Você está na página 1de 43

UNIVERSIDADE DE SOROCABA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO E ASSUNTOS ESTUDANTIS


CURSO DE FARMÁCIA

Ana Caroline Motta Salas

Bianca Laís de Oliveira Alfini

Igor Leandro de Araujo

Karen de Carvalho Meira

Laila Bianca de Camargo Machado

Larissa Campos de Oliveira

Natália Rafaela Teixeira Vanin

SEMINÁRIO SOBRE PÓS FARMACÊUTICOS

Sorocaba/SP
2022
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Tamises ou peneiras granulométricas em (a) e (b) e agitador


eletromagnético de peneiras em (c) ............................................................................ 8
Figura 2. Aparato para avaliação da propriedade de fluxo dos pós .......................... 12
Figura 3. Exemplo de especialidades farmacêuticas na forma de pó para uso interno
.................................................................................................................................. 15
Figura 4. Exemplo de especialidades farmacêuticas na forma de pó para uso externo
.................................................................................................................................. 17

Tabela 1. Abertura de malha dos tamises ................................................................... 9


Tabela 2. Classificação de escoamento com base no ângulo de repouso ................ 12
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2 REVISÃO NARRATIVA SOBRE PÓS FARMACÊUTICOS ................................. 3
2.1 INFLUÊNCIA E PROPRIEDADES DOS EXCIPIENTES PARA USO ORAL E
TÓPICO....................................................................................................................... 4
2.1.1 Edulcorantes ..................................................................................................... 5
2.1.2 Corantes ........................................................................................................... 5
2.1.3 Conservantes.................................................................................................... 6
2.1.4 Antioxidantes .................................................................................................... 6
2.2 PADRONIZAÇÃO DE PARTÍCULAS ................................................................. 7
2.3 CÁLCULO DE DENSIDADE APARENTE E FORÇADA ................................... 9
2.3.1 Densidade aparente ou bruta ou aparente aerada ......................................... 10
2.3.2 Densidade forçada ou compactada ................................................................ 10
2.4 CÁLCULO DE ÂNGULO DE REPOUSO ......................................................... 11
2.5 PREPARAÇÃO DE PÓS DE USO EXTERNO E INTERNO............................. 14
3 APRESENTAÇÃO POWERPOINT .................................................................... 18
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 40
3

1 INTRODUÇÃO

Acompanhando a humanidade a muitos anos, como a descoberta da Aspirina


em 1970, a forma farmacêutica pó, certamente a forma mais disponível no mercado
de medicamentos, encontrada em comprimidos, capsulas, saches e muitos outros, é
uma mistura de fármacos ou substâncias químicas finamente divididas e na forma
seca. Encontrada também em grânulos, é preparada umedecendo-se o pó ou mistura
de pós desejada, passa-se a massa umedecida por uma tela que produz os grânulos
no tamanho desejado podendo ser revestidos ou efervescentes. Podendo assim ser
preparada de várias maneiras, o pó farmacêutico se tornou vital na história da
sociedade. (inserir referência)

2 REVISÃO NARRATIVA SOBRE PÓS FARMACÊUTICOS

O pó farmacêutico, vai muito além de ser apenas um pó, contendo excipientes


farmacêuticos, essas que são substâncias com finalidade específica adicionadas às
formulações. Estes agentes podem atuar como diluentes, agentes deslizantes,
lubrificantes, aglutinantes, desintegrantes entre outros, na forma farmacêutica. Assim
também, como na própria produção do fármaco, é realizado a granulometria, que
consiste na determinação das dimensões das partículas que constituem as amostras.
Neste meio, encontra-se a densidade do medicamento, podendo ela ser aparente
sendo calculada pela relação entre uma massa conhecida e o volume por ela ocupada
ou densidade compactada onde o pó pode ser compactado por batidas ou outras
técnicas. Portanto, existe também o ângulo de repouso que é utilizado em várias áreas
científicas para caracterizar as propriedades de escoamento dos sólidos e exprime as
fricções interpartículas, ou a resistência ao movimento causada pelas interações
interpartículas. As determinações do ângulo de repouso são muito dependentes do
tipo de método usado. (inserir referência)
De acordo com Thompson e Davidow (2015, p. 315) tem-se quatro tipos de pó
(1. Pós eflorescentes são fármacos ou produtos químicos que contêm água de
hidratação que pode ser liberada quando eles são manipulados ou armazenados em
condições de baixa umidade relativa. 2. Pós higroscópicos são fármacos ou produtos
químicos sólidos que absorvem a umidade do ar. 3. Pós deliquescentes são pós
higroscópicos que podem absorver umidade do ar suficiente para se dissolverem,
formando uma solução. 4. Mistura eutética é uma mistura de duas ou mais substâncias
4

sólidas que podem se liquefazer quando misturadas à temperatura ambiente) e estes


apresentam propriedades físicas que exigem um tratamento especial.

2.1 INFLUÊNCIA E PROPRIEDADES DOS EXCIPIENTES PARA USO ORAL E


TÓPICO

As excipientes são substâncias adicionadas as formulações farmacêuticas são


substâncias destituídas de poder terapêutico, e têm a função de garantir a estabilidade
e as propriedades biofarmacêuticas dos medicamentos, além de melhorarem as
características organolépticas (ARAÚJO; BORIN, 2012).
Os excipientes podem atuar como: conservantes, corantes, flavorizantes,
edulcorantes espessantes, emulsificantes, estabilizantes ou antioxidantes. Eles
mantêm os remédios livres de microrganismos e adequados ao consumo por mais
tempo, além de torná-los palatáveis, favorecendo a adesão ao tratamento. Além disso,
cabe destacar a influência exercida por eles na biodisponibilidade dos fármacos
incorporados em formas farmacêuticas sólidas. O tipo e a natureza dos excipientes
utilizados na preparação de sólidos orais são dois dos fatores que determinam a
velocidade e a extensão na qual o fármaco vai ser absorvido, uma vez que limitam a
liberação e consequente dissolução do ativo (BALBANI; STELZER; MONTOVANI,
2006; SILVA; LEMES; VARGEM, 2016).
As características ideais para a utilização dos excipientes nas formulações
farmacêuticas:
• Ser inerte fisicamente e quimicamente;
• Ser toxicologicamente inativo;
• Apresentar compatibilidade com outros excipientes e com o fármaco;
• Apresentar alta capacidade de sofrer compressão;
• Possuir elevada fluidez e boa capacidade de escoamento em casos de sólidos;
• Apresentar custos adequados.
Portanto, esses fatores devem ser estudados durante o desenvolvimento do
medicamento para poder obter uma forma farmacêutica estável que, ao ser
administrado, apresente biodisponibilidade e ação farmacológica desejada com
segurança e poucos efeitos indesejáveis ou tóxico (SILVA; LEMES; VARGEM, 2016)
Apesar de ser considerado um insumo inerte, os excipientes não estão isentos
do risco de causar reações adversas. A toxicidade provocada por eles ocorre devido
5

ao excesso da dose desses compostos, o que pode causar imunotoxicidade, alergia


e intolerâncias. Já em grupos específicos, a toxicidade pode ser devida à presença de
doenças crônicas, predisposição genética ou à idade dos pacientes (ARAUJO;
BORIN, 2012).
Abaixo apresentamos as características e reações adversas de alguns
excipientes mais usados em formulações para uso oral.

2.1.1 Edulcorantes

Os edulcorantes são substâncias doces utilizadas nos medicamentos com


finalidade de mascarar o sabor desagradável de alguns fármacos e, assim, permitir
maior adesão do paciente ao tratamento. Normalmente, os medicamentos são
compostos por combinações de vários edulcorantes. Os principais utilizados nas
indústrias farmacêuticas são o aspartame, o sorbitol, a lactose, a sacarina e o
ciclamato de sódio (ARAUJO; BORIN, 2012).
Os efeitos adversos apresentados pelo consumo tanto de sorbitol quanto de
lactose são relacionados ao trato gastrointestinal, como diarreia, dores abdominais e
flatulências. Pelo fato do sorbitol causar diarreia osmótica, ele pode dificultar a
absorção do fármaco presente no medicamento. Já a lactose, o consumo desse
edulcorante por pessoas intolerantes a lactose provoca efeitos adversos como
diarreia, flatulência, dor de cabeça e caibras musculares (ARAUJO; BORIN, 2012).

2.1.2 Corantes

Os corantes são utilizados na indústria farmacêutica para distinguir e melhorar


a aparência dos medicamentos. Podem ser: 1) orgânicos sintéticos, que são aqueles
obtidos por síntese orgânica; 2) orgânicos naturais, obtidos por extração de fontes
vegetais ou, eventualmente, animais; 3) inorgânicos, obtidos de substâncias minerais;
4) caramelo, corante natural obtido pelo aquecimento de açúcares à temperatura
superior ao seu ponto de fusão; 5) caramelo (processo amônia), corante orgânico
sintético, idêntico ao caramelo natural, obtido pelo tratamento térmico controlado de
hidratos de carbono, na presença de compostos contendo íons amônio. (inserir
referência)
Os corantes não são excipientes essenciais na composição dos medicamentos,
pois apenas melhoram o aspecto visual do produto. Portanto, quando possível, devem
6

ser evitadas o uso dessas substâncias para minimizar o risco do aparecimento de


efeitos adversos. Os principais corantes descritos como responsáveis por causarem
reações adversas são o amarelo de tartrazina, o amarelo crepúsculo, a eritrosina,
entre outros (ARAUJO; BORIN, 2012).
O amarelo de tartrazina é um corante orgânico sintético artificial, pertencente
ao grupo azo. Este grupo é responsável por reações adversas em até 2% da
população. Ele tem estrutura química similar à dos benzoatos e salicilatos,
ocasionando reações adversas cruzadas com esses medicamentos. A principal
reação adversa causada por esse corante é devido a hipersensibilidade,
principalmente aquelas pessoas com hipersensibilidade a salicatos, provocando
manifestações como: anafilaxia, broncoconstrição, urticária, dores abdominais,
vômitos, dermatite de contato, rinite e angioedema (ARAUJO; BORIN, 2012).
Atualmente, a ANVISA exige a declaração do nome da tartrazina por extenso
nos rótulos dos produtos (ARAUJO; BORIN, 2012).

2.1.3 Conservantes

Conservantes são substâncias adicionadas a produtos farmacêuticos e para


prevenir ou retardar a deterioração microbiana. São importantes meio de limitar o
crescimento microbiano em vários tipos de produtos farmacêuticos. Alguns dos
conservantes que podem causar reações adversas são os parabenos, o cloreto de
benzalcônio, o benzoato de sódio e o álcool benzílico (ARAUJO; BORIN, 2012).
Um exemplo são os parabenos são ésteres de ácido p-hidroxibenzoico, como
metil, etil, propil, entre outros. É utilizado em medicamentos tópicos e a principal
reação causada por esse conservante é a de hipersensibilidade (ARAUJO; BORIN,
2012).

2.1.4 Antioxidantes

Antioxidantes são substâncias utilizadas na indústria farmacêutica e de


alimentos para impedir que os produtos sofram processos oxidativos e, assim, percam
sua função. Em medicamentos, esses compostos impedem ou retardam a oxidação
do fármaco e de outros excipientes (ARAUJO; BORIN, 2012).
Alguns exemplos de antioxidantes usados frequentemente na indústria
farmacêutica e de alimentos são os sulfitos, entre eles sulfito de sódio, metabissulfito
7

de potássio, metabissulfito de sódio, bissulfito de potássio e bissulfito de sódio, o BHA


e o BHT. Os principais antioxidantes responsáveis por efeitos adversos são os sulfitos,
sendo responsável por causar reações como reações são diarreia, náuseas, vômito,
cólicas abdominais, tontura, urticária, edema local, cefaleia, alterações na frequência
cardíaca, inconsciência, coma e, principalmente, as relacionadas ao trato respiratório,
como sibilos e dispneia (ARAUJO; BORIN, 2012).

2.2 PADRONIZAÇÃO DE PARTÍCULAS

O grau de divisão ou a granulometria de pós é expresso pela referência à


abertura nominal da malha do tamis utilizado. Os tamises empregados são de aço
inoxidável ou latão, não sendo permitido o revestimento dos fios. (BRASIL, 2019, p.
113)
A análise granulométrica consiste na determinação das dimensões das
partículas que constituem as amostras e nos seus tratamentos estatísticos. O
necessário a se fazer é determinar as dimensões das partículas e estudá-las da
seguinte forma: pela massa de cada classe dimensional considerada; pelo volume; e
pelo número de partículas integradas em cada classe (CORREIA, 2011).
O conhecimento do tamanho e da distribuição do tamanho de partícula é um
pré-requisito fundamental para muitas operações de produção e processamento,
envolvendo sistema de materiais particulados (CORREIA, 2011).
Na indústria farmacêutica, a determinação da granulometria de pós é feita por
meio de tamises (peneiras) com diferentes aberturas nominais de malha (Erro! Fonte
de referência não encontrada.a,b), organizados um sobre o outro como uma bateria
(CORREIA, 2011)
As aberturas definidas entre os furos dos tamises e a granulometria do pó são
indicadas em mm ou µm, ou ainda pelo mesh - que designa o número de malhas por
polegadas dos tamis (CORREIA, 2011).
O processo de tamisação ou peneiramento é um dos processos de separação
de misturas. Trata-se de um processo mecânico de separação, onde os diferentes
sólidos que compõem a mistura passam por sistemas de peneiras com diferentes
malhas, onde parte destes grânulos fica retido e a outra parte passa por entre os vãos
da malha da peneira (CORREIA, 2011).
8

Figura 1. Tamises ou peneiras granulométricas em (a) e (b) e agitador eletromagnético de


peneiras em (c)

(a)

(b) (c)
Fonte: SPLABOR. Tamis ou peneiras granulométricas - Qual a função? Disponível em:
<https://www.splabor.com.br/blog/peneiras/tamis-ou-peneiras-granulometricas-qual-a-funcao/>.
Acesso em: 2 maio. 2022. (2019)

A necessidade de separação de sólidos granulares é baseada em duas


finalidades: 1) separar o sólido em frações homogêneas (através da granulometria);
2) obter frações com partículas de mesmo tamanho.
Segundo a Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2019, pp. 113–114), no
procedimento para determinação da granulometria dos pós:

A granulometria determinada com o auxílio de tamises operados por


dispositivo mecânico. Este tipo de dispositivo reproduz os movimentos
horizontais e verticais da operação manual, através da ação mecânica
uniforme. Para utilizar este dispositivo, proceda da seguinte forma: Separar,
pelo menos, quatro tamises que estejam descritos na Tabela 1, de acordo
com as características da amostra. Montar o conjunto com o tamis de maior
abertura sobre o de abertura menor. Colocar o conjunto sobre o receptor de
tamises. Pesar cerca de 25 g da amostra (dependendo da natureza do
material, densidade do pó ou grânulo e do diâmetro dos tamises a serem
utilizados). Transferir a amostra para o tamis superior, distribuindo
uniformemente o pó. Tampar o conjunto. Acionar o aparelho (Erro! Fonte de
referência não encontrada.c), por cerca de 15 minutos, com vibração
adequada. Após o término deste tempo, utilizando um pincel adequado,
remover toda a amostra retida na superfície superior de cada malha para um
papel impermeável, e pesar o pó. Pesar também o pó retido no coletor.
Calcular o percentual retido em cada tamis, utilizando o seguinte cálculo:
𝑃1
%𝑅𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑝𝑒𝑙𝑜 𝑡𝑎𝑚𝑖𝑠 = 100
𝑃2
9

em que, P1 = massa da amostra retida em cada tamis (em gramas); P2 = soma


das massas retidas em cada tamis e no coletor (em gramas) (BRASIL, 2019,
pp. 113–114)

Tabela 1. Abertura de malha dos tamises

Fonte: BRASIL. Farmacopeia Brasileira. 6. ed. Brasília: Anvisa, 2019. v. 1

2.3 CÁLCULO DE DENSIDADE APARENTE E FORÇADA

Sugestão: Ler sobre determinação da densidade bruta em (AULTON, 2016;


GIBSON, 2016, p. 369)

2.4 Densidade de partículas

Segundo Gibson (2016, p. 369), a Norma Britânica 2955 (1958) define três
termos que se aplicam às próprias partículas. A densidade de partículas é a massa
da partícula dividida pelo seu volume. Os diferentes termos surgem da forma como
o volume é definido.
(1) A verdadeira densidade de partículas é quando o volume medido exclui os poros
abertos e fechados e é uma propriedade fundamental de um material.
10

(2) Densidade de partículas aparente é quando o volume medido inclui poros


intraparticulados.
(3) A densidade efetiva de partículas é o volume “visto” por um fluido passando pelas
partículas. É importante em processos como sedimentação ou fluidização, mas
raramente é usado em formas farmacêuticas sólidas.

2.5 Densidade do pó

Ainda segundo Gibson (2016, p. 369), a densidade de uma amostra de pó é


geralmente chamada de densidade aparente, e o volume inclui tanto o volume de
partículas quanto o volume de poros. A densidade aparente varia de acordo com a
embalagem do pó, podendo ser cotados diversos valores.
(1) Densidade a granel mínima é quando o volume do pó está no máximo, causado
pela aeração, imediatamente antes da separação completa do granel.
(2) Densidade a granel despejada é quando o volume é medido após despejar o pó
em um cilindro, criando uma estrutura relativamente solta.
(3) A densidade aparente batida é, em teoria, a densidade aparente máxima que pode
ser alcançada sem a deformação das partículas. Na prática, geralmente não é realista
atingir essa densidade aparente teórica, e um valor mais baixo obtido após o
vazamento da amostra de maneira padrão é usado.
Segundo Aulton (2016), a densidade aparente ou bruta ou aparente aerada é:

A densidade bruta de um pó depende do empacotamento das partículas e


modifica-se conforme o pó consolida-se. Um pó consolidado provavelmente
terá uma maior resistência de arco, se comparado com um pó dito não
consolidado, e pode, consequentemente, apresentar maior resistência ao
fluxo do pó. A facilidade com a qual um pó torna-se consolidado pode ser
utilizada indiretamente para quantificar o fluxo do pó. (AULTON, 2016)

A densidade aparente aerada (𝜌𝑎) é definida pela relação obtida pela massa
de produto vertida por derramamento lento por meio de funil em cilindro graduado até
volume determinado (𝑉𝑖), sem perturbar ou alterar o empacotamento. A densidade
aparente na condição de máximo empacotamento (𝜌𝑐) é obtida pela relação entre a
massa de produto já determinada e o volume compactado (𝑉𝑐) da amostra por meio
de procedimento padronizado de impactos até que se obtenha volume constante (USP
35, 2012; USP 37 – NF 32, 2014).
11

Aulton (2016) define a densidade forçada ou compactada como a compactação


dos pós é um termo utilizado para descrever a situação em que pós são submetidos
a forças mecânicas. Esse processo pode ser definido como a compressão e
consolidação de um sistema bifásico (pó e gás) quando há aplicação de uma força.
Com a compressão, há redução do volume do granel, o qual é resultado do
deslocamento da fase gasosa. Já a consolidação resulta em aumento da força
mecânica do material devido a interações entre partículas (DIAS; ZANOTTI;
CREVELIN, 2012). A densidade aparente na condição de máximo empacotamento
(𝜌𝑐) é obtida pela relação entre a massa de produto já determinada e o volume
compactado (𝑉𝑐) da amostra por meio de procedimento padronizado de impactos até
que se obtenha volume constante (USP 37 – NF 32, 2014).
A densidade compactada é obtida por meio de ensaios onde a amostra pesada
é transferida para uma proveta (densidade bruta), de modo a evitar movimentos
bruscos. A seguir, a proveta é submetida a uma série de 500, 750 ou 1250 quedas de
acordo com as propriedades dos pós, em altura pré-estabelecida. Cada análise terá
seus parâmetros específicos. Segundo o método, a diferença entre duas leituras
subsequentes não deve ser superior a 2 %. Os resultados são fornecidos pelo próprio
equipamento (DIAS; ZANOTTI; CREVELIN, 2012).
O resultado é calculado pela razão entre os valores de massa da amostra e
volume da proveta (LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001). Os valores desse
experimento, juntamente às informações de volume e densidade inicial, permitem que
se encontre o índice de compressibilidade, ou seja, o quanto aquele pó consegue ser
compactado.

2.6 CÁLCULO DE ÂNGULO DE REPOUSO

O ângulo de repouso é utilizado em várias áreas científicas para caracterizar


as propriedades de escoamento dos sólidos e exprime as fricções interpartículas, ou
a resistência ao movimento causada pelas interações interpartículas. As
determinações do ângulo de repouso são muito dependentes do tipo de método
usado. (LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H. A.; KANIG, J. L, 2001)
O ângulo de repouso em escoamento é determinado deixando escoar de um
recipiente um excesso de material colocado em cima de uma base de diâmetro fixo.
A formação de um cone de pó sobre esta base permite então determinar o ângulo de
12

repouso. O ângulo de repouso dinâmico é determinado através de um recipiente


cilíndrico que é cheio de pó e colocado a rodar a uma velocidade definida. O ângulo
de repouso dinâmico é o ângulo que forma o pó escoado com a horizontal.
(LAMOLHA; SERRA, 2007)

Figura 2. Aparato para avaliação da propriedade de fluxo dos pós

Fonte: LAMOLHA, M. A.; SERRA, C. H. R. Avaliação das propriedades de fluxo dos granulados e
dissolução de comprimidos de hidroclorotiazida 50 mg obtidos por granulação úmida. Revista
Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 43, n. 3, p.
435–446, 2007. (2007, p. 437)

A caracterização quanto ao nível de capacidade de escoamento dos pós é


relacionada aos ângulos de repouso obtidos. A maioria dos achados na literatura
científica desta área, para avaliar o escoamento dos pós, trabalha com a classificação
de Carr (𝐼𝐶) (CARR, 1965) (Tabela 2) ou com razão ou índice de Hausner (𝐼𝐻) (USP
37 – NF 32, 2014), que demonstra a capacidade de escoamento com base nos
ângulos de repouso correspondentes (LAMEIRAS, 2019; PORTUGAL, 2002, p. 90).

Tabela 2. Classificação de escoamento com base no ângulo de repouso

Fonte: British Pharmacopoeia, 2007


13

Classificação de escoamento (Tabela 2) com base no ângulo de repouso


(graus) para a determinação do valor do ângulo de repouso, segundo o método
recomendado, este terá de ser realizado sobre uma base fixa, com um bordo que
permita a retenção de uma camada de pó. Também não devem existir quaisquer tipos
de vibrações na base. É feita variar a altura do funil cuidadosamente para a formação
do cone de pó simétrico. O ângulo de repouso é então calculado através da seguinte
fórmula (LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H. A.; KANIG, J. L, 2001)
𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎
tan(𝛼) =
0,5 × 𝑏𝑎𝑠𝑒
Nas mudanças na densidade aparente (𝑑𝑎𝑝 ), o aumento da densidade aparente
de um pó está relacionado à sua coesividade. As relações entre as densidades de
volume vertido e batido são expressas de duas maneiras para fornecer índices de
fluidez. (GIBSON, 2016, p. 373)
𝑑𝑎𝑝 𝑏𝑎𝑡𝑖𝑑𝑎
𝐼𝐻 =
𝑑𝑎𝑝 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎
100 × (𝑑𝑎𝑝 𝑏𝑎𝑡𝑖𝑑𝑎 − 𝑑𝑎𝑝 𝑣𝑒𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎)
Compressibilidade (IC) =
𝑑𝑎𝑝 𝑏𝑎𝑡𝑖𝑑𝑎
A proporção de Hausner varia de cerca de 1,2 para um pó de fluxo livre a 1,6
para pós coesivos. As classificações do índice Carr estão listadas na Tabela 3.

Tabela 3. Índices de Carr

Fonte: GIBSON, M. Pharmaceutical Preformulation and Formulation. 2. ed. New York: CRC Press,
2016. (2016, p. 373)

Os índices de compressibilidade são uma medida da tendência para a


formação de arcos e a facilidade com que os arcos irão falhar e, como tal, é uma
medida útil de fluxo. Uma limitação dos índices de densidade aparente é que eles
apenas medem o grau de consolidação; eles não descrevem a rapidez com que a
consolidação ocorre.
14

2.7 PREPARAÇÃO DE PÓS DE USO EXTERNO E INTERNO

Pós quando utilizados como forma farmacêutica final refere-se à mistura


contendo o fármaco e outros adjuvantes pulvéreos, cujo tamanho varia de 0,1 a 10
µm. Os pós podem ser usados como intermediários na produção de granulados,
comprimidos e cápsulas ou ser dispensados na forma de: (FREITAS et al., 2020)
- Pós divididos - Sachês e flaconetes;
- Pós a granel;
- Pós para reconstituição;
- Pós para inalação;
- Pós-efervescentes;
- Pós para uso externo

Podem ser classificados pela composição e pelo tamanho das partículas


(FREITAS et al., 2020):
- Simples, quando derivados de uma substância;
- Compostos quando derivados de uma mistura de duas ou mais substâncias.

De acordo com o tamanho do tamis (LAMEIRAS, 2019):


- Pó grosseiro: Tamis 20;
- Pó medianamente grosseiro: Tamis 40;
- Pó fino: Tamis 80;
- Pó muito fino: Tamis 120.

Preparação:
O preparo dos pós consiste em três etapas. A primeira etapa é a redução do
tamanho das partículas por trituração. Na farmácia magistral usa-se gral e pistilo, já
na indústria podem-se utilizar equipamentos de moagem, moinho de facas, de
martelos, por vibração, de bolas, de pinos entre outros. A levigação pode também ser
empregada, esta consiste em adicionar ao sólido um líquido em que ele seja insolúvel,
em seguida faz-se a trituração. Além disso, você pode utilizar a pulverização por
intervenção, caso a substância não possa ser triturada diretamente (sólidos cristalinos
duros), sendo assim, dissolve-se o sólido em um mínimo de solvente volátil (álcool)
15

mistura-se triturando até a evaporação completa do solvente. (BRITTES; MOREIRA,


2006)
A segunda etapa consiste na tamisação, para obter pós com mesmo intervalo
de tamanho de partículas. Tamisação consiste na utilização de vários tamises com
aberturas de malhas diferentes. Os diversos tamises são encaixados uns nos outros
de modo a formarem uma coluna de peneiração, no topo estão os tamises de maiores
malhas, diminuindo a abertura da malha à medida que se caminha para a base. No
topo da coluna existe uma tampa para evitar perdas de material. Na base encaixa-se
uma peneira também conhecida como denominada "panela", destinada a receber as
partículas menores que atravessaram toda a coluna sem serem retidos em nenhuma
das peneiras. (BRITTES; MOREIRA, 2006)
A terceira etapa é a de mistura, esta pode ser realizada através de espatulação,
trituração e tamisação. Esta etapa pode ser feita utilizando misturadores de pós, como
o misturador na forma de V. (TEIXEIRA, 2018). O objetivo da mistura dos pós é obter-
se um pó no qual, teoricamente, cada partícula de um dos constituintes esteja junto
às partículas dos outros. (BRITTES; MOREIRA, 2006)

Vantagens:
- Viabilidade de obtenção de outras formas farmacêuticas (comprimidos, drágeas,
cápsulas, suspensões, pomadas, soluções);
- Fácil dissolução;
- Fácil absorção; (FREITAS et al, 2020)

USO INTERNO (Figura 3):

- São geralmente administrados com água ou em água;


- Podem também ser deglutidos diretamente; (FREITA et al, 2020)

Figura 3. Exemplo de especialidades farmacêuticas na forma de pó para uso interno


Pós-efervescente Pós para reconstituição (Antibióticos)
16

Requisitos:
- Permitir solubilização dos ativos.
- Garantir sabor e odor agradáveis.
- Boa conservação.
- Compatibilidade entre componentes. (SOUZA, 2012)

USO EXTERNO (
17

Figura 4):
- Administração tópica;
- São aplicados na superfície da pele e mucosas; (FREITAS, et al, 2020)
18

Figura 4. Exemplo de especialidades farmacêuticas na forma de pó para uso externo


Pós antimicrobianos Pós antissépticos

Requisitos:

- Não devem ser irritantes: tamis 40-100


- Ausência de ação sistêmica.
- Boa aderência (fixação sobre a pele): quanto menor a partícula, maior a
aderência.
- Uniformidade de tamanho de partículas. (SOUZA, 2012)
19

3 APRESENTAÇÃO POWERPOINT
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41

REFERÊNCIAS

ARAUJO, A. C. F.; BORIN, M. F. Influência de excipientes farmacêuticos em reações


adversas a medicamentos. Brasília Med, v. 49, n. 4, p. 267–278, 2012.
AULTON, M. E. Aulton Delineamento de formas farmacêuticas. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2016.
BALBANI, A. P. S.; STELZER, L. B.; MONTOVANI, J. C. Excipientes de
medicamentos e as informações da bula. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia, v. 72, n. 3, p. 400–406, jun. 2006.
BRASIL. Farmacopeia Brasileira. 6. ed. Brasília: Anvisa, 2019. v. 1
BRITTES, J. M.; MOREIRA, A. C. Estudo de diferentes processos de mistura de pós-
usados para o preparo de cápsulas em farmácias magistrais. Revista Contexto &
Saúde, v. 6, n. 10, 2006.
CARR, R. L. Evaluating flow properties of solids. Chemical Engineering, v. 72, p.
163–168, 1965.
CORREIA, L. P. Obtenção e padronização química e biológica de pós e plantas
medicinais de diferentes tamanhos de partículas. Dissertação (mestrado)—
Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 28 fev. 2011.
DIAS, I. L. T.; ZANOTTI, A. C.; CREVELIN, C. A. Desenvolvimento tecnológico de
cápsulas contendo paracetamol granulado. Revista Eletrônica de Farmácia, v. IX,
n. 4, p. 1–19, 2012.
FREITAS, O. et al. Sistemas particulados - Pós: Conceitos e caracterização
física. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5172526/mod_resource/content/1/P%C3%
B3s%20e%20Gr%C3%A2nulos%202020.pdf>. Acesso em: 2 maio. 2022.
GIBSON, M. Pharmaceutical Preformulation and Formulation. 2. ed. New York:
CRC Press, 2016.
LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H. A.; KANIG, J. L. Teoria e prática na indústria
farmacêutica. 2nd NV- ed. Lisboa, Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
LAMEIRAS, B. F. M. Importância das características farmacotécnicas na
preparação de formas farmacêuticas sólidas. Dissertação (mestrado)—Lisboa:
Universidade de Lisboa, 2019.
LAMOLHA, M. A.; SERRA, C. H. R. Avaliação das propriedades de fluxo dos
granulados e dissolução de comprimidos de hidroclorotiazida 50 mg obtidos por
granulação úmida. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas Brazilian
Journal of Pharmaceutical Sciences, v. 43, n. 3, p. 435–446, 2007.
PORTUGAL. Farmacopeia Portuguesa. VII ed. Lisboa: Ministério da Saúde,
Infarmed, 2002.
SILVA, J. R. DA; LEMES, E. D. O.; VARGEM, D. D. S. Influência dos excipientes na
dissolução in vitro dos fármacos a partir de cápsulas gelatinosas duras contendo
cetoprofeno 50 mg. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 13, n. 4, p. 176, 2016.
SOUZA, H. C. Apostila Teórica de Farmacotécnica I. Disponível em:
<https://www.academia.edu/22791205/APOSTILA_TE%C3%93RICA_DE_FARMAC
OT%C3%89CNICA_I>. Acesso em: 2 maio. 2022.
42

SPLABOR. Tamis ou peneiras granulométricas - Qual a função? Disponível em:


<https://www.splabor.com.br/blog/peneiras/tamis-ou-peneiras-granulometricas-qual-
a-funcao/>. Acesso em: 2 maio. 2022.
TEIXEIRA, C. C. C. Farmacotécnica I . 1. ed. Rio de Janeiro: SESES, 2018. v. 1
THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A Prática Farmacêutica na Manipulação de
Medicamentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. v. 1
USP 35. 〈616〉 Bulk Density and Tapped Density of Powders. In: The United States
Pharmacopeial Convention - General Tests and Assays. [s.l.] The United States
Pharmacopeial Convention, 2012. v. 1p. 255–258.
USP 37 – NF 32. United States Pharmacopoeia 37 – National Formulary 32. 37.
ed. [s.l.] U.S. Pharmacopeial Convention, 2014. v. Set

Você também pode gostar