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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA, ESTRUTURAS
E CONSTRUÇÃO CIVIL

CASE STUDY OF OFFSHORE PILE SYSTEM


FAILURE IN HURRICANE IKE
(JIUN-YIH CHEN, A.M.ASCE; ROBERT B. GILBERT, P.E., M.ASCE; FRANK J.
PUSKAR, P.E., M.ASCE; E SEAN VERRET, A.M.ASCE)

HEBERT O. SANTOS
ISABELA S. CARVALHO
TIAGO R. COSTA

GOIÂNIA
2017
1. INTRODUÇÃO

O Furacão Ike foi o mais intenso de 2008 no Alântico; com ventos chegando à
velocidade de 230 km/h e uma Pressão central mínima de 935 mbar. Ike impactou
milhares de plataformas usadas para produção de petróleo e gás e destruiu pelo menos
50 delas. Uma dessas plataformas, denominada como EC368A, colapsou devido a uma
ruptura axial da estaca de fundação, o que deixou a plataforma bastante avariada após
o furacão (Figura 1).

Figura 1: Plataforma EC368A, após o Furacão Ike (adaptado de ENERGO ENGINEERING, 2010).

Contabiliza-se que ocorreram mais do que 200 falhas de plataformas no Golfo do México
causadas por furacões de 1992 até hoje, mas a EC368A é o primeiro caso documentado
em que se sabe que a falha foi da fundação.

O caso histórico do EC368A é significativo porque representa a falha em uma estaca de


grande diâmetro que foi carregada por uma tempestade. Os bancos de dados
experimentais que foram utilizados para desenvolver os métodos de projeto para
fundações offshore consistem principalmente em testes de estacas que foram
carregadas com cargas estáticas dentro de semanas ou meses de instalação. Este caso
histórico também é significativo porque há uma percepção genérica, devido à falta de
conhecimentos dos colapsos em fundação até agora, que os projetos de fundação de
estaca offshore são significativamente conservadores.

O objetivo deste artigo é documentar e estudar o fracasso da fundação EC368A. Este


artigo descreveu o EC368A configuração da plataforma, seu projeto de base de estaca,
o carregamento para que foi submetido durante o furacão Ike, e o mecanismo de falha.
Ele apresenta uma análise do colapso e compara o desempenho real com as previsões.
Conclui com uma discussão sobre o que pode ser aprendido com este caso histórico.

2. DESCRIÇÃO DA PLATAFORMA

A plataforma EC368A tem como concepção três pernas e revestimento de aço,


localizada em profundidade de 110 m no mar da costa da Louisiana. Foi instalada em
2003 e submetida ao furacão Ike em 2008. A Figura 2 apresenta uma renderização 3D
da plataforma incluindo as estacas. A plataforma foi construída colocando uma “jaqueta”
no fundo do mar, cravando as estacas de aço através da jaqueta no solo, conectando
as estacas às pernas da estrutura e, em seguida, a soldagem do convés da plataforma.

Figura 2: Renderização 3D EC368A

As estacas A, B e C (Figura 2) são todos de 1,22 0m de diâmetro, vazadas de ponta


aberta, estacas de tubos de aço e fabricadas com aço A36. A estaca A penetra 80,8 m
abaixo do solo. As estacas B e C estão na proporção de 1/5 horizontal para verticai (1H:
5V) ambas penetram 67,1 m abaixo do fundo marinho. As espessuras das paredes das
estacas estão resumidas na Tabela 1.
Tabela 1: Espessuras das estacas

3. CONDIÇÕES SUBTERRÂNEAS

Em 2001, uma perfuração no solo no local foi realizada para caracterizar as condições
subterrâneas na região da plataforma. Os métodos de amostragem e teste utilizados
para perfurar são consistentes com o atual estado de prática para o projeto de
fundações offshore.

A equipe de campo avançou o furo com uma técnica de rotação úmida, usando uma
ponta de arrasto anexado ao tubo de perfuração. Eles adicionaram gel de água salgada
e materiais pesados, conforme necessário, para suspender e remover estacas de broca
e fornecer suporte lateral à parede do furo. As amostras foram obtidas através do orifício
aberto em intervalos de 0,9 m para uma penetração de 15,2 m e intervalos de 3,0 m até
o fundo da talha (106,1 m abaixo do fundo do mar). Na prática, as amostras de tubo de
76 mm de diâmetro são consideradas amostras de solo indeformadas.

A equipe de campo retirou a maioria das amostras dos amostradores e um engenheiro


de campo as classificou. O engenheiro realizou ensaios, de peso unitário, resistência ao
corte (torvane), penetrômetro de bolso, palheta e triaxiais UU em amostras de solo
coesivo selecionadas a bordo do vaso de perfuração. A tripulação também enviou as
amostras restantes para o laboratório para outros ensaios como: limites Atterberg e
medições de umidade, além de testes adicionais de peso unitário, UU triaxial e de
palhetas em miniatura.

O perfil do solo consistiu em dois estratos: uma argila muito macia, altamente plástica,
normalmente consolidada, a uma profundidade de 4 m abaixo do fundo do mar,
subjacente a uma argila de macia a dura, altamente plástica, ligeiramente
sobreconsolidada (Figura 3).
Figura 3: Resultados caracterização

4. PROJETO

A Figura 3 também apresenta os valore de projeto adotados.

4.1. CAPACIDADE AXIAL ÚLTIMA

O engenheiro geotécnico estabeleceu a capacidade axial para a fundação seguindo as


determinações da American Petroleum Institute (API). O cisalhamento lateral máximo
para o carregamento não drenado em qualquer profundidade ao longo de uma estaca,
fmax, foi calculado a partir da Equação 1 onde Su a força de cisalhamento não drenada
a essa profundidade, e 𝛼 um factor adimensional que depende de ѱ, a razão de Su,
para o estresse efetivo vertical naquela profundidade.

𝑓𝑚á𝑥 = 𝛼𝑆𝑢 (1)

Se os solos exibirem suavização de tensão, a carga máxima que pode ser resistida por
uma estaca flexível pode ser menor que a capacidade máxima para uma estaca rígida.
Os perfis de capacidade final foram fornecidos pelo engenheiro geotécnico para a gama
de diâmetros de estacas consideradas no projeto.

4.2. SOLO

Para a análise estrutural, o engenheiro geotécnico percebeu as relações não-lineares


entre o cisalhamento lateral e o deslocamento relativo do cisalhamento entre a parede
da pilha e o solo (curvas tz), a capacidade de resistência final e o deslocamento de
ponta da estaca (curvas Qz) e resistência lateral e deflexão da pilha ( curvas py). Essas
curvas foram desenvolvidas de acordo com o guia de design da API. A curva t-z
recomendada é mostrada na Figura 4, esta curva explica suavização de tensão nas
argilas altamente plásticas, com uma taxa de cisalhamento do lateral residual / pico de
0,8.

Figura 4: curva tz

4.3. DIÂMETROS E PROFUNDIDADES DAS ESTACAS

O engenheiro estrutural selecionou os diâmetros e os comprimentos da estaca. Em


primeiro lugar, as análises estruturais que incorporam a elasticidade do solo foram
realizadas com diferentes diâmetros de estaca e espessuras de parede usando estacas
muito longas. Foram utilizadas diferentes combinações de cargas de vento, onda e
cargas para verificar a capacidade estrutural para todos os membros e juntas tubulares
de aço, incluindo as estacas de acordo com o guia de projeto da API. A partir das
análises estruturais, os diâmetros das estacas e as espessuras de parede necessárias
para satisfazer as verificações de unidade foram estabelecidos (Tabela 1).

Uma análise estrutural foi então realizada na geometria final da estrutura para selecionar
os comprimentos das estacas. As cargas axiais de projeto para as elas foram
determinadas aplicando a combinação de ação de mar de 100 anos de cargas de vento,
onda e corrente para a estrutura. Essas cargas axiais de projeto foram aumentadas por
um fator de segurança de 1,5 para determinar as capacidades axiais requeridas de
acordo com o guia de design da API. Os comprimentos da estaca foram selecionados
de modo que a capacidade axial final fosse igual à capacidade axial requerida. Por
exemplo, usando a pilha C, a carga axial de projeto é de 11.900 kN de tensão, a
capacidade axial requerida é 1,5 vezes a carga de projeto ou 17.800 kN de tensão e o
comprimento da pilha selecionado foi de 67,1 m (Fig. 5).

Figura 5: Capacidade axial

5. PERFORMANCE OF PILE FOUNDATION IN HURRICANE IKE

O centro do furacão Ike passou 64 km ao sudoeste da Plataforma EC368A em 12 de


setembro de 2008. A Tabela 2 apresenta os valores máximos obtidos para altura de
onda e velocidade do vento com a passagem do furacão.

Tabela 2: Valores máximos (OCEANWEATHER INC., 2008)

Altura de onda 22 m

Velocidade do vento 114 km/h

Considerando os valores de referência associados à ocorrência de ações do oceano por


100 anos, calcula-se que os valores máximos obtidos com a passagem do furacão foram
entre 15% e 20% maior do que esses. Quanto ao valor de cisalhamento máximo
apresentado com a passagem do furacão, esse foi entre 30% e 40% maior do que o
valor utilizado no cálculo.

Sabe-se que em regiões oceânicas tem-se a presença de ventos e ondas de alta


velocidade e grande porte, respectivamente. Logo, espera-se que em projetos de obras
realizadas em regiões offshore, como em oceanos, sejam considerados furacões e
abalos sísmicos. No caso da Plataforma EC368A, a ação do Furacão Ike fez com que
uma das estacas da fundação fosse arrancada mais de 1 m do solo do oceano,
causando o surgimento de um ângulo de 4° na plataforma, sendo que a estrutura se
movimentou como um corpo rígido, como é apresentado na Figura 1.

6. BACK ANALYSIS OF PILE FOUNDATION PERFORMANCE

Utilizou-se de um software 3D, com modelo estrutural que se baseia no método dos
elementos finitos, para determinar a resposta da Plataforma EC368A ao carregamento
máximo imposto pelo Furacão Ike.

A análise é realizada aumentando-se os esforços sobre a plataforma, adicionando novos


poços, estendendo-se a vida útil da plataforma ou expondo a plataforma a condições
ambientais críticas. Na análise do tipo pushover, os carregamentos ambientais são
aumentados até que a plataforma colapse ou tenha-se um deslocamento excessivo do
convés.

Na análise pushover realizada na Plataforma EC368A aplicaram-se os valores de altura


de onda e velocidade do vento, nas magnitudes e direções estimadas para o Furacão
Ike, obtendo-se uma tensão cisalhante de 5340 kN. Logo após, os carregamentos
ambientais foram aumentados até o colapso, obtendo-se uma tensão cisalhante máxima
de 5560 kN. Esta análise previu que a Estaca C seria arrancada e as Estacas A e B
renderiam em flexão, fazendo com que a plataforma rotacionasse como um corpo rígido.

Com o objetivo de se obter mais informações sobre a performance da estrutura, utilizou-


se de um modelo simplificado de colapso da fundação, baseado no limite superior
(upper-bound) da teoria da elasticidade. Esse modelo, com esquema apresentado na
Figura 6, assume mecanismo de colapso plástico, onde todos os elementos são
caracterizados como rígidos e perfeitamente plásticos.
Figura 6: Esquema do modelo de sistema de colapso da fundação.

O modelo upper-bound tem o colapso da estrutura correspondente ao mecanismo de


falha que incorpora uma combinação entre translação e rotação da base.

Comparando-se o modelo pushover e o modelo upper-bound, nota-se que o segundo


modelo superestima a capacidade de tensão cisalhante da base em 10% (MURFF e
WESSELINK 1986; CHEN et al. 2009), sendo necessária a redução para a consideração
desse valor.

A entrada para a análise do colapso do sistema de estacas inclui as resistências de solo


axial e lateral, que atuam sobre cada estaca e o condutor em caso de falha. Para a
resistência axial do solo, a deformação lateral limita a resistência máxima do solo ao
cisalhamento que pode ser desenvolvida ao longo de uma estaca flexível. A análise da
diferença finita (t-z) foi realizada para cada estaca, tanto na compressão quanto na
tensão, para explicar a interação solo-estaca e estabelecer a resistência axial do solo
em caso de falha.

A capacidade axial máxima para a Estaca C foi de aproximadamente 90% da


capacidade axial máxima para uma estaca rígida. Os efeitos do peso da estaca e do
rolamento não foram incluídos na análise de t-z, porque representam uma contribuição
insignificante para a capacidade axial total do Estaca C. Para a resistência lateral do
solo, a resistência estática máxima foi assumida, pois as estacas, em caso de falha,
empurrarão o solo não perturbado, que não foi degradado por ciclos de carregamento
prévios (MURFF et al., 1993; JEANJEAN, 2009.

A capacidade deste sistema de estacas, que se baseou na solução de colapso superior,


é mostrada como uma curva de interação, apresentada Figura 7. Nota-se na interação
que, quando o Momento overturning é baixo, a capacidade de carga do sistema de
estacas é dominada pelo cisalhamento, onde, as resistências ao cisalhamento das
estacas governam a capacidade do sistema. Com o aumento do Momento overturning,
o cisalhamento na base também aumenta, devido as estacas e, a capacidade do
sistema é dominada pela combinação de Cisalhamento e Momento overturning. Com
grandes valores de Momento overturning, a capacidade do sistema de estacas é
dominada pelo Momento overturning, onde as capacidades axiais das estacas
governam a capacidade do sistema.

Figura 7: Resultados para o colapso upper-bound.

Para compreender melhor a contribuição de cada estaca para o sistema, foi feita uma
análise mais complexa, variando-se a tensão axial e lateral que foi mobilizada no solo
durante a falha ao longo de cada estaca. As variações foram de 30% para mais e para
menos. Como resultado, notou-se que a Estaca C é a mais influente do sistema para
uma falha dominada pelo Momento overturning. Logo, a capacidade deste sistema de
estacas, durante o Ike, foi governada pela resistência axial da Estaca C, pois o Momento
overturning varia proporcionalmente à resistência axial da Estaca C.

7. DISCUSSÃO
7.1. CHARACTERISTICS OF AXIAL PILE LOAD IN HURRICANE IKE

O carregamento axial na Estaca C é desconhecido durante a falha. Fez-se uma


estimativa de 16000 kN, sendo o valor mediano do carregamento máximo na estaca
durante 3 horas de atuação do Furacão Ike sobre o oceano que produziram as maiores
ondas sobre a plataforma. Sendo que se tem 3 incertezas sobre o carregamento máximo
estimado: (1) variabilidade na altura das ondas durante o Furacão Ike; (2) incerteza em
estimar o estado do oceano (estatística e modelagem); (3) incerteza em estimar o
cisalhamento da base da plataforma para um valor máximo de altura de onde.
Combinando estas 3 incertezas, utilizou-se de uma estrutura desenvolvida por Puskar
et al. (1994) e ABS Consulting (2004), para produzir uma distribuição normal, conforme
apresentada na Figura 8.

Figura 8: Distribuição de probabilidade para o Carregamento Máximo Axial na Estaca C, durante o


Furacão Ike.

Existe uma chance de 70% de que a carga máxima tenha sido entre 12.000 e 22.000
kN e uma chance de 90% foi entre 10.000 e 26.000 kN. Embora esses amplos limites
de confiança indiquem incerteza saudável na carga axial que causou falha nessa estaca,
evidências indiretas sugerem que as previsões são menos incertas. As análises
detalhadas que comparam as cargas previstas do hindcast, com danos estruturais para
centenas de plataformas, sugerem que o valor médio é um indicador razoável da carga
real e desempenho da estrutura.

A Estaca C experimentou uma carga cíclica de tração unidirecional durante o estado do


oceano de 3 horas com as maiores ondas no Furacão Ike, sendo que a distribuição do
número de ciclos para os diferentes níveis de carregamento está apresentada na Figura
9, onde os autores obtiveram que 2 ciclos ultrapassaram 85% e 25 ciclos excederam
50% do valor mediano de 16,000 kN.
Figura 9: Número de ciclos para diferentes níveis de carregamento axial.

7.2. CAPACIDADE PREVISTA DA ESTACA PELA CAPACIDADE REAL

O banco de dados utilizado para desenvolver o método de projeto da API para estacas
em argilas de normalmente a moderadamente sobreconsolidadas é mostrada na Figura.
11. Este banco de dados, desenvolvido originalmente por Olson e Dennis (1982) e
recentemente refinado por Najjar (2005), foi usado por Randolph e Murphy (1985) para
desenvolver o método alpha (α) para o projeto de estacas em argila. O método alpha
(α) continua sendo o método recomendado na atualização recente do guia de projeto
da API (API 2011). Os dados mostrados na Figura 10 representam a capacidade axial
para o carregamento estático e não drenado após a dissipação das pressões da água
dos poros induzidos por condução.
Figura 10: Comparação da capacidade axial da Estaca C com outros testes de carga de estacas
utilizados para desenvolver a orientação de projeto atual para a capacidade axial de estacas em argilas.

A estaca C representa um ponto de um subconjunto de pontos de dados


correspondentes para as dimensões típicas das estacas e as capacidades utilizadas em
estruturas offshore; sua carga última de falha era superior a mais de 50% à carga para
qualquer outro ponto. Enquanto a relação média entre a capacidade medida e prevista
para todos os dados dos pontos são próximos de 1 (Randolph e Murphy 1985; Najjar
2005), há uma tendência de prever a capacidade das estacas com maior capacidades.

A flexibilidade axial das estacas contribui para essa tendência de excesso com relação
a previsão da capacidade para estacas mais longas (Kraft et al., 1981b). Em particular,
os testes descritos por Sterling (1971) e Bogard e Matlock (1998) são ambos para as
argilas altamente plásticas semelhantes às da Plataforma EC368A. Murff (1980) e
Randolph (1983) propuseram indicadores simples e não-dimensionais para o significado
de tensão que relacionam a rigidez do cisalhamento lateral com a rigidez axial da
Estaca. O fator de Randolph pode ser observado na Equação (2) a seguir:

K= 𝜋𝐷2 𝑡𝑠 𝐿/𝐴𝐸𝛥𝑤𝑟𝑒𝑠 (2)

Em que:

𝑡𝑠 , representa o pico médio do cisalhamento lateral;


𝛥𝑤𝑟𝑒𝑠 , representa o deslocamento necessário para reduzir o cisalhamento lateral de
máximo para residual;

D, L, A e E, representam, respectivamente, o diâmetro, comprimento, área de seção


transversal e módulo de Young, para a estaca.

Altos valores de K indicam um maior potencial de redução de tensões para o


cisalhamento lateral máximo que é mobilizado na falha. O valor de K para a Estaca C
na Plataforma EC368A é superior a quatro, e excede um para todos os testes de carga,
com capacidades medidas superiores a 5.000 kN. A máxima capacidade prevista a partir
da análise t-z para Estaca C é quase idêntica para a carga esperada de falha, enquanto
a capacidade máxima para uma estaca rígida, com carga de falha prevista, é
semelhante à tendência de os outros testes de grande carga.

A diminuição do cisalhamento lateral durante a movimentação de estacas também


contribui para a tendência em superestimar a capacidade de cargas para estacas mais
longas usando o método de projeto da API (Aldridge e Schnaid 1993; Lehane e Jardine
1994; O'Neill 2001; Randolph 2003).

Duas diferenças notáveis entre a Estaca C na Plataforma EC368A e todos os outros


pontos dados na Figura 10 são as configurações e carregamento cíclico. A Estaca C foi
carregado para falha com mais de 5 anos após a instalação, um tempo de configuração
duas vezes mais longo que o tempo para qualquer outro dado e muito maior do que a
maioria dos dados. Além disso, a Estaca C foi carregada para falhar por cargas cíclicas
e rápidas das ondas e em um furacão, ao contrário das taxas de carga estáticas e mais
lentas usadas para todos os outros pontos de dados na Figura 10. Atualmente no projeto
de estacas offshore assumisse que esses dois efeitos concorrentes se equilibram
(Pelletier et al., 1993). No entanto, há uma hipótese de que o efeito da taxa é mais
significativo do que o efeito de carga cíclica em um furacão (Bea et al., 1999). Com base
na carga máxima média que causou a falha da Estaca C, não há evidências fortes de
uma tendência não prevista na capacidade devido às configurações da carga cíclica e
na taxa de carga. No entanto, a incerteza na carga máxima real na Estaca C (Figura 10)
não permite uma conclusão definitiva sobre esses efeitos na capacidade axial da Estaca
C.

Com base na falta de falhas de fundação nos furacões Andrew e Roxanne, tem havido
uma percepção generalizada de que as estacas offshore são significativamente
projetadas de forma conservadora (Aggarwal et al., 1996b; Bea et al., 1999). No entanto,
esse caso, juntamente com outros casos históricos de furacões recentes (Gilbert et al.,
2010), contradizem essa percepção.
7.3. SUGESTÕES PARA MELHORARIA DA EXECUÇÃO DOS PROJETOS

Sugestões para melhorar a prática de projeto incluem ter maior consideração de efeitos
de suavização das deformação e efeitos do sistema de estacas em projeto.

O guia de projeto para estruturas offshore (API 2000) estabelece que deve-se considerar
uma suavização das tensões nos solos. Existe orientação semelhante nas
considerações geotécnicas da API e do projeto de fundação (API 2011). No entanto, o
estado atual da prática não necessariamente alcança essa intenção por causa da
divisão de responsabilidade entre engenheiros geotécnicos e estruturais. Enquanto o
Os engenheiros geotécnicos da Plataforma EC368A incluíam recomendações para
curvas t-z com suavização de deformações, eles também forneceram perfis de
capacidade final que assumiram estacas rígidas, porque as espessuras da parede para
as pilhas ainda não eram conhecidas. Enquanto os engenheiros estruturais incluíam as
curvas t-z em sua análise estrutural para estabelecer as cargas axiais de projeto nas
estacas, eles selecionaram comprimentos de estacas usando os perfis de capacidade
final para estacas rígidas porque não analisaram a estrutura com carga para casos que
mobilizaram completamente as capacidades axiais das estacas. Como resultado, o fator
de segurança para Estaca C foi menor do que o previsto, em cerca de 1,35 em vez de
1,5. Visto que esta estaca falhou quando a carga máxima esperada no furacão Ike foi
de cerca de 30-40% maior do que a carga de projeto, é possível que essa falha pudesse
ter sido prevenida se a redução da tensão tivesse sido considerada explicitamente no
projeto.

Duas propostas são sugeridas para melhorar a prática de projeto com respeito a
suavização da tensão. Primeiro, melhor comunicação entre o engenheiro geotécnico e
o estrutural. Deveria haver uma oportunidade explícita para o engenheiro geotécnico
revisar o projeto final das bases da estaca antes da plataforma ser construída. Uma
segunda recomendação é que uma análise t-z seja realizada para selecionar os
comprimentos finais das estacas. Uma alternativa para o engenheiro geotécnico, que
apresenta perfis de capacidade final antes da seleção das espessuras de parede, seria
apresentar perfis de capacidade máxima das análises t-z usando as espessuras de
parede mínimas para estacas especificadas na API (2000). Por exemplo, a espessura
mínima da parede para a Estaca C foi de 19 mm comparada com a espessura de parede
real que variou de 25 a 38 mm. Assim, em uma análise t-z usando a espessura mínima
da parede seria mais realista e defensável do que assumir uma estaca rígida. Outros
métodos de capacidade da estaca que implicitamente incluem os efeitos de redução da
tensão (Semple e Rigden 1984; Kolk e van der Velde 1996; Jardine et al. 2005) também
pode ser usado para verificar o capacidade máxima da estaca.

Em contraste com os solos que reduzem as tensões, o guia de plataformas offshore


(API 2000, 2011) não falam sobre os efeitos do sistema de estacas. Cada estaca, assim
como todo membro tubular na estrutura, é projetada individualmente, com base em uma
verificação de sua carga e capacidade de projeto. No entanto, o mesmo fator de
segurança aplicado às estacas individuais pode não fornecer um nível consistente de
desempenho entre diferentes estacas do sistema (Tang e Gilbert 1993). A Plataforma
EC368A representa um caso extremo em que a capacidade de Overturning do sistema
de estacas que foi governado pela capacidade axial de uma única estaca no furacão
Ike. Como ilustração, a robustez deste sistema de três estacas é comparada na Figura
11 com um sistema de seis estacas para outra plataforma no Golfo do México. Embora
ambos os sistemas sejam significativamente robustos, o sistema de seis pilhas é mais
robusto para variações na capacidade axial de uma única estaca do que no sistema de
três pilhas.
Figura 11: Comparação da robustez do sistema de estaca para (a) plataforma de três estacas (Plataforma
EC368A) versus (b) plataforma de seis estacas (dados de Chen et al., 2010).

Para considerar os efeitos do sistema no projeto, recomenda-se que diretrizes devem


ser desenvolvido para verificações de projeto no sistema geral além dos membros
individuais. A análise Pushover que checa a capacidade máxima do sistema estrutural,
incluindo as estacas, não faz parte da prática do projeto das plataformas offshore. No
entanto, a prática de projeto poderia incluir uma análise Pushover para verificação da
capacidade e ajudar a garantir que a fundação tenha capacidade e robustez na base do
sistema. Outra possibilidade é uma analogia com estruturas flutuantes offshore onde o
projeto inclui uma metodologia de verificações para diferentes casos.

8. CONCLUSÕES
Este artigo apresenta um caso histórico da falha de um sistema de estacas apoiadas
em uma plataforma offshore devido a um furacão. A plataforma fixa foi construída em
2003 e falhou em 2008 durante o Furacão Ike. Esta estaca possuía tubos de aço de
1.220 mm de diâmetro, de ponta aberta, que foi conduzida para uma profundidade de
67,1 m abaixo do fundo do mar. O solo é normalmente consolidado e a argila é altamente
sobreconsolidada e altamente plástica.

A carga axial estimada da estaca na falha foi de 16.000 kN em tensão. A capacidade de


tração calculada para esta estaca usando a método de projeto API é aproximadamente
igual à carga axial estimada em falha, desde que a flexibilidade da estaca e a
flexibilização da tensão de cisalhamento lateral é considerado. Se a estaca for
considerada rígida, o cálculo da capacidade é 10% maior do que a carga estimada em
caso de falha. A real carga na falha foi estimada com base em uma análise de furacões
e provavelmente (com 70% de chance) entre 12.000 e 22,000 kN.

Este caso histórico é o primeiro documentado de uma falha de fundação para uma
plataforma de jaqueta em um furacão, onde a base do sistema foi carregada além da
sua capacidade de projeto e falhou. Isto geralmente pode ter sido causado por métodos
de projetos atual. Assim, contradizendo a percepção de que os projetos de estacas
offshore são significativamente conservador. Por último, este caso histórico destaca
duas oportunidades para melhorar a prática atual de projeto. Primeiro, a capacidade de
carga axial da estaca deve ser verificada durante o projeto por contabilidade explícita
para a flexibilidade da estaca quando se trata de solos que suavizam a tensão. Em
segundo, as diretrizes devem ser desenvolvidas para verificação de sistema de
fundação geral, além das estacas individuais.

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