Você está na página 1de 4

Avaliação Nutricional de Adolescentes

Serviço de Atendimento ao Profissional –

Avaliação Nutricional

CONSIDERAÇÕES

Segundo a OMS (1995), adolescência corresponde ao período de 10 a 19 anos, podendo ser dividido em
duas fases:

fase 1: dos 10 aos 14 anos, quando ocorre o início das mudanças puberais;

fase 2: dos 15 aos 19 anos, quando ocorre o término da fase de crescimento e de desenvolvimento
morfológicos.

A tabela abaixo apresenta um parâmetro adaptado dos critérios estabelecidos por Tanner, a respeito dos
índices de maturação sexual:

Pêlos Púbicos Genitália


meninos
Estágio 1 Nenhum presente Pré-puberal
Início do aumento do
Pequena quantidade nas pênis.Os testículos aumentam
Estágio 2 bordas externas do púbis, para um volume de 5 cm3.
levemente escurecida O escroto avermelha-se e
muda de textura.
Pênis mais longo.
Estágio 3 Cobrem o púbis. Testículos entre 8 - 10 cm3.
Escroto maior.
Pênis mais largo e mais
Tipo adulto, não se estende longo. Testículos com 12
Estágio 4
para as coxas. cm3; pele escrotal mais
escura.
Tipo adulto, estendendo-se Pênis adulto, testículos com
Estágio 5
para as coxas. 15 cm3.
meninas
Nenhuma alteração em
Estágio 1 Nenhum.
relação à infância.
Pequena quantidade abaixo
Estágio 2 Desenvolvimento das mamas.
da porção média dos lábios.

Aumentam, escuros e Maiores, mas sem separação


Estágio 3
crespos. entre mamilo e aréola.
Aumento do tamanho.Aréola
Mais abundantes, textura
Estágio 4 e mamilo formam elevação
grosseira.
secundária
Distribuição adulta do tecido
Adulto, estende-se para a
Estágio 5 mamário, contínuo
porção média das coxas.
delineamento

*Adaptado de Tanner JM: Growth at Adolescence, 2a ed. Oxford. Blackwell Scientific Publications, 1962. Fonte: Mahan LK, Arlin MT. Krause: alimentos, nutrição e
dietoterapia. 8a edição.
A síntese e secreção de hormônios sexuais são responsáveis por diferenças nas características dos
adolescentes de sexo masculino e feminino. A testosterona é responsável pelas principais características
masculinas, enquanto a progesterona e o estrógeno (principalmente), pelas características femininas
(ALBANO 2000).

Em adolescentes do sexo masculino o estirão puberal (pico de crescimento) ocorre entre 12 e 15 anos, e com
maior intensidade quando comparado às meninas, justificando sua maior estatura final; fato semelhante
também ocorre com o peso (Mateluna 1996, citado por ALBANO (2000, p.5)).

Já no sexo feminino, o estirão acontece por volta dos 10 e 13 anos, período em que também e observa o
aparecimento das primeiras características sexuais secundárias (Mateluna 1996, citado por ALBANO (2000,
p.5)). A menarca vem acompanhada de desaceleração na velocidade de crescimento, aumento acentuado de
tecido adiposo subcutâneo (enquanto no sexo masculino há aumento da massa magra e massa esquelética e
celular) (Carruth 1991; Verdú e Marín 1995, citados por ALBANO (2000, p.5)).

É importante destacar todas essas peculiaridades da adolescência, pois elas são responsáveis por diferentes
padrões físicos e comportamentais que exercem papel fundamental no momento da avaliação nutricional
desses indivíduos.

AVALIAÇÃO ALIMENTAR

Os instrumentos que podem ser usados incluem o registro alimentar de 3 dias (sendo 1 dia do fim de
semana), o recordatório de 24 h e um questionário de freqüência de alimentos, sem esquecer de informações
sobre hábitos alimentares e rotina diária, preferências, aversões e tabus.

Deve-se estar atento a alguns fatores que poderiam influenciar negativamente o consumo alimentar dos
adolescentes (PECKENPAUGH e POLEMAN 1997):

• ênfase à magreza (especialmente entre as meninas);


• acesso ao emprego e ao dinheiro, que permite maior liberdade ao adolescente para comprar
alimentos, ao mesmo tempo que pode restringir os horários da alimentação e facilitar o acesso
freqüente aos fast food;
• rebeldia da adolescência, que pode resultar no consumo de alimentos opostos aos que deveriam ser
escolhidos;
• consumo do álcool como um rito de passagem, que pode causar redução dos estágios finais de
crescimento e desenvolvimento por estar substituindo alimentos ou bebidas mais nutritivas; além do
prejuízo da absorção de alguns nutrientes.

ANTROPOMETRIA

Segundo Himes e Dietz 1994, citado por FONSECA (1998, p.542), o IMC é considerado um bom indicador
da obesidade em adolescentes, apesar das variações de idade e maturação sexual.

É calculado a partir do peso (em kg) dividido pelo quadrado da altura (em metros).

Um bom padrão de referencia são as curvas de percentis do NCHS. São curvas desenvolvimento pôndero-
estatural, desenvolvidos pelo NCHS (National Center for Health Statistics) em colaboração com o National
Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion (2000). Estão disponíveis 10 gráficos:

1) Peso/idade e Altura/idade, sexo masc., 0-36 meses


2) Peso/idade e Altura/idade, sexo femin., 0-36 meses
3) Perímetro cefálico/idade e peso/altura, 0-36 meses, masc
4) Perímetro cefálico/idade e peso/altura, 0-36 meses, femin
5) Peso/idade e altura/idade, sexo masc., 2-20 anos
6) Peso/idade e altura/idade, sexo femin., 2-20 anos
7) Índice de Massa Corporal / idade, sexo masc, 2-20 anos
8) Índice de Massa Corporal / idade, sexo femin, 2-20 anos
9) Peso/altura, sexo masc., 2-20 anos
10) Peso/altura, sexo femin, 2-20 anos

Pontos de corte:

• <P3 : Desnutrição
• Entre P3 e P10: Risco de desnutrição
• >P10 e <P90: Normal
• Entre P90 e P97: Sobrepeso
• P97: Obesidade.

As medidas de dobras cutâneas são úteis para verificação da porcentagem de gordura. Segundo Slaughter et
al, 1988:

Fórmulas para indivíduos entre 7-18 anos cuja somatória das dobras tricipital e sub-escapular (S) seja
inferior a 35mm:

Rapazes brancos:
Pré-púbere: % de gordura = 1,21(S) - 0,008 (S)(S) - 1,7
Púbere: % de gordura = 1,21(S) - 0,008 (S)(S) - 3,4
Pós-púbere: % de gordura = 1,21(S) - 0,008 (S)(S) - 5,5

Rapazes negros:
Pré-púbere: % de gordura = 1,21(S) - 0,008 (S)(S) - 3,5
Púbere: % de gordura = 1,21(S) - 0,008 (S)(S) - 5,2
Pós-púbere: % de gordura = 1,21(S) - 0,008 (S)(S) - 6,8

Moças brancas e negras em qualquer nivel de maturação sexual:


% de gordura = 1,33(S) - 0,013 (S)(S) - 2,5

Quando a somatória das dobras forem superiores a 35 mm:


Rapazes: % de gordura = 0,783(S) + 1,6
Moças: % de gordura = 0,546(S) + 9,7

Para mais informações a respeito de estimativas de % de gordura e mensuração de dobras leia também:
http://www.rgnutri.com.br/sap/avaliacao/ana1.shtml

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA

Utilizada como medida complementar ao diagnóstico nutricional. Alguns exames:

• Albumina: não é um marcador sensível ao estado protéico de um indivíduo, pois tem uma meia-vida
longa (15-20 dias)
• Pré-albumina: tem uma vida-média curta (2-3 dias) e é a mais útil das proteínas plasmáticas para a
avaliação do estado nutricional.
• Transferrina: tem vida média-curta (8 dias). Sua síntese é reduzida por deficiências de ferro e é
reagente de fase aguda. Em indivíduos desnutridos está diminuído e responde rapidamente ao
tratamento nutricional.
• Balanço nitrogenado: o valor nitrogenado positivo indica o crescimento, enquanto o balanço
nitrogenado negativo significa que o catabolismo das proteínas excede o anabolismo, refletindo
ingestão inadequada de calorias ou de proteínas.
• Excreção de Creatinina e de 3-Metil-Histidina (3-M-H): são marcadores bastante precisos da
degradação protéica;
• Glicose: teste de tolerância à glicose e outros testes de tolerância a CHO (lactose, sacarose, etc.) têm
sido usados para medir a má absorção de CHO através da análise de hidrogênio respiratório.
• Imunologia: diversos aspectos do sistema imunológico são influenciados pelo estado nutricional. A
imunocompetência pode ser acessada via questionário auto-aplicativo constando a freqüência de
sintomas relacionados a oscilações do sistema imunológico (Bassit, 2000) ou via testes laboratoriais
como proliferação linfocitária, dosagem de imunoglobulinas de fase aguda e crônica, atividade
fagocitária de macrófagos entre outros.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Albano RD. Estado nutricional e consumo alimentar de adolescentes. São Paulo, 2000. [Tese de Mestrado -
Faculdade de Saúde Pública da USP].
Carrazza, F. R., Marcondes. E. Nutrição Clínica em Pediatria. Sarvier, São Paulo, 1991;
Carrazza, F. R., Kimura, H. M. Avaliação Nutricional in Suporte Nutricional em Pediatria, Atheneu. São
Paulo 1994;
Fonseca VM, Sichieri R, Veiga GV. Fatores associados à obesidade em adolescentes. Rev. Saúde Pública
1998; 32 (6): 541-9.
Frisancho, A. R. Anthropometric Standards or the Assessment of Growth and Nutritional Status. The
University of Michigan Press, Michigan, 4ª ed. 1993;
Guedes, D. P, Guedes, J. E. Crescimento, Composição Corporal e Desempenho Motor de Crianças e
Adolescentes. CLR Balieiro, São Paulo, 1997;
Mahan, L. K., Arlin, M. T. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 8ª ed. Roca. São Paulo, 1995;
Nelson, J. K., Nelson K. R. Skinfold profiles of black and white boys and girrls aged 11-13. Human
Biology. 58 (3): 379-90, 1986;
Nóbrega, F. J., Lopes, F. A., Queiroz, S. S. Desnutrição na Criança: Consequências in Suporte Nutricional
em Pediatria, Atheneu. São Paulo 1994:
Peckenpaugh NJ, Poleman CM. Nutrição - Essência e dietoterapia. 7a edição. São Paulo: Roca; 1997.
Roche, A. F. et al. Grading body fatness from limited anthropometric data. Am. J. Clin. Nutr. 34 (12): 2831-
8, 1981;
http://www.abeso.org.br/pdf/nchs2000.pdf

Você também pode gostar