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HEBERT O. SANTOS
ISABELA S. CARVALHO
TIAGO R. COSTA
GOIÂNIA
2017
1. INTRODUÇÃO
O Furacão Ike foi o mais intenso de 2008 no Alântico; com ventos chegando à
velocidade de 230 km/h e uma Pressão central mínima de 935 mbar. Ike impactou
milhares de plataformas usadas para produção de petróleo e gás e destruiu pelo menos
50 delas. Uma dessas plataformas, denominada como EC368A, colapsou devido a uma
ruptura axial da estaca de fundação, o que deixou a plataforma bastante avariada após
o furacão (Figura 1).
Figura 1: Plataforma EC368A, após o Furacão Ike (adaptado de ENERGO ENGINEERING, 2010).
Contabiliza-se que ocorreram mais do que 200 falhas de plataformas no Golfo do México
causadas por furacões de 1992 até hoje, mas a EC368A é o primeiro caso documentado
em que se sabe que a falha foi da fundação.
2. DESCRIÇÃO DA PLATAFORMA
3. CONDIÇÕES SUBTERRÂNEAS
Em 2001, uma perfuração no solo no local foi realizada para caracterizar as condições
subterrâneas na região da plataforma. Os métodos de amostragem e teste utilizados
para perfurar são consistentes com o atual estado de prática para o projeto de
fundações offshore.
A equipe de campo avançou o furo com uma técnica de rotação úmida, usando uma
ponta de arrasto anexado ao tubo de perfuração. Eles adicionaram gel de água salgada
e materiais pesados, conforme necessário, para suspender e remover estacas de broca
e fornecer suporte lateral à parede do furo. As amostras foram obtidas através do orifício
aberto em intervalos de 0,9 m para uma penetração de 15,2 m e intervalos de 3,0 m até
o fundo da talha (106,1 m abaixo do fundo do mar). Na prática, as amostras de tubo de
76 mm de diâmetro são consideradas amostras de solo indeformadas.
O perfil do solo consistiu em dois estratos: uma argila muito macia, altamente plástica,
normalmente consolidada, a uma profundidade de 4 m abaixo do fundo do mar,
subjacente a uma argila de macia a dura, altamente plástica, ligeiramente
sobreconsolidada (Figura 3).
Figura 3: Resultados caracterização
4. PROJETO
Se os solos exibirem suavização de tensão, a carga máxima que pode ser resistida por
uma estaca flexível pode ser menor que a capacidade máxima para uma estaca rígida.
Os perfis de capacidade final foram fornecidos pelo engenheiro geotécnico para a gama
de diâmetros de estacas consideradas no projeto.
4.2. SOLO
Figura 4: curva tz
Uma análise estrutural foi então realizada na geometria final da estrutura para selecionar
os comprimentos das estacas. As cargas axiais de projeto para as elas foram
determinadas aplicando a combinação de ação de mar de 100 anos de cargas de vento,
onda e corrente para a estrutura. Essas cargas axiais de projeto foram aumentadas por
um fator de segurança de 1,5 para determinar as capacidades axiais requeridas de
acordo com o guia de design da API. Os comprimentos da estaca foram selecionados
de modo que a capacidade axial final fosse igual à capacidade axial requerida. Por
exemplo, usando a pilha C, a carga axial de projeto é de 11.900 kN de tensão, a
capacidade axial requerida é 1,5 vezes a carga de projeto ou 17.800 kN de tensão e o
comprimento da pilha selecionado foi de 67,1 m (Fig. 5).
Altura de onda 22 m
Utilizou-se de um software 3D, com modelo estrutural que se baseia no método dos
elementos finitos, para determinar a resposta da Plataforma EC368A ao carregamento
máximo imposto pelo Furacão Ike.
Para compreender melhor a contribuição de cada estaca para o sistema, foi feita uma
análise mais complexa, variando-se a tensão axial e lateral que foi mobilizada no solo
durante a falha ao longo de cada estaca. As variações foram de 30% para mais e para
menos. Como resultado, notou-se que a Estaca C é a mais influente do sistema para
uma falha dominada pelo Momento overturning. Logo, a capacidade deste sistema de
estacas, durante o Ike, foi governada pela resistência axial da Estaca C, pois o Momento
overturning varia proporcionalmente à resistência axial da Estaca C.
7. DISCUSSÃO
7.1. CHARACTERISTICS OF AXIAL PILE LOAD IN HURRICANE IKE
Existe uma chance de 70% de que a carga máxima tenha sido entre 12.000 e 22.000
kN e uma chance de 90% foi entre 10.000 e 26.000 kN. Embora esses amplos limites
de confiança indiquem incerteza saudável na carga axial que causou falha nessa estaca,
evidências indiretas sugerem que as previsões são menos incertas. As análises
detalhadas que comparam as cargas previstas do hindcast, com danos estruturais para
centenas de plataformas, sugerem que o valor médio é um indicador razoável da carga
real e desempenho da estrutura.
O banco de dados utilizado para desenvolver o método de projeto da API para estacas
em argilas de normalmente a moderadamente sobreconsolidadas é mostrada na Figura.
11. Este banco de dados, desenvolvido originalmente por Olson e Dennis (1982) e
recentemente refinado por Najjar (2005), foi usado por Randolph e Murphy (1985) para
desenvolver o método alpha (α) para o projeto de estacas em argila. O método alpha
(α) continua sendo o método recomendado na atualização recente do guia de projeto
da API (API 2011). Os dados mostrados na Figura 10 representam a capacidade axial
para o carregamento estático e não drenado após a dissipação das pressões da água
dos poros induzidos por condução.
Figura 10: Comparação da capacidade axial da Estaca C com outros testes de carga de estacas
utilizados para desenvolver a orientação de projeto atual para a capacidade axial de estacas em argilas.
A flexibilidade axial das estacas contribui para essa tendência de excesso com relação
a previsão da capacidade para estacas mais longas (Kraft et al., 1981b). Em particular,
os testes descritos por Sterling (1971) e Bogard e Matlock (1998) são ambos para as
argilas altamente plásticas semelhantes às da Plataforma EC368A. Murff (1980) e
Randolph (1983) propuseram indicadores simples e não-dimensionais para o significado
de tensão que relacionam a rigidez do cisalhamento lateral com a rigidez axial da
Estaca. O fator de Randolph pode ser observado na Equação (2) a seguir:
Em que:
Com base na falta de falhas de fundação nos furacões Andrew e Roxanne, tem havido
uma percepção generalizada de que as estacas offshore são significativamente
projetadas de forma conservadora (Aggarwal et al., 1996b; Bea et al., 1999). No entanto,
esse caso, juntamente com outros casos históricos de furacões recentes (Gilbert et al.,
2010), contradizem essa percepção.
7.3. SUGESTÕES PARA MELHORARIA DA EXECUÇÃO DOS PROJETOS
Sugestões para melhorar a prática de projeto incluem ter maior consideração de efeitos
de suavização das deformação e efeitos do sistema de estacas em projeto.
O guia de projeto para estruturas offshore (API 2000) estabelece que deve-se considerar
uma suavização das tensões nos solos. Existe orientação semelhante nas
considerações geotécnicas da API e do projeto de fundação (API 2011). No entanto, o
estado atual da prática não necessariamente alcança essa intenção por causa da
divisão de responsabilidade entre engenheiros geotécnicos e estruturais. Enquanto o
Os engenheiros geotécnicos da Plataforma EC368A incluíam recomendações para
curvas t-z com suavização de deformações, eles também forneceram perfis de
capacidade final que assumiram estacas rígidas, porque as espessuras da parede para
as pilhas ainda não eram conhecidas. Enquanto os engenheiros estruturais incluíam as
curvas t-z em sua análise estrutural para estabelecer as cargas axiais de projeto nas
estacas, eles selecionaram comprimentos de estacas usando os perfis de capacidade
final para estacas rígidas porque não analisaram a estrutura com carga para casos que
mobilizaram completamente as capacidades axiais das estacas. Como resultado, o fator
de segurança para Estaca C foi menor do que o previsto, em cerca de 1,35 em vez de
1,5. Visto que esta estaca falhou quando a carga máxima esperada no furacão Ike foi
de cerca de 30-40% maior do que a carga de projeto, é possível que essa falha pudesse
ter sido prevenida se a redução da tensão tivesse sido considerada explicitamente no
projeto.
Duas propostas são sugeridas para melhorar a prática de projeto com respeito a
suavização da tensão. Primeiro, melhor comunicação entre o engenheiro geotécnico e
o estrutural. Deveria haver uma oportunidade explícita para o engenheiro geotécnico
revisar o projeto final das bases da estaca antes da plataforma ser construída. Uma
segunda recomendação é que uma análise t-z seja realizada para selecionar os
comprimentos finais das estacas. Uma alternativa para o engenheiro geotécnico, que
apresenta perfis de capacidade final antes da seleção das espessuras de parede, seria
apresentar perfis de capacidade máxima das análises t-z usando as espessuras de
parede mínimas para estacas especificadas na API (2000). Por exemplo, a espessura
mínima da parede para a Estaca C foi de 19 mm comparada com a espessura de parede
real que variou de 25 a 38 mm. Assim, em uma análise t-z usando a espessura mínima
da parede seria mais realista e defensável do que assumir uma estaca rígida. Outros
métodos de capacidade da estaca que implicitamente incluem os efeitos de redução da
tensão (Semple e Rigden 1984; Kolk e van der Velde 1996; Jardine et al. 2005) também
pode ser usado para verificar o capacidade máxima da estaca.
8. CONCLUSÕES
Este artigo apresenta um caso histórico da falha de um sistema de estacas apoiadas
em uma plataforma offshore devido a um furacão. A plataforma fixa foi construída em
2003 e falhou em 2008 durante o Furacão Ike. Esta estaca possuía tubos de aço de
1.220 mm de diâmetro, de ponta aberta, que foi conduzida para uma profundidade de
67,1 m abaixo do fundo do mar. O solo é normalmente consolidado e a argila é altamente
sobreconsolidada e altamente plástica.
Este caso histórico é o primeiro documentado de uma falha de fundação para uma
plataforma de jaqueta em um furacão, onde a base do sistema foi carregada além da
sua capacidade de projeto e falhou. Isto geralmente pode ter sido causado por métodos
de projetos atual. Assim, contradizendo a percepção de que os projetos de estacas
offshore são significativamente conservador. Por último, este caso histórico destaca
duas oportunidades para melhorar a prática atual de projeto. Primeiro, a capacidade de
carga axial da estaca deve ser verificada durante o projeto por contabilidade explícita
para a flexibilidade da estaca quando se trata de solos que suavizam a tensão. Em
segundo, as diretrizes devem ser desenvolvidas para verificação de sistema de
fundação geral, além das estacas individuais.