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FICHAMENTO

Os vínculos entre a hacienda (terra) e os povos indígenas é uma das


importantes características para as áreas fundamentais dos territórios invadido
por espanhóis. Todavia, no primeiro momento da ocupação do México, o
objetivo dos europeus latinos era para a mineração, mas progressivamente
muda para apropriação de terra. A introdução dos cultivos, animais europeus e
exploração dos produtos tropicais (tabaco, cacau índigo e anil), mudou
totalmente o cenário comercial da colônia, que já na metade do século XVI
esses produtos era comercializados em escalas. Por outro lado, nos cultivos
indígenas, a consequência foi grande: com a chegada do gado na
Mesoamérica houve uma destruição desses cultivos e a mudança drástica de
terras que passou do cultivo para pastoreiro, reduzindo então os recursos
alimentícios. (p.62)

A primeira grande divisão de terra foi em 1530, porém desenvolveu-se


na década de 1570, quando houve crise no crescimento populacional e os
números de produção indígena caíram. Com a invasão dos encomederos nas
terras indígenas encomendados, surgiu a hacienda. Havia duas formas de
tomar as terras: uma a mercê, concedida gratuitamente pelas autoridades em
nome do rei. Somente os espanhóis tinham o direito às mercês, legalmente
tirando os mestiços ao direito. A outra forma era a “composição de terras”,
onde o ocupante de fato legalizava a posteriori posse, mediante a um
pagamento ao Império espanhol. A maioria das haciendas e grandes
propriedades eclesiásticas do século XVII era através desse sistema de
ocupação.

Essa distribuição de terra teve grande consequências nos povoamentos


indígenas que já teve sua população reduzida por conta das epidemias do
século XVI. Todavia, essa redistribuição forçada fez com que os povos nativos
instituíssem uma grande resistência e, saíram das congregações pré-fundadas
para voltarem ao seu lugar de origem. e essas “novas” terras foram
determinadas pelo vice-rei do Peru em 1570 e na Nova Espanha com maior
intensidade no século XVII.
Os novos pueblos de índios, ou aldeias indígenas, poderia ter extensão
máxima de 101 hectares (mais ou menos 1 milhão de metros quadrados).
Sendo que, uma parte das terras deveria ser para uma área exclusiva para as
casas e hortas individuais dos moradores; outra parte seria destinada para
agropecuária; e a última seria dividida para cada líder de família, como
propriedade privada, porém com limitações, o beneficiário usava apenas o
usufruto da terra, não a propriedade plena. Cada Pueblo, foi atribuído a uma
igreja e de órgãos do governo. Além disso, as autoridades indígenas ficaram
responsáveis para coletar tributo e do recrutamento da mão-de-obra. A maior
parte do tributo era destinada a Coroa e a menor parte era para cobrir os
gastos da comunidade.

Os espanhóis compravam as autoridades indígenas locais, seja pela


troca de favores, seja pela força. Pois sabiam da importância que esses chefes
tinham nas suas comunidades e os colonizadores queria usufruir para a
promoção das instituições espanholas. Estas reordenações tinham como
objetivo o fornecimento da mão-de-obra para as diversas atividades
espanholas, e o incentivo para que os indígenas participassem do mercado
mercantil. No Peru, a economia camponesa indígena obteve grandes
resultados no transporte de carga em Lhama e também na produção do coca.
Já no México, o povo Pueblo-Tlaxcala tinha o domínio do cultivo da cochonilha,
importante produto que era transportado para a Europa. Entretanto, esse
comércio/economia decaiu no século XVII, por conta da grande demanda de
alimentos e mão-de-obra. Essa pressão, juntamente com as fiscalizações e
tomada de terras fizeram com que os membros dessas comunidades,
abandonassem e dirigiam-se para as haciendas ou centros urbanos. O
abastecimento do milho nas cidades Puebla e cidade do México deixou de ser
organizado por camponeses indígenas e passou a ser por criolos e espanhóis
no século XVIII.

Chevalier, em sua obra (insira aqui), esclarece a origem da hacienda, foi


resultado de dois fatores: a decadência da população indígena e a crise da
mineração do século XVII. Com isso, os capitais que eram direcionados para
os minérios, foram para os campos agrícolas. Uma hacienda era identificada
pela sua grande extensão de terra, a sua auto independência e capitalizada
que sustentava a elite absenteístas e tinha que como fundamento o trabalho
servil e explorador. O início da hacienda, representou o fechamento da
economia colonial, uma redução do mercantilismo, e a auto-suficiencia que
muitos autores identificaram como feudal. Essa interpretação precedeu até o
final da década de 60, a partir daí surge outras novas visões, como as obras de
Florescano da década de 70, para ele, a hacienda instituiu-se “quando
conseguiu criar seu próprio sistema de atração, manutenção e reposição de
trabalhadores”, mas só ocorreu depois de um século de “luta constante mantida
pela comunidade indígena, fornecedor de energia humana até então”. Levando
para toda américa hispânica, a hacienda surgiu no século XVI, teve a
importância no século XVII e persistiu até o século XIX.

Além do mais, hacienda como unidade produtiva desenvolveu uma


estratégia de manutenção e crescimento para os problemas agrários que
ocorreriam. Para obter um excelente processo, os hancedados aumentavam os
lucros com as vendas dos seus produtos e reduzia a compra de insumos, para
assim, manter o seu status social e obter produtos europeus que não
produziram. Com intuito para que esse método conseguisse êxito, o território
foi ampliado para que pudesse ter diversos tipos de terreno. Por conta dessa
multiplicidade de recursos nas terras, que diminuíam as compras de insumos
do exterior. As grandes extensões territoriais, obedeciam a economia colônia,
pois diminuíam concorrência no mercado e aumentava a mão de obra.

Contudo, os hancedados tinham que se adaptar as conjunturas. Existiam


dois exemplos disso: o primeiro é quando os mercados e demandas eram
baixas e pôr consequência os preços abaixavam. Os agricultores aproveitavam
mais o auto consumo e diminuía para o comercio, para não comprar produtos
de fora. Por outro lado, no segundo exemplo, quando o comércio se ampliava e
os preços aumentava, como aconteceu no México no século XVIII. Aumentava
mais os produtos para comércio e, até usavam áreas improdutivas para
obtenção de um cultivo maior.

Ademais, quando se fala que as haciendas eram auto-suficientes, é por


conta que elas tinham produtos básicos, como milho, que também servia de
rações para pagamentos de peões, além da carne, sebo e outras coisas. A
maioria tinha oficinas e obrajes e se auto abastecia de instrumentos agrícolas
e, também trocavam os produtos entre si, para não precisar recorrer ao
mercado aberto. A igreja, concentrava-se uma grande fortuna territorial,
estima-se em que em 1797 os jesuítas no Peru tinham a cerca de 97 haciendas
e boa parte delas eram açucareira. Isso era obtido através de cobranças rurais,
doações, compras e usurpações. Existe um artigo chamado “Trabalho na
América espanhola: salário, servidão e escravidão” de Eduardo Neuman, que

relata mais detalhado a questão das haciendas e o trabalho indígena .

Ao passar do tempo, gradualmente os hancedados tornaram-se


dependentes dos comerciantes. Pois eles (comerciantes) tinham o maior
controle da moeda e do sistema de credito e, também das mercadorias
europeias. Por conta que o dinheiro não circulava efetivamente, os hancedados
enviava seus produtos para os comerciantes e eles enviavam os insumos
europeus manufaturados, os negociantes levavam vantagens nessas trocas. E
além disso, a escassez de liquidez obrigava os hancedados a pegarem
empréstimos para pagar os trabalhadores e comprar materiais para produzir os
produtos. Os grandes comerciantes de Lima e Cidade do México, atuavam
como casas de crédito e câmara de compensação das transações realizadas
com os produtores porque parte dos produtos produzidos pelo setor agrário era
transferido para o setor mercantil.

Com a intervenção do mercantilismo na agricultura agravou-se as


consequências da alternância brusca, entre boas e más colheitas, baixa e alta
dos preços, contração e expansão da demanda. E com a proibição de comércio
entre os diferentes núcleos coloniais dos espanhóis impendiam que se
exportassem grãos na época boa da colheita ou importasse nos anos maus.
Isso determinou também a restrição do desenvolvimento comercial da
agricultura.

A politica metropolitana era focada somente no abastecimento de minas


e centro urbano, a agricultura era uma atividade secundaria a da produção da
prata. Com a drenagem dos mentais, a monopolização dos comerciantes criava
a desmonetarização constante, impediu o desenvolvimento de uma economia
verdadeiramente mercantil. Por conta disso, os hancedados no século XVIII,
tiveram que realizar alianças matrimoniais, políticas e econômicas com outros
setores para sobreviver. O mecanismo que fez a união entre os hancedados,
membros da igreja, funcionários e entre outros, foi justamente: o crédito.

Quantos as tecnologias utilizadas para o processo de produção na


agricultura ainda eram muito escassas, eles desprezaram o sistema de
irrigação nativos e a técnicas dos terraços, utilizava-se a coivara (Coivara é
uma técnica de preparo da terra para o plantio. Ela consiste em cortar e
queimar a vegetação de um terreno para limpá-lo e adubá-lo com as cinzas.) e,
por conta disso a produtividade era baixa e a fragilidade do cultivo para as
pragas eram altas. Por conta do nível baixo da tecnologia os trabalhadores
foram definitivos para produção agrícola.

Na questão da pecuária, o gado espalhou-se aceleradamente no Novo


Mundo, a mineração fez com que o gado progredisse. Para enfrentar os
indígenas nômades, os jesuítas e franciscanos realizaram diversas missões
para aldear parte da população indígena. Essas missões desenvolvia uma
economia auto-suficente com cultivos de subsistências e criação de gado maior
e menor. Os rebanhos eram de propriedades dos missioneiros, porem pastava
nas terras indígenas e eram cuidados por eles. A pecuária ampla, foi uma das
mais importantes atividades econômicas das províncias do norte e forjou uma
cultura muito subjetiva, centrada nas figuras do homem a cavalo, o vaqueiro, o
mineiro e o missioneiro.

No sul do continente, no rio da Prata. O gado desenvolveu-se também, a


população indígena local, adotou rapidamente o uso do cavalo assim como no
norte do México. As vaqueiras (como são chamados os rebanhos de gados
selvagem) no século XVII, tinham centenas de milhares de cabeças, porém foi
extinto na margem ocidental do rio prata, na primeira metade do século XVIII,
devido a caça para extração do couro para suprir a demanda europeia. A
atividade evoluiu para criatório, com as estancias e seus rodeios. Com isso o
aproveitamento do gado tornou-se maior: extraia-se além do couro, o sebo,
graxa e chifres.

O fim dos rebanhos selvagens e o surgimento dos criatórios


aconteceram também Córdoba, Santa Fé, Corrientes e, parcialmente, na
Banda Oriental (Uruguai) no final do século XVIII. As estâncias tinham a
necessidade de ter um número menor de trabalhadores para o trabalho
pecuário. As pessoas que formava esses trabalhadores eram indígenas
guaranis oriundos das missões, mestiços, negros livres ou migrantes dos
interiores. Sua remuneração em parte era dinheiro como uma espécie de
adiantamento. Já que a maior parte era tarefas sazonais, muitos eram
empregos poucos meses ao ano e constituam uma mão de obra com grande
mobilidade.

Estância como uma unidade produtiva tem sido objeto de vários estudos.
A ideia de exclusividade da produção pecuária, deixou de ter importância, com
a análise do sistema de inventários notou-se a presença de cultivo do trigo
muito significativa, mesmo nos estabelecimentos que tinham grandes
rebanhos. Também notou que os escravizados tinham uma presença grande
na mão de obra e que os territórios pecuários e rebanhos de gados
compunham uma quantidade menor do que se imaginava. Então chegava a
uma conclusão que a imagem rural totalmente dedicada a atividade pecuária
foi uma realidade do século XIX, e foi transportada anacronicamente para o
período colonial.

Uma nova atividade que teve relevância para a economia desde o


século XVII foi a criação de mulas para o abastecimento do mercado Potosí
que perdurou até o século XIX. Uma das formas originais da empresa agrícola
foram as missões fundadas pelas ordens religiosas no século XVII, que teve
como destaque os jesuítas. Foi mais presente em regiões com florestas como a
América do Sul, norte da Bolívia e leste da Santa Cruz, na américa portuguesa,
no rio amazona e no Paraguai e no rio Uruguai e entre outras. As missões
foram organizadas como comunidades aldeãs, com terras comunais,
trabalhadas por turnos e parcelas familiares. O produto das terras comuniais
eram tomados por ordens religiosas. que com ele pagava o tributo real,
manutenção de igrejas e etc. As missões tiveram grande sucesso, e teve ainda
defesa militar de defesa contra bandeirantes paulistas e colonos espanhóis, até
a expulsão da ordem jesuíta em 1759 dos domínios portugueses e em 1767
dos espanhóis.

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