o Espírito santo:
Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia
contra o Espírito não será perdoada (Mt 12.31). Não é possível os seres
humanos mentirem e rebelarem-se contra uma força impessoal. Isto somente
se refere a uma pessoa.64
64
Ibid, p. 132.
48
16:8-11); Ele guia e ensina todos os crentes sinceros (Jo 16.13; 1 Co 2.9-15),
dentre outras atribuições divinas a Ele.
6.4.1. Sabelianismo
Deriva de Sabélio (250-260), que propagava não existir três Pessoas,
mas sim somente uma Pessoa na Divindade. É também chamado de
modalismo, pois, como veremos, são três modos de manifestação de Deus,
segundo este pensamento.66A questão é que Deus manifesta-se por meio de
três formas, a saber, como Pai na criação; como Filho na encarnação; e como
Espírito na vida rotineira da Igreja. Não é uma Trindade, mas sim três formas
de manifestações divinas. Como já vimos, cada Pessoa da Trindade tem sua
personalidade. No batismo de Jesus vemos claramente não somente a
manifestação, mas sim a atuação das três Pessoas da Santíssima Trindade na
cena em questão.
Nos dias de hoje, essa doutrina é encontrada em algumas igrejas, como
a Igreja Pentecostal Unida e o Ministério Voz da Verdade. Esta doutrina é
chamada não somente como sabelianismo ou modalismo, mas também de
unicismo.
6.4.2. Arianismo
Ário (256-336) deu origem a este pensamento herético que leva o seu
nome. Esta doutrina foi uma rival muito grande contra o cristianismo ortodoxo.
Ário entendia que Cristo é a criatura mais perfeita que existe, mas nunca,
jamais, pode ser atribuída a Ele a divindade. O Filho, portanto, era uma criatura
diferente da essência do Pai. Ele era como Deus , e não Deus propriamente
65
Ibid, p. 135.
66
GEISLER, 2010, p. 804.
49
CONCLUSÃO
Recomendamos que os estudos acerca da bibliologia e da teontologia
não parem por aqui. Estudar constantemente não somente é o ideal para
apreender o que foi estudado, mas também tornará mais fácil a explicação
sobre estes assuntos.
É nossa gratidão vermos o aluno e a aluna buscando sempre
interessarem-se pelo conhecimento acerca de tudo o que foi revelado da parte
de Deus. Os livros utilizados para a produção deste livro é altamente
recomendável para aprofundar-se nos estudos.
51
BIBLIOGRAFIA
GEISLER, Norman. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, vol .1.
85 3347 2774
@fmbce