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ANA BEATRIZ BRUMATI BIANCHINI

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO


PSICOMOTOR DE CRIANÇAS DO ESPECTRO AUTISTA: DOIS CASOS EM
ENFOQUE

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado a Banca Examinadora do
Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium, para obtenção do título de
Bacharel em Educação Física sob a
orientação da Profª Ma. Ana Cláudia de
Souza Costa e orientação técnica da
Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni

LINS – SP
2015
Bianchini, Ana Beatriz Brumati
B472i A importância da educação física no desenvolvimento psicomotor
de crianças do espectro autista: dois casos em enfoque / Ana Beatriz
Brumati Bianchini. – – Lins, 2015.
98p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico


Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em
Educação Física, 2015.
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Ana Cláudia de Souza
Costa

1. Educação Física Adaptada. 2.Transtorno do Espectro Autista.


3. Atividades Aquáticas. 4. Atividades Recreativas. Perfil Psicomotor.
I Título.

CDU 796
ANA BEATRIZ BRUMATI BIANCHINI

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO


PSICOMOTOR DE CRIANÇAS DO ESPECTRO AUTISTA: DOIS CASOS EM
ENFOQUE

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,


para a obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Aprovada em: ___/___/___

Banca examinadora:
Professor orientador: Ana Cláudia de Souza Costa
Titulação: Mestre em Fisioterapia pela Unimep - Piracicaba

Assinatura:_________________________

1ºProf(a): _______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
Assinatura: _____________________

2°Prof(a): _______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
Assinatura: _____________________
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me guiado ao longo de toda essa jornada. À


minha mãe Elisabeth que foi minha maior incentivadora e meu porto seguro. Às
minhas tias Margarete, Inaíde e Eliana que me apoiaram de todas as formas
possíveis, me oferecendo tudo o que precisei durante a minha graduação.
Especialmente à minha orientadora Ana Cláudia que foi um verdadeiro
anjo desde o início da minha caminhada e aos meus amados mestres que me
ensinaram a amar minha profissão.
Aos meus amigos que estiveram comigo ao longo desse percurso e que
fizeram meus dias muito mais felizes, principalmente Maria Angélica, Patrícia
Biagiotto e Raul Marin.
Aos meus companheiros de trabalho do Núcleo de Apoio Integrado ao
Atendimento Educacional Especializado – Lins/SP que me fizeram crescer
profissionalmente, aos meus queridos alunos que tornaram meus dias de
estágio tão especiais e aos pais dos alunos que contribuíram imensamente
para a minha pesquisa, me fornecendo informações importantes e não
medindo esforços para me ajudar.
Agradeço também a todos que de alguma forma me ajudaram e me
apoiaram nessa conquista. Obrigada por cada gesto e palavra de incentivo.
Amo vocês!

Ana Beatriz Brumati Bianchini


RESUMO

A educação física adaptada é uma vertente da educação física voltada


para pessoas que possuem condições diferentes para praticar atividades
físicas tendo como foco principal o desenvolvimento do movimento. Ela é
promotora de saúde, de estilo de vida ativo, reabilita funções deficientes, facilita
a inclusão e busca o desenvolvimento e a inserção dessas pessoas nas
instituições sociais. O transtorno do espectro autista (TEA) se enquadra nos
transtornos do neurodesenvolvimento, é caracterizado por déficits constantes
na comunicação e na interação social, há prejuízos na compreensão e
manutenção de relacionamentos, na reciprocidade social e na comunicação
verbal e não verbal. Além dos prejuízos na área da comunicação, o TEA só é
diagnosticado quando há presença de comportamentos e interesses repetitivos
e restritos. Atualmente o termo TEA é usado para englobar vários transtornos,
como: autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de
alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem
outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de
Asperger. Foi realizada uma análise documental das avaliações psicomotoras
de duas crianças com TEA, sendo estas do gênero masculino, de 06 e 09 anos
de idade, que frequentaram o Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento
Educacional Especializado – Lins/SP. O objetivo da pesquisa foi verificar
possíveis alterações nos padrões motores estimulados através de atividades
recreativas e aquáticas representados através da Bateria Psicomotora de
Fonseca (BPM). Um aluno participou das atividades aquáticas duas vezes por
semana onde observou-se, após uma intervenção de seis meses, uma
mudança em seu perfil psicomotor de normal para bom. O outro aluno
participou das atividades recreativas também duas vezes por semana na qual
observou-se, após uma intervenção de seis meses, uma mudança em seu
perfil psicomotor de bom para superior.

Palavras-chave: Educação Física Adaptada. Transtorno do Espectro Autista.


Atividades Aquáticas. Atividades Recreativas. Perfil Psicomotor.
ABSTRACT

The Adapted Physical Education is a type of physical education modified


for those people who have disabilities and special needs in the practice of
exercises and its main purpose is the development of motor skills. It promotes
good-health and an active lifestyle, rehabilitates disabled functions and aims the
development and inclusion of these people in the social institutions. The Autistic
Spectrum Disorder (ASD) is a neurodevelopmental disorder characterized by
persistent deficits in social communication and social interaction, which causes
difficulty to maintain relationships and losses of understanding, social reciprocity
and verbal and nonverbal communication. In addition to the losses in
communication, ASD is only diagnosed if the person has repetitive and
restricted patterns of behaviors and interests. Currently, ASD term is used to
various disorders, such as early infantile autism, childhood autism, Kanner’s
autism, high-functioning autism, atypical autism, pervasive developmental
disorder-not otherwise specified, childhood disintegrative disorder and Asperger
syndrome. The analysis of the psychomotor skills herein presented was held
with two male children diagnosed with ASD, aged 6 and 9 years, who attended
the educational support center Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento
Educacional Especializado, in Lins - SP. This work aims to verify possible
changes in motor patterns stimulated by recreational and aquatic activities
using the Vitor da Fonseca's Psychomotor Battery (BPM). One of the children
participated in the aquatic activities twice a week and, after six months in the
program, was possible to observe a change in his psychomotor profile from
normal to high-normal. The other one also participated in the recreational
activities twice a week for six months, and his psychomotor profile changed
from high-normal to superior.

Keywords: Adapted Physical Education. Autistic Spectrum Disorder. Aquatic


Activities. Recreational Activities. Psychomotor Profile.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Análise operacional da causa no desenvolvimento motor .................16


Figura 2: As fases do desenvolvimento motor ..................................................19
Figura 3: Critérios diagnósticos do transtorno do espectro autista ...................33

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Protocolo de Avaliação – BPM ...........................................................25


Quadro 2: Avaliação Psicomotora .......................................................................30
Quadro 3: Primeira avaliação psicomotora – Caso 1...........................................47
Quadro 4: Protocolo de avaliação – BPM ...........................................................47
Quadro 5: Segunda avaliação psicomotora – Caso 1 .........................................48
Quadro 6: Protocolo de avaliação – BPM ...........................................................48
Quadro 7: Terceira avaliação psicomotora – Caso 1 ..........................................49
Quadro 8: Protocolo de avaliação – BPM ...........................................................49
Quadro 9: Primeira avaliação psicomotora - Caso 2 ..........................................51
Quadro 10: Protocolo de avaliação – BPM .........................................................52
Quadro 11: Segunda avaliação psicomotora - Caso 2 .......................................52
Quadro 12: Protocolo de avaliação – BPM .........................................................53
Quadro 13: Terceira avaliação psicomotora - Caso 2 .........................................54
Quadro 14: Protocolo de avaliação – BPM .........................................................54

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADM: Amplitude de Movimento


APAE: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
AVDs: Atividades de Vida Diária
BPM: Bateria Psicomotora de Fonseca
KTK: Körperkoordinationstest Für Kinder
NAIAEE: Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento Educacional
Especializado
PECS: Picture Exchange Communication System
TEA: Transtorno do Espectro Autista
TEACCH: Treatment and Education of Autistic and related Communication-
handicapped Children
UTI: Unidade de Tratamento Intensivo
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 11

CAPÍTULO I – EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA .......................................... 14

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14

1.1 Psicomotricidade ........................................................................................ 15

1.2 Desenvolvimento Motor .............................................................................. 16

1.3 Atividades aquáticas adaptadas ................................................................. 19

1.4 Atividades Recreativas ............................................................................... 22

1.5 Bateria Psicomotora de Fonseca (BPM) .................................................... 24

1.5.1 Tonicidade ................................................................................................ 25

1.5.2 Equilíbrio .................................................................................................. 26

1.5.3 Lateralidade ............................................................................................. 27

1.5.4 Noção de Corpo ....................................................................................... 27

1.5.5 Estruturação espaço-temporal ................................................................. 28

1.5.6 Coordenação motora global ..................................................................... 28

1.5.7 Coordenação motora fina ......................................................................... 29

CAPÍTULO II – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ................. 31

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 31

1.1 Critérios diagnósticos ................................................................................. 33

1.2 Características diagnósticas ....................................................................... 34

1.3 Fatores de risco .......................................................................................... 36

1.4 Desenvolvimento e curso (DSM-5, 2014) ................................................... 37

1.5 Desenvolvimento motor em crianças com TEA .......................................... 38

1.6 Atividades aquáticas para crianças com TEA ............................................ 40


1.7 Atividades recreativas para crianças com TEA ........................................... 41

CAPÍTULO III – A PESQUISA.......................................................................... 43

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 43

1.1 Métodos e técnicas utilizados ..................................................................... 44

1.1.1 Métodos ................................................................................................... 44

1.1.2 Técnicas ................................................................................................... 44

1.2 Acompanhamento dos casos e apresentação dos resultados ................... 44

1.2.1 Caso 1 ...................................................................................................... 44

1.2.2 Caso 2 ...................................................................................................... 50

1.3 Opinião dos pais e profissionais ................................................................. 55

1.4 Discussão ................................................................................................... 57

1.5 Conclusão da pesquisa .............................................................................. 60

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ..................................................................... 61

CONCLUSÃO ................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 63

APÊNDICES ..................................................................................................... 66

ANEXOS ........................................................................................................... 77
11

INTRODUÇÃO

Segundo o DSM-5 (2014), o transtorno do espectro autista (TEA) se


enquadra nos transtornos do neurodesenvolvimento; esses transtornos
geralmente se manifestam no início do período do desenvolvimento por déficits
no funcionamento pessoal, social, escolar e profissional. Em indivíduos com
TEA é comum a presença de outro transtorno do neurodesenvolvimento como
a deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual).
Em indivíduos com TEA há uma quebra nos processos fundamentais de
socialização, aprendizado e comunicação. Seu início é precoce, apresenta
uma série de sintomas que são permanentes e envolvem mecanismos
biológicos fundamentais que se relacionam à adaptação. (KLIN, 2006)
O TEA é caracterizado por déficits constantes na comunicação e na
interação social, apresenta prejuízos na compreensão e manutenção de
relacionamentos, na reciprocidade social e na comunicação verbal e não
verbal. Além dos prejuízos na área da comunicação, o TEA só é diagnosticado
quando há presença de comportamentos e interesses repetitivos e restritos.
(DSM-5, 2014).
Em relação ao desenvolvimento motor indivíduos com TEA podem
apresentar características como: lentidão, escolha de movimentos inadequados
e atraso na sequência de movimentos quando comparados a indivíduos sem a
deficiência. (GORGATTI; COSTA, 2008)
Os déficits motores em pessoas com TEA podem se relacionar com os
déficits que eles apresentam na área comunicativa e social. (CASTRO, 2005)
A educação física adaptada é uma vertente da educação física voltada
para pessoas que possuem condições diferentes para praticar atividades
físicas tendo como foco principal o desenvolvimento do movimento. O
importante é considerar o indivíduo como um todo e não focar apenas na
deficiência. (GORGATTI; COSTA, 2008)
Segundo Castro (2005), a atividade física adaptada é promotora de
saúde, de estilo de vida ativo, além de reabilitar funções deficientes e facilitar a
inclusão. Ela identifica e soluciona problemas psicomotores encontrados ou no
indivíduo ou no ambiente ao longo da vida.
12

O objetivo da atividade física adaptada é aplicar conhecimentos teórico-


práticos da motricidade humana para a reabilitação de indivíduos de todas as
faixas etárias que não se ajustam total ou parcialmente à sua família, escola,
emprego e/ou comunidade. Busca o desenvolvimento e a inserção dessas
pessoas nas instituições sociais, a satisfação das diferentes necessidades que
cada uma apresenta e seus diferentes níveis de habilidades. (CASTRO, 2005)
As atividades aquáticas proporcionam aos indivíduos com deficiência
benefícios como: estimulação de músculos paralisados, fortalecimento da
musculatura utilizada na manutenção da postura, alívio de dores, intervenção
perceptivo-motora, independência na mobilidade, relaxamento muscular,
diminuição de espasmos, sensação de bem estar, melhora da auto-estima,
além de possibilidades que talvez não existam em ambiente terrestre e a
sensação de liberdade. O meio aquático também pode atuar como facilitador
para o ensino e aprimoramento de movimentos básicos e fundamentais para
realização de atividades de vida diária (AVDs). (CASTRO, 2005)
As atividades motoras aquáticas buscam a autonomia do indivíduo no
meio líquido além da melhora das condições físicas, do repertório de
habilidades motoras e das condições para a execução das AVDs. A água
promove efeitos terapêuticos como o relaxamento, manutenção ou aumento da
amplitude de movimentos (ADM) articulares, reeducação de músculos
paralisados, desenvolvimento de força e resistência muscular, melhora das
atividades de marcha e da circulação sanguínea e aumento da confiança e da
independência funcional. (TEIXEIRA, 2008)
O intuito das atividades recreativas é proporcionar prazer e diversão aos
seus participantes. Através dela o aluno pode desenvolver sua criatividade,
criando e recriando formas de brincar. Ela é composta por jogos e brincadeiras,
individuais ou em grupo, que pode atingir um ou mais domínios do
comportamento como: o cognitivo, afetivo/social e físico. (CASTRO, 2005)
Através do lúdico e do brincar, a criança lida com suas possibilidades e
limitações e assim organiza a sua realidade. A brincadeira consegue inserir a
criança, de uma maneira prazerosa e eficiente no processo de
ensino/aprendizagem. Por ser uma atividade prazerosa, o brincar contribui para
o relaxamento e para o surgimento de novas ideias, ou seja, é um estímulo
para a criatividade. (DIAS, 2006)
13

O presente trabalho tem como objetivos verificar possíveis alterações


nos padrões motores estimulados através de atividades recreativas e aquáticas
representados através da Bateria Psicomotora de Fonseca (BPM), investigar
os elementos psicomotores em crianças do espectro autista e demonstrar a
interferência da Educação Física na redução de suas dificuldades
psicomotoras.
Diante disso, o trabalho parte do seguinte questionamento: até que
ponto a educação física, através de atividades aquáticas e atividades
recreativas, poderá influenciar nos padrões motores apresentados pelas
crianças do espectro autista?
A pesquisa foi realizada através da análise documental, utilizando as
avaliações realizadas com duas crianças do espectro autista que frequentaram
o Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento Educacional Especializado
(NAIAEE), sendo um com 6 anos e o outro com 9 anos de idade.
O trabalho está dividido da seguinte forma:
Capítulo 1 - Descreve a atividade física adaptada e as atividades
aquáticas e recreativas.
Capítulo 2 - Descreve o transtorno do espectro autista e as alterações e
dificuldades que os indivíduos apresentam.
Capítulo 3 - Disserta sobre a pesquisa.
Ao final deste, vem a conclusão da pesquisa, proposta de intervenção e
conclusão final.
14

CAPÍTULO I

EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA

1 INTRODUÇÃO

A educação física busca formar o indivíduo física, mental e


espiritualmente a partir das atividades físicas, exercícios e jogos e para isso
utiliza bases biológicas, pedagógicas e psicológicas. É uma forma de educar
através do movimento já que esse é um instrumento ou meio utilizado para
educar, treinar e aperfeiçoar. (RODRIGUES, 2003)
A educação física adaptada é uma vertente da educação física voltada
para pessoas que possuem condições diferentes para praticar atividades
físicas tendo como foco principal o desenvolvimento do movimento. O
importante é considerar o indivíduo como um todo e não focar apenas na
deficiência. (GORGATTI; COSTA, 2008)
Segundo Castro (2005), a atividade física adaptada é promotora de
saúde, de estilo de vida ativo, além de reabilitar funções deficientes e facilitar a
inclusão. Ela identifica e soluciona problemas psicomotores encontrados no
indivíduo ou no ambiente ao longo da vida. Esses problemas, porém, só são
notados caso haja um atraso ou déficit nas respostas adaptativas.
Rodrigues (2003), divide os objetivos da educação física em
biopsíquicos e sócio-espirituais.
Os objetivos biopsíquicos estão relacionados ao movimento e à vida
física; neles estão contidos a formação física básica que trata sobre o
desenvolvimento do corpo todo; a educação do movimento que aborda o
domínio de técnicas; a eficiência física ou rendimento que discute sobre a
economia de energia; e a criatividade que fala sobre a realização de uma tarefa
com estilo próprio. (RODRIGUES, 2003)
De outro modo, os objetivos sócio-espirituais se relacionam com a
formação do caráter e da personalidade através do movimento; neles estão
contidos a conquista de autonomia que expõe sobre o domínio emocional,
15

obtenção de equilíbrio dinâmico e adaptação da personalidade ao meio externo


através das experiências. (RODRIGUES, 2003)
O objetivo da atividade física adaptada é aplicar conhecimentos teórico-
práticos da motricidade humana para a reabilitação de indivíduos de todas as
faixas etárias que não se ajustam total ou parcialmente à sua família, escola,
emprego e/ou comunidade. Busca o desenvolvimento e a inserção dessas
pessoas nas instituições sociais, a satisfação das diferentes necessidades que
cada uma apresenta e seus diferentes níveis de habilidades. (CASTRO, 2005)
Alguns pontos de interesse da atividade física adaptada são:
desenvolvimento humano, comportamento motor, ciências do exercício,
medidas e testes, avaliação de programas e alunos, atributos específicos de
aprendizagem, entre outros. Engloba diversas síndromes e deficiências como:
deficiência intelectual, desordens sensoriais e psicomotoras, distúrbios de
aprendizagem, distúrbios emocionais, deficiências físicas, desordens
neuromusculares e do sistema nervoso, desordens advindas com a terceira
idade, entre outras. (CASTRO, 2005)

1.1 Psicomotricidade

A palavra psicomotor foi criada para mostrar a interação entre a mente


(psico) e o movimento humano (motor). Refere-se aos movimentos iniciados
nos centros cerebrais superiores por impulsos elétricos. Esse estímulo é
responsável pela maioria dos movimentos humanos. (PAYNE; ISAACS, 2007).
Psicomotricidade é a educação pelo movimento e refere-se a todo
movimento executado pelo homem a nível do córtex cerebral. Atua sobre o
indivíduo em sua totalidade e permite o conhecimento do corpo e dos
esquemas de movimento, aumento do acervo motor, aquisição de novas
habilidades motoras, eliminação de estereotipias e desenvolvimento sensorial e
mental. Através disso, o homem pode se movimentar de forma eficaz no seu
cotidiano e se adaptar ao tempo, espaço e meio externo. (RODRIGUES, 2003)
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2004), o principal
objeto de estudo da psicomotricidade é a vivência e a experiência do corpo
com o outro e com o mundo. É a ciência que estuda o movimento humano
16

intrínseca e extrinsecamente e as possibilidades de agir com o outro, com o


ambiente e consigo mesmo. Relaciona-se ao processo de maturação. Dessa
forma, ela é responsável pelo movimento organizado e integrado de acordo
com as experiências do sujeito, o que garante a sua individualidade, sua
linguagem e socialização.
A psicomotricidade faz a conexão entre mente e corpo em movimento,
ocorre desde o nascimento até a morte, tanto em indivíduos normais quanto
em indivíduos com necessidades especiais. No caso de pessoas com
necessidades especiais, a psicomotricidade visa suprir suas principais
deficiências. (FERREIRA; RAMOS, 2007)
De acordo com Castro (2005, p. 46), “O objeto de estudo da
psicomotricidade é o homem e suas relações com o corpo.” Ela se baseia na
psicologia, psicanálise, sociologia, linguística e biologia.

1.2 Desenvolvimento Motor

O desenvolvimento motor sofre alterações durante toda a vida através


das tarefas que engloba os fatores físicos e mecânicos; da individualidade
biológica que trata da hereditariedade, biologia, natureza e fatores intrínsecos;
e do ambiente que engloba experiência, aprendizado, encorajamento e fatores
extrínsecos (figura 1). Além da influência que cada fator exerce sobre o outro,
eles também podem ser modificados um pelo outro. O processo se inicia na
concepção e só é interrompido com a morte. (GALLAHUE; OZMUN, 2003)

Figura 1: Análise operacional da causa no desenvolvimento motor

Fonte: Gallahue; Ozmun (2003).


17

O desenvolvimento motor humano é o estudo das mudanças adquiridas


ao longo da vida na capacidade de se movimentar, os processos necessários
para essas mudanças e os fatores que os afetam. (PAYNE; ISAACS, 2007)
Segundo Rodrigues (2003) e grande parte dos teóricos, o
desenvolvimento motor acontece continuamente e geralmente segue a direção
céfalo-caudal e próximo-distal.
Para o desenvolvimento motor ser compreendido é necessário que se
conheça os domínios cognitivos que abordam o desenvolvimento intelectual
humano; o afetivo que relata os aspectos sociais e emocionais; e o físico, que é
responsável por todo tipo de mudança corporal, pois são esses domínios que
afetam diretamente o comportamento motor. (PAYNE; ISAACS, 2007)
Essa compreensão motora também é importante para que o indivíduo
consiga aperfeiçoar seus movimentos obtendo vantagens em relação ao tempo
e a energia dispendidos. Como há uma interação entre os domínios, quando há
aprimoramento do domínio motor é possível que também haja melhora nos
outros domínios, como o cognitivo e o afetivo. (PAYNE; ISAACS, 2007)
O aprendizado motor é um processo interno e depende das experiências
vividas pelo indivíduo. Tem grande relação com o desenvolvimento pois
relaciona-se diretamente com a prática. (GALLAHUE; OZMUN, 2003)
O desenvolvimento geralmente é classificado pela idade cronológica
convencional do indivíduo, onde são aferidas toda a vida pré-natal, primeira
infância, infância, adolescência, idade adulta jovem, meia-idade e terceira
idade, porém a idade cronológica oferece apenas uma estimativa aproximada
do nível de desenvolvimento já que ele não é dependente da idade. Sendo
assim, a idade biológica é mais indicada pois ela é capaz de lembrar a
maturação do indivíduo através da medição da idade morfológica, esqueletal,
dental e sexual. (GALLAHUE; OZMUN, 2003)
O desenvolvimento motor pode ser apresentado através de fases e
estágios (figura 2). O movimento pode ser agrupado em três categorias:
movimentos estabilizadores, onde é necessário certo grau de equilíbrio,
movimentos locomotores, onde ocorrem mudanças de direção e movimentos
manipulativos, onde estão relacionados a coordenação motora global e
coordenação motora fina. A partir de então, segundo Gallahue e Ozmun
(2003), as quatro fases do desenvolvimento e seus estágios são:
18

a) Fase motora reflexiva: primeiros movimentos do feto, são involuntários


e controlados subcorticalmente. Os reflexos primitivos são
considerados mecanismos de sobrevivência primitivos e envolvem
tarefas como sugar e cheirar. Os reflexos posturais são a segunda
forma de movimentos involuntários como o reflexo de pisar e de se
arrastar. Essa fase se divide em estágio de codificação de informações,
que serve para o bebê juntar informações, buscar alimento e encontrar
proteção durante o movimento e em estágio de decodificação de
informações, onde ocorre a atividade motora voluntária dos
movimentos esqueletais.
b) Fase de movimentos rudimentares: primeiras formas de movimentos
voluntários como controle de cabeça e tronco, agarrar e soltar,
engatinhar e andar. É dividido em estágio de inibição de reflexos, onde
os movimentos ainda são descontrolados e estágio pré-controle, onde
a criança aprende a se equilibrar, manipular objetos e locomover-se
com certo controle.
c) Fase de movimentos fundamentais: a criança quer experimentar e
explorar suas capacidades motoras através de movimentos como
correr, pular, arremessar e equilibrar-se com um pé só. Realização de
tarefas e fatores ambientais são muito importantes nessa fase e vem
acompanhados pela maturação. Essa fase se divide em estágio inicial,
ocorrendo as primeiras tentativas de se atingir um objetivo; estágio
elementar onde há um maior controle e melhor coordenação rítmica;
muitos indivíduos não passam desse estágio em certos movimentos; e
estágio maduro, através do desempenho mecanicamente eficiente,
coordenado e controlado.
d) Fase de movimentos especializados: movimento aplicado em
atividades motoras complexas como pular corda, boa performance em
vários tipos de dança e salto triplo. Essa fase se divide em estágio
transitório, através da aplicação de habilidades motoras fundamentais
no desempenho de habilidades especializadas no esporte; estágio de
aplicação, onde as principais atividades são a de refinar e usar
habilidades mais complexas em jogos avançados e esportes; e estágio
de utilização permanente, onde o ápice de todos os estágios é
19

caracterizado pelo uso de todos os movimentos adquiridos pelo


indivíduo ao longo da vida.

Figura 2: As fases do desenvolvimento motor

Fonte: Gallahue; Ozmun (2003).

1.3 Atividades aquáticas adaptadas

As atividades aquáticas proporcionam aos indivíduos com deficiência


benefícios como: estimulação de músculos paralisados, fortalecimento da
musculatura utilizada na manutenção da postura, alívio de dores, intervenção
perceptivo-motora, independência na mobilidade, relaxamento muscular,
diminuição de espasmos, sensação de bem estar, melhora da auto-estima,
além de possibilidades que talvez não existam em ambiente terrestre e a
sensação de liberdade. O meio aquático também pode atuar como facilitador
para o ensino e aprimoramento de movimentos básicos e fundamentais para
realização de atividades de vida diária (AVDs). (CASTRO, 2005)
20

As atividades motoras aquáticas buscam a autonomia do indivíduo no


meio líquido além da melhora das condições físicas, do repertório de
habilidades motoras e das condições para a execução das AVDs. A água
promove efeitos terapêuticos como o relaxamento, manutenção ou aumento da
amplitude de movimentos (ADM) articulares, reeducação de músculos
paralisados, desenvolvimento de força e resistência muscular, melhora das
atividades de marcha e da circulação sanguínea e aumento da confiança e da
independência funcional. (TEIXEIRA, 2008)
As atividades aquáticas tem como objetivo promover a saúde, o bem
estar, a coragem, melhorar a auto-estima, a reabilitação e aumentar o leque de
oportunidades para todos, através da natação adaptada e de atividades
aquáticas recreativas. Os benefícios alcançados podem ser fisiológicos,
psicológicos, sociais e cognitivos pois é um tipo de atividade que integra corpo
e mente como um todo, além de ter um importante papel na socialização. Para
Castro (2005), os benefícios podem ser:
a) Fisiológicos: melhora das funções motoras como velocidade, agilidade
e propriocepção, aumento da capacidade respiratória e
cardiovascular, potência, flexibilidade, equilíbrio, entre outros.
b) Psicológicos: sucesso, independência, sensação de conforto e
liberdade, auto-estima. O indivíduo tem uma maior liberdade de
movimentos na água o que o ajuda a atingir suas metas com sucesso,
assim a atividade também se torna prazerosa.
c) Cognitivos: através da movimentação o indivíduo passa a conhecer
melhor o seu corpo e como ele se move. Para esse conhecimento ser
adquirido é necessário concentração e atenção.
d) Sociais: socialização e inclusão onde pessoas com ou sem deficiência
podem realizar a mesma atividade.
Por outro lado, alguns fatores fisiológicos e psicológicos, que englobam
o medo, a ansiedade e a falta de motivação, são encontrados em indivíduos
com deficiência, podendo dificultar o processo de aprendizagem e aumentar o
desafio, porém podem ser amenizados com estratégias adequadas e
individualizadas de ensino que sejam capazes de suprir as necessidades de
cada um. (CASTRO, 2005)
21

Segundo Teixeira (2008), as vantagens de se trabalhar em meio líquido


com indivíduos deficientes, além das já citadas, são: o controle da coordenação
motora, a estimulação vestibular através de movimentos de rotação e
circundução, o controle do equilíbrio corporal em posição ereta por causa da
pressão hidrostática e a estimulação proprioceptiva através do atrito e da
turbulência que ajudam no reestabelecimento de funções e respostas motoras.
As atividades aquáticas são contraindicadas em caso de feridas abertas,
incontinência urinária ou intestinal, febre, escaras, uso de cateter, bolsa de
colostomia e ataques epiléticos. (TEIXEIRA, 2008)
As atividades aquáticas podem ser divididas em hidro estática, onde são
realizadas atividades paradas e hidrodinâmica na realização das atividades em
movimento, geralmente a atividade hidrodinâmica é a mais utilizada. (CASTRO,
2005)
O princípio da flutuação é um dos mais importantes e básicos para que
se realize inúmeras atividades. A adaptação ao meio líquido pode ser difícil
principalmente para indivíduos que tenham déficit no equilíbrio, o que pode
causar insegurança e medo, levando um tempo maior para sua adaptação. É
necessário que o professor/instrutor respeite a individualidade de cada um e
que tenha conhecimento e didática para ajudar o seu aluno a superar suas
dificuldades e seus medos. (CASTRO, 2005)
A aprendizagem de movimentos requer tempo e muita prática, é uma
forma de adaptação que resulta em alterações no comportamento do indivíduo.
Para que esse processo de retenção de informação seja eficiente, é necessário
que o professor saiba fazer correlações entre os exercícios propostos e
movimentos ou situações que o aluno vivencia. (TEIXEIRA, 2008)
Para as informações serem retidas, elas precisam passar pelos
mecanismos de memória que se dividem em três: memória de curto prazo que
relata as informações importantes apenas para o momento; a memória de
longo prazo que diz respeito às informações muito importantes que não podem
ser esquecidas; e a memória de trabalho, onde são encontradas as
informações usadas todos os dias, que não podem ser descartadas e são
realizadas de forma automática. As informações são consideradas realmente
aprendidas quando armazenadas na memória de longo prazo e na memória de
trabalho. (TEIXEIRA, 2008)
22

Na natação, as atividades devem ter seu grau de dificuldade aumentado


a partir do momento que o aluno adquira habilidades básicas para nadar como:
flutuação e controle de respiração. A fase de aprendizagem de natação pode
ser dividida em três. (TEIXEIRA, 2008)
Na fase 1 ou adaptação ao meio líquido, os itens trabalhados são
deslocamentos, flutuação, apoio e equilíbrio e movimentos de propulsão de
membros superiores e inferiores; o aluno só deve passar para o próxima fase
quando conseguir dominar controle de respiração, flutuação, relaxamento,
equilíbrio e propulsão. (TEIXEIRA, 2008)
Na fase 2 são ensinados os estilos de nado de forma rudimentar: crawl,
costas, peito e borboleta. Na fase 3 são ensinados as técnicas dos quatro
estilos. O ritmo de desenvolvimento de cada aluno deve ser levado em
consideração, e a atividade só deve ter progressão caso o aluno consiga
responder bem aos estímulos propostos. (TEIXEIRA, 2008)

1.4 Atividades Recreativas

O intuito das atividades recreativas é proporcionar prazer e diversão aos


seus participantes. Através dela o aluno pode desenvolver sua criatividade,
criando e recriando formas de brincar. Ela é composta por jogos e brincadeiras,
individuais ou em grupo, que pode atingir um ou mais domínios do
comportamento como: o cognitivo, afetivo/social e físico. (CASTRO, 2005)
A recreação e lazer pretende proporcionar o bem estar físico e mental e
melhor qualidade de vida, ou seja, pretende promover saúde. As atividades
devem proporcionar a chance de o aluno desenvolver sua criatividade, para
que ele possa ter liberdade e aprender a fazer suas escolhas. Ao final de cada
aula é importante que tenha um momento de relaxamento através de
alongamento, leitura, contagem de histórias, entre outros. (CASTRO, 2005)
A participação do aluno com necessidades especiais nas aulas de
recreação ou de qualquer modalidade que envolva a educação física, é
importante para que ele desenvolva suas capacidades perceptivas e afetivas,
para que ele se integre e seja incluído, além de desenvolver sua autonomia. Na
recreação não há segregação por cor, gênero, classe social, condições sociais
23

ou deficiências, assim, o indivíduo com ou sem deficiência se sente parte de


um grupo, o que estimula a sua autoestima e gera bem estar. (SOLER, 2006)
As atividades recreativas podem desenvolver conteúdos da
psicomotricidade como coordenação global, coordenação óculo-manual,
esquema corporal, lateralidade, equilíbrio, estruturação espaço-temporal e
discriminação visual e auditiva. Com o desenvolvimento dessas capacidades, o
aluno pode ter uma melhor visão de si. O professor deve dar atenção às
conquistas motoras que se relacionam com o físico, o mental e o emocional do
aluno. (FERREIRA; RAMOS, 2007)
É importante também a realização de atividades desenvolvimentistas em
vários domínios do comportamento, principalmente do domínio psicomotor por
meio de atividades sensório-motoras, que trabalham a locomoção e o controle
de objetos; ou perceptivo-motoras, que dão noção espaço-temporal e noção
corporal. Atividades que envolvam equilíbrio e controle de objetos também
devem ser utilizadas. (CASTRO, 2005)
Outra opção de atividade são os jogos cooperativos e competitivos. Os
jogos competitivos são rígidos, o único objetivo é vencer, apenas um será
campeão enquanto os outros se sentirão perdedores. Dessa forma, os jogos
competitivos não são bem vistos e podem causar problemas para os
participantes. Já os jogos cooperativos tem o objetivo de promover a auto-
estima e a convivência, além de tentar previnir problemas sociais antes que
eles sejam reais; os objetivos são comuns e as ações e os benefícios envolvem
todos. (SOLER, 2006)
Nos jogos cooperativos, o indivíduo com deficiência percebe que ele é
necessário e importante para a continuação do jogo, dessa forma ele se
entrega com vontade, o que pode contribuir em suas atividades escolares e
também em sua vida. Apesar de suas limitações, o objetivo do jogo é comum e
quando alcançado todos podem comemorar juntos pois conseguiram superar
os desafios. (SOLER, 2006)
Através do lúdico e do brincar, a criança lida com suas possibilidades e
limitações e assim organiza a sua realidade. A brincadeira consegue inserir a
criança, de uma maneira prazerosa e eficiente no processo de
ensino/aprendizagem. Por ser uma atividade prazerosa, o brincar contribui para
24

o relaxamento e para o surgimento de novas ideias, ou seja, é um estímulo


para a criatividade. (DIAS, 2006)

1.5 Bateria Psicomotora de Fonseca (BPM)

A BPM busca analisar qualitativamente a disfunção ou a integridade


psicomotora que indica a aprendizagem da criança. É um instrumento de
identificação de sinais psicomotores que pode ajudar na compreensão dos
problemas de comportamento e de aprendizagem em crianças e jovens dos 4
aos 12 anos. Ela se divide em 7 fatores psicomotores, são eles: tonicidade,
equilíbrio, lateralidade, noção de corpo, estruturação espaço-temporal,
coordenação motora global e coordenação motora fina (quadro 2). (FONSECA,
1995)
A resultado final da BPM é obtido através da soma de todos os fatores
psicomotores (7) e sua divisão por 7, encontrando a média final. Por exemplo,
os fatores tonicidade e noção de corpo se subdividem em 5 itens; cada subitem
recebe uma nota de 1 a 4. Após todos serem avaliados, é necessário que a
soma dos resultados seja dividida por 5 e assim se obtém o valor do item
tonicidade e noção de corpo. (FONSECA, 1995)
Os fatores equilíbrio e coordenação motora fina apresentam 3 subitens e
por isso o resultado desses fatores se dá através da soma dos subitens
dividido por 3. Lateralidade, estruturação espaço-temporal e coordenação
motora global apresentam 4 subitens. Fonseca (1995) apresenta a cotação de
fatores e subfatores:
a) 1 ponto: quando o aluno não realiza a atividade ou quando a sua
realização é imperfeita, incompleta, inadequada e descoordenada
(disfunções evidentes e dificuldades de aprendizagem significativas).
b) 2 pontos: realização insatisfatória das atividades (ligeiras disfunções e
dificuldades de aprendizagem).
c) 3 pontos: realização completa e adequada das atividades (não
apresenta dificuldades de aprendizagem).
25

d) 4 pontos: realização perfeita, atividades realizadas perfeitamente, de


maneira econômica e eficiente. Nível excelente, demostra facilidades
de aprendizagem.
A cotação máxima da BPM é 28 (4x7 fatores) e a mínima é de 7 pontos
(1x7). Com base nos pontos obtidos pode construir-se um quadro que aponta
os seguintes valores:

Quadro 1 - Protocolo de Avaliação - BPM

DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM

27 – 28 Superior -

22 – 26 Bom -

14 – 21 Normal -

09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)

07 – 08 Deficitário Significativas (severas)

Fonte: Fonseca, 1995, p.115

1.5.1 Tonicidade

A tonicidade é responsável pelas atitudes, posturas e emoções de onde


vem todas as atividades motoras humanas. É importante tanto para o
desenvolvimento motor quanto para o desenvolvimento psicológico. Abrange
todos os músculos do corpo e se caracteriza pelo seu baixo gasto energético, o
que possibilita ao indivíduo manter-se em pé por um longo período de tempo
sem que fique fadigado. É responsável pelo controle postural. (FONSECA,
1995)
O perfil tônico da criança pode ser hipotônico, onde se encontra uma
hiperextensibilidade, passividade, flacidez e descoordenação; e hipertônico,
onde se encontra hipoextensibilidade, rigidez, imprecisão de aplicação de força
26

e de controle de movimentos. Na BPM, a tonicidade se refere ao tônus de


suporte e de ação. (FONSECA, 1995)
No tônus de suporte se encaixam os subfatores: extensibilidade,
passividade e paratonia. (FONSECA, 1995)
A extensibilidade é definida como o maior comprimento que o músculo
pode atingir quando afastado de suas inserções; nos membros inferiores são
avaliados adutores, extensores da coxa e quadríceps; nos membros superiores
são avaliados deltoide, peitoral, flexores do antebraço e extensores do punho.
(FONSECA, 1995)
A passividade é avaliada de acordo com a capacidade de relaxamento
passivo de mãos e pés do indivíduo quando o avaliador faz movimentos de
oscilação e balanços ativos. (FONSECA, 1995)
A paratonia é definida como a incapacidade de descontração voluntária;
é observada através de mobilizações passivas e quedas. (FONSECA, 1995)
No tônus de ação estão os subfatores: diadococinesia e sincinesia. A
diadococinesia é a realização de movimentos coordenados, sejam eles
simultâneos ou alternados, através da pronação e supinação das mãos.
Sincinesias são movimentos associados realizados de modo não intencional
por membros que não estão sendo utilizados no momento, como movimentos
contralaterais, peribucais ou linguais. (FONSECA, 1995)

1.5.2 Equilíbrio

O equilíbrio é uma condição básica da organização psicomotora, é o


suporte para qualquer resposta motora. Seus subfatores são: imobilidade,
equilíbrio estático (controle postural) e equilíbrio dinâmico (corpo em
movimento). (FONSECA, 1995)
A imobilidade é avaliada através da capacidade da criança de se manter
em uma determinada posição por um curto período de tempo sem realizar
nenhum tipo de movimento (movimentos faciais, gestos, sorrisos, oscilações,
rigidez corporal, tiques e hiperemotividade). (FONSECA, 1995)
O equilíbrio estático é avaliado da mesma forma que a imobilidade mas
nele devem ser executados três movimentos: apoio retilíneo (um pé na frente
27

do outro), apoio unipedal e manutenção de equilíbrio na ponta dos pés.


(FONSECA, 1995)
O equilíbrio dinâmico avalia o controle motor quando há deslocamento
no espaço através de quatro atividades: marcha controlada, evolução na trave,
salto com apoio unipedal e salto com os pés unidos. (FONSECA, 1995)

1.5.3 Lateralidade

A lateralidade é formada por componentes motores, sensoriais,


perceptivos, conceituais, simbólicos, sociais e outros. Na BPM, as tarefas
realizadas se concentram basicamente em componentes sensoriais (visão e
audição) e motores (mãos e pés). (FONSECA, 1995)
São realizadas quatro tarefas de: lateralização ocular, lateralização
auditiva, lateralização manual e lateralização pedal onde são encontrados,
respectivamente, o olho preferencial, ouvido preferencial, mão preferencial e pé
preferencial. (FONSECA, 1995)

1.5.4 Noção de Corpo

A noção de corpo é a consciência corporal que o indivíduo obtém


através da recepção, análise e armazenamento de informações de seu corpo.
Na BPM, ela é avaliada através de cinco subfatores: sentido cinestésico,
reconhecimento direita-esquerda, autoimagem, imitação de gestos e desenho
de corpo. (FONSECA, 1995)
Na avaliação de sentido cinestésico a criança é tocada pelo avaliador
em diversas partes do corpo (de 8 a 16) e deve nomeá-las. O reconhecimento
direita-esquerda avalia o grau de compreensão espacial que a criança tem do
seu corpo a partir do seu poder discriminativo e verbalizado; o avaliador pede
para a criança mostrar a mão direita/esquerda (localização bilateral),
apontar/tocar o braço direito com o braço esquerdo (localização contralateral)
ou apontar direita/esquerda em outra pessoa (localização reversível).
(FONSECA, 1995)
A autoimagem avalia a noção de corpo da parte facial através do teste
28

dedo ao nariz, onde a criança deve estar com os olhos fechados, braços
estendidos lateralmente e indicadores estendidos; a partir dessa posição ela
deve flexionar os braços, um de cada vez, e tocá-lo na ponta do nariz por
quatro vezes sem movimentar os pés. (FONSECA, 1995)
Na imitação de gestos da BPM, a criança deve imitar desenhos
geométricos feitos pelo observador como: círculo, quadrado, triângulo e cruz.
No subfator desenho de corpo, a criança deve desenhar o seu corpo em uma
folha de papel da melhor maneira possível. (FONSECA, 1995)

1.5.5 Estruturação espaço-temporal

A estruturação espaço-temporal é um fator que mostra a relação do


corpo com os objetos e lugares que o rodeiam. É subdividida em: organização,
estruturação dinâmica, representação topográfica e estruturação rítmica.
(FONSECA, 1995)
A organização é a capacidade de calcular trajetos e se adaptar à
mudanças propostas; a criança deve percorrer um determinado trajeto de
acordo com o número de passos propostos. A estruturação dinâmica é uma
forma de memorização sequencial visual de objetos simples; a criança deve
memorizar a sequência e a posição dos fósforos e reproduzi-las. (FONSECA,
1995)
Na tarefa de representação topográfica, a criança junto com o
observador, deve fazer um levantamento topográfico do ambiente em uma
folha de papel; após isso a criança deve seguir o trajeto indicado; é uma forma
de avaliar a capacidade espacial e de interiorização de uma trajetória.
(FONSECA, 1995)
A estruturação rítmica é a capacidade de memorização e de imitação
motora de estruturas rítmicas; avalia problemas auditivos, de memorização de
curto prazo e transformação de estímulos auditivos em motores; a criança deve
imitar a sequência de batimentos realizada pelo avaliador. (FONSECA, 1995)

1.5.6 Coordenação motora global

A coordenação motora global é responsável pela realização de


29

movimentos globais complexos que envolvem vários grupos musculares. Se


subdivide em: coordenação óculo-manual, coordenação óculo-pedal, dismetria
e dissociação. (FONSECA, 1995)
A coordenação óculo-manual é a capacidade de coordenar movimentos
manuais com o que se vê; é necessário coordenar o peso do objeto com a
distância e a altura que eles devem ser lançados; a atividade consiste em
lançar uma bola de tênis em um cesto colocado sobre uma cadeira a uma
distância de 1,5m a 2,5m em quatro tentativas. (FONSECA, 1995)
A coordenação óculo-pedal é a capacidade de coordenar movimentos
dos pés com o que se vê; a tarefa consiste em chutar uma bola de tênis entre
os pés de uma cadeira colocada na mesma distância da tarefa anterior e com o
mesmo número de tentativas. (FONSECA, 1995)
A dismetria na BPM, é uma média dos resultados obtidos na
coordenação óculo-manual e coordenação óculo pedal. A dissociação avalia a
independência de membros inferiores e superiores em relação ao tronco; a sua
avaliação consiste na continuidade rítmica de uma determinada execução
motora, com movimentos de braços e pernas alternados e depois de maneira
simultânea por pelo menos quatro vezes. (FONSECA, 1995)

1.5.7 Coordenação motora fina

A coordenação motora fina está relacionada com os movimentos


manipulativos e preensivos realizados principalmente pelos músculos das
mãos e dos braços. Se subdivide em: coordenação dinâmica manual,
tamborilar e velocidade de precisão. (FONSECA, 1995)
A coordenação dinâmica manual avalia a agilidade manual e a
coordenação das mãos e dedos; a tarefa é fazer e desfazer uma pulseira de
clipe (de 5 a 10) o mais depressa possível. Tamborilar avalia a independência e
a harmonia dos dedos durante a tarefa que consiste em tocar os dedos desde
o indicador até o mínimo, e em seguida na direção inversa. (FONSECA, 1995)
A velocidade de precisão é o último subfator e consiste na coordenação
do lápis através da preferência manual e da coordenação de escrita; a tarefa é
fazer o maior número possível de pontos e de cruzes durante 30 segundos em
30

um papel quadriculado. (FONSECA, 1995)

Quadro 2: Avaliação Psicomotora


Nome: Idade:

Deficiência: Data:

Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diadococinesia Sincinesia Médi


( ) ( ) ( ) ( ) ( ) a
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
( ) ( ) ( ) - -
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
( ) ( ) ( ) ( ) -
Reconheciment
Sentido Autoimagem Imitação de Desenho
Noção de corpo o direita/
cinestésico gestos do corpo
esquerda
( ) ( ) ( ) ( )
( )
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal ( ) ( ) ( ) ( ) -
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
motora global ( ) ( ) ( ) ( ) -
Coordenação Tamborilar Velocidade e
Dinâmica manual
motora fina precisão
( )
( ) ( ) - -

TOTAL - - - - -

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015


31

CAPÍTULO II

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA)

1 INTRODUÇÃO

Em 1943, pela primeira vez o psiquiatra Leo Kanner descreveu o caso


de 11 meninos que chamou de “distúrbios autísticos do contato afetivo”. Desde
o nascimento essas crianças não conseguiam se relacionar com seus pais de
uma forma considerada normal. Ele observou respostas incomuns como
maneirismos motores, resistência à mudanças, apego a uma rotina, além de
prejuízos na comunicação como a inversão de pronomes e tendência à
ecolalia. (KLIN, 2006)
Kanner, observou a predominância dos déficits de relacionamento social.
Durante as décadas de 50 e 60, a causa do autismo era atribuída aos pais que
eram acusados de não serem afetivos e amorosos com seus filhos e esse
pensamento perdurou por muitos anos na maior parte do mundo. Foi a partir
dos anos 60, que esse pensamento começou a mudar devido à estudos que
apontavam o autismo como um transtorno cerebral presente desde a infância e
encontrado em todas as raças independente de classe social e/ou condição
econômica. (KLIN, 2006)
Em 1944, o austríaco Hans Asperger descreveu 4 meninos com distúrbio
nas funções expressivas e comportamentais semelhantes ao do autismo; eles
não apresentavam nenhum tipo de alteração física. Em alguns casos, o
distúrbio provocava dificuldades graves na interação social enquanto em outros
casos, os problemas sociais eram facilmente contornados devido ao alto nível
de originalidade do pensamento. (ORRÚ, 2012)
Asperger descreveu a condição dessas crianças como “psicopatia
autística”, elas apresentavam linguagem e a inteligência geralmente
preservadas. Era predominante no sexo masculino e normalmente não eram
identificadas nos primeiros anos de vida pois as crianças apresentavam uma
linguagem altamente correta do ponto de vista gramatical; apresentavam
32

também um interesse obsessivo por determinados assuntos. (VILA; DIOGO;


SEQUEIRA, 2009)
Segundo o DSM-5 (2014), o transtorno do espectro autista (TEA) se
enquadra nos transtornos do neurodesenvolvimento; esses transtornos
geralmente se manifestam no início do período do desenvolvimento por déficits
no funcionamento pessoal, social, escolar e profissional. Em indivíduos com
TEA é comum a presença de outro transtorno do neurodesenvolvimento como
a deficiência intelectual (transtorno do desenvolvimento intelectual).
O TEA é caracterizado por déficits constantes na comunicação e na
interação social, onde há prejuízos na compreensão e manutenção de
relacionamentos, na reciprocidade social e na comunicação verbal e não
verbal. Além dos prejuízos na área da comunicação, o TEA só é diagnosticado
quando há presença de comportamentos e interesses repetitivos e restritos.
(DSM-5, 2014).
Para o diagnóstico são usados especificadores como: condição
genética, com ou sem comprometimento intelectual ou de linguagem e também
especificadores que apresentam os sintomas como: idade de aparecimento dos
primeiros sintomas e gravidade. Esses especificadores contribuem para um
diagnóstico individual e uma descrição mais detalhada. Hoje, por exemplo,
indivíduos anteriormente diagnosticados com transtorno de Asperger,
receberiam o diagnóstico de transtorno do espectro autista sem
comprometimento linguístico ou intelectual. (DSM-5, 2014)
Segundo Klin (2006), em indivíduos com TEA há uma quebra nos
processos fundamentais de socialização, aprendizado e comunicação. Seu
início é precoce, apresenta uma série de sintomas que são permanentes e
envolvem mecanismos biológicos fundamentais que se relacionam à
adaptação.
O TEA é um distúrbio do desenvolvimento complexo e é definido a partir
de uma série de comportamentos específicos, com etiologias múltiplas e graus
de severidade variados. Pode ser influenciado por fatores associados que não
sejam características principais do distúrbio, como a habilidade cognitiva.
(GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004)
Para Carlson (2002), o TEA é um distúrbio crônico onde há prejuízo no
desenvolvimento das relações sociais com outros indivíduos, no
33

desenvolvimento da habilidade de se comunicar, na falta de capacidade


imaginativa e em movimentos repetitivos e estereotipados.

1.1 Critérios diagnósticos

Figura 3: Critérios diagnósticos do transtorno do espectro autista


34

Fonte: DSM-5 (2014).

1.2 Características diagnósticas

Há três características essenciais do transtorno do espectro autista, são


elas: prejuízo na comunicação social recíproca, prejuízo na interação social e
padrões repetitivos e restritos de atividades, comportamentos e interesses.
Esses sintomas são encontrados desde a infância e podem atrapalhar o
funcionamento diário. Essas características variam de acordo com a gravidade
do transtorno, o nível e a idade cronológica. (DSM-5, 2014).
Atualmente o termo TEA é usado para englobar vários transtornos, são
eles: “autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de
alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem
outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de
Asperger.” (DSM-5, 2014, p.53).
Ainda de acordo com o DSM-5 (2014):
35

a) Déficits verbais e não verbais na comunicação variam de acordo


com a idade, nível intelectual, capacidade linguística, histórico de
tratamento e apoio atual;
b) Déficits na linguagem variam entre ausência total da fala, atrasos de
linguagem, compreensão reduzida da fala, ecolalia e linguagem
extremamente literal ou rebuscada;
c) Há casos onde o vocabulário e a gramática estão preservados
porém a linguagem para se comunicar está prejudicada;
d) Déficits na reciprocidade socioemocional: o indivíduo com TEA tem
dificuldades em se envolver com outras pessoas e em expressar e
demonstrar ideias, emoções e sentimentos;
e) Quando a linguagem está presente, costuma ocorrer sem
reciprocidade social, ou seja, o indivíduo pode usar a fala mas não
consegue compreender o sentido da conversa; a fala pode ser
robotizada;
f) Uso reduzido, ausente ou anormal de contato visual, gestos,
expressões faciais, entonação e noção/orientação corporal; podem
aprender alguns gestos mais utilizados no seu meio mas costumam
ser poucos e geralmente não são realizados com espontaneidade;
g) Déficits para desenvolver, manter e compreender as relações
pessoais;
h) Dificuldade na capacidade imaginativa, por isso muitas crianças
insistem em brincadeiras com regras fixas e imutáveis; também
apresentam dificuldades para entender brincadeiras e ironias pois
pensam no sentido concreto da palavra;
i) Comportamentos repetitivos e estereotipados como estereotipias
motoras simples (andar na ponta dos pés, abanar as mãos), uso
repetitivo de objetos (enfileirar carrinhos, arremessar bolas) e fala
repetitiva (ecolalia, repetição automática do que ouve, uso
equivocado de pronomes);
j) Apego grande à rotina; quando alterada pode causar grande
estresse mesmo que a mudança seja simples como alteração de
percurso ou troca de alimentos;
36

k) A rotina pode estar relacionada a uma hipo ou hiperreatividade a


estímulos sensoriais como cheiros, texturas, gostos, sons e toques.
l) Quando adultos, de acordo com o grau do transtorno, os interesses
restritos que os proporcionam prazer, podem vir a se tornar seu
emprego.
m) Algumas características associadas que apoiam o diagnóstico são:
comprometimento intelectual e de linguagem, déficits motores
frequentemente presentes (marcha atípica, falta de coordenação
motora global e fina, desorientação espaço-temporal), autolesão,
comportamentos desafiadores, ansiedade e depressão,
comportamento motor semelhante à catatonia, mutismo, posturas
anormais, trejeitos faciais e rigidez;
n) Por fim, instrumentos padronizados de diagnóstico do
comportamento junto a entrevistas com cuidadores, familiares,
questionários e observações clínicas, podem favorecer e aumentar a
fidedignidade do diagnóstico ao longo do tempo.

1.3 Fatores de risco

A etiologia do TEA ainda não é totalmente conhecida, mas as variáveis


biológicas são as mais citadas em estudos. Em gêmeos idênticos, a taxa de
concordância pode chegar a 92%, enquanto em gêmeos fraternos essa taxa
chega a 10%. Irmãos de crianças autistas tem de 2% a 8% de chance de
também nascerem com o transtorno. O TEA está ligado a anormalidades
acorridas nos cromossomos 7 e 15. Os pais geralmente não apresentam
psicopatologias. (KEARNEY, 2012)
Aproximadamente 15% dos casos de TEA parecem estar associados a
uma mutação genética conhecida, com variações no número de cópias ou
mutações em genes específicos. A grande maioria dos casos parece ser
poligênica, ou seja, há contribuições pequenas de centenas de genes para
gerar o transtorno. (DSM-5, 2014)
Segundo Castro (2005), a causa do TEA pode ser vista como uma
junção de fatores genéticos, fisiopatológicos, cognitivos e comportamentais.
37

Fatores biológicos como: paralisia cerebral, meningite, encefalite,


infecções e lesões acidentais também influenciam o transtorno, assim como
problemas neurológicos que comprometem o funcionamento motor e cognitivo
como o sistema límbico, os gânglios da base e o lobo frontal. Em alguns casos
há alterações bioquímicas no neurotransmissor serotonina que elevam o seu
nível. (KEARNEY, 2012)
Algumas condições frequentemente associadas ao TEA são: deficiência
mental e auditiva, fenilcetonúria não tratada, hidrocefalia, esclerose tuberosa,
epilepsia, cromossomopatias, síndrome de Down, síndrome do X frágil,
síndrome fetal alcoólica, entre outras. As infecções pré-natais associadas são:
toxoplasmose, sífilis, varicela, caxumba, rubéola e citomegalovírus; herpes
simplex é uma infecção pós natal. (SCHWARTZMAN, 2003)
Alguns fatores ambientais que podem contribuir para o transtorno são:
idade avançada dos pais, baixo peso ao nascer ou exposição do feto ao ácido
valproico. A epilepsia no TEA se associa a uma maior deficiência intelectual e
menor capacidade verbal. (DSM-5, 2014)
O retardo mental envolve fatores biológicos e ambientais. Dentre as
alterações biológicas pré-natais estão as malformações (incluindo doenças
genéticas), problemas metabólicos, deformações e/ou crescimento anormal da
cabeça ou de órgãos e danos causados por álcool e outras drogas. Fatores
extrínsecos como falta prolongada de oxigênio, trauma cerebral e
envenenamento contribuem para o quadro de retardo mental. (KEARNEY,
2012)
A prevalência de crianças e adultos com TEA chega a 1% da população;
não se sabe se esse aumento na taxa de casos se dá pela maior
conscientização sobre o transtorno ou se realmente a frequência aumentou. A
relação de diagnóstico é de quatro indivíduos do sexo masculino para cada um
do sexo feminino. (DSM-5, 2014)

1.4 Desenvolvimento e curso (DSM-5, 2014)

Os sintomas do TEA costumam aparecer entre os 12 e 24 meses, porém


é possível que sejam reconhecidos antes dos 12 meses caso os sintomas
38

sejam mais graves ou após os 24 meses se forem mais amenos. Os sinais de


início podem envolver atrasos precoces do desenvolvimento e perdas de
habilidades linguísticas e/ou sociais. Essas características podem ser
observadas com evidência já na primeira infância.
Algumas crianças podem apresentar platôs ou regressões no
desenvolvimento dos comportamentos sociais e na linguagem. Essas
regressões são raras em outros transtornos, podendo ser um indicativo útil de
TEA. Perdas de habilidades motoras, de controle de esfíncter ou de
autocuidado são mais raras porém podem ocorrer.
Os primeiros sintomas envolvem atraso na linguagem podendo este ser
acompanhado por ausência de interesse social, padrões estranhos de
brincadeiras e de comunicação.
O TEA não é um transtorno degenerativo, por isso é comum que ocorra
aprendizagem ao longo da vida, mesmo que em níveis menores do que em
pessoas com desenvolvimento normal. Poucos indivíduos tem regressões
comportamentais na adolescência enquanto a maioria apresenta melhoras.
Poucos indivíduos trabalham e vivem de forma independente na fase adulta,
esses geralmente tem uma linguagem e capacidades intelectuais superiores.
Pouco se sabe sobre TEA na velhice.
O TEA frequentemente está associado à comprometimentos intelectuais
e transtorno estrutural da linguagem que devem ser especificados no
diagnóstico como comorbidades. Aproximadamente 70% de pessoas com TEA
podem apresentar um transtorno mental comórbido e até 40% podem
apresentar dois ou mais transtornos mentais.
Pessoas com TEA podem ser diagnosticadas também com transtorno do
desenvolvimento da coordenação, transtorno de ansiedade, transtorno
depressivo, entre outros. Dificuldades específicas de aprendizagem como
leitura e escrita são comuns.
Condições médicas como epilepsia, distúrbio do sono e constipação
devem constar no diagnóstico caso estejam associados ao transtorno. O
transtorno alimentar restritivo/evitativo é muito comum e pode persistir.

1.5 Desenvolvimento motor em crianças com TEA


39

Três domínios podem ser citados dentro da área do domínio


educacional: psicomotor, afetivo-social e cognitivo. O domínio psicomotor é o
principal neste trabalho por isso será explicitado. Ele pode ser representado
pelos comportamentos sensório/perceptivo-motores, níveis de desenvolvimento
das habilidades motoras e capacidades físicas. (CASTRO, 2005)
Nas habilidades motoras, o domínio psicomotor tem como objetivo a
aprendizagem e controle de habilidades motoras fundamentais e melhora da
coordenação motora global e fina. Nos comportamentos sensório/perceptivo-
motores o objetivo é a melhora do funcionamento visual, auditivo, tátil,
vestibular e cinestésico e melhora das funções motoras, cognitivas e de
linguagem através dos estímulos sensoriais; funções como consciência
espacial e temporal, orientação e consciência corporal. Nas capacidades
físicas o objetivo é melhorar o sistema cardiovascular, controle de peso,
aumentar força, resistência, flexibilidade e controle postural. (CASTRO, 2005)
Indivíduos com TEA podem apresentar características como: lentidão,
escolha de movimentos inadequados e atraso na sequência de movimentos
quando comparados a indivíduos sem a deficiência. (GORGATTI; COSTA,
2008)
Os déficits motores em pessoas com TEA podem se relacionar com os
déficits que eles apresentam na área comunicativa e social. (CASTRO, 2005)
Os problemas motores resultam da ordem maturacional, que se
apresenta mais lenta, e de uma possível carência de experiências. Os fatores
maturacionais se relacionam com a condição estrutural do ser humano e com a
mudança dessas estruturas ao longo do tempo; essas estruturas são
associadas ao sistema nervoso central, muscular, respiratório, circulatório,
ósseo e outros. (GORGATTI; COSTA, 2008)
A carência de experiências pode ocorrer devido à uma superproteção
familiar, poupando o indivíduo de realizar certos movimentos, o que afeta o seu
desenvolvimento, ou até mesmo por vergonha da família que não aceita o
diagnóstico e esconde o seu familiar.
O ambiente onde a atividade física é praticada se torna favorável para
manter relações sociais, aliviar o estresse e praticar a disciplina. O exercício é
capaz de diminuir a depressão, raiva e os movimentos estereotipados. Além
dos benefícios fisiológicos, o exercício também pode levar prazer e diversão
40

aos seus praticantes e introduzir e/ou fortalecer laços afetivos entre familiares e
amigos com ou sem deficiência. (CASTRO, 2005)
Apesar dessas dificuldades, as pessoas com TEA podem alcançar
etapas avançadas no desenvolvimento motor caso tenha uma interação
adequada entre maturação e experiência. Cabe ao profissional de educação
física interferir nesse aspecto apresentando uma boa fundamentação teórico-
prática. (GORGATTI; COSTA, 2008)
Alguns métodos educacionais populares no ensino da criança autista
são o Treatment and Education of Autistic and related Communication-
handicapped Children (TEACCH), o Higashi e o Picture Exchange
Communication System (PECS). O TEACCH trabalha com materiais visuais,
em atendimento individualizado e organiza um ambiente com rotina de trabalho
e de horário. O Higashi é uma forma de ensinar a criança a correr através da
dança, ginástica e exercícios vigorosos que os acalma. O PECS é usado para
crianças que não são verbais e sua comunicação se dá a partir do
apontamento de figuras. (CASTRO, 2005)

1.6 Atividades aquáticas para crianças com TEA

O indivíduo com TEA apresenta dificuldades em selecionar informações


importantes do ambiente ou do exercício devido à sua limitação de atenção,
por isso é fundamental que o professor evite estímulos e informações
desnecessárias para o aluno e seja claro nos seus comandos e instruções. É
interessante também que o professor ofereça uma quantidade maior de
repetições de um mesmo exercício para facilitar a sua memorização.
(TEIXEIRA, 2008)
O aluno consegue ter um melhor desenvolvimento de habilidades
motoras e aquáticas quando o professor permite que ele mesmo encontre as
respostas para os seus problemas de equilíbrio e locomoção. Assim, é
importante que essas respostas não apresentem um alto grau de complexidade
(TEIXEIRA, 2008) para que o aluno obtenha sucesso; caso contrário ele pode
se sentir frustrado.
Segundo Castro (2005), o professor precisa ter uma estratégia de ensino
41

que se baseie em: evitar ruídos excessivos durante a aula, preservar o mesmo
grupo de alunos e manter o mesmo instrutor, evitar materiais e comandos
excessivos, manter a mesma rotina de aula e progressões e demonstrar as
atividades frequentemente ao invés de só utilizar o comando verbal.
A meta principal da atividade aquática é a independência no meio
aquático e a aquisição de noções de segurança. É importante saber respeitar o
tempo, atitude e limite de cada aluno. Prestar atenção em cada progresso e em
possíveis regressos de habilidades também. (CASTRO, 2005)

1.7 Atividades recreativas para crianças com TEA

As atividades recreativas são importantes para o desenvolvimento da


criança com TEA pois pode contribuir para a sua socialização, aprendizagem,
aquisição de novos conhecimentos e estímulo de habilidades básicas. As
atividades lúdicas podem estimular as áreas da interação social,
comportamento e comunicação. (SILVA, 2013)
O objetivo desse tipo de atividade é promover o desenvolvimento das
habilidades socioemocionais, cognitivas, sensório-motoras e de comunicação,
além de estimular a criança a melhorar sua capacidade de interação e de
comunicação e assim permitir que ela consiga interagir com outras pessoas no
seu ambiente, seja com o professor ou com outros colegas. A partir dessa
interação ela pode sentir prazer e desenvolver novas habilidades motoras.
(INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2014).
Segundo Lopes e Pavelacki (2004), crianças com TEA apresentam
movimentos estereotipados constantes e a atividade recreativa procura
aumentar o repertório motor e diminuir essas estereotipias, através de
atividades lúdicas com regras simples e fáceis de serem seguidas. É um
momento também de lazer para a criança interagir e se socializar.
Quanto mais divertida e motivadora for a atividade, maior a chance da
criança permanecer nela. Dessa forma, quando a criança já estiver altamente
motivada, é a hora ideal para começar a solicitar comandos que devem ser
realizados. É a hora de começar a ensinar as regras das brincadeiras para que
se inicie o processo de aprendizagem. (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2014)
42

Quando a criança está motivada, ela consegue superar suas


dificuldades mais facilmente além de desenvolver habilidades motoras. Ela
supera essas dificuldades enquanto brinca com outras pessoas; o prazer e a
diversão encontrados nessa atividade pode levar a criança com TEA a querer
interagir com outras crianças e com isso há ganhos na sua interação social, o
que facilita o seu relacionamento e o seu aprendizado. (INSPIRADOS PELO
AUTISMO, 2014)
É necessário que cada atividade seja planejada de acordo com a
necessidade, o interesse e o grau de desenvolvimento de cada um, de forma
que possa contribuir para aquisição de habilidades específicas e que não
prejudique a criança em nenhum aspecto. A atividade deve ter um objetivo,
uma meta a ser atingida, um grau de desafio de acordo com a capacidade do
indivíduo, uma ação motivadora e deve proporcionar prazer e bem-estar.
(INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2014)
43

CAPÍTULO III

A PESQUISA

1 INTRODUÇÃO

Objetivando verificar possíveis alterações nos padrões motores


estimulados através de atividades recreativas e aquáticas representados
através da Bateria Psicomotora de Fonseca (BPM) e após aprovação do
projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium de Lins, Protocolo n° 1.130.159 em 29/06/2015 (ANEXO B)
foi realizada uma pesquisa descritiva do tipo documental.
Na pesquisa descritiva, os fatos são observados, registrados,
analisados, classificados e interpretados sem a interferência do pesquisador. A
coleta de dados ocorre a partir de questionários e observação sistemática.
(RODRIGUES, 2007).
A pesquisa documental se baseia em toda informação obtida através da
oralidade, da fala ou da visualização. A coleta é o registro dos dados que
possui métodos e técnicas a serem seguidos para cada objetivo do estudo.
(FACHIN, 2006).
Após apresentação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Informado (APÊNDICE B) e do Termo de Assentimento (APÊNDICE C), foi
realizada uma pesquisa através da análise documental, utilizando as
avaliações realizadas com duas crianças do espectro autista, sendo uma com 6
anos e a outra com 9 anos de idade, que frequentaram as escolas de ensino
regular municipal e tiveram participação ativa no Projeto de Extensão
Universitária de Educação Inclusiva em parceria com a Secretaria Municipal de
Educação e o Centro Universitário Católico Unisalesiano-Lins. As atividades
ocorrem no Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento Educacional
Especializado (NAIAEE) – Lins, SP e nas dependências do Unisalesiano, onde
é oferecido um trabalho multidisciplinar.
O trabalho da educação física é realizado, oferecendo natação, ginástica
e recreação. Primeiramente os alunos realizam uma avaliação motora para
44

apontar e analisar suas habilidades motoras, para que posteriormente sejam


propostas atividades objetivando uma melhora nessas habilidades, na
qualidade de vida e no seu convívio social.

1.1 Métodos e técnicas utilizados

1.1.1 Métodos

Estudo de caso: foram relatados dois casos, através de uma análise


documental, utilizando as avaliações realizadas com duas crianças do espectro
autista que frequentaram o NAIAEE.

1.1.2 Técnicas

a) Roteiro de Estudo de Caso (APÊNDICE A)


b) Termo de Consentimento Livre e Informado (APÊNDICE B)
c) Termo de Assentimento (APÊNDICE C)
d) Roteiro de Entrevista para Profissionais (APÊNDICE D)
e) Bateria Psicomotora de Fonseca (ANEXO 1)
f) Parecer CEP (ANEXO 2)

1.2 Acompanhamento dos casos e apresentação dos resultados

1.2.1 Caso 1

Aluno do gênero biológico masculino, 09 anos de idade. Encaminhado


ao núcleo pois houve diagnóstico de Síndrome de Asperger, hoje chamado de
transtorno do espectro autista sem comprometimento linguístico ou intelectual.
Segundo informações colhidas com a mãe, ela teve uma gestação tranquila,
sem anormalidades e não fez uso de nenhum medicamento específico.
Quando nasceu, o bebê era tranquilo, mamava e dormia bem. Andou com
45

quase um ano. Gostava muito de água e de brincar na banheira.


Com 1 ano e 8 meses ainda não falava nenhuma palavra e se
comunicava apenas por gestos ou fazia o que queria sozinho; não era um bebê
exigente. Foi levado ao médico otorrino e foi comprovado que não era surdo.
Segundo a mãe, não gostava de interagir com outras crianças, parecia que
tinha um “mundinho só dele” onde só haviam seus pais, avó e irmão, ou seja,
as pessoas da casa.
O tratamento fonoaudiológico foi iniciado quando tinha dois anos.
Começou a frequentar a escola com três anos e meio onde apresentou
comportamento agressivo. Não falava, batia, empurrava e jogava objetos. A
professora o encaminhou para o neurologista, que juntamente com o pediatra,
o encaminharam para a psicologia e terapia ocupacional. Vários exames foram
feitos, inclusive uma tomografia do cérebro que não indicou nada de anormal.
Apresentou bastante dificuldade no aprendizado; mudanças na rotina o
incomodavam e o deixavam sem ação. Gostava de seguir uma rotina. Os pais
disseram que os profissionais que o atendiam não chegavam a um consenso
pois não interagiam entre si e não trocavam informações. A diretora da escola
o encaminhou ao NAIAEE.
Após o período de entrevistas e iniciação pedagógica no NAIAEE, que
levou aproximadamente seis meses, foi apresentando aos pais através das
pedagogas, a Síndrome de Asperger. O aluno não entendia o lúdico, não
conseguia usar a imaginação, não entendia o sentido figurado das palavras.
Por exemplo: menina bonita não é “gata” ou um “avião”, gato é um animal e
avião é um meio de transporte.
Após o conhecimento da síndrome e alguns estudos realizados pelos
pais, eles começaram, junto com a avó e com o irmão, a se mobilizar para
estimular o desenvolvimento do filho, principalmente no que se referia a
capacidade imaginativa da criança. Por exemplo: a família começou a fazer
peixes de papelão para fingir que pescavam em um lago ou entravam em
caixas de papelão para simular carros e aviões.
Os pais disseram que através de todos os atendimentos realizados pelo
núcleo, incluindo a educação física, o aluno obteve um grande
desenvolvimento tanto na fala quanto na criatividade e interação com outras
crianças. Não faz uso contínuo de medicamentos.
46

Foi avaliado pela educação física pela primeira vez em março de 2013,
porém este estudo usou as avaliações realizadas a partir de agosto de 2014.
Na recreação as atividades eram voltadas para sete itens: tonicidade,
equilíbrio, lateralidade, noção de corpo, estruturação espaço-temporal,
coordenação motora global e coordenação motora fina. As aulas eram
montadas levando em consideração esses itens sendo que a cada atendimento
um deles era priorizado. A aula se iniciava com aquecimento, passando para a
parte principal e relaxamento; geralmente o relaxamento era feito com a leitura
de livros.
Os materiais utilizados foram: trave de equilíbrio, cama elástica,
colchões, bolas (vôlei, futebol, futsal, handebol, basquete, tênis), cordas,
bambolês, bancos, cones, bastões, cadeiras, livros, papéis, brinquedos e jogos.
Na primeira avaliação analisada em agosto de 2014, realizou a BPM
completa com pequenas dificuldades motoras em equilíbrio e coordenação
motora global. Durante a avaliação apresentou-se um pouco desatento porém
obediente. Apresentou poucas evoluções considerando as avaliações
passadas pois já havia se adaptado às atividades e precisava de estímulos
diferentes e desafios para progredir.
Pelos registros, após um mês da primeira avaliação, o aluno começou a
frequentar os atendimentos duas vezes por semana, sendo que na terça-feira
seguia a aula de recreação normal e na quinta-feira realizava exercícios mais
complexos focados em equilíbrio, estruturação espaço-temporal e coordenação
motora global. Iniciou-se também um trabalho de socialização onde o aluno
frequentou lanchonetes, parques e hortas com outras crianças.
Em dezembro de 2014, participou do Festival de Arte Inclusiva e
realizou a segunda avaliação. Foi nesse período de quatro meses que
apresentou sua maior evolução. Melhorou seu perfil psicomotor em 4,05
pontos, o que se deve aos novos estímulos e desafios a que foi exposto.
Começou a ter iniciativa para interagir com os colegas e também para contar
sobre suas atividades na escola e/ou fora dela. Após a realização da BPM,
entrou de férias.
A terceira e última avaliação foi realizada em fevereiro de 2015 onde
apresentou a mudança em seu perfil psicomotor de bom para superior.
Apresentou nota máxima em quase todos os itens da BPM, exceto em
47

equilíbrio. Manteve um bom relacionamento com seus colegas e também uma


boa capacidade de se comunicar e expressar suas vivências.

Quadro 3: Primeira avaliação psicomotora – Caso 1


Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia Média
(4) (4) (3) (4) (4) 3,8
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
(4) (2) (2) - - 2,7
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
(D) (E) (D) (D) - 2
Noção de Sentido Reconhecimento Autoimagem Imitação de Desenho
corpo cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
(4) (4) (4) (4) (3) 3,8
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal (3) (4) (4) (2) - 3,25
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
global (3) (2) (3) ( 2,5 ) - 2,62
Coordenação Dinâmica Tamborilar Velocidade e
fina manual precisão
(4) (3) (4) - - 3,7
21,87

SOMA - - - - - ≈ 22
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

O quadro 3, apresenta os resultados da primeira avaliação psicomotora,


realizada com a criança do caso 1. Após avaliação obteve-se como soma das
médias o valor de 22, que classifica o perfil psicomotor da criança como bom.

Quadro 4: Protocolo de avaliação - BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)
07 – 08 Deficitário Significativas (severas)
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

Somou 22 pontos na BPM, apresentando um perfil psicomotor bom.


48

Quadro 5: Segunda avaliação psicomotora – Caso 1


Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia Média
(4) (4) (4) (4) (4) 4
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
(4) (2) (3) - - 3
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
(D) (D) (D) (D) - 4
Noção de Sentido Reconhecimento Autoimagem Imitação de Desenho
corpo cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
(4) (4) (4) (4) (3) 3,8
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal (4) (4) (4) (4) - 4
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
global (3) (3) (4) (3) - 3,25
Coordenação Dinâmica Tamborilar Velocidade e
fina manual precisão
(4) (4) (4) - - 4

SOMA - - - - - 26,05

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

O quadro 5, apresenta os resultados da segunda avaliação psicomotora,


realizada com a criança do caso 1. Após avaliação obteve-se como soma das
médias o valor de 26,05, que classifica o perfil psicomotor da criança como
bom.

Quadro 6: Protocolo de avaliação – BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)
07 – 08 Deficitário Significativas (severas)
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

Somou 26,2 pontos na BPM, apresentando um perfil psicomotor bom.


49

Quadro 7: Terceira avaliação psicomotora – Caso 1


Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia Média
(4) (4) (4) (4) (4) 4
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
(4) (2) (3) - - 3
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
(D) (D) (D) (D) - 4
Noção de Sentido Reconhecimento Autoimagem Imitação de Desenho
corpo cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
(4) (4) (4) (4) (4) 4
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal (4) (4) (4) (4) - 4
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
global (4) (4) (4) (4) - 4
Coordenação Dinâmica Tamborilar Velocidade e
fina manual precisão
(4) (4) (4) - - 4

SOMA - - - - - 27

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

O quadro 7, apresenta os resultados da terceira avaliação psicomotora,


realizada com a criança do caso 1. Após avaliação obteve-se como soma das
médias o valor de 27, que classifica o perfil psicomotor da criança como
superior.

Quadro 8: Protocolo de avaliação – BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 - 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)
07 – 08 Deficitário Significativas (severas)
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

De acordo com as avaliações e com os protocolos de avaliação, nota-se


que houve alteração do perfil psicomotor do aluno de bom para superior,
apresentando uma melhora de 5 pontos, passando de 22 para 27 pontos.
50

1.2.2 Caso 2

Aluno do gênero biológico masculino, 06 anos de idade. Encaminhado


ao núcleo pois houve diagnóstico de Síndrome de Asperger, hoje chamado de
transtorno do espectro autista sem comprometimento linguístico ou intelectual.
Segundo informações colhidas com a mãe, ela teve uma gestação tranquila até
o 5º mês, logo após ficou hipertensa e por isso começou a tomar metildopa até
o fim da gestação. Os médicos aplicaram soro para induzí-la a ter parto normal,
o bebê nasceu com 40 semanas de gestação, após ter aspirado e ingerido
mecônio.
Devido ao sofrimento fetal, ficou na Unidade de Tratamento Intensivo
(UTI) por 13 dias, foi sedado e entubado até que fizessem a limpeza dos
pulmões, era alimentado por sonda. Começou a ser amamentado com leite
materno após uma semana do nascimento mas ainda usava respirador. A mãe
disse que ele sempre teve uma alimentação saudável, com leite materno e
papinhas e sucos naturais. Sentou e virou-se no tempo considerado normal.
Balbuciou sons aos sete meses e as primeiras palavras por volta de um ano.
Andou com um ano e dois meses.
Desde 2012 fazia atendimento com psicológo, foi encaminhado ao
NAIAEE em 2013 pela escola onde estudava pois tinha dificuldade de
aprendizado (não escrevia letras nem números) e prejuízo na interação social.
Quando avaliado pelo núcleo, verificaram obsessões por determinados objetos
como ventiladores. Desde março de 2015 o aluno toma ritalina pela manhã nos
dias que vai à escola para melhorar sua concentração.
Ainda no relato da mãe, ela disse que seu filho tem dificuldades em
entender brincadeiras pois leva tudo à sério. No momento, ele tem um
interesse grande por dinossauros e por certos desenhos animados. A mãe do
aluno teve um irmão com autismo severo que morreu aos 28 anos e dois
primos; uma mulher com autismo clássico e um homem com autismo leve.
O aluno foi avaliado pela educação física em maio de 2014. Na natação
o principal objetivo era estimular a independência no meio líquido. Para isso
era necessário fazer uma adaptação a esse meio, flutuação, respiração, início
do nado crawl e nado costas. Para facilitar o ensino das técnicas e a
memorização da sequência de aulas, os alunos aprendiam músicas que
51

falavam sobre suas próximas atividades. A estrutura da aula era composta por
uma música de início para aquecimento, parte principal com o ensino das
técnicas e relaxamento no final.
Os materiais utilizados foram: espaguetes, halteres, bolas, bastões,
livros de banho, pranchas e placas de EVA.
Na primeira avaliação, em maio de 2014, realizou a BPM completa com
dificuldades em todos os aspectos. Apresentou-se muito distraído e não fez
nenhum exercício sem a mãe por perto; chorou bastante pois queria ir para a
piscina e não queria completar a avaliação.
Pelos registros, após dois meses de atendimentos, o aluno já
apresentava noções básicas de natação e não tinha medo de mergulhar;
começou a interagir com colegas de aula. No terceiro mês, começou a interagir
melhor com colegas e professores, participando e se divertindo durante
brincadeiras em grupo.
Na segunda avaliação, em setembro de 2014, foi observado que o aluno
obteve melhora em cinco itens da BPM e manteve a pontuação em dois itens.
Houve uma notável melhora em seu relacionamento com os outros alunos.
Em outubro de 2014 foi proposto aos responsáveis que o aluno
frequentasse o atendimento duas vezes por semana, sendo na terça-feira aula
de recreação e na quinta-feira, que continuasse na natação. O aluno
frequentou poucas aulas de recreação pois seu interesse era pela piscina.
Foram realizados alguns atendimentos interdisciplinares com a terapia
ocupacional e a pedagogia, onde os alunos frequentaram o parque, o teatro e
fizeram culinária.
Em dezembro de 2014, participou do Festival de Arte Inclusiva e realizou
a terceira e última avaliação. Além da melhora psicomotora, houve melhora de
relacionamento tanto nas aulas no núcleo quanto na escola. A professora da
escola relatou que o aluno começou a participar mais das aulas e a interagir
com os colegas.

Quadro 9: Primeira avaliação psicomotora - Caso 2 (continua)


Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia Média
(3) (4) (2) (3) (2) 2,8
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
(2) (2) (2) - - 2
52

(conclusão)
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
(E) (E) (D) (D) - 3
Noção de Sentido Reconhecimento Autoimagem Imitação de Desenho
corpo cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
(4) (2) (3) (3) (2) 2,8
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal (2) (4) (2) (1) - 2,25
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
1,37
global (1) (2) (1) ( 1,5 ) -
Coordenação Dinâmica Tamborilar Velocidade e
fina manual precisão
(2) (2) (2) - - 2

SOMA - - - - - 16,22

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

O quadro 9, apresenta os resultados da primeira avaliação psicomotora,


realizada com a criança do caso 2. Após avaliação obteve-se como soma das
médias o valor de 16,22, que classifica o perfil psicomotor da criança como
normal.

Quadro 10: Protocolo de avaliação – BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)
07 – 08 Deficitário Significativas (severas)
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

Somou 16,22 pontos na BPM, apresentando um perfil psicomotor


normal.

Quadro 11: Segunda avaliação psicomotora - Caso 2 (continua)


Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia Média
(4) (4) (3) (3) (3) 3,4
53

(conclusão)
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
(3) (2) (4) - - 3
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
(E) (E) (D) (D) - 3
Noção de Sentido Reconhecimento Autoimagem Imitação de Desenho
corpo cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
(4) (2) (4) (2) (2) 2,8
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal (2) (4) (4) (2) - 3
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
global (3) (3) (2) (3) - 2,75
Coordenação Dinâmica Tamborilar Velocidade e
fina manual precisão
(3) (2) (2) - - 2,3

SOMA - - - - - 20,25

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

O quadro número 11, apresenta os resultados da segunda avaliação


psicomotora, realizada com a criança do caso 2. Após avaliação obteve-se
como soma das médias o valor de 20,25, que classifica o perfil psicomotor da
criança como normal.

Quadro 12: Protocolo de avaliação – BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)
07 – 08 Deficitário Significativas (severas)
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

Somou 20,25 pontos na BPM, apresentando um perfil psicomotor


normal.
54

Quadro 13: Terceira avaliação psicomotora - Caso 2


Tonicidade Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia Média
(4) (4) (4) (4) (3) 3,8
Equilíbrio Imobilidade Estático Dinâmico
(4) (3) (3) - - 3,3
Lateralidade Ocular Auditiva Manual Pedal
(D) (D) (D) (D) - 4
Noção de Sentido Reconhecimento Autoimagem Imitação de Desenho
corpo cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
(4) (4) (4) (3) (2) 3,4
Estruturação Organização Dinâmica Representação Estruturação
espaço topográfica rítmica
temporal (1) (4) (3) (2) - 2,5
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
global (4) (4) (3) (4) - 3,75
Coordenação Dinâmica Tamborilar Velocidade e
fina manual precisão
(4) (3) (4) - - 3,6

SOMA - - - - - 24,35

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015

O quadro número 13, apresenta os resultados da terceira avaliação


psicomotora, realizada com a criança do caso 2. Após avaliação obteve-se
como soma das médias o valor de 24,35, que classifica o perfil psicomotor da
criança como bom.

Quadro 14: Protocolo de avaliação - BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (especificas)
07 – 08 Deficitário Significativas (severas)
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

De acordo com as avaliações e com os protocolos de avaliação, nota-se


que houve alteração no perfil psicomotor do aluno de normal para bom,
55

apresentando uma melhora de 8,15 pontos, passando de 16,2 para 24,35


pontos.

1.3 Opinião dos pais e profissionais

Relato do pai do caso 1, agricultor, morador da cidade de Lins/SP


quando perguntado se notou mudanças (física, emocional, social,
comportamental) no seu filho após o início da prática de exercício físico e os
benefícios que a educação física trouxe para ele:

Sim, melhorou o equilíbrio, aumentou a confiança


em subir degrau e também em árvores, aumentou a
vontade de participar de todas as atividades físicas
na qual as outras crianças participam. Além de
emagrecer, ajudou na agilidade e na facilidade em
executar atividades diárias como ginástica com os
primos e amigos das associações.

Relato da mãe do caso 1, comerciante e moradora da cidade de Lins/SP


sobre as mesmas perguntas:

Sim, mudança física: emagreceu; mudança


emocional: se sente mais seguro, por exemplo, se
defende melhor de situações difíceis que acontecem
no seu cotidiano. O meu filho tem dificuldades de
adaptar-se, é um criança que segue uma rotina e é
difícil alterá-la. Com relação a esse tipo de
adaptação, melhorou bastante, está mais flexível.
Benefícios: emagrecimento, ele gosta muito de jogar
bola, volta sempre contente.

Relato da mãe do caso 2, funcionária pública e moradora da cidade de


Lins/SP quando perguntada se notou mudanças (física, emocional, social,
comportamental) no seu filho após o início da prática de exercício físico, quais
56

os benefícios que a educação física trouxe para ele e se houve prejuízo em


algum aspecto:

Sim, físicos: agilidade; emocional: está mais


afetuoso e olha nos olhos das pessoas, coisas que
antes não fazia; socializa-se bem com coleguinhas
na escola e com as primas. Chama para brincar e
quer ter amigos, antes ele preferia se isolar. Não
houve nenhum prejuízo somente benefícios como
segurança, agilidade e foco.

Relato de um educador físico e ex coordenador de educação física do


NAIAEE, residente na cidade de Guaiçara/SP quando perguntado se teve
experiência com autistas e sua opinião sobre a importância e os benefícios do
exercício físico pra eles:

Tenho experiência com crianças autistas desde


2011. Minha experiência é em inserir crianças
autistas na prática de exercícios físicos. Desenvolver
atividades de natação, ginástica artística e
atividades lúdicas. A prática regular de exercícios
físicos proporciona grandes alterações no
comportamento e principalmente no
desenvolvimento psicomotor da criança autista.
Pode auxiliar também na forma de comunicação.
Autonomia e condicionamento físico podem ser
benefícios alcançados com a prática regular de
exercícios físicos.

Relato da coordenadora de fisioterapia do NAIAEE e moradora da


cidade de Sabino/SP quando perguntada se teve experiência com autistas e
sua opinião sobre a importância do trabalho interdisciplinar, principalmente
entre a Educação Física e a Fisioterapia para eles:
57

Sim, tenho experiência em atendimento clínico com


e sem a parceria da Educação Física. Com o
trabalho interdisciplinar percebe-se um ganho
significativo em relação ao crescimento e
desenvolvimento psicomotor, com atividades físicas
adaptadas e exercícios fisioterápicos, realizados de
forma lúdica. Ao longo da minha experiência
profissional verifiquei que a atuação juntamente com
a Educação Física contribui para uma melhor
qualidade de vida destes alunos, ajudando-os
quanto à autossuperação e alcance de um melhor
desempenho escolar, bem como, facilitando o
caminho para a aprendizagem, interação social e
melhora do relacionamento afetivo.

Relato da terapeuta ocupacional do NAIAEE e da Associação de Pais e


Amigos dos Excepcionais (APAE), moradora da cidade de Lins/SP quando
perguntada se se teve experiência com autistas e sua opinião sobre a
importância da socialização para eles:

Sim, tenho experiência e trabalho com esse público


desde 2010. Na minha profissão um dos objetivos
com o autista é a socialização, pois é a partir dela
que ele terá vivências/experiências que favorecerão
a aquisição de habilidades importantes para o
desenvolvimento de sua autonomia nas atividades
de vida diária, educacional e social.

1.4 Discussão

O objetivo do estudo foi verificar possíveis alterações nos padrões


motores estimulados através de atividades recreativas e aquáticas
representados através da BPM e demonstrar a interferência da educação física
na redução das dificuldades psicomotoras em crianças com TEA.
58

Sabe-se que a educação física adaptada pode influenciar positivamente


tanto nas dificuldades psicomotoras como nas de comportamento e interação
social.
A educação física pode ser utilizada como meio de ensino para a criança
com TEA e ajudar no desenvolvimento de suas habilidade sociais e melhoria
da qualidade de vida. (TOMÉ, 2007)
Atividades como circuito com obstáculos, transposição de objetos,
mudanças de direção, equilíbrio dinâmico e estático, saltos, lançamentos e
jogos de bola ajudam na aquisição de habilidades motoras. (LABANCA, 2000
apud TOMÉ, 2007) Fato este que vem de encontro com as atividades
propostas e os objetivos desejados no presente estudo.
Almeida (2014) realizou um estudo com duração de 7 meses com uma
criança de 4 anos com TEA, com sessões 3 vezes por semana de 40 minutos
cada. As atividades foram realizadas em uma sala ampla. Na primeira
aplicação da BPM a criança obteve um perfil psicomotor dispráxico (13 pontos).
Após essa avaliação foram realizadas atividades físicas adaptadas e a cada
semana um item da BPM foi priorizado. Na segunda avaliação a criança obteve
um perfil psicomotor normal (20 pontos) com melhorias em todos os itens da
BPM, exceto coordenação motora fina. Notou-se também uma melhora na
socialização da criança. Este estudo corrobora com o presente estudo, onde os
participantes obtiveram mudança no perfil psicomotor após a realização das
atividades e também apresentaram melhoras na socialização.
Vasconcelos (2007) realizou um estudo com três adultos com TEA com
duração de 6 meses e meio, 2 sessões semanais de 2 horas cada, sendo que
um atendimento semanal era de equitação terapêutica. O trabalho incide sobre
as capacidades coordenativas: equilíbrio dinâmico, coordenação dinâmica
geral, coordenação óculo-manual e coordenação óculo-pedal. Os testes
aplicados para avaliação da coordenação motora foram adaptados do teste de
coordenação corporal para crianças de Kiphard e Schilling
(Körperkoordinationstest Für Kinder - KTK) devido ao seu alto grau de
dificuldade para essa população. Neste estudo a BPM também foi adaptada
para atender as necessidades dos participantes.
Os resultados mostram que o equilíbrio dinâmico foi o componente que
obteve mais evolução. A coordenação dinâmica geral manteve-se inalterada. A
59

coordenação óculo-manual foi o segundo componente que obteve mais


evolução pois foi mais trabalhada na equitação terapêutica. Na coordenação
óculo-pedal também foram observadas mudanças significativas no decorrer
das três avaliações mesmo sendo trabalhada apenas uma vez por semana.
(VASCONCELOS, 2007). No presente estudo o item que mais apresentou
evolução foi a coordenação motora global, sendo que o aluno participante da
recreação apresentou maior evolução na coordenação óculo-pedal e o aluno
que participou da natação obteve maior evolução na coordenação óculo-
manual.
Pimenta (2012) realizou um estudo com 5 alunos (de 9 a 25 anos) com
TEA que frequentaram um projeto de atividades aquáticas adaptadas em uma
academia de Santa Catarina. O estudo durou 4 meses, com uma sessão
semanal aos sábado de 80 minutos. Quatro itens foram avaliados: entrada e
saída da piscina, controle respiratório, deslocamentos crawl e deslocamentos
costas. Os resultados mostraram que os alunos evoluíram em todos os itens,
apresentando maior evolução nas entradas e saídas da piscina, o que pode ser
um pré-requisito para participação desse alunos em aulas comuns de natação.
Neste estudo os itens avaliados foram diferentes dos itens avaliados por
Pimenta porém nota-se que o aluno obteve melhora em sua independência na
piscina, conseguindo realizar ações apenas com o auxílio de espaguetes.
Um estudo realizado por Vidal, Pereira e Pereira (2014) com um aluno
de 8 anos com TEA, teve duração de 11 semanas, com 2 sessões semanais de
40 minutos cada. Foi feita uma avaliação inicial e após duas semanas do
término da intervenção foi realizada uma nova avaliação. O objetivo do estudo
foi perceber o impacto da intervenção realizada tanto no desenvolvimento de
competências aquáticas quanto na diminuição de comportamentos de
autoagressão. O objetivo do presente estudo foi verificar possíveis alterações
no comportamento motor do aluno através das atividades aquáticas.
A coleta de dados se deu através de entrevista semiestruturada aos pais
e à professora titular da turma, avaliação das competências aquáticas e
registro dos comportamentos de autoagressão. Os resultados mostraram que
houve evolução tanto nas competências aquáticas (equilíbrio,
respiração/imersão, propulsão e saltos) quanto na diminuição dos
comportamentos de autoagressão principalmente em casa. (VIDAL; PEREIRA;
60

PEREIRA, 2014). Os resultados obtidos por Vidal, Pereira e Pereira


corroboram com os resultados obtidos neste estudo, onde o aluno obteve
melhora tanto nas atividades aquáticas quanto no seu comportamento e
interação social, conforme relatado pela mãe.

1.5 Conclusão da pesquisa

Diante dos resultados obtidos, pode-se observar que as crianças


avaliadas obtiveram mudanças em seu perfil psicomotor. O caso 1 alterou seu
perfil psicomotor de bom para superior e o caso 2 alterou seu perfil psicomotor
de normal para bom, de acordo com a avaliação psicomotora de Fonseca
(1995).
61

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Pessoas com TEA apresentam déficits motores frequentes, com prejuízo


na coordenação motora global e equilíbrio. Esses déficits contribuem para a
rejeição do indivíduo por parte de outros grupos, sofrendo um possível
isolamento social. Sendo assim, a atividade física é muito importante para
corrigir esses déficits motores e evitar um possível isolamento social.
A pesquisa mostrou que as atividades recreativas e as atividades
aquáticas promoveram melhoras no perfil psicomotor de crianças do espectro
autista. Portanto, sugere-se para uma próxima pesquisa um aumento no
número de participantes, de ambos os gêneros biológicos, de diferentes faixas
etárias e aumento na frequência das atividades propostas, e que estas crianças
passem a frequentar os dois tipos de atividades para ver se quando realizados
de forma conjunta serão capazes de influenciar na melhora do resultado.
Propõe-se também que além do TEA, a pesquisa seja desenvolvida com
outros transtornos e patologias e que outros programas sejam iniciados, sendo
estes compostos por uma equipe multidisciplinar, para que estas crianças,
tenham acompanhamento e uma qualidade de vida durante e após as
intervenções, e que exista uma interação entre os grupos trabalhados,
possibilitando uma atenção mais voltada à interação social e à comunicação
entre as crianças, e destas com os profissionais.
62

CONCLUSÃO

A hipótese foi comprovada, pois diante dos resultados obtidos, pode-se


observar que as crianças avaliadas apresentaram mudanças em seu perfil
psicomotor. O caso 1 alterou seu perfil psicomotor de bom para superior e o
caso 2 alterou seu perfil psicomotor de normal para bom, de acordo com a
avaliação de Fonseca (1995).
O presente estudo teve como foco 4 objetivos: analisar o perfil
psicomotor da criança autista; elaborar um plano de atividades físicas
adaptadas; aplicar um plano de atividades físicas adaptadas com vista a
melhorar o perfil psicomotor da criança e analisar a evolução desse perfil
apresentado pela criança autista após o plano de atividades físicas adaptadas.
Como a pesquisa foi realizada apenas com dois estudos de caso, não se
pode generalizar os resultados obtidos e nem tirar conclusões universais que
tornam-se válidas para a prática.
O estudo torna-se relevante, pois foi possível demonstrar que através
das atividades propostas, pode-se obter uma melhora nos padrões motores
que é o principal objetivo da Educação Física, proporcionando que a criança
tenha ganhos na interação social e na comunicação pois participará de
atividades junto com outras crianças.
Sugerem-se mais estudos na área a fim de disseminar informações e
contribuir de maneira efetiva na preparação dos profissionais da área de
Educação Física, para que todas as crianças que apresentam deficiências
sejam beneficiadas com uma atividade que lhe promova melhora na qualidade
de vida.
63

REFERÊNCIAS

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psicomotor de uma criança com espetro do autismo. 2014. Dissertação
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64

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plano de intervenção em meio aquático num aluno com perturbação do
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VILA, C.; DIOGO, S.; SEQUEIRA, S. Autismo e Síndrome de


Asperger. Portimão, Portugal: Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes,
2009.
66

APÊNDICES
67

APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como principal objetivo demonstrar a


importância da atividade física adaptada através de atividades aquáticas e
recreativas no desenvolvimento psicomotor de crianças do espectro autista.
Foram analisados avaliações de duas crianças com TEA, sendo estas do
gênero masculino, com 06 e 09 anos de idade, que participaram do Núcleo de
Apoio Integrado ao Atendimento Educacional Especializado – Lins, SP.

2 RELATO DO TRABALHO REALIZADO REFERENTE AO ASSUNTO


ESTUDADO

a) Análise das avaliações de duas crianças do espectro autista.

b) Depoimentos dos pais e de profissionais da área da saúde.

3 DISCUSSÃO

Confronto entre teoria e a prática utilizada para o presente estudo de


caso.

4 PARECER FINAL SOBRE O CASO E SUGESTÕES SOBRE


MANUTENÇÃO OU MODIFICAÇÕES DE PROCEDIMENTOS
68

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Informado

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO


(Resolução nº 466 de 12/12/12 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Paciente:
Documento de Sexo: Data de Nascimento:
Identidade nº
Endereço: Cidade: U.F.
Telefone: CEP:

1. Responsável Legal:
Documento de Sexo: Data de Nascimento:
Identidade nº
Endereço: Cidade: U.F.
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: A importância da educação física


no desenvolvimento psicomotor de crianças do espectro autista: dois
casos em enfoque
2. Pesquisador responsável: Ana Cláudia de Souza Costa

Cargo/função: Inscr.Cons.Regional: Unidade ou Departamento


do Solicitante:
Professora Crefito – 3/53967-F Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium –
UNISALESIANO – Lins/SP
3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra
algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO


MAIOR
3. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):

O transtorno do espectro autista engloba transtornos antes chamados de


autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de
alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do
desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativos da
69

infância e transtorno de Asperger. (DSM-5, 2014, p.53).


Crianças com transtorno do espectro autista (TEA) tendem a ter um
prejuízo na parte motora e o objetivo da Educação Física é minimizar
esse prejuízo para que a criança com TEA atinja padrões motores
semelhantes aos de uma criança sem o transtorno. Dessa forma, os
pais também poderão se beneficiar pois é possível que a criança
desenvolva certa autonomia, além de melhoras na interação social e na
comunicação pois participará de atividades junto com outras crianças.
5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a
identificação dos
procedimentos que são experimentais: (explicitar)

A pesquisa será realizada através da análise documental, utilizando as


avaliações realizadas com duas crianças do espectro autista que
frequentaram o Núcleo de Apoio Integrado ao Atendimento Educacional
Especializado (NAIAEE), sendo um com 6 anos e o outro com 9 anos de
idade.

O aluno de 6 anos frequentou o atendimento duas vezes por semana, de


terça-feira e quinta-feira e participou das atividades aquáticas, como
adaptação ao meio líquido, controle de respiração, batida de pernas,
batida de braços, batida de pernas e braços simultaneamente, mergulhos
e atividades em grupo que estimulam a interação com outras crianças.

O aluno de 9 anos frequentou o atendimento duas vezes por semana, de


terça-feira e quinta-feira e participou das atividades recreativas que
estimulam o desenvolvimento da tonicidade, equilíbrio, na lateralidade
noção de corpo, estruturação espaço-temporal, coordenação motora
global e coordenação motora fina, além das atividades em grupo para
integrar as crianças.

As atividades recreativas focalizam as questões relacionadas à cultura


corporal e é através dela que se pode compreender como o corpo em
movimento se relaciona com o mundo ao seu redor. (CARNICELLI
FILHO et al., 2007)

Os alunos foram avaliados no mês de agosto de 2014, através da


Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca (BPM); após a avaliação
iniciaram os atendimentos duas vezes por semana com duração de 50
minutos cada, durante 4 meses, após esse período de intervenção, em
dezembro de 2014, foram realizadas novamente as avaliações com a
BPM para comparar os resultados.
6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar)
Que os possíveis dados obtidos tragam constrangimento aos
participantes. Risco este que será amenizado, com o total sigilo sobre a
identidade do participante.
7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar)
Segundo Gorgatti e Costa (2008, p.86): “o ser humano pode ser dividido
em três domínios do comportamento: cognitivo, socioafetivo e motor.” Os
participantes podem ter benefícios nesses três aspectos. O aspecto
70

motor é o principal nesta pesquisa e os principais benefícios são melhora


no equilíbrio, na tonicidade, na lateralidade, na coordenação motora
global e fina, na noção corporal e na estruturação espaço-temporal.
8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o
indivíduo: (explicitar)
Não se aplica.
9. Duração da pesquisa: 2 meses

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para


análise de projetos de pesquisa em / /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU


REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a


qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos
relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer


momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de
meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá


confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações


obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de
continuar participando da pesquisa.
5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de
complicações e danos decorrentes da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido (a) pelo


pesquisador responsável e assistentes, conforme registro nos itens 1 a 5 do
inciso IV da Resolução 466, de 12/12/12, consinto em participar, na qualidade
71

de participante da pesquisa, do Projeto de Pesquisa “A importância da


educação física no desenvolvimento psicomotor de crianças do espectro
autista: dois casos em enfoque”.

________________________________ Lins, / /
Assinatura

____________________________________
Testemunha

Nome:
Endereço:
Telefone:
R.G.:

____________________________________
Testemunha
Nome:
Endereço:
Telefone:
R.G.:
72

APÊNDICE C – Termo de Assentimento

TERMO DE ASSENTIMENTO

Você está sendo convidado como voluntário a participar da pesquisa “A


importância da educação física no desenvolvimento psicomotor de crianças do
espectro autista: dois casos em enfoque”. Neste estudo pretendemos verificar
possíveis alterações nos padrões motores estimulados através de atividades
recreativas e aquáticas representados através da Bateria Psicomotora de
Fonseca (BPM).
O motivo que nos leva a estudar esse assunto é que crianças com
transtorno do espectro autista (TEA) tendem a ter um prejuízo na parte motora
e o objetivo da Educação Física é minimizar esse prejuízo para que a criança
com TEA atinja padrões motores semelhantes aos de uma criança sem o
transtorno. Dessa forma, os pais também poderão se beneficiar pois é possível
que a criança desenvolva certa autonomia, além de melhoras na interação
social e na comunicação pois participará de atividades junto com outras
crianças.
Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: A pesquisa
será realizada através da análise documental, utilizando as avaliações
realizadas no período de seis meses, através da Bateria Psicomotora de Vitor
da Fonseca (BPM).
Para participar deste estudo, o responsável por você deverá autorizar e
assinar um termo de consentimento. Você não terá nenhum custo, nem
receberá qualquer vantagem financeira. Você será esclarecido em qualquer
aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se. O responsável
por você poderá retirar o consentimento ou interromper a sua participação a
qualquer momento. Você não será identificado em nenhuma publicação. Este
estudo apresenta risco mínimo, isto é, o mesmo risco existente em atividades
rotineiras como conversar, tomar banho, ler etc. Apesar disso, você tem
assegurado o direito a ressarcimento ou indenização no caso de quaisquer
danos eventualmente produzidos pela pesquisa.
73

Os resultados estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou


o material que indique sua participação não será liberado sem a permissão do
responsável por você. Os dados e instrumentos utilizados na pesquisa ficarão
arquivados com o pesquisador responsável por um período de 5 anos, e após
esse tempo serão destruídos. Este termo de consentimento encontra-se
impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador
responsável, e a outra será fornecida a você.
Eu, _________________________, portador do documento de
Identidade ____________________ (se já tiver documento), fui informado dos
objetivos do presente estudo de maneira clara e detalhada e esclareci minhas
dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações, e o
meu responsável poderá modificar a decisão de participar se assim o desejar.
Tendo o consentimento do meu responsável já assinado, declaro que
concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo
assentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas
dúvidas.

Lins, 08 de julho de 2015.

___________________________ _____________________________
Assinatura do menor Ana Cláudia de Souza Costa
CPF: 261.519.338-42

Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você
poderá consultar:
Pesquisador(a) Responsável: Ana Cláudia da Souza Costa
Endereço: Av. Ernesto Monte, nº06
Promissão/SP - CEP: 16370-000
Fone: (14) 3541 1802 / E-mail: anaclaudia@unisalesiano.edu.br

Pesquisadora Assistente: Ana Beatriz Brumati Bianchini


Endereço: Rua Agostinho Lindquist, nº 580
Pongaí/SP - CEP: 16660-000
Fone: (14) 99683 8180 / E-mail: bia_bianchini3@hotmail.com
74

APÊNDICE D – Roteiro de Entrevista para Pais e Profissionais

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: pais do caso 1 e mãe do caso 2

NOME: _________________________________________________________
PROFISSÃO: ____________________________________________________
CIDADE: _______________________________________________________
1. Você notou mudanças (física, emocional, social, comportamental) no seu
filho após o início da prática de exercício físico? Cite alguns.
R:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2. Quais os benefícios que a Educação Física trouxe para ele?


R:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Educação Física

1. Você tem experiência com autistas? Em sua opinião, qual a importância e os


benefícios do exercício físico pra eles?
R:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
75

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Fisioterapia

1 . Você tem experiência com autistas? Em sua opinião, qual a importância do


trabalho interdisciplinar, principalmente entre a Educação Física e a
Fisioterapia para eles?
R:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO: Terapia Ocupacional

1. Você tem experiência com autistas? Em sua opinião, qual a importância da


socialização para eles?
R:_____________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
76

APÊNDICE E – Quadros

Protocolo de Avaliação - BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras( específicas )
07 -08 Deficitário Significativas ( severas )
Fonte: Fonseca, 1995, p.115

Bateria Psicomotora
Nome: Idade:

Deficiência Data:

Extensibilidade Passividade Paratonia Diacocinesia Sincinesia


Tonicidade ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
Imobilidade Estático Dinâmico
Equilíbrio
( ) ( ) ( ) - -
Ocular Auditiva Manual Pedal
Lateralidade
( ) ( ) ( ) ( ) -
Sentido Reconhecimento Imitação de Desenho
Noção de Auto imagem
cinestésico direita/ esquerda gestos do corpo
corpo ( )
( ) ( ) ( ) ( )
Estruturação Representação Estruturação
Organização Dinâmica
espaço topográfica rítmica
( ) ( )
temporal ( ) ( ) -
Coordenação Óculo manual Óculo pedal Dissociação Dismetria
global ( ) ( ) ( ) ( ) -
Dinâmica Velocidade e
Coordenação Tamborilar
manual precisão
fina ( ) - -
( ) ( )
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015
77

ANEXOS
78

ANEXO 1 – Bateria Psicomotora de Fonseca (BPM)

A bateria psicomotora (BPM) é um dispositivo diferente das escalas de


desenvolvimento motor. Trata-se de um instrumento baseado num conjunto de
tarefas que permite detectar déficits funcionais em termos psicomotores,
cobrindo a integração sensorial e perceptiva que se relaciona com o potencial
de aprendizagem da criança. Não estabelecemos ainda normas precisas com a
BPM, mas dela retiramos dados sistemáticos de grande interesse para a
identificação qualitativa de problemas psicomotores e de aprendizagem.
Embora seguramente com muitas limitações, a BPM tem demonstrado a
sua utilidade como um instrumento de observação do perfil psicomotor e como
um dispositivo clínico que pode ajudar à compreensão dos problemas de
comportamentos e de aprendizagem evidenciados pelas crianças e jovens dos
4 aos 12 anos. (FONSECA,1995)
As tarefas que compõem a BPM dão oportunidade suficiente para avaliar
o grau de maturidade psicomotora da criança e detectar sinais desviantes.
Pode-se observar o tônus muscular, a postura em relação a gravidade, o
domínio do equilíbrio estático e dinâmico, a dominância lateral, a dissociação, a
planificação e sequência dos movimentos, a preensão, o ritmo, etc.
Paralelamente dá oportunidade para a observação da falta de atenção,
concentração, comportamento emocional, etc.
O resultado total da BPM é obtido somando todos os subfatores e
tirando a média, resultando o fator estudado. A cotação máxima da prova é 28
(4 x 7 fatores), mínima é de 7 pontos (1 x 7) e a média é 14 pontos.
Com base nos pontos obtidos pode construir-se uma escala, que aponta os
seguintes valores:

Protocolo de Avaliação - BPM


DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR APRENDIZAGEM.
27 – 28 Superior -
22 - 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras (específicas)
79

07 - 08 Deficitário Significativas (severas)


Fonte: Fonseca, 1995, p.115

Tonicidade

Extensibilidade

Na extensibilidade se avalia o grau de mobilização e de amplitude que


uma dada articulação atinge. Na BPM exploram-se os membros inferiores e
superiores.
Nos inferiores explora-se a extensibilidade dos adutores e extensores da
coxa e do quadríceps femural.
Nos membros superiores explora-se a extensibilidade dos deltóides
anteriores e peitorais, flexores do antebraço e extensores do punho.
O material necessário será um colchão e uma fita métrica.
Na observação dos adutores da coxa pedir que a criança sente no chão
e faça o máximo afastamento das pernas.
A observação da extensibilidade do quadríceps femural requer que a
criança se deite em decúbito dorsal e tente tocar a flexão do joelho, o
examinador deve levar os bordos externos do pé em direção ao chão.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança atinge um afastamento dos adutores e extensores da coxa
entre 140° - 180° e um afastamento dos calcanhares da linha média dos
glúteos entre 20 – 25 cm. Não deve haver resistência aos movimentos e deve
existir reservas de extensibilidade muscular;
3 - 100° - 140° nos adutores e extensores; e, 15 – 20 cm nos quadríceps
femural. A resistência deve ser pouca, não se identificando sinais tônicos
disfuncionais;
2 - 60° - 100° nos adutores e extensores; e, 10 – 15 cm nos quadríceps
femurais. A resistência é bem maior e os sinais de esforço são visíveis;
1 - se a criança revela valores inferiores aos anteriores citados, com sinais
distônicos claros e evidentes.
80

Na observação dos deltóides anteriores e peitorais, a criança mantém-se


em pé com as mãos no quadril. O examinador fica por trás da criança faz a
aproximação dos cotovelos e observa a distância entre ambos.
Na observação dos extensores do punho, o examinador deve assistir a
flexão da mão, pressionando suavemente o polegar e verificar se este toca no
antebraço ou medir esta distância.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança toca com os cotovelos, se realiza a extensão total do antebraço
e se toca com o polegar no punho. Não deve haver esforço e resistência, a
realização deve ser feita com disponibilidade e flexibilidade;
3 - a mesma realização descrita acima, mas com uma maior resistência e com
pequenos sinais de esforço;
2 - se a criança não toca com os cotovelos nem com o polegar nas respectivas
explorações, acusando rigidez, resistência e um esforço maior;
1 - se a criança revela sinais desviantes e atípicos, resistência e muito esforço;

Passividade

A passividade é analisada em função de movimentos e estímulos


exteriores, como balanças e oscilações dos membros superiores e inferiores da
criança pelo examinador.
Na exploração dos membros inferiores, a criança deve estar em uma
cadeira, banco ou mesa, o suficiente para que seus pés não toquem no chão.
O examinador deve segurar as pernas na altura da panturrilha para que os pés
não toquem no chão. O examinador deve segurar as pernas na altura da
panturrilha para que os pés fiquem livres e então iniciar as osculações e
balanços. Depois, são realizadas a imobilização do pé e realizado os
movimentos de torções.
Na exploração dos membros superiores a criança deve estar de pé, com
os braços relaxados ao lado do corpo. O examinador introduz os
deslocamentos de balanços e oscilações em ambos os braços e mãos
observando o grau de libertação e abandono da rigidez.
A cotação será a seguinte:
81

4 - Se a criança apresenta movimentos passivos observando facilidades de


descontração na musculatura exigida;
3 - se a criança revela descontração mas realizam pequenos movimentos
voluntários, ligeiros sinais de resistência;
2 - se não apresenta descontração, reproduz movimentos voluntários com
maior frequência, sinais de instabilidade emocional;
1 - se não realiza a prova ou realiza de forma incompleta, total insensibilidade
ao membro, dificuldade de descontração.

Paratonia

Na paratonia é observada a capacidade da criança de conseguir uma


descontração voluntária dos membros superiores e inferiores provocados por
quedas e mobilização passivas.
A criança deve estar em decúbito dorsal, com os membros relaxados, O
examinador vai realizar os movimentos com os membros elevando-os até a
vertical e depois os soltando em queda livre.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança não revelar tensões ou resistências nos quatro membros;

3 - se revela ligeiras tensões e resistências muito fracas;


2 - se revela tensões, bloqueios e resistências moderadas e frequentes;
1 - se, além do descrito acima, revela impulsividade de descontração
involuntária, recúos e manifestações emocionais.

Diadococinesias

Permite detectar movimentos associados fragmentados e dismétricos,


que são resultados de uma imaturidade na inibição psicomotora.
A criança deve estar sentada, com os cotovelos em apoio em cima da
mesa. Nessa posição realiza a prova de marionetes, com movimentos de
pronação e supinação, simultâneos e alternados em ambos as mãos.
A cotação será a seguinte:
82

4 - se a realiza os movimentos com precisão e amplitude adequada,


coordenados e harmoniosos;
3 - se realiza com ligeiro desvio do eixo do antebraço e afastamento dos
cotovelos, mudanças de ritmo;
2 - se apresenta descoordenação, movimentos em espelho, reações
emocionais que atrapalhem a tarefa;
1 - se não realiza a tarefa, movimentos de espelho constate, instabilidade
emocional.

Sincinesias

É a observação de movimentos contralaterais, peribucais ou linguais,


todos não intencionais nos membros opostos aos que participam do
movimento.
A criança deve estar sentada com ambas as mãos em cima da mesa,
realizando a compressão máxima de uma bola de espuma. Observar os
movimentos de imitação ou desnecessários a tarefa.
A cotação será a seguinte:
4 - se não apresenta qualquer vestígio de sincinesias;
3 - se demonstra sincinesias contralaterais pouco claras. Quase imperceptíveis;
2 - se apresenta sincinesias bucais e contralaterais marcadas e obvias;
1 - se além do acima citado, apresenta flexão do cotovelo, sincinesias
evidentes, inclusive linguais.
Ao término deste subfator, é tirada a média de todos os subfatores e é
encontrada a cotação do fator tonicidade.

Equilíbrio

Imobilidade

Através de sua observação podemos avaliar a capacidade da criança


em conservar o equilíbrio em diversas situações, os ajustamentos posturais, as
reações emocionais, etc.
83

A imobilidade requer que a criança fique na posição ortostática durante


60 segundos com os olhos fechados e os braços ao lado do corpo.
A cotação será a seguinte:
4 - mantém a posição durante os 60 segundos, sem nenhum sinal desviante;
3 - mantém a posição entre 45 a 60 segundos, revelando ligeiros movimentos
faciais, oscilações, gesticulações, sorrisos, emotividade, etc;
2 - mantém a posição entre 30 a 60 segundos, revelando sinais desviantes
óbvios e claros, insegurança gravitacional.
1 - mantém a posição ao menos por 30 segundos, com sinais desviantes
frequentes, quedas, e insegurança gravitacional significativa.

Equilíbrio Estático

Exige as mesmas capacidades da imobilidade com a diferença das


posições que são exigidas, mas reveste-se das mesmas características e
significações do subfator citado.
São três provas: apoio retilíneo, manutenção do equilíbrio na ponta dos
pés e apoio unipedal.
Crianças de 4-5 anos devem fazer as provas com os olhos abertos e a
partir de 6 anos com os olhos fechados.
O procedimento das três provas será o seguinte:
No apoio retilíneo a criança deve colocar o pé no prolongamento exato
do outro, colocando o calcanhar de um pé com a ponta do outro pé, durante 20
segundos.
Na manutenção do equilíbrio na ponta dos pés, a criança deve estar de
pés juntos e elevar os calcanhares fazendo a flexão a plantar, durante 20
segundos.
No apoio unipedal, a criança apoia apenas um pé no chão, fazendo a
flexão de joelho da outra perna, durante 20 segundos.
Observar qual é o pé escolhido para o apoio (pé dominante na função do
equilíbrio)
A cotação será a seguinte:
4 - mantém o equilíbrio durante 20 segundos sem sinais desviantes, sem abrir
os olhos;
84

3 - mantém a posição durante 15 a 20 segundos, com pequenos e pouco


perceptíveis sinais desviantes sem abrir os olhos;
2 - mantém a posição durante 10 a 15 segundos, revelado dificuldade de
controle, sem abrir os olhos;
1 - mantém a posição por menos de 10 segundos sem abrir os olhos.

Equilíbrio Dinâmico

Aqui é avaliado o equilíbrio durante a movimentação e o deslocamento.


As tarefas deste subfator incluem: marcha controlada, evolução no
banco, saltos com apoio unipedal e saltos com pés juntos. O procedimento de
cada tarefa é o seguinte:
Na marcha controlada a criança deve caminhar em cima de uma linha
reta com 3m de comprimento, de modo que o calcanhar de um pé sempre
toque na ponta do outro pé sucessivamente até o final. Sempre com as mãos
na cintura.
Na evolução sobre o banco a criança deve caminhar de forma normal
em cima do banco (3m de comprimento com 5cm de altura), com as mãos na
cintura.
Na tarefa de saltos com os pés juntos a criança deve percorrer a
distância de 3m realizando saltos, para frente, para trás, esquerda e direita. As
mãos devem estar na cintura.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança realiza os movimentos com precisão e harmonia, evidenciando
um controle dinâmico e postural, rítmico e preciso;
3 - se apresenta ligeiras oscilações, sem quedas, com ligeiros sinais difusos;
2 - se apresenta desequilíbrio evidente, reajustamento das mãos na cintura,
sinais de insegurança gravitacional, sinais desviantes claros, uma a três
quedas;
1 - se apresenta desequilíbrio frequente, instabilidade emocional insegurança
gravitacional evidente, mais de três quedas no percurso, tenta se equilibrar
com os braços e sinais disfuncionais óbvios.
85

Lateralidade

Lateralidade Ocular

É utilizada para detectar o olho principal, a criança deve olhar através de


um tubo ou canudo de papel e depois através de um buraco feito em uma folha
de papel. Registra-se a preferência anotando D para direita e E para esquerda.

Lateralidade Auditiva

Para avaliar o ouvido de preferência, pede-se a criança fingir que está


atendendo um telefone e depois para ouvir um relógio de corda. Registra-se da
mesma forma das situações passadas.

Lateralidade Manual

Utiliza-se desta tarefa para observar a mão dominante é sugerido à


criança que simule escrever algo e depois simule cortar um pedaço de papel
com uma tesoura. Registra-se igualmente aos subfatores passados.

Lateralidade Pedal

Para avaliar o pé preferencial, pode-se que a criança de um passo a


frente muito grande (passo de gigante) e depois simule enfiar as calças.
Registra-se como nas situações anteriores.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança faz o teste sem hesitações e obtém um perfil DDDD ou EEEE,
nenhum sinal difuso, realização precisa;
3 - se a criança demonstra ligeiras hesitações e um perfil como DDEE, EEDD,
DEDE, etc. sem revelar confusão;
2 - apresenta frequentes hesitações, perfis inconsistentes e sinais de
ambidestria, sinais disfusos mal – integrados bilateralmente;
1 - se não realiza as provas demonstrando ambidestria nítida, ter lateralidade
mista mal - integrada ou lateralidade contrariada.
86

Noção do Corpo

Sentido Cinestésico

Pretende-se, nesta tarefa, que a criança identifique as partes do seu


corpo que forem tocadas pelo examinador, sendo que crianças na faixa etária
de 4 e 5 anos devem nomear oito pontos táteis (nariz, queixo, olhos, orelha,
ombro, cotovelo, mão e pé) e as crianças a partir de seis anos devem nomear
16 pontos táteis (testa, boca ou lábios, olho direito, orelha esquerda, nuca ou
pescoço, ombro esquerdo, cotovelo direito, joelho esquerdo, pé direito, pé
esquerdo, mão esquerda, polegar, indicador médio, anelar e mínimo direito).
Pode-se a criança que feche os olhos, em pé em posição de imobilidade.
A cotação deve ser a seguinte:
4 - se a criança nomeia todos os pontos táteis (8 ou 16) sem evidenciar sinais
difusos, é precisa e demonstra autocontrole;
3 - se nomeia corretamente 6 ou 12 pontos táteis com sinais ligeiros difusos;
2 - se nomeia de 4 a 5 pontos táteis, evidenciando sinais difusos óbvios;
1 - se nomeia apenas um a dois ou quatro a seis pontos, com sinais difusos
frequentes.

Reconhecimento Direito – Esquerdo

Nesta tarefa, a criança deve responder com ato motor as solicitações


verbais do examinador demonstrando o seu conhecimento de seu próprio
corpo e noções de direita - esquerda.
Para a criança na faixa etária de 4 e 5 anos, as solicitações verbais são:
a) Mostrar a mão direita
b) Mostrar o olho esquerdo
c) Mostrar o pé direito
d) Mostrar a mão esquerda
Para crianças de 6 anos e acima, as solicitações são as mesmas
passadas (localização bilateral) e solicitações contralateral (cruzamento da
linha média do corpo) e reversível (localização no outro), são as seguintes:
Cruzar a perna direita por cima do joelho esquerdo;
87

a) Tocar a orelha esquerda com a mão direita;


b) Apontar o olho direito do examinador com a mão esquerda;
c) Apontar a orelha do examinador com a mão direita.
A cotação será a seguinte:
4 - se realiza as quatro ou oito tarefas de forma precisa e correta
3 - se realiza três ou seis tarefas;
2 - se realiza duas ou quatro das tarefas;
1 - se não realiza as tarefas ou se realiza uma ou duas ao acaso.

Auto – Imagem (Face)

Visa estudar a noção de corpo que a criança possui a partir de sua face
dentro do parâmetro de espaço próprio, ou seja, todo o espaço extra corporal
imediato que é possível atingir com os movimentos do braço sem mover os
pés.
O procedimento é o seguinte: pede-se à criança que, de olhos fechados,
com os braços em extensão lateral, as mãos fletidas e os indicadores
estendidos, realize um movimento lento de flexão do braço tente tocar com as
pontas dos dedos indicadores a ponta do nariz, por quatro vezes, duas com
cada indicador.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança toca as 4 vezes exatamente na ponta do nariz;
3 - se falha uma a duas vezes;
2 - se acerta uma a duas vezes revelando ligeiros sinais difusos;
1 - se erra todas ou acerta uma tentativa com significativos desvios,
movimentos dismétricos e tremores.

Imitação de gestos

Neste fator, a criança deve demonstrar a capacidade de reproduzir


gestos do examinador desenhados no espaço.
As tarefas requerem a imitação direta de figuras geométricas
desenhadas no espaço, com movimentos bilaterais, feitos com os indicadores
88

simultaneamente (cada indicador faz um lado da figura, iniciando juntos e


finalizando, fechando, a figura imaginária). Os desenhos são: um círculo, uma
cruz, um quadrado e um triângulo.
A cotação será a seguinte:
4 - se a reprodução é perfeita, com imitação exata das 4 figuras;
3 - se reproduz 3 das 4 figuras com ligeiras distorções, imitação aproximada;
2 - se reproduz 2 figuras, com sinais de dismetria, distorção de formas,
descoordenação, imitação distorcida.
1 - se não reproduz nenhuma ou uma das figuras, com sinais difusos
marcantes.

Desenho do Corpo

Aqui a criança deve desenhar o que sabe de seu corpo, procurando


demonstrar uma representação tanto no aspecto gnósico como simbólico e
gráfico. A criança deve desenhar em uma folha normal e dispor do tempo
necessário para realizar a tarefa.
A cotação será a seguinte:
4 – se realiza um desenho, com riqueza de detalhes, lógica e dentro dos
parâmetros anatômicos;
3 – se realiza um desenho completo apresentando pequenas distorções;
2 – se realiza um desenho muito grande ou muito pequeno, com pobreza
anatômica e distorções de forma e proporção;
1 – se não realiza o desenho ou realiza algo irreconhecível.

Estruturação Espaço – Temporal

Organização

Neste subfator, a criança deve entender e calcular distâncias para


realizar percursos motores, envolvendo as funções de análise espacial, direção
e planificação.
O procedimento a seguir é sugerir à criança andar de um ponto da sala à
outro na distância de 5m, contando o número de passos em voz alta, depois
89

pede-se para realizar o percurso aumentando um passo (4-5 anos) ou três


passos (6 ou mais anos), por último solicita-se o percurso, respectivamente
para crianças com 4-5 anos e 6 ou mais anos.
A cotação será a seguir:
4 - se a criança realiza os três percursos com cálculos exato e contagem
perfeita;
3 - se realiza os três percursos com ligeiro ajustamento apresentando sinais de
desorientação espacial e dismetria;

2 - se realiza dois percursos com confusão da contagem apresentando sinais


de desorientação espacial e dismetria;
1 - se não completa aprova ou realiza apenas um percurso com sinais claros
de desorientação espacial e dificuldade de planificação.

Estruturação Dinâmica

Esta tarefa envolve a análise visual, memória de curto termo, rechamada


sequencial dos fósforos e reprodução ordenada para a esquerda para a direita.
Requer fichas desenhadas com figuras (fósforo colocados de diversas
formas) e cinco palitos de fósforo para a criança reproduzir o que viu na ficha.
As fichas são as seguintes:
a) Ensaio, dois palitos paralelos, um para baixo e outro para cima.
b) Modelo a, três palitos paralelos, o do meio com a cabeça para baixo
c) Modelo b, quatro palitos paralelos, os dois do meio com a cabeça para
baixo.
d) Modelo c, cinco palitos paralelos, o primeiro e o terceiro com a cabeça
para cima.
O procedimento é o seguinte: pede-se a criança que reproduza as
mesmas sequências, mantendo a informação esquerda direita. É permitido um
ensaio com as fichas de dois palitos e depois é iniciado o teste com as outras
três fases de reprodução envolvendo três, quatro e cinco palitos
respectivamente.
A cotação será a seguinte:
4 - se realiza a corretamente as reproduções;
90

3 - se realiza corretamente a ficha de ensaio e as duas primeiras fichas.


2 - se realiza a ficha de ensaio e a primeira ficha, apresentando dificuldades de
memorização;
1 - se só realiza a ficha de ensaio, demonstrando dificuldades cognitivas e
práxicas significativas.

Representação topográfica

A tarefa avalia a integração espacial global e a capacidade de


transferência de dados espaciais.
A realização requer uma folha de papel e lápis.
O procedimento a seguir é: o observador, em conjunto com a criança,
realiza um levantamento topográfico da sala, reproduzindo o mais exatamente
possível os espaços, móveis, estruturas e proporções, identificando tudo em
uma folha de papel como se fosse um mapa.
É necessário que os móveis da sala sejam numerados, como referência
para o nosso trajeto, por exemplo, porta 1, armário 2, quadro 3, assim a criança
deve fazer o percurso que o examinador desenhar aleatoriamente na folha
onde foi feito o levantamento topográfico da sala.
Dada a dificuldade do teste, somente crianças com 6 anos ou mais é
que, normalmente são exigidas.
A cotação será a seguinte:
4 - se realiza a trajetória sem dificuldades, demonstrando uma excelente
interiorização espacial;
3 - se apresenta algumas hesitações ou desorientações espaciais;
2 - se realiza o trajeto com frequentes hesitações ou desorientações espaciais;
1 - se não realiza tarefa.

Estruturação Rítmica

Avalia problemas de percepção auditiva e de memorização de curto


tempo. A criança deve reter, captar, rechamar e expressar em termos motores
os estímulos auditivos (batimentos de lápis na mesa).
91

A realização requer um lápis. Sugere-se à criança que ouça com


atenção a sequência de batimentos para depois reproduzir a mesma estrutura
e números de batimentos.
As estruturas rítmicas são as seguintes;
A) para ensaio: *--*- -
B) para cotação: **--**--
C) para cotação: * * - - *--
D) para cotação: *--**--
E) para cotação: * - - * - - - *
Onde: “*” é batida forte e pausada, e, “-” é uma batida fraca e rápida.
A cotação será a seguinte:
4 - se reproduz todas as estruturas e batimentos de forma correta, revelando
perfeita integração auditivo-motora;
3 - se reproduz quatro estruturas com realização correta;
2 - se realiza três tarefas, revelando alterações de desordem;
1 - se realiza duas tarefas ou não realiza a tarefa, demonstrando distorções
perceptivo-auditivas.

Coordenação Global

Coordenação Óculo – Manual

Requer a capacidade de coordenar o membro superior (dominante) com


a percepção visual de avaliação de distância e de precisão de lançamento.
A tarefa requer uma bola de tênis e um cesto de lixo, uma cadeira e uma
fita métrica. Pede-se a criança que arremesse a bola para dentro do cesto
colocado em cima de uma cadeira a uma distância de 1,50m (1-5 anos) ou
2,50m (6 anos ou mais). Deve ser realizados um ensaio e depois quatro
lançamentos.
A cotação será a seguinte:
4 - se acertar 4 ou 3 lançamentos com precisão;
3 - se acertar 2 lançamentos com precisão demonstrado pequenos sinais
disfuncionais;
2 - se acertar um lançamento, revelando dispraxias;
92

1 - se não acertar nenhum lançamento, demonstrando sinais disfuncionais


marcantes.

Coordenação Óculo – Pedal

A tarefa requer a coordenação de membro inferior (dominante) com a


capacidade visual de cálculo de distância e de precisão.
O material necessário: uma bola de tênis, uma cadeira e uma fita
métrica. A criança deve chutar a bola entre as pernas da cadeira em distâncias
iguais ao subfator anterior. A cotação também deve ser a mesma adotada na
situação passada.

Dismetria

Na BPM esse subfator não constitui uma tarefa propriamente dita, pois é
o resultado das duas tarefas anteriores.
A cotação deve ser:
4 - se realiza as 8 tarefas com movimentos corretos;
3 - se realiza as tarefas com ligeiras dismetria;
2 - se demonstra dismetria, movimentos exagerados ou inibidos demais;
1 - se evidencia dispraxias de várias formas.

Dissociação

A dissociação demonstra a independência dos vários segmentos


corporais estruturados em função de um fim, o que exige a continuidade rítmica
da execução motora.
O procedimento a adotar deve seguir sequência:
a) Membros superiores
b) Membros inferiores
c) Coordenação entre os membros inferiores e superiores.
Sugere-se que a criança realize, primeiramente, vários batimentos das
mãos, em cima de uma mesa da seguinte maneira:
93

a) 2MD – 2ME
b) 2MD – 1ME
c) 1MD – 2ME
d) 2MD – 3ME
Observando que MD – mão direita; ME mão esquerda. A seguir a
criança deve realizar batida com os pés no solo, seguindo as mesmas
estruturas de batimentos que as mãos. Depois pede-se a criança para realizar
os batimentos de coordenação nas quatro extremidades, a seguir: 1MD – 2 ME
– 1PD – 2 PE sendo que MD – mão direita; ME – mão esquerda; PD - pé
direito; PE – pé esquerdo.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança realiza as 4 ou 3 sequências com preciso autocontrole e
planejamento motor;
3 - se realiza 2 sequências, apresentando sinais disfuncionais quase
imperceptíveis;
2 - se realiza 1 sequência, revelando dispraxia e dismetria;
1 - se não realiza nenhuma sequência com sinais disfuncionais marcantes.

Coordenação Fina

Coordenação dinâmica manual

Requer a capacidade fina dos movimentos das mãos e dedos com as


capacidades visuoperceptivas em termos de velocidade e precisão.
O material necessário são cinto ou dez clips, de tamanho médio e
cronômetro.
Pede-se à criança para fazer uma pulseira o mais depressa possível,
contendo cinco clipes para crianças de 4 e 5 anos e dez para crianças de 6
anos ou mais.
A cotação será a seguinte:
4 - se realiza em menos de 2 minutos, demonstrando perfeito planejamento
motor;
3 - se realiza entre 2 e 3 minutos sem revelar sinais dispráxicos;
94

2 - se realiza entre 3 a 5 minutos revelando dispraxias;


1 - se realiza em mais de 6 minutos ou se não realiza, demonstrando sinais
disfuncionais marcantes.

Tamborilar

Requer a realização precisa de movimentos finos em forma de transição


de dedo à dedo sequencializada, demonstrando agnosia digital, planificação
micromotora distal e a preferência motora.
A criança deve realizar círculos na transição de dedo para dedo, desde o
indicador até o mínimo e em seguida na direção inversa (2,3,4,5 e 5,4,3,2). É
permitido um ensaio, depois a tarefa deve ser cumprida da seguinte forma:
mão direita, esquerda e simultaneamente as duas.
A cotação deve ser:
4 - se realiza o tamborilar com precisão e harmonia;
3 - se realiza o tamborilar com ligeiras hesitações;
2 - se realiza o tamborilar com dificuldades claras, saltos de dedos e dispraxia
fina;
1 - se não realiza a tarefa.

Velocidade – Precisão

É a observação da coordenação práxica do lápis.


Requer como material uma folha de papel quadriculado, lápis e
cronômetro.
Sugere-se à criança que faça o maior número de cruzes durante 30
segundos dentro dos quadrados do papel, da esquerda para a direita. Depois
em outra folha quadriculada, repetir o exercício, mas em vez de cruzes a
criança deve colocar pontos nos quadrados.
A cotação será a seguinte:
4 - se a criança realiza 20 cruzes ou 50 pontos
3 - se realiza entre 20 e 15 cruzes e entre 30 e 50 pontos;
2 - se realiza entre 15 a 10 cruzes e entre 20 e 30 pontos;
95

1 - se realiza menos de 10 cruzes, menos de 15 pontos ou se não completa as


tarefas.

PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO – BATERIA PSICOMOTORA DE FONSECA

O resultado total da BPM é obtido somando todos os subfatores e


tirando a média, resultando o fator estudado. A cotação máxima da prova é 28
(4 x 7 fatores) , mínima é de 7 pontos (1 x 7) e a média é 14 pontos.
Com base nos pontos obtidos pode construir-se uma escala, que aponta
os seguintes valores:

DIFICULDADES DE
PONTOS BPM PERFIL PSICOMOTOR
APRENDIZAGEM
27 – 28 Superior -
22 – 26 Bom -
14 – 21 Normal -
09 – 13 Dispráxico Ligeiras( específicas )
07 -08 Deficitário Significativas ( severas )
Fonte: Fonseca, 1995, p.115
96

ANEXO 2 - Parecer Consubstanciado da Plataforma Brasil


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