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A MELHOR FORMA (ou prevenção contra acometimentos de medo em tempos de epidemia de

tudo – ou nada)

Há pelo menos duas formas de amar. A primeira é o amor congênito, hereditário e não
contagioso. Acomete o homem pelo simples fato de existir e fazer parte de um processo
natural de transmissão. É o popularmente chamado de “sangue do mesmo sangue”, que
provoca uma sensação visceral de pertencimento.

Outra forma de amar é através da descoberta, do toque, do sorriso ou mistério que envolve
relações até então desconhecidas, mas que quando recordadas parecem ainda mais naturais,
principalmente se vierem acompanhadas pelo destino e suas evidências.

Para mim, nos últimos dias houve um aumento considerável do amor em sua relatividade.
Pode parecer estranho expor aqui o quanto me fez repensar as movimentações do coração e
das diversas maneiras de manifestar tais singularidades, porém, não me livro das palavras nem
do vício fazê-las como forma de registro. É preciso esclarecer como se deu algumas das
sensações que antecedem os reencontros.

As almas onde as manifestações ocorrem com mais frequência são as que já foram tocadas
pela existência de algo inexplicável, sublime e sobrenatural, mas há casos de reconhecimento
imediato somente através do brilho dos olhos ou abraços. Chamam atenção aqueles que
choram e riem pelo simples fato de estarem ali, reencontrados.

Não tenho o coração aprimorado para sentir tudo e suficientemente descrever com precisão o
que acontece. Mas, com o aumento de amores e cruzamentos de destinos, mais pessoas
vibrando cada vez mais próximas e com o olhar recolhendo provas da existência do que até
então era mistério, há um aumento do desejo de também pertencer.

Comunhão, atravessamento, partilha. Permito-me.

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