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Elementos aristotélicos do pensamento:

1. Conceitos: se formam através das representações, porém não é


possível visualizar, ouvir ou sentir.
A. Há eliminação dos caracteres da sensorialidade (cadeira:
objeto de 4 pés utilizado para sentar).
B. Generalização: é a síntese de diversos fenômenos
(cadeira de criança, trabalho e restaurante: são todas
cadeiras).

2. Juízos: relação entre 2 conceitos (“cadeira” + “utilidade” = cadeira é


útil).
*conceito é a palavra, juízo é a frase.
Elementos aristotélicos do pensamento:
3. Raciocínio: processo de formar juízos. E tal situação gera outros
juízos.

Processo de pensar:
1. Curso: velocidade e ritmo do pensamento.

2. Forma: arquitetura básica - como se desenvolvem os pensamentos.

3. Conteúdo: temas predominantes, assuntos de interesse.


Desintegração dos conceitos: estes se desfazem totalmente e tomam
significados diversos (inclusive o oposto). Ocorre em esquizofrenia e
síndromes demenciais.

Condensação dos conceitos: há fusão de 2 conceitos, criando uma nova


palavra (na linguagem, seria o neologismo).

Juízo deficiente: juízo falso ocorre por conceito inconsistente e


raciocínio pobre. São simples, concretos e influenciáveis. Ocorre em
déficits intelectuais.
*Difere do delírio, pois mudam com facilidade.

Juízo de realidade (ou delírio): próxima aula.


Alterações do raciocínio: antes disso há necessidade dos “Princípios
básicos do pensamento aristotélico”:
1. Princípio da identidade: ou da não contradição. Se A é A, e B é B,
então A não pode ser B.
2. Da causalidade: se A vira B, então B não vira A. E dadas as mesmas
condições, A sempre vira B.
3. Lei da parte e do todo: se A faz parte de B, B não faz parte de A.

Há também:
1. Pensamento dedutivo: a partir de esquemas, teoremas, definições
para chegar a verdade (racional).
2. Pensamento indutivo: por observação de experimentos (natural).
3. Pensamento intuitivo: compreensão direta e imediata (humano).
O patológico e normal são difíceis de separar: há preconceitos, crenças
sociais, pessoais, estereótipos, etc.

1. Pensamento mágico: modifica a realidade ao pensamento, pois


insere desejos, fantasias, temores, sem lógica.
Ocorre em crianças (ainda com visão realista), transtorno de
personalidade (esquizotípico, histriônico, narcisista), transtorno
obsessivo-compulsivo (rituais com leis da magia).

2. Pensamento dereístico: pensamento mágico obedece à lógica e à


realidade. Tudo é possível e favorável ao indivíduo (se assemelha a
mitomania).
Ocorre em t. de personalidade, esquizofrenia, histeria e em
crianças.
3. Pensamento concreto: não há dimensão abstrata. Não entende
metáforas, provérbios, ironia, duplo sentido. Ocorre em déficit
intelectual, demência e esquizofrenia grave.

4. Pensamento inibido: há inibição do raciocínio, com bradipsiquia e


pouco produtivo. Ocorre em demência e depressão grave.

5. Pensamento vago: formação de juízo e raciocínio impreciso. Há


ideias ambíguas e confusas. Ocorre em estágio inicial de
esquizofrenia, demência.

6. Pensamento prolixo: não chega a conclusão sem gastar tempo ou


esforço. Há tangencialidade: fala sobre fatos irrelevantes mas não
chega ao ponto central. E circunstancialidade: chega ao ponto.
7. Pensamento deficitário: tende ao concreto e simples, não
discrimina supérfluo do essencial, todo ou partes, real ou
imaginário. Não aprende fatos novos, mas sua memorização é
extensa e rígida (ilhotas de memória). Ocorre em autismo e déficit
intelectual.

8. Pensamento demencial: há empobrecimento homogêneo,


irregularidades, desorganização, sem congruência. Há dificuldade
em encontrar palavras, usa termos genéricos (aquilo, coisa, cara).

9. Pensamento confusional: há alteração da atenção e da percepção,


com dificuldade de estabelecer conceitos. Raciocínio dificultado.
10. Pensamento desagregado: ocorre desagregação total de conceitos
e juízos. Termo: “salada de palavras” é utilizado. Ocorre em
esquizofrenia grave.

11. Pensamento obsessivo: ideias de conteúdo absurdo ou repulsivo,


que chegam a consciência de modo persistente e incontrolável. Há
presença de pensamento mágico muitas vezes (se pensar 50x na
palavra santo, meu pai não morrerá)
1. Aceleração do pensamento: ideia se sucedendo à outra
rapidamente. Ocorre em quadros de mania, esquizofrenia,
ansiedade intensa, psicoses tóxicas e depressão ansiosa.

2. Lentificação: latência entre as perguntas formuladas e as respostas.


Ocorre em depressões graves, rebaixamento de nível de
consciência, intoxicações, etc.

3. Bloqueio do pensamento: no meio da conversa, interrompe


repentinamente. Relata “a cabeça parou”.

4. Roubo do pensamento: vivência associada ao bloqueio; é uma


sensação de que o pensamento fora roubado de sua mente, por
força, máquina ou chip.
1. Fuga de ideias: acentuada aceleração associado a perda das
associações lógicas. Há inclusive assonância (uso de palavras
semelhantes: amor, cor, flor) e associação de ideias com estímulos
externos contingentes (alguém aparece, ouve um som). Ocorre
frequentemente nos quadros maníacos.

2. Dissociação do pensamento: desorganização progressiva, passando


a não seguir sequência lógica ou estrutura correta. Juízos não se
articulam.

3. Afrouxamento das associações: há relação lógica entre ideias,


porém há menor articulação entre elas (associações livres).
4. Descarrilhamento: pensamento se desvia do curso normal e toma
atalhos (pensamentos supérfluos) retornando e saindo.
Geralmente associado à distraibilidade.

5. Desagregação: radical perda dos enlaces associativos. Sem


coerência alguma.

*Esquizofrenia: afrouxamento  descarrilhamento  desagregação


O Dalgalarrondo relata que delírio é alteração do juízo:

“Quando um indivíduo acometido por uma psicose afirma que os


vizinhos preparam um complô para matá-lo, o conteúdo é de
perseguição, mas o que está patologicamente alterado é a
atribuição de realidade absoluta a esse pensamento. Um político
pode viver pensando que querem prejudicá-lo; seus conteúdos são
persecutórios; entretanto, ele não está necessariamente delirando.”

Principais: Persecutório, Depreciativo, Religioso, Sexual, De Poder, De


Ruína e Hipocondríaco.
Estrutura global:
• Que diferença há entre mão e pé? Entre boi e cavalo?
• Qual pesa mais: 1kg de chumbo ou 1kg de palha? Que diferença há
entre falar coisa errada ou mentira? E entre admiração e inveja?
• Que semelhança há entre carro, trem e avião?
• Resposta precária: “são coisas”
• Correta, mas precária: “serve para andar”
• Bom nível: “são meios de transporte”
Ao longo da entrevista:
• Como flui o pensamento: curso (velocidade, ritmo), forma e
conteúdo. É lento e difícil ou rápido? Raciocínio alcança seu
objetivo ou fica orbitando temas secundários?
• A forma e tipo: é coerente-compreensível? Vago - com trechos
incompreensíveis? Muito incoerente? Há associações ou
assonâncias? Há fuga de ideias? Tem abstração? Respeita
realidade?
• Desorganizado: tipo confusional? Demencial? Deficitária? Tem
características da esquizofrenia? Há ideias obsessivas?
• Quais conteúdos mais marcantes do discurso do paciente?

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