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ENTREVISTA COM PSICOPEDAGOGO

Data da entrevista: 15/04/2022

Duração da entrevista: 120 min.

Forma da entrevista: ( X) presencial ( ) remota/virtual

Caracterização do psicopedagogo

A entrevistada é Bacharel em Direito Pedagoga e Psicopedagoga; especialista em


Atendimento Educacional Especializado, Alfabetização e Letramento, Psicopedagoga
Clínica, Psicomotricidade.

Transcrição da entrevista:

Aluna: Qual é seu trabalho no momento

Entrevistada: Atuo em um espaço público como Psicopedagoga desde 2018 atendendo


crianças com déficit ou transtornos de aprendizagem. Fui professora do Ensino
Fundamental I e como alfabetizadora por 29 anos.

Aluna: Como você descobriu a psicopedagogia em sua vida?

Entrevistada: Trabalhava como professora e posteriormente como coordenadora,


ficava atenta às crianças e jovens que, por diferentes razões, não acompanhavam ou não
se interessavam. Para mim era um desafio provocar mudanças. Por uma feliz
oportunidade conheci a psicopedagoga Ana Maria Muniz demonstrando uma visão
inovadora e revolucionária. Ela fez uma distinção entre a Reeducação Psicopedagógica
e a Psicopedagogia Dinâmica. O foco não era mais nas técnicas para recuperar falhas,
mas na relação com o aprender. As práticas eram ferramentas para fazer mudanças na
relação com o aprender. Outra condição era também considerar a aprendizagem e os
modelos de aprendizagem do psicopedagogo. Nessa abordagem, compreender o
funcionamento mental era fundamental. Era preciso mergulhar no conhecimento
fornecido pela Psicanálise, Psicologia, Linguística, Psicomotricidade entre outras áreas.

Aluna: Qual a importância de fazer o atendimento psicopedagógico na clínica?


A Clínica Psicopedagógica é uma instituição importante para atender situações que não
são possíveis de serem trabalhadas no contexto escolar. Porém atendemos também
adultos que por diferentes razões lidam mal com o aprender.

Aluna: Explique como é o seu trabalho

Entrevistada: Meu trabalho atual transita por diferentes territórios: clínico,


institucional nas assessorias e de formação continuada, através da organização e
docência em cursos de formação e grupos de estudo e interlocução/supervisão
presencial e remotamente. Busco sempre entender as questões como o aprender,
fundadas em diferentes compreensões teóricas que se aproximam da visão dinâmica,
sempre pesquisando e identificando o potencial e não o déficit. Isto reflete no modo de
avaliar e de intervir. Busco também trabalhar em rede com a família, escola e demais
profissionais. Recentemente introduzi uma modalidade de atendimento de pais em
grupo para introduzir e praticar a Experiência de Aprendizagem Mediada. Neste grupo
observo que a troca entre os pais é muito útil ao conseguirem compartilhar suas formas
de driblar os desafios com os filhos.

Aluna: Quais conselhos você daria para os pais que tem filhos com dificuldades de
aprendizagem?

Entrevistada: O primeiro passo é abrir uma conversa com a escola no sentido de


entender o que se passa naquele contexto, para juntos, pensarem em algumas
modalidades interventivas. O segundo passo é procurar o profissional psicopedagogo
para uma avaliação que contribua no sentido de identificação, esclarecimento e
possíveis intervenções que desencadeiem mudanças.

Aluna: Quais conselhos você daria ao professor para melhorar o processo


ensino/aprendizagem dos alunos?

Entrevistada: O professor, como todo profissional que lida com o ser humano, precisa
dar continuidade a sua formação. É ele quem tem a chave na sala de aula, para o bem ou
para o mal. O mal estar na civilização significa transitar entre os princípios do prazer e
os da realidade. Aprender é condição humana, nascemos para aprender, porém o mal
estar está sempre presente. Participar num curso, oficina ou grupo de estudos fortalece
aquele que precisa lidar cotidianamente com os desafios da sala de aula. É no grupo e
em grupo o lugar para compartilhar e criar caminhos possíveis diante dos desafios que
são sempre pertinentes. É por isso que estou cursando Psicopedagogia bacharelado no
Claretiano, sou especialista em Psicopedagogia Clínica, mas sempre quis ser bacharel.

Análise dos Dados Coletados:

Segundo a entrevistada a sua prática profissional exige ter conhecimentos básicos a


respeito da Psicomotricidade é de suma importância pois muitas vezes as dificuldades
de aprendizagem, advém de aspectos motores e de transtornos tem os mesmos aspectos
alterados. Ela afirma fazer uso de todos os elementos Psicomotores, sendo que a
vivência corporal colabora significativamente no levantamento do processo de
aprendizagem. O vínculo entre psicomotricidade e educação infantil obtém uma relação
de caráter preventivo, respeitando a peculiaridade e confiando no potencial de cada
criança. Alfabetizar a linguagem do corpo e só então caminhar para as aprendizagens
triviais que mais não são que investimentos perceptivo-motor ligados por coordenadas
espaços-temporais e correlacionados por melodias rítmicas de integração e resposta.
A psicomotricidade favorece a aprendizagem quando reconhece que diferentes fatores
de ordem física, psíquica e sociocultural atuam em conjunto para que se dê a
aprendizagem. Trabalhando no ser humano cada uma das etapas possibilita alcançar a
consciência corporal, a consciência do mundo que o cerca, o relacionamento deste com
o seu corpo e com o que está ao seu redor. Proporciona ao indivíduo a capacidade de
ser, ter, aprender a fazer e a fazer, na medida em que se reconhece por inteiro,
alcançando a organização e o equilíbrio das relações com os diferentes meios e a sua
distinção, relacionando-se com o mundo de forma equilibrada.
Durante o tempo da minha atuação como profissional percebo que a psicomotricidade
tem como objeto de estudo o indivíduo, suas relações com o corpo em movimento e seu
desenvolvimento psicomotor. É possível observar que o movimento traz aprendizagens
para o indivíduo antes mesmo que ele possa falar ou compreender isso e quando se fala
de educação infantil, a psicomotricidade precisar estar muito presente na escola que a
criança está inserida, com profissionais que saibam como inserir de forma educativa.
Sendo os elementos imagem, corporal, tônus, coordenação motora dentre outros, o
tônus como elemento é a área psicomotora que oferece firmeza para a criança, como
sentar, pular corda segurar diferentes objetos.
Apresentação dos elementos facilitadores e dificultadores para o trabalho com
Educação Psicomotora na prática profissional:
Já os elementos dificultadores para o trabalho psicomotor atualmente é o uso excessivo
de celular pelas crianças trazendo um enorme prejuízo no seu desenvolvimento. A
entrevistada salienta que o período mais sensível é até os dois anos de idade, fase em
que o cérebro está se desenvolvendo e a criança necessita de estímulos sensoriais que as
telas não oferecem. A comunicação que se estabelece é só da tela para a criança. Da
criança para a tela não há resposta. Não há interação. Nessa fase, o ser humano está com
o cérebro em pleno desenvolvimento, e, para o cérebro se desenvolver, é preciso
interação, estímulo e resposta. Tem de haver trocas afetivas e sensoriais, se não o
cérebro não se desenvolve bem. Há estudos mostrando que crianças que tiveram acesso
a tela, acima de uma quantidade de horas por dia, antes dos dois anos, apresentam
atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Apresentação dos dados de sua pergunta:

As perguntas a entrevistada foram de cunho profissional:

 Quanto tempo trabalha nessa perspectiva


 Porque escolheu essa atividade
 Quanto tempo desenvolve essa função
 Quais as maiores alegrias
 Quais as dificuldades
 Exemplos de conquistas no desenvolvimento da profissão
 Dificuldades enfrentadas
 Quantos atendimentos diários

Considerações Finais

Atualmente os problemas de aprendizagem constituem uma grande preocupação dentro


das instituições escolares, portanto se faz necessário que todos que estão envolvidos
neste processo sejam leitores e pesquisadores para poder entender melhor os fatores que
estão influenciando a maioria das dificuldades e como podem ser trabalhados de forma
a minimizá-los no dia a dia escolar. A psicomotricidade no desenvolvimento da criança
contribui para melhorar a coordenação motora, tarefas de práxis global e fina, que por
sua vez ajudará na aprendizagem da leitura, escrita, concentração e raciocínio lógico.
Para isso, precisa ser estimulado em seu psicomotor, respeitando-se a individualidade de
cada um como ser único, e permitindo a autonomia de forma que respeite as diferenças
individuais e possibilite a esta criança alcançar a autonomia. E para que isso ocorra é
importante que ela vivencie experiências diversas no processo do seu desenvolvimento,
onde o educador precisa criar condições para que desenvolvam suas capacidades num
todo. Concluí-se que na psicomotricidade existe uma relação entre motricidade e
afetividade, e que não se deve considerar apenas que são exercícios estimuladores e
isolados, mas sim ter em mente uma ação capaz de proporcionar estímulos para o
desenvolvimento saudável da vida intelectual e emocional da criança.

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